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Trab de Pol Ambiental TERMINADO

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Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância
Impacto dos princípios do direito internacional do meio ambiente
Atija Lemos de Brito Vundo e Código n.º 708190480
 Curso: Gestão Ambiental
Disciplina: PA
Ano de Frequência: 2º Ano
Gurué, Junho, 2020
Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância
Impacto dos princípios do direito internacional do meio ambiente
Atija Lemos de Brito Vundo e Código n.º 708190480
	Trabalho de campo com caracter avaliativo a ser entregue na Universidade Católica de Moçambique-IED sob a orientação do docente da cadeira de Politicas Ambientais.
 Docente: dra. Dulce Mazuluve
Gurué, Junho, 2020
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	Categorias
	Indicadores
	Padrões
	Classificação
	
	
	
	Pontuação máxima
	Nota do tutor
	Subtotal
	Estrutura
	Aspectos organizacionais
	· Capa
	0.5
	
	
	
	
	· Índice
	0.5
	
	
	
	
	· Introdução
	0.5
	
	
	
	
	· Discussão
	0.5
	
	
	
	
	· Conclusão
	0.5
	
	
	
	
	· Bibliografia
	0.5
	
	
	Conteúdo
	Introdução
	· Contextualização (Indicação clara do problema)
	1.0
	
	
	
	
	· Descrição dos objectivos
	1.0
	
	
	
	
	· Metodologia adequada ao objecto do trabalho
	2.0
	
	
	
	Análise e discussão
	· Articulação e domínio do discurso académico (expressão escrita cuidada, coerência / coesão textual)
	2.0
	
	
	
	
	· Revisão bibliográfica nacional e internacionais relevantes na área de estudo
	2.
	
	
	
	
	· Exploração dos dados
	2.0
	
	
	
	Conclusão
	· Contributos teóricos práticos
	2.0
	
	
	Aspectos gerais
	Formatação 
	· Paginação, tipo e tamanho de letra, paragrafo, espaçamento entre linhas
	1.0
	
	
	Referências Bibliográficas
	Normas APA 6ª edição em citações e bibliografia
	· Rigor e coerência das citações/referências bibliográficas
	4.0
	
