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Direito Penal Conhecido como Direito criminal, é o ramo do direito público dedicado às normas emanadas pelo Poder Legislativo. É formado por um conjunto de regras e princípios que integram um campo específico do ordenamento jurídico, dedicado à tutela dos bens jurídicos mais relevantes de uma sociedade. https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_p%C3%BAblico https://pt.wikipedia.org/wiki/Norma_jur%C3%ADdica https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_Legislativo Direito Penal Objeto: A norma de repressão dos delitos, lhes imputando penas, ou seja, define as infrações de natureza penal e suas conseqüências jurídicas correspondentes – penas ou medidas de segurança. Direito Penal Finalidade: Preservar a sociedade e proporcionar o seu desenvolvimento. É um meio de controle social formalizado, que representa a espécie mais aguda de intervenção estatal. O controle, que visa a exclusiva tutela de bens jurídicos, vedando ao direito penal interferência no âmbito da moral, da religião, da ética, enfim, de tudo que diga respeito às convicções íntimas dos cidadãos. Direito Penal Contextualização da Finalidade: Não se constitui em mecanismo para propor mudanças na ordem social ou constituir uma ética em qualquer sentido. Tradicionalmente, entende-se que o direito penal visa a proteger os bens jurídicos fundamentais (todo valor reconhecido pelo direito). No crime de furto, por exemplo, o resultado é representado pela ofensa ao bem jurídico "patrimônio"; no homicídio, há lesão ao bem jurídico "vida humana"; na coação, uma violação à liberdade individual. Essa seria a tríade fundamental de bens jurídicos tutelados coativamente pelo Estado: vida, liberdade e propriedade. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL 1. Preventiva; 2. Normativa; 3. Valorativa; 4. Finalista; 5. Instrumental; 6. Sancionador; CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL 1. Preventiva: Antes de punir o infrator da ordem jurídico-penal, estabelece normas proibitivas e comina penas, visando evitar a prática do crime. Havendo a lesão ao bem protegido a sanção abstrata, através do processo legal transforma-se em efetiva atuando sobre o infrator. 2. Normativa: porque formado por um conjunto de normas jurídicas (princípios e regras) que definem as infrações de natureza penal e suas consequências jurídicas correspondentes (penas ou medidas de segurança). 3. Valorativo: porque a proibição legislativa de uma determinada conduta, através da norma penal, importa em uma valoração negativa que conduz à criminalização da mesma. 4. Finalista: Consiste na sua atuação e, defesa da sociedade, visando proteger bens jurídicos fundamentais como garantia de sobrevivência da ordem jurídica. 5. Instrumental: por ter sido estabelecido com uma finalidade própria e específica: a tutela de bens jurídicos. 6. Sancionador: Porque protege a ordem jurídica cominando sanções, penas. Sancionador no sentido que não cria bens jurídicos, mas acrescenta a tutela aos já existentes, dão origem ao um direito subjetivo para o Estado agir de modo coercitivo, sancionando de forma especialmente drástica o descumprimento de um dever jurídico. Os princípios do Direito 1. Legalidade; 2. Reserva Legal; 3. Anterioridade; 4. Lesividade; 5. Taxatividade; 6. Culpabilidade; 7. Irretroatividade da Lei Penal; 8. Abolitio Criminis; 9. Insignificância. Os Princípios do Direito 1. Legalidade: O princípio da legalidade é um princípio jurídico fundamental que estabelece não existir delito fora da definição da norma escrita na lei e nem se pode impor uma pena que nessa mesma lei não esteja já definida. 2. Reserva Legal: Este princípio estabelece que apenas através da lei formal é que se pode criar uma obrigação ou um dever ao cidadão. 3. Anterioridade: A lei tem que ser criada para reger fatos posteriores a ela.Lei penal so volta atras se for para beneficiar. 4. Lesividade: Somente a conduta que ingressar na esfera de interesses de outra pessoa deverá ser criminalizada. Não haverá punição enquanto os efeitos permanecerem na esfera de interesses da própria pessoa. 5. Taxatividade: Não basta existir uma lei que defina uma conduta como crime. A norma incriminadora legal deve ser clara, compreensível, permitindo ao cidadão a real consciência acerca da conduta punível pelo Estado. Não está expresso em nenhuma norma legal, trata-se de uma construção doutrinária, fundamentada no princípio da legalidade e nas bases do Estado Democrático de Direito. 