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Cuidados específicos ao paciente com a Covid- 19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado MÓDULO 2 Olá, cursista! Bem-vindo(a) ao segundo módulo Cuidados específicos ao pacien- te com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado , do Curso de Atualização para técnicos de enfermagem em cuidados intensivos a pacientes críticos com Co- vid-19. Neste módulo, você conhecerá a atuação do técnico de enferma- gem (TE) na reanimação cardiorrespiratória, bem como diferen- tes aspectos dos cuidados respiratórios com o paciente incluindo noções básicas de ventilação mecânica. Também será abordada a limpeza e desinfecção da unidade e dos equipamentos do pacien- te, cuidados com resíduos e descarte de materiais, logísticas de atendimento. A unidade finalizará com aspectos éticos e bioéticos do cuidado do paciente com a COVID19 e cuidados com o corpo após a morte. A Covid-19 é uma doença complexa, e a comunidade científica busca conhecê-la cada vez mais, o que leva a realização inces- sante de estudos com produção de novos conhecimentos, que permitem o aprimoramento do cuidado a esse grupo de pacientes. Deste modo, enfatizamos que ao longo deste curso, você deve fi- car alerta às atualizações científicas. APRESENTAÇÃO Estrutura do Módulo Para este módulo inicial organizamos as unidades com os assun- tos a seguir: Unidade 2.1 – Atuação do técnico de enfermagem (TE) na reanimação cardiorespiratória de pacientes (preparo de drogas e infusões, protocolos, compressões cardíacas e respiração artificial, intubação orotraqueal); Unidade 2.2 – Cuidados respiratórios com o paciente (ventilação invasiva e não invasiva, intubação e extubação, oxigenioterapia com máscara e cateter, aspiração oro e nasotraqueal; noções básicas de ventilação mecânica); Unidade 2.3 – Limpeza e desinfecção da unidade e dos equipamentos do paciente (bombas de infusão, cabos, esfigmomanômetro, estetoscópios, leito, monitor, suportes de soro, etc); cuidados com resíduos e descarte de materiais. Unidade 2.4 –Logísticas de atendimento (UPA, ambulâncias, emergência, UTI);. Unidade 2.5 – Aspectos éticos e bioéticos do cuidado do paciente com a COVID19, cuidados com o corpo após a morte. SUMÁRIO Módulo 2: Cuidados específicos ao paciente com a Covid- 19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado 15 25 31 43 05 UNIDADE 2.1 – Atuação do técnico de enfermagem (TE) na reanimação cardiorespiratória de pacientes (preparo de drogas e infusões, protocolos, compressões cardíacas e respiração artificial, intubação orotraqueal); UNIDADE 2.2 – Cuidados respiratórios com o paciente (ventilação invasiva e não invasiva, intubação e extubação, oxigenioterapia com máscara e cateter, aspiração oro e nasotraqueal; noções básicas de ventilação mecânica); UNIDADE 2.3 – Limpeza e desinfecção da unidade e dos equipamentos do paciente (bombas de infusão, cabos, es- figmomanômetro, estetoscópios, leito, monitor, suportes de soro, etc); cuidados com resíduos e descarte de materiais. UNIDADE 2.4 – Logísticas de atendimento (UPA, ambu- lâncias, emergência, UTI);. UNIDADE 2.5 – Aspectos éticos e bioéticos do cuidado do paciente com a COVID19, cuidados com o corpo após a morte. 5 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado UNIDADE 2.1 – Atuação do técnico de enfermagem (TE) na reanimação cardiorrespiratória de pacientes (preparo de drogas e infusões, protocolos, compressões cardíacas e respiração artificial, intubação orotraqueal) Nesta unidade veremos as etapas da reanimação cardiorrespira- tória (RCR) em adultos com suspeita ou confirmados por Covid-19. Assim, vamos nos ater às compressões cardíacas e à respiração artificial, ao preparo e administração das principais drogas utiliza- das na parada cardiorrespiratória (PCR), aos protocolos a serem seguidos, bem como aos cuidados com a intubação orotraqueal. A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma das mais importantes emergências, pois a sobrevida está ligada ao tempo e à qualidade do atendimento realizado. Isso exige atuação rápida, eficaz e ob- jetiva por parte da equipe de saúde, ainda mais nos cuidados de enfermagem. Em uma situação de PCR, a equipe de enfermagem geralmente é a primeira a prestar socorro, pois está na linha de frente do atendimento, como tem cada vez mais sido revelada na atual pandemia pela Covid-19. Por isso, abordaremos o suporte básico e avançado de vida para a pessoa confirmada ou com suspeita da Covid-19. Esperamos auxiliá- -lo(a) na prática segura do atendimento da parada cardiorrespiratória. Introdução Suporte básico de vida em adultos com suspeita ou confirmado de Covid-19 Uma equipe bem treinada e bem coordenada é fundamental para a segurança no atendimento da parada cardíaca. É necessário um líder que realize a coordenação do procedimento e promova a comunicação entre os integrantes da equipe de reanimação cardiopulmonar (RCP). Os comandos durante a RCP devem ser direcionados aos integrantes (de preferência pelo nome), que devem responder positivamente ao 6 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado comando (comunicação em alça fechada). Ainda, também são ne- cessários equipamentos disponíveis e em funcionamento para RCP, além de EPIs para todos da equipe. De acordo com a Fiocruz (2020), a comunicação em alça fechada significa que a pessoa que recebe a mensagem confirma o que ouviu e a pessoa que iniciou a comunicação verifica se a mensagem foi recebida corretamente. Confira como proceder no caso de parada cardíaca em paciente com suspeita de Covid-19: Cubra a sua boca e nariz com uma máscara facial. CuuCuCuCuCuuCuCuCuCuuCuCuCuuCuCuuuCuCuCuCuCCuCuCuCuCuCuCuCuCuCuCCuCuuuCCCuuCCuCCuuCCCuubrbrbbrbbbrbrrbbbrbrbbbrbbrbrbrbrbbbrbrbrbrbbrbbrrbrbrbbbrbbrrrrbb a aaaaaaaaaaaaaaa a aaaaaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa sususussususussssusuuuuususususussuuuusussussusssususuuuuususuuussuusuuuuuuussss aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa bobobbbbobobobobbbobobobobobbobbbbobbbboobobbobbbbbobooobooooobbbobooobboooocacacaccacacacacacaacacacacacaccacaacacacacacaaccacccacaaccaacacaca eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee nnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnaaaaraararararararrraraaaraaraaraaraaraarararaararaararaarraaaarrrrizizizizizzizziizizizizizizziziiizizizizizzzzzizzzzzziizzizzzzzz com uma máscara facial. Disque 190 e obtenha um DEA (Desfibrilador Externo Automático). Cubra a sua boca e nariz com uma máscara facial. Cubra a boca e o nariz do paciente com uma máscara ou pano. Faça RCP somente com as mãos. Empurre com força e rapidez o centro do peito a uma taxa de 100 a 120 compressões por minuto. Use uma DEA (Desfibrilador Externo Automático) tão logo esteja disponível. PCR no Adulto e COVID 19 Se você presenciar uma parada cardíaca e está preocupado que a pessoa possa ter COVID-19, você ainda pode ajudar executando a RCP (Reanimação Cardiopulmonar) somente com as mãos. Figura 1: Cadeia de sobrevida. Fonte: American Heart Association (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). O sucesso da reanimação depende da adequada cadeia de atendi- mento com o suporte básico de vida (SBV). Por isso, siga os pro- cedimentos conforme indicado para maior eficiência. Identificação dos sinais clínicos da PCR Os sinais clínicos da PCR são os seguintes: • inconsciência do paciente, falta de resposta ao toque ou chamado; • ausência de movimentos respiratórios ou presença de gasping (respiração agônica); • ausência de pulsos em grandes artérias (femoral e carótidas) ou 7 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado ausência de sinais de circulação. Esses sinais devem ser notados com muita rapidez. É fundamentalque essa identificação leve 10 segundos no máximo. ALERTA DO PROFISSIONAL Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) rapidamente conse- guimos identificar a PCR, pois também temos o monitor multiparâmetros, que mostra a ausência de sinais vitais e de traçado eletrocardiográfico. ! A seguir, acompanhe quais os procedimentos a serem praticados após o reconhecimento de uma parada cardiorrespiratória. Procedimentos após reconhecer a PCR Veja na figura abaixo o que você deve fazer após reconhecer a PCR. 345 Solicite ajuda imediatamente Mantenha o desfibrilador preparado e próximo ao leito. Monitorize adequadament e o paciente Coloque a vítima em decúbito dorsal horizontal (deitado) em uma superfície plana e dura. Mantenha a cabeça e o tórax no mesmo plano Inicie suporte básico de vida. Solicite, caso não tenha, um desfibrilador externo automático (DEA). 1 2 6 7 Figura 2: Como reconhecer a PCR. Fonte: American Heart Association (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). 