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P á g i n a | 1 Exame Oftalmológico Objetivo: • Avaliar as medidas objetivas e subjetivas da função visual e da saúde ocular. • Obter uma história ocular e sistêmica - nunca esquecer que olho acompanha o corpo • Determinar a condição óptica e a integridade do olho, do sistema visual e das estruturas relacionadas • Estabelecer e documentar a presença de sinais de doenças sistêmicas • Discutir a natureza dos achados e das implicações com o paciente • Dar início ao procedimento adequado Anamnese Dados demográficos: • sexo; • profissão (precisa mais de visão para perto ou para longe); • idade/data de nascimento (muitas doenças oculares estão relacionadas a idade); • etnia (algumas doenças são mais prevalentes em cada etnia, por exemplo, alguns glaucomas são mais comuns em pacientes afrodescendetes). Queixa principal • Olho vermelho – pode ser infeccioso, iatrogênico (colírios), autoimune, hipersensibilidade, traumático, vascular • Sensação de queimação – pode ser xeroftalmia, ceratite marginal, blefarite, conjuntivite, causas alérgicas, ceratopatia não infecciosa relacionada a lente de contato. • Sensação de quem tem algo no olho – pisca e piora, acometimento na pálpebra ou córnea – pode ser conjuntivite viral ou corpo estranho. • Prurido – blefarite, conjuntivite alérgica ou infecciosa, dermatite palpebral, conjuntivite papilar gigante (lente de contato). • Dor/fotofobia: lesões no epitélio corneano, ceratoconjuntivite, uveíte anterior, glaucoma agudo, esclerite, endoftalmite. • Lacrimejamento/epífora: obstrução das vias lacrimais, conjuntivite, abrasão corneana, lesão química, corpo estranho, entrópio/ectrópio. • Secreção purulenta: infecção bacteriana. • Flashes (fotopsia): sinal de alerta! Rotura retiniana, descolamento de retina. HDA • O que é? Quando começou? Como começou? Acomete um olho só ou é bilateral? Tem sintomas sistêmicos? Usou algum medicamento? Algo melhora ou piora o sintoma? A luz incomoda? Saiu secração? O olho cola? Usa óculos ou lente de contato? Estado Atual da Visão • Percepção do paciente sobre sua condição visual. • Sempre perguntar como enxerga, independente da queixa. História Ocular Pregressa • Desde que nasceu você tem algum sintoma? • Já fez cirurgia? Isabela Terra Raupp P á g i n a | 2 • Usa óculos? HMP • HAS, DM – afecções de retina. • Medicamento de uso contínuo. HF • Glaucoma. • Familiar com cegueira. • Algum familiar usava medicamento ocular – colírio. Exame físico Devemos fazer os seguintes exames: • Acuidade visual (com e sem refração) • Alinhamento e Motilidade Ocular • Exame das Pupilas • Segmento Anterior • Segmento Posterior • Tonometria • Campo Visual Acuidade Visual • Acuidade visual é somente um dos componentes da visão o Avalia mais a visão central que é a visão macular, mas devemos ver também as outras áreas - campo de visão, visão em cores. o A visão consiste em acuidade visual, visão periférica, campo visual e sensibilidade ao contraste. • Um dos mecanismos para avaliar é a Tabela de Snellen o Quantifica a visão do paciente. o Uma sala tem que ter 6m (20 pés), porque é até os 6 metros que a nossa visão fica adequada, os raios luminosos chegam paralelos a visão, como se estivesse infinito. o O objetivo é enxergar até o padrão, que falamos em 20/20. No laudo vem AV – 0,2 = 100%. Essa fração decimal vem de uma fração; se 20/200 = 0,1, enxerga menos. o Quando maior o número de baixo (denominador), menor a fração e pior a visão. Agora, quanto mais próximo de 20 o número de baixo, melhor a paciente enxerga; o Sempre devemos fazer esse exame com o paciente com óculos e sem óculos (AVsc – sem correção); P á g i n a | 3 o Para paciente que não sabem ler usa-se a 2ª tabela (E de Snellen) e para crianças, a última (símbolos de Lea). Geralmente a partir de 3 - 4 anos as crianças já colaboram com o exame. Também existem tabelas numerais que substituem as letras. o Siglas: cd – leu com dificuldade. Ct – com erros (pode colocar o número de erros ao lado). o Se o paciente enxerga menos que 20/200 ele é considerado legalmente cego • Monitores de LCF: o Usados para adequar o grau ocular, avalia se não deixamos hipercorrigido. o Míope: Hipercorrigido no verde. o Hipermetrope: Hipercorrigido no vermelho. o A sala também deve ter 6 metros ou corrigida. • Sensibilidade ao contraste • Paciente tem que ler até onde consegue. • Avalia os bastonetes, apresentando lesão periférica. • Visão em cores o Avalia defeitos de leitura de cores, como o daltonismo. o Nem sempre se testa isso, mas é interessante, não somente para daltonismo visto que, embora seja a alteração mais comum, não é a única. o Pedir para o paciente se ele consegue ver os números de acordo com as cores. Refração • Quando nesse