	
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Índice
1	Introdução	6
2	Direito ambiental e sua evolução legislativa no cenário internacional	7
2.1	Protecção jurídica do meio ambiente	11
2.1.1	Estrutura da Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro	12
3	Princípio do direito à sadia qualidade de vida	14
3.1	Princípios Orientadores	14
4	Conclusão	19
5	Referências Bibliográficas	20
v
Introdução
Historicamente, vemos que o agravamento da situação ambiental no planeta iniciou-se no final do século XVIII após a Revolução Industrial. Com isso, ocorreu gradativamente a melhoria das condições de vida na sociedade que é verificada a partir de tal época, que contribuiu para o crescimento populacional, o qual gerou a necessidade de investimento em novas técnicas de produção voltadas ao atendimento da demanda, que era cada vez maior, por bens e serviços. Assim, tal fato resultou na intensificação da exploração dos recursos naturais e, consequentemente, no aumento da produção de resíduos poluentes.
O que se verificou desde então, foi que o desenvolvimento da sociedade humana não se fez acompanhar do controle e planeamento adequados, e assim acabou gerando mais problemas que soluções. Recentemente, com a globalização imaginou-se que os problemas mundiais seriam solucionados. Tal percepção que é decorrente da assunção dos inúmeros compromissos internacionais, inclusive sobre a preservação do meio ambiente, porém, inversamente às expectativas geradas, este processo vem conseguindo apenas globalizar desigualdade social, desemprego crescente e estrutural, poluição, esgotamento de recursos naturais, desastres ecológicos.
Actualmente, amparados por dados técnicos e científicos, bem como pela análise de casos concretos, podemos afirmar que as condições físicas do meio ambiente têm-se agravado de forma alarmante em função da acção do homem.
O objectivo deste artigo é analisar o “Impacto dos princípios do direito internacional do meio ambiente” em Moçambique e no cenário internacional, as algumas leis do direito ambiental, os principais princípios gerais do direito ambiental. Além disto, será esboçado um panorama sobre a origem do direito ambiental até actualidade, com foco na evolução legislativa no cenário internacional.
Direito ambiental e sua evolução legislativa no cenário internacional
Na actualidade, o principal predador do meio ambiente é o homem. Durante séculos o meio ambiente foi alvo de exploração sem qualquer critério de protecção, o que acarretou o caos em que se encontra a natureza (Zanini, 2003). A preocupação com a protecção do meio ambiente está globalizada, tendo sido criadas normas em OIs e ONGs, com iniciativas pública e privada (Martins, 2003).
O meio ambiente, seja ele natural ou artificial, é um bem jurídico transi dividual, ou seja, que pertence a todos os cidadãos indistintamente, podendo, desse modo, ser usufruído pela sociedade em geral. Entretanto, toda a colectividade tem o dever jurídico de protegê-lo, e qual podendo ser exercido pelo Ministério Público, pelas associações, pelo próprio Estado e até mesmo por um cidadão (Soares, 2003).
Além disso, em sentido vernáculo, os termos meio e ambiente são sinónimos, formando um pleonasmo. A expressão meio ambiente é a utilizada pela Constituição da República, devendo nos meios jurídicos ter este uso, parecendo tecnicamente mais adequada que outras de diversos autores, estes que serão observados a seguir (Willemann, 2005).
Com relação à conceituação do que vem a ser o meio ambiente, ele poderia ser “um conjunto de relações entre o mundo natural e o homem, que influem sobremodo em sua vida e comportamento”(Dotti, p. 15).
Ainda se pode considerar que o meio ambiente é também na expressão legal, um o conjunto de condições, leis, influências e interacções de ordem física, química e biológica que abriga e rege a vida em todas as suas formas (Szklarowsky, 2003).
A Constituição da Republica de Moçambique de 2018 que, em seu artigo 90, tutelou tantoo meio ambiente natural, como o artificial, o cultural e o do trabalho, como pode ser constatado: “Art. 90 – Todos têm direito ao meio-ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à colectividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
O meio ambiente pode ser definido como a interacção do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciam o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas.
Vale comentar que a característica multidisciplinar do Direito possibilita que conceitos de disciplinas extrajurídicas ofereçam parâmetros reais para se tutelar juridicamente o ambiente natural. Desta forma, a física, a biologia, a geologia, a medicina e a nutrição, entre outras ciências, muito têm a contribuir para as bases jurídicas do direito ambiental e não podem deixar de ser aplicadas à produção legislativa.
