Buscar

Estudo da Bíblia: Introdução e Características

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ESTUDO DA BÍBLIA (BIBLIOLOGIA) 
 
 
Adriano Ribeiro dos Santos 
 
Ponta Grossa - Pr 
2006 
 1 
SUMÁRIO 
Páginas 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 2 
2. AFINAL, O QUE É TEOLOGIA SISTEMÁTICA? ............................................................................... 3 
3. A BÍBLIA E A REVELAÇÃO................................................................................................................ 4 
3.1. A Bíblia e sua terminologia ............................................................................................................ 4 
3.2. Revelação ........................................................................................................................................ 4 
3.2.1. Revelação geral ...................................................................................................................... 4 
3.2.2. Revelação específica .............................................................................................................. 4 
4. A BÍBLIA E A INSPIRAÇÃO ................................................................................................................ 6 
4.1. Opiniões acerca da inspiração bíblica ............................................................................................. 6 
4.2. Nossa visão acerca da Inspiração .................................................................................................... 6 
4.3. Conceitos não bíblicos acerca da inspiração ................................................................................... 6 
4.4. Implicações da inspiração ............................................................................................................... 7 
4.4.1. Autoridade .............................................................................................................................. 8 
4.4.2. Inerrância e infalibilidade ....................................................................................................... 8 
4.4.3. Curiosidades históricas da Bíblia ........................................................................................... 9 
4.4.4. Clareza .................................................................................................................................. 11 
4.4.5. Necessidade .......................................................................................................................... 12 
4.4.6. Suficiência ............................................................................................................................ 13 
4.4.7. O cânon ................................................................................................................................ 14 
5. COMO SE DEVE INTERPRETAR OS TEXTOS BÍBLICOS?........................................................... 17 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................................................ 21 
 2 
1. INTRODUÇÃO 
Quando viajamos pelo Brasil ou pelo mundo, 
percebemos que em grande parte dos lares existe uma Bíblia. Além de 
observamos exemplares das Sagradas Escrituras na casa de cristãos, 
também as vemos na residência de espíritas, mórmons, testemunhas de 
Jeová, entre outros. Também encontramos exemplares das Escrituras 
em hotéis, escritórios, consultórios e em variados estabelecimentos 
comerciais. 
Muitas destas pessoas não consideram a Bíblia 
como Palavra de Deus, inspirada, inerrante, suficiente, capaz de 
transformar a vida de qualquer indivíduo (2Timóteo 3.16, 17; Hebreus 4.12) e fazê-lo viver em atitude de 
gratidão a Deus enfrentando qualquer circunstância (Salmo 1.1,2; Filipenses 4.11-13). Pelo contrário, 
estas enxergam a Escritura como um amuleto, um instrumento de consolo em tempos difíceis ou apenas 
como uma boa literatura. 
Olhando para esse entendimento que as pessoas têm acerca da Bíblia, como posso 
avaliar minha comunhão com Deus, ouvindo Sua voz através da Sagradas Letras? Qual o valor que tenho 
dado as Escrituras? Minha atitude perante a Palavra de Deus irá revelar quão profunda ou superficial está 
minha intimidade com o Criador. 
Não nos enganemos, o crescimento sadio da igreja só acontecerá quando crescermos 
espiritualmente, baseados na Palavra do Senhor (Romanos 15.4-7). Enquanto não estudarmos a Palavra de 
Deus com a atitude de reverência a Escritura Divina e tendo como objetivo praticar suas verdades, 
ouviremos sermões e aulas que serão vazias e sem sentido para nós (Salmo 119.129-131). 
Esta apostila tem como objetivo ser um instrumento que auxiliará na sua compreensão 
da Palavra de Deus, demonstrando a importância que a Bíblia possui na vida de todo cristão. Para isso, 
faremos um estudo sistemático sobre a Escritura e suas características. 
 
 3 
2. AFINAL, O QUE É TEOLOGIA SISTEMÁTICA? 
Definições: 
Teologia é o “estudo sobre a Pessoa, as obras e o 
relacionamento de Deus. Palavra que vem do grego: τεοϑ (“Teou”) que 
significa Deus e λξγια (“Logia”) que significa estudo, conhecimento. 
