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Caderno Adm I

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Livro-Texto Adotado: Curso de Direito Administrativo - Marçal Justen Filho - Ed. Revista dos Tribunais 
Livro do Aragão
Legislação Administrativa Compilada 
Aula 01 - 15.03.2018
Direito Administrativo 
Conceito, objeto e origem histórica
1. DEFINIÇÃO 
O Direito Administrativo é a disciplina do Direito Público que organiza a estrutura e ordena o funcionamento da atividade administrativa do Estado com vistas a satisfação de interesses coletivos.
2. CARACTERÍSTICAS
2.1. Ramo do Direito Público
Trata-se de uma disciplina preocupada, estruturalmente, com a ordenação e o funcionamento do Estado. Não qualquer ramo DO Estado, mas sim o chamado “Estado Administração”.
Em termos subjetivos ou orgânicos, o Direito Administrativo organiza os órgãos e entidades que compõem o Estado-Administração, ou seja, estrutura o Estado.
Em termos objetivos ou funcionais, o Direito Administrativo disciplina as funções do Estado-Administração. Preordena o Estado e delimita até onde ele pode ir. 
Por fim, ordena as relações do Estado Administração com os particulares - cidadãos e pessoas jurídicas.
É um ramo do Direito Público porque cuida do Estado-Administração e disciplina como ele irá exercer a sua função administrativa.
Além disso, o Direito Administrativo também é um ramo do Direito Público por estar sujeito a princípios de funcionamento diferentes do Direito Privado.
Enquanto o Direito Privado é regido pela horizontalidade das relações entre os particulares e a autonomia da vontade, o Direito Público não prima pela relação igualitária. O Direito Administrativo, como um ramo do Direito Público, segue princípios que dotam o Estado e o empoderam com prerrogativas especiais para que ele possa cumprir adequadamente as funções que dele se espera.
O Estado tem prerrogativas de imposição unilateral de sua vontade em diversas situações É uma relação de verticalidade com os particulares.. 
Além disso, o Direito Público cria uma série de amarras ou sujeições especiais às quais os particulares não estão sujeitos.
Ex.: necessidade de processos seletivos públicos, princípio da impessoalidade, moralidade administrativa etc.
2.2. Organiza a estrutura dos órgãos e entidades administrativos
Em todos os órgãos do Estado é possível haver a função administrativa, porém, é o Poder Executivo que a exerce de forma típica. Por isso, ordinariamente, o Direito Administrativo possui um papel de organização e estruturação dos órgãos e entidades do Poder Executivo, em todos os níveis da Federação.
	OBS.: Administração Pública: aspecto subjetivo ou estrutural do termo. Refere-se aos órgãos e entidades da estrutura do Poder Executivo que exercem função administrativa. Também comporta outros órgãos e entidades dos demais poderes que exerçam, atipicamente, algum resto da função administrativa do Estado.
Não apenas o Poder Executivo, mas também o legislativo, judiciário e órgãos constitucionais autônomos (MP e Tribunais de Contas). Cada poder tem sua função precípua, mas também exerce funções atípicas administrativas. 
Em sentido estrito, engloba os órgãos e entidades do Poder Executivo de cada unidade da federação. Há 01 administração pública federal, 26 administrações públicas estaduais, 01 administração pública do Distrito Federal, que é uma unidade da federação do Brasil, e mais de 5.700 administrações públicas municipais. Todos têm sua Administração Pública e exercem, por meio de órgãos e entidades de seu Poder Executivo, funções administrativas.
Em sentido amplo, engloba todos os órgãos e entidades que exerçam, de alguma maneira, a função administrativa.
2.3. Disciplina as competências da Administração Pública
Competência é a quantidade de poder que a lei confere a um determinado órgão ou entidade da Administração Pública; é a habilitação para agir. Não age quem quer e nem como quer e sim age quem pode segundo os ditames da lei.
Delimita, então, o que a Administração Pública pode e deve fazer. O Direito Administrativo nasce da pretensão da lei ser o fundamento de validade para a ação do Estado e, ao mesmo tempo, o limite da sua atuação.
Isso se refere aos órgãos e entidades do Poder Executivo, que ordinária e tipicamente exercem funções administrativas, mas também a todo e qualquer órgão ou entidade dos demais poderes e órgãos constitucionalmente autônomos que venham a exercer a função administrativa.
2.4. Estabelece os fins públicos a serem perseguidos no interesse da coletividade
Trata-se de um elemento finalístico.
Exemplos anômalos.: políticas públicas, eleições, casamentos.
Porém, a função administrativa básica é o exercício do poder de polícia. 
A relação entre os fins públicos estabelecidos pelo Estado-Administração e a Democracia tem a ver com o conceito de Estado Democrático de Direito. Nesse sentido, a sociedade política se organiza juridicamente para estruturar órgãos e entidades do Estado, para a realização de fins que não são do próprio Estado e nem muito menos dos agentes públicos. São fins públicos determinados pela sociedade, por meio do processo político-democrático que, obviamente, se inicia pela Constituição, se desenvolve na elaboração das leis, e se conclui pela ação dos órgãos e entidades da Administração Pública.
A Administração Pública, portanto, é o meio a serviço de fins públicos determinados pelo processo político democrático. Não há vontade unipessoal do agente público! Este exerce um conjunto de decisões que depende da sua manifestação de vontade, mas sempre a partir de uma predeterminação, que vem, justamente, do Direito Administrativo.
Todos esses fins públicos são o norte das funções administrativas do Estado, o direcionamento da própria atividade administrativa do Estado.
OBS.: administração pública: atividade administrativa; dimensão operativa, funcional do Estado-Administração. Portanto, é a função administrativa; competências que o Estado tem orientadas a fins públicos determinados pela lei. 
3. FUNÇÕES
	Função Legislativa
	Função Administrativa
	Função Jurisdicional
	Elaboração de normas (atos genéricos e abstratos). O que singulariza essa função do Estado. 
A função legislativa do Estado é singularizada pela possibilidade de só a lei inovar no ordenamento jurídico para criar direitos e obrigações.
Só em uma democracia os detentores de mandato popular podem criar normas que instituam direitos e obrigações para o próprio povo. 
	Miguel Seabra Fagundes - “administrar é aplicar a lei de ofício para a satisfação concreta de interesses coletivos”.
	· resolução de litígios com a interpretação da lei em caráter definitivo;
· conjunto de órgãos inertes, ou seja, só podem agir por meio de provocação dos interessados;
· exercida pela demanda
A função administrativa se diferencia das demais porque se trata da aplicação concreta da lei, independentemente de provocação, em razão de determinação legal para cumprir certa função com o objetivo de satisfazer concretamente os interesses da coletividade.
Ex.: Poder de Polícia Ambiental: O Estado está concretamente controlando e verificando o empreendedorismo privado que possa comprometer o equilíbrio do meio ambiente.
Atividades meio x Atividades fim do Poder Executivo:
a) Atividades fim - visa satisfazer diretamente o interesse dos cidadãos.
Ex.: saúde, fiscalização e controle sanitário.
 
b) Atividades meio - atua no campo da organização e funcionamento interno de seus próprios órgãos e entidades. São meios pelos quais o Estado se organiza para cumprir as suas atividades fim.
Ex.: licitações.
Ações/atos administrativos exercidos por outros poderes que não o Poder Executivo:
· Atividades meio
	Ex.: Judiciário ou Legislativo abre licitação para reformar o plenário ou para a construção de um anexo; concurso de servidores.
· Atividades fim
I) Poder Judiciário:
· Jurisdição voluntária (ex.: casamento e divórcio)
· Organização de eleições
II) Poder Legislativo:
· Atuação das CPIs;
· Senado Federal chamado para aprovar a nomeação de indicações de agentes públicos: o compartilhamento dessa responsabilidade política entre o Executivo e o Legislativo é umaporção da função administrativa do Estado;
· Edição de lei de efeitos concretos, que são leis em sentido formal, aprovadas por processo legislativo, mas que, materialmente, são atos administrativos (ex.: lei que declare um imóvel de utilidade pública para fins de desapropriação)
A função administrativa do Estado tem um caráter residual em relação às demais funções, ou seja, não se restringe ao Poder Executivo. Isso confere ao Direito Administrativo uma importância tremenda no funcionamento do Estado brasileiro e nos Estados democráticos de maneira geral.
OBS.: Etimologia: ad - algo que está ao lado, mas no sentido de fazer alguma coisa por outrem. Então, é aquele que administra a coisa pública em nome da sociedade.
4. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
· Surgimento associado às revoluções liberais (em especial, à revolução francesa)
	Em uma dimensão técnica, consiste na ideia de positivismo jurídico para que, assim, o Estado cumpra adequadamente os seus fins. Na dimensão política, associada ao conteúdo das Revoluções Liberais, é a ideia de que o Estado também se submeta às leis.
É, assim, um ramo relativamente recente. É o resultado das revoluções liberais. O conteúdo simbólico dessas revoluções consiste no rompimento com a tradição do antigo regime, que era ligada à vontade unipessoal do soberano, ao exercício de poder por atos de vontade dos governantes.
Essas revoluçẽos trazem uma ideia de racionalização do poder por meio da domesticação pelo Direito. O Direito pode conter o Estado e, ao mesmo tempo, preordenar o exercício do poder a partir da vontade dos cidadãos.
É, portanto, um ideal liberal de contenção do poder e um ideal democrático de pré-ordenação do exercício do poder.
· Estado de Direito e Legalidade Administrativa
É a primeira inovação das revoluções liberais. 
