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Resumo Direito Administrativo

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Resumo Direito Administrativo 
Objetivo: Anotar os principais pontos das doutrinas em direito administrativo 
Referência: Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo – José dos Santos Carvalho Filho 
– Maria Sylvia Zanella di Pietro 
Capítulo I: Introdução do Direito Administrativo 
1) Conceito de Estado 
- Instituição organizada, política, social e juridicamente dotada de personalidade jurídica 
própria de Direito Público, submetida à Constituição e a um governo soberano. 
- Estado – enquanto soberano – possui para sua existência e reconhecimento: 
• Governo: Elemento condutor das atividades 
• Povo: Representa o componente humano e para quem as atividades do governo 
são desenvolvidas 
• Território: Espaço físico 
- Somando esses elementos temos que o Estado é o RESPONSÁVEL pela organização e 
controle social, já que a ele cabe gerir conflitos e usar [de maneira exclusiva] a força. 
ATENÇÃO: Ainda que o Estado atue no direito privado, ele sempre manterá a qualidade 
de Pessoa Jurídica de Direito Público. 
2) Poderes do Estado 
- Tripartição de funções do Estado 
- Função dividida entre poderes devidamente organizados: [art. 2º CF/88] 
- Independentes e harmônicos entre si 
• Poder Judiciário 
• Poder Legislativo 
• Poder Executivo 
- Cada Poder exercer uma função [atividade] principal [típica] e também uma função 
[atividade] secundária [atípica] 
- Indica que, em nosso ordenamento jurídico, a tripartição dos poderes não tem caráter 
absoluto 
3) Administração Pública 
- Duas definições: 
• Sentido Formal / Orgânico / Subjetivo: Conjunto de órgãos e agentes estatais no 
exercício da função administrativa, independente do poder a qual pertençam 
• Sentido Material / Objetivo: [administração pública MINÚSCULO]: Atividade 
administrativa exercida pelo Estado, ou seja, a própria concretização do interesse 
público. 
- Quatro tarefas precípuas da Administração Pública 
• Poder de Polícia: Função ordenadora, limitando e condicionando o exercício da 
liberdade e propriedade privada em favor do interesse público. 
 
• Prestacional: Prestação de serviços públicos, atribuindo ao Estado funções 
positivas de fornecer água, transporte coletivo, energia elétrica, saúde, educação. 
 
• Regulatória ou Fomento: Incentivo a setores sociais específicos, estimulando a 
ordem social e econômica para fins de crescimento e desenvolvimento do país. 
 
• Controle: Poder-dever atribuído ao próprio Estado para verificar a correção e 
legalidade de atuação dos seus próprios órgãos. 
4) Direito Administrativo 
- Direito Público que tem por objeto principal a regulação dos interesses da sociedade 
como um todo, compondo-se de normas que visam disciplinar as relações jurídicas que o 
Estado aparece como parte. 
• Objetivo GERAL: Tutela do interesse público. 
• Possuem prerrogativas 
- Por isso que há desigualdade nas relações jurídicas regidas pelo Direito Administrativo, 
já que há uma prevalência dos interesses públicos em relação ao privado. 
- Sempre que houver choque ou conflito de interesses, os interesses da coletividade devem 
prevalecer sobre os interesses particulares individualmente considerados. 
4.1) Critérios para definição do Direito Administrativo 
- Corrente Legalista: [Exegética] Conjunto da legislação administrativa existente no país. 
Portanto, se limitava a compilar as leis existentes no país. 
- Critério “Poder Executivo”: Direito Administrativo estaria restrito a atuação do Poder 
Executivo. 
- Critério “Relações Jurídicas”: Definia o ramo do direito pela relação entre a 
administração pública e o particular. 
- Critério “Serviço Público”: Objeto os serviços prestados pelo Estado a toda coletividade; 
aqueles necessários para coexistência dos cidadãos. [insuficiente] 
- Critério “Teleológico ou Finalístico”: Princípios jurídicos que regulam as atividades do 
Estado para o cumprimento [alcance] dos seus fins. 