8 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Verificadas as diretrizes para identificarmos uma parada cardior- respiratória, fique atento(a) ao destaque abaixo sobre o desfibrila- dor externo automático. Reanimação cardiorrespiratória básica: etapas CABD Entenda os passos para fazer a reanimação cardiorrespiratória bá- sica. A seguir, confira cada uma das etapas CABD. Acompanhe a seguir as orientações sobre reanimação cardiorrespiratória. ALERTA DO PROFISSIONAL Conforme as diretrizes da American Heart Association (2020), em uma situação de parada cardiorrespiratória no adulto, sempre que possível, o desfibrilador externo auto- mático (DEA) deve ser utilizado rapidamente. Em adultos com PCR sem monitoramento ou quando não houver um DEA prontamente disponível, os cuidados de enfermagem indicados consistem em iniciar a reanimação cardiorrespi- ratória (RCP) enquanto se providencia um desfibrilador. Etapa C: circulação Nessa etapa de circulação, faça a compressão torácica externa após ausência de pulso (máximo 10 segundos de medição). Em pacientes com ausência de pulso carotídeo ou sinais de circula- ção utilize a compressão torácica externa: aplicação rítmica de pressão sobre o tórax, com uma frequência de 100-120 vezes por minuto comprimindo a uma profundidade de 5 cm. Faça compressões torácicas e a ventilação com uma bolsa más- cara com reservatório de oxigênio numa relação 30:2 (30 com- pressões e 2 ventilações), interrompendo minimamente as com- pressões torácicas durante as ventilações para minimizar o risco de geração de aerossol. 9 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Etapa A: abertura e desobstrução de vias aéreas Etapa B: respiração (breathing)/ ventilação Na etapa de abertura e desobstrução das vias aéreas, alinhe a cabeça com o tronco do paciente, promovendo a extensão do pescoço e tração anterior da mandíbula. É preciso atentar para a língua ou músculos relaxados da traqueia, pois eles podem obstruir as vias aéreas na ausência de tônus muscular. Use as duas mãos para segurar a máscara no paciente e garan- tiruma boa vedação na ventilação. Isso requer o auxílio de uma segunda pessoa para o procedimento. Na etapa de respiração (“breathing”, em inglês) e ventilação de- vemos realizar duas ventilações positivas lentas (2 a 4 segundos com dispositivo de barreira (máscara-bolsa com reservatório). As manobras de ressuscitação devem iniciar somente quando todos estiverem devidamente paramentados. Ative as legendas em português e assista ao vídeo com mais informações sobre o assunto no link. Aprofunde Entre a bolsa auto inflável e a máscara, use um filtro de ar particulado de alta eficiência (HEPA) ou um trocador de calor e umidade (HME) para minimizar o risco de propagação do vírus. As equipes de atendimento dos pacientes em parada cardiorrespiratória (dentro e fora do hospital) devem ser compostas apenas por profissionais de saúde com acesso e treinamento no uso dos EPIs. A filtragem aumentará a probabilidade de filtrar 100% das partículas virais em aerossol pelo processo de expiração do paciente. Confira a localização do filtro na imagem: Filtro Hepa Figura 3: Filtro HEPA. Fonte: Rescueventilation.com (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). https://www.youtube.com/watch?v=NXLrIWSf2Y0 10 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado O filtro HEPA (ou o HME) absorverá 99% das partículas virais quando estiver entre a válvula do saco e o tubo endotraqueal. A manobra deve conter máscara facial portátil com válvula unidi- recional. Portanto, o profissional precisa posicionar corretamente a cabeça do paciente ou ainda inserir uma cânula naso ou orofaríngea. Etapa D: desfibrilação precoce ou desfibrilador externo automático A etapa de desfibrilação precoce ou desfibrilador externo automá- tico (DEA) é a última, sendo que a operação do desfibrilador na UTI deve ser estabelecida pelo profissional médico. Na ausência de desfibrilador, as etapas C, A e B precisam ser intensificadas. Acesse as recomendações da American Heart Association para reanimação cardiopulmonar (RCP) e atendimento cardiovascular de emergência (ACE), no link. Agora, veja a atualização da Sociedade Brasileira de Cardiologia para os cuidados cardiovasculares no link. Aprofunde ALERTA DO PROFISSIONAL A aplicação das pás do desfibrilador e do choque pelo DEA é um procedimento que não gera aerossol e pode ser realizado pelo profissional de saúde usando EPIs adequados (máscara cirúrgica resistente a líquidos, proteção para os olhos, aven- tal de manga longa e luvas). ! Acompanhe adiante as informações sobre o suporte avançado de vida. Suporte avançado de vida em cardiologia em adultos com suspeita ou confirmado com Covid-19 O suporte avançado de vida (SAVC) deve ser realizado no hospital, nas unidades de pronto atendimento e nas ambulâncias equipadas para o transporte seguro desses pacientes ao hospital Ajustar para: (AHA, 2020; ERC, 2020).. Para o procedimento, os seguintes passos devem ser seguidos: https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2018/10/2018-Focused-Updates_Highlights_PTBR.pdf http://publicacoes.cardiol.br/portal/abc/portugues/2019/v11303/pdf/11303025.pdf 11 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Pressione o tórax com força (pelo menos 2 polegadas [5 cm]) e rapidamente (100-120 / min), em seguida permita seu retorno completo. Minimize as interrupções das compressões. Deixe no máximo 8 segundos para a verificação do pulso. Evite ventilação excessiva. Uma vez que tenha sido estabelecida via aérea avançada (TOT), ventile uma vez a cada 6 segundos (10 respirações / min) com compressões torácicas contínuas. 1 2 3 O profissional responsável pelas compressões deve ser trocado a cada 2 minutos (ou mais cedo se estiver cansado). 4 Continue a relação 30 compressões por 2 ventilações com máscara bolsa com reservatório e filtro se nenhuma via aérea avançada for estabelecida (intubação orotraqueal). Minimize a desconexão do circuito fechado de ventilação para evitar produção de aerossóis. 5 6 Figura 4: Passos para o SAVC. Fonte: American Heart Association (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Os EPIs devem estar disponíveis para proteger a equipe durante as tentativas de reanimação. Isso pode causar um breve atraso no início das compressões torácicas, mas a segurança da equi- pe é fundamental. Utilize máscaras FFP3 (FFP2 ou N95, se FFP3 não estiver disponível), proteção para os olhos e rosto, avental impermeável de mangas compridas e luvas antes de realizar os procedimentos de RCP. 12 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimentoe aspectos éticos e bioéticos do cuidado ALERTA DO PROFISSIONAL Apenas os ritmos de fibrilação ventricular e de taquicar- dia ventricular sem pulso (FV/TVSP) são chocáveis. Nesse caso, se o desfibrilador for monofásico deve ser adminis- trado sempre 360 joules. Por outro lado, na parada cardior- respiratória por assistolia e por atividade elétrica sem pulso (AESP*) devemos realizar RCP e buscar causas reversíveis (AHA, 2020; ERC, 2020). ! A seguir, confira os passos do protocolo de reanimação cardiopul- monar hospitalar para pacientes suspeitos ou confirmados com Covid-19. Assim, entenda em que situações devem ser aplicados os choques, quando e quais medicações usar, que sequência das etapas seguir etc. Protocolo RCP Acompanhe detalhadamente o procedimento do protocolo de RCP hospitalar para pacientes com Covid-19 na figura a seguir: 13 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Coloque os EPIs Limitar pessoal Considere a adequação da ressuscitação Iniciar RCP Forneça oxigênio (limite de aerossolização) Conecte o monitor / desfibrilador Prepare-se para intubar • Priorizar a intubação / retomar a RCP • Pausar compressões torácicas para intubação • Se a intubação atrasar, considere o dispositivo das vias aéreas supraglóticas ou a máscara de bolsa com filtro e vedação • Conecte ao ventilador com filtro quando possível 1 A 2 9 10 11 12 3 4 5 7 8 SIM SIMNÃO SIM, CHOQUE NÃO SIM NÃO FV OU TVSP* Ritmo Chocável? Ritmo Chocável? ASSISTOLIA/AESP* SIM, CHOQUE RCP por 2min. Acesso IV / IO • Epinefrina a cada 3-5 minutos • Considere dispositivo mecânico de compressão RCP por 2min Acesso IV/IO RCP por 2min. Acesso IV / IO • Epinefrina a cada 3-5 minutos • Considere dispositivo mecânico de compressão RCP por 2min. Acesso IV / IO Amiodarona ou Lidocaína Trate causas reversíveis RCP por 2min Trate causas reversíveis Se não houver sinais de retorno espontâneo da circulação vá para 10 ou 11. Se há sinais de retorno espontâneo da circulação vá para Cuidados pós-parada cardíaca. Vá para 5 ou 7 Ritmo Chocável? SIM, CHOQUE Ritmo Chocável? Ritmo Chocável? B Figura 5: Protocolo RCP. Fonte: American Heart Association (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). 14 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Agora, veja quais as medicações mais utilizadas nos casos de reanimação cardiopulmonar. Medicações mais usadas na RCR O objetivo da farmacoterapia na parada cardíaca é facilitar a res- tauração e manutenção de um ritmo de perfusão espontânea. Embora outras poderão ser usadas, de acordo com os protocolos estabelecidos, as principais drogas nesse caso são: Epinefrina Lidocaína Amiodarona Principais Drogas em RCR Fique atento(a) às recomendações de uso de cada uma: • dose de epinefrina IV / IO (intravenosa ou intraóssea): 1 mg a cada 3-5 minutos; • dose de amiodarona IV / IO: 1ª dose: bolus de 300 mg. 2ª dose: 150 mg; • dose de lidocaína IV / IO: 1ª dose: 1-1,5 mg/ kg; 2ª dose: 0,5- 0,75 mg/ kg. Lembre-se de que um profissional deve ficar responsável pelas medicações na equipe de RCP. Observe o tempo entre as drogas conforme o protocolo. As doses de epinefrina, amiodarona ou lidocaína são determina- das pelo médico e devem ser administradas puras (em bolus), se- guidas de 10ml de soro fisiológico 0,9% e elevação do braço para potencializar a circulação da medicação. As causas reversíveis para RCP e ACE são os 5Hs: Hipovolemia; Hipóxia; Íons hidrogênio (acidose); Hipo / Hipercalemia; Hipotermia e os 5Ts: Pneumotórax de Tensão ou hipertensivo; Tamponamento cardíaco; Toxinas; Trombose pulmonar e Trombose coronária. Saiba mais no link. Aprofunde Figura 6: Farmacoterapia principal em paradas cardíacas. Fonte: BERNOCHE et al. (2019), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2019/11/2019-Focused-Updates_Highlights_PTBR.pdf 15 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado ALERTA DO PROFISSIONAL Em caso de parada cardíaca no paciente intubado e ventila- do mecanicamente, não desconecte o circuito do ventilador ao iniciar a RCP para evitar a geração de aerossóis. A fração inspirada de Oxigênio (FiO2) será colocada em 100% e o ven- tilador será ajustado para fornecer 10 ventilações por minuto, evitando-se assim a produção de aerossóis. ! A seguir, relembre os principais pontos de destaque dos nossos estudos nesta unidade. Fechamento No atendimento da parada, reforçamos que o uso dos EPIs é fundamental e imprescindível para todos os profissionais. Tam- bém vimos que é preciso interromper as compressões torácicas aliviando a pressão no tórax durante as ventilações para minimi- zar o risco de geração de aerossol. Como abordado, o protocolo de RCP enfatiza em detalhes os passos para o atendimento da PCR, tanto para ritmos chocáveis quanto não chocáveis. Além disso, destacamos que os passos do atendimento de uma pa- rada cardiorrespiratória em suporte básico e avançado de vida devem ser rigorosamente seguidos. 