É a ideia de que não mais a vontade do soberano é a lei suprema, mas sim que existe um corpo legislativo de representantes do povo que dita, por meio de normas, o que deve ser e o que deve fazer a Administração Pública.
Caio Tácito - “a existência da atividade administrativa do estado antecedeu historicamente o surgimento do Direito administrativo.”
Essas atividades, portanto, já existiam antes, mas eram determinadas pela vontade política dos governantes. Só há Direito Administrativo quando existe a pretensão do Direito de juridicizar essa atividade. 
· Separação de Poderes
Consiste na segunda inovação política trazida pelas revoluções liberais. É a separação de poderes como uma forma de organização do Estado.
Com a Revolução Francesa, esta ideia aparece na Constituição pós-revolucionária e também na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que diz que “o Estado que não respeita os direitos individuais e a separação de poderes não detém uma constituição”.
Não há nenhum país ocidental do mundo, que se diga democrático, que não faça uma separação de poderes de alguma forma, que não possua um arranjo de distribuição de poder. 
É uma forma de organizar as funções e, ao mesmo tempo, legitimar o poder, em um sistema normalmente chamado de “checks and balances”.
É a partir disso que surge a concepção mais idealizada do Direito Administrativo: 
O Direito Administrativo é o que rege a função administrativa do Estado subordinado à lei e sob o controle do Poder Judiciário. 
· “Loi 28 du Pluviose do ato VIII (1800)
Costuma-se dizer que é a certidão de nascimento do Direito Administrativo.
Trata-se de uma lei que definia as competências da administração pública francesa e os objetivos a serem perseguidos por esta. Não havia um tipo de lei assim antes. 
A pretensão da lei era: (i) estabelecer que órgãos e entidades iriam substituir a estrutura do Antigo Regime; (ii) o que o Estado deve fazer e (iii) os limites até onde o Estado pode ir. Trata-se da ideia de legalidade administrativa e de subordinação da Administração Pública à lei.
No entanto, há um problema com relação a essa história oficial do Direito Administrativo, pois, na prática, não foi essa a forma como ele foi construído.
5. A “OUTRA HISTÓRIA” DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
Depois da Revolução Francesa, o que era o Antigo Regime converteu-se na estrutura do Estado francês pós-revolucionário e, dentro dessa estrutura, o Poder Executivo teve uma clara e evidente proeminência. Era no Poder Executivo que estava a cúpula da revolução, a qual tratou de construir um novo Estado a partir do Poder Executivo. Assim, construiu-se o Direito Administrativo.
· Criação jurisprudencial dos institutos (Pelo Conselho de Estado)
A maior parte dos institutos de direito administrativo não foi resultado de uma produção legislativa. Salvo a Lei do dia 28 do Pluvioso do Ano VII, todas as categorias do direito administrativo que conhecemos hoje foram obras de criação jurisprudencial.
Foi muito mais o afastamento do Direito legislado do que criação pelo próprio legislador.
Em 1790, criou-se, na França, a chamada jurisdição administrativa, que era uma jurisdição interna do Poder Executivo que excluía o Poder Judiciário do julgamento de qualquer litígio entre os cidadãos particulares e o Estado Administrativo Francês. 
Ou seja, o Poder Executivo julgava os seus próprios litígios contra os cidadãos, afastando o Poder Judiciário.
O Executivo, além de exercer as funções administrativas típicas, por um órgão de cúpula chamado de Conselho de Estado, criava as normas de Direito Administrativo que regeriam a relação dele com os cidadãos.
Portanto, na história real do Direito Administrativo, a disciplina foi construída por um Poder Executivo que, além de exercer função administrativa, legislava para si mesmo e julgava seus litígios contra os particulares.
Duas contradições gritantes:
1ª) Contradição com a ideia de Estado de Direito 
O Poder Executivo era um super poder, que criava as suas próprias normas pelo Conselho de Estado e julgava os seus próprios litígios com os particulares. Ele administrava, legislativa e julgava. Era, portanto, a própria antítese da separação de poderes. 
2ª) Contradição com a ideia de Legalidade Administrativa
O Direito Administrativo era criado pelo Executivo e julgado também por este. Havia o lema “julgar a administração ainda é administrar”, ou seja, isso era colocado dentro da estrutura do Poder Executivo.
Resultado histórico: as normas de Direito Administrativo são plenas de prerrogativas da Administração, de empoderamento do Estado, viabilizando o exercício da função administrativa, mas sempre colocando o Estado em uma posição de superioridade em relação aos cidadãos.
Resultou, portanto, em um conjunto de normas marcadamente autoritárias e pouco abertas ao controle dos cidadãos.
Ex.: a ideia discricionariedade surge para imunizar a ação do Estado Administração, imunizando-a da esfera de controle dos cidadãos e dotando a Administração de máximo poder possível, sob o manto de legalidade administrativa.
Aula 02 - 22.03.2018
1. CARACTERÍSTICAS DO REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
Da mesma forma que, no âmbito das relações privadas, há um regime jurídico geral submetido a princípios próprios, no âmbito da relação entre o Estado e os particulares, há um regime diverso do regime privado e que está submetido a uma outra lógica. Este é o Regime Jurídico Administrativo.
O Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que estuda a função administrativa do Estado, na qual se encontram as normas que organizam essa estrutura do Estado-Administração. É esse Direito Administrativo também que define uma forma de funcionamento e de relação do Estado com a sociedade.
Esse conceito é construído a partir da sua diferenciação com relação ao Direito Privado.
O Direito Privado antecedeu historicamente à construção dos ramos do Direito Público. Os institutos do Direito Público e, em especial, do Direito Administrativo, foram construídos a partir de uma adaptação do Direito Privado. É o resultado de uma consolidação histórica. Foram adaptados a partir de uma necessidade, que é a da relação do Estado com a sociedade.
Ex.: noção de ato administrativo advém da primeira noção de ato jurídico.Ex.: a personalidade jurídica do Estado só surgiu com o Direito Administrativo a partir da ideia de pessoa jurídica formulada pelo Direito Civil. A Administração Pública não é uma pessoa jurídica, mas, sim, um conjunto de pessoas jurídicas criadas pela Constituição e pelas Leis para realizar os objetivos da sociedade política democraticamente organizada por meio desses órgãos e entidades.
Embora, idealmente, o Direito Administrativo tenha vindo da ideia de separação de poderes e de Estado de Direito - criação jurídica que resultou no regime jurídico administrativo -, a maior parte de seus institutos, em geral, não foram criados pelo legislador e sim por um órgão do Poder Executivo Francês chamado Conselho de Estado, que foi o verdadeiro protagonista da criação do Direito Administrativo e assim o fez a partir de uma adaptação do direito privado. Isso foi feito por meio de um certo ativismo judicial.
QUADRO COMPARATIVO
	Regime Privado
	Regime Público
	Compra e Venda
	Desapropriação
	Igualdade entre as partes
	Desigualdade entre Estado e Particular
	Consensualidade
	Imposição do Poder Estatal (ius imperii)
	Autonomia da vontade (vinculação negativa à lei)
	Vinculação positiva à lei
	Finalidades privadas
	Busca da realização do interesse público
· Compra e Venda x Desapropriação 
A compra e venda tem como característica principal o acordo de vontades, enquanto a desapropriação se perfaz, na realidade, pela imposição unilateral da vontade do Estado.
A desapropriação está prevista na Constituição Federal em seu art. 5º, XXXIV. Dessa norma constitucional surgem diplomas legislativos infraconstitucionais, alguns até muito antigos (Estatuto Básico da Desapropriação - Decreto Lei nº 3365/41).
A desapropriação tem requisitos para se efetivar (bem de utilidade, necessidade pública ou interesse social, com uma indenização prévia e justa em dinheiro).
1) Igualdade entre as Partes x Desigualdade entre Estado e Particulares
Se o Estado submete um imóvel à desapropriação, não há o que o particular possa fazer, somente discutir o valor da indenização, que é chamado de o justo preço pelo bem desapropriado.
Se o particular aceita o valor, tudo se resolve como uma desapropriação amigável, como se fosse uma compra e venda. Se, por outro lado, ele considera que a avaliação não atende ao justo preço, o Estado propõe uma ação de desapropriação e o juiz irá decidir qual o valor correto da indenização a ser paga. Não se discute aqui se o Estado pode ou não desapropriar. mas sim o valor.
2) Consensualidade x Imposição do Poder Estatal (ius imperii)
O Estado impõe sua vontade usando o ius imperium, isto é, seu poder de império fundado na Constituição e na lei. A vontade do Estado se sobrepõe à vontade do particular.
3) Autonomia da Vontade (vinculação negativa à lei) x Vinculação Positiva à Lei 
No regime privado contratual, a regra geral é a autonomia da vontade das partes, ou seja, elas podem pactuar tudo aquilo que não for contrário à lei. Regem-se por uma noção de vinculação negativa à le.
No Direito Administrativo, a ação estatal deve ser fundada na lei como condição de validade. O próprio agir do Estado deve ter previsão legal para que ele consiga atingir os seus objetivos e as finalidades públicas que justificam a sua própria existência. Há de se ter um fundamento, constitucional ou legal, que paute as suas ações.
4) Finalidades Privadas x Busca da Realização do Interesse público
Enquanto a finalidade do Direito Privado, como regra, é a satisfação das finalidades privadas dos particulares, no âmbito do Direito Administrativo, por outro lado, sempre há de haver a busca pela realização de algum interesse público. É o que se chama de coeficiente de interesse público (publicatio).