- Critério “Negativista”: Seria pertinente ao Direito Administrativo tudo que não 
pertencesse a nenhum outro ramo do direito [definição por exclusão] 
- Critério “Funcional”: Estuda e analisa a função administrativa exercida pelos três 
Poderes ou por particular, mediante autorização / delegação estatal. 
• CONJUNTO HARMÔNICO DE PRINCÍPIOS JURÍDICOS 
o Depende do embasamento jurídico, principiológico, já que a disciplina é 
orientada pelos princípios que a sustentam. 
• QUE REGEM OS ÓRGÃOS, AGENTES, ATIVIDADES PÚBLICAS 
o Ordenar as atividades institucionais de seus órgãos, determinando a 
estrutura orgânica e de pessoal. 
• TENDENTES A REALIZAR CONCRETA, DIRETA E IMEDIATAMENTE OS 
FINS DESEJADOS PELO ESTADO 
o Deve buscar concretizar os fins desejados pelo Estado, sendo que compete 
ao Direito Constitucional definir quais são esses fins. 
o Constituição define de maneira ABSTRATA – Direito Administrativo 
busca entender a maneira de CONCRETIZAR a previsão legal 
5) Fontes do Direito Administrativo 
- Lei: Desenvolvido em estrutura hierarquizada, portanto, todas as normas têm que estar 
de acordo e fundamentadas na Constituição, respeitando sua posição no ordenamento 
jurídico 
- Jurisprudência: Reiteração dos julgados dos órgãos do Poder Judiciário, orientando a 
forma de interpretar determinada matéria 
• Súmulas Vinculantes: Validar, interpretar e conferir eficácia de normas que haja 
controvérsia entre os órgãos judiciários e que possa acarretar insegurança jurídica 
e multiplicação de processos sobre questões idênticas 
• Precedentes 
- Doutrina 
- Costumes 
- Princípios gerais do direito 
- Tratados Internacionais 
• Após incorporação no país 
o Art. 84: Competência do Presidente da República celebrar tratado 
o Art. 49, I: Competência do Congresso Nacional resolver sobre o tratado 
6) Interpretação do Direito Administrativo 
- Observância de três pressupostos para interpretação das normas, atos e contratos 
vinculados ao Direito Administrativo 
• Desigualdade Jurídica entre Administração e administradores 
o Prevalência do interesse público sobre o privado 
o Prevalecer o interesse da coletividade sempre que em conflito com direitos 
individuais 
• Presunção de legitimidade dos atos da administração 
o Pressupõe que quem os realiza tem a competência, autorização para fazê-
lo 
• Poderes discricionários para Administração atender interesse público 
o Não é possível prever a necessidade e os acontecimentos para normatizar 
o É preciso conferir liberdade a quem realiza atividade para melhor alcançar 
o interesse da coletividade, dando liberdade para uma melhor atuação ante 
a cada situação concreta vivenciada pela Administração Pública 
7) Sistemas de Controle de Atuação Administrativa 
- Sistema Francês [Contencioso Administrativo] 
• Justiça Comum não tem legitimidade para apreciar atividade da administração 
• Atuação do Poder Judiciário é restrita a litígios que não envolvam a atuação da 
Administração Pública 
- Sistema Inglês [Jurisdição Única] 
• Poder Judiciário é o único que pode dizer o direito aplicável ao caso litigioso de 
forma definitiva, com força de coisa julgada material 
o Art. 5º, XXXV: Lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão 
ou ameaça a direito. 
Formação de coisa julgada administrativa não impede ou obstaculiza decisão judicial 
acerca da matéria, desde que seja provocado a atuar. 
- Não há necessidade de esgotar as instâncias administrativas 
• Exceção: Art. 217, § 1º: Só admitirá ações relativas à disciplina e às competições 
desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo II: Regime Jurídico Administrativo 
1) Definição 
- Atingir os fins desejados pelo Estado de forma direta, concreta e imediata. 