16 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado UNIDADE 2.2 – Cuidados respiratórios com o paciente (ventilação invasiva e não invasiva, intubação e extubação, oxigenoterapia com máscara e cateter, aspiração oro e nasotraqueal, noções básicas de ventilação mecânica) Nesta unidade você irá conhecer os cuidados respiratórios ao pa- ciente suspeito ou confirmado com a Covid-19 em estado crítico. Em especial os que necessitam de oxigenoterapia, intubação e extubação, aspiração traqueal, ventilação mecânica não invasiva (VMNI) e invasiva (VMI). A assistência de enfermagem ao paciente crítico no contexto da Covid-19, exige da equipe de enfermagem adoção de um plano de cuidados com medidas específicas para aos problemas que aco- metem mais frequentemente estes pacientes. Introdução Conceitos Iniciais Esta unidade tem o propósito de direcionar você, técnico(a) de enfermagem, para os cuidados respiratórios ao paciente suspei- tos ou confirmados com a Covid-19 em estado crítico. Cuidados relacionados à oxigenoterapia, intubação e extubação, aspiração traqueal; VMNI e VMI. A maioria dos pacientes com Covid-19 apresenta um quadro leve da doença, porém muitos destes pacientes irão desenvolver sua forma grave e necessitarão de hospitalização., bem como, dependerão de tratamento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Veja as orientações para serviços de saúde, medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de Covid-19, no link. Veja as recomendações da Associação de Medicina Intensiva Brasileira para a abordagem do Covid-19 em medicina intensiva, no link. Aprofunde Aprofunde Isto indica que eles irão necessitar de suporte ventilatório/oxi- gênio devido ao quadro de insuficiência respiratória aguda. Além disso, alguns pacientes poderão evoluir para síndrome respiratória aguda grave (SRAG), necessitando de intubação e suporte ventila- tório invasivo (BRASIL, 2020; AMIB, 2020a). http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/Nota+T%C3%A9cnica+n+04-2020+GVIMS-GGTES-ANVISA/ab598660-3de4-4f14-8e6f-b9341c196b28 https://www.amib.org.br/fileadmin/user_upload/amib/2020/abril/04/Recomendacoes_AMIB04042020_10h19.pdf 17 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Diante de qualquer alteração observada durante a realização dos cuidados respiratórios ao paciente suspeito ou confirmado com a Covid-19 em estado crítico, é necessário que você comunique imediatamente o(a) enfermeiro(a) da unidade para avaliação. Você sabe quais são os sinais e sintomas de um paciente comin- suficiência respiratória aguda? Insuficiência respiratória aguda O paciente geralmente apresenta aumento da frequência respiratória (>24 incursões respiratórias por minuto – taquipneia); dispneia, hipoxemia, saturação de oxigênio (SpO2) < 90% em ar ambiente. O paciente pode apresentar ainda taquicardia, hipertensão e confusão mental. A seguir será abordado cada procedimento de cuidado respi- ratório que o paciente confirmado ou suspeito com Covid-19, poderá precisar. Figura 7: Insuficiência respiratória aguda. Fonte: AMIB (2020b), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Figura 8: Recomendações de procedimentos com aerossolização. Fonte: BRASIL (2020a), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Oxigenoterapia com cateter ou máscara A oxigenoterapia suplementar deve ser administrada para os pa- cientes com SRAG e dificuldade respiratória, hipoxemia ou choque, com saturação parcial de oxigênio (SpO2) <94% (BRASIL, 2020a). Você sabia que? Não se recomenda o uso de nebulização ou dispositivos de oxigênio de alto fluxo. Está contraindicado o uso de máscara do tipo Venturi ou tipo “tenda” e o cateter nasal de alto fluxo. Deve ser evitado ao máximo as desconexões do circuito. Sabe por quê? Estes procedimentos tem alto poder de aerossolização, disseminando o vírus no ambiente e, assim, aumentando o tempo de contágio por Covid-19. 18 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Cuidados de enfermagem com a oxigenioterapia para pacientes suspeitos ou confirmados com Covid-19. Atentar para o aparecimento de sinais e sintomas de insuficiência respiratória aguda/esforço ventilatório e comunicar alterações. Controlar rigorosamente a saturação (oxímetro de pulso) e comunicar alterações. Iniciar oxigenoterapia a 5 l/mim para atingir a meta de SpO2 ≥93%. 1 2 3 Controlar os sinais vitais conforme rotina da unidade: frequência respiratória (FR) e frequência cardíaca (FC), temperatura axilar, pressão arterial e comunicar alterações. 4 Utilizar cateter nasal adequado ao tamanho das narinas do paciente. 5 Orientar o paciente a manter a boca fechada a maior parte do tempo quando estiver utilizando oxigenoterapia por cateter nasal ou máscara. 6 Usar máscara facial com bolsa reservatório a 10L/min em pacientes que necessitam de maior aporte de oxigênio. 7 Posicionar paciente adequadamente mantendo-o confortável no leito.8 Realizar mudança de decúbito conforme protocolo da instituição, mantendo a proteção das proeminências ósseas. 9 Recomenda-se também manter o quarto ou box do paciente com os materiais necessários para administração de oxigenoterapia e controle de saturação (oxímetro de pulso, sistemas e materiais para suporte de oxigênio). Verificar atentamente se os sistemas estão funcionando perfeitamente. Figura 9: Recomendações oxigenoterapia. Fonte: AMIB (2020a; 2020b); Anvisa (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). 19 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Intubação e extubação A intubação orotraqueal (IOT) é definida como a inserção de tubo com balonete na traqueia do paciente. É recomendado a IOT ime- diata e ventilação mecânica para os pacientes suspeitos ou con- firmados de Covid-19, na presença das seguintes condições e si- tuações (AMIB, 2020a; 2020b): Pacientes com pneumonia e insuficiência respiratória que evoluírem com necessidade de O2 nasal >5 litros/minuto para manter SpO2 >93% Pacientes com pneumonia e insuficiência respiratória que apresentarem frequência respiratória >28 incursões respiratórias por minuto ou retenção de CO2 A intubação endotraqueal deve ser realizada por profissional trei- nado e experiente. A preparação de todo o material para intubação deve ser realizada previamente e fora da sala onde o procedimen- to será realizado, evitando ao máximo o trânsito de pessoas (SBPT, 2020). Além disso, todos os profissionais que estiverem envolvidos no procedimento deverão utilizar adequadamente os equipamentos de proteção individual (EPIs) para aerossóis e contato (AMIB, 2020a). Crianças, adultos obesos ou grávidas são pacientes que podem dessatu- rar rapidamente durante a intubação. Por isso, é recomendado a pré-oxi- genação com FiO2 a 100% durante 5 min, através de uma máscara facial com bolsa reservatório (máscara com ambú®) (AMIB, 2020b). Quando a intubação for finalizada, a limpeza do box, sala ou quarto do paciente deve ser providenciada em 20 minutos após a realização do procedimento, reduzindo assim o risco de infecção (SBPT, 2020). A extubação é a retirada da via aérea artificial. Durante a realização desse procedimento devemos seguir alguns cuidados (BRASIL, 2020; INCOR, 2020), em especial, no atual contexto da pandemia Covid-19. Figura 10: Condições e situações de IOT. Fonte: AMIB (2020a; 2020b), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Assista o vídeo sobre intubação endotraqueal do paciente com suspeita ou confirmado de Covid-19 em no link. Aprofunde https://www.youtube.com/watch?v=dMtA7Sk0gBU 20 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Para os pacientes intubados em ventilação mecânica, a contenção mecânica no leito deve ser considerada para diminuir os riscos de extubação acidental e possível contaminação por disseminação de aerossóis (AMIB, 2020a). Figura 11: Cuidados na extubação. Fonte: Brasil (2020); Incor (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Posicionar adequadamente o paciente no leito (posição semi-Fowler ou Fowler alto se o paciente suportar). Sempre deixar material para re-intubacão disponível e organizado. Preparar o suporte de oxigenoterapia pós-extubação. Usar cateter de O2 ou máscaras com baixo fluxo, evitando ventilação não invasiva. Se necessário e possível, a extubação deve ocorrer dentro de uma sala de pressão negativa. 