paciente não temos visão 20/20 na tabela de Snellen, vamos fazer a refração, para ver se não tem patologia. • Avaliação objetiva: o É objetiva quando avaliamos com o retinoscópio – dilatamos a pupila e o aparelho lança uma faixa luz para a retina que deve acompanhar o movimento dos olhos, que volta um reflexo que dependendo da lente tu determina uma imagem. O auto-refrator calcula sozinho o grau do paciente. P á g i n a | 4 o Após os 40 anos, normalmente as pessoas requerem o uso de óculos pela perda de acomodação visual ao longo da vida (Presbiopia). Hipermetropes manifesta-se com reflexo antes da retina e míopes depois da retina. • Avaliação subjetiva: o Vamos refinar a avaliação objetiva, para ver se o paciente tolera o grau determinado. o Esse teste era realizado com óculos de prova – vai colocando lentes e perguntado, como no da figura ao lado, mas quando se colocava a outra lente, o paciente já não lembrava mais qual é melhor. o Hoje se usa um equipamento que troca de lentes com toques (Greens). o É um exame que depende da colaboração do paciente. Alinhamento e motilidade • Avaliar a movimentos dos olhos, binocularidade e alinhamento, buscando ver se os movimentos são normais e conjugados. • Colocamos uma lanterna fazendo paciente olhar para ela e depois fazemos os movimentos da bandeira inglesa. • Posição primária do olhar: para onde o paciente olha quando se aproxima o foco luminoso – No centro, o paciente é ortotropico – sem estrabismo. Há pessoas que a distância entre os olhos é muito grande ou muita pequena sem a pessoa ser estrábico. • Pseudoestrabismo: as vezes há crescimento da prega de pele medial ao olho parecendo aos pais que o filho é estrábico, porém, quando o osso nasal crescer ela desaparece. Tipos de estrabismo: o Exotropia: estrabismo divergente. Para fora. o Esotrotropia: estrabismo convergente. Para dentro. o Hipertropia: Para cima. o Hipotropia: Para baixo. o Todo paciente estrábico tem um olho dominante. Existem estrabismos que há alternância entre eles, quando um é tapado, automaticamente esse olho vai buscar o foco. o Um dos mais comum é o estrabismo acomodativo; quando observamos um objeto de perto ocorre três coisas ao mesmo tempo: acomodação, miose e convergência (olhos olhando pro nariz). P á g i n a | 5 o O paciente muito hipermetrome tem que fazer um esforço muito grande para ler de perto. Ao mesmo tempo que força ficará com muito miose e muito estrabico, para poder acomodarA visão se desenvolve até 6 anos, tem plasticidade até essa idade. Com 2 meses se desenvolve a retina, com 6 meses enxerga melhor, com 2 anos enxerga igual adulto. É necessário colocar óculos até 6 anos para evitar ambliopia (perda de plasticidade no córtex, o olho “ruim” vai ser suprimido no córtex) ou então tapar o olho estrábico dominante, permitindo que o olho não dominante consiga atingir o foco. Uso de levodopa: aumenta a plasticidade cerebral (quando associado com tampão por bastantetempo pode fazer efeito em crianças mais velhas, ex.: 11 anos). o Na imagem ao lado, observamos um estrabismo acomodativo, que é corrigido pelo uso de óculos. Exame de pupilas • Observação geral (avaliar anisocoria) o Existe um grau aceitável de anisocoria, considerado fisiológico, que é de 3- 4 mm. • Reflexos fotomotores o Direto o Consensual – a iluminação de um olho causa igual constrição em ambas as pupilas, por conta da hemidecusação das fibras pupilomotoras. Avaliação do segmento anterior Biomicroscópio - aumento de 10 – 500 x • Através de uma lâmpada de fenda (microscópios) podemos avaliar melhor, porque quando fazemos uma imagem direta sobre o olho, não temos ideia de profundidade. Com uma fenda, ela faz uma varredura (próxima imagem) conseguindo ver profundidade da córnea, da câmera anterior. • Avaliamos o tamanho do segmento anterior pela distância entre a Iris (colorida) e córnea (cor branca). • Iridotomia: furo da íris provavelmente pelo glaucoma agudo. P á g i n a | 6 • No caso da catarata, a iluminação direta é difusa, sem a fenda. Observe que não dá para ver profundidade, porque a luz não passa. Corpo estranho corneano • É possível ver a olho nu, mas as vezes com íris mais escura pode confundir, tem que examinar com calma de frente e lateralmente, cuidando “bolinhas” em um plano a frente que não pertence a córnea • Quando o clínico pode mexer? o Se tiver só no epitélio da córnea, podemos passar um cotonete e sai, mas se for mais profundo pode perfurar ou causar infecção. o É especialmente difícil tirar em homens e pacientes jovens que são mais nervosos. • Tem que tirar porque pode infeccionar, virar uma úlcera podendo até necessitar de internação prolongada. Alterações no exame do segmento anterior • Quando pingamos fluroseina, corante ocular que se adere em