A evolução legislativa sobre o meio ambiente no cenário internacional surgiu primeiramente com a Declaração de Estocolmo (1972). A Conferência de Estocolmo foi um grande marco ambiental. Ela chamou a atenção do mundo para a gravidade da situação neste sector. Foi aprovada durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que pela primeira vez introduziu na agenda política internacional a dimensão ambiental como condicionadora e limitadora do modelo tradicional de crescimento económico e do uso dos recursos naturais (Novares, s/d). Por fim, em Estocolmo foram colocadas as ideias de poluição da pobreza e ecodesenvolvimento.
Em 1982 ocorreu em Montego Bay, Jamaica, a assinatura da Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, a qual definiu o mar territorial, zona contígua, zona económica exclusiva, plataforma continental (Sória, 2014). Ela define a área (zona dos fundos marinhos) como património comum da humanidade, definindo regras internacionais e legislação nacional para prevenir, reduzir e controlar a poluição do meio marinho, criando regras para a realização de pesquisas científicas e também transferência de tecnologia marinha e solução de controvérsias, obrigando a solução de controvérsias e a utilização do mar por meios pacíficos e para fins pacíficos (Soares, 2002)
Durante os anos de 1980, as Nações Unidas encarregaram uma comissão internacional de alto nível, presidida por Mrs. Go Brundtland, Primeira Ministra da Noruega, de efectuar amplo estudo a respeito dos problemas globais de ambiente e desenvolvimento (Cordani, 1997). A comissão apresentou o Relatório Brundtland (1987), no qual foi caracterizado o conceito de desenvolvimento sustentável. O relatório teve ampla repercussão no cenário internacional, e estimulou a ONU a organizar a maior reunião de chefes de Estado da história, em 1992, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, UNCED-92, ou Rio-92 (Jesus Júnior, s/d). Foi a primeira reunião internacional de magnitude a se realizar após o fim da Guerra Fria. Além disso, compareceram delegações nacionais de cento e sessenta e cinco Estados (Cordani, 1997).
Na Conferência do Rio-92, ao contrário de Estocolmo, a cooperação prevaleceu sobre o conflito. Neste sentido, ao abrir novos caminhos para o diálogo multilateral, colocando os interesses globais como sua principal preocupação, o significado da Cúpula do Rio foi muito além dos compromissos concretos assumidos, pois mostrou as possibilidades de compreensão em um mundo livre de antagonismo ideológico (Jesus Júnior, s/d).
Os compromissos específicos adoptados pela Conferência do Rio-92 incluem os mais importantes acordos ambientais globais da história da humanidade: as Convenções do Clima, a CDB, a Agenda 21 (Agenda 21 é um programa de acção para viabilizar a adopção do desenvolvimento sustentável e ambientalmente racional em todos os Estados), a Declaração do Rio para Meio Ambiente e Desenvolvimento, e a Declaração de Princípios para Florestas.
Na actualidade, para tratar dos produtos transgénicos no cenário internacional, foi criado o Protocolo de Cartagena, no âmbito da CDB. Esse protocolo internacional resultou da Conferência das Partes da CDB, realizada em 17 de Novembro de 1995, com objectivo de criar segurança relativa a produtos da biotecnologia, principalmente, “focando no movimento transfronteiço de quaisquer a conversação e utilização sustentável da diversidade biológica” (Cordani, 1997, p. 123). 
O objectivo geral do Protocolo de Cartagena é contribuir para assegurar um nível adequado de protecção no campo da transferência, da manipulação e do uso seguro dos produtos transgénicos, resultantes da biotecnologia moderna, que possam ter efeitos adversos na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica, levando em conta os riscos para a saúde humana e enfocando especificamente os movimentos transfronteiriços.
O surgimento do Protocolo de Cartagena é muito importante para os Estados, tanto desenvolvidos quanto em desenvolvimento, pois este protocolo dá oportunidade de todos os Estados no âmbito da CDB obterem informações sobre novos produtos transgénicos, já que o protocolo reconhece o direito de cada Estado regulamentar o plantio e o comércio de transgénicos seguindo as regras internacionais existentes actualmente. Contudo, o Protocolo de Cartagena tem uma cláusula de protecção que determina que os Estados signatários não perderam seus direitos e obrigações em qualquer acordo como, por exemplo, na OMC.
O Protocolo de Cartagena foi elaborado ao longo de várias e sucessivas reuniões e seu texto final foi aprovado pela Conferência das Partes da CDB, em 29 de Janeiro de 2000, com assinatura de cento e três Estados. Moçambique não assinou o tratado internacional, mas se ratificou em 24 de Novembro de 200. O Protocolo de Cartagena reafirma o item 15 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, incorporando o Princípio da Precaução no seu objectivo, que é expresso no artigo 1º, nos seguintes termos: De modo a proteger o meio ambiente, o Princípio da Precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental (Magalhães, 2005)
