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BOA-FEIÂ__ OBJETIVA, DEVERES ANEXOS E VIOLAAâ¡AÆO POSITIVA DO CONTRATO

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BOA-FÉ OBJETIVA, DEVERES ANEXOS E VIOLAÇÃO POSITIVA DO 
CONTRATO: observações sobre o processo obrigacional 
 
 Lucas Costa de Oliveira* e Marcelo de Mello Vieira ** 
 
 
1. Introdução. 2. A relação obrigacional: uma perspectiva contemporânea. 3. Apontamentos sobre a boa-fé 
objetiva. 3.1. O conceito. 3.2. As funções. 3.3. A normatividade. 4. Deveres anexos da boa-fé objetiva. 4.1. 
Deveres de proteção. 4.2. Deveres de esclarecimento. 4.3. Deveres de lealdade. 5. Violação positiva do contrato 
ou lesão aos deveres anexos. 6. Conclusão. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O Direito das Obrigações pode ser considerado como o mais científico dos “ramos” 
do Direito Civil ou, pelo menos, o mais lógico deles. Por muito tempo, ele ficou preso às 
raízes romanas, entendido como um vínculo jurídico individualizado no qual uma pessoa 
podia exigir algo de outra. Se em um primeiro momento, o devedor podia vir a pagar sua 
dívida com o seu corpo, tal ideia foi substituída, ainda na antiguidade, pela responsabilidade 
patrimonial. Todavia, a sujeição do devedor ao credor foi aspecto da relação obrigacional que 
perdurou por muito tempo. 
A noção clássica de obrigação já retrabalhada no Código Civil francês, que foi 
inclusive abarcada pelo Direito nacional, só começa a ser repensada com a influência do 
Direito alemão a partir dos estudos sobre a boa-fé objetiva. Tais estudos, trazidos ao Brasil 
por Clóvis do Couto e Silva e Olímpio Costa Júnior, provocaram as primeiras reflexões que 
fizeram com que os juristas começassem a repensar a relação obrigacional no país. A previsão 
da boa-fé objetiva no Código Civil de 2002 acelera as discussões e finalmente se revela um 
Direito Obrigacional mais moderno e ético. 
O presente trabalho pretende justamente tratar tais mudanças e repensar a obrigação 
na contemporaneidade, evidenciando as necessárias modificações decorrentes da boa-fé 
objetiva. Para tanto, apresentar-se-á um conceito moderno de obrigação civil, mostrando o seu 
desenvolvimento até chegar ao atual. A boa-fé será tratada em seguida, abordando-a como um 
 
*
 Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. Mestrando em Direito Privado pela 
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas. 
**
 Mestre em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Doutorando em Direito Privado pela 
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas. Professor de Direito Civil da Faculdade de 
Estudos Administrativos - FEAD MG. 
princípio jurídico, estabelecendo o seu conteúdo e esclarecendo suas funções. Posteriormente, 
enfatizar-se-á um dos elementos da boa-fé objetiva: os deveres anexos ou laterais. Por fim, 
será trabalhada a infração desses deveres, também chamada de violação positiva do contrato. 
 
2 A RELAÇÃO OBRIGACIONAL: UMA PERSPECTIVA CONTEMPORÂNEA 
 
 O conceito de relação jurídica obrigacional não é criação recente. Pelo contrário, desde 
os romanos é possível encontrar uma estruturação jurídica da relação obrigacional.
1
 Se, por 
um lado, o seu núcleo central permaneceu imutável ao longo dos séculos (sujeitos, objeto, 
vínculo), por outro, diversos aspectos passaram a integrar a estrutura da relação 
(dinamicidade, boa-fé objetiva, deveres anexos). 
 No pensamento jurídico brasileiro, a transição rumo a um modelo mais abrangente e 
contemporâneo de relação jurídica obrigacional se deu pela efetivação de um Estado 
Democrático de Direito, bem como pela transição do Código Civil de 1916 para o Código 
Civil de 2002. Dessarte, para desenvolver um conceito contemporâneo de relação jurídica 
obrigacional (modelo dinâmico), é preciso entender como era o conceito anteriormente 
(modelo estático). 
 O modelo estático de relação obrigacional era aquele previsto no ordenamento e no 
pensamento jurídico do Código Beviláqua. Assim sendo, faz-se necessário explicitar algumas 
fontes que influenciaram na criação dessa codificação: o liberalismo econômico-estatal, a 
escola francesa e a escola alemã. 
 A codificação civilista de 1916 se edificou sob forte influência do Estado Liberal. 
Frente a esse paradigma, a função estatal era negativa e formalista. Ao Estado caberia a 
estipulação de uma esfera privada inviolável, em que seria função de cada indivíduo a 
estipulação das regras que regeriam suas condutas. Assim, a relação intersubjetiva era 
normatizada pelos indivíduos, cabendo ao Estado a regulação da esfera pública. A função 
estatal seria, sobretudo no âmbito privado, a facilitação de circulação de riqueza da incipiente 
classe burguesa. 
Nesse sentido, o Code Napoléon de 1804 representa a consolidação do Estado Liberal. 
Pode-se indicar como características dessa codificação: i) A atribuição de plena força à 
vontade – autonomia da vontade sem restrições. O contrato era a ferramenta da burguesia, 
 
1
 Célebre é o conceito elaborado por Justiniano no Digesto. Na tradução de César Fiúza (2012, p. 159): 
“Obrigação é o vínculo jurídico, pelo qual somos adstritos a pagar uma coisa a alguém, segundo nossos 
direitos de cidade”. 
uma vez ajustado os termos, esses deveriam ser cumpridos (pacta sunt servanda). ii) A 
impessoalidade do vínculo, dando maior importância ao patrimônio. iii) O positivismo 
jurídico, principalmente aquele desenvolvido pela Escola da Exegese. A lei deveria ser sólida 
e pura. A ideia era de que o cidadão comum teria a condição de saber como se portar pela 
simples leitura do Código Civil. 
A escola alemã, sedimentada com a publicação do Bϋrgerliches Gesetzbuch em 1900, 
também apresentou impactos na codificação brasileira. A divisão entre parte geral e parte 
especial possibilitou uma análise mais detida sobre a matéria obrigacional. Da mesma 
maneira, a tecnicidade e abstração do Código Alemão também são também características 
marcantes da codificação de 1916.
2
 A influência da tradição romanista também se encontra 
presente em ambas as codificações. 
Como mencionado anteriormente, o modelo estático de obrigação se desenvolveu sob 
o influxo das fontes supracitadas. Desse modo, Clóvis Beviláqua definia obrigação como a 
 
[...] relação transitória de direito que nos constrange a dar, fazer ou não fazer alguma 
coisa economicamente apreciável, em proveito de alguém que, por ato nosso ou de 
alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude de lei, adquiriu o direito 
de exigir de nós essa ação ou omissão.
3
 (BEVILÁQUA, 1896, p. 5). 
 
