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RESUMO Administrativo

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Direito Administrativo
1.0. Conceito
Rege a organização e o exercício das atividades do Estado e se direciona na busca dos interesses da coletividade. É o conjunto das normas jurídicas de direito público que disciplinam as atividades administrativas necessárias à realização dos direitos fundamentais e a organização e o funcionamento das estruturas estatais e não estatais encarregadas de seu desempenho.
Ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a administração pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins de natureza pública.
2.0 Sistemas de Controle
2.1. Sistema Francês: 
Também conhecido como sistema do contencioso administrativo, ou sistema da dualidade de jurisdição, é aquele que proíbe o conhecimento, pelo poder judiciário, de atos ilícitos praticados pela Administração Pública, ficando esses atos sujeitos à chamada jurisdição especial do contencioso administrativo, formada por tribunais de natureza administrativa.
 	Subdivide-se em:
a) A jurisdição administrativa: Formada pelos tribunais de natureza administrativa, com plena jurisdição em matéria administrativa, que, na França, é representada pelo Conselho de Estado.
b) Jurisdição Comum: Formada pelos órgãos do poder judiciário, com competência para resolver os demais litígios que não envolvam atuação da Adm. Pública.
2.2. Sistema Inglês:
Também conhecido como sistema de jurisdição única, ou sistema da unicidade de jurisdição, é aquele no qual todos os litígios, sejam eles administrativos ou privados, podem ser levados à justiça comum, ao judiciário, este único com competência para dizer o direito aplicável aos casos litigiosos, de forma definitiva, com força de coisa julgada material.
A adoção do sistema uno não implica a vedação à existência de solução de litígios na esfera administrativa. A administração pública tem poder para efetivar a revisão acerca dos seus atos, independentemente de provocação de qualquer interessado.
3.0. Princípios
	Princípios são normas gerais coercitivas, que orientam a atuação do indivíduo, definindo valores a serem observados nas condutas por ele praticadas. Os princípios de direito administrativo definem a organização e a forma de atuar do ente estatal, estabelecendo o sentido geral de sua atuação.
	As regras, se caracterizam por disposições que definem a atuação do indivíduo diante de determinada situação concreta. 
4.0. Interesse Público Primário e Secundário
	Primário é composto pelas necessidades da sociedade, ou seja, dos cidadãos enquanto partícipes da coletividade, não se confundindo com a vontade da máquina estatal, a qual configura o interesse secundário. Não obstante sempre atue visando satisfazer as necessidades da coletividade, o poder público tem personalidade jurídica própria e, por isso, tem seus interesses individuais. 
	Note-se que a busca indevida de interesses secundários abrindo mão do interesse primário enseja abuso de poder do Estado. 
	Sendo assim, o interesse primário seria equivalente ao interesse do indivíduo desta sociedade e, o segundo, os anseios, necessidades do Estado como sujeito de direito. Em caso de conflito entre estes interesses, prevalecerá o interesse o público primário.
5.0. Supremacia do interesse Público sobre o Privado
	Todas as condutas estatais têm como finalidade a satisfação das necessidades coletivas. Atribui um status especial ao Estado frente ao particular razão pela qual, vige a presunção de legalidade dos atos praticados pelas entidades do Estado.
5.1. Indisponibilidade do Interesse Público
	Define os limites da atuação administrativa e decorre do fato de que a impossibilidade de abrir mão do interesse público deve estabelecer ao administrador os seus critérios de conduta. È encarecer que na administração, os bens e interesses não se acham entregues à livre disposição da vontade do administrador. Antes, para este, coloca-se a obrigação, o dever de curá-los nos termos da finalidade a que estão adstritos.
	São, ambos princípios, que podem ser resumidos como prerrogativas que o Estado goza para satisfazer as necessidades coletivas, assim como nas limitações a que o Estado se submete para evitar distorções de condutas. A administração só pode atar dentro do limite do interesse Público.
6.0 Princípios de Direito administrativo
6.1. Legalidade:
Expressa a sujeição ou subordinação das pessoas, órgãos ou entidades às prescrições emanadas do legislativo, executivo e judiciário. Com efeito, o administrador somente pode atuar conforme determina a lei. No direito administrativo se aplica o princípio da subordinação à lei. 