O publicatio é, em algum grau, a dimensão de interesse público que existe em um determinado assunto e que serve como condição de validade dos atos administrativos. Para que uma desapropriação seja válida, por exemplo, deve haver esse coeficiente de interesse público.
2. PILARES DO REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
2.1. SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE OS INTERESSES PARTICULARES
Pode ser considerada a espinha dorsal de todo o regime de Direito Administrativo. É daqui que decorre todas as demais explicações do Direito Público em geral.
a) Justificativa da autoridade do Estado
Na doutrina clássica, essa supremacia é, do ponto de vista da filosofia política, a própria fundamentação da autoridade do Estado sobre todos os cidadãos. 
Ex.: segurança pública X liberdade de ir, vir e permanecer. Há o interesse compartilhado entre todos os cidadãos na ordem pública, na preservação do espaço e do patrimônio público, com a sua segurança e com a sua incolumidade que justificam a atuação do Estado de forma a limitar a nossa liberdade de ir e vir. 
A autoridade do Estado é auferida a partir da noção de superioridade jurídica dos direitos transindividuais sobre os individuais. 
OBS.: Uma das críticas mais importantes a essa doutrina tradicional é o questionamento sobre a existência ou não de uma fração de direitos individuais que se impõe sobre a coletividade. Não haveria um interesse público no próprio respeito aos interesses individuais de determinado grupo minoritário ou de posições individuais irredutíveis.
b) Critério jurídico de elaboração das normas, de sua interpretação e aplicação pelo Direito Administrativo
A justificativa da autoridade do Estado no plano da filosofia política se tornou critério básico de elaboração das normas e aplicação delas pelos órgãos e entidades da Administração Pública.
Explicações para justificar essa ideia: 
I. Diretriz Finalística
O Estado existe para fazer prevalecer o interesse público sobre o interesse dos particulares. A ideia de interesse público existe como uma diretriz finalística. Não há uma justificação, em um ambiente democrático, que não seja a persecução dos fins de interesse público, e não de governantes ou de grupos específicos.
Há de haver uma noção de interesse público que favoreça a todos, democraticamente construída, que se traduza nas finalidades públicas que o Estado deve perseguir. Não deve ser interesses de estamentos específicos e autoridades. 
II. Restrição a Direitos Individuais
São normas que permitem a restrição a direitos individuais e prevalecem sobre eles porque representam a materialização de um interesse de uma coletividade.
III. Prerrogativas Materiais (substantivas) e Processuais (adjetivas) da Administração Pública
Prerrogativa é um privilégio juridicamente admitido. É uma posição de vantagem jurídica favorável ao Estado.
Há um conjunto de prerrogativas processuais que protegem o interesse público:
Materiais:
1) Desapropriação
2) Prerrogativas contratuais (cláusulas exorbitantes): o Estado pode alterar ou extinguir unilateralmente os seus contratos; fiscalizar e aplicar sanções ao particular que descumpre os seus contratos; deixar de pagar os seus contratos por até três meses sem que haja uma exceção do contrato não cumprido, que será, portanto, relativizada. O particular deve esperar por até três meses para que o Estado purgue a mora.
Processuais:
1) Estado em juízo tem prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais;
2) Advogados públicos não atuam por procuração, pois o mandato decorre da Lei;
3) Não está sujeito à revelia;
4) Boa parte das sentenças proferidas contra o Estado estão sujeitas ao Duplo Grau Obrigatório de Jurisdição, ou seja, a exigibilidade se dá apenas a partir do segundo grau.
A fundamentação doutrinária diz que tudo isso é explicável por uma posição do Estado que zela pelo interesse público diante de um particular, que está apenas defendendo o interesse privado.
2.2. A LEGALIDADE ADMINISTRATIVA
Conceito também construído por oposição ao direito privado, pois, enquanto neste os particulares podem pactuar tudo aquilo que não for vedado pela lei, no âmbito do Direito Público, a Administração Pública só pode agir de acordo com a lei ou com fundamento no que a lei impõe ou faculta.
No Direito Público, a lei, mais do que um limite,é o próprio fundamento e a própria pré-ordenação do agir estatal.
a) O sentido da legalidade no Direito Privado
Legalidade para os particulares: art. 5, II, CF - ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Então, posso agir criativamente no exercício da minha liberdade, salvo quando a lei impõe um limite de interesse público. Tudo que estiver abaixo desse limite, está permitido. 
b) O sentido da legalidade no Direito Público (vinculação positiva)
Legalidade para o Poder Público: art. 37, caput, CF - vinculação positiva à lei.
I) A lei como limite da ação do Estado administrativo
Razão de ser (fundamento) dessa diferença: enquanto no Direito Privado estamos na esfera da autodeterminação individual, que envolve escolhas existenciais ligadas à autonomia do indivíduo (ex.: soberania sobre o próprio corpo, profissão e próprio sentido da existência), no plano do Direito Público estamos no campo da autodeterminação coletiva, do espaço público democrático de construção das instituições do Estado, a forma como elas devem funcionar e a que fins elas devem servir.
Enquanto uma legalidade é o limite imposto à autodeterminação individual que pode criar danos a terceiros, a outra é a legalidade administrativa como norma que fundamenta, preordena a ação estatal ao mesmo tempo que a submete a certos limites juridicamente estabelecidos.
II) A lei como fundamento da ação do Estado administrativo
Idealmente, portanto, legalidade administrativa é a tradução jurídica da legitimidade política de um regime. É a forma como uma sociedade política democraticamente constituída faz essa preordenação. No Direito Privado é uma legalidade como um limite que respeita a autonomia da vontade, como uma dimensão da criação individual.
Conclusão da distinção: O indivíduo é um fim em si mesmo enquanto o Estado é um meio para a realização de projetos coletivos. Trata-se de uma definição ideológica, mas é a ideologia liberal e democrática que está na raiz da criação do Direito Administrativo.
Portanto, a concepção clássica de legalidade administrativa consiste em ser um espaço de construção coletiva da própria existência e da forma de funcionamento do Estado, em oposição à liberdade individual, regida pela legalidade do Direito Privado, que é o espaço de criação da autonomia individual.
3. REGIME DE PRERROGATIVAS E SUJEIÇÕES
Sujeições são obrigações adicionais que o Estado tem na gestão da coisa pública e que fazem com que os administradores públicos estejam submetidos a deveres diferenciados.
São deveres ligados à boa gestão da coisa pública, deveres republicanos como o da impessoalidade, licitação, publicações de todos os atos administrativos, deveres de transparência etc.
É como se, de um lado, houvesse um conjunto de vantagens e prerrogativas e, do outro, um conjunto de ônus e obrigações. 
Ao mesmo que o Estado tem um poder de império, ele também está sujeito a controles pela sociedade para que seu mandato, conferido por meio de lei, não seja desviado ou subvertido.
Aula 03 - 26.03.2018
Críticas ao Princípio da Supremacia do Interesse Público
São críticas que promoveram uma revolução na doutrina ao ponto de alguns autores questionarem esse princípio como critério de justificação e aplicação do direito administrativo e, outros, considerarem que serviram de forma a remodelar o princípio
· Centralidade do sistema de Direitos Fundamentais
A primeira crítica é ligada à ideia de que este princípio nasceu ligado a regimes totalitários. Nesses regimes, não havia a noção, que foi consolidada no segundo pós guerra, da centralidade do sistema de direitos fundamentais nos regimes democráticos.
· Ponderação entre Direitos Individuais e Interesses Coletivos, sob a regra da proporcionalidade
Todo o sistema político e jurídico existe a partir da noção de direitos fundamentais do homem: seja na noção negativa que impede que o Estado os restrinja, noção protetiva ou, então, noção prestacional, que exige que não somente haja uma abstenção por parte do Estado, mas, também, uma atuação positiva de forma a promovê-los para que a sociedade desfrute deles.
O Estado existe para promover os direitos fundamentais, de forma que a maior parte da noção de interesse público se liga ao respeito e, em algum grau, à promoção de direitos fundamentais.
· Proteção de posições individuais “irredutíveis” (conteúdo essencial)
Trata-se de uma noção tão importante que não só permite a não relativização de direitos fundamentais como também inverte a noção de supremacia do interesse público sobre interesses particulares. Então, para que haja a supremacia desse interesse, é preciso que o Estado tenha razões que justifiquem a restrição da eficácia dos direitos fundamentais dos indivíduos.
Ex.: confronto entre a liberdade de expressão e a proteção de uma coletividade e da ordem pública. Há uma inclinação para a liberdade de expressão em detrimento de interesses coletivos alegados pelo Estado como de “razões de Estado”.
Além disso, reconhece-se que há uma dimensão de posições individuais que é irredutível e, portanto, embora possa ser relativizada em tese ou em abstrato, será uma porção irredutível.
Há um limite a partir do qual a dignidade da pessoa humana seria tão aviltada que a própria razão de existir do Estado seria ferida.
Ex.: a regra da proibição da tortura prevalece sobre qualquer razão de Estado.
Então, há uma dimensão que impede que o Estado faça prevalecer suas razões sobre os direitos fundamentais. É a ideia de que o Estado deve sempre se mover para satisfazer o maior número de pessoas sobre o menor número de pessoas. Trata-se de uma ideia utilitarista.
· Proteção de minorias
A proteção de minorias liga-se a uma posição não só protetiva mas também promocional. A função do Estado é assumir essa proteção. É uma ideia de difícil conciliação com a ideia de supremacia do interesse público sobre o interesses individuais. Portanto, ou é preciso uma redefinição do conceito de supremacia do interesse público para que nele se insira a proteção da dignidade da pessoa humana ou, então, entende-se que esse conceito não se presta a comportar a proteção a minorias.