Percebe-se uma aproximação muito grande do conceito de Clóvis Beviláqua e de 
Justiniano. Isso ocorre pois ambos partem de uma concepção estática da relação jurídica 
obrigacional. Nessa concepção, a obrigação é vista apenas em seu aspecto interno, sem 
interferência de quaisquer outros fatores. Assim, sujeito, objeto e vínculo seriam elementos 
suficientes para caracterizar a relação obrigacional estática. Tal modelo é abstrato e formal, 
tendo como finalidade única o cumprimento do que foi pactuado entre as partes. 
Acontece que a abstração e formalidade demasiadas, bem o cumprimento 
incondicional das obrigações gerou graves abusos. A autonomia da vontade consubstanciada 
nos contratos, fonte maior de obrigações, levou à maior exploração do homem pelo homem 
que se noticiou na história ocidental. É nesse contexto que surge a superação do modelo 
estático de relação obrigacional. 
Ainda sob a égide do diploma civilista de 1916, Clóvis Veríssimo do Couto e Silva 
percebe a insuficiência de um modelo estático de relação obrigacional e desenvolve a teoria 
 
2
 A abstração conceitual e linguística do Código Civil de 1916 foi objeto de crítica por juristas à época, dentre os 
quais, Pontes de Miranda. Sintetizando essa posição, Giordano Roberto (2011, p. 69): “Outra característica 
seria a maior preocupação com a correção da linguagem e dos conceitosdo que com as possibilidades de 
aplicação prática dos dispositivos”. 
3
 Texto com adaptações para as normas linguísticas contemporâneas. Alterações meramente formais. 
da obrigação como processo.
4
 Em síntese, a teoria entende o direito obrigacional em sua 
totalidade, desenvolvendo-se através das fases (nascimento/desenvolvimento e cumprimento), 
de maneira cooperativa para o objetivo máximo do vínculo, o adimplemento, sempre 
respeitando os princípios da boa-fé e da autonomia da vontade. (SILVA, 2007). 
Para se entender a teoria da obrigação como processo é preciso partir da noção de 
separação de planos, pois é nessa que se demonstra o caráter dinâmico da relação 
obrigacional. A separação ocorre entre as fases de nascimento e desenvolvimento dos deveres 
e a do adimplemento. É impossível negar que a vontade de criar obrigações (nascimento e 
desenvolvimento) nem sempre é a mesma de extingui-las (adimplemento). Obrigar é ligar, 
adimplir é afastar. Dessa maneira, existe uma grande distância entre o primeiro e o último ato 
do processo. O ordenamento jurídico brasileiro adota o modelo da separação relativa, em que 
quando a vontade de se obrigar é manifestada, é ao mesmo tempo manifestada a vontade de 
adimplir, em um só ato. Diferente é o ordenamento alemão, em que a vontade não é co-
declarada, sendo necessária uma manifestação de vontade para cada ato, deixando mais 
explícita separação de fases. 
Assim, para Clóvis do Couto e Silva é o caráter dinâmico que demonstra a noção de 
processo da obrigação. É a distância de fases que gera o caminhar da obrigação rumo ao 
adimplemento, ao cumprimento da obrigação. Importante destacar que a ideia de processo e 
dinamicidade não exclui a de totalidade. Dessa sorte, a obrigação deve ser entendida como um 
todo composto por diversas fases, cada uma com suas funções e características próprias. 
Ainda em relação à teoria da obrigação como processo, duas características são 
centrais: a autonomia da vontade e a boa-fé objetiva. 
O princípio da autonomia da vontade consiste no poder de pessoas capazes se 
obrigarem quando quiserem, com quem quiserem e sobre o que quiserem – liberdade que se 
encontra presente desde o Direito Romano, acentuada, todavia, pela revolução francesa. Não 
obstante, essa liberdade não é total, suprema, sofrendo limitações. Essa limitação ocorre pois 
deve haver uma conformação do interesse público e privado, na medida em que a autonomia 
 
4
 A importância da teoria da obrigação como processo no pensamento jurídico brasileiro é indiscutível. Por 
todos, José Roberto de Castro Neves (2009, p. 19): “Atualmente, o fenômeno das obrigações já não é visto 
com ênfase no poder do credor. O enfoque atual pende para relação obrigacional como um processo, no qual 
se enfatiza o interesse social de que o objetivo da obrigação seja atingido, sem a preponderância de qualquer 
das partes da relação”. 
privada não pode ferir princípios trazidos na Constituição da República que protegem a 
solidariedade, a dignidade, a igualdade entre as partes, dentre outros.
5
 
O princípio da boa-fé é fonte geradora de obrigações. É uma regra de conduta que tem 
a finalidade de estabelecer um padrão honesto e leal entre as partes. É a partir da concepção 
de boa-fé objetiva que Clóvis do Couto e Silva (2007) aponta a cooperação como elemento 
indispensável da relação obrigacional. Não cabe aqui maior aprofundamento, haja vista que o 
tema será abordado de maneira mais detalhada adiante. 
Outra contribuição importante no pensamento jurídico brasileiro foi dada por Olímpio 
Costa Júnior, ao desenvolver a relação jurídica obrigacional inserida na teoria da situação 
jurídica: 
 
A situação jurídica, portanto, é algo que se põe no mundo dos fatos: na ordem de 
concreção, no plano da eficácia. Por isso mesmo, a utilização dessa teoria, visando a 
analisar a obrigação como situação jurídica tipicamente relacional, possibilita 
examiná-la não em apenas em sua estrutura estática, invariavelmente composta de 
sujeitos, objeto e vínculo, mas também em sua contextura dinâmica, sujeita a 
modificação fáticas, relativas a qualquer um desses elementos – aos sujeitos, ao 
objeto ou ao próprio vínculo. (COSTA JÚNIOR, 1994, p. 6). 
 