A disciplina que busca apresentar uma declaração coerente da doutrina 
da fé cristã, baseada principalmente nas Escrituras, colocada no contexto 
da cultura geral, expressa no idioma contemporâneo e relacionada com a 
maneira de viver do homem”. Esta disciplina é dividida em duas partes, 
sendo elas: 
Teologia Bíblica – “focaliza-se em porções 
específicas da Bíblia, estudando-as separadamente quanto às suas 
peculiaridades, e vinculando-as harmonicamente à revelação bíblica total. Inclui o estudo de línguas 
originais, hermenêutica, arqueologia bíblica e exegese”1. Por exemplo, quando quero saber 
detalhadamente o que o texto de 1Coríntios 13 fala sobre amor, examinarei o texto minuciosamente, com 
o auxilio de comentários bíblicos, examinando o contexto em que foi escrito e o local. Também pode ser 
feito um estudo na língua original para saber se existem palavras diferentes no texto em grego para a 
palavra “amor” e qual o significado de cada uma delas. 
Teologia Sistemática – “processo de coleta, disposição metódica, comparação, 
demonstração e defesa de todas as informações e fatos sobre Deus e Suas obras obtidos nos diversos 
ramos de conhecimento humano; é também o registro deste processo”. Para ficar mais claro podemos 
dizer que fazemos Teologia Sistemática quando pegamos a palavra “amor” exemplificada acima e 
estudamos sua ocorrência na Bíblia como um todo. Além disso, na Teologia Sistemática utiliza-se 
documentos extra-bíblicos (documentos seculares, dicionários, enciclopédias, etc) com a finalidade de 
comparação e defesa da fé cristã. 
 
1 A definição de exegese e hermenêutica encontra-se no anexo 2 desta apostila. 
 4 
3. A BÍBLIA E A REVELAÇÃO 
3.1. A Bíblia e sua terminologia 
Do grego βιβλιξμ (“Biblion”), 32 vezes, “rolo de papel ou pergaminho”, “livro” 
(Lucas 4.17). Escritura - do grego γοαη (“Grafe”), 51 vezes, “escrita”, “letra”, “obra”. A frase “está 
escrito” γεγοαπται (“gegraptai”) encontra-se 70 vezes e significa uma demonstração da autoridade 
da citação (Mt 4.4-10). Palavra de Deus – “heor” ou “kocor” (“teos” ou “logos”) usada freqüentemente 
com respeito a palavra escrita, seja do Antigo ou do Novo Testamento (Hebreus 4.12). 
3.2. Revelação 
Definição: “Revelação é o processo pelo qual Deus desvenda ao homem Seu caráter e 
eterno desígnio, bem como o resultado desse processo, qual seja, a verdade divina manifesta ao homem”. 
Esta revelação pode ser geral ou especial (específica). 
3.2.1. Revelação geral 
Pode-se definir revelação geral como “o processo peloqual alguns atributos de Deus 
são manifestos ao homem através de meios naturais ou não”. 
A. Os meios da revelação geral incluem: 
 Natureza (Salmo 19.1-6; Romanos 1.19-20); 
 Providência (Mateus 5.45; 6.26, 30; Atos 17.24-28; Romanos 8.28); 
 Preservação do universo (Colossenses 1.17); 
 Consciência (moralidade) humana (Gênesis 1.26; Romanos 1.32; 2.14, 15); 
 Raciocínio (Romanos 1.20-22, 25). 
B. Questão: Uma pessoa pode conhecer a Deus através da revelação geral? 
 Sim, entretanto existirão algumas limitações. São elas: 
 Não expõe claramente a natureza moral de Deus e do homem; 
 Não possui conteúdo redentor; e 
 Não influi no problema básico do homem e acaba tendo um efeito condenatório 
sobre este. 
