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94 | MATERIAIS BETUMINOSOS 1. Definição Betume é uma matéria hidrocarbonada, de cor preta, de natureza orgânica, de origem natural ou pirogênica, completamente solúvel em dissulfeto de carbono. - Produção ✓ Rochas asfálticas: rochas sedimentares impregnadas com 10% a 30% de asfalto; ✓ Asfaltos naturais: lagos ou depósitos de asfalto; ✓ A partir de óleos solventes removidos do petróleo cru, por destilação ou evaporação, obtém-se o asfalto (fonte mais utilizada hoje em dia). Os betumes possuem as seguintes características básicas: ✓ São polímeros (hidrocarbonetos complexos) de ampla variação na composição química e na massa molecular. ▪ asfaltenos : aumentam a viscosidade e a dureza dos betumes; ▪ maltenos: que por sua vez se subdividem em: resinas (de natureza polar, forte adesividade e dispersantes dos asfaltenos, a proporção resina/asfalteno define as características sol/gel do betume); aromáticos (não polares, grande capacidade de dissolução dos hidrocarbonetos de elevada massa molecular); saturados (5 hidrocarbonetos alifáticos, alquil naftenos e alguns alquil aromáticos, baixa massa molecular, não polares, não viscosos). ✓ São adesivos e aglomerantes, que dispensam o uso da água. Possuem uma viscosidade e certa rigidez à temperatura ordinária, podem aglutinar e fazer aderir agregados formando argamassas e concretos. ✓ São hidrófugos, isto é, repelem a água. Isto possibilita seu emprego em impermeabilização, mas exigem agregados secos para garantirem a aderência. ✓ São materiais sensíveis à temperatura, sendo facilmente fundidos e solidificados. São termoplásticos, ou seja, não possuem ponto de fusão, amolecendo em temperaturas variadas. O ponto de fusão, temperatura de perda da estrutura cristalina ordenada, é típico dos sólidos cristalinos. Capítulo 09 95 | o Vantagem: tornam-se ligantes simplesmente aumentados a temperatura. o Desvantagem: limita sua utilização em locais com grande variação térmica. ✓ São quimicamente inertes (inócuos), isto é, não interagem quimicamente com os agregados minerais que lhe são adicionados como material de enchimento em diversas aplicações. ✓ São recicláveis, isto é, podem ser reaproveitados após o uso. ✓ Têm ductilidade variável e que pode ser afetado por exposição direta à luz solar. ✓ São materiais duráveis. ✓ Podem ser obtidos em grande quantidade por um preço relativamente barato. 2. Histórico O betume é um dos mais antigos materiais usados pelo homem, com utilização registrada por volta de 3000 a.C., podendo-se citar os seguintes registros históricos clássicos de aplicação: • Civilizações asiáticas: ✓ Utilizações: Material cimentante em alvenarias, colagem de objetos, impermeabilização de pisos sagrados; • Civilizações da Índia e Egito: ✓ Utilizações: as mesmas supracitadas e também para a conservação de cadáveres. • Romanos: ✓ Utilizações: impermeabilização de piscinas Por volta de 1800 os asfaltos naturais começaram a ser utilizados na pavimentação de rodovias. 3. Propriedades dos materiais betuminosos - Dureza Um betuminoso muito duro, provavelmente terá pouca ductilidade e pode trincar sob baixas temperaturas. Se for de baixa dureza, provavelmente, escorrerá em clima quente. Essa característica é decisiva na fabricação ou uso de materiais betuminosos para impermeabilização. - Ponto de amolecimento 96 | É uma temperatura de referência para preparo ou utilização dos betuminosos. Em geral, se situa na faixa de 36ºC a 62ºC e acompanha a progressão da dureza. - Viscosidade Chama-se viscosidade à resistência posta por um fluido à deformação sob a ação de uma força. Como o ponto de amolecimento, é propriedade de interesse à fabricação e aplicação dos betuminosos. - Ductilidade