O Protocolo de Cartagena tem diversos objectivos específicos, tais como: garantir, por meio do mecanismo de Acordo Prévio Informado, que os países importadores tomem decisão quanto à importação de um produto transgénico que será intencionalmente liberado no meio ambiente (sementes ou outros organismos vivos), mediante realização de avaliação de risco; garantir que os países tenham acesso às informações referentes às autorizações de cultivo e de importação de produtos transgénicos destinados à alimentação humana, animal e ao processamento, bem como às legislações de cada país-parte sobre o assunto (Wolfrum, 2004). Para tanto, deverão implantar o Biosafety Clearing-House, ou mecanismo similar de troca de informações; encorajar e fomentar a conscientização e a participação pública no que se refere à segurança do transporte e do manuseio dos produtos transgénicos em relação à conservação e ao uso sustentável da diversidade biológica; desenvolver recursos humanos e capacidade institucional em biossegurança da moderna biotecnologia nos países signatários do Protocolo (Magalhaes, 2005).
No século XXI, o Protocolo de Cartagena reflecte o equilíbrio entre a necessária protecção da biodiversidade e a defesa do fluxo comercial dos transgénicos. Será um instrumento essencial para a regulação do comércio internacional de produtos transgénicos em bases seguras. Internamente, a adesão do Brasil ao Protocolo reveste-se de grande importância em razão da sua condição privilegiada com diversos tipos de solo e clima, e também de exportador de alimentos (Soares, 2003). É a primeira vez que a comunidade internacional aprova um Acordo que impõe regras ao comérciode produtos transgénicos.
Diante da evolução legislativa do direito ambiental internacional, principalmente sobre o comércio de transgénicos, ou seja, o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança no cenário internacional, ficou visível que em pouco anos diversos Estados estão criando ou adaptando as leis sobre o tema para ter mais segurança aos consumidores, meio ambiente e os animais. Percebe-se que é necessário analisar a protecção jurídica do meio ambiente, no âmbito nacional. Por isso, será observada no próximo item do segundo capítulo, a protecção jurídica do meio ambiente, as leis mais relevantes sobre o Direito Ambiental na Constituição da Republica de Moçambique.
Protecção jurídica do meio ambiente
Como sabemos, em 1972, com a Declaração de Estocolmo, o Ambiente abandonou o papel secundário que, até àquela data, desempenhara no cenário internacional, para se transformar no protagonista das preocupações mundiais.
Contudo, em Moçambique, somente vamos “ouvir falar” em direito ao ambiente com a Constituição de 1992, ao dispor que “todo o cidadão tem direito de viver num ambiente equilibrado e o dever de o defender”, e que, em consequência disso, “o Estado promove iniciativas para garantir o equilíbrio ecológico e a conservação e preservação do meio ambiente visando a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos”.
Nessa sequência, pretendendo-se dar corpo às novidades introduzidas no texto constitucional, em 1997, foi aprovada a Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro, adiante designada Lei do Ambiente (LA), que vem definir as bases legais para a utilização e gestão correctas do ambiente e seus componentes, com vista à materialização de um sistema de desenvolvimento sustentável no país.
Não obstante a sua inequívoca importância, esta Lei apresenta soluções que, apesar de especialmente direccionadas para a resolução de problemas ambientais, não são, originariamente, de direito do ambiente mas, antes, de outros ramos do direito, como o direito civil, o administrativo e o penal. Como tal, na maior parte dos casos, como teremos oportunidades de constatar, lança mão da solução jurídica, mas remete a sua regulamentação para legislação específica, uma vez que o instituto geral carece de ser moldado e adaptado às especificidades da matéria ambiental.
Estrutura da Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro
É difícil referirmo-nos à Lei do Ambiente sem, antes, compreender como esta se encontra organizada. Nesse sentido, em seguida, faremos uma breve abordagem à sua estrutura, de forma a identificar quais as situações que se pretendiam salvaguardar com a elaboração da mesma. Assim:
· O Capítulo I inicia, no art.º 1.º, com a apresentação de uma série de definições básicas, entre as quais a de ambiente, associações de defesa do ambiente, auditoria ambiental, avaliação de impacto ambiental, biodiversidade, componentes ambientais, degradação do ambiente, entre outros. Conceitos estes que, para além de auxiliarem na correcta apreensão da mesma, constituem, na maioria dos casos, “a primeira tentativa de descrever noções essenciais da ciência do ambiente4 ”em Moçambique;