1 2 3 4 Observar sinais de falha na extubação (dessaturação, taquipneia/dispneia, esforço respiratório, entre outros). Em caso de falha, comunicar ao enfermeiro e adotar os cuidados indicados para o procedimento de intubação. Trocar a máscara cirúrgica pela máscara N95/PFF2 ou equivalente, ao participar desse cuidado. Durante a extubação traqueal, a equipe de saúde que não está cuidando do paciente deverá permanecer fora da sala. Quando não for possível, deve manter-se afastado do paciente. 5 6 7 Aspiração endotraqueal A aspiração endotraqueal refere-se à remoção de secreções, por meio de sucção, das vias aéreas inferiores e superiores. Este pro- cedimento possui alto poder de aerossolização e deve ser realiza- do, preferencialmente, por meio de sistema de aspiração fechado (AMIB, 2020a; 2020b). É importante ressaltar que a aspiração traqueal do paciente in- tubado e em ventilação mecânica é uma prática avançada da en- fermagem. Sendo assim, você técnico de enfermagem, deve reco- nhecer a necessidade de realizar esse procedimento, comunicar imediatamente ao(à) enfermeiro(a) da unidade e participar ativa- mente na organização do cuidado prestado. Veja a resolução Cofen nº 639/2020, no link. Veja o procedimento de aspiração em sistema fechado no link. Aprofunde http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-639-2020_79633.html https://www.youtube.com/watch?v=A4oQmOyLllY 21 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado ALERTA DO PROFISSIONAL A Resolução Cofen nº 639, de 6 de maio de 2020. Destaca que compete ao enfermeiro a realização e a avaliação da neces- sidade de aspiração das vias aéreas, bem como a aspiração traqueal dos pacientes intubados e em ventilação mecânica. No entanto, o(a) técnico de enfermagem deve reconhecer a necessidade de realização desse procedimento, comunicando imediatamenteao(à) enfermeiro da unidade, considerando o cenário da pandemia Covid-19, o número de enfermeiros(as) e técnicos(as) disponíveis na unidade, a gravidade do pacien- te e a necessidade de aspiração em situações emergenciais. O(A) técnico(a) de enfermagem poderá realizar este procedi- mento mediante ciência e a prescrição do(a) enfermeiro(a), conforme as diretrizes da Resolução Cofen nº 557/2017 (Art. 3º), apontadas na Resolução Cofen nº 639/2020. ! Veja na próxima página as orientações quanto a aspiração oro e nasotraqueal: 22 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Cuidados de enfermagem na aspiração oro/nasotraqueal Lavar as mãos antes e após o procedimento. Colocar os EPIs conforme protocolo da instituição (óculos de proteção, máscara tipo N95 ou equivalente, face shield; capote/avental, luvas). Posicionar adequadamente o paciente, preferencialmente na posição Fowler. Utilizar sistema de aspiração fechado (trach-care) em todos os casos. Pré-oxigenar o paciente com FiO2 a 100% (tempo conforme protocolo institucional). Ligar o aspirador e ajustar a pressão de sucção com a mão não dominante. Introduzir a sonda de aspiração (sistema fechado),com movimentos rotatórios com a mão dominante. Realizado o mais rápido possível (12 a 15 segundos cada aspiração). Repetir o procedimento quantas vezes forem necessárias, desde que o paciente não apresente queda da SatO2 e/ou sangramentos. Manter atenção aos sinais vitais. Aspirar as narinas e, por último, a cavidade oral com uma sonda de sistema aberto. Retirar EPIs, descartar a máscara N95, se contaminada com secreção nasal, sangue ou outros fluídos corporais. Esses foram os cuidados de enfermagem com a aspiração endo- traqueal, recomendados pela AMIB e Cofen, que você, técnico(a) de enfermagem, deve estar atento(a) no atendimento do paciente suspeito ou confirmado com a Covid-19. Figura 12: Cuidados na aspiração Fonte: AMIB (2020a; 2020b); Cofen, (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020 23 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Ventilação mecânica não invasiva O uso de ventilação mecânica não invasiva (VMNI) e cateter nasal de alto fluxo (Cnaf) são contraindicados, pelo risco de geração de aerossóis e contaminação do ambiente e de profissionais (AMIB, 2020a; Brasil, 2020). Entretanto, a AMIB (2020a) destaca que em UTIs que contam com equipe multiprofissional com vasta experiência no uso de VMNI e com disponibilidade de monitorização rigorosa do paciente, além da proteção adequada da equipe e limpeza frequente, a VMNI poderá ser realizada em pacientes com dispneia e hipoxemia a partir do cumprimento rigoroso de todas as recomendações da associação. ALERTA DO PROFISSIONAL O(a) profissional técnico de enfermagem, ao participar de procedimentos geradores de aerossóis (intubação ou aspira- ção traqueal, ventilação mecânica invasiva, não invasiva, res- suscitação cardiopulmonar, ventilação manual antes da in- tubação, coletas de amostras nasotraqueais, dentre outros), deverá utilizar a máscara de proteção respiratória (respirador particulado – N95/PFF2 ou equivalente), gorro ou touca, jun- tamente com óculos ou protetor facial (face shield), avental ou capote e luvas (COFEN, 2020). ! Nesta situação, é importante ressaltar que a máscara deve ser totalmente vedada ao rosto, para que tenha o mínimo de vaza- mento de ar para o ambiente, e colocada película protetora para evitar lesão de pele. Ventilação mecânica invasiva Para o bom entendimento sobre as noções básicas da VMI, é im- portante conhecer o modo ventilatório que o paciente sob seus cuidados está utilizando, bem como, a adaptação do paciente ao ventilador (sincronia paciente-ventilador) (AMIB, 2020a; 2020b). Veja na figura seguinte os modos ventilatórios convencionais. 24 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Modo Controlado (pressão ou volume controlado) Paciente totalmente dependente do ventilador, ou seja, o ventilador é responsável por todo o ciclo respiratório. Modo Assistido/controlado (volume ou pressão) SIMV (Mandatória sincronizada – ciclos cotrolados, assistidos e espontâneos – volume ou pressão); PSV (suporte pressórico – ciclos espontâneos) e CPAP (pressão positiva consínua). Conheça algumas recomendações da AMIB (2020a; 2020b) acerca da VMI: Figura 13: Modos ventilatórios. Fonte: AMIB (2020a; 2020b), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Figura 14: Recomendações para a VMI. Fonte: AMIB (2020a; 2020b), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Evitar que o paciente se desconecte do ventilador. Podendo resultar em perda de PEEP e atelectasia. Realizar avaliação dos sinais vitais, análise e registro dos parâmetros do ventilador mecânico (modo ventilatório, pressão de pico, PEEP, f, VC e FIO2), checagem dos alarmes e de parâmetros clínicos antes da realização do banho de leito e da mudança de decúbito. Manter a monitorização cardíaca e da saturação de O2 durante banho de leito e mudança de decúbito. Observar um período de equilíbrio de 5 a 10 minutos antes de determinar a intolerância/instabilidade hemodinâmica pela mudança de decúbito ou banho de leito. Cuidar com a tração do circuito do ventilador mecânico durante elevação da cama, lateralização para mudança decúbito ou banho visando evitar extubação acidental. Visualizar todos os extensores e equipamentos conectados ao paciente. Manter elevada a cabeceira da cama dos pacientes ventilados para uma posição entre 30º a 45º. 25 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado A coordenação adequada entre os esforços e as necessidades ventilatórias do paciente em relação ao que é ofertado pelo venti- lador, é o que chamamos de sincronia paciente-ventilador. Fique atento aos sinais vitais do paciente, SatO2, presença de esforço respiratório, sudorese, agitação psicomotora, entre ou- tros sinais e sintomas. Comunique imediatamente ao enfermeiro ou médico responsável. Fechamento Esta unidade instrumentalizou você a reforçar seu conhecimento acerca dos principais cuidados respiratórios ao paciente suspei- to ou confirmado com Covid-19 em estado crítico. Abordamos a oxigenoterapia, a intubação e a extubação, a aspiração traqueal; a ventilação mecânica não invasiva (VMNI) e a invasiva (VMI). As recomendações apresentadas devem fazer parte do plano de cuidados dos pacientes. Mas, lembre-se que o cenário da pande- mia da Covid-19 exige um aprimoramento constante dos conhe- cimentos. Então, esteja sempre alerta às atualizações disponíveis nos protocolos da sua instituição. 26 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado UNIDADE 2.3 – Limpeza e desinfecção da unidade e dos equipamentos do paciente (bombas de infusão, cabos, esfigmomanômetro, estetoscópios, leito, monitor, suportes de soro, etc); cuidados com resíduos e descarte de materiais Nesta unidade você irá compreender a importância da limpeza e de- sinfecção da unidade e dos equipamentos, além do manejo adequado dos resíduos gerados nos serviços de saúde, conforme regulamen- tação vigente quanto à segregação, acondicionamento e tratamento. Introdução Nos serviços de saúde, é muito comum a ocorrência de infec- ções associadas à assistência à saúde, em decorrência de vários patógenos que contaminam superfícies e equipamentos como, por exemplo, bombas de infusão, barras protetoras das camas, estetoscópio, entre outros. Superfícies e equipamentos que são frequentemente manuseados por você técnico(a) de enfermagem, dentre outros profissionais da equipe de saúde. Por isso, qualquer falha no processo de limpeza e desinfecção de superfícies pode ter como consequência a disseminaçãodo novo coronavírus nos mais diversos ambientes dos serviços de saúde. Colocando em risco a segurança de pacientes e profissionais. É importante que você tenha o cuidado redobrado no que diz respeito aos resíduos produzidos durante a assistência aos pacientes, que devem ser separados de acordo com o tipo de lixo, no mesmo momento e local em que são gerados. Todos os resíduos provenientes da assistência a pacientes sus- peitos ou confirmados de Covid-19, devem ser acondicionados em sacos vermelhos. Excepcionalmente, caso o serviço de saúde não possua sacos vermelhos para atender a demanda, poderá ser utili- zado os sacos brancos leitosos com o símbolo de infectante para acondicionar os resíduos (Brasil, 2020). 