É uma propriedade relacionada à capacidade de deformação sem fissuras. - Massa específica A massa específica dos betuminosos serve para avaliar a sua uniformidade e o teor de impurezas. Para asfaltos e alcatrões varia entre 900 a 1400 kg/m3, mas a maioria fica entre 1000 e 1100 kg/m3. - Ponto de Fulgor É importante para o manuseio dos betuminosos, porque logo acima do ponto de fulgor há o ponto de combustão e, portanto, o perigo do material inflamar. No ponto de fulgor, os gases desprendidos dos materiais e adjacentes à superfície se inflamam, mesmo que seja temporariamente. Para segurança dos operários envolvidos na aplicação de materiais betuminosos, é recomendado que a temperatura de aplicação seja sempre bem inferior à temperatura do ponto de Fulgor, tendo como ordem de limite inferior 20ºC abaixo da referida temperatura. 97 | Determinação do ponto de fulgor dos asfaltos. 4. Produção do Asfalto Fluxograma da produção de cimento asfaltico. 98 | 5. Características – São materiais aglomerantes (ou ligantes). ✓ Possuem uma viscosidade e certa rigidez à temperatura ordinária, podem aglutinar e fazer aderir agregados formando argamassas e concretos. – São hidrófugos: repelem a água. ✓ Vantagem: emprego em impermeabilização. ✓ Desvantagem: exigem agregados secos para garantirem a aderência. – São materiais sensíveis a temperatura. ✓ Vantagem: tornam-se ligantes simplesmente aumentados a temperatura. ✓ Desvantagem: limita sua utilização em locais com grande variação térmica. – São quimicamente inertes. – São materiais duráveis – Podem ser obtidos em grande quantidade por um preço relativamente barato. 6. Classificação – Asfaltos ➔ Cimentos Asfálticos de Petróleo – CAP – Aglutinante betuminoso obtido pela refinação de petróleo, com características termoplásticas e consistência variando de firme a duro; – Os CAP necessitam de aquecimento, para liquefazerem e permitirem operações de mistura (concreto asfáltico), impregnação (macadames) ou espalhamento; – Muito utilizados em revestimentos viários; – São aplicados como material aglomerante em concretos asfálticos e como matéria-prima dos mais diversos produtos para impermeabilização e pavimentação; – Atualmente, os CAP mais usados em impermeabilização são os CAP com dureza 85-100, 50-60 e 30-40, todos com ponto de amolecimento na faixa de 40-50ºC. – Asfaltos líquidos 99 | – A fase semi-sólida encontra-se dissolvida em óleos de grau de volatilidade variado, conforme a cura (evaporação do solvente); – Utilizados como imprimação de bases granulares de pavimentos. – Emulsões asfálticas – Misturas homogêneas de cimento asfáltico e água com pequena quantidade de um agente emulsificador, apresentando partículas carregadas eletricamente ou neutras; – Facilidade e flexibilidade de aplicação em temperatura ambiente, o que viabiliza a aplicação do asfalto a frio; – Utilizados em substituição ou complemento ao CAP. • Asfaltos modificados por polímeros – Propriedades superiores aos CAP ➔ menos sensibilidade à temperatura ambiente, maior flexibilidade, trabalhabilidade e coesão; – Em pavimentação são utilizados em situações extremas de magnitude, volume de tráfego e condições ambientais; – Em impermeabilização, as misturas com elastômero são empregadas tanto para a fabricação de mantas de impermeabilização ou para a execução de membranas "in loco" como também para a produção de mastiques. • Piches – Asfaltos oxidados; – Utilizados em serviços de impermeabilização devido à sua elevada viscosidade - pisos, degraus, telhados, coberturas; selagem de juntas; fabricação de blocos para isolamento acústico. • Alcatrões – Destilação de combustíveis sólidos originários de matéria orgânica, madeira, carvão e turfa; – Encontram emprego em misturas com outros polímeros ou fibras, para uso como mastique (material de calafetação) ou material de enchimento de juntas em saneamento, com excelente resistência a agentes agressivos; 100 | – Altas concentraçõesde hidrocarbonetos cancerígenos. 