Tal princípio é corolário da regra da indisponibilidade do interesse público, visto que o administrador não pode atuar de forma a dispor do interesse público e, portanto, sua atuação fica dependendo da autorização do titular do interesse público.
6.2. Impessoalidade
A atuação do agente público deve-se pautar pela busca dos interesses da coletividade, não visando beneficiar ou prejudicar ninguém, ou seja, reflete a necessidade de uma atuação que não discrimina as pessoas, seja pra benefício ou para prejuízo.
Somente pessoas jurídicas de direito público, ou privadas que prestem serviço público, é que poderão responder, objetivamente, pela reparação de danos a terceiros. Isto por ato ou omissão dos agentes respectivos, agindo estes na qualidade de agentes públicos, e não como pessoas comuns. 
6.2.1 Intranscendência
O princípio da intranscendência subjetiva das sanções, consagrado pelo STF, inibe a aplicação de severas sanções a entidades federativas por ato de gestão anterior à assunção dos deveres públicos. Deve-se evitar a aplicação de penalidades à Administração Pública que possam dificultar a governabilidade do novo gestor caso haja irregularidades decorrentes das gestões anteriores. 
6.3 Moralidade
A atuação não corrupta dos gestores públicos, ao tratar com a coisa de titularidade do Estado. Obrigatoriedade da observância a padrões éticos de conduta, para que se assegure o exercício da função pública de forma a atender às necessidades coletivas.
A imoralidade administrativa produz efeitos jurídicos, porque acarreta a invalidade do ato, que pode ser decretada pela própria administração ou pelo Poder Judiciário.
6.4 Publicidade
Proíbe a edição de atos secretos pelo Poder Público. Necessidade de conhecimento público acerca das atividades praticadas no exercício da função administrativa. Ressalvadas as exceções constitucionais e legais, a publicidade sempre será vista como forma de controle da administração pelos cidadãos.
A publicidade é vista ainda como requisito de eficácia dos atos administrativos, definindo que mesmo depois de expedidos regularmente, estes atos não produzem efeitos em relação à sociedade antes de garantida sua publicidade.
Exceções a publicidade: Segurança nacional, relevante interesse coletivo. Art. 23 da lei 12.527/2011.
6.5 Eficiência: 
Se tornou expresso com o advento da EC 19/98. Pode ser considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores resultados; e em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a administração pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação do serviço público.
6.6. Ampla defesa e contraditório
Decorre do devido processo legal. Contraditório parte da premissa de que ninguém pode ser processado e julgado sem ter amplo conhecimento dos fatos relatados nesse processo e dos motivos que deram ensejo a sua instauração. O contraditório permite a participação do interessado na condução do feito.
Para que se garanta o exercício do contraditório de forma regular, é indispensável o respeito ao princípio da igualdade na relação processual.
Não se considera suficiente dar ao cidadão o conhecimento do feito, mas sim, admitir a sua participação com a prática de atos de relevância no curso do procedimento.
No tocante a ampla defesa, estaé indispensável para a concepção de democracia, abarcando o direito de ação e a tutela jurisdicional e administrativa para proteção de direitos dos particulares.
Defesa Técnica: Súmula vinculante 5, “a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo não ofende a CF”.
Defesa prévia: todo o procedimento a ser seguido pela ADM em um processo, bem como todas as penalidades que possam dele resultar, precisa ser de conhecimento prévio do particular interessado, para que seja possível a ele traçar planos e estratégias de defesa.
Ressalve-se que, em situações emergenciais, nas quais o interesse público esteja em perigo, admite-se que a atuação administrativa anteceda a manifestação do particular, situação enquadrada como contraditório diferido, admitido diante da supremacia do interesse público sobre o privado.
Duplo Grau de julgamento. Direito ao recurso administrativo: possibilita a reanálise dos atos praticados pela Administração Pública, por provocação do particular, com a finalidade de evitar que se perpetuem injustiças ou decisões ilegais.
Súmula Vinculante n. 21: “é inconstitucional a exigência de depósito prévio ou arrolamento de bens e dinheiro para a admissibilidade de recurso administrativo”.
Direito à informação: Conhecer o conteúdo das decisões do processo, bem como de seus atos e das provas produzidas.