- O regime jurídico administrativo é o que a doutrina define como conjunto harmônico de 
princípios 
- No direito Administrativo estudar e compreender os princípios é fundamental: 
• Inspiram o modo de agir de toda administraçãopública 
• Representam a conduta do Estado no exercício de suas atividades 
- Regime jurídico é o conjunto harmônico de princípios que orienta a atuação do ente 
público, baseando-se em limitações e prerrogativas em face do interesse público. 
- Os princípios estão expostos na Constituição – Portanto – Princípios Expressos 
- Outros princípios são construções dos estudiosos do direito administrativo [doutrina] 
2) Princípios e Regras 
- Princípios podem ser entendidas como normas gerais coercitivas, haja vista que a 
atuação do indivíduo é orientada por eles, bem como, são utilizados como parâmetro das 
condutas a serem praticadas. 
• Princípios são as ideias centrais de um sistema e garantem o sentido lógico e 
harmonioso, organizando e definindo a forma de atuar do ente estatal. 
- Regras tem relação com uma situação concreta e estabelece a atuação do indivíduo 
diante dela. 
• Em vista de determinado acontecimento, aplica-se a regra Y. 
- Quando se tem duas regras sobre o mesmo tema, nasce uma antinomia, devendo uma 
delas ser retirada do ordenamento jurídico. 
• Não é admitido duas ou mais regras coexistindo. 
- Em contrapartida, quando há conflito de princípios, ambos podem coexistir, já que 
conflito entre princípios não implica em desobediência. 
• Como princípios não tem aplicação direta, mas são utilizados para valorar a atual 
estatal em determinadas situações específicas, a escolha pela aplicação de um 
determinado princípio em detrimento de outro não retira a norma afastada do 
ordenamento jurídico. 
- Dentro dos princípios e regras estabelece-se o conteúdo do regime jurídico 
administrativo 
• Atuação deve orientar pela busca do interesse público 
o Primário: Composto pela necessidade da sociedade, dos cidadãos 
enquanto partícipes da coletividade, não se confundindo com a vontade da 
máquina estatal. 
o Secundário: Instituição de meios para poder concretizar e executar a 
atividade pública. 
▪ Aqui representado pelos próprios interesses do Estado. 
- Como a necessidade da sociedade [cidadãos] é o que deve nortear a atividade pública, 
do interesse público primário nasce dois princípios basilares da administração pública: 
• Supremacia do interesse público sobre o interesse privado 
• Indisponibilidade do interesse público pelos administradores do Estado 
2.1) Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado 
- Interesse público é supremo sobre o interesse particular e todas as condutas estatais tem 
como finalidade a satisfação das necessidades coletivas 
• Estado [enquanto representante da coletividade] tenha um status especial frente 
ao particular 
- Supremacia do interesse público é vista como peça fundamental para o estabelecimento 
da condição do convívio social. 
• Estabelecer a impenhorabilidade dos bens públicos 
• Determinar um regime especial de pagamento de débitos judiciais 
• Estruturar um Poder de Polícia, limitando direitos e garantias individuais na busca 
do interesse da coletividade. 
- A supremacia não é absoluta, haja vista que pode existir excessos cometidos por parte 
dos agentes públicos 
• Excessos serão corrigidos por intermédio de ações constitucionais, por exemplo: 
o Habeas corpus [ofensa a liberdade de ir e vir] 
o Habeas data [violação ao direito de informação] 
2.2) Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público 
- Define limites da atuação administrativa e decorre do fato da imposição de limites ao 
administrador, mostrando os critérios que orientam suas condutas 
• Tutela a orientação de que os bens e interesses não estão entregues de maneira 
absoluta, ou seja, não se encontram à livre disposição da vontade do administrador 
• Aqui há um contrapeso ao princípio da supremacia estatal 
- Limita a atuação dos agentes públicos, evitando o exercício de atividades com a intenção 
de buscar vantagens individuais. 
1. Supremacia: Prerrogativa que o Estado tem para satisfazer as necessidades 
coletivas 
2. Indisponibilidade: Limitação à supremacia do interesse público, voltadas a ter 
atitudes que são amparadas pelo próprio interesse coletivo, visando evitar 
condutas distorcidas. 