7. Principais Aplicações – Pavimentação de Rodovias – Concretos asfálticos a frio: empregado em emulsões asfáslticas – Concretos asfálticos usinados a Quente - CAUQ (ou CBUQ) ✓ Mistura de pedras britadas, areia, material de enchimento, CAP ou asfaltos modificados por polímeros ✓ Os materiais são aquecidos e misturados em usinas ✓ Após a redução da temperatura adquire resistência e durabilidade compatíveis com seu emprego como camada de rolamento e base de pavimento – Impermeabilização ✓ Mantas asfálticas 101 | São produtos à base de asfalto modificados com ou sem armadura (véu ou tecido de reforço), impermeáveis, fabricados em rolos, obtidos por calandragem, extensão ou outros processos, destinados à impermeabilização. Podem ser aplicadas de forma aderida ou não ao substrato (conforme a natureza das movimentações previstas para a obra e características da manta). As mantas possuem armaduras diversas (véu de fibra de vidro, polietileno, lâminas metálicas, filme de polietileno externo, para evitar pegajosidade da manta enrolada) e acabamentos especiais para proteção solar (escamas de ardósia ou lâmina de alumínio, em locais não transitáveis), bem como resistência elevada para resistirem à penetração de raízes de árvores e outras solicitações desfavoráveis. ✓ Membranas asfálticas São sistemas impermeabilizantes, moldados "in loco", com ou sem armadura e que têm o asfalto como material impermeabilizante básico. As membranas asfálticas tanto podem ser feitas com asfaltos oxidados, soluções ou emulsões asfálticas, sendo as duas últimas mais utilizadas, pela facilidade de aplicação. A diferença básica quanto ao desempenho de uma membrana de CAP ou de solução asfáltica, para uma membrana de emulsão asfáltica está na absorção de água, que é maior nestas. Isto porque a porosidade remanescente na membrana de emulsão, pela evaporação da água, é mais interligada do que a remanescente em uma membrana de solução asfáltica ou de CAP endurecidos. O local de aplicação às vezes é também 102 | restritivo ao uso de um tipo ou outro de membrana, como por exemplo, em reservatórios de água, em que o contato permanente com a água pode reemulsionar a emulsão da membrana. Por outro lado, a escolha de uma solução asfáltica para essa aplicação também deve ponderar a possibilidade de liberação de voláteis nocivos (policíclicos aromáticos) ou ainda a sua concentração, com riscos de incêndio, dependendo das características de ventilação do reservatório. IMPERMEABILIZANTES 1. Generalidades Impermeabilização: impedir a passagem de água e proteger de problemas decorrentes de infiltrações. Segundo as normas brasileiras: - infiltração: penetração indesejável de fluido nas construções; - estanqueidade: propriedade, conferida pela impermeabilização, de impedir a passagem de fluidos. Propriedades da impermeabilização: - impermeabilização do material; - continuidade do material; - flexibilidade. 2. Classificação – Quanto à flexibilidade - rígidos - flexíveis – Quanto ao método de execução - pré-fabricados - moldados no local – Quanto à existência de armadura - armados 103 | - não-armados – Quanto ao número de camadas - sistema monocapa - sistema multicapa – Quanto à aderência ao suporte - aderentes - semi-aderentes - independentes – Quanto à exigência de proteção - dispensa proteção - autoprotegidos - exigem proteção mecânica – Quanto ao material ✓ à base de materiais asfálticos ✓ à base de polímeros sintéticos ▪ Elastômeros ▪ Termoplásticos ▪ Termofixos ▪ Misturas