Dessa maneira, percebe-se que o caráter dinâmico das obrigações se manifesta no 
plano da concreção. Isso ocorre, na perspectiva do referido autor, em virtude da relação 
obrigacional ser uma espécie do gênero situação jurídica.
6
 
Uma reflexão interessante pode ser feita ao relacionar o conceito de obrigação como 
processo ao conceito de contrato relacional proposto por Ian Macneil (2009). O contrato 
relacional contrapõe-se ao contrato descontínuo. No primeiro, a relação sempre se dá em um 
contexto – inserido em uma sociedade e incrustado de valores. A partir deste pano de fundo, 
extrai-se as concepções de solidariedade contratual, de boa-fé, de obrigações principais 
(promissórias) e acessórias (não-promissórias). Como bem explica Ronaldo Porto Macedo Jr. 
(MACNEIL, 2009) na apresentação da obra, “contratos são relações constituídas dentro de 
um processo que as constitui e modifica”. Já o contrato descontínuo seria aquele instantâneo, 
 
5
 Sobre o conceito de autonomia privada conferir: OLIVEIRA, Lucas Costa de. Reflexões sobre o princípio da 
autonomia privada. In: Direito Civil na Contemporaneidade. SÃO JOSÉ, Fernanda; POLI, Leonardo 
Macedo (orgs). Belo Horizonte: D’Plácido, 2015, p. 249-273. 
6
 Vários são significado da dinamicidade na relação obrigacional. Para Clóvis do Couto e Silva (2007) é a 
separação de fases que indica o movimentar da relação obrigacional rumo ao adimplemento. Para Olímpio 
Costa Júnior (1994), seria a realização da relação obrigacional no plano da eficácia, no plano da concreção, 
que identificaria o dinamismo da relação obrigacional. César Fiúza (2013) entende que do ponto de vista 
exógeno, econômico-social, toda relação obrigacional é dinâmica. Poder-se-ia ainda falar que o caráter 
dinâmico da relação obrigacional é caracterizado pela frequente troca de posições entre credor e devedor. Em 
síntese, o que há de comum em todas essas definições é que a relação obrigacional dinâmica é aquela que se 
movimenta e se transforma no espaço e tempo. 
em que não há planejamento, não há tantos deveres acessórios, constituindo-se basicamente 
nas promessas. Desse modo, não haveria tanta interferência do contexto nesse modelo 
contratual descontínuo. 
Percebe-se que as ideias referentes ao contrato relacional se relacionam à concepção 
de obrigação como processo. A análise da relação obrigacional como um todo permeado de 
solidariedade, boa-fé, valores sociais e planejamento, é perceptível em ambas as teorias. 
Ambas visam mitigar a concepção da autonomia da vontade irrestrita e a concepção da 
relação como vínculo exclusivo de credor-devedor, sem interferência de princípios. Destarte, 
apesar de serem teorias oriundas de sistemas jurídicos distintos, apontam um caminhar no 
mesmo sentido. 
Frente a tudo que foi desenvolvido é possível indicar aspectos centrais do modelo 
dinâmico de relação obrigacional. Parte-se da constatação de que é um modelo desenvolvido 
sob o paradigma do Estado Democrático de Direito. No âmbito do Direito Privado, isso indica 
que a obrigação se edifica a partir de um conceito autonomia privada em que há o respeito das 
dimensões da liberdade, dignidade e alteridade. A efetivação da autonomia privada aponta 
para uma relação obrigacional que não se esgota em seu aspecto interno e estático. Mais que 
isso, a obrigação é uma relação jurídica dinâmica que se pauta pela cooperação rumo ao 
adimplemento. Sintetizando de maneira competente o conceito contemporâneo de relação 
obrigacional, César Fiuza entende que “obrigação é a situação dinâmica consistente em 
relação jurídica em cooperação entre credore devedor, ficando este adstrito, basicamente, a 
cumprir prestação de caráter patrimonial em favor daquele, que poderá exigir judicialmente 
seu cumprimento”. (FIUZA, 2013, p. 371). 
 
3 APONTAMENTOS SOBRE A BOA-FÉ OBJETIVA 
 
No modelo dinâmico de obrigação o princípio da boa-fé objetiva tem posição central. 
Para uma melhor compreensão da boa-fé objetiva, faz-se necessário determinar a abrangência 
do seu conceito, indicar sua aplicação e função, bem como aferir se ela é, de fato, um 
princípio jurídico. 
 
3.1 O conceito 
 
 A importância de se determinar a abrangência do conceito da boa-fé objetiva reside em 
identificar seu enquadramento dogmático para distinguir de outros conceitos semelhantes. 
A boa-fé possui significações distintas no contexto do Direito. O conceito tem sua 
origem etimológica no Direito Romano. Em um primeiro momento surge a concepção da 
fides, entendida como um vínculo moral ou ético. Fides significa fidúcia, confiança entre as 
partes. Após um momento de expansão territorial de Roma, o conceito torna-se bona fides, 
representando um conceito mais objetivo, referente à conduta mercantil. (POMPEU, 2012). 
 Dentre as várias significações, duas possuem maior relevância: a boa-fé subjetiva e a 
boa-fé objetiva. A primeira tem um aspecto interno, psicológico, diz respeito às convicções 
internas e (des)conhecimento das situações. Um exemplo normativo da boa-fé subjetiva é o 
art. 309 do Código Civil que determina a validade do pagamento ao credor putativo. A 
segunda tem um aspecto externo, representa um padrão de conduta (standard) cooperativo, 
honesto e transparente. A primeira legislação que trouxe a previsão expressa da boa-fé 
objetiva foi o Código de Defesa do Consumidor (art. 4º, III e art. 51, IV). No Código Civil o 
art. 422 é o melhor exemplo, ao dispor que “os contratantes são obrigados a guardar, assim na 
conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”.
7
 
A vantagem trazida pela objetivação da boa-fé é a possibilidade de uma aferição mais 
objetiva e direta do cumprimento ou descumprimento desse princípio. A noção de boa-fé 
subjetiva gera a necessidade de uma avaliação axiológica, valorativa por parte do julgador, 
causando incerteza e insegurança na relação obrigacional. A boa-fé objetiva, por sua vez, tem 
uma carga deontológica, normativa. Destarte, a aferição do (des)cumprimento da boa-fé 
objetiva será realizada através da conduta exteriorizada pelos partícipes da relação, sendo 
irrelevante a vontade internalizada. 
 