6. Culpabilidade: Em sua configuração mais elementar, não há crime sem culpabilidade (nullum crimen sine culpa). Constitui um óbice à punição por mera responsabilidade objetiva. Significa que ninguém responderá por um resultado se não houver causado o resultado com dolo (intenção de cometer o crime) ou culpa (violação de um dever de cuidado). 7. Irretroatividade da Lei Penal (CF/88, art. 5°, XL): A regra, exposta na Constituição Federal, é que a lei penal não retroagirá. Dessa forma, a lei deverá produzir seus efeitos para o futuro, não se aplicando aos fatos anteriores à sua edição.Todavia, tanto a CF/88 quanto o Código Penal (art. 2°) estabelecem exceções a essa regra. A principal exceção é a retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu. A lei penal mais severa nunca retroagirá para prejudicar o cidadão, ao passo que uma lei mais favorável atingirá os fatos ocorridos no passado. 8. Abolitio Criminis: Esse fenômeno ocorre quando lei posterior revoga um tipo penal previsto em lei anterior. 9. Insignificância: Trata-se de um princípio que considera a relevância da ofensa ao bem jurídico tutelado. Constitui uma manifestação contrária ao uso abusivo e desnecessário do direito penal, nos casos em que o bem jurídico é violado de forma irrisória. De acordo com o princípio da insignificância, o legislador, ao tipificar uma conduta, pretende defender o bem jurídico de ofensas significantes. Condutas sem nenhuma relevância material não chegam a ofender o bem jurídico tutelado, sendo, portanto, atípicas. Logo, não merecem ser punidas pelo direito penal. ESPÉCIES DE INFRAÇÃO PENAL CONTEXTUALIZAÇÃO No Brasil, crime não é sinônimo de infração penal. Infração penal é gênero, do qual decorrem duas espécies: a) crime ou delito; b) contravenção penal. Por conta dessas duas espécies do gênero infração penal, diz-se que o Brasil adotou o sistema dicotômico, concepção também utilizada na Itália e Alemanha. Portanto, em nosso País, crime e delito designam o mesmo fenômeno, porém distinto de contravenção penal, Nelson Hungria denominou “crime anão“, nomenclatura bastante difundida, mas rechaçada por alguns autores nacionais. Também se utiliza “crime liliputiano“ ou “crime vagabundo“ para aludir às contravenções penais. No nosso ordenamento jurídico é possível fazer a seguinte “escala de gravidade” do mal causado ao bem jurídico, para distinguir as espécies de infração penal: em primeiro lugar, o crime ou delito (mais grave); em seguida a contravenção penal (menos grave). Crime: É no aspecto material todo fato humano que, propositada ou descuidadamente, causa lesão ou expõe a perigo bens jurídico importantes para a coletividade e para a paz social, no aspecto formal é aquilo que o legislador descreve como tal, e no aspecto analítico, crime é todo fato típico e ilícito. Contravenção Penal: De acordo com o art. 1º, da Lei de Introdução ao Código Penal e da Lei das Contravenções Penais, contravenção é “a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.”. Assim, conforme acima delineado, não existe uma diferença ontológica entre crime e contravenção penal, ocorrendo a sua diferenciação apenas nas penas cominadas, que no caso da contravenção consiste em prisão simples ou multa; e, quando se tratar de crime, as penas serão de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa. No que diz respeito àcompetência das contravenções penais, é importante ressaltar que a mesma pertence aos Juizados Especiais Criminais, nos termos dos artigos 60 e 61, da Lei 9.099/95, conforme a seguir: “Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Fato Típico: É o comportamento humano (ação ou omissão) que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto na lei penal que provoca, em regra, um resultado, sendo previsto pela lei como infração penal. São elementos do fato típico a conduta, o resultado, o nexo causal entre a conduta e o resultado é a tipicidade. Na falta de qualquer destes elementos, o fato passa a ser atípico e, por conseguinte, não há crime. Antijuridicidade: É a conduta humana que contrarie a norma jurídica. Qualquer conduta que, desde que não esteja amparada por nenhuma excludente, irá lesar ou colocar em perigo a norma jurídica. FATO TÍPICO: Elementos do fato típico: a)Conduta - é toda ação humana ou omissão consciente e dirigida a uma finalidade; dolosa ou culposa - inobservância do objeto. A princípio, pune-se apenas quando há vontade (dolo), porém, como exceção, pune-se