áreas que não tem epitélio, podemos ver qualquer machucado em conjuntiva e íris em que o epitélio foi desgastado. • A imagem ao lado mostra uma paciente que usa lente de contato rígida, dura. Vemos que toda a área está corada, porque o pigmento foi para trás da lente e ela “segurou” o pigmento ali. • A imagem ao lado mostra um paciente que teve uma úlcera por corpo estranho mal tirado que infeccionou. • Usamos colírio de hora em hora para cicatrizar com o paciente internado. Possivelmente teremos que fazer transplante porque vai ficar opaco sem enxergar nada. P á g i n a | 7 • Na imagem ao lado temos um transplante de córnea. Perceba que uma parte da córnea branca, opaca e a córnea doadora está mais brilhosa. • Pode se usar pontos simples (16-24 pontos) com mononylon 10 -0, porque é melhor para controlar astigmatismo futuramente (quando apertar de mais alterando a angulação basta desfazer um ponto) • Na imagem ao lado temos uma lesão dendrítica por herpes. Para o tratamento, usamos aciclovir em dose alta por 14 dias. Se usar corticóide piora. Olho vermelho Conjuntivite. • É um vermelho mais vivo, nunca setorial. • Se for de etiologia viral, não devemos usar corticoide, pois pode prolongar o tempo de doença. Hemorragia conjuntival = hiposfagma; • É normal e não se faz nada. É uma veia que rompe. • A principal causa é trauma a noite e crise hipertensiva (o vaso não aguentou e rompeu), ou até mesmo muito esforço (grande valsava). • Geralmente na história temos: paciente de 40 anos que fez muito esforço. • Diagnóstico diferencial - Hifema: quando ocorre sangramento na câmara anterior. Íris fica de cor diferente. Esse é grave porque causa hipertensão ocular. Tonometria • É a medida da pressão intra-ocular. Normalmente ela se encontra próximo a 16 mmHg. • Alta > 21 mmHg – hipertensão ocular e não glaucomatoso. • Baixa < 8mmHg – hipotonia. • E se tiver 24 mmHg com nervo normal, por exemplo, tratamos ou não? É discutível. Alguns tratam, outros não. • Corticóides podem aumentar a pressão intraocular. • Pressões muito altas provocam dor local. • Palpar: Consistência pétrea ou mais dura em relação ao olho normal = Glaucoma. • O glaucoma ocorre quando temos 40 mmHg e é muito dor, porque com 25 não sente nada. Aquilo que sentimos no final do dia pela leitura é canseira muscular. Quando paciente é glaucomatoso, ele tem lesão, morte de axônios, perda visual. Sempre temos que tratar, mas sabemos que é irreversível. P á g i n a | 8 Aparelho de Goldmann: • Ele exerce uma pressão sobre a córnea e quando igualar, temos a pressão ocular; • Toca a córnea do paciente que empurra o aparelho de volta Aparelho de Perkins (portátil): • Esse é o manual - se vê duas semi-luas que, quando se encontrarem, se lê a pressão Avaliação do segmento posterior do olho Fundoscopia direta • Não podemos visualizá-lo normalmente, sem lente especial, na biomicroscopia • Geralmente usamos o oftalmoscópio, que aumenta 15x, se comparado a indireta. • A imagem formada é direta e real. • Tem campo de visão restrito. Fundoscopia indireta • Indireta - Aumento de 4 – 10 x • Imagem invertida e indireta • Visão estereoscópica O que devemos avaliar: vasos, mácula e nervo óptico. P á g i n a | 9 Alterações no exame do segmento posterior Coriorretinite • Provavelmente causada por toxoplasmose, mas só é confirmada por anatomopatológico. • Paciente relata que não enxergará nada no exame, porque perdeu a mácula (no exame não vê nada, porque analisamos a central), mas, mesmo tendo CID de cego, caminha bem, não se bate nas coisas porque não perde a visão periférica. Retinopatia diabética • Vasos lesionados, extravasando sangue, e formação de neovasos torduosos. • Paciente relata com campo de visão muito ruim, mas com visão central boa. • Perceba que a mácula permanece normal, enquanto a periferia está alterada. Pode evoluir. Teste do olhinho • Avalia o reflexo vermelho. • A luz bate na retina, que é vermelha e voltou, quando não se tem o reflexo vermelho, concluímos que alguma coisa impediu a luz de chegar na retina, onde não podemos determinar a causa na neste momento. • É importante o diagnóstico precoce porque nossa visão se desenvolve até os 6 anos, então até essa idade temos plasticidade para mudar a visão. Se tivermos uma doença congênita, como catarata congênita, se corrigida antes de 6 anos, podemos salvar o olho, mas depois não, porque o cérebro não se desenvolveu sensorialmente. Depois dos 8 anos é muito difícil de reverter. Infelizmente muitas vezes só se percebe ao ir à escola. • Sempre deve ser feita com dilatação da pupila. • Na figura temos uma catarata que não é bem densa. • Leucocoria: quando o olho está branco, pode ser tumor (retinoblastoma) ou catarata.
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