· Em seguida, ainda no mesmo capítulo, o art.º 4.º consagra alguns princípios fundamentais em matéria ambiental, como são: i) o do reconhecimento e valorização das tradições e do saber das comunidades locais; ii) o da precaução e iii) o da responsabilização, entre outros;
· No Capítulo II, sob a epígrafe “órgãos de gestão ambiental”, que vai do art.º 5.º ao art.º 8.º, ambos inclusive, delimita-se o campo de actuação da administração pública e define-se o papel dos cidadãos na protecção do ambiente;
· No Capítulo III, sob a epígrafe “Poluição do Ambiente”, consagra-se expressamente, no art.º 9.º, a “proibição de poluir” e impõe-se ao Estado, no art.º 10.º, a definição de padrões de qualidade ambiental;
· No Capítulo IV, sob a epígrafe “Medidas Especiais de Protecção do Ambiente”, que vai do art.º 11.º ao art.º 14.º, ambos inclusive, enumeram-se algumas situações que, pelas suas especiais características, necessitam de um tratamento diferenciado em matéria ambiental;
· No Capítulo V, sob a epígrafe “Prevenção de Danos Ambientais”, que vai do art.º 15.º ao 18.º, temos a consagração de algumas das principais formas de prevenção do dano ao dispor da Administração Pública e, às quais, dedicaremos maior atenção ao longo do presente trabalho;
· No Capítulo VI, sob a epígrafe “Direitos e Deveres dos Cidadãos”, que inicia-se no art.º 19.º e vai até ao art.º 24.º, inclusive, definem-se direitos e deveres, alguns deles já com consagração constitucional, que são fundamentais à defesa do ambiente e à protecção dos cidadãos;
· No Capítulo VII, sob a epígrafe “Responsabilidade, Infracções e Sanções”, que vai do art.º 25.º ao art.º 27.º, inclusive, prevêem-se algumas soluções de cariz civil, criminal ou contravencional, que visam fazer face às agressões verificadas no ambiente ou através do ambiente;
· No Capítulo VIII, sob a epígrafe “Fiscalização Ambiental”, do art.º 28.º ao art.º 30.º, ambos inclusive, faz-se uma identificação dos agentes responsáveis e salienta-se o papel das comunidades na fiscalização ambiental;
· Por fim, no Capítulo IX, estipula-se a relação desta Lei com a restante legislação sectorial, e sublinha-se a necessidade de o Governo adoptar medidas regulamentares com vista à sua efectivação
A Constituição Moçambicana atribui a competência legislativa sobre os assuntos ligados ao meio ambiente à Administração Pública através do MICOA e as Autarquias aos Estados. Trata-se de competência legislativa concorrente.
É importante comentar que o legislador constitucional procurou adoptar uma visão global do tema como forma de assegurar a efectividade do direito ao ambiente ecologicamente equilibrado. Desta forma, os parâmetros previstos na Carta Magna não cominam penalidades ou sanções, mas oferecem directrizes para o legislador infraconstitucional, que efectivamente tem poderes para criar normas, com poder coercitivo suficiente para tornar possível à protecção ambiental (Soares, 2003).
Princípio do direito à sadia qualidade de vida
A palavra princípio designa início, começo, origem, ponto de partida. Assim, princípios, como fundamento de Direito, têm como utilidade e permitir a aferição de validade das leis, auxiliar na interpretação das normas e integrar lacunas.
Os princípios do Direito Ambiental moçambicano se constituem na compreensão dos anseios expressos na Constituição, em especial no art. 70. Em linhas gerais, o referido artigo procura proteger a vida em todas as suas formas, através da busca de um desenvolvimento ambientalmente sustentado.
O direito ambiental conta com princípios específicos que o diferenciam dos demais ramos do direito. Os princípios são considerados normas hierarquicamente superiores às demais normas que regem uma ciência. Na actualidade, elegem o princípio do direito do direito à sadia qualidade de vida como primeiro do direito ambiental. Além disso, tal princípio analisado tem objectivo dos seres humanos constituem o centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável e tem direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com o meio ambiente.
Princípios Orientadores
Tanto assim é que, a Lei do Ambiente consagra, expressamente, no seu art.º 4.º, alguns destes princípios fundamentais em matéria ambiental, a saber:
(i) Princípio da utilização e gestão racional dos compostos ambientais – Este princípio aparece no ordenamento jurídico moçambicano, em 1995, com a aprovação da Política Nacional do Ambiente (PNA). Nos termos da qual, “a utilização dos recursos naturais deve ser optimizada”.
Sendo a utilização e gestão racional dos recursos naturais, ambas, condição necessária para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, pode dizer-se que mais não é do que a concretização e densificação do princípio do desenvolvimento sustentável no ordenamento jurídico nacional;