3.2 As funções 
 
A doutrina identifica três funções essenciais da boa-fé objetiva: a função 
hermenêutica, a função limitadora e a função normativa. A referida tripartição foi inspirada 
nas funções do direito pretoriano, sendo proposta modernamente por Franz Wieacker 
(BARBOSA; MORAES; TEPEDINO, 2006) e retomada por Judith Martins Costa (1999). 
O Código Comercial de 1850 já estabelecia a boa-fé como cânon interpretativo-
integrativo: 
 
 
7
 Outros exemplos podem ser retirados do Código Civil: Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados 
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração; Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um 
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela 
boa-fé ou pelos bons costumes. 
Art. 131. Sendo necessário interpretar as cláusulas do contrato, a interpretação, além 
das regras sobreditas, será regulada sobre as seguintes bases: I- a inteligência 
simples e adequada, que for mais conforme à boa-fé, e ao verdadeiro espírito e 
natureza do contrato, deverá sempre prevalecer a rigorosa e restrita significação das 
palavras. 
 
Para Couto e Silva (2007), o processo hermenêutico visa conferir a justa medida à 
vontade que se interpreta, evitando-se um subjetivismo. Trata-se de um comando direcionado 
ao intérprete para que o contrato atinja sua finalidade econômico-social. Nesse sentido, a 
função hermenêutica se aproxima do que foi analisado em relação ao conceito da boa-fé 
objetiva. Assim, o processo interpretativo da relação obrigacional é realizado pelas condutas 
exteriorizadas pelas partes no desenvolvimento do vínculo obrigacional. 
A função limitadora visa impor barreiras ao exercício de certos direitos, funcionando 
como parâmetro para avaliação de comportamentos abusivos. Para Cruz (2013) é uma função 
negativa ou reativa da boa-fé, uma vez que visa proibir ou sancionar comportamentos que 
possam prejudicar o cumprimento da prestação. Nesse sentido, a boa-fé se conecta à teoria do 
abuso de direito. Reflexo dessa função é o postulado do venire contra factum proprium, em 
que “não se admite que uma pessoa, depois de incutir em outra uma justa expectativa, 
modifique abruptamente a sua inicial posição”. (CASTRO NEVES, 2009, p. 34). 
Consectários lógicos do postulado do venire contra factum proprium, faz-se 
importante indicar as figuras da suppressio, surrectio e tu quoque. A primeira consiste na 
perda do direito decorrente da falta de seu exercício por razoável lapso de tempo. A segunda 
corresponde ao surgimento de um direito decorrente do seu exercício por razoável lapso de 
tempo. A terceira diz respeito ao comportamento que rompe com confiança do vínculo, 
surpreendendo uma das parte da relação, gerando uma situação de injusta desvantagem. 
(VIANA; GAGLIANO, 2015). 
A função normativa é aquela que aponta a boa-fé objetiva como criadora de deveres 
jurídicos, independente de manifestação de vontade nesse sentido. São os chamados deveres 
anexos, laterais ou acessórios, na medida em que não se referem ao objeto central da 
obrigação. Pode-se citar como exemplo dos deveres anexos os deveres de informação, 
cuidado, cooperação e auxílio. Contudo, como bem explica Gustavo Tepedino, Heloisa 
Helena Barbosa e Maria Celina Bodin de Moraes, “trata-se, em suma, de deveres de proteção 
e cooperação, que, embora se possam exemplificar, não se podem exaurir por meio de 
catálogos abstratos e apriorísticos”. (BARBOSA; MORAES; TEPEDINO, 2006, p. 19). Esse 
tema será abordado com maior profundidade no tópico subsequente. Nesse momento basta 
salientar que a boa-fé objetiva é fonte geradora de obrigações durante todo o processo 
obrigacional – mesmo antes (deveres pré-contratuais), ou depois (deveres pós-contratuais). 
Trata-se, portanto, de uma função ativa da boa-fé. (CRUZ, 2013). 
 
3.3 A normatividade 
 
Aferir se a boa-fé objetiva pode ser considerada um princípio jurídico não se trata 
apenas de um exercício teórico, apresentando também importantes consequências 
pragmáticas. Enquadrar a boa-fé objetiva como princípio jurídico significa atribuir 
normatividade, exigibilidade para as condutas derivadas da boa-fé objetiva. Assim, mais que 
um padrão axiológico que pode ser utilizado na aplicação e interpretação da relação 
obrigacional, a boa-fé objetiva passa a ser um padrão normativo que deve ser observado em 
todo o processo obrigacional. 
Muitas foram as concepções de princípio na história do pensamento jurídico. No 
pensamento contemporâneo prevalece o conceito de princípios como normas jurídicas. Para 
realizar a aferição proposta, adotar-se-á a definição de Robert Alexy, no sentido de que 
princípios são comandos de otimização que devem ser cumpridos em graus, observando-se as 
condições fáticas e jurídicas.
8
 
Desse modo, Robert Alexy (2012) aponta três critérios para a distinção entre regras e 
princípios, que seriam ambos espécies do gênero norma jurídica: o critério quantitativo; o 
critério qualitativo; e o critério do comportamento em caso de choque ou conflito. Segundo o 
primeiro critério, princípios seriam normas mais gerais em comparação com as regras, 
principalmente em virtude da abstração dos seus conceitos e dos valores ali positivados – mas 
tal distinção não seria a fundamental. Pelo critério qualitativo,princípios seriam normas que 
podem ser cumpridas em graus, respeitando as condições fáticas e jurídicas. Seriam 
mandamentos ou comandos de otimização, também denominados de dever ser ideal. Regras, 
por sua vez, seriam mandamentos ou comandos definitivos, também entendidos como dever 
ser real. São normas que são sempre satisfeitas ou não satisfeitas. Importante salientar que 
para Alexy, ao contrário de Dworkin, regras e princípios possuem um caráter prima facie, ou 
seja, admitem exceções. Por fim, segundo o critério do comportamento em caso de colisão, os 
princípios teriam a solução no âmbito da ponderação em sentido amplo, ao passo que as 
regras teriam a solução no âmbito da validade. 
 