C. Posições quanto a revelação geral: 
 Catolicismo Romano – a natureza produz “fome” de maior conhecimento, o que 
só pode ser obtido nos ensinos da igreja (católica); 
 Liberalismo – a natureza nada diz sobre Deus; os autores bíblicos precisam ser 
corrigidos; 
 Neo- ortodoxia2 – a natureza não revela Deus até que o indivíduo tenha um 
encontro existencial pessoal com Ele; 
 Alguns reformados – o pecado tornou o homem insensível à revelação geral; e 
 Evangélicos – a revelação é tanto positiva como negativa: Revela algo sobre Deus 
mas também resulta em condenação em caso de rejeição. 
3.2.2. Revelação específica 
Por revelação específica entendemos ser “o conhecimento proporcionado da pessoa, 
obra, mensagem e propósitos de Deus, através de vários meios e por diversos homens na história, que foi 
 
2 Ver definição de neo-ortodoxia no Anexo 2 na palavra barthianismo. 
 5 
registrada (senão exaustivamente, suficientemente) como conteúdo das Escrituras”. A revelação 
específica ocorreu de vários meios: 
 Deus falou a pessoas (Noé, Abraão, Moisés, Elias, etc.); 
 Profecias; 
 Cristo (Hebreus 1.1-3); 
 Apóstolos. 
A. Características da revelação específica: 
 Limitada àqueles que têm acesso ao registro bíblico em forma escrita ou oral; 
 Eficaz em promover a redenção (Hebreus 4.12). 
B. Bases Bíblicas: 
 Hebreus 1.1-3 – “havendo falado”, “muitas vezes”, “de muitas maneiras”, “pelo 
Filho”. 
 Jesus como revelação (Isaías 7.14; 9.6; Mateus 11.27; João 1.18; 14.9; 
Colossenses 1.15-17; Hebreus 1.3). 
 A Bíblia como revelação (1Coríntios 15.3, 4). 
D. Posições quanto a Bíblia como revelação 
 Catolicismo Romano – as Escrituras são revelação quando interpretadas de acordo 
com os ensinos da única igreja verdadeira; 
 Liberalismo – a Bíblia será revelação quando for desmitologizada; seus relatos e 
interpretações pressupõem dimensão sobrenatural, que, de fato, é inexistente; (Rudolf Karl Bultmann) 
 Neo-ortodoxia – a Bíblia contém revelação feita a homens do passado, servindo 
apenas como testemunho dessa revelação passada; (Karl Barth) e 
 Evangélicos – a Bíblia é revelação inerrante e infalível de Deus ao homem. 
 6 
4. A BÍBLIA E A INSPIRAÇÃO 
Como você definiria inspiração bíblica? Certamente esta é uma expressão que 
precisamos tomar muito cuidado ao usá-la, pois corremos o risco de expressá-la incorretamente devido a 
nossa falta de conhecimento sobre seu verdadeiro sentido. A seguir faremos algumas considerações sobre 
o assunto. 
 A palavra “inspiração” é derivada da palavra grega ΘΕΟΠΝΕΥΣΤΟΣ 
(“theopneustos) que significa “soprada por Deus”. 
Definição: “Inspiração é o processo pelo qual Deus assegurou um registro original inerrante e 
infalível de Sua revelação através da ação controladora do Espírito santo sobre os escritores humanos, 
no pleno uso de suas personalidades”. 
4.1. Opiniões acerca da inspiração bíblica 
 Racionalismo e liberalismo3 – é um livro humano. 
 Seitas, misticismo e espiritismo – normalmente têm outra autoridade acima da 
Bíblia (livro ou pessoa), a experiência (pessoal ou coletiva) tem igual ou maior autoridade, sendo usadas 
como forma de interpretação. Exemplos: O espiritismo possui “O Evangelho segundo Allan Kardec”, as 
Testemunhas de Jeová possuem a literatura “Torre de Vigia”, os mórmons possuem “O livro dos 
mórmons”, entre outros. 
 Catolicismo Romano – a Bíblia é inspirada, mas sua autoridade provém da 
interpretação, também inspirada, dada pela igreja (padres e papa). 