Assim, passa a não ser uma regra quantitativa mas sim qualitativa de que os interesses individuais devem ser acolhidos, protegidos e promovidos pelo Estado como direitos fundamentais.
Com a redefinição da ideia de supremacia do interesse público, na desapropriação há a colisão entre os interesses coletivos e os interesses individuais. A necessidade de justificação já caracteriza que o direito de propriedade é a regra enquanto a desapropriação é a exceção. Além disso, há a previsão de ação judicial caso o particular não concorde com o valor arbitrado pelo Estado.
Há, então, razões expressas e específicas para a justificação; um procedimento rígido para que o Estado faça a desapropriação e, além disso, situações expressas em que o Estado não pode fazer a desapropriação. É uma decisão política fundamental do constituinte que estabelece hipóteses em que a desapropriação para reforma agrária não é possível (art. 85).
Há posições individuais que não podem ser relativizadas em nome de um interesse coletivo. Fez-se um juízo de ponderação entre esses interesses. Cabe ao Estado promover a desapropriação nos casos em que seja possível, mas, ao mesmo tempo, cabe a ele respeitar e proteger a propriedade nas situações previstas.
Nesse sentido, ou eu defino o que considero por ideia de interesse público ou então entendo que há hipóteses em que haverá a prevalência dos direitos individuais.
Há tanto interesses individuais a serem preservados quanto metas coletivas que serão sempre balanceadas nos termos constitucionalmente previstos, de forma que o Estado seja não só promotor de interesses coletivos como, também, de interesses individuais. É o reconhecimento de uma esfera de direitos da vida privada do homem com o convívio em sociedade que proteja e promova esses direitos.
Há uma discussão quanto às prerrogativas que o Estado possui dentro de suas relações com os agentes privados.A exceção do contrato não cumprido, por exemplo, é mitigada no Direito Administrativo, pois a lei de contratos administrativos estabelece que é obrigatório tolerar o atraso do Estado por até 3 meses. É, então, a supremacia do interesse coletivo sobre o interesse da empresa contratada. No nonagésimo primeiro dia, a empresa pode paralisar as suas operaçẽos.
O motivo legislativo dessa previsão é de “tolerar” o atraso em vista de algumas dificuldades que o Estado possui e também proteger a coletividade, que não será rapidamente afetada por qualquer dificuldade por parte do Estado. Por outro lado, a não estipulação de uma tolerância ao atraso indefinido busca proteger a empresa contratada, que não será injustamente prejudicada por conta disso. Por isso, a partir do 91 dia a empresa pode paralisar as suas atividades.
É uma noção revisitada de supremacia do interesse público que busca se adequar também ao princípio da preservação da empresa.
A reavaliação crítica do princípio da supremacia do interesse público, para o prof, só pode chegar a duas coisas conclusões: 
defender a supremacia do interesse público é entender que irá prevalecer o que tiver que prevalecer a cada caso ou reconhecer que a ideia de supremacia não se presta mais a justificar o direito administrativo, de modo que este não se presta mais a proteger somente interesses coletivos mas também interesses individuais e transindividuais, promovendo-os.
Fontes do Direito Administrativo 
· Ausência de codificação 
· Forte componente jurisprudencial
· Instabilidade acentuada em decorrência da influência política
· Multiplicidade de legislações: nacional, estaduais e municipais
· Importância decisiva da constituição da república
Enquanto o século XIX foi a era das grandes codificações, o Direito Administrativo resistiu a isso e, no mundo inteiro, não é encontrado um código.
OBS.: conceito de código - lei que trata de maneira sistematizada e exaustiva determinada disciplina. É a compilação de normas com a intenção de sistematicidade.
No Direito Administrativo, sequer houve a pretensão de codificação, pois seria algo desafiador, uma vez que este ramo trata de coisas mais diversificadas. Além disso, é um ramo muito mais instável, do ponto de vista normativo, que as disciplinas clássicas. É uma instabilidade que decorre, principalmente, do fato de estar muito ligada à política. Por fim e, principalmente, nas federações, geralmente, existem muitas fontes de direitos administrativos que fazem conviver legislações nacionais com legislações estaduais e municipais. Assim, é difícil sistematizar todas essas regras em um código único, pois são legislações esparsas. A única sistematicidade possível se encontra na própria constituição.
A Constituição e o Direito Administrativo
No Direito Administrativo, há três modalidades de competências.
· Organização das competências
I) Legislativas
· Privativas (art. 22): somente a União
· Concorrentes (art. 24): a União edita normas gerais, enquanto os estados e DF, normas específicas. No conflito, aquelas prevalecem sobre estas. Não havendo normas gerais, esses entes podem atuar livremente
· Disjuntivas: matérias sujeitas a competências “privativas” de cada ente, pois o que é chamada de privativa pela CF é aquela competência que só pode ser exercida pela União, através do Congresso Nacional. A competência é definida pela matéria, de forma que será disjuntiva de forma residual.
II) Administrativas/Executivas
· Exclusiva: arts. 21 (União), 25 (estados) e 30 (municípios): aplicar a lei de ofício.
· Comuns: art. 23. São aquelas responsabilidades políticas compartilhadas entre todos os entes. Ex.: SUS. Essas competências podem ser exercidas por meio de convênios e consórcios.
OBS.: o DF acumula competências tanto de natureza estatal quanto municipal.
Razões para a divisão entre competências nacionais estaduais e municipais:
· Elemento político
· Preocupação com a dimensão regional
· Incapacidade de organização dos entes menores
OBS.: não foi somente o critério da subsidiariedade. Para o prof, é a acumulação de critérios (políticos, geográficos, econômicos).
· Disciplina Material 
· Organização e funcionamento da Administração Pública (arts. 37 e ss)
· Direitos e Garantias Fundamentais (arts. 5 e ss)
· Intervenção no domínio econômico (arts. 170 e ss)
· Prestação de serviços públicos (arts. 175 e ss)
São normas que constituem pontos de partida obrigatórios para cada legislação de direito administrativo no mundo. No caso brasileiro isso é ainda mais importante, pois condicionam o sentido de supremacia do interesse público assim como orientam a elaboração, interpretação e aplicação das normas infraconstitucionais.
Para o prof, isso trouxe uma principiologia de normas constitucionais que se aplicam ao direito administrativo.
· Constituição
· Lei
· Regulamentos
· Jurisprudência: Cada vez se torna fonte importante do Direito, condicionando situações futuras
· Doutrina: denominada como “fonte meramente informativa
Aula 04 - 02.04.18
1. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (art. 37, caput, CF)
O caput do art. 37 se refere à Administração Pública de todos os poderes do Estado, não apenas o Poder Executivo. Inclui-se também os demais poderes e os órgãos constitucionais autônomos. Portanto, aplica-se onde houver função administrativa a ser exercida.
Tipicamente, será pelos órgãos do âmbito do executivo, mas, atipicamente, por esses outros órgãos. 
Será a natureza da função e não a identidade funcional do órgão que definirá a aplicação dos princípios do Direito Administrativo.
Além disso, o caput do art. 37 se refere a todos os entes da federação. É a opção do legislador pela unificação do Direito Administrativo, pois este ramo não possui um código que o sistematiza e está sujeito a diferentes regras de competência.
A CF tenta unificar o Direito Administrativo em torno de grandes princípios, que podem ser chamadas de regras constitucionais do Direito Administrativo, que estão no caput do art. 37 e nos demais dispositivos da Carta.
Embora esses princípios gozem de status diferenciado por estarem explícitos no texto constitucional, a lista de princípios constitucionais explícitos não é exaustiva. Reconhece-se, ora por reconhecimento legal, ora doutrinário ou jurisprudencial, outros princípios, que são chamados de princípios implícitos.
1.1. LEGALIDADE
	O Direito Administrativo se constitui a partir de uma noção diferenciada de legalidade.
Essa oposição se refere ao caput do art. 37, caput e ao art. 5º, II.
No âmbito das relações privadas, a legalidade é a vinculação negativa à lei. Por isso, alguns autores chamam de exercício da liberdade (autodeterminação individual delimitada pela lei).
No Direito Administrativo, é a vinculação positiva à lei. É um limite externo que permite o convívio social. A dupla negativa carrega a noção de que o Direito Administrativo é constituído pela lei, pois ela é quem o cria como Pessoa Jurídica, organiza seus órgãos e entidades e também estabelece as competências.
Essa diferença possui uma importância teórica. A lei é não só o limite da ação estatal como também a mola propulsora desta. Além disso, há uma importância prática, pois a administração deve colher um fundamento de validade da sua ação no direito e não no mero arbítrio dos administradores públicos.
Dimensões - Legalidade em sentido estrito: 
I) Aplicação subsuntiva
Na história do Direito Administrativo, a comparação que se fazia era entre a sentença judicial e o ato administrativo. Fazia-se uma analogia: enquanto aquele resolve os conflitos aplicando o comando genérico e abstrato da lei ao caso concreto, este era aquele que pensava em uma solução administrativa para cada situação, fazendo a “boca da lei”.
A subsunção é o enquadramento de uma solução concreta à moldura traçada abstratamente na lei.
Ex.: analisar os requisitos para a concessão de uma aposentadoria.
Quando o legislador já traça os requisitos, a atividade do administrador se torna ainda mais fácil e mais mecânica.
