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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE PORTO ALEGRE/RS.
Processo n º xxx
TÚLIO, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com base no artigo 581, IV, do Código de Processo Penal.
Por oportuno, requer seja recebido o recurso e procedido o pedido de retratação por parte do juízo a quo, nos termos do artigo 589 do Código de Processo Penal.
Caso mantida a decisão, requer os autos sejam submetidos, já com as inclusas razões, ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Rio Grande do Sul, 25 de Junho de 2018.
Advogado
OAB
______________________________________________
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Recorrente: Túlio
Recorrido: Ministério Público.
Autos n º xxxx
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
COLÊNDA CÂMARA CRIMINAL
DOS FATOS
O recorrente foi pronunciado por tentativa de aborto, conforme artigo 126, caput, c/c artigo 14, II, ambos do código penal, vez que comprara remédio abortivo a fim de que sua namorada fizesse uso.
Na audiência de instrução foram ouvidas as testemunhas e Joaquina, assim como interrogado o réu, todos confirmando o ocorrido. As partes apresentaram alegações finais orais, e o juiz determinou a conclusão do feito proferindo, após, decisão de pronúncia, sendo as partes intimadas da decisão em 18/06/2018.
DO DIREITO
DA PRESCRIÇÃO
Considerando que o réu foi pronunciado com fundamento no artigo 126 c/c 14, II do CP, a pena máxima para este delito seria de 04 anos que, com base no artigo 109, IV do CP, prescreveria em 08 anos.
Todavia, o réu, na data dos fatos, era menor de 21 anos, já que nasceu em 01/01/1996, e os fatos foram praticados em 03/01/14, a denúncia foi recebida em 22/01/2014, funcionando como causa de interrupção do prazo prescricional, nos termos do Art. 117, inciso I, do CP, ocasião em que o prazo prescricional será diminuído pela metade, conforme artigo 115 do CP, sendo, pois, de 04 anos.
Destarte, uma vez que entre a data do recebimento da denúncia, 22/01/2014 e a decisão confirmatória de pronúncia, 18/06/2018, passaram-se mais de quatro anos. Desta forma, a extinção da punibilidade do réu deve ser extinta, conforme artigo 107, IV do Código Penal. Não restando responsabilidade jurídico penal a ser imputada ao recorrente.
O crime imputado ao réu possui pena máxima de 04 anos, certo que, ainda que reduzido pela tentativa (mínimo previsto) o prazo prescricional, a princípio, seria de 08 anos, conforme Art. 109, inciso IV, do Código Penal. Ocorre que o agente era menor de 21 anos na data dos fatos, logo o prazo deveria ser computado pela metade (Art. 115 do CP), fazendo com que o prazo prescricional seja de 04 anos, período esse ultrapassado entre o recebimento da denúncia e a pronúncia.
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
Não foi cedido ao réu o instituto despenalizador, mesmo que a defesa técnica tenha arguido. Em razão disso, insta trazer à baila o artigo 89 da lei 9.099/95, que garante a suspensão condicional do processo, já que a pena mínima prevista para o delito imputado ao acusado não excede a um ano. Ademais, o acusado é primário e preenche os requisitos do artigo 77 do CP, não responde a qualquer outra ação penal, não havendo motivação razoável para que não fosse oferecida a proposta do instituto despenalizador. Em razão disso, não óbice para a aplicação do referido instituto legal.
Com a suspensão condicional do processo, sequer haveria que se falar em instrução e pronúncia, então deveria ser anulada a decisão de pronúncia, encaminhando-se os autos ao Ministério Público para manifestação sobre a proposta do benefício.
DA NULIDADE
Após as alegações finais das partes, foi juntado aos autos documento de atestado médico, folhas de antecedentes criminais do réu, bem como o exame de corpo de delito e, de imediato, o magistrado proferiu decisão de pronúncia. Ora, há explícita violação ao artigo 5º, LV, da CF/88, que assegura o princípio do contraditório e ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes, ocasião em que não foi observada. Em razão disso, requer o reconhecimento da nulidade conforme artigo 564, IV, do CPP, uma vez que o contraditório constitui elemento essencial do ato, devendo este ser refeito.
DO MÉRITO
DO CRIME IMPOSSÍVEL
O recorrente foi denunciado com incurso nas sanções previstas dos artigos 126, caput c/c artigo 14, II, ambos do CP, acusado de comprar substância abortiva a fim de que sua namorada fizesse uso. Supostamente, com a intenção de matar o feto, sendo após, pronunciado nestes termos.
Entretanto, houve informação da equipe médico hospitalar que, na verdade, a namorada do recorrente nunca esteve grávida, e que apenas possuía um cisto que fora expelido para fora. Logo, não se tratava de um feto.
Temos aqui a necessidade de absolvição sumária, diante desse argumento que fundamenta a tese do crime impossível por ineficácia absoluta do objeto, não há que se falar em tentativa de aborto, vez que inexistia bem jurídico a ser tutelado. Portanto, de acordo com o artigo 17 do Código Penal, ao entregar remédio abortivo para Joaquina, que não estava grávida, não sendo causada qualquer lesão, a conduta do réu é atípica, não incidindo a responsabilização pela tentativa, merecendo o mesmo ser absolvido de imediato com fulcro no artigo 415, III do Código de Processo Penal. 
DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer seja reformada a decisão com o provimento do recurso, a fim de que:
a) seja reconhecida a prescrição da pretensão punitiva e declarada extinta a punibilidade do réu, conforme artigo 107, IV, do CP;
b) seja declarada a nulidade pelo não oferecimento da suspensão condicional do processo, em observância ao artigo 89 da lei 9.099/95;
c) seja reconhecida a nulidade da decisão de pronúncia, posto que violado o contraditório e ampla defesa, previstos no artigo 5º, LV da CF/88;
d) absolvição sumária do réu, com fulcro no artigo 415, III, do CP;
e) seja o réu impronunciado, caso haja dúvidas acerca da materialidade do delito, de forma subsidiária.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Rio Grande do Sul, 25 de Junho de 2018.
Advogado
OAB

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