 Correntes evangélicas contemporâneas – algumas linhas doutrinárias crêem em 
inspiração parcial, ou seja, apenas algumas partes da Bíblia são inspiradas. Outras crêem em inspiração 
gradual, sendo algumas partes mais inspiradas que outras. 
 Correntes ultra-fundamentalistas4 – Deus ditou a Bíblia aos profetas palavra por 
palavra. 
 Conservadores – a inspiração aconteceu de formal verbal e completa, ou seja, toda 
a Escritura foi inspirada por Deus, não havendo diferenças de valor em qualquer trecho. 
4.2. Nossa visão acerca da Inspiração 
 Fonte – “inspirada por Deus” (2Timóteo 3.16). Theopneustos – soprado para fora. Essa 
inspiração diz respeito às Escrituras e não aos escritores. 
 Extensão – (1 Timóteo 5.18; 2 Timóteo 3.16; 2 Pedro 3.16). 
 Note que no primeiro texto Paulo cita passagens do Antigo Testamento chamando-as de 
“Escritura” e na última passagem Pedro refere-se aos escritos de Paulo como parte das Escrituras, sendo 
inspiradas por Deus e em igualdade de importância com “as demais Escrituras”. 
 Processo – (2 Pedro 1.19-21) “homens santos... movidos pelo Espírito Santo”. “Movidos 
no grego ϕεοξμεμξι (“feromenoi”) significa “levantados”, “impelidos”, “carregados” . 
 Outros textos: Marcos 12.36; Atos 1.16; 4.24, 25; Hebreus 3.7; 10.15, 16. 
4.3. Conceitos não bíblicos acerca da inspiração 
 Inspiração extática – teoria que afirma que a inspiração da Escritura se deu num 
processo de transes emocionais, êxtase, onde o escritor não tinha a normalidade de suas atividades 
mentais. Entretanto, esta visão não consegue ser coerente com a visão bíblica de inspiração. Exemplos: 
Lucas 1.1-4; Judas 3. 
 
3 As definições racionalismo e liberalismo encontram-se no anexo. 
4 Veja a definição de fundamentalismo no anexo. 
 7 
 Inspiração mecânica – ditado. Problema: 1Coríntios 7.12, 25; Judas 3. O ditado exclui a 
personalidade dos escritores humanos. Se esta visão fosse correta, como explicar os estilos de literatura 
bíblica? 
 Inspiração natural – esta teoria afirma que os escritores da Bíblia foram homens geniais 
e que não precisaram de ajuda sobrenatural para escrever a Bíblia. Encontramos vários problemas nesta 
visão, os quais são: 
Se a Palavra foi escrita sem nenhuma ajuda sobrenatural, os próprios autores criaram o conteúdo, 
sendo portanto passível de erros. Não encaixa com passagens claras da Escritura como, por exemplo 
Mateus 5.18; 
Este tipo de inspiração dá margem para outros livros além da Bíblia serem considerados 
inspirados, conforme a genialidade de seu autor. A passagens de Provérbios 30.5-6 e Gálatas 1.8 são 
contrárias a esta idéia; 
Podem surgir livros inspirados a qualquer momento, podendo trazer ensinamentos conflitantes 
com a Bíblia, pois o critério da inspiração é a genialidade do autor. Refutação bíblica: Salmo 119.89-92, 
160; Gálatas 1.8; 2Pedro 1.19-21. 
 Inspiração mística ou dinâmica – é uma “evolução” da teoria da inspiração natural. Esta 
teoria afirma que os escritores da Bíblia eram homens geniais cheios do Espírito Santo e orientados por 
Ele, como qualquer outro cristão. Isso quer dizer que eles apenas tinham uma consciência religiosa mais 
profunda que outros povos, da mesma maneira que os gregos se sobressaíam na filosofia e os romanos na 
política. Esta teoria possui os mesmos problemas da anterior acrescida de que a Bíblia não é a Palavra de 
Deus mas contém a Palavra de Deus , podendo serusado como um livro de literatura apenas. Problema: 
Como interpretar Provérbios 30.5-6; 2Timóteo 3.16; Hebreus 4.12 ? 