quando não há vontade mas há negligência, imprudência e/ou imperícia (culpa). b)Nexo Causal - é a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado; c)Resultado- é a modificação do mundo exterior causada pela conduta. d)Tipicidade é a correspondência exata, a adequação perfeita entre o fato natural, concreto e a descrição contida na norma penal incriminadora. Causas excludentes da ilicitude O Código Penal prevê expressamente três causas: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito Causas excludentes da ilicitude I - Estado de necessidade: Quando o autor pratica a conduta para salvar de perigo atual direito próprio ou alheio. II - Legítima defesa: Consiste em repelir moderadamente injusta agressão a si próprio ou a outra pessoa. III - Estrito cumprimento de dever legal ou Exercício regular de direito: Quando o autor tem o dever de agir - por ser agente público - e o faz de acordo com determinação legal ou consiste na atuação do agente dentro dos limites conferidos pelo ordenamento legal. O agente, em qualquer das hipóteses, responderá pelo excesso doloso ou culposo. CULPABILIDADE É a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Por essa razão, costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito. O conceito de culpabilidade abrange culpa e dolo. A culpa ocorre quando o agente age com negligência, imprudência e imperícia; o dolo quando o agente tem a intenção/vontade livre de praticar o crime. Para que se possa concluir pela infração penal é preciso que o agente tenha cometido um fato típico, antijurídico e culpável. Esses elementos, que integram o conceito analítico de crime, devem ser analisados nessa ordem. Portanto, se presentes todos esses elementos, fato típico, antijuridicidade e culpabilidade, haverá crime. REQUISITOS DA CULPABILIDADE DE ACORDO COM A TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL. O CP adotou a teoria limitada da culpabilidade, segundo a qual são seus requisitos: a) IMPUTABILIDADE; b) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE; c) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. O QUE É IMPUTABILIDADE? É a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento. O QUE É POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE? É quando se pratica um fato típico sendo sabedor de sua ilicitude. O QUE É EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA? É quando o agente, ao praticar a ação, se encontrava em circunstâncias que lhe permitissem conduzir-se de modo diferente, ou seja, respeitar o imperativo da norma penal. Causas de exclusão da culpabilidade A própria norma exclui a Culpabilidade do fato considerado típico quando o agente agir conforme aquelas excludentes. Dentre os elementos que compõe o crime, é imprescindível a análise da culpabilidade como fator de integração entre o fato típico e antijurídico e o agente do ato ilícito. Ainda que o fato esteja tipificado em lei e seja antijurídico, se ausente a culpa em sentido lato, na conduta do agente, não haverá punibilidade. Cristalino se mostra que não basta a tipificação e antijuridicidade de uma conduta, para caracterização do crime. Sem a culpabilidade, não há infração penal, posto que apenas com a real capacidade do agente de poder entender a gravidade de seu ato perante o meio social e sua conseqüente reprovabilidade, é que o autor poderá sofrer a sanção do Estado. Causas de exclusão da culpabilidade 1. Inimputabilidade 2. Coação irresistível 3. Obediência hierárquica 4. Erro de Proibição Inimputabilidade A inimputabilidade está prevista no art. 26 do Código Penal, e a redução da pena em razão de semi-inimputabilidade no parágrafo único do mesmo artigo, a ver: “Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Coação irresistível A coação irresistível ocorre quando uma pessoa emprega força física ou ameaça a outra pessoa para que ela cometa um crime. A primeira parte do art. 22 do Código Penal faz previsão da coação irresistível: “Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)” Obediência hierárquica A obediência hierárquica, como causa de exclusão de culpabilidade, ocorre quando um servidor público pratica um crime sob ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico. A segunda parte do art. 22 do Código Penal estabelece que: “Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)” De acordo com Júlio Fabbrini Mirabete, “trata-se, segundo a doutrina, de um caso especial de erro de proibição. Supondo obedecer a uma ordem legítima do superior, o