 
3) Princípios de Direito Administrativo 
- Princípios são normas orientadoras de conduta do agente público 
- Art. 37, caput, CF/88: LIMPE [ Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade, 
Eficiência] 
3.1) Princípios da Legalidade 
- Decorre da existência do Estado de Direito como uma Pessoa Jurídica responsável por 
criar direito, no entanto submissa ao ordenamento jurídico por ele mesmo criado e 
aplicável a todos os cidadãos. 
• Sujeição ou Subordinação: Pessoas, Órgãos ou Entidades às prescrições emanadas 
do Legislativo, Executivo ou Judiciário. 
o Particular: ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em 
virtude de lei 
o Agente Público: Só é possível fazer o que a lei autoriza ou determina, 
portanto, não pode praticar condutas sem que haja embasamento legal 
específico. 
- É na lei que a atividade administrativa encontra seu fundamento e seu limite de validade 
3.2) Princípio da Impessoalidade 
- Deve-se pautar pela busca dos interesses da coletividade, não visando a beneficiar ou 
prejudicar ninguém em especial 
- Ao Estado, é irrelevante conhecer quem será atingido pelo ato, pois sua atuação é 
impessoal 
• Tratar a todos sem favoritismos, perseguições, simpatias ou animosidades 
políticas ou ideológicas 
- Não haverá mudança de comportamento em razão da pessoa ser beneficiada ou 
prejudicada pelo ato administrativo 
• Art. 37, § 1º - Utilização na publicidade dos atos do governo 
- Em virtude do princípio da impessoalidade, o STF interpreta sob a ótica do agente 
público, ou seja, quando está atuando, não é ele enquanto pessoa que atua, mas sim o 
Estado. 
- Por conta dessa interpretação, o STTF tem determinado que o dano causado por um 
agente público a terceiros enseja a possibilidade de propor ação em face do Estado com 
objetivo de ter eventuais prejuízos reparados. Tanto que não se admite ajuizamento da 
ação em face do agente público diretamente. 
3.3) Princípio da Moralidade 
- Princípio exige honestidade, lealdade, boa-fé de conduta no exercício da função 
administrativa. 
 
• Atuação não corrupta dos gestores 
• Obrigatoriedade de observância dos padrões éticos 
o Serve para orientar a função pública em favor da coletividade 
3.4) Princípio da Publicidade 
- Proíbe a edição de atos secretos pelo poder público 
- Administração deve atuar de forma plena e transparente. A administração não age em 
nome próprio e por isso nada mais justo que o maior interessado – cidadão – tenha acesso 
ao que acontece com seus direitos 
• Finalidade do princípio da publicidade é conhecimento público acerca das 
atividades praticadas no exercício da função administrativa. 
• Forma de controle da Administração pelos cidadãos 
- Além de servir como forma de controle, a publicidade funciona como requisito de 
eficácia dos atos administrativos 
• Atos não produzem efeitos em relação à sociedade antes de garantida sua 
publicidade 
Ex: Gestor público assina ato na repartição proibindo que se estacione em determina via. 
• Assinatura: perfeito e válido, mas sua eficácia depende da publicação para que se 
torne de conhecido dos particulares sujeitos à referida norma. Portanto, enquanto 
não for colocada uma placa que sinalize a vedação do estacionamento, os cidadãos 
poderão estacionar livremente. 
Ex: Controle de velocidade em frente à Prefeitura Municipal. 
- PUBLICIDADE é diferente de PUBLICAÇÃO 
• Publicidade: É o ato de tornar público. 
• Publicação: É uma das formas de conferir publicidade. 
Lembrete: Princípio não é absoluto 
- Sigilo é exceção. 
- Publicidade é preceito [norma] geral 
1) Segurança nacional e relevante interesse coletivo 
2) Inviolabilidade da vida privada, imagem das pessoas, honra e intimidade. 
- Mantém-se o sigilo sempre que a publicidade dos atos for de encontro a alguma destasgarantias constitucionais. 
3.5) Princípio da Eficiência 
- Eficiência é produzir bem, com qualidade e com menos gastos. 