 Inspiração parcial – esta corrente de pensamento entende que a Escritura possui certos 
graus de inspiração, ou seja, certos trechos da Bíblia são mais inspirados que outros. Em alguns casos, 
igrejas e movimentos que crêem ser correto este conceito não consideram algumas porções da Palavra 
como inspiradas por Deus. Esta visão não é coerente com o Salmo 119.160 e 2Timóteo 3.16, entre outros. 
Uma das ramificações deste pensamento crêem que as partes inspiradas são aquelas que não 
haveria possibilidade de conhecermos pela nossa capacidade (criação, profecias) e que se constituem em 
partes não inspiradas as porções históricas, pois podem ser conhecidas por documentos contemporâneos. 
Com relação a inspiração parcial existem aqueles que não crêem nos relatos sobrenaturais da 
Bíblia (Jonas no ventre do peixe, Moisés abrindo o mar, etc) mas crêem que as porções da Escritura que 
relatam fatos possíveis de compreender com a mente humana podem ser inspirados. 
 Atenção: Atualmente alguns movimentos evangélicos tradicionais pregam esta visão. 
 Inspiração conceitual – afirma que os conceitos são inspirados mas não as palavras e que 
estas podem estar erradas em alguns casos. O grande problema desta visão é que, se as palavras podem 
estar erradas, de que outra maneira pode-se formular conceitos sem o uso de palavras. Incoerência da 
visão: Isaías 40.6-11; Mateus 5.18. 
 Inspiração Neo-Barthiana – Karl Barth (1886-1968), considerado um grande teólogo, 
ensinava que a revelação está centrada em Cristo. Isso até parece interessante, entretanto o que os 
barthianos5 (ou neo-ortodoxos) pregam é que o testemunho da Bíblia é desigual, ou seja, certas partes são 
mais importantes em seu testemunho que outras. As partes mais importantes são as que testemunham de 
Cristo, embora estas não são necessariamente precisas. Barth afirmava que a Bíblia continha erros, mas 
que pode tornar-se a Palavra de Deus ao ser lida por nós. Problema desta visão: Deuteronômio 6.6-9; Pv 
4.20-22. 
4.4. Implicações da inspiração 
A doutrina cristã está baseada na inspiração das Escrituras. Então, se isto é verdade, 
 
5 Veja a definição de barthianos no anexo 2. 
 8 
existem sérias implicações para o homem. São elas: 
4.4.1. Autoridade 
Todas as palavras nas Escrituras são Palavra de Deus. 
a) Isso é o que a Bíblia afirma a seu próprio respeito 
No Antigo Testamento a frase introdutória “assim diz o Senhor” é encontrada 
centena de vezes. No mundo do Antigo Testamento, essa frase seria reconhecida como idêntica em forma 
à expressão “assim diz o rei”. Quando um profeta falava dessa forma em nome de Deus, cada palavra dita 
vinha de Deus, senão ele seria um falso profeta (Números 22.38; Deuteronômio 18.18-20; Jeremias 1.9; 
14.14; 23.16-22). Deus também fala por intermédio do profeta (1Reis 14.18; 16.12, 34; Zacarias 7.7, 12). 
Assim, o que o profeta diz em nome de Deus, é Deus quem fala (Ageu 1.12, 13) 
b) Acreditamos que a Escritura é a Palavra de Deus à medida que a lemos. 
Nossa convicção que a Bíblia é a Palavra de Deus vem apenas quando o Espírito 
Santo fala ao nosso coração nas palavras da Escritura e por intermédio delas, dando-nos a segurança de 
que essas são as palavras do nosso Criador falando conosco (1Coríntios 2.13, 14). 
c) As palavras das Escrituras são autocorroborantes. 
