Buscar

Capítulo 1 do tcc

Prévia do material em texto

7 ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO 
 É suposto que a intimidação no local de trabalho tenha sido mais evidente na revolução pós- industrial , através das quais o objetivo era aumentar a produção para maximizar o lucro, expondo os trabalhadores a situações desumano. No entanto, não foi só em 1990 que o assédio moral começou a ser discutido.
 Em 1972, o pesquisador Peter-Paul Heinez Leymann utilizou os resultados da pesquisa de Lorenz para descrever o estudo do comportamento agressivo de crianças com relação a outras dentro das escolas, publicando a primeira obra sobre o mobbing cujo o vocábulo inglês significa o verbo maltratar, atacar, perseguir, sitiar, e o substantivo multidão (HIRIGOYEN, 2006 ) . 
 Os estudos acerca desse fenômeno nas relações de trabalho iniciaram-se a partir das investigações difundidas por Heinz Leymann, pesquisador em Psicologia do Trabalho, que em 1984 publicou um ensaio científico pelo National Board of Occupational Safety and Health in Stokolm , sendo o pioneiro a descrever as conseqüências do denominado mobbing na esfera da neuropsíquica da pessoa exposta a humilhações e hostilidades no ambiente do trabalho(GUEDES, 2003, p. 34). Leymann (2000) qualifica o mobbing como terror psicológico ou psicoterror, no qual a vítima é submetida a um processo de invasão sistemática de seus direitos, conduzindo-a a exclusão do mercado de trabalho, pois torna a vítima incapaz de encontrar um emprego, devido aos desgastes psicológicos suportados no ambiente de trabalho anterior.
 A partir da difusão dos estudos de Leymann , pesquisas sobre a violência psicológica no trabalho passaram a ser realizadas em toda a Europa.
 Na França, a psicanalista e vitimologa Marie- Francie Hirigoyen foi quem primeiro divulgou e denunciou o fenômeno do assédio moral no trabalho, por meio de sua obra Assédio moral: a violência perversa do cotidiano, publicada no ano de 2000, hoje na 9ª edição 2017 , na qual debate a questão a partir de relatos de casos reais, abordando a perversidade do agressor, as condutas que tipificam o assédio e as consequências na saúde da vítima.
 Essa obra causou impacto, ganhando proporções internacionais, na Europa e fora dela: vários países passaram a produzir leis visando coibir o assédio moral no trabalho, e passou a haver maior conscientização dos trabalhadores, resultante, em grande parte, pela atuação dos sindicatos, a exemplo dos trabalhadores franceses que deflagraram greves para exigir respeito à dignidade contra o assédio moral, a partir da difusão dos estudos de Hirigoyen (FERREIRA, 2004, p. 40; GUEDES, 2003, p. 29). 
 Com a amplitude alcançada pela primeira obra, Hirigoyen publicou em 2002 seu segundo livro Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral, para dissipar as dúvidas envolvendo a definição do assédio moral, relevando a importância da diferenciação com as demais situações, a fim de não banalizar as situações de 
assédio moral.
 No Brasil, o assédio moral passou a ser relevante juridicamente desde 1988, quando a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88) inseriu a defesa da personalidade como um dos direitos fundamentais do homem e tornou jurídico o dano moral (FONSECA, 2003, p. 675).
 No entanto, a discussão sobre o tema ainda é tímida, a despeito da existência do fenômeno em larga escala. A primeira pesquisa sobre humilhações no trabalho foi realizada pela médica do trabalho Margarida Maria Silveira Barreto, pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), por meio da dissertação de mestrado denominada Uma jornada de humilhações , defendida em 2000, que resultou na publicação da obra intitulada Violência, saúde e trabalho , em 2006. A pesquisa aconteceu dentro de um sindicato, o Sindicato de Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Plásticas, Farmacêuticas, Cosméticos e Similares de São Paulo, onde foram entrevistados 1.311 homens e 761 mulheres. Os entrevistados que relataram vivências de constrangimentos e desqualificações, demonstraram sentimentos de humilhação, que foi achave da pesquisa de Barreto (2006, p. 29).
 Atualmente, diante de sua importância e relevância nas relações de trabalho, médicos, psicólogos, administradores, sindicatos, profissionais juslaboralistas, em nível mundial, começam a voltar seus estudos para esse grave fenômeno, demonstrando a preocupação das diversas áreas do conhecimento, para com a efetiva tutela dos interesses das pessoas envolvidas nessa relação. Ao longo da história da Humanidade, o trabalho sofreu mudanças conceituais a valorização ética do trabalho humano, e, foi perdendo sua substância. 
 Essa realidade, caracterizada pela competitividade empresarial a qualquer custo, muitas vezes sem limites éticos, pelo excesso de oferta de mão-de-obra e pela redução dos postos de trabalho, constitui cenário perfeito para a disseminação do assédio moral. Nesse contexto, práticas de assédio moral são deflagradas através de condutas abusivas que, “por sua reiteração, ocasionam lesões à dignidade, integridade física e psicológica da pessoa, econseqüentemente a degradação do ambiente de trabalho” (CAVALCANTE; JORGE NETO, 2005, p. 2).
 Hirigoyen (2006, p. 107-138), a partir de seus casos clínicos, observou que o assédio moral se estabelece nos seguintes estágios: a sedução perversa, a comunicação perversa e a violência perversa. Nem sempre segue essa sequência, algumas vezes também não é realizado todos os atos , mas, o efeito continua sendo estrondoso a quem sofre o assédio moral, seja praticado por qualquer parte hierarquica.
 Alkimin (2005, p. 63) salienta que o assédio moral cometido pelo empregador ou superior hierárquico implica descumprimento da obrigação contratual e geral do respeito à dignidade da pessoa do trabalhador. Assim, deve se abster dessa prática, sob pena de o empregado buscar como proteção jurídica a despedida indireta, nos termos do art. 483, da CLT.
 Quando se fala que a relação entre empregado e empregador é de subordinação, não se refere a total liberdade do empregador, pelo contrário, a subordinação se limita unicamente para a direção do trabalho, tendo um campo de atuação bem especifico, que não pode fugir das atividades laborais deixando claro que não existe qualquer tolerância em relação a abusos psíquicos ou físicos praticados contra o trabalhador, sendo que nossa legislação, principalmente as normas especificas do direito do trabalho, são rigorosas no sentido de punir agressores. fazendo -se necessário entender o que de fato é assédio moral nas relações de trabalho.
 Como pode ser verificado o conceito é amplo e determina que qualquer ação que tenha por objetivo afrontar a dignidade da pessoa humana do trabalhador é considerada como assédio moral e passível de indenização por dano moral e material, além das implicações de cunho criminal .O assédio moral no trabalho é usualmente entendido como qualquer conduta abusiva, podendo ser realizado por gesto, palavras, comportamento ou atitude que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa , existe também a discriminação que consiste na distinção, exclusão ou preferência, com base, por exemplo, em raça, cor, sexo, religião, nacionalidade ou origem social, que reflita nas oportunidades de trabalho.

Continue navegando