agente pratica o fato incriminado.” Ocorrendo a justificante, no processo disciplinar, o servidor público que obedeceu a ordem não manifestamente ilegal deverá ser absolvido, e o chefe que deu a ordem deve ser responsabilizado, pois incumbia a ele conhecer da legalidade de seus atos. Erro de proibição O erro de proibição ocorre quando o sujeito ativo não sabe que sua conduta é contrária ao Direito Penal, ou seja, não tem consciência da ilicitude de sua conduta. Julio Fabbrini Mirabete diz que: O sujeito ativo, nesse caso, equivoca-se ao pensar que sua ação é lícita. É certo que a ninguém é permitido alegar o desconhecimento da lei, nos termos do art. 21 do Código Penal. No entanto, o sujeito pode não compreender bem a lei. Assim, deve ser lida a segunda parte do artigo 21, que se colaciona abaixo: “Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí- la de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quandolhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)” No Direito Administrativo, pode ocorrer que o servidor público desconheça as várias leis (portarias, resoluções, etc.) que existem acerca do funcionamento da Administração, bem ainda pode fazer uma leitura errônea delas. Causas supralegais de exclusão da culpabilidade Parte dos penalistas entende que por mais previdente que possa ser o legislador, não pode elencar todos os casos em que a inexigibilidade de outra conduta deve excluir a culpabilidade. Assim, é admissível a existência de um fato, não previsto pelo legislador como causa de exclusão de culpabilidade,que apresente todos os requisitos do princípio da não-exigibilidade de comportamento lícito. Em relação às causas supralegais de exclusão da culpabilidade, Rogério Sanches enumera duas: a) cláusula de consciência - isenta de pena aquele que, por motivo de consciência ou de crença, praticar fato criminoso, desde que não viole direitos fundamentais individuais. Ex: não permissão de transfusão de sangue pelos testemunhas de Jeová; b) desobediência civil - representa ato de insubordinação. Requisitos: desobediência fundada na proteção dos direitos fundamentais e que o dano causado não seja relevante. Ex: invasões do MST CONTEXTUALIZAÇÃO O Direito Penal antevê que certas condutas podem não conter um dos elementos do crime, a saber: antijuridicidade ou culpabilidade. Ausente um desses elementos, o agente não sofrerá a reprimenda do Estado. A doutrina chama essa ausência de excludentes de ilicitude ou antijuridicidade e excludente de culpabilidade. Assim, embora o agente tenha praticado o crime, ele não será punido em razão de haver uma excludente ilicitude, ou seja, o fato praticado pelo agente será considerado lícito, bem como, em alguns casos, o agente também não responderá pelo crime em razão de tê-lo cometido acobertado por uma excludente de culpabilidade. Note-se que não citamos o elemento “fato típico”, tipicidade, pois ausente esse elemento, não haverá crime, o crime nunca existiu. Naqueles outros casos, antijuridicidade e culpabilidade, o crime existe, mas não é punível em razão de a própria lei indicar em quais circunstâncias o agente não responde pelo crime. CAUSAS QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE (INIMPUTABILIDADE) a) Doença mental; b) Desenvolvimento mental incompleto; c) Desenvolvimento mental retardado; d) Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior. CAUSAS QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE a) Doença mental; Transtornos mentais são alterações do funcionamento da mente que prejudicam o desempenho da pessoa na vida familiar, na vida social, na vida pessoal, no trabalho, nos estudos, na compreensão de si e dos outros, na possibilidade de autocrítica, na tolerância aos problemas e na possibilidade de ter prazer na vida em geral. b) Desenvolvimento mental incompleto É o desenvolvimento mental que ainda não se concluiu seja em razão da idade seja em razão da falta de convivência social. Os menores de 18 anos. Trata-se de presunção legal a ausência do desenvolvimento mental completo aos menores de 18 anos. Portanto, não apresentam culpabilidade nem é permitida aplicação de penal. Ressalve-se que a Lei 8069/90 estabelece que os menores de 18 anos praticam ato infracional e, em razão disso, aplica-se as medidas sócio educativas, previstas expressamente. c) Desenvolvimento mental retardado; É aquele incompatível com o estágio de vida que se encontra a pessoa, estando, assim, abaixo do desenvolvimento normal para aquela idade