8
 Uma outra definição é apresentada por Ronald Dworkin (2002), para quem princípios são normas de caráter 
prima facie, apontando uma direção a ser seguida ou indicando razões para determinada decisão. 
 
 Em relação ao primeiro critério, não há grandes problemas. A boa-fé objetiva 
apresenta um alto grau de generalidade em seu conceito, abrangendo variadas condutas 
distintas. Em relação ao segundo critério, é correto afirmar que a boa-fé objetiva pode ser 
(des)cumprida em graus, tendo em perspectiva as situações fáticas e jurídicas. Um exemplo 
basta para ilustrar tal afirmação. Em um contrato paritário, em que as partes se encontram em 
igualdade de condições, discutem os termos do negócio jurídico, o princípio da boa-fé 
objetiva é aplicado de maneira mais abrangente. Já nos contratos de adesão, a aplicação do 
princípio da boa-fé objetiva se dá de maneira mais restrita – afinal não existe espaço para 
negociação. Isso não significa que não deve haver a aplicação do princípio em ambos os 
contratos, na medida que o direito possui um código binário (lícito e ilícito). Acontece que no 
primeiro tipo de contrato, a boa-fé se aplica na negociação, no desenvolvimento e após o 
contrato, ao passo que no segundo não há sequer negociação.
9
 A ponderação ocorre na 
medida em que a boa-fé pode colidir com outros princípios jurídicos, como o princípio da 
vida privada, da intimidade. 
Dessa maneira, pode-se concluir que a boa-fé objetiva pode ser enquadrada como 
princípio jurídico, estabelecendo deveres normativos de conduta. 
 
4 DEVERES ANEXOS DA BOA-FÉ OBJETIVA 
 
Se a divisão de fases da obrigação proposta por Couto e Silva evidencia a 
dinamicidade das obrigações na contemporaneidade, é a boa-fé objetiva; mais 
especificamente, os deveres instrumentais, anexos ou laterais, que dão o caráter cooperativo a 
essa situação jurídica. É ela que proporciona a superação da noção clássica que resume a 
relação obrigacional ao vínculo jurídico pelo o qual o credor pode exigir uma prestação do 
devedor, hoje identificado como deveres principais ou primários. A boa-fé objetiva, portanto, 
modifica não só o conceito de obrigação como altera a forma como ela deve ser negociada e 
cumprida, sendo que ao lado da chamada obrigação principal surgem outras obrigações que 
decorrem dos deveres laterais. 
Os deveres primários são aqueles determinados exclusivamente pela obrigação 
principal convencionada diretamente pelas partes, são as obrigações de dar, fazer e não fazer 
 
9
 Um outro exemplo pode ser apresentado. Em um contrato em que a parte deixa de esclarecer informação de 
menor importância para a conclusão do negócio jurídico, há o descumprimento em menor grau do princípio da 
boa-fé objetiva, se comparado com um contrato em que a parte deixa de esclarecer informação central para a 
conclusão do negócio jurídico. 
disciplinadas no Código Civil brasileiro,
10
 isto é, são aquelas as quais tradicionalmente se 
restringia o Direito Obrigacional. Já os deveres anexos derivam da exigência de um 
comportamento ético e probo imposto aos negociantes pela boa-fé objetiva, ou seja, não 
decorrentes do contrato, e se destinam a assegurar que a obrigação cumpra seu objetivo, a 
satisfação das partes. 
Caroline da Cruz adverte que: 
 
[...] esses deveres, na grande maioria das vezes não descritos no instrumento 
contratual, transcendem a vontade das partes, pois não são decorrentes de sua 
deliberação, e sim da atuação dos envolvidos e das circunstâncias postas na relação 
obrigacional, com o fim de regular o comportamento dos contratantes para evitar 
situações danosas à pessoa ou ao patrimônio dos envolvidos, expostos em 
decorrência da relação. (CRUZ, 2012, p. 8). 
 
Clóvis Couto e Silva (2007) distinguia os deveres anexos dependentes, os que se 
vinculam a obrigação principal, dos independentes, os que possuem vida autônoma, que 
podem perdurar até após o fim do dever principal. Justamente por não se fundamentarem 
diretamente na obrigação principal, mas sim em comportamento leal, é que se pode afirmar 
que alguns desses deveres são exigíveis tanto antes do negócio jurídico ser entabulado como 
depois de cumpridos os deveres primários, falando-se assim não só em eficácia pós-
contratual, mas também em eficácia pré-contratual das obrigações.
11
 
É importante esclarecer que não há de se falar em hierarquia entre os deveres 
obrigacionais. Os deveres anexos são tão importantes e vinculantes quanto os deveres 
principais, sendo que, em determinadas situações, sua inobservância equiparar-se-á ao não 
cumprimento do dever principal podendo resultar em dever de indenizar ou na dissolução do 
vínculo contratual (BRAGA, 2013), tema que será tratado posteriormente. 
Como a exigência do comportamento ético se destina aos sujeitos da relação 
obrigacional, os deveres anexos impõem direitos e deveres a todos eles. Dessa forma, o credor 
e o devedor dos deveres principais se transformam em credores e devedores recíprocos 
quando se trata dos deveres laterais, ou seja, credor da obrigação principal estará, ora em uma 
categoria normativa ativa (podendo exercer direitos e poderes), ora em uma categoria 
normativa negativa (sujeito aos deveres e ônus) e vice versa. Essa combinação de categorias 
 