(ii) Princípio do reconhecimento e valorização das tradições e do saber das comunidades locais – Este princípio tem como fonte de inspiração o Princípio XXII, da Declaraçãodo Rio de Janeiro, nos termos do qual “as populações indígenas e suas comunidades e outras comunidades locais desempenham um papel vital na gestão e desenvolvimento do ambiente devido aos conhecimentos e práticas tradicionais. Os Estados deverão apoiar e reconhecer devidamente a sua identidade, cultura e interesses e tornar possível a sua participação efectiva na concretização de um desenvolvimento sustentável”.
A questão da protecção das comunidades locais e dos seus saberes, como forma de protecção e preservação do meio ambiente, ganha especial relevo em Moçambique onde, apesar de a Terra ser propriedade do Estado, é daí que há décadas, as famílias retiram a sua maior, e muitas vezes única, fonte de sustento. Razão pela qual, o conhecimento e o saber das comunidades locais constituem pressuposto fundamental para uma convivência harmoniosa com o ambiente.
Contudo, para uma acertada compreensão deste princípio, é essencial chamar à colação o conceito de comunidade local apresentado em sede de Lei de Terras8 (LT), nos termos da qual, entende-se por comunidade local “o agrupamento de famílias e indivíduos, vivendo numa circunscrição territorial de nível de localidade ou inferior, que visa a salvaguarda de interesses comuns através da protecção de áreas habitacionais, áreas agrícolas, sejam cultivadas ou em pousio, florestas, sítios de importância cultural, pastagens, fontes de água e áreas de expansão”;
(iii) Princípio da precaução – Este princípio consagra que “a gestão ambiental deve priorizar o estabelecimento de sistemas de prevenção de actos lesivos ao ambiente, de modo a evitar a ocorrência de impactos ambientais negativos significativos ou irreversíveis, independentemente da existência de certeza jurídica sobre a ocorrência de tais impactos”. Ora, a questão de relevo, no que a este princípio diz respeito, é, sem dúvida, a tomada de consciência de que é necessário actuar ainda antes de ter ocorrido o mal, ou sequer de existir qualquer certeza científica quanto a ocorrência do dano.
Precaução e prevenção são, muitas vezes, conceitos utilizados como sinonímicos, contudo a doutrina diverge. Como Ana Martins, entendemos que existe uma necessidade de autonomização. Com efeito, o princípio da prevenção dirige-se a impedir a produção de danos e agressões ambientais, justificando a adopção de medidas para evitar a concretização de riscos certos e conhecidos, enquanto o princípio da precaução surge, assim, como um reforço qualificado deste, visando a prevenção de riscos cuja intensidade não representa, ainda, um perigo efectivo e concreto para o ambiente. Esta autonomização é necessária, sobretudo, quanto a nós, porque o seu uso indiscriminado pode deixar passar situações que careceriam de tutela preventiva, mas que, porque o legislador optou por um ou outro conceito, nele não se enquadram. Assim, temos situações que, obviamente, a lei quereria salvaguardar serem afastadas por questões de interpretação literal da mesma.
Em Moçambique optou-se, em sede de Lei do Ambiente, por adoptar expressamente o princípio da precaução. Contudo, apesar de sermos apologistas da referida autonomização entre ambos, do nosso ponto de vista, sobretudo porque o corpo do dispositivo assim o indicia, isso não significa que deixou de lado o princípio da prevenção, muito pelo contrário. Ora, quem permite o mais permite o menos, e assim, ao abrir hipótese para uma actuação prévia, independentemente da existência de certeza científica, toma-a por assumida quando esta se verifique;
(iv) Princípio da visão global e integrada do ambiente – Nos termos deste princípio, o ambiente deve ser visto, e tratado, como um conjunto de ecossistemas interdependentes, naturais e construídos, que devem ser geridos de maneira a manter o seu equilíbrio funcional sem exceder os seus limites intrínsecos. Este princípio decorre, como refere Carlos Serra, da alteração substancial que ocorreu no direito internacional do ambiente no que toca ao seu objecto, uma vez que este não é mais um qualquer dos componentes naturais individualmente considerados – água, ar, solo, subsolo, fauna, flora – mas sim a própria biosfera globalmente considerada e analisada;
(v) Princípio da participação dos cidadãos – Este princípio corresponde ao entendimento segundo o qual a participação dos cidadãos é a condição para o sucesso das políticas de protecção e conservação ambientais. Porém, importa realçar que não pode haver participação dos cidadãos na definição e implementação da política ambiental sem que haja informação cabal por parte das entidades estatais competentes. Este princípio encontra papel de destaque em matéria de Avaliação de Impacto Ambiental, nos temos do qual, a cabal participação da comunidade é condição necessária para a atribuição da Licença Ambiental;