cronológica. No desenvolvimento mental incompleto não há maturidade psíquica em razão da idade. No desenvolvimento mental retardado a capacidade não corresponde às expectativas para aquele momento de vida, É o caso dos oligofrênicos, que são aqueles que apresentam um coeficiente mental reduzido, classificam-se em uma escala decrescente de inteligência: débeis mentais, imbecis e idiotas. Possuem insignificante capacidade mental e ficam impossibilitados de efetuar uma correta avaliação da situação de fato que lhes apresenta não tendo condições de entender o crime que cometem. Oligofrênico é um adjetivo que se refere àquele que sofre de oligofrenia. Do grego “oligos”, que significa pouco, mais “phren”, que significa mente. Obs. “Surdos-mudos” – O Professor Fernando Capez e o Professor Damásio de Jesus os classifica como portadores de desenvolvimento mental retardado, já o Professor Mirabete os classifica como portadores de desenvolvimento mental incompleto. De qualquer modo é importante frisar que o “surdo-mudo” só será considerado inimputável na medida em que esse déficit impedir de entender o caráter ilícito do fato ou de se determinar de acordo com sua vontade. Observe o fragmento jurisprudencial abaixo: “O surdo-mudo, máxime se tratar de defeito congênito ou adquirido nos primeiros anos de vida, apresenta um déficit intelectual considerável podendo acarretar a inimputabilidade do individuo ou determinar a redução de sua responsabilidade criminal. Necessidade de realizar exame de sanidade d) Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior. Considerar-se-á involuntária a embriaguez quando resultar de caso fortuito (v. g., desconhece que determinada substância produz embriaguez) ou força maior (v. g., é constrangido à embriaguez). Se se tratar de embriaguez involuntária completa, excluir-se-á a culpabilidade do agente que praticar um fato típico e ilícito. E se for o caso de embriaguez involuntária incompleta, hipótese em que, não obstante isso, preserva-se uma certa capacidade de autodeterminação, o agente responderá por crime, mas com pena reduzida de 1/3 a 2/3 (CP, art. 28, II, §2°). Conforme vimos, somente a embriaguez involuntária completa, isto é, que resulta de caso fortuito ou força maior, acarreta a exclusão da culpabilidade. Nesse exato sentido dispõe o art. 28, § 1º, do CP: “é isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. Assim, somente é excluída a culpabilidade quando se provar que o agente estava ao tempo da ação inteiramente privado de discernimento em razão de embriaguez acidental, isto é, que não resultou de decisão própria. O caminho do crime ou iter criminis é uma construção didático jurídica para que se identifique o percurso que o agente faz para realizar o crime. Por meio desse caminho, identifica-se quando a conduta do agente pode ser efetivamente punida. A seguir, uma linha do tempo para melhor compreensão do iter criminis: Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. A cogitação Refere-se ao pensamento do agente em praticar um delito. Os atos preparatórios São aqueles que o agente planeja a execução do crime (Exemplo: Um revolver será o meio pelo qual o agente matará a vítima. Portanto, a aquisição dessa arma trata-se de ato preparatório para o crime de homicídio). A execução É o ato pelo qual o agente inicia a prática dos elementos descritos no tipo penal. É dizer que "o agente começa a realizar o fato que a lei define como crime". Por exemplo: Fulano saca a arma e dispara contra a vítima. Nesse caso, a intenção de sacar a arma e apertar o gatilho é o início da execução, independente da consumação desse crime. A consumação É o ato pelo qual o agente chega ao resultado pretendido. No crime de homicídio a consumação ocorre com a morte da pessoa; no crime de furto,a consumação ocorre com a posse pacífica do bem subtraído; etc. CONTEXTUALIZAÇÃO Em suma, a cogitação e os atos preparatórios não são punidos pelo Direito Penal brasileiro conforme o critério adotado pelo art. 14, II do Código Penal, a menos que os atos preparatórios estejam tipificados como crime autônomo. Desse modo, para que o agente seja punido eventualmente por crime tentado ou crime consumado, ele precisa necessariamente iniciar a execução do crime e, no caso da primeira, não consumá-lo por motivos alheios a sua vontade. Exemplo: O agente que adquire uma arma de fogo sem registro para matar seu desafeto. Nesse exemplo, embora a aquisição da arma de fogo seja um ato preparatório para o crime de homicídio, ela