Súmula Vinculante n. 3: “nos processos perante o TCU asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial da aposentadoria, reforma e pensão”.
Mesmo não sendo parte direta no processo que justificou e motivou a anulação do ato, o particular atingido por essa decisão deve ter o direito de se manifestar previamente, inclusive, com a produção de provas e todos os meio necessários a formar o convencimento do órgão julgador.
6.7. Princípio da Continuidade
	Ideia de prestação ininterrupta da atividade administrativa. A atividade do Estado deve ser contínua, não podendo parar a prestação dos serviços. (art. 6º,§1º da Lei nº 8.987/95). O princípio da continuidade está intimamente ligado ao princípio da Eficiência, haja vista tratar-se de garantia de busca por resultados positivos.
6.7.8. Direito à greve
	O servidor público, em sentido estrito, tem direito à greve e à sindicalização. Ao tratar dos servidores públicos civis, a CF definiu o direito de greve nos termos e condições da Lei específica. Esta possibilidade não se estende aos servidores militares, por vedação constitucional.
	Em relação ao direito de sindicalização, a norma é de eficácia plena. Já quanto ao direito de greve, é norma de eficácia contida, admite aplicação direta mas deverá ser regulada posteriormente por Lei.
	STF pacificou o entendimento de que o direito de greve é de eficácia limitada, ficando o seu exercício limitado à edição de lei específica que o regulamente e, enquanto não for editada a lei, o exercício da prerrogativa será impossível.
	Lado outro, o STF determinou em MI que, enquanto não houver lei específica a regulamentar a greve dos servidores, será utilizada a lei geral de greve (Lei 7.783/89) para o exercício de tal direito.
	STF, “ a administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do poder público”.
6.7.9. Interrupção do serviço por inadimplemento do usuário
	Art. 6ª, §3º não será considerado descontinuidade a interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso quando motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações e, por inadimplemento do usuário, considerando o interesse da coletividade.
6.8 Autotutela
	Súmula 473 “ a administração pode anular seus próprios atos quando eivados de cicios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os caos, a apreciação judicial. 
	A sindicabilidade é, portanto, a possibilidade jurídica de submeter-se efetivamente qualquer lesão a direito e, por extensão, as ameaças de lesão de direito a algum tipo de controle.
6.9. Razoabilidade
	É a qualidade do que é razoável, ou seja, aquilo que se situa dentro de limites aceitáveis, ainda que os juízos de valor que provocaram a conduta possam dispor-se de forma um pouco diversa. Ao extrapolar a razoabilidade, a administração acaba violando a própria legalidade, que, por sua vez, deve pautar a atuação do Poder Público, segundo ditames constitucionais.
6.10. Proporcionalidade
	Visa evitar abusos na atuação de agentes públicos, ou seja, impedir que as condutas inadequadas desses agentes ultrapassem s limites no que tange à adequação, no desempenho de suas funções em relação aos fatos que ensejaram a conduta do estado. Busca-se o equilíbrio entre o ato praticado e os fins a serem alcançados pela Administração Pública.
6.11. Motivação
	É dever imposto ao ente estatal indicar os pressupostos de fato e de direito que determinaram a prática dos atos administrativos. A motivação é indispensável ao controle dos atos administrativos, uma vez que demonstra à sociedade as razões pelas quais o poder público atuou de determinada forma, tornando possível a análise dos cidadãos acerca da legitimidade e adequação de seus motivos.
6.12 Isonomia
	Veda o tratamento diferenciado às pessoas por motivos de índole pessoal, de forma a garantir-se uma padronização de condutas do Estado em relação aos cidadãos. Em um aspecto material, a isonomia justifica tratamento diferenciado como forma de igualar juridicamente aqueles que são desiguais faticamente.
	“o limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º XXX, CF, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido”
6.13. Finalidade
	O alvo a ser alcançado pela administração é somente o interesse público, e não se alcança o interesse público se for perseguido o interesse particular, porquanto haverá nesse caso sempre uma atuação discriminatória.
7.0 PODERES ADMINISTRATIVOS
	São instrumentos concedidos ao Estado e necessários à persecução do interesse coletivo. O exercício dos poderes administrativos está condicionado aos limites legais, inclusive quanto às regras de competência, devendo o agente público ser responsabilizado pelos abusos, sejam eles decorrentes de condutas comissivas ou omissivas.