27 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Limpeza e desinfecção da unidade e equipamentos Para a prevenção e combate à disseminação do novo coronavírus, as equipes de saúde devem estar preparadas para realizar os pro- cedimentos de limpeza e desinfeção da unidade de trabalho e de equipamentos usados no trabalho, de modo adequado e seguro. Como você pode imaginar, estes procedimentos são muito importantes para garantir a segurança do paciente e do ambiente para implementar todas as medidas de diminuição da disseminação de microrganismos. Em áreas de isolamento, onde se encontram pacientes suspeitos ou confirmados de Covid-19, recomendamos que a limpeza do ambiente seja do tipo concorrente, limpeza terminal e imediata. Veja a seguir a definição de cada uma delas: Limpeza imediata Realizada em qualquer momento, quando ocorrem sujidades ou contaminação do ambiente e de equipamentos com matéria orgânica, mesmo após ter sido realizada a limpeza concorrente. Limpeza concorrente Realizada imediatamente no ambiente onde o cuidado ocorre. Limpeza terminal Realizada após a alta, óbito ou transferência. Figura 15: Conceitos de limpeza. Fonte: Brasil (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Alguns exemplos de equipamentos utilizados na assistência em saúde que necessitam de limpeza e desinfecção, imediatamente após o uso, são: • Estetoscópio. 28 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado • Esfigmomanômetro. • Termômetro. • Macas/camas. • Monitores. • Cabos de monitores. • Bombas de infusão, entre outros. A limpeza destes objetos é feita com detergente neutro seguida da desinfecção com produtos a base de cloro, álcoois, alguns fe- nóis, alguns iodóforos e o quaternário de amônio. Alguns ativos de produtos alternativos ao álcool 70% podem ser utilizados para desinfecção de objetos e superfícies. Veja alguns deles, a seguir: Hipoclorito de sódio a 0.1% Alvejantes contendo hipoclorito (de sódio, de cálcio) a 0,1% Dicloroisocianurato de sódio Iodopovidona (1%) Peróxido de hidrogênio Ácido peracético Quaternários de amônio, por exemplo, o Cloreto de Benzalcônio 0.05% Compostos fenólicos Desinfetantes de uso geral aprovados pela Anvisa Figura 16: Ativos de produtos alternativos ao álcool 70%. Fonte: Anvisa (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Lembramos que em relação a água sanitária e alvejante comum, devem ser utilizados diluídos, para desinfetar pisos e outras su- perfícies. Para obter a concentração recomendada pela OMS de 0,1% de hipoclorito de sódio, recomendamos a seguinte diluição: 29 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Água sanitária Diluir 2 ½ colheres de sopa de água sanitária / 1L água. Alvejante comum 2 colheres de sopa de alvejante / 1L água. Figura 17: Diluição de água sanitária e alvejante comum. Fonte: OMS (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Figura 18: Soluções de água sanitária e alvejantes. Fonte: Anvisa (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Para o uso de soluções de água sanitária e alvejante comum. Vale ressaltar alguns lembretes: Não misturar a solução com outros produtos porque pode desencadear reações inesperadas Proteja-se em primeiro lugar! Use luvas, óculos e máscara para o manuseio desses produtos. Se tiver solução preparada, armazenar em frasco opaco. com identificação. Deve ser utilizada imediatamente, pois é degradada pela luz. Atente-se. Você pode ter alergias a algum produto. Além dos equipamentos de uso direto do paciente, é fundamental a limpeza e a desinfecção de superfícies, por exemplo, mesas de refeição, maçanetas, interruptores de luz, corrimões, entre outros. Cuidados com resíduos e descarte de materiais A transmissão do novo coronavírus é considerada de alto risco individual, e moderado risco para a comunidade. Por isso, os resí- duos gerados durante o atendimento de pacientes devem ser se- parados na hora da sua geração, durante a assistência, de acordo com o tipo de lixo. ALERTA DO PROFISSIONAL Todos os membros das equipes de saúde devem ter ciência da necessidade de descarte correto dos utensílios utilizados na assistência direta aos pacientes com suspeita ou confir- ! 30 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado mação de infecção por Covid-19. Ainda, é importante que as equipes de higienização da instituição estejam treinadas e aptas para a realização das trocas dos sacos de lixo infectan- tes com segurança. Os cuidados com resíduos gerados na assistência a saúde, não devem ser novidade, certo? Essas etapas já são conhecidas há bastante tempo na área de saúde, no entanto, durante a pande- mia, você precisa redobrar a atenção. Relembre na figura a seguir as etapas do gerenciamento de resíduos: Proteja-se em primeiro lugar! Use luvas, óculos e máscara para o manuseio desses produtos. Atente-se. Você pode ter alergias a algum produto. Manejo de resíduos em serviços de saúde Segregação INTERNO Acondicionamento Identificação Armazenamento temporário Transporte internoTratamento Armazenamento externo Coleta externa Disposição finalTratamento Transporte externo EXTERNO Figura 19: Etapas do gerenciamento de resíduos. Fonte: Einstein (2012), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Devido ao alto risco de contaminação, é de suma importância o acondicionamento e descarte adequado, pois ajuda a impedir a transmissão do novo coronavírus entre pessoas, principalmente por via respiratória, na comunidade e no meio ambiente. 31 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Cada instituição possui um trajeto de resíduos em saúde proto- colado, que deve ser respeitado por todos os profissionais para impedir a disseminação do vírus. Fechamento O ambiente e os equipamentos são importantes reservatórios de microrganismos nos serviços de saúde. O processo de limpeza e desinfecção das superfícies é de suma importância na prevenção da transmissão do novo coronavírus para ajudar a conter o au- mento da pandemia. Nesta unidade, revisamos os conteúdos relacionados à limpeza e desinfecção adequada de equipamentos, durante a assistência a pacientes infectados com o novo coronavírus. Da mesma forma, o descarte adequado de materiais infectados, que impedem novas contaminações e protege o meio ambiente. Figura 20: Sacos para acondicionamento de resíduos. Fonte: Brasil (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Os resíduos devem ser acondicionados em sacos vermelhos, identificados pelo símbolo de substância infectante. Precisam ser substituídos quando atingirem 2/3 de sua capacidade ou 1 vez a cada 48 horas, independente do volume. Excepcionalmente, durante essa fase de atendimento aos pacientes suspeitos ou confirmados com Covid-19. Permite-se o uso de sacos brancos leitosos, com o símbolo de infectante, quando a instituição não possui sacosvermelhos para atender a demanda. 32 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Unidade 2.4 - Logísticas de atendimento (UPA, ambulâncias, emergências, UTI) Nesta unidade você verá como atuar com segurança no atendi- mento pré-hospitalar e hospitalar, de pacientes suspeitos ou con- firmados, para Covid-19, bem como ter compreensão da neces- sidade de utilizar as normas de biossegurança para redução da contaminação e disseminação do vírus SARSCOV-2 em diferentes cenários da rede de atenção. Introdução O número de profissionais de saúde suspeitos ou com confirma- ção para a Covid-19, cresce assustadoramente no Brasil. Dados do boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde no dia 13 de maio de 2020 apontou 199.768 profissionais de saúde registrados com suspeita de Covid-19, destes 31.790 foram con- firmados, 53.677 foram descartados e 114.301 casos seguem em investigação. Entre os profissionais de saúde a enfermagem lidera o grupo. Em primeiro lugar, encontram-se 68.250 técnicos e au- xiliares de enfermagem representando um percentual de 34,2% e em segundo lugar 33.733 enfermeiros alcançando percentual de 16,9% (BRASIL, 2020). Iniciativas têm sido adotadas no Brasil e no mundo para proteger os profissionais da saúde na batalha diária para enfrentar um vírus desconhecido e multissistêmico. O Ministério da Saúde, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e demais sociedades científicas e associações, amparados ao Centers of Disease Control (CDC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), disponibilizaram orientações mínimas que devem ser seguidas por todos os serviços de saúde nos diferentes pontos de atenção. Conforme previsto no Plano de Contingência Nacional para Co- vid-19, os estados devem organizar a rede de atenção para de- terminar fluxos assistenciais de maneira ágil e oportuna para a logística do atendimento dos pacientes que se encontram em Sín- drome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Consulte as recomendações para o atendimento de pacientes suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus pelas equipes de atendimento pré- hospitalar móvel, nesse link. Aprofunde http://www.