10
 Para Martins-Costa (1999), observam-se nas obrigações os deveres primários, aqueles que são o centro da 
relação obrigacional e o que define a espécie de contrato, e os deveres secundários, que se subdividem: em 
deveres secundários acessórios da obrigação principal, os que buscam preparar/garantir a obrigação principal, 
como dever de conservar e transportar a coisa; e deveres secundários com prestação autônoma, que são 
aqueles derivam dos deveres primários, como dever de indenizar. Além desses deveres a autora ainda 
vislumbra os deveres instrumentais ou acessórios de conduta, que são o objeto de estudo desse trabalho. 
11
 Com base no mesmo argumento, Carolina Cruz (2012) defende que a eficácia dos deveres mesmo quando o 
contrato é declarado nulo. 
normativas diversas faz com que as obrigações sejam situações jurídicas complexas 
(PERLINGIERI, 2002). 
Christian Lopes (2011) destaca que nem sempre a boa-fé objetiva impõe deveres 
positivos às partes, sendo que o comportamento exigido é, muitas vezes, um comportamento 
negativo, ou seja, a abstenção de determinado ato. A afirmação do autor se mostra correta, 
especialmente quando se analisa os deveres laterais, como por exemplo, o dever de sigilo. 
Os deveres anexos são classificados por Couto e Silva (2006) como deveres de 
indicação e esclarecimento e de cooperação e auxílio. Já Judith Martins-Costa (1999) sugere 
que eles são exemplificativamente divididos em dever de cuidado, previdência e segurança; 
de aviso e esclarecimento; de informação; de prestar contas; de colaboração e cooperação; de 
proteção e cuidado com a pessoa e patrimônio da contraparte; e de omissão e de segredo. 
Contudo, ambas as classificações pecam em apontar a existência de um dever 
autônomo de cooperação, fato inclusive criticado pelo próprio Couto e Silva, queafirmou que 
todos “os deveres anexos podem ser classificados deveres de cooperação.” (SILVA, 2006, p. 
96). De fato, a cooperação é o objetivo dos deveres anexos. São eles que, como já trabalhado, 
fazem com que a cooperação deixe o plano moral para se tornar jurídica e, como 
consequência, exigível. Também a exemplificação feita por Martins-Costa mostra-se 
excessivamente fragmentada, separando deveres que são essencialmente os mesmos. 
Nesse contexto, a distinção feita pelo jurista português Antônio Menezes Cordeiro se 
mostra mais adequada, embora não isentas de críticas. Para Menezes Cordeiros (2007), os 
deveres anexos se dividem em deveres de proteção, esclarecimento e de lealdade. O ponto 
principal dessa divisão é que ela não prevê um dever específico de cooperação, que como já 
dito se mostra incoerente, e, de forma simples, agrega deveres de conteúdo muito similar em 
torno de um dever mais amplo, ao contrário da proposta de Judith Martins-Costa. Já a maior 
crítica a classificação tripartite de Menezes Cordeiro reside na dificuldade em se distinguir de 
forma exata as fronteiras de cada um desses deveres, uma vez que “a ausência do dever de 
esclarecimento pode implicar quebra do dever de lealdade, assim como esta pode resultar de 
desamparo ao dever de proteção.” (FARIAS; ROSENVALD, 2014, p. 134). 
Destaque-se ainda que o conteúdo desses direitos não são estáticos e, assim como a 
sociedade e o Direito, estão constante modificação – e em constante ampliação de seus 
conteúdos. 
 
4.1 Deveres de proteção 
 
 Os deveres de proteção são aqueles que buscam resguardar tanto a pessoa quanto o 
patrimônio das partes, evitando que elas venham a sofrer prejuízos durante o transcorrer do 
processo obrigacional em razão de alguma conduta praticada pelo outro contratante. É nesse 
dever que se visualiza 
 
[...] todo amparo e assistência que uma parte deve à outra durante todo o curso 
obrigacional, formando-se, assim, um verdadeiro abrigo negocial a ambas as partes. 
Trata-se, enfim, de verdadeiro arrimo assistencial oferecido por uma parte à outra, 
promovendo-lhe tanto a tutela pessoal, quanto patrimonial. (QUEIROZ, 2015, p. 
34). 
 
Ele, portanto, congregaria tanto o dever de cuidado, previdência e segurança quanto o 
dever de proteção e cuidado com a pessoa e patrimônio da contraparte explicitado por 
Martins-Costa. 
Não há uma delimitação exata do conteúdo desse dever, mas sim uma previsão 
genérica que se torna capaz de proteger qualquer situação que pode causar lesão ao 
patrimônio ou pessoa do contratante. 
Também se inclui aqui, deveres que visam evitar que terceiros venham a prejudicar 
qualquer uma das partes. Tal entendimento foi abarcado pelo STJ, que no julgamento do 
Recurso Especial 107.211/SP entendeu ser cabível indenização por danos causados ao veículo 
de um cliente que estava no estacionamento do estabelecimento comercial sob o fundamento 
de violação ao dever de proteção. 
Miguel Vieira (2007) adverte que se tratando de negociação e/ou contratação no meio 
virtual deve-se ter especial atenção quanto à segurança dos sítios, cabendo ao vendedor ou 
prestador de serviços garantir que a tecnologia utilizadas possua um padrão mínimo de 
segurança, além de explicitar ao destinatário os riscos existentes nesta forma de contratação. 
É necessária visualizar sua presença desde a fase pré-contratual, especialmente nas 
negociações preliminares, como na etapa pós-negocial, já que as partes permaneceriam 
“vinculadas, em termos específicos, a não provocarem danos mútuos” (MENEZES 
CORDEIRO, 2007, p. 628). 
 