7.1. ABUSO DE PODER
	Excesso de poder: a autoridade pública atua fora dos limites de sua competência, ou seja, exorbita ou extrapola a competência que lhe foi atribuída, praticando atos que não estão previamente estipulados em lei. É vício de competência, a tornar nulo o ato administrativo.
	Desvio de Poder: Sempre que o agente de Estado praticar o ato, até mesmo dentro dos limites da competência a ele conferida, mas visando alcançar outra finalidade que não àquela prevista em lei. Enseja a nulidade do ato administrativo, em virtude de vício em um dos seus elementos, qual seja a finalidade. É vício subjetivo do agente. 
7.2. DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO
7.2.1. Vinculado
	É aquele que estabelece único comportamento possível a ser tomado pelo administrador diante dos casos concretos, sem nenhuma liberdade para juízo de conveniência e oportunidade. Preenchidos os requisitos legais, o administrador é obrigado a praticar o ato previamente definido pelo diploma normativo que não somente provê como determina a atuação do agente público sempre que a previsão legal se concretizar.
7.2.2 Discricionário
	A atuação é discricionária quando a Administração diante do caso concreto, tem a possibilidade de apreciá-lo segundo critérios de oportunidade e conveniência e escolher uma dentre duas ou mais soluções, todas válidas para o direito.
	O mérito do ato é esfera decisória privativa do administrador. Conveniência e oportunidadesão elementos nucleares do poder discricionário.
7.3. CONTROLE JUDICIAL DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA DISCRICIONÁRIA
	O poder judiciário somente pode analisar os atos administrativos no que tange os aspectos da legalidade. Ainda que o ato administrativo seja discricionário, ele fica sujeito a controle jurisdicional no que diz respeito à sua adequação com a lei, nunca na análise meritória.
7.4 PODERES ADMINISTRATIVOS
7.4.1 Poder Normativo ou Regulamentar.
	Se traduz no poder conferido à Administração Pública de expedir normas gerais, ou seja, atos administrativos gerais e abstratos com efeitos erga omnes. Não se trata de poder para a edição de leis, mas apenas um mecanismo para a edição de normas complementares à lei.
7.4.1.2. Regulamentos
	Os regulamentos são atos privativos do chefe do executivo conforme previsão do art. 84, IV da CF. Atribuição típica e exclusiva do Chefe do executivo.
a) Regulamentos executivos: editados para a fiel execução à lei. Não pode inovar o ordenamento jurídico, mas apenas complementar a lei. São atos normativos que complementam os dispositivos legais, não trazendo inovação na ordem jurídica, com a criação de direitos e obrigações.
b) Regulamentos autônomos: Substituem a lei e têm o condão de inovar o ordenamento jurídico, sendo substitutos da lei e não facilitadores da lei. 
Ao presidente da República compete, privativamente, a expedição de decretos e regulamentos para fiel execução da lei, deixando evidente o caráter executivo desses atos normativos.
Existem no Brasil duas hipóteses de decretos autônomos, quais sejam organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos E extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
7.4.2. PODER HIERÁRQUICO
	Atribuição concedida ao administrador para organizar, distribuir e principalmente escalonar as funções de seus órgãos, sendo o Poder da administração tem de estruturar internamente determinando uma relação de hierarquia e subordinação entre seus órgãos e agentes. É o escalonamento no plano vertical dos órgãos e agente da Administração que tem como objetivo a organização da função administrativa.
HIERARQUIA – CONTROLE INTERNO ENTRE ÓRGÃOS E AGENTES DE UMA MESMA PESSOA JURÍDICA.
a) Avocação: desde que as atribuições não sejam da competência exclusiva do órgão subordinado, o chefe poderá chamar para si, de forma temporária, a competência que deveria inicialmente ser exercida pelo agente subalterno. A avocação é a tomada temporária de competência legalmente atribuída a um agente subordinado por outro agente de hierarquia superior.
b) Delegação: É a extensão de atribuições de um órgão a outro de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior, desde que não sejam exclusivas. A delegação não configura uma transferência, mas sim uma extensão ou ampliação de competência.