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2020/04/RECOMENDACOES-ABRAMEDE-COFEN-COBEEM-APH-220420.pdf.pdf 33 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Figura 21: Paciente com dificuldade respiratória. Fonte: Freepik (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Evidências apontam um percentual aproximado de 5% de pacien- tes com Covid-19 que necessitarão de suporte de ventilação me- cânica e cuidado intensivo (WU, et al 2020). Quanto mais organi- zada estiver a rede de atenção para detecção e tratamento, menor será a sobrecarga nos insuficientes leitos das emergências e das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) que o sistema dispõe. Nessa unidade de aprendizagem serão abordados os cuidados do técnico de enfermagem, nos diferentes cenários que compõem a rede de atenção, de modo a garantir a assistência ágil, oportuna e segura, aos pacientes suspeitos ou confirmados para Covid-19, baseado em evidências disponíveis até o presente momento. Visite o site da Anvisa e conheça as orientações gerais sobre Hospital de Campanha durante a pandemia internacional ocasionada pelo coronavírus SARS- CoV-2, nesse link. Aprofunde Conceitos iniciais A logística de atendimento em saúde no contexto da pandemia, compreende a gestão planejada e o detalhamento de cada situa- ção, seguindo um ordenamento previamente estabelecido e rigo- roso, quanto ao processo de execução de cada atividade. Ao estruturar a logística de atendimento para enfrentamento do elevado número de pacientes suspeitos e confirmados para Co- vid-19, você deve levar em consideração o aumento do fluxo e sua relação com a capacidade instalada e densidade tecnológica e humana do estado. Também, esteja atento(a) à garantia de pro- teção dos técnicos de enfermagem que estarão na linha de frente no cuidando desses pacientes suspeitos pela Covid-19, tanto nos serviços públicos quanto privados. Conheça a nova resolução sobre o dimensionamento de profissionais de enfermagem exclusivo para atuação no contexto da Pandemia Covid-19, no link. Aprofunde http://portal.anvisa.gov.br/documents/219201/4340788/NT+GGTES.pdf/b29aca21-15b1-4c51-91dd-dc12870c4e44 http://www.cofen.gov.br/parecer-normativo-no-002-2020_79941.html 34 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Para além dos pontos de atendimento já conhecidos pelos técni- cos de enfermagem, no atual cenário emerge o Hospital de Cam- panha e envolve um processo de trabalho singular, uma vez que o cuidado ao paciente se dá em uma unidade construída e equipada para garantir a segurança do atendimento aos pacientes menos graves deixando os leitos hospitalares com maior complexidade para os pacientes mais graves. Essa tem sido a estratégia utilizada por vários estados brasileiros como forma de proteger a unidade terciária e toda equipe profissional da sobrecarga. Nesse cenário, o fluxo de atendimento precisa estar claro e pactua- do com todos os pontos da rede de atenção, uma vez que envolverá toda a estrutura de atendimento pré-hospitalar móvel (APH) e fixo, e também as unidades hospitalares. Requer especial atenção dos técnicos de enfermagem, pois estão - presentes em todos esses pontos, ora tripulando as ambulâncias no transporte dos pacientes, ora no cuidado nas Unidades Básicas e de Pronto Atendimento, nos Hospitais de Campanha, nas emergências e nas UTIs. Importante destacar, independentemente do ponto da rede de atenção em que se encontra o técnico de enfermagem, que ele deve estar ciente das recomendações para reduzir a dissemina- ção do vírus SARS-COV-2. Até o momento, as evidências apontam que a via de transmissão mais comum é respiratória, por meio de partículas e produção de aerossóis, isso expõe profissionais no momento de procedimentos de manipulação de via aérea. Refor- ça-se aqui a utilização correta dos EPIs, a higienização correta das mãos e a limpeza e desinfecção das superfícies como medidas de precaução e redução de contaminação. Conheça as recomendações da ABRAMEDE para o atendimento de pacientes suspeitos ou confirmados com Covid-19 nos serviços de emergência (pré- hospitalar fixo e intra-hospitalar), nesse link. Conheça o Plano de Resposta Hospitalar ao Covid–19, desenvolvido pelo Projeto Lean nas Emergências, acessando o link. Aprofunde Aprofunde Medidas de prevenção e controle A Anvisa recomenda que as medidas de prevenção e controle de- vem ser implementadas em todas as etapas do atendimento do paciente no serviço de saúde, desde sua chegada, triagem, espera, durante toda a assistência prestada, até sua a sua alta/transfe- rência ou óbito (BRASIL, 2020). http://abramede.com.br/wp-content/uploads/2020/04/RECOMENDACOES-ENFERMAGEM-200420.pdf https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/03/Ebook-SirioLibanes-PlanodeCriseCOVID19-LeannasEmerg--ncias-0304-espelhadas.pdf 35 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Garantir o distanciamento de 1 a 2 metros entre pacientes, evitando aglomerações. Tomar decisões considerando às precauções indicadas para a assistência aos pacientes suspeitos, ou confirmados, pela Covid-19 (Precauções Padrão, Precauções por Contato, Precauções por Gotículas e Precauções por Aerossóis), utilizando o EPI adequado. Panorama Mundial e no Brasil, Bases de Biossegurança no cuidado do paciente Higienização frequente das mãos com água e sabão ou solução alcoólica, dispondo álcool gel ou lavatório em todos os espaços de cuidado. 1 Todo paciente deverá ser orientado a procurar o serviço utilizando máscara detecido.. 4 2 3 Panorama Mundial e no Brasil, Bases de Biossegurança no cuidado do paciente Os pacientes com sintomas respiratórios deverão ser triados previamente para não ocuparem o mesmo espaço e não permanecerem esperando atendimento com outros pacientes sem sintomas respiratórios. 5 Princípios norteadores para a logística do atendimento em saúde: Utilizar alertas visuais e sinalizadores na entrada dos serviços de saúde e em locais estratégicos com informações sobre: sinais e sintomas da Covid-19; higiene das mãos com água e sabonete líquido ou preparação alcoólica para as mãos a 70% e sobre higiene respiratória e etiqueta da tosse. 6 Na sequência há um guia com as principais recomendações en- volvendo a logística de atendimento em saúde em diferentes ce- nários, conforme recomenda a Anvisa. Desta forma, o técnico de enfermagem pode adaptar a sua realidade seguindo as melhores práticas no enfrentamento a Covid-19. Figura 22: Princípios norteadores para a logística do atendimento em saúde. Fonte: Anvisa (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). 36 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Unidade Básica de Saúde Algumas medidas podem ser tomadas na própria Unidade Básica de Saúde. No acesso ao serviço de saúde é importante indagar se os pacientes e acompanhantes estão com sintomas gripais tais como, tosse, coriza, dificuldade para respirar, ou se são contatos de pacientes confirmados com a Covid-19. Para isso, é necessário seguir os seguintes passos: Substituir imediatamente a máscara de tecido por máscara cirúrgica caso o paciente apresente algum sintoma gripal ou se contato com pacientes confirmados com a Covid-19. Organizar sala de espera específica para pacientes com sintomas respiratórios e organizar as cadeiras de forma que se mantenha o distanciamento entre os pacientes. Organizar um consultório ou sala específica para o atendimento aos pacientes sintomáticos respiratórios. Todos os técnicos de enfermagem deverão utilizar máscaras cirúrgicas em todos os procedimentos que geram aerossóis. Se PGA, trocar por respirador particulado N95 ou PFF2. Orientações para atuar em uma Unidade Básica de Saúde. Figura 23: Orientações para atuar em uma Unidade Básica de Saúde. Fonte: Anvisa (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Veja a seguir os cuidados que são necessários também nas Unida- des de Pronto Atendimento (UPA). No acesso à unidade de pronto atendimento, indagar ao paciente se está apresentando sinais como tosse, secreção nasal ou dificulda- de respiratória. A abordagem inicial é feita pelo primeiro trabalha- dor em contato com o paciente. Neste momento, perguntar ao pa- ciente se realizou viagem nos últimos 14 dias para o exterior ou se teve contato próximo de caso confirmado ou suspeito de Covid-19. Dependendo da resposta do paciente, siga os seguintes passos: Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 37 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Figura 24: Orientações para atuar em uma Unidade de Pronto Atendimento. Fonte: Brasil (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Este fluxo do Ministério da saúde auxilia você, técnico (a) de en- fermangem, a realizar o atendimento e detecção precoce da Co- vid-19 em pronto atendimento (UPA) 24 horas. Se você trabalha em uma, compartilhe com os seus colegas. 