II) Definição de formas, procedimentos e finalidadesPorém, a complexidade da vida torna difícil com que o legislador possa prever todos os requisitos para a prática do ato administrativo.
Assim, o legislador nem sempre estabelece o conteúdo do ato a ser praticado, apenas diz que, diante de uma situação tal, a administração pública deve se pautar a partir de um determinado procedimento e de determinados objetivos e finalidades. Não é, contudo, algo fácil de ser ponderado. 
Ex.: concessão de licenciamento ambiental quando não gerar um impacto danoso ao ambiente. Nem sempre é fácil de determinar se irá gerar ou não um impacto.
É, portanto, difícil o legislador se antecipar a todas as situações. Será o administrador que estará de frente para o caso concreto e fará as suas ponderações.
Nesse segundo caso, ao contrário da aplicação subsuntiva, não há nada previsto na lei. O legislador estabelece uma fórmula que vincula apenas parcialmente a Administração. Há legalidade em ambos os casos, muda-se apenas a fórmula traçada pelo legislador.
III) Habilitação de competências
A impregnação da legalidade é menos intensa neste caso. O legislador apenas habilita o exercício da competência administrativa, sem, contudo, definir formas, procedimentos ou objetivos. Aqui, cabe também ao administrador pautar-se pelos objetivos inerentes à sua atividade.
A lei confere apenas o poder de agir ao administrador público, mas o grau de vinculação à lei é mínima.
IV) ATUAÇÃO AUTÔNOMA
Ausência da intermediação legislativa para a atuação do administrador público. Não há nenhuma previsão do seu exercício de agir, o administrador extrai o fundamento de sua ação diretamente da lei superior, que é o fundamento de validade da sua ação
1.2. 	PRODUÇÃO NORMATIVA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Genericamente, fala-se que todo e qualquer ato editado pela Administração Pública se chama regulamento.
Para o prof, o regulamento é uma espécie do gênero ato administrativo. 
Há atos administrativos concretos e os abstratos, que definem uma hipótese de incidência toda vez que no mundo dos fatos acontece uma situação que se encaixa na moldura. Estes são os regulamentos.
1.2.1. REGULAMENTOS DE EXECUÇÃO
Surgem para definir detalhes e complementar os espaços normativos deixados pelo legislador, especialmente nas hipóteses 2 e 3 acima. Sua finalidade básica é complementar a lei, atuando no sentido da sua fiel execução.
	O exemplo mais importante é o do art. 84, IV, que define a competêcia do Presidente da República: “sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução”. Essa competência se estende aos chefes do Executivo dos estados e municípios. São atos normativos infralegais que possuem o único objetivo o de especificar de que forma a Administração Pública irá dar cumprimento aos preceitos normativos estabelecidos pelo Poder Legislativo.
	A CF subordina a atuação do legislador ordinário, enquanto este subordina a atuação do administrador público.
Nessa escala de concretude, o próximo é o ato administrativo concreto. É o último grau de concretude. Ex.: legislação sobre o porte de armas e a concessão pelo administrador (última etapa).
A lei é a condição de validade do regulamento de execução.
1.2.3. REGULAMENTOS AUTÔNOMOS
Regulamentos Autônomos x de Regulamentos de Execução
Os autônomos atuam como exercício autônomo de normatividade (item 4).
O STF e a doutrina majoritária hoje reconhecem a existência válida de regulamentos autônomos.
Exemplo mais importante.: portaria ministerial - ato normativo do ministro da fazenda sobre importação de navios e veículos automotores usados. Não há lei prevendo isso.
O STF analisou a questão e entendeu que a portaria é constitucional e isso abriu precedente para a elaboração de demais regulamentos autônomos posteriores. O entendimento foi a partir do art. 237 da CF. O STF disse que há uma habilitação existente na própria CF conferida ao Ministro da Fazenda. Além disso, pela ausência de uma lei específica tratando da matéria, não pode o legislador impedir o exercício de um dever constitucional pelo administrador público. Por fim, não se trata de uma matéria restrita à reserva de lei formal, que o constituinte exige expressamente a necessidade de lei.
Então, se a Administração Pública tiver um fundamento advindo diretamente da constituição e houver um interesse público relevante, poderá editar o regulamento autónomo.
Segundo Exemplo: Conselho Nacional da Justiça e a Proibição do Nepotismo. CNJ é um órgão que tem competências constitucionais, sendo uma delas a de avaliar o bom funcionamento do Poder Judiciário. 
O STF entendeu que existe um fundamento constitucional para a edição do regulamento, que é o que instituiu as competências do CNJ. Além disso, também nos próprios princípios da Administração Pública, como o da moralidade, que possui um caráter subsidiário em relação ao da legalidade, visando impedir qualquer prática que fira a boa gestão da coisa pública.
Portanto, a CNJ deu concretude a princípios constitucionais e disciplinou uma matéria não sujeita à reserva de lei formal. Assim, o STF declarou a constitucionalidade do regulamento autônomo.
Aula 05 - 05.04.2018
(...Continuação de Legalidade)
Legalidade como juridicidade é uma ideia mais ampla do que legalidade. Juridicidade pode ser definida como legalidade em sentido amplo, enquanto legalidade em sentido estrito vai dizer respeito à produção legislativa do Estado, que constitui a atividade normativa do Estado.
Todas as fontes normativas constituem, em seu conjunto, o que chamamos de juridicidade normativa.
A normatividade administrativa ora surge para suprir um espaço que falta na lei ou um espaço que não foi regulado pelo legislador.
A lei continua sendo a referência normativa mais importante da Administração, mas não é mais a única. 
· Regulamentos Administrativos no Brasil
	A doutrina reconhece os regulamentos executivos (infralegais e detalha as leis) e os autônomos. 
	Com a EC 32 trouxe, dentre outras modificações, introduziu uma nova redação ao art. 84, VI, “a” e “b”, CF. Nesse dispositivo, o constituinte derivado fez inserir a previsão expressa de que é possível existir regulamento autônomo em, pelo menos, duas matérias:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (EC no 23/99 e EC no 32/2001)
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
	O art. fala em “dispor mediante decreto”. Decreto é o nome do ato administrativo típico do Chefe do Poder Executivo. Essa previsão, pelo princípio da simetria, repete-se nos Estados e Municípios.
	Para o prof, a EC fez prever na CF casos expressos em que se admitem regulamentos autônomos no direito brasileiro.
	Para alguns autores, essas não são hipóteses apenas de regulamentos autônomos, mas, também, de uma reserva de poder regulamentar.
	O regulamento autônomo é aquele ato administrativo normativo que surge para suprir o vácuo na lei nas hipóteses em que a CF não exige reserva de lei formal. A reserva de poder regulamentar, por sua vez, trata-se de um espaço privativo ao presidente da República para dispor sobre essas matérias.
Os argumentos para essa tese partem, justamente, do que está escrito no caput do art. 84. Então, a lei sequer poderia tratar dessa matéria, uma vez que o caput do art. diz que compete privativamente ao Presidente da República.
O grande precedente desta técnica constitucional é a Constituição Francesa de 1958, em que há uma repartição mais rígida das competências. No Brasil, no entanto, a técnica é outra. A lei deve tratar de, basicamente, todos os assuntos, sendo completada por regulamento.
Para o prof, o “privativamente” a que se refere ao artigo se refere ao Presidente em relação aos demais órgãos da Administração Pública.
Isso não significa que a lei possa tudo. Há uma reserva de atos normativos da administração que não pode ser suprimida pelo PoderLegislativo. Para o prof, em decorrência do princípio da separação de poderes, há uma reserva de administração para atos típicos do poder executivo. Então, se o Presidente edita um regulamento autônomo tratando de uma matéria e, posteriormente, o Congresso editar uma lei dispondo algo diferente, irá prevalecer esta em detrimento daquela. 
1.2. IMPESSOALIDADE
Possui uma dupla acepção.
1º) os administradores públicos têm que praticar seus atos e exercer suas funções sem favorecimentos pessoais ou discriminações pessoais a pessoas ou grupos de pessoas. Qualquer favorecimento ou discriminação que se deva a razões constitucionais que sejam vedadas são, simplesmente, vedadas do ponto de vista jurídico. 
Por isso, é a base de uma série de regras que tratam do funcionamento da administração pública:
1) Regras para seleção de servidores e empregados públicos é a regra do concurso público (art. 37, II). Concurso público é a forma de garantir a impessoalidade no recrutamento de pessoal na Administração Pública;
2) Contratação de empresas fornecedoras para o Poder Público é a licitação. A licitação dirigida é o exemplo de violação ao princípio da impessoalidade.
3) Há uma multiplicidade de ações judiciais em face da Administração Pública. Na maior parte delas, julga-se contra a Administração Pública. Para que seja feito o pagamento sem favorecimento a ninguém, há o sistema do precatório. A cada ano, as sentenças desfavoráveis entram na lista de precatórios (ordem cronológica) e, após, passam por uma aprovação do orçamento público. O pagamento só pode ser feita na ordem cronológica dos precatórios.
	O princípio da impessoalidade não impede um tratamento favorecido da Administração Pública a certos grupos, por políticas públicas, desde que dentro de um parâmetro constitucionalmente adequado. Isso parte de um mandamento de redução de desigualdades. 
 Ex.: reserva de percentuais para a admissão de pessoas com necessidades especiais nos concursos públicos.
	Qualquer discriminação odiosa, que não tenha fundamento na constituição, irá de encontro ao princípio da impessoalidade.