A competência deve ser delegada de forma restritiva. O ato de delegação deve ser expresso em relação à competência delegada e no que tange a indicação do agente que se tornará competente. Não se admite ato genérico de delegação. (art. 12, Lei nº 9784/99).
Delegações expressamente proibidas: 
a) Competência exclusiva
b) Decisão de Recurso Hierárquico
c) Atos normativos
7.4.3. PODER DISCIPLINAR
	Atribuição pública de aplicação de sanções àqueles que estejam sujeitos à disciplina do ente estatal. É o poder de aplicar sanções e penalidades, apurando infrações dos servidores ou outros que são submetidos à disciplina da administração, ou seja, a todos aqueles que tenham vinculo de natureza especial com o Estado, como é o exemplo daqueles particulares que celebrem contrato com o Poder Público.
	As sanções aplicadas em decorrência do poder disciplinar não podem ser impostas aos particulares, já que estes não possuem o vínculo de natureza especial com a Administração e, portanto, não estão sujeitos à disciplina interna do Estado.
	O poder disciplinar do Estado é o poder de aplicação de sanções por parte do Poder Público, sendo que essas sanções decorrem de vinculação especial entre o sancionado e o Estado, notadamente, a relação hierárquica e a relação contratual.
7.4.4. PODER DE POLÍCIA
	Uma atividade da Administração Pública que se expressa por meio de seus atos normativos ou concretos, com fundamento na supremacia geral e, na forma da lei, de condicionar a liberdade e a propriedade dos indivíduos mediante ações fiscalizadoras, preventivas e repressivas.
	É a função da Administração Pública de liminar ou disciplinar direitos, regulando a prática de ato ou abstenção de fatos, em razão do interesse da coletividade, concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes ao exercício de atividades econômicas que dependem de autorização e concessão, bem como aos direitos individuais e coletivos. 78, CTN.
· Polícia Administrativa: É o poder que a administração tem de restringir o exercício de liberdades individuais e de restringir o uso, gozo e disposição da propriedade privada, sempre em busca do interesse pública.
O Poder de polícia é, em regra, discricionário. Contudo, não se pode dizer que o poder de polícia é sempre discricionário. Em provas, ter em mente que a leitura da assertiva. Caso estabeleça a discricionariedade como atributo ou característica do Poder de Polícia, pode ser considerada verdadeira, mas não será verdadeira se estabelecer que o poder de policia é sempre discricionário.
7.4.1 NATUREZA DOS ATOS DE POLÍCIA
	Em regra, é um poder negativo, visto que os atos decorrentes dessa atividade encerram a exigência de abstenções a particulares. Como regra, estabelecem obrigações de não fazer ou tolerar. Lado outro, modernamente já se admite atos positivos decorrentes do exercício do poder de polícia, ou seja, em determinadas situações, com previsão legal expressa, o Poder Público determina obrigações de fazer aos particulares em decorrência dos atos de polícia.
7.4.2 DELEGAÇÃO DOS ATOS DE POLÍCIA
	É considerado atividade típica de Estado e, portanto, somente pode ser exercido pelas pessoas jurídicas de direitos público componentes da Administração Pública Direta ou da Administração Indireta, motivo pelo qual ao podem ser delegados, sob pena de ofensa ao equilíbrio entre os particulares em geral em colocar em risco a ordem social.
7.4.2.1 Ciclos de Polícia
1º Ordem de polícia: decorre do atributo da imperatividade, impondo restrições aos particulares, dentro dos limites da lei, independentemente de concordância;
2º Consentimento de polícia: Hipóteses em que a lei autoriza o exercício de determinada atividade condicionada à aceitabilidade estatal;
3º fiscalização de polícia: Possibilidade conferida ao ente estatal de controlar as atividades submetidas ao poder de polícia, com o intuito de verificar seu cumprimento.
 4º Sanção de Polícia: Pode ensejar a aplicação de penalidades, notadamente, nas situações em que se verifica o descumprimento das normas impostas pelo poder público.
7.4.5. ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA
	DISCRICIONARIEDADE: Liberdade estabelecida em lei ao administrador para decidir perante o caso concreto e só pode ser reconhecida como atributo quando este for entendido em sentido amplo.
