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Resenha - documentário "Holocausto Brasileiro"

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE ALAGOAS - 
UNCISAL 
FONOAUDIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
MOSES CAETANO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESENHA CRÍTICA – “HOLOCAUSTO BRASILEIRO” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maceió 
2021 
 
MOSES CAETANO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESENHA CRÍTICA – “HOLOCAUSTO BRASILEIRO” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resenha crítica do filme 
“Holocausto Brasileiro” 
apresentada, ao curso de 
Fonoaudiologia, da Universidade 
Estadual de Ciências da Saúde de 
Alagoas - UNCISAL, a ser utilizado 
como atividade do módulo de 
Introdução à Psicologia, 
ministrado pelo Prof. Dr. Antônio 
Lima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maceió 
2021 
 
 
Resenha Crítica – “Holocausto Brasileiro” 
 
Nise da Silveira uma vez disse: “A psiquiatria para mim é um estudo 
profundo do ser. Nunca concordei com o conceito de doença mental denunciado 
como crônica. Eu os vejo capazes de finuras e nem todos nós somos capazes 
de finura.” Quem é capaz do quê? E por quê? 12 de outubro de 1903, Hospital 
Colônia de Barbacena é fundado. As décadas seguintes deixam marcas 
profundas e inapagáveis na história e na memórias de quem o viveu, marcas da 
monstruosidade e desumanidade de quem realmente deveria ser chamado 
doente mental, o ser “normal”. 
Holocausto Brasileiro, foi um filme documentário lançado no ano de 2016, 
inspirado no livro de mesmo nome. O roteiro e a direção são da jornalista Daniela 
Arbex, que também é a incrível repórter autora do livro. Armando Mendz também 
leva créditos na direção. Hospital Colônia foi fundado numa época em que a 
saúde mental era encarada como um ponto distante no horizonte, ainda mais 
numa sociedade higienista, segregatista e preconceituosa como aquela, não que 
tenha mudado tanto assim. 
Com o passar das décadas o hospital tornou-se referência no que fazia 
para o público, então mais e mais pessoas de todos os tipos e lugares chegaram 
buscando ajuda e tratamento, detalhe que nem todas elas que ali foram 
despachadas precisavam de tratamento terapêutico e psiquiátrico. Numa 
publicação feita por Quebrando Tabu eles afirmam: “amontoados em um trem, 
chegavam Marias, Josés, Silvios, Antônios, Elzas. Eram pessoas tristes, 
pessoas tímidas, epilépticos, alcóolatras, homossexuais, prostitutas, meninas 
grávidas pelos patrões, mulheres trancadas pelos maridos, moças que perderam 
a virgindade antes do casamento, crianças rejeitadas pelos pais por não serem 
perfeitas.” 
O hospital que ora foi projetado para abrigar, cuidar e acalentar em média 
entre 200 a 300 pacientes, chegou a ter em torno de mais de 5000 pessoas, 
jogadas entre os enormes 16 pavilhões. Elas passavam fome, frio, torturas em 
choque, remédios, eram privadas de sua liberdade, ou seja, eram pessoa 
roubadas, e não foi levado nenhum bem material, e sim sua humanidade. Muito 
dos que estavam no Colônia morreram, ou melhor dizendo foram assassinados, 
por esses motivos, como a desnutrição, hipotermia e a própria tortura. Diante de 
todas as décadas naquele campo de concentração, muitos ali nasceram, 
cresceram e morreram sem saber o que era o mundo exterior. 
Um dos fotógrafos que foi mostrado no documentário foi perguntado: 
“Como é fotografar pessoas que não têm mais condição humana?” Seu silêncio 
foi ensurdecedor, e esse silêncio é reflexo daqueles que ali trabalharem e 
viverem, pecaram com a omissão, uma violência mais violenta que outras, o 
silêncio matou milhares, mais de 60 mil, pra ser mais preciso. Franco Basaglia, 
psiquiatra italiano referência na luta pelo fim dos manicômios, declarou em uma 
coletiva de imprensa que havia estado em um “campo de concentração nazista”. 
A sociedade foi conivente com homicídios a céu aberto. Não cabe, nas 
linhas dessa resenha ou até mesmo nas centenas de páginas do livro que narra 
essa monstruosa história real, tanto dor, sofrimento e ódio. São milhares de 
vidas, nomes que foram apagados dos registros, são mais de 60 mil histórias 
que deveriam ser contadas, ouvidas e compartilhadas, que reverberassem nos 
ouvidos do povo para alertar que o medo e a dor não podem acontecer de novo. 
A obra Holocausto Brasileiro seja em filme documental ou em livro é 
perfeita na sua mais profunda tristeza e horror, retrata o cenário que nunca mais 
deve voltar a existir, nos faz refletir sobre a mente, a psique, a sociedade e seu 
poder sobre a vida das pessoas. O espaço da resenha não foi feito para o 
discurso motivacional ou revolucionário, mas cada pedaço do Brasil e dos 
brasileiros contribuiu na época e contribui atualmente pro genocídio que houve 
em Barbacena e pra o genocídio que continuamos presenciando na nossa 
sociedade atual, são mortos pretos, gays, lésbicas, mulheres, pessoas que 
exercem sua fé, pessoas normais, homens, crianças e “loucos”, acaba que 
poucos privilegiados conseguem fugir. E podemos nos questionar: o que pode 
fazer o homem quando detém tanto poder? Que a omissão não seja a solução, 
e o silêncio seja preenchido com o grito que ecoa daqueles que pedem socorro 
por detrás das celas que selam sua liberdade e humanidade.

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