4.2 Deveres de esclarecimento 
 
Os deveres de esclarecimento são todos aqueles que buscam igualar o desequilíbrio 
informacional que as partes possuem tanto no momento que iniciam as tratativas quanto ao 
longo do cumprimento da obrigação contraída, sendo que tal déficit pode influenciar na 
constituição e no desenvolvimento da relação obrigacional. Ele possui duas facetas: aviso e 
esclarecimento; e informação, que foram tratados separadamente por Martins-Costa (2006). 
Especialmente importante na fase pré-negocial, a troca informações sobre todos os 
aspectos que envolvem o negócio jurídico é vital para se fechar ou não o acordo, uma vez que 
somente de posse de informações claras, as partes poderão criar as expectativas reais, 
expectativas essas que são protegidas pela boa-fé. Esse dever visa, portanto, permitir o 
exercício pleno da autonomia privada contratual, sendo que a falta de informação ou 
informação errônea essencial podem ensejar vícios contratuais capaz de conduzir a 
anulabilidade do acordo. 
 No entanto, tais deveres também possuem grande importância nas outras fases do 
processo obrigacional, já que ao longo dessa relação podem surgir situações que influenciam 
essa relação, sendo vital que comuniquem tudo que possa melhorar ou prejudicar o pacto 
inicial com o intuito de que se mantenham as expectativas inicialmente criadas ou, caso 
necessário, elas sejam adaptadas de comum. Logo, os deveres de esclarecimento podem ser 
compreendidos como aqueles que obrigam as partes a “informarem-se mutuamente de todos 
os aspectos atinentes ao vínculo, de ocorrências que, com ele, tenham certa relação e, ainda, 
de todos os efeitos que, da execução contratual, possam advir”. (MENEZES CORDEIRO, 
2007, p. 628). Nesse contexto, mostra-se ainda atual a afirmação de Couto e Silva (2006) que 
esse dever se restringe ao esclarecimento de qualquer circunstância relevante para a 
obrigação. 
 As informações e esclarecimentos devem ser passados de forma clara e linguagem 
acessível para a outra parte, sempre com o intuito de facilitar a compreensão. Ela também 
deve chegar ao interessado de forma mais rápida possível, sendo certo que, na era virtual, 
somente ocasiões excepcionais justificam uma demora de dias para se prestar um 
esclarecimento. Convém, sempre que possível, disponibilizar em meio digital o contrato e 
quaisquer outras informações prestadas, o que facilita seu acesso às partes. 
 
4.3 Deveres de lealdade 
 
 São os deveres de lealdade que impõe às partes a obrigação de se absterem de praticar 
atos com o intuito de “falsear o objetivo do negócio ou desequilibrar o jogo das prestações por 
elas consignado” (MENEZES CORDEIRO, 2007, p. 606), sendo, para Farias e Rosenvald 
(2014), as condutas desleais um verdadeiro atentado contra a dignidade da outra parte. 
 Menezes Cordeiro ensina que 
 
[...] podem ainda surgir deveres de actuação positiva. A casuística permite apontar, 
como concretização desta regra, a existência, enquanto um contrato se encontre em 
vigor, de deveres de não concorrência, de não celebração de contratos incompatíveis 
com o primeiro, de sigílo face a elementos obtidos por via da pendencia contratual e 
cuja divulgação possa prejudicar a outra parte e de actuação com vistas a preservar o 
objetivo e a economia contratuais. (sic). (MENEZES CORDEIRO, 2007, p. 606-
607). 
 
 Nota-se, portanto, que tais deveres se traduzem em obrigações de fazer e não fazer, 
tendo como finalidade reforçar esse dever de cooperação entre as partes para que o que foi 
contratado seja efetivamente cumprido, ou seja, que as expectativas iniciais sejam atendidas. 
Embora tratados de forma separada por Judith Martins-Costa (2006), esses deveres englobam 
os deveres de colaboração e cooperação como os de omissão e de segredo. 
 Sua eficácia pré-contratual pode ser facilmente averiguada nas hipóteses de 
responsabilização pelo rompimento brusco das negociações preliminares nas situações em 
estas já estejam avançadas. Já a eficácia pós-contratual pode ser vista especialmente nos 
deveres de sigilo e de não concorrência. 
 Como se pode vislumbrar, o conteúdo dos três deveres anexos, por vezes, se 
confundem, sendo difícil traçar as fronteiras entre eles, o que faz com essa classificação seja 
mais didática do que prática, sendo que somente no caso concretoé possível se fazer uma 
identificação mais adequada. Entretanto, é certo que eles modificam o conteúdo da obrigação, 
alterando também as noções de adimplemento e inadimplemento. 
 
5 VIOLAÇÃO POSITIVA DO CONTRATO OU LESÃO AOS DEVERES ANEXOS 
 
 Apesar de a boa-fé objetiva estar prevista no Código Civil vigente, a legislação 
nacional ainda trabalha com a ideia tradicional de obrigação focando apenas nos deveres 
principais. Todavia, a consagração desse princípio proporcionou toda uma releitura do 
processo obrigacional, como tem sido exposto nesse trabalho, sendo de suma importância às 
contribuições das decisões judiciais e da literatura jurídica. 
 O alargamento do conceito de obrigação provocado também pela inclusão dos deveres 
anexos conduziu a uma expansão na noção de adimplemento. Se antes considerava cumprida 
a obrigação que atendia a prestação principal, hoje ela se exaure somente quando são 
conjuntamente observados os deveres laterais. (QUEIROZ, 2015). Tal situação acaba por 
também transmutar a finalidade de todo processo obrigacional, já que agora não se pode 
preocupar somente com o atendimento dos interesses do credor (dos deveres principais), mas 
sim com a satisfação das partes (que são credores e devedores recíprocos dos deveres anexos). 
(PEREIRA, 2014). 
 Se a ideia de adimplemento foi alterada, modificou-se por consequência a noção de 
inadimplemento. Tradicionalmente, o tratamento do inadimplemento obrigacional restringiu-
se a dispor apenas sobre o não cumprimento da prestação principal,
12
 que se divide em 
inadimplemento absoluto e inadimplemento relativo ou mora. O primeiro ocorre tanto nas 
hipóteses de impossibilidade de se prestar o que foi acordado, quanto nas situações em que a 
mesma prestação não é mais útil para o credor, embora seja possível seu cumprimento. Já o 
segundo se traduz como não cumprimento, por parte tanto do credor quanto do devedor, dos 
deveres principais no tempo, no lugar e na forma estabelecida na lei ou na convenção (art. 394 
do Código Civil). 
Inegavelmente, esse sistema dual atende as hipóteses de não cumprimento dos deveres 
principais, mas se mostra omisso quando se trata de lesões aos deveres anexos. É a violação 
positiva do contrato que busca suprir essa lacuna. Para Cristiano Farias e Nelson Rosenvald, 
ela “aplica-se a uma séria de situações práticas de inadimplemento que se relacionam com a 
obrigação principal – mais precisamente o inadimplemento derivado da inobservância dos 
deveres laterais.” (FARIAS; ROSENVALD, 2016, p. 535). 
A violação positiva do contrato é, portanto, uma forma autônoma e independente 
considerada uma terceira forma de inadimplemento (LEAL, 2014; PEREIRA, 2014; 
QUEIROZ, 2015), que ao contrário do que acontece no Direito português, é identificada 
somente com a infração aos deveres laterais,
13
 afetando diretamente à confiança mútua das 
partes. 
Menezes Cordeiro (2007) ensina que, no Direito português, a violação positiva do 
contrato se identifica com o cumprimento defeituoso da prestação principal, não cumprimento 
das prestações secundárias e a violação dos deveres anexos. O conceito de mora do Direito 
brasileiro abarca as duas primeiras hipóteses, razão pela qual se entende que no país a 
violação positiva do contrato se resume somente a terceira situação. 
 Trata-se de uma categoria residual, uma vez que havendo o não cumprimento dos 
deveres principais, que também pode ser identificado com o descumprimento de um dever 
 