2º) Toda a ação de agentes públicos é imputado à instituição a qual ele pertence e não à sua pessoa física. Sempre que ele estiver agindo dentro do exercício de suas funções, toda a sua atividade é imputada à Administração Pública. Trata-se do princípio da imputação volitiva, que decorre da Teoria do Órgão. A relação é impessoal no sentido de que, sempre que alguém age em nome da Administração Pública, é esta quem age.
Teorias já superadas mas que inspiraram a Teoria do Órgão:
Teoria do mandato - haveria um tipo de relação contratual entre a Adm Pública e o agente que age em nome dela. Inspirado nessa ideia, a relação é na qual a adm é a mandante e o agente público é o mandatário.
Teoria da Representação - entende que é usar demais o Direito Civil a uma relação totalmente estranha a ela, que é a relação da adm e o agente público. Então, na verdade, a lei seria o instrumento pelo qual a Administração iria delegar competências ao agente público.
Essas teorias foram superadas, pois, toda vez que o agente público cometia um ato ilegal, a Administração Pública alegava que este estava agindo fora dos limites do mandato (atos extra mandato) ou fora dos limites de sua função. Então, defendia-se dizendo que não eram atos da Administração Pública e sim atos privados dessas pessoas. Era como se a Administração Pública não errasse nunca.
Essas ideias maturaram e, hoje, entende-se que todo agente público em exercício de suas funções ou que invoque sua autoridade para praticar aqueles atos, não haverá uma representação da Administração Pública e sim uma presentação desta pelo agente público.
Os atos dos agentes públicos serão atos da Administração Pública, e a esta será imputada a responsabilidade pelos atos ilegais cometidos.
A jurisprudência diz que, no âmbito da vida privada, a responsabilidade será toda do agente público. Mas, se este se valer dos poderes inerentes ao cargo, a Administração Pública será responsabilizada e, posteriormente, irá exercer o direito de regresso.
1.3. PUBLICIDADE
	Todos os atos administrativos precisam chegar ao conhecimento dos administrados. O método seguido é a publicação no órgão de publicação oficial, que é por meio do Diário Oficial.
	Para Norberto Bobbio, a condição de validade e eficácia dos atos do poder público é a visibilidade destes.
	Isso pode ser realizado de duas formas:
1) Publicação Oficial
2) Regime de amplo acesso às informações públicas. O art. 5, XXXIII prevê que todos têm direito de obter informações dos atos públicos, excetuando-se os casos em que o sigilo se justifica em razão da preservação da segurança do Estado e da sociedade.
“XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”
3) Privacidade de certas questões de interesse público (?) - como forma de preservação institucional de certos assuntos. Há questões ligadas à segurança nacional que somente órgãos públicos específicos podem ter acesso. 
Desdobramentos do Princípio da Publicidade:
1) Direito de Certidão (art. 5, XXXIV, b) - é o ato administrativo enunciativo da existência ou inexistência de uma situação jurídica. Possui uma utilidade prática para a celebração de negócios jurídicos. Envolve o direito de acesso à informação permitida pelo Estado;
2) Instrumentos processuais que visam permitir o acesso à informação - ex.: habeas data - é a ação constitucional específica para que o sujeito tenha acesso a informações presentes em registros públicos e, inclusive, o direito à retificação desses dados.
3) 
OBS.: o princípio da publicidade tem eficácia extensa a ponto de obrigar as fontes pagadoras públicas a informar o salário dos agentes públicos? Para o professor, não há uma exceção constitucional com relação a isso. A questão é saber a remuneração do servidor público, de forma que a privacidade não pode ser alegada como forma de barrar isso. Por outro lado, há quem entenda que basta informar o número da matrícula e o valor da remuneração, para que, assim, não se exponha este servidor a riscos. Seria uma forma de ponderação entre a privacidade e a publicidade da Administração Pública. Recentemente, com a requisição da Carmen Lúcia, adotou-se a primeira corrente.
1.4. MORALIDADE
	Primeira indagação a ser feita é sobre se toda construção do direito moderno e baseada na distinção entre Direito e Moral. Se toda a ideia de que a Moral é autônoma, no sentido de ser um conjunto de valores que se refere à vida privada dos indivíduos, e o Direito governa a vida pública das pessoas, sendo desprovido da moralidade subjetiva de cada um, qual o sentido de se ter a moralidade como princípio jurídico que incide, orienta e pode, inclusive, invalidar atos da administração pública? qual o conteúdo jurídico da moralidade que pode distingui-la da impessoalidade?
	Como precisar, do ponto de vista semântico, o conceito de moralidade? Qual é a sua utilidade prática? 
	Fala-se em moralidade em relação à lei e moralidade praeter legem.\
Ex.: STF já invalidou lei considerando que esta violava o princípio da moralidade - foi uma lei estadual que estabeleceu que todo servidor teria direito a um “terço de férias”. Porém, incluiu-se também os servidores aposentados. Na ADI, entendeu-se que era uma lei totalmente injustificada sob a ótica da imoralidade.
Em geral, a moralidade administrativa envolve uma concepção de boa administração que não tem a ver com concepção moral progressismo social. É o dever de ética e transparência.
A utilidade prática é de que há espaços na lei as quais chamamos de discricionariedade administrativa. Esta é a margem da competência administrativa que o legislador transferiu ao administrador para que este possa tomar decisões conforme o melhor interesse público. É nesse espaço de margem decisóriaem que é possível avaliar a moralidade administrativa. 
1.5. EFICIÊNCIA (EC 19/1998)
Aula 06 - 16.04.2018
· Continuação do Princípio da Continuidade da Atividade Administrativa
	Fundamento:
	Para a doutrina mais tradicional, o fundamento é o Princípio da Supremacia do Interesse Público. 
Ex.: idosa que recebe tratamento de home care e não pode ter o fornecimento de energia elétrica interrompido. Neste caso, a não interrupção do serviço se deve a um interesse individual. Portanto, não será em todos os casos que a supremacia do interesse coletivo irá fundamentar o princípio da continuidade da atividade administrativa.
	O fundamento, portanto, é o fato de que o Estado, muitas vezes, realiza direitos fundamentais por meio da prestação de atividades administrativas. Ex.: saúde, segurança, propriedade. Os Direitos Fundamentais também são realizados por meio de atividades positivas do Estado. 
Ex.: o princípio da exceção do contrato não cumprido é mitigado no caso dos contratos administrativos. A exceção do contrato não cumprido só pode ser invocado após três meses. Então, o particular não pode interromper a atividade pública prestada por conta da inadimplência da Administração Pública. (art. 78, XV, da Lei 7.866).
Ex.: pessoa precisa de uma cirurgia com stents emergencial
Art. 24, IV, 7.866 - contratações emergenciais feitas por dispensa de licitação. Não é preciso abrir um processo licitatório em casos em que a Administração precisa de algo emergencial. 
	Ex.: vedação à penhora de bens - não está na lei, é jurisprudencial. O STJ diz que, por conta da continuidade dos serviços públicos, empresas estatais não podem ter penhorados bens necessários à realização do serviço público. 
	Exemplos de exceções ao Princípio da Continuidade: 
1) Direito de Greve dos Servidores Públicos - paralisação da atividade administrativa. Mesmo aqui, o princípio da continuidade incide aqui de forma a restringi-lo. É vedada a greve de militares. Não há lei regulamentando a greve do servidor público, então o STF entendeu que se aplica as regras do regime privado (mandado de injunção 708/DF), que é a da Lei 7783/89. Então, caso haja greve de serviço essencial, os grevistas devem garantir que haja um mínimo de pessoas trabalhando pra que isso não gere a interrupção total de um serviço essencial.
2) Falta de pagamento por parte do usuário do serviço (art. 6, §3º, II)
3) O princípio da continuidade da atividade administrativa não incide da mesma forma em todas as atividades administrativas. Uma atividade que não seja essencial não sofrerá a incidência do princípio da mesma forma. Ex.: biblioteca, universidade.
· PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA LEGÍTIMA
	Protege legítimas expectativas que a administração venha eventualmente criar para os seus administrados. Ou seja, isso determina que o Poder público aja de forma coerente e leal com os particulares, que são as pessoas que estão submetidas ao seu poder
OBS.: Livros da Patrícia Batista e Schenk
O princípio da segurança jurídica possui duas dimensões: a dimensão objetiva seria consagrada pela proteção ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5, XXXVI, CF). No âmbito da dimensão subjetiva, a manifestação da segurança jurídica seria por meio da proteção da confiança legítima. É necessário que a confiança do particular esteja realmente presente.
Fundamento: 
Existem certos requisitos para que a proteção da confiança legítima seja aplicada. 
1) Base da Confiança: Ato do Poder Público - não precisa ser administrativo: pode ser uma lei, uma decisão etc - que cria no particular a confiança de sua manutenção ou que crie uma determinada expectativa como consequência daquele ato. Também não precisa ser um ato formal. Um mero comportamento, ainda que informal, de agentes públicos, têm o potencial de criar legítimas expectativas dos administrados. Ex.: CTN diz que, caso o contribuinte deixe de pagar tributo ou pratique algum ilícito tributário confiando na Administração Público, será isento de juros de mora.
2) Existência concreta de uma confiança manifestada pelo particular (elemento subjetivo) - é preciso que o particular confie naquele ato e realize atos materiais no sentido daquela confiança.
3) Quebra da Confiança - ato da administração que seja contraditório em relação ao ato inicial no qual o particular depositou a confiança.