- Uma atuação eficiente, indica um bom desempenho funcional, melhora os resultados e 
diminui o desperdício. 
- Art. 41 – CF/88 
• Cria a avaliação periódica de desempenho dos servidores, mesmo depois de 
adquirir a estabilidade, com claro intuito de concretizar o princípio da eficiência. 
o Quando permito que usuários da administração pública apresente 
reclamações relativas à prestação dos serviços 
- Princípio da Ampla Defesa e Contraditório 
3.6) Princípio da Continuidade 
- Prestação ininterrupta da atividade administrativa. 
- Não comporta falhas ou interrupções já que muitas necessidades da sociedade são 
inadiáveis 
Perguntas: 
1) O servidor público tem direito de greve? 
- Greve poderia interromper ou tornar inviável a execução de serviços públicos. 
- Art. 142, § 3º VEDA expressamente GREVE aos Militares, bem como sua 
sindicalização. 
• Com base nessa orientação, policiais civis, servidores públicos que atuem 
diretamente na área da segurança pública não tem direito a greve 
o Forças Armadas 
o Polícia Civil e Militar 
o Bombeiro Militar 
o Agentes Penitenciários 
- Art. 37, VI permite que servidor público civil tem direito a GREVE e a 
SINDICALIZAÇÃO 
• Termos e condições estabelecidos em lei específica 
• É uma norma de eficácia limitada, depende de edição de lei específica para que 
seja efetivado o direito 
- Inconstitucionalidade por OMISSÃO 
• STF entendeu que enquanto não houver lei específica, para que não haja prejuízos 
a direito constitucional em decorrência da omissão legislativa, será aplicado a lei 
7.783/89, que é a lei geral de greve. 
 
2) Interrupção de serviço por inadimplemento do usuário 
- Lei 8987/95 – Art. 6º, § 3º 
- Não haverá caracterização de descontinuidade do serviço em situação de emergência 
ou após aviso prévio 
• Motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações 
• Inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade 
- Inadimplemento do usuário Vs Interesse Coletivo 
• Será ilegal a paralisação de determinado serviço público por inadimplemento do 
usuário, caso enseje a interrupção de um serviço essencial à coletividade 
o Concessionária determina o corte no fornecimento de energia elétrica de 
um hospital em virtude do inadimplemento 
- Interrupção do serviço será prejudicial ao interesse da coletividade e não pode subsistir, 
em garantia ao princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, 
impedindo que priorizem os direitos do prestador do serviço em detrimento das 
necessidades coletivas 
3.7) Princípio da Autotutela 
- Administração Pública possui o controle dos seus atos e ela pode revê-los para trazer 
regularidade às suas condutas 
• Anular: Quando o ato for ilegal 
• Revogar: Quando inoportuno ou inconvenientes 
3.8) Princípio da Proporcionalidade 
- Equilíbrio entre o ato praticado e os fins a serem alcançados 
- Tem claro intuito de evitar abusos, indicando a observância da adequação, necessidade 
e proporcionalidade 
• Haverá, portanto, um questionamento se aquele ato é realmente necessário ou se 
existe medida menos danosa que atenda ao fim almejado. 
3.9) Princípio da Motivação 
- Indicar os pressupostos de fato e de direito que determinam a prática daquele ato. 
• Demonstrar à sociedade as razões pelas quais o poder público atuou de 
determinada maneira 
• Indicar, na legislação vigente, as normas que amparam sua decisão 
3.10) Princípio da Isonomia 
- Veda tratamento diferenciado às pessoas por motivos de índole pessoal 
- Objetivo é garantir tratamento padronizado nas condutas do Estado 
• Entretanto, isso não impede o Estado de agir de maneira diferenciada como forma 
de igualar juridicamente aqueles que são desiguais faticamente 
- Significa dizer que a isonomia permite o estabelecimento de garantias a determinados 
grupos socialmente prejudicados como forma de diminuir as desigualdades em relação ao 
restante da coletividade 
• Restrição de idade, para ingresso em cargo público, somente se justifica se 
necessária ao exercício da função e cargo a serem preenchidos. 