38 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Ao estar em transporte com paciente em uma ambulância, os profissionais da saúde precisam manter as janelas abertas, con- servando a ventilação do veículo para aumentar a troca de ar du- rante o transporte (ar condicionado com exaustão, que garanta as trocas de ar, mantendo as janelas abertas). A equipe envolvida no transporte do paciente, incluindo os motoristas, deve realizar a higiene das mãos, com água e sabonete líquido ou com solução alcoólica. O paciente também deverá utilizar máscara cirúrgica durante todo o trajeto. Veja na sequência outras orientações para profissionais de saúde e motoristas. Ambulâncias PROFISSIONAL DA SAÚDE • máscara • capote • luvas • proteção ocular Ao dar assistência no embarque de pacientes deve usar: máscara, capote, luvas e proteção ocular. Se ao transportar o paciente o veículo possuir compartimento isolado para o motorista com distância especial de pelo menos um metro, não é obrigatório o uso de EPI requerido. Se ao transportar o paciente o veículo não possuir separação entre a cabine do motorista e o compartimento do paciente e não houver contato direto com o paciente, o motorista deve usar máscara cirúrgica ou trocar por máscara N95/PFF2 ou equivalente (caso ocorra possibilidade de PGA). PACIENTE máscara cirúrgica se tolerado MOTORISTA AMBULANCIA 911 TIPOS DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL RECOMENDADOS NO TRANSPORTE DE PACIENTES Figura 25: Orientações a seguir durante o transporte. Fonte: Ramalho (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). 39 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Após o transporte deverá prosseguir a limpeza e desinfecção de todas as superfícies internas do veículo. A desinfecção poderá ser realizada com álcool a 70%, hipoclorito de sódio ou outro desin- fetante indicado para este fim. Lembre-se que as portas e jane- las da ambulância deverão permanecer abertas durante a limpeza interna do veículo. Profissionais responsáveis pela limpeza e de- sinfecção do veículo deverão realizar higiene das mãos com água e sabonete líquido ou preparação alcoólica para as mãos, após a realização da limpeza do veículo e retirada do EPI utilizado. A Central de Regulação de Emergências precisa estar alinhada com a Central de regulação de Leitos e com o Núcleo Interno de Regulação, de modo a estabelecer adequadamente os fluxos dos atendimentos nos Unidades de Referência para Atendimento de pacientes suspeitos ou confirmados para Covid-19. Emergências Ao receber um paciente regulado, na Unidade Hospitalar, os técnicos de enfermagem devem atentar para sintomas de Síndrome Gripal: febre > 38ºC aferida ou referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta. A presença de qualquer destes sinais configura-se em alerta para a instalação de insuficiência respiratória e necessidade de intubação orotraqueal (IOT). Como posso organizar o atendimento aos pacientes suspeitos e confirma- dos para Covid-19 que chegam ao hospital? A IOT faz parte dos procedimentos que geram aerossóis (PGA) e requerem especial atenção dos técnicos de enfermagem, uma vez que estão expostas a contaminação. Orienta-se a utilização de avental e capote impermeável longo, luvas, óculos (ou prote- tor facial), touca e respirador particulado N95/PFF2 ou equiva- lente (COFEN, 2020). Conheça o protocolo de manejo clínico do adulto e do idoso com Covid-19 na atenção especializada, nesse link. Aprofunde Temos uma sugestão de logística de atendimento nas emergên- cias hospitalares que pode auxiliar o seu atendimento aos pacien- tes. Veja a seguir. https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/marco/25/Fluxo-de-Manejo-cl--nico-do-adulto-e-idoso.pdf 40 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Transferência interna ou para hospital de referência. Paciente inconsciente. Acolhimento na entrada Há sintomas respiratórios? Paciente sem história clínica. Etapa 5 Etapa 4 Se não, checar a classificação de risco e fluxo habitual. Se o paciente não estiver estável, encaminhar para sala laranja, vermelha (UTI). Se sim, fornecer máscara cirúrgica ao paciente, cadastrá-lo e classificá-lo como risco de Covid-19. Se o paciente estiverestável, encaminhar para espera exclusiva de Covid-19 e verificar necessi- dade de internação. Caso não ocorra, recomende ao paciente fazer isolamento em casa e ficar atento aos sinais de risco. LOGÍSTICA DE ATENDIMENTO NAS EMERGÊNCIAS Figura 26: Logística de Atendimento nas Emergências. Fonte: Abramed (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). Agora que você sabe o que fazer quando um paciente chegar às emergências hospitalares, veja na sequência algumas recomenda- ções importantes de recapitular e saber para o técnico de enfer- magem dentro da UTI. 41 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Colocar o paciente em boxes com portas fechadas e com janelas abertas e restringir o número de profissionais que prestam assistência a esses pacientes. Na ausência de boxes fechados, recomenda-se delimitar fisicamente, com sinalização no chão, a área de entrada dos boxes ou a área de coorte. Os outros profissionais de saúde que permanecerem na área de isolamento, devem retirar a roupa pessoal e usar apenas roupas disponibilizadas pela instituição. O técnico de enfermagem designado para o atendimento de pacientes com Covid-19, deverá permanecer em área de isolamento, evitando contato com outros profissionais. Atentar-se para a ordem de paramentação e desparamentação segura dos EPIs e a higiene de mãos com água e sabonete líquido ou preparação alcoólica, tendo cuidado extra durante a desparamentação. Preparar o material de intubação fora do box ou área de coorte. A equipe de intubação deve limitar-se ao médico e ao menor número de pessoas possível. Durante a intubação, um circulante poderá permanecer do lado de fora do isolamento para atender às solicitações da equipe interna. DENTRO DO QUARTO: as luvas devem cobrir as ribanas da manga do avental. 34 1 2 5 6 Recomendações para o Técnico de Enfermagem na (UTI) Devem ser evitados os dispositivos de nebulização geradores de aerossóis. Por isso, administrar oxigênio por cateter nasal ou máscara (a mais fechada possível), por existir o risco aumentado de dispersão de aerossóis. Os pacientes que estiverem em isolamento com banheiro privativo e tiverem condições físicas, devem ir ao banheiro. Os que não tiverem condição de sair do leito ou estiverem em quartos sem banheiro deverão evacuar na fralda descartável que deve ser descartada em saco para resíduo contaminado. 78 9 10 1112 Recomenda-se não entrar no quarto, box ou área de isolamento com prancheta, caneta, prescrição, celular ou qualquer outro objeto que possa servir como veículo de disseminação do vírus. Evitar o compartilhamento do banheiro, preferindo banho no leito inclusive para acordados, caso o box, ou quarto, não tenha banheiro exclusivo. Se encaminhado ao banheiro, proceder com limpeza terminal do banheiro, antes do próximo paciente. Os medicamentos deverão ser preparados fora do quarto, box ou área de isolamento e a coleta de exames deve ser feita por profissionais da equipe exclusiva . Limpar a unidade três vezes ao dia com álcool 70% ou outro desinfetante padronizado pelo serviço de saúde, principalmente nas superfícies mais tocadas. 13 Utilizar equipamentos e materiais exclusivos para o quarto, box ou área de isolamento Covid-19. Se não for possível, todos os equipamentos e materiais devem ser rigorosamente limpos, desinfetados ou esterilizados antes de ser usado em outro paciente. 42 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Colocar o paciente em boxes com portas fechadas e com janelas abertas e restringir o número de profissionais que prestam assistência a esses pacientes. Na ausência de boxes fechados, recomenda-se delimitar fisicamente, com sinalização no chão, a área de entrada dos boxes ou a área de coorte. Os outros profissionais de saúde que permanecerem na área de isolamento, devem retirar a roupa pessoal e usar apenas roupas disponibilizadas pela instituição. O técnico de enfermagem designado para o atendimento de pacientes com Covid-19, deverá permanecer em área de isolamento, evitando contato com outros profissionais. Atentar-se para a ordem de paramentação e desparamentação segura dos EPIs e a higiene de mãos com água e sabonete líquido ou preparação alcoólica, tendo cuidado extra durante a desparamentação. Preparar o material de intubação fora do box ou área de coorte. A equipe de intubação deve limitar-se ao médico e ao menor número de pessoas possível. Durante a intubação, um circulante poderá permanecer do lado de fora do isolamento para atender às solicitações da equipe interna. DENTRO DO QUARTO: as luvas devem cobrir as ribanas da manga do avental. 34 1 2 5 6 Recomendações para o Técnico de Enfermagem na (UTI) Devem ser evitados os dispositivos de nebulização geradores de aerossóis. Por isso, administrar oxigênio por cateter nasal ou máscara (a mais fechada possível), por existir o risco aumentado de dispersão de aerossóis. Os pacientes que estiverem em isolamento com banheiro privativo e tiverem condições físicas, devem ir ao banheiro. Os que não tiverem condição de sair do leito ou estiverem em quartos sem banheiro deverão evacuar na fralda descartável que deve ser descartada em saco para resíduo contaminado. 78 9 10 1112 Recomenda-se não entrar no quarto, box ou área de isolamento com prancheta, caneta, prescrição, celular ou qualquer outro objeto que possa servir como veículo de disseminação do vírus. Evitar o compartilhamento do banheiro, preferindo banho no leito inclusive para acordados, caso o box, ou quarto, não tenha banheiro exclusivo. Se encaminhado ao banheiro, proceder com limpeza terminal do banheiro, antes do próximo paciente. Os medicamentos deverão ser preparados fora do quarto, box ou área de isolamento e a coleta de exames deve ser feita por profissionais da equipe exclusiva . Limpar a unidade três vezes ao dia com álcool 70% ou outro desinfetante padronizado pelo serviço de saúde, principalmente nas superfícies mais tocadas. 