também configura o crime de posse ou porte de arma de fogo (art. 16 do Estatuto do Desarmamento), ou seja, o ato preparatório, neste caso, também é um crime autônomo. A desistência voluntária e o Arrependimento eficaz Estão previstos no artigo 15 do Código Penal. Senão vejamos: Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. A primeira consiste no abandono voluntário da prática delitiva pelo agente. Cessa a fase executória da conduta e o resultado inicialmente desejado não ocorre em razão da desistência voluntária do agente. Ressalte-se que a desistência tem que ser voluntária, ou seja, por razões próprias o sujeito abandona a prática delitiva. Nada impede que um amigo ou terceiro o convença a abandonar seu intento inicial. O arrependimento eficaz ocorre quando o agente pratica alguma conduta para salvaguardar o bem jurídico que já foi colocado em risco. Em tal situação, a fase de execução foi realizada, entretanto, o agente agrega nova conduta a fim de evitar o sacrifício do bem tutelado, salvando-o. Note que a execução do crime aconteceu, mas não o seu exaurimento. O arrependimento posterior Previsto no artigo 16 do Código Penal, só pode acontecer em crimes praticados sem violência ou grave ameaça, desde que o agente repare o dano ou restitua a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa. Trata- se de situação na qual o crime já foi consumado, mas se for possível a reparação o agente terá em seu benefício a causa obrigatória de diminuição da pena de um a dois terços. Crime impossível Consiste naquele em que o meio usado na intenção de cometê-lo, ou o objeto-alvo contra o qual se dirige, tornem impossível sua realização. Segundo o código penal brasileiro, em seu artigo 17, senão vejamos: "Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.“ Exemplo de impossibilidade do meio: Matar alguém, batendo-lhe com uma flor, fazendo rituais de magia, etc. Exemplo de impossibilidade do objeto: Matar um cadáver, estuprar uma boneca, etc. Da extinção da punibilidade no CP A punibilidade vem como resultado da responsabilidade penal do réu pelo crime que cometeu, dela decorre o direito de o Estado fazer cumprir a pena. “A punição é a consequência natural da realização da ação típica, antijurídica e culpável. Porém, após a prática do fato delituoso podem ocorrer as chamadas causas extintivas, que impedem a aplicação ou execução da sanção respectiva.” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Anotado, 2.ª Ed., Editora Revista dos Tribunais, pág. 394, 1999). Em corolário a isso, a extinção da punibilidade resulta na supressão do direito do Estado de impor a pena, não havendo como ele querer vê-la cumprida. As circunstâncias mais relevantes para tanto estão condensadas no artigo 107 do Código Penal, mas a legislação pode criar outras. Da extinção da punibilidade no CP Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII – (Revogado pela Lei n.º 11.106, de 2005). VIII – (Revogado pela Lei n.º 11.106, de 2005). IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Inciso I – Morte do agente – a morte é causa extintiva da punibilidade porque a pena é personalíssima, não se transmitindo aos herdeiros do condenado. Falecendo o autor do fato, não há espaço à aplicação da pena. É importante destacar que os efeitos civis da sentença condenatória (notadamente o dever de indenizar) não se extinguem com a morte do agente, alcançando limite das forças de seu espólio; A prova da morte se dá mediante certidão de óbito. Inciso II –Anistia, Graça ou indulto: A anistia é identificada pela doutrina como um esquecimento jurídico da infração penal, que se dá através de lei e extingue a punibilidade em face de determinados fatos. Contudo, ela não alcança o dever da indenização civil, por só abranger os efeitos penais. Compete ao Congresso Nacional concedê-la (artigo 48, inciso VIII, da Constituição Federal); A graça é ato do Presidente da República, que tem o objetivo de favorecer pessoa determinada; O indulto também é atribuição do Presidente da República, mas se volta a um número indeterminado de pessoas, ele se difere da graça por sua impessoalidade. A graça e o indulto servem para extinguir ou comutar penas. A graça e o indulto são prerrogativas do Presidente da República (artigo 84, inciso XII, da Constituição Federal). Inciso III – Abolítio Criminis – Ao deixar de considerar criminosa uma conduta prevista em lei como tal, o delito já não existe mais no mundo jurídico. Assim também não haverá razão à punição