- Manifestação da Isonomia: Programa do governo que visa incluir alunos afros e egressos 
de escola pública nas universidades públicas. 
 
Capítulo III: Poderes Administrativos 
1) Introdução 
- Busca do interesse coletivo 
• Necessidade de algumas prerrogativas e poderes para instrumentalizar essa 
atuação 
o Prerrogativas e limitações a que o ente público está submetido 
- Facilidades para o exercício de suas atividades 
• Mecanismos ou instrumentos de trabalho por meio dos quais os órgãos e entidades 
administrativas executam suas tarefas e cumprem suas funções 
- Poderes irrenunciáveis 
• Não pode dispor livremente do exercício de suas funções 
• Exercício legítimo 
o Ambos são instrumentos para buscar o interesse público por parte do 
Estado 
o Satisfação do bem comum 
1.1) Uso e abuso de Poder 
- Se o exercício desses Poderes ultrapassar o caráter da instrumentalidade, ou seja, praticar 
os atos além dos limites necessários, ocorrerá abuso de poder. 
• Praticar ato que extrapola a competência legal 
• Ato que visa finalidade diversa daquela estipulada pela legislação 
o Comissiva: Praticar fora dos limites 
o Omissiva: Deixar de exercer atividade imposta por lei no exercício dos 
deveres 
- Abuso de poder 
• Excesso de poder: Atuar fora dos limites de sua competência 
o Prática atos não previamente estipulados por lei 
o Vício de competência – Torna ato nulo 
• Desvio de poder: Atua dentro dos limites de sua competência 
o Visa alcançar outra finalidade 
o Vício nos elementos – Torna o ato anulável 
- Em desvio de poder, eu respeito o interesse público [construção de uma rodovia] mas 
não respeito a finalidade específica da lei [quando quero beneficiar um amigo ou 
prejudicar um desafeto] 
 
2) Discricionariedade e Vinculação 
- Agente público tem grau de liberdade de atuar 
• Em alguns casos, a lei vai permitir ao agente possibilidades de escolha dentro dos 
limites estabelecidos pela lei 
- Ato vinculado, quando a lei estipular todos os elementos do ato a ser praticado 
- Ato discricionário, quando a lei conferir liberdade, possibilidade de escolha ao agente 
2.1) Poder vinculado 
- Poder que liga, prende-se, atar-se 
- Que todos os atos são previstos de forma objetiva, portanto, só há uma conduta possível 
a ser tomada 
• [Exemplo] A legislação estabelece que a licença para construção deve ser 
concedia se a parte cumprir requisitos. Caso cumpra os requisitos objetivos 
estipulados, o cidadão tem direito à concessão da licença. 
2.2) Poder discricionário 
- Administrador está subordinado à lei 
• A própria lei confere margem ao administrador – diante do caso concreto – a 
solução mais adequada 
o Conveniência e oportunidade 
o Dentre várias possibilidades, ele vai determinar a conduta que melhor se 
adeque ao caso concreto 
- Discricionariedade é DIFERENTE de arbitrariedade 
• [Exemplo] Determinada norma da polícia estabelece que passeatas devem ser 
dissolvidas em caso de tumulto. 
o Lei – dissolver passeata 
o Discricionariedade – caso de tumulto 
▪ O que é tumulto? 
▪ Tumulto será estabelecido por um juízo subjetivo do agente 
público, ou seja, vai depender do caso concreto. 
 
3) Controle Judicial da Atividade Administrativa Discricionária 
- Poder Judiciário não pode e não deve substituir a decisão do administrator, não podendo 
fazer análise do interesse público, portanto, não pode julgar o mérito administrativo 
discricionário 
3.1) Poder Normativo ou Poder Regulamentar 
- Poder para expedir mecanismos de normas complementares à lei 
• Lei: Inova o ordenamento jurídico, portanto, cria ou extingue direitos e deveres. 
• Regulamentos: Expedido por meio de decretos 
o Objetivo complementar a lei, dizer a maneira como aquelalei deverá ser 
cumprida. 
