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HOLOCAUSTO BRASILEIRO - RESENHA CRÍTICA

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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 
 
HOLOCAUSTO BRASILEIRO – UMA RESENHA CRÍTICA 
O documentário se propôs a retratar a história do Hospital Psiquiátrico a partir dos 
depoimentos das pessoas que foram internadas e torturadas em Barbacena, no interior de Minas 
Gerais, muitas vezes sem o diagnóstico de doença mental. O antigo Hospital Colônia viveu uma 
história de aniquilamento de 60 mil vítimas, criado em 1903, ele viveu uma história de 
extermínio entre 1930 e 1980. Pessoas tristes, introvertidas, epilépticas, alcóolatras, 
homossexuais, prostitutas, meninas que engravidaram dos patrões, esposas trancadas pelos 
maridos, moças que perderam a castidade antes do casamento, crianças rejeitadas pelos pais por 
terem nascido com a genética imperfeita eram encaminhados e esquecidos dentro do hospital. 
Um documentário, rico em detalhes e depoimentos que nos leva a uma reflexão sobre como a 
sociedade pode ser omissa em esconder um passado tão cruel e cheio de marcas que ainda 
causam dor em todos os envolvidos nessa história. 
Daniela entrevistou ex-funcionários do hospital, pacientes, parentes, moradores de 
Barbacena, que com seus depoimentos reais e fotos da época nos sensibiliza e nos faz refletir 
sobre a maldade humana. Na Alemanha, o grande vilão foi Hitler, mas, aqui, não se encontra 
um único culpado, visto que os vilões foram todos aqueles que fizeram vista grossa diante de 
todas as barbaridades ocorridas no Colônia. 
O modo como Daniela Arbex aborda o que aconteceu durante esses anos, no Hospital 
Colônia, afeta a quem assiste de uma maneira que, ao mesmo tempo, emociona e angustia, com 
imagens fortes e relatos cheios de dor e tristeza. O atendimento em liberdade é um direito do 
paciente, regulamentado pela Lei 102016/01, conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica, 
todavia, tal lei não garante o processo de transformação sociocultural que de fato seria 
responsável por tratamentos mais dignos e inclusivos para os pacientes que sofrem com algum 
tipo de transtorno psiquiátrico. O documentário mostra-se bastante atual, diante dos riscos de 
retrocesso que o campo da saúde mental brasileira está sofrendo. Fornece também ao 
telespectador elementos expressivos para compreender, refletir e problematizar a constituição 
e o funcionamento das relações de poder que vigoram no Brasil, relações que sustentam 
processos de inclusão e exclusão social.