	AUTOEXECUTORIEDADE: Apenas existirá quando há lei permitindo ou situações urgentes, a exemplo de apreensão de alimentos inviáveis ao consumo. 
	COERCIBILIDADE: Torna o ato obrigatório, devendo este ser obedecido independente da vontade do administrado. São inseparáveis Autoexecutoriedade e a Coercibilidade.
7.4.6. PRESCRIÇÃO DAS SANÇÕES DE POLÍCIA
	Art. 1º Lei 9.873/99: Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Adm. Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
8. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
	Descentralização: criação de pessoas especializadas e transferência a essas entidades da prestação dos serviços. A transferência a pessoa especializada na prestação de determinado serviço garante uma maioreficiência na prestação da atividade administrativa.
a) Descentralização para a própria administração: (pessoas criadas para este fim), entes da administração direta ou descentralizada;
b) Para particulares: Mediante contratos administrativos de concessão e permissão.
São entes da Administração indireta Autarquias e associações públicas, (CADE, INSS, IBAMA), Fundações Públicas (IBGE), Empresas Públicas (CEF), Sociedades de Economia Mista (B.B)
8.1. PRINCÍPIOS
a) Planejamento: como a atividade estatal promoverá o desenvolvimento econômico-social;
b) Coordenação: Diretamente ligado à hierarquia, por meio da estruturação administrativa. Visa garantir a maior eficiência na execução das atividades públicas.
b) Descentralização: consiste na transferência da prestação de serviços do ente federativo para outras pessoas jurídicas especializadas, que atuarão mediante controle do estado. Poderá ser feita para entes da própria Administração Pública ou para particulares capacitados.
c) Princípio da Delegação de competência: extensão de uma competência administrativa entre agentes públicos, dentro de uma mesma estrutura hierárquica de forma expressa e transitória. 
d) Controle: Será exercido em todos os níveis e em todos os órgãos de governo, compreendendo o controle, pela chefia, pelos órgãos próprios de cada sistema, o controle da aplicação e utilização de dinheiro público e da guarda dos bens da União pelos órgãos do sistema de contabilidade e auditoria.
8.2. PRESTAÇÃO DA ATIVIDADE PÚBLICA
	A transferência dos serviços a pessoas jurídicas diversas recebe o nome de descentralização, haja vista o fato de que a prestação, até então, centralizada, é entregue a outra entidade, os chamados entes da Administração indireta ou entes da Administração Descentralizada, os quais se dividem em autarquias, empresas públicas, fundações públicas e Sociedades de economia mista.
8.2.1. DIFERENÇA DESCON E DESCEN
	A descentralização realizada entre pessoas jurídicas diversas, enquanto a desconcentração se configura pela distribuição interna de competência no âmbito de uma mesma pessoa jurídica, mediante especialização interna.
	A desconcentração está fundada na hierarquia, possibilidade da Administração distribuir e escalonar as competências, internamente. Na desconcentração, baseia-se em uma distribuição de competências entre entidades diferentes, não havendo, dessa forma, manifestação do poder hierárquico.
	Muito embora a ausência de hierarquia entre entidades diversas, os entes da administração indireta se sujeitam ao controle finalístico a ser exercido pelas entidades da Administração Centralizada.
	
8.2.2 ESPÉCIES DE DESCENTRALIZAÇÃO
	Pode ser feita mediante outorga ou delegação de serviços.
Na outorga é transferida a titularidade e a execução para pessoa jurídica diversa do Estado.
Na delegação é transferida a execução permanecendo com o Estado a titularidade do serviço.
Em regra a outorga é transferida apenas a pessoas jurídicas de direito público. É sempre feita mediante a edição de lei específica que cria as entidades e a elas transfere a atividade pública.
A delegação é feita para particulares, mediante a celebração de contratos ou aos entes da administração indireta regidos pelo direito privado, como a CEF e o BB. Pode ser efetivada por meio da edição de lei – no caso das entidades de direito privado integrantes da administração indireta. Ou mediante contratos administrativos de concessão e permissão de serviços públicos.
8.3. ADMINISTRAÇÃO DIRETA
	Feita pelos próprios entes políticos da administração, sendo uma prestação designada centralizada do serviço. Possuem capacidade administrativa, política e legislativa, e se configuram elementos formais necessários à constituição da federação. 