13 Utilizar equipamentos e materiais exclusivos para o quarto, box ou área de isolamento Covid-19. Se não for possível, todos os equipamentos e materiais devem ser rigorosamente limpos, desinfetados ou esterilizados antes de ser usado em outro paciente. Figura 27: Recomendações para o Técnico de Enfermagem na (UTI). Fonte: Anvisa (2020); CDC (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). 43 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado As medidas de prevenção e controle devem ser implementadas em todas as etapas do atendimento do paciente no serviço de saúde, quer seja na UBS, na UPA, no transporte de pacientes, no serviço de emergência ou na UTI. Devem ser observadas desde sua entrada, triagem, espera, durante toda a assistência prestada, até a sua alta, transferência ou óbito. Fechamento Nessa unidade foram apresentadas propostas para o reordena- mento dos fluxos para o atendimento seguro e cuidados especí- ficos na UBS, na UPA, no transporte dos pacientes e nos serviços de emergência e UTI. Buscamos reforçar as condutas frente as normas de biossegurança para reduzir a contaminação e dissemi- nação do SARCOV-2 nos diferentes cenários da rede de atenção. 44 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado UNIDADE 2.5 Aspectos éticos e bioéticos no cuidado do paciente com a Covid-19. Cuidados com o corpo após a morte Nesta unidade você terá a oportunidade de compreender e reco- nhecer aspectos éticos e bioéticos envolvidos na assistência de enfermagem dos pacientes confirmados ou suspeitos de Covid-19. Ainda, você vai refletir sobre a importância dos princípiosda ética e bioética no preparo do corpo após a morte por Covid-19, durante sua atividade profissional. Introdução A pandemia da Covid-19 se espalha rapidamente de maneira agressiva, provocando um verdadeiro colapso em muitos servi- ços de saúde. Diariamente podemos acompanhar notícias sobre a rápida disseminação deste vírus letal, que não distingue idade, raça, cor ou situação econômica, e em muitos casos leva à morte rápida ou agonizante. São grandes os desafios da atualidade frente a este que tem sido um dos momentos mais marcantes nos últimos tempos para a equipe de enfermagem, pois ela está diretamente envolvida na assistência à saúde dos pacientes suspeitos ou confirmados com a Covid-19. Diante desse cenário, emergem dilemas éticos e bioéticos anco- rados na fragilidade humana de quem adoece, de quem se afasta do ser querido e do profissional de enfermagem que, em muitos momentos, se encontra diante de inúmeros questionamentos, tais como os mostrados na imagem a seguir: 45 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Como tratar as pessoas igualmente? Devo priorizar pacientes mais graves? Qual a dignidade humana mínima a ser concedida a um ser humano diante dessa pandemia? Como assegurar o cuidado a quem necessita, quando o profissional da saúde põe em risco sua própria vida devido à falta de estrutura para atendimento de pacientes críticos em alguns serviços de saúde? Como lidar com o medo de cuidar de alguém que está morrendo, diante risco de ser contaminado durante a assistência? Figura 28: Dilemas éticos e bioéticos da equipe de enfermagem. Fonte: labSEAD-UFSC (2020). Esses e tantos outros dilemas, têm preocupado a equipe de en- fermagem, que atua diretamente no cuidado a pacientes com diagnóstico ou suspeita de Covid-19. Assim, esta unidade se pro- põe a discutir e refletir aspectos éticos e bioéticos no contexto da Covid-19, assim como os cuidados com o corpo do paciente após a morte. Nesta perspectiva, a ética e bioética se constituem fundamentos e alicerces para a tomada de decisões da equipe de enfermagem frente à pandemia. Conceitos iniciais Inicialmente vamos compreender os conceitos de ética e bioética que embasam nossa prática. ÉTICA Palavra derivada do grego “ethos”, que tem como significado o modo de ser, o caráter que norteia a conduta humana, envolvendo virtudes intelectuais e morais. As virtudes intelectuais se relacio- nam com: saberes e conhecimentos adquiri- dos no ensino, experiências e maturidade profissional. Já as virtudes morais envolvem: meio social, hábitos de vida, costumes e experiência do viver e conviver com o outro (MEDEIROS et al., 2020). BIOÉTICA Apresentada pela primeira vez em 1971, envolve questões relativas à vida, à morte, direitos humanos e justiça. A bioética propõe comunicação, diálogo e conjunção de valores entre a ciência biológica e as ciências humanas, sendo formada pelo conjunto de princípios da autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça (MEDEIROS et al., 2020). Figura 29: Pincípios éticos e bioéticos. Fonte: Madeiros et al. (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). 46 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado Considerando estes conceitos iniciais, enquanto profissional da enfermagem, você será capaz de olhar para o paciente acometi- do pela Covid-19 e refletir quanto à sua autonomia, seu direito a assistência segura, livre de danos e risco à sua saúde, garantindo que neste momento você seja envolvido pelo cuidado necessário ao paciente, como também no preparo do corpo após a morte. O preparo do corpo assegura a dignidade de mortos em todos as etapas da manipulação do corpo, levando em consideração o respeito a cultura, religião e as tradições familiares (WHO, 2020).. Ao mesmo tempo, estes princípios permitirão refletir sobre a sua autonomia e justiça ao prestar a assistência de enfermagem, ancorado por condições mínimas de trabalho, considerando as seguintes questões: • Quais vidas devem ser salvas? • Quais critérios de justiça devem ser definidos para apoiar, priorizar e respaldar a assistência de enfermagem? • Como não ocorrer maleficência diante de pouca capacitação, medo e insegurança do profissional diante desse vírus letal? São muitas questões que envolvem a ética e a bioética neste ce- nário de pandemia no dia a dia dos profissionais de saúde. Mas, vamos apresentar algumas informações e orientações que pos- sam auxiliar você, técnico(a) de enfermagem neste dilema. Aspectos éticos e bioéticos do cuidado ao paciente com a Covid-19 A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a importância das questões legais e éticas para o planejamento da assistência durante a pandemia, pontuando uma abordagem capaz de propor equidade social, planejamento de saúde e reflexões sobre os di- lemas éticos e bioéticos envolvidos. Para lidar com esses dilemas, fique por dentro das atualizações das principais fontes de infor- mações da área da saúde. Conheça os marcos de ação éticos em resposta à Covid-19, elencados pela UNESCO nesse link. E também em: Quatro questões bioéticas diante da pandemia do coronavírus (Covid-19): aqui. Aprofunde https://pt.unesco.org/news/unesco-fornece-marcos-acao-eticos-em-resposta-covid-19 https://domtotal.com/noticia/1433395/2020/03/quatro-questoes-bioeticas-diante-da-pandemia-do-coronavirus-covid-19/ 47 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado A enfermagem atua na linha de frente ao cuidado integral de pa- cientes suspeitos ou confirmados de Covid-19, e frequentemente encara situações em que precisa decidir, de maneira rápida e efe- tiva, questões que envolvem direitos, deveres, responsabilidades, compromissos e diversos outros valores envolvidos no cuidado ao ser humano vulnerável acometido pela doença. ALERTA DO PROFISSIONAL Você, enquanto profissional técnico(a) de enfermagem, ne- cessita compreender e assumir que as decisões relacionadas à assistência ao paciente, precisam de amparo legal, moral, ético e bioético. Prioridade no atendimento, acesso a espa- ço de acolhimento, início do tratamento ou, a oportunidade de morrer com dignidade, é um direito de todo cidadão. As- sim, também cabe aos profissionais da enfermagem garantir a equidade e a justiça a todos os envolvidos (MICHALOWSKI et al., 2020). ! Portanto, é fundamental a compreensão das questões legais e morais que apoiam o profissional na assistência de enfermagem durante esta pandemia. Assim, é importante destacar alguns as- pectos sobre os direitos e deveres dos profissionais de enferma- gem, conforme a Resolução nº 564 do Cofen, visualizado a seguir: Capítulo I dos Direitos Art. 1º – Exercer a enfermagem com liberdade, segurança técnica, científica e ambiental, autonomia e ser tratado sem discriminação de qualquer natureza, seguindo os princípios e pressupostos legais, éticos e dos direitos humanos. Art. 2º – Exercer atividades em locais de trabalho livre de riscos e danos e violência física e psicológica à saúde do trabalhador, em respeito à dignidade humana e à proteção dos direitos dos profissionais de enfermagem. Figura 30: Dos direitos dos profissionais de enfermagem. Fonte: Cofen (2017), adaptado por labSEAD-UFSC (2020). É importante reforçar que esses são apenas dois dos 23 arti- gos que asseguram os direitos dos profissionais da enfermagem, reafirmando o direito à segurança, autonomia, livre de danos e riscos à sua saúde. 48 Cuidados específicos ao paciente com a Covid-19, logísticas de atendimento e aspectos éticos e bioéticos do cuidado No cenário da pandemia da Covid-19, esses direitos são de res- ponsabilidade das instituições de saúde, no sentido de garantir acesso dos profissionais aos equipamentos de proteção individu- al
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