de termoplásticos e elastômeros 3. Sistemas de impermeabilização – À base de asfaltos ✓ Membranas ▪ CAP derretido ▪ asfaltos modificados com polímeros ➔ elasticidade, resistência à fadiga, melhor aderência, durabilidade ▪ asfaltos oxidados ➔ camada intermediária (aderência) ▪ asfaltos diluídos ➔ imprimação do substrato ▪ emulsões asfálticas ➔ áreas com baixa deformação e substratos úmidos ✓ Mantas ▪ Massa asfáltica ➔ durabilidade, aderência, flexibilidade, escorrimento. Asfaltos poliméricos ou oxidados 104 | ▪ Estruturante ➔ resistência à tração. Não tecido de Poliéster, Polietileno, Véu de fibra de vidro (desempenho inferior) ▪ Acabamento superficial ➔ polietileno, areia (aderência), alumínio (proteção a raios U.V.), ardósia (proteção a raios U.V. e tráfego) – À base de polímeros sintéticos ✓ Membranas ▪ Neoprene ▪ Hypalon ➔ acabamento para o neoprene; lajes expostas tipo abóbada, cúpula; maior custo ▪ Acrílicas ➔ emulsões, mástiques, tintas e vernizes; lajes expostas com formas irregulares ▪ Poliuretano ➔ forma líquida; mástiques, adesivos, tintas e vernizes; > durabilidade ▪ Pintura epóxi ➔ tanques de produtos químicos, subsolos, pisos ✓ Mantas ▪ PVC ➔ canais de irrigação, lagoas, tanques ▪ EPDM e Butil ➔ alto custo – pequenas espessuras; mão-de- obra especializada ▪ PEAD ➔ agressividade química – aterros sanitários ou industriais, petroquímicos, canais de irrigação ▪ Polipropileno ➔ grandes coberturas industriais e tanques de produtos químicos – Cimentos impermeabilizantes ➔ cimento + emulsão acrílica ✓ Cimentos cristalizantes ▪ Pintura sobre concreto, argamassa ou alvenaria úmidos ▪ Estruturas submetidas ao lençol freático; áreas não sujeitas à fissuração de reservatórios, piscinas, subsolos, poços de elevadores ✓ Argamassas poliméricas ▪ Semiflexíveis ➔ cristalização e formação de membrana; requer rebaixamento do lençol freático 105 | ✓ Flexíveis ➔ formação de filme (membrana final flexível); não recomendadas para locais submetidos ao lençol freático. ✓ Argamassas e concretos impermeáveis ▪ Utilização de aditivos hidrofugantes ✓ Injeção de resinas (poliuretano e gel de acrílico) em fissuras 4. Materiais – Emulsão asfáltica Emulsão de material betuminoso (cimento asfáltico) em água, com auxílio de um emulsionante na proporção de 50% a 65% de cimento asfáltico, 1% a 2% de emulsionante e o restante água. Exemplos: emulsão asfáltica Toroflex, Vitkote, Betumix e Frioasfalto. – Proteção mecânica Pode ser feita com argamassa de cimento e areia nos traços 1:7 a 1:10, ou de cimento, cal e areia no traço de 1:3:10. A espessura de aplicação é de 2 cm, devendo haver juntas a cada 15 m². Após esta argamassa, pode ser aplicado o piso especificado, podendo ser até um simples cimentado, com argamassa no traço 1:5. – Mantas asfálticas ✓ Mantas asfálticas com alma de polietileno Composta por uma alma de polietileno com espessura em torno de 0,1 mm, revestida de asfalto oxidado catalítico (espessura de 1,5 a 2 mm em cada lado), recoberto por filmes antiaderentes de polietileno de pequena espessura. A espessura total é de 3 ou 4 mm, sendo o seu peso de 3 a 4 kg/m². ✓ Mantas asfálticas com armadura de poliéster não tecido Manta não tecida de poliéster, impregnada com asfalto e revestida em ambas as faces com asfalto, atingindo espessuras de 2,2 a 3 mm. Recebem uma camada de polietileno ou areia como acabamento, para evitar a aderência. Pode receber uma camada de pedrisco, permitindo a exposição da manta, porém sem tráfego. Existem diversas variações quanto à espessura e acabamento, sendo cada uma indicada para uma finalidade. 106 | – Impermeabilizações rígidas São obtidas através do uso de argamassas e concreto aditivados.
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