(vi) Princípio da igualdade – Este princípio visa garantir oportunidades iguais de acesso e uso de recursos naturais a homens e mulheres. Contudo, não nos parece acertado entender este princípio de forma restritiva, apenas no que respeita ao acesso aos recursos naturais pelos diferentes géneros, mas sim de forma a respeitar o princípio da igualdade previsto no art.º 35.º da Constituição da República de Moçambique (2004), nos termos do qual “todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres…”. Ou seja, também em matéria ambiental os cidadãos são todos iguais, estão sujeitos aos mesmos deveres e têm os mesmos direitos, nomeadamente no que respeita a acesso aos recursos naturais.
(vii) Princípio da Responsabilidade – Nos termos deste princípio, quem polui ou de qualquer outra forma degrada o ambiente, tem sempre a obrigação de reparar ou compensar os danos daí decorrentes. Ora, esta responsabilidade pode ser tanto de tipo civil, administrativa ou penal, como teremos oportunidade de ver mais adiante no presente trabalho;
(viii) Princípio da Cooperação internacional – Quanto a nós, este princípio assume duas vertentes, uma ao constatar que os danos provocados ao ambiente já não se cingem aos limites territoriais de um Estado ou, como se costuma dizer, a poluição não tem fronteiras, nem respeita o sinal “proibido ultrapassar”. Pelo que é, cada ver mais urgente, a necessidade de encontrar soluções para os danos transfronteiriços. Outra, ao assumir que cabe aos países desenvolvidos apoiar os países em vias de desenvolvimento, na adaptação e mitigação dos efeitos causados pela poluição ambiental. Esta última vertente tem sido sobretudo desenvolvida através das inúmeras Convenções Internacionais celebradas em matéria ambiental. Exemplo disto é o Protocolo de Quioto e o seu princípio orientador das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, que mais não é do que a constatação destes dois níveis de responsabilidade pela poluição, dita, histórica e acumulada ao longo dos anos que se seguiram à Revolução Industrial.
Ora, estes são os princípios, expressamente, consagrados como fundamentais pela Lei do Ambiente. Mas serão, então, os únicos a regerem e a nortearem as decisões tomadas em matéria ambiental? É esta a questão que se coloca. Quanto a nós a resposta é não. Parece-nos que o legislador optou, claramente, por uma enumeração exemplificativa e não taxativa. Caso contrário, teria deixado de fora princípios essenciais em matéria ambiental, como é o do poluidor-pagador (PPP), que apesar de encontrar consagração por meio do princípio da responsabilidade, vai muito para além da compensação ou reparação, pois impõe que “quem poluir paga”, independentemente das relações de responsabilidade civil, penal ou administrativa que daí possam advir. Do exposto, verificamos que a Lei do Ambiente adoptou, e bem, uma série de princípios sobre os quais se deve construir o regime de direito ambiental. Contudo, para nós, estes são apenas ensinamentos básicos de onde devemos partir em busca da solução para o caso concreto, não significando que no caminho não nos possamos socorrer de outros que, entretanto, se afigurem necessários.
Conclusão
O direito ambiental ainda é umadisciplina desconhecida por muitos. Trata-se de um ramo a ciência jurídica que tem uma dinâmica e princípios próprios, e que se enquadra dentro do direito público. O presente artigo buscou somar-se no processo de difusão de informações na área ambiental sobre os princípios gerais de direito ambiental.
O Protocolo de Cartagena reflecte o equilíbrio entre a necessária protecção da biodiversidade e a defesa do fluxo comercial dos transgénicos. Será um instrumento essencial para a regulação do comércio internacional de produtos transgénicos em bases seguras. Internamente, a adesão do Brasil ao Protocolo reveste-se de grande importância em razão da sua condição privilegiada com diversos tipos de solo e clima, e também de exportador de alimentos. É a primeira vez que a comunidade internacional aprova um Acordo que impõe regras ao comércio de produtos transgénicos.
Na actualidade, o principal predador do meio ambiente é o homem. Durante séculos o meio ambiente foi alvo de exploração sem qualquer critério de protecção, o que acarretou o caos em que se encontra a natureza. Além disso, a preocupação com a protecção do meio ambiente está globalizada, tendo sido criadas normas em Organizações Internacionais e Organizações Não-Governamentais, com iniciativas pública e privada.
Por fim, a Constituição Moçambicana fortaleceu princípios já contidos na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, e assim inovou profundamente o ordenamento jurídico nacional na matéria ambiental, possibilitando efectivamente a tutela ambiental.
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