do autor do fato. Inciso IV – Prescrição, Decadência ou Perempção: A prescrição trata-se uma garantia do autor do fato, que não pode ser obrigado a aguardar indefinidamente uma resposta estatal ao delito que praticou. O dever de punir do estado (jus puniendi) tem um limite temporal, chamado de prescrição. A decadência é a extinção do direito de promover a ação penal privada, a representação nos crimes de ação penal condicionada a ela ou a denúncia substitutiva da ação penal pública, como regra seu prazo é de 06 (seis) meses. A perempção ocorre dentro da ação penal privada, quando a parte autora deixa de praticar determinado ato processual, em que sua desídia faz presumir o desinteresse na responsabilização do autor do fato HOMICÍDIO - Artigo 121 do CPB O homicídio, de forma geral, é o ato de destruição da vida de um homem por outro homem. De forma objetiva, é o ato cometido ou omitido que resulta na eliminação da vida do ser humano. Artigo 121 - Homicídio simples - É a conduta típica limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicídio não possui características de qualificação, privilégio ou atenuação. É o simples ato da prática descrita na interpretação da lei, ou seja, o ato de trazer a morte a uma pessoa. Homicídio privilegiado Artigo 121 §1º – É a conduta típica do homicídio que recebe o benefício do privilégio, sempre que o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima, podendo o juiz reduzir a pena de um sexto a um terço. Homicídio qualificado §2º - É a conduta típica do homicídio onde se aumenta a pena pela prática do crime, pela sua ocorrência nas seguintes condições: mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; por motivo fútil, com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou do qual possa resultar perigo comum; por traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; e para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime. Homicídio Culposo §3º – É a condutatípica do homicídio que se dá pela imprudência, negligência ou imperícia do agente, o qual produz um resultado não pretendido, mas previsível, estando claro que o resultado poderia ter sido evitado. No homicídio culposo a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima. O mesmo ocorre se não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo o homicídio doloso, a pena é aumentada de um terço se o crime é praticado contra pessoa menor de quatorze ou maior de sessenta anos. Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que torne desnecessária a sanção penal. Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar- lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Parágrafo único - A pena é duplicada: Aumento de pena I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. O induzimento assume o significado de sugestão de vontade, de fazer surgir na mente da vítima a idéia do suicídio. A instigação pode ser compreendida como o estímulo a uma vontade suicida preexistente na psique da vítima. O auxilio é a ajuda material no fornecimento do instrumento, podendo ser também a indicação do modo como proceder para obter o óbito, situação em que o auxílio será moral. Infanticídio - Artigo 123 Homicídio praticado pela mãe contra o filho, sob condições especiais (em estado puerperal, isto é, logo pós o parto). Aborto - Artigo 124 Ato pelo qual a mulher interrompe a gravidez de forma a trazer destruição do produto da concepção. No auto-aborto ou no aborto com consentimento da gestante, esta sempre será o sujeito ativo do ato, e o feto, o sujeito passivo. No aborto sem o consentimento da gestante, os sujeitos passivos serão o feto e a gestante. Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado sem o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de três a dez anos. Aborto provocado com o consentimento da gestante – Reclusão, de um a quatro anos. A pena pode ser aumentada para reclusão de três a dez anos, se a gestante for menor de quatorze anos, se for alienada ou débil mental, ou ainda se o consentimento for obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. Forma qualificada - As penas são aumentadas de um terço se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá- lo, a gestante sofrer lesão corporal de natureza grave. São duplicadas se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado por médico: se não há outro meio de salvar a vida da gestante; e se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
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