OBS.: há uma discussão sobre se deveria haver uma identidade subjetiva entre o agente que prometeu e o que quebrou a confiança. Não há uma resposta pronta, mas sim três correntes: 
I) se há uma identidade no núcleo de interesse entre quem praticou o ato e quem quebrou a promessa, aplica-se o princípio. Ex.: Anderson Schreiber;
II) deve haver identidade subjetiva de pessoas jurídicas idênticas para que haja a aplicação do princípio. Não pode haver contradição entre duas pessoas jurídicas distintas.
	Consequências jurídicas da aplicação do princípio: 
1) Manutenção do Ato Iniciado - preservação do ato administrativo praticado no qual os administrados confiaram;
2) Modulação dos Efeitos Temporais da Decisão Administrativa - preserva-se em parte o ato praticado e não em totum;
3) Compensação pelos Danos Causados - nem sempre é conveniente, razoável ou proporcional que o ato administrativo que gerou confiança no particular seja preservado. Quando não for possível manter o ato, a consequência será a indenização ao particular por perdas e danos.
· PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
Possui duas dimensões. A negativa, que é a mais famosa, diz que os atos do poder público que restrinjam direitos devem ser proporcionais. 
	Proporcionalidade significa que os atos devem ser adequados, necessários e proporcionais em sentido estrito.
	O princípio da proporcionalidade permite (isso é uma inovação) o controle de mérito dos atos administrativos. Admite-se que o judiciário controle a discricionariedade administrativa. 
TEORIA GERAL DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
	Para a doutrina tradicional, o ato administrativo seria a figura central do Direito Administrativo. Todo o estudo do Direito Administrativo gravitaria em torno da figura do ato administrativo, que é o ato unilateral da Administração Pública.
	Essa ideia é criticada pela doutrina mais moderna, que diz que essa é uma visão autoritária do Direito Administrativo. Dizer que a adm pública deve agir de forma unilateral sem a cooperação dos administrativos, sendo imperativa, seria uma visão autorit´ria do ato administrativo. Por isso, o ato administrativo não poderia mais ser a figura central do Direito Administrativo. Para esses autores, deveria haver uma substituição da figura central para o Processo Administrativo, que permite a consensualidade e a cooperação dos particulares na formação da vontade administrativa, o que democratiza a Administração Pública.
	Ex.: princípio do contraditório substancial - o processo administrativo permite que haja a influência do administrado na formação da vontade administrativa.
	O ato administrativo é uma espécie do gênero fato administrativo.
	Fato administrativo, em sentido amplo, representa todos os acontecimentos (não só naturais mas administrativos) que têm relevância no Direito Administrativo.
Os fatos administrativos podem ser:
I) Fato Administrativo em Sentido Estrito
Ocorrências da natureza que têm relevância para o Direito Administrativo. Ex.: passagem do tempo tem importância com relação à decadência administrativa. 
II) Atos da Administração
São aqueles decorrentes da vontade administrativa e não da natureza
II.1) Atos políticos
São atos praticados pelo Poder Público que possuem uma determinação diretamente constitucional e que são praticados pelos órgãos de cúpula da administração pública ou do Poder Executivo.
Em geral, esses atos estão previstos na CF (art. 21) e concebem ao seu titular um grau muito grande de discricionariedade (análise e avaliação de conveniência e oportunidade política).
Ex.: declaração de guerra, nomeação de ministro do STF, veto a projetos de lei, extradição, concessão de refúgio. 
Os atos políticos são suscetíveisde controle pelo Judiciário?
Correntes: Para uma primeira doutrina, esses atos são insuscetíveis de controle pelo Judiciário, pois isso caracterizaria uma violação ao princípio da separação de Poderes.
Uma segunda corrente entende que é possível, ainda que excepcionalmente, o controle desde que inobservado, pelo Poder Executivo, os requisitos que a CF determina para a prática daquele ato político. Ex.: nomeação de ministro.
Há uma discussão na doutrina com relação ao controle judicial do veto. para uma parte da doutrina, apenas o veto político seria um ato político e, portanto, impassível de controle. O veto por inconstitucionalidade, por outro lado, seria um ato administrativo não político, sendo passível de controle.
II.2) Atos privados da administração pública 
São atos unilaterais praticados pela administração pública e que são regidos por um regime de Direito Privados. 
	Ex.: emissão de cheques 
II.3) Atos materiais 
É a forma de execução dos atos administrativos pela Administração Pública. Ex.: atos materiais para concretizar a interdição de uma rua.
II.4) Atos Administrativos em sentido estrito 
	Conceito: são os atos praticados pela administração pública ou por um delegatário de seus poderes (ex.: concessionária de serviços públicos) mediante manifestação de vontade e que são regidos por um regime de Direito Público.
	Em regra, são atos que têm previsão infraconstitucional, ou seja, legal. Além disso, são passíveis de controle judicial.
ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO 
1) AGENTE COMPETENTE
	Quem emite o ato administrativo deve ser competente, segundo a lei respectiva, para a prática daquele ato.
	A pessoa será competente segundo a lei, podendo inclusive ser definida por lei e especificada em ato normativo infralegal.
	Para existir delegação de competência é preciso haver hierarquia. Para a doutrina tradicional, não é possível a delegação ou avocação de competência se não houver lei autorizando.
	A competência possui um caráter vinculado. A lei não atribui a possibilidade de decidir se será competente. Não há margem de apreciação do agente com relação a sua competëncia.
OBS.: teoria da aparência ou teoria do servidor de fato
2) FORMA
	Maneira pela qual a Administração Pública exterioriza o seu ato administrativo. A forma deve ser solene, existe forma determinada.
	Se a Administração Pública quer, por exemplo, revogar uma licitação, ela deve o fazer por escrito. 
	No entanto, a Lei 9784, em seu art. 22, diz que, salvo expressa previsão legal, o ato administrativo não terá forma determinada. Ou seja, imita o artigo do CC que diz que é dispensada forma solene se assim a lei não determina. Além disso, alguns doutrinadores modernos dizem que se deve evitar formalismos excessivos. Há um movimento de combate a esse formalismo/procedimentalismo excessivo, especialmente quando isso prejudica a eficiência. O STJ, por exemplo, diz que a violação de alguns requisitos formais não conduz à anulação da licitação.
A doutrina majoritária diz que a forma, assim como a competência, é um elemento necessariamente vinculado, ou seja, a lei determina sempre a forma.
No entanto, há exceções previstas na própria lei. A própria lei contrária a doutrina. 
Ex: art. 60, p.ú, Lei 8.666 - permite (não determina) a contratação verbal pela Administração Pública no caso de contratos de pequeno valor (10% do valor do convite). Então, há uma discricionariedade quanto à escolha da forma do ato administrativo. 
Aula 08 - 19.04.2018
3) OBJETO
	É a mudança concreta que o ato administrativo pretende realizar no mundo. Ou seja, é a pretensão específica que o ato administrativo tem,
	Ex.: demissão de servidor público - o ato administrativo sancionatório de demissão possui como objeto a perda do cargo pelo servidor público
	O objeto é um dos elementos do ato administrativo que a doutrina diz que pode ser discricionário ou vinculado. Não necessariamente será vinculado.
	Ex de ato discricionário: lei diz que um estado deve melhorar o IDEB em 2 pontos em 2 anos. A lei não diz quais são os atos materiais que a adm tem que realizar para alcançar essa melhora. O Objeto é deixado para a discricionariedade do administrador. Portanto, é ele quem vai decidir o que vai fazer para alcançar aquela finalidade que a lei determina
4) MOTIVO
	São as razões de fato e de direito que vão justificar a emissão de um determinado ato administrativo.
Para a doutrina, assim como ocorre com o objeto, o motivo pode ser vinculado ou discricionário.
Vinculado será quando a lei determina quais são os motivos necessários para a emissão daquele ato administrativo Discricionário é quando a lei não determina quais são os motivos específicos que vão deflagrar a atuação da administração. Neste caso, cabe à Administração justificar quais são os motivos que a levaram a emitir aquele ato administrativo ou a realizar aquele ato concreto.
OBS.: Motivo x Motivação - motivação é a exposição dos motivos, de forma expressa, pela Administração Pública. Quando os motivos são expostos ao público, tem-se a motivação. Além disso, a motivação é um dos elementos da forma do ato administrativo. Se um ato administrativo não tem motivação, será um vício na forma do ato administrativo.
Importância da exposição das razões pela motivação:
· Há lei federal obriga a Administração Pública a justificar todo e qualquer ato;
· Para parte da doutrina, quando a CF trata da obrigação de fundamentação das decisões, também obrigaria a motivação de todo e qualquer ato administrativo. Para a outra parte da doutrina, no entanto, a motivação não seria obrigatória ao ato administrativo;
· Pela doutrina dos motivos determinantes, quando a Administração expõe os motivos pelos quais ela atuou, ela se vincula a esses motivos expostos. Assim, se esses motivos forem comprovados falsos/inverídicos/ilícitos, esse ato administrativo tem que ser desconstituído. As motivações expostas pela Administração vinculam a ela própria. 
5) FINALIDADE
	É o objetivo genérico que se pretende alcançar com a emissão daquele ato administrativo. 
	A diferença entre objeto e finalidade é parecida com a diferença entre pedido imediato e mediato no processo civil. O pedido imediato é a tutela jurisdicional que é buscada naquele processo, enquanto o pedido mediato é o bem jurídico que é pretendido no pedido. Essa relação também ocorre entre finalidade e objeto.