12
 É o que ainda ocorre no Código Civil brasileiro, que como já dito, manteve-se fiel à visão clássica de 
obrigação identificada com os deveres principais. 
13
 É importante relembrar que os deveres anexos, acessórios ou laterais podem se traduzir tanto em obrigações 
positivas quanto em negativas, sendo certo que apesar de a lesão a tais deveres se denominar violação positiva 
do contrato, Adisson Leal (2014) adverte que essa teoria se aplica a infração de todo e qualquer desses 
deveres. 
lateral, não há de falar em violação positiva do contrato, mas sim em inadimplemento relativo 
ou absoluto. (LEAL, 2014). 
 Sendo uma categoria de inadimplemento não prevista expressamente no ordenamento 
nacional, suas consequências também não são. Para Cristiano de Farias e Nelson Rosenvald, a 
violação positiva do contrato 
 
[...] deverá ser identificada em seus efeitos patrimoniais com o adimplemento, para 
que dela se possa extrair o direito da parte ofendida à resolução do vínculo 
obrigacional ou, mesmo, à oposição da exceptio non adimpleti, inclusive com todas 
as consequências da responsabilidade civil, sobremaneira o deve de indenizar em 
prol do lesado. (FARIAS; ROSENVALD, 2016, p. 536). 
 
 Para Adisson Leal (2014), somente analisando as circunstâncias in concreto é que 
poderia se vislumbrar qual das consequências (resolução contratual ou responsabilização 
civil) se mostra mais indicada àquela situação. De fato, a falta de previsão normativa faz com 
que só a partir dos elementos do caso concreto que o magistrado estará apto a determinar qual 
das consequências é a mais adequada, devendo ela ser devidamente justificada 
argumentativamente na decisão. Ressalva-se, contudo, que aquelas situações em que a lesão 
aos deveres anexos ocorrer em fase pré ou pós-contratual só será cabível a via indenizatória, 
uma vez que ou inexiste o contrato ou ele já foi cumprido. 
 Para que a resolução contratual seja considerada a consequência mais adequada, é 
necessário que violação aos deveres laterais seja de tal gravidade que abale definitivamente a 
confiança da parte lesada em sua contraparte. Isso porque, um dos princípios que regem o 
Direito Contratual é o princípio da manutenção dos contratos, sendo também necessário que 
não tenha ocorrido o adimplemento substancial da obrigação. (LEAL, 2014). 
 Nas hipóteses em que uma das partes, mesmo antes do prazo assinalado, já demonstra 
de forma clara que não vai cumprir sua parte do avençado, o chamado inadimplemento 
contratual antecipado, a via resolutória se mostra, em tese, a mais adequada a essa forma de 
violação positiva do contrato. (FARIAS; ROSENAVALD, 2014; QUEIROZ, 2015). 
Tratando-se da via indenizatória, será uma responsabilidade contratual, ainda que a 
infração ocorra na fase de negociações preliminares, porque a responsabilidade deriva de um 
negócio jurídico ainda que não entabulado. Como adverte Adisson Leal (2014), trata-se de 
responsabilidade objetiva e o valor da indenização será apurado conforme as regras previstas 
no ordenamento civil brasileiro, devendo ela reparar todo o tipo de dano (material, moral 
etc.). 
 
6 CONCLUSÃO 
 
 Ao longo do artigo foram analisados diversos aspectos da relação jurídica obrigacional 
com a finalidade de desenvolver um conceito contemporâneo de obrigação. Um conceito que 
fosse além do conteúdo estático e interno, que pensasse a relação obrigacional como um 
caminhar dinâmico e cooperativo rumo ao adimplemento. Um conceito que adotasse a boa-fé 
objetiva como princípio estruturante e fundante de toda relação obrigacional, que apresentasse 
um alargamento na noção de deveres obrigacionais, abrangendo também os deveres laterais 
ou anexos, que ampliasse a noção de inadimplemento, englobando também a violação 
positiva do contrato. 
 Para tanto, longo foi o percurso argumentativo desenvolvido. Em um primeiro 
momento, apresentou-se um conceito dinâmico de relação obrigacional, em contraponto ao 
modelo estático. Essa concepção possibilitou a identificação da obrigação como uma relação 
que se desenvolve e se transforma no espaço e no tempo, sendo a base para todos os outros 
conteúdos trabalhados no artigo. 
 A boa-fé objetiva foi apontada como princípio jurídico fundamental à compreensão do 
processo obrigacional contemporâneo. Nesse ponto, analisou-se o seu conteúdo, distinguindo-
a da boa-fé subjetiva; a sua aplicação,apresentando as funções hermenêutica, normativa e 
limitadora; e a sua normatividade, defendendo o enquadramento da boa-fé objetiva como 
princípio jurídico. 
 Os deveres anexos ou laterais promovem a cooperação entre as partes, marca das 
obrigações jurídicas na atualidade e amplia a noção de adimplemento, uma vez que o objetivo 
do Direito Obrigacional passa a ser a satisfação dos interesses dos envolvidos e não mais só 
do credor. Também a noção de inadimplemento é modificada, surgindo a figura da violação 
positiva do contrato, justamente quando há lesão a essas deveres anexos. 
 Ao final dessa travessia, pode-se concluir que foi possível elaborar relevantes 
observações sobre o processo obrigacional, contribuindo para a renovação do secular conceito 
de obrigação jurídica. 
 
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