	Desconcentração administrativa é a divisão de atribuições entre vários órgãos que pertencem a uma mesma pessoa jurídica, uma divisão interna de tarefas. 
	A desconcentração de serviços decorre do poder hierárquico e não prejudica a unidade do Estado, já que todos os órgãos e agentes continuam ligados por hierarquia. 
8.3.1. ÓRGÃOS PÚBLICOS
	São meros instrumentos de ação do Estado, sem personalidade jurídica. Nos termos da Lei 9784/99 órgão é uma unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta.
	Teoria do órgão: explicita que toda atuação do agente público deve ser imputada ao órgão que ele representa e não à pessoa do agente.
	Teoria da institucionalização: Não obstante não tenham personalidade jurídica própria, determinados órgãos, em virtude de usa atuação, podem exercer, por exemplo, a defesa da soberania nacional, ser titular de bens e atuar na vida jurídica mediante celebração de contratos e prática de atos administrativos.
	Súmula 525, STJ. A câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais.
	TC: apenas personalidade judiciária, e atuarão em juízo apenas para defender prerrogativas institucionais, concernentes À sua organização e ao seu funcionamento. 
	Devem possuir CNPJ, ligado ao CNPJ da pessoa jurídica que integra. IN 1.183/2011.
8.3.2. CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS
I – POSIÇÃO ESTATAL
a) independentes: não estão hierarquicamente subordinados a nenhum outro. (agente político).
b) autônomos: Imediatamente subordinados aos órgãos independentes e diretamente subordinados aos seus agentes. (ministérios, secretarias de governo de Estado, etc).
c) superiores: Possuem apenas poder de direção e controle sobre assuntos específicos de sua competência, não possuindo autonomia, nem independência.
d) subalternos: Reduzido poder de decisão, órgãos de mera execução de atividades administrativas. Atuam diretamente no exercício da atividade estatal.
II- ATUAÇÃO FUNCIONAL
a) singular: órgão de único titular
b) Colegiado: atuam e decidem pela manifestação de vontade de seus membros.
III- ESTRUTURA
a) Simples: única unidade orgânica, um só centro de competência. Não existem outros órgãos agregados a sua estrutura para garantir uma maior concentração de suas atividades.
b) Compostos: Reúnem outros órgãos ligados a sua estrutura, ensejando ma desconcentração e divisão de atividades. (Congresso Nacional).
IV- FUNÇÕES
a) ativos: atuam diretamente no exercício da função administrativa, manifestando vontade e praticando atos essenciais ao cumprimento dos fins desta pessoa jurídica.
b) consultivos: atuam na emissão de pareceres jurídicos, assumindo a função de aconselhamento da atuação dos demais órgãos estatais. 
c) controle: Atuam na atividade de controle dos demais órgãos e agentes públicos, seja interno pelo próprio órgão ou externo pelos demais poderes.
V- QUANTO A ATUAÇÃO
a) Central: atribuição em todo território nacional
b) Local: Apenas em determinado ponto do território daquela pessoa jurídica que eles compõem
Teoria do Órgão
	A manifestação de vontade da pessoa jurídica se dá por meio da atuação da pessoa física e essas vontades se confundem, ou seja, a vontade do Estado se exterioriza pela manifestação de seu agente.
Resumo por palavras-chave
8.4. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
Descentralização política: autonomia. Execução. Atividades. Constituição Federal. Entes federativos.
Descentralização administrativa: entes personalizados. Poder de administração. Entes da administração indireta. Particulares. 
Descentralização de serviços. Administrativa. Por meio de lei. Titularidade e execução de serviço público.
Autarquia. Associações públicas. Fundações públicas. Empresas públicas. SEM.
Associações: consórcios públicos. Natureza de entidade autárquica.
Consórcios. Personalidade de direito privado. Possibilidade. Sem privilégios da administração pública. Suportando ônus da atuação administrativa.
Características:
Personalidade jurídica própria. Patrimônio próprio. Receita específica. Capacidade de autoadministração. Autonomia técnica e administrativa. Realizam concurso. 
A criação depende de lei específica (ordinária). 