3.2) Poder Hierárquico 
- Atribuição concedida ao administrador para organizar, distribuir e principalmente 
escacholar as funções dos órgãos 
• Estruturação interna 
• Não há hierarquia entre pessoas jurídicas diferentes 
o Hierarquia só se manifesta de uma mesma pessoa jurídica 
- ATENÇÃO: Em que pese haver controle e fiscalização dos órgãos entre si, isso não 
caracteriza relação de hierarquia ou subordinação 
- Dentro da organização, há possível de atribuições por: 
• Avocação: Tomada temporária de competência legalmente atribuída a um agente 
subordinado, por outro agente de hierarquia superior. 
• Delegação: Extensão de atribuições de um órgão a outro de mesma hierarquia ou 
hierarquia inferior, desde que não sejam exclusivas. 
o Não é transferência, mas extensão ou ampliação da competência, portanto, 
aquele que delega não perde a competência 
- Delegação terá uma cláusula de reserva, indicando que a parte delegada atuará de forma 
restritiva em relação àquilo que foi delegado. 
3.3) Poder Disciplinar 
- Aplicação de sanções àqueles que estejam sujeitos à disciplina do ente estatal 
• Apuração de infrações dos servidores 
• Visando aprimorar a prestação do serviço público punindo a atuação em 
desconformidade com a lei ou má utilização do dinheiro público 
- Poder disciplinar é um sistema punitivo interno do órgão, portanto, não pode ser 
confundido com o sistema penal. 
• Como não se confunde, não impede que haja sanção na esfera penal e civil. 
• A decisão do processo administrativo não influencia julgamento na esfera cível 
ou criminal. 
o Porém, a decisão na esfera criminal, que decorra de inexistência do fato 
ou negativa de autoria, implica absolvição AUTOMÁTICA na esfera 
administrativa. 
3.4) Poder de Polícia 
- Restrições e limitações ao exercício da liberdade individual 
• Exercício dos direitos e garantias aos particulares deve ser feito em adequação ao 
interesse público. 
• Cria-se formas de exercer o direito, estabelecendo restrições e adequações 
- Restrição do exercício de garantias privadas em razão da busca do interesse coletivo 
• Preventivo: Indicam disposições genéricas, através de portarias e regulamentos, 
nos atos que disciplinam horário de funcionamento de estabelecimentos, proíbem 
desmatar área de proteção ambiental, soltar balões, etc; 
• Repressivo: Praticar atos específicos, visando o estrito cumprimento da lei. Ex: 
dissolver passeata tumultuosa; 
• Fiscalizadora: Previne eventuais lesões. Ex: vistoria de veículos; liberação de 
estabelecimento pelo corpo de bombeiros. 
3.5) Natureza dos atos de polícia 
- Poder negativo 
• Exige abstenções 
o Obrigações de não fazer 
o Tolerar 
- Entendimento moderno: Poder negativo pode implicar em ato positivo 
• Obrigação de fazer 
o Ente público notifica proprietário exigindo dele uma atuação no sentido 
de conferir função social à sua propriedade urbana, não configurando 
hipótese de abstenção de fato. 
3.6) Atributos do Poder de Polícia 
- Discricionariedade 
• Compreendida como a liberdade estabelecida em lei ao administrador para decidir 
perante o caso concreto 
- Autoexecutoriedade 
• Administração pode executar suas próprias decisões sem interferência do Poder 
Judiciário. 
o Contraditório diferido [diferenciado]: Em algumas situações específicas e 
extraordinárias, para garantir o interesse público, pode a administração 
praticar ato de polícia, de forma a impedir prejuízo à coletividade, 
conferindo o direito de defesa APÓS A PRÁTICA do ato. 
Ex: Prédio que está em péssimo estado de conservação, ameaçando cair. Ente estatal 
determina sua demolição e, posteriormente, permite ao proprietário defender-se. 
- Coercibilidade 
• Torna o ato obrigatório, ou seja, deve ser obedecido independente da vontade do 
administrado, caso em que a administração pode usar de meios indiretos de 
coerção para cumprir a determinação.

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