Ex.: ato de demissão de um servidor público pode possuir como finalidade, por exemplo, a preservação da eficiência da Administração Pública, enquanto o objeto será a remoção daquele servidor do quadro administrativo.
	A doutrina diz que, ao contrário do objeto e motivo, a finalidade será sempre vinculada. Além disso, a finalidade.
· Desvio de finalidade 
	Segundo a doutrina, a finalidade, além de ser vinculada, ela também não pode ser desviada. Ou seja, não posso emitir um ato administrativo, que tem uma finalidade específica, para atingir uma outra finalidade.
	A finalidade está, na maioria das vezes, prevista em lei, mas ela também pode ser extraída de forma sistemática quando não expressamente prevista. 
OBS.: Desapropriação - há um instituto chamado de predestinação, que pode ser lícita ou ilícita. Na predestinação lícita, a doutrina diz que o ato nãos será anulada.
 
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
1) AUTO EXECUTORIEDADE
A administração Pública não precisa da autorização do Poder Judiciário para executar os seus deveres. Nem todo ato é autoexecutável. O fisco não pode penhorar a conta do contribuinte para que ele pague um tributo, é preciso de ordem judicial. É a possibilidade de execução do ato administrativo sem a intermediação do Poder Judiciário.
2) IMPERATIVIDADE
É o atributo do ato administrativo que determina a coercibilidade dos atos da administração, sendo possível, com isso, o uso da coerção para exigir o seu cumprimento. Os atos administrativos são imperativos na medida em que não constituem meras recomendações. Não se trata de uma mera sugestão.
A doutrina diz que tanto a autoexecutoriedade e a imperatividade são atributos do ato administrativo. Noentanto, assim como nem todo ato administrativo será auto executável, também não será sempre dotado de imperatividade. Ex.: fomento - atividade da administração pública que é conceitualmente não imperativa. Quando a Administração Pública fomenta uma certa atividade, ela não está obrigando que o particular a realize. É um ato administrativo não imperativo por definição. Ex 2.: Refis. 
3) PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E VERACIDADE
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
São classificações que não possuem respaldo legal, apenas doutrinário. São classificações que não necessariamente correspondem à realidade
· CRITÉRIOS
1) QUANTO AO GRAU DE GENERALIDADE E ABSTRAÇÃO
1.1) Gerais 
	São aqueles dotados de generalidade e abstração. Estes são chamados de atos administrativos normativos. 
	Não é exclusivo do Poder Legislativo a emissão de ato de efeitos gerais (normas), o Poder Executivo também pode fazer isso como uma de suas funções atípicas.
1.2) Concretos
São aqueles que visam surtir efeito em relação a uma situação determinada e não a uma generalidade de situações especificada na norma.
	Nas leis, em regra, elas serão gerais e abstratas, sendo concretas excepcionalmente. Aqui, é o contrário das leis:
Em regra, os atos administrativos têm efeitos concretos e, excepcionalmente, terão efeitos gerais.
2) QUANTO À FORMAÇÃO
2.1) Simples
É aquele que depende da emissão de vontade de apenas de um órgão ou entidade para ser formado.
	Ex.: licença para dirigir - dependo da manifestação de apenas um órgão para que aquele ato administrativo seja emitido.
Os atos administrativos simples podem ser:
a) Monocráticos - o órgão ou entidade é composto por apenas um integrante. Ex.: diretor geral do DETRAN
a) Colegiados - o órgão ou entidade é composto de várias pessoas. Ex.: atos administrativos das agências reguladoras. Em geral, a emissão será decidida pela maioria do colegiado.
Em geral, esses atos precisam ser decididos em colegiado pela complexidade. Então, é conveniente que aquele ato seja emitido por um colegiado que vai discutir aquilo Ex.: regulação de um setor econômico
	2.2) Complexo
É o ato que, para a sua formação/existência, depende da emissão de vontade de mais de um órgão ou entidade.
Ex.: ato de aposentadoria - é preciso que a administração pública reconheça a sua aposentadoria e que esta aposentadoria seja posteriormente registrada no Tribunal de Contas. Enquanto não houver registro, embora o ato já surta efeitos, ainda não terá completado o seu ciclo de formação.
Importância de ser um ato complexo: Segundo o STF, o prazo de prescrição para a revisão de um ato de aposentadoria só começa a contar do seu registro no Tribunal de Contas. Possui prazo decadencial de 5 anos. Se uma.aposentadoria foi fixada de forma errada pela administração pública, por exemplo, enquanto aquele ato de concessão ainda não foi registrado no Tribunal de Contas, o prazo decadencial de 5 anos não começou sequer a ser contado.
	2.3) Composto
	É aquele que depende da união de mais de um ato administrativo autônomo para que seja formado.
	Aqui, o que existe é uma composição de atos administrativos, autônomos entre si, para a formação de um novo ato.
Enquanto no ato administrativo complexo a manifestação de vários órgãos compõe um único ato, o ato composto é aquele que é formado por uma série de atos autônomos entre si.
Ex.: nomeação de ministro: depende de dois atos anteriores: i) indicação pelo presidente da república e ii) aprovação pelo Congresso Nacional.
3) QUANTO AOS EFEITOS
3.1) Constitutivos
É aquele no qual nasce ou morre uma determinada relação jurídica. Ex: autorização para que um particular exerça uma determinada atividade econômica.
3.2) Declaratórios
Reconhecem uma situação jurídica previamente existente.
Ex.: administração pública, em um contrato administrativo, decide que o particular contratado tem direito ao equilíbrio econômico financeiro do contrato
3.3) Enunciativos
São aqueles em que a administração atesta a ocorrência de um determinado fato ou emite um juízo de valor técnico a respeito de uma determinada relação
4) QUANTO AO GRAU DE VINCULAÇÃO
4.1) Vinculados 
	Atos em que todos os elementos constitutivos estão determinados na norma (forma, objeto, motivo etc).
Não é deixada à discricionariedade da administração a escolha do motivo daquele ato. Ele não pode deixar de observar o que está na norma
	Ex.: licença para dirigir, concessão de aposentadoria
4.2) Discricionários
É aquele que a lei concede à administração uma margem de apreciação de conveniência e oportunidade para que seja emitido.
Ex.: autorização para porte de arma de fogo - a lei federal de desarmamento diz que o motivo para a autorização do porte depende da idoneidade psicológica e moral do requerente (administrado). Há uma margem de discricionariedade concedida à Administração para a emissão daquele ato.
Em regra, não há um direito subjetivo do particular na emissão daquele ato. Nos atos vinculados, sendo preenchidos todos os requisitos, há sim o direito subjetivo do particular. Nos discricionários não há isso.
Prof Binenbojm diz que a relação entre a vinculação e a discricionariedade não é uma relação ontológica, ou seja, de natureza, mas sim uma relação de grau. O ato administrativo pode ser mais ou menos vinculado ou mais ou menos discricionário. Não é uma classificação quinária, como diz a doutrina, mas sim uma classificação em graus. A isso se chama de teoria dos graus de vinculação (obs.: livro do binen). Ex.: autorização para porte de arma não é discricionário em todos os seus aspectos. O objeto e a competência, por exemplo, são vinculados. O grau que é concedido à discricionariedade no motivo não é a mesma concedida em outros casos.
Há diferentes técnicas legislativas que concedem um maior ou menor grau de discricionariedade a um ato administrativo:
1) Vinculação à regra jurídica - neste caso, a discricionariedade é reduzida a quase zero - grau máximo de vinculação.
2) Vinculação com conceito jurídico indeterminado - Ex.: lei ambiental diz que o Estudo de Impacto Ambiental é exigido para casos de relevantes impactos ambientais, mas o conceito de relevância é indeterminado, de forma que concede um certo grau de discricionariedade à Adm pública. para a sua determinação. O CONAMA edita atos administrativos normativos para que se caracterize uma atividade como causadora de relevante impacto ambiental. Aqui, há um grau maior de discricionariedade, ou seja, uma margem maior.
3) Vinculação por um princípio jurídico - neste caso, há um grau mínimo de vinculação, menor que no caso do conceito do jurídico indeterminado.
Ex.: Estatuto da Cidade determina que a política urbana deve garantir a existência de cidades sustentáveis. A sustentabilidade imposta à Gestão é um princípio com grau de vinculação mínimo. A administração pode garantir a sustentabilidade de diversas formas. Impõe-se um princípio à Administração Pública que pode ser cumprido de diversas formas.
OBS.: há casos em que um ato discricionário quanto ao motivo pode ser objeto de controle pelo Poder Judiciário. Ex.: cargos em comissão - vedação ao nepotismo em virtude do princípio da moralidade.
DESIGNAÇÕES ESPECÍFICAS (ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE)
1) SEGUNDO AGENTE COMPETENTE OU COMPETÊNCIA:
1.1) Decretos
Ato administrativo emitido pelo chefe do Poder Executivo. Não necessariamente será um ato administrativo normativo, podendo ser de efeitos concretos. Todo ato emitido pelo chefe do Executivo será um decreto.
O decreto pode tanto normatizar uma questão ou, por exemplo, aposentar um determinado servidor público.
1.2) Portarias
Ato administrativo emitido por um Ministro de Estado, Secretário de Estado ou Secretário municipal 
1.3) Resolução e Deliberação
Utilizados pela doutrina, de forma indiscriminada, para nomear os atos administrativos colegiados. Esses atos 
1.4) Certidões, Atestados e Declarações 
Como a administração nomeia os atos enunciativos. 
A certidão denuncia algo preexistente
1.5) Circulares, Ordens de Serviço e Avisos
Atos administrativos de

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