Lei específica CRIA autarquias
Lei específica AUTORIZA CRIAÇÃO dos demais entesda adm. Indireta. Fundação. Empresa. Sociedade de economia mista.
Quando a lei cria. Desnecessário registro dos atos constitutivos para existência.
Quando a lei autoriza, necessário o registro em cartório ou junta comercial.
Fundações: direito privado: lei autoriza criação. A criação se dá com registro no cartório.
Direito Público: natureza autárquica. Autarquia fundacional
Extinção mediante lei específica. 
Finalidade Pública. Quando a lei cria, estabelece finalidade.
Sujeição ao controle pela administração. Legalidade. 
Controle finalístico: diz respeito a finalidade da entidade. Tutela administrativa. Supervisão ministerial
Qualquer órgão federal. Sujeito a supervisão. Ministro de Estado competente. Exceto 32. Supervisão do presidente.
Não há hierarquia entidades de personalidade jurídica diversa. Poder hierárquico. Interno.
Recurso hierárquico impróprio. Recurso Ministério Superior. Necessário Previsão expressa.
AUTARQUIAS
Criadas por Lei. PJ direito público. Atividade típica de estado. Não estão hierarquicamente subordinadas aos entes federativos. Se sujeitam ao controle finalístico. Patrimônio próprio. Mesmo regime aplicável à fazenda pública. São apenas controladas. Despidas de caráter econômico. Capacidade exclusivamente administrativa. Decorrentes da descentralização. 
INSS, IBAMA, INCRA, UFMG.
Regime jurídico. Entes políticos.
São o próprio ente estatal exercendo atividade típica do Estado.
Goza de prazos dilatados. (em dobro). Remessa necessária. Dispensa. Depósito na rescisória.
Imunidade tributária recíproca. 
Responsabilidade civil objetiva. Teoria do risco administrativo.
Contratos: possuem cláusulas exorbitantes.
Regime de pessoal: agentes públicos.
Atos administrativos: respeito aos requisitos 2º 4717/65. COFIFOMOB. Presunção de veracidade dos atos.
Bens: impenhoráveis. Alienabildiade condicionada. Imprescritíveis. 
Controle: Administração direta responsável por sua criação. Tutela administrativa. Controle do Tribunal de Contas.
Prescrição: prescrição quinquenal. Art. 1º Dl. 20.910/32
Reparação civil: 5 anos. Moldes da legislação específica.
AUTARQUIAS PROFISSIONAIS:
ADI 1717. Conselhos. Natureza de autarquia. Atuam no exercício do poder de polícia. 
Execução fiscal do Conselho de fiscalização profissional: Compete a Justiça Federal
Regime de pessoal: Único. Necessidade de concurso.
Exceção: OAB. Caráter sui generis. Serviço público independente. Afasta a incidência do controle de orçamento. Afasta fiscalização do TCU. 
AGENCIAS REGULADORAS:
Criada em regime especial. Fiscalizar. Regular. Normatizar a prestação de serviços públicos por particulares, evitando a busca desenfreada pelo lucro dentro do serviço público.
Possibilidade. Lei especifica. Criar AR estatuais e municipais. 
Autonomia financeira. Nomeação diferenciada de dirigentes. Investidura especial. Nomeados pelo PR. Aprovação prévia do Senado. Mandato certo. Dirigente não será exonerado livremente. Por vontade do órgão. Sairão do cargo, renuncia, PAD, crime.
Ao deixar. Quarentena. Quatro meses. Recebe remuneração. 
Poder normativo. Regulamentar e normatizar atividades de interesse social. Adequação da atividade ao interesse público. Só obrigam o prestador do serviço.
ESPÉCIES
Regular prestação de serviços: ANEEL, ANTT, ANATEL, ANA, ANAC.
Fomento: ANCINE
Econômicas: ANP
Utilidade pública: ANVISA, ANS. 
Regime de Pessoal: CLT. Emprego público. Contudo, necessário concurso público.
LICITAÇÃO
Pregão e consulta. 
Teoria da Captura: AR. Instrumento de proteção e benefício de interesses setoriais. Transforma em via de proteção e benefício para setores regulados.
Perde a condição de autoridade passa a reproduzir atos destinados a legitimar a consecução de interesses privados dos segmentos regulados.

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