Elas não podem ser “comprovadas” como Palavra de Deus através de outras 
fontes (exatidão histórica ou coerência lógica, por exemplo). Se isso fosse necessário, a Bíblia deixaria de 
ser nossa autoridade máxima e absoluta, tornando-se dependente de outros conhecimentos, colocando-os 
como autoridade superior a Escritura divina. 
d) Deus não pode mentir nem falar com falsidade (Tito 1.2; Hebreus 6.18). 
e) Todas as palavras nas Escrituras são inteiramente verdadeiras e nela não 
há erro (Salmo 12.6; 119.89; Provérbios 30.5; Mateus 24.35). 
f) As palavras de Deus são o padrão definitivo da verdade. 
A Palavra de Deus não é simplesmente verdadeira, mas é a própria verdade (João 
17.17). As declarações que se conformam com as Escrituras são verdadeiras enquanto que as que não se 
conformam não são verdadeiras. Portanto, verdade é o que Deus diz, e na Bíblia temos o que Deus diz, de 
maneira exata mas não exaustiva. 
4.4.2. Inerrância e infalibilidade 
Os conceitos de revelação e inspiração produzem e condicionam o conceito de 
autoridade da Bíblia como Palavra de Deus. Tais conceitos fundamentam e sustentam toda a produção 
teológica. A falta de conceitos corretos haverá não só de fazer ruir toda a teologia conservadora, como 
dará a luz toda a sorte de deturpação doutrinária ou especulação filosófica e/ou religiosa. 
Duas definições são importantes: 
Inerrância: os escritos originais não continham qualquer erro. 
Infalibilidade: a Bíblia não ensina nem induz ao erro. 
Importância da inerrância e da infalibilidade na atualidade 
 Os ataques de fora e de dentro: Estabilidade doutrinária; 
 Inerrância e o método da teologia: Se a Bíblia não é a Palavra de Deus, a teologia 
também é falha. 
 Infalibilidade: Se nos faz errar, não atinge seus propósitos. 
Evidências da inerrância 
 A natureza de Deus: João 17.3; Romanos 3.4;Tiago 1.17; Tito 1.2; 
 O testemunho da própria Bíblia: Deuteronômio 18.20-22; Provérbios 30.5, 6; 
Mateus 5.17, 18; João 10.35. 
 9 
 O uso do texto por Jesus e pelos autores bíblicos: Mateus 22.29-32 (cf. Êxodo 
3.6); Mateus 22.41-46 (cf. Salmo 110.1); Gálatas 3.8, 16 (cf. Gênesis 22.17, 18); 1Timóteo 5.18 (cf. 
Deuteronômio 25.4; Lucas 10.7) 
 
Questões práticas 
Quando uma pessoa nega que a Escritura é inerrante, algumas questões doutrinárias 
podem ser afetadas. São elas: 
A negação da queda de Adão, da veracidade das experiências do profeta Jonas, a 
tentativa em explicar racionalmente os milagres relatados na Bíblia, a tentativa de redefinir o que seja 
pecado, salvação, entre outros problemas. 
Esta atitude também pode gerar erros no estilo de vida do cristão. São eles: 
Uma visão liberal da seriedade do adultério, da homossexualidade, do divórcio e do 
novo casamento. A pessoa também pode fazer uma reinterpretação do papel da mulher na família 
(submissão) e encarar a Bíblia como um bom livro de literatura apenas. 
Argumentos contra a inerrância e refutações bíblicas 
 Participação humana (Falibilidade) 
Refutação: Jesus Cristo era (e é) Deus e homem, sem mancha. Então, o ser 
humano não necessita de erro. Assim como o Verbo de Deus foi feito carne como nós em todas as coisas, 
exceto no pecado, assim também as palavras de Deus, exprimidas em linguagem humana, sem erro. O 
resultado é uma Palavra inspirada que é rica em significado, mais rica do que o autor humano pudesse 
imaginar. Isto é certo com respeito à Escritura e a inerrância. 
 Há erros na Bíblia. 
Refutações: 
 Há erros nas cópias, mas esses erros não arranham nenhuma doutrina 
essencial. Alguns erros podem ser apenas aparentes. 
 O conceito de inerrância só diz respeito aos manuscritos originais. Nós 
não os temos; por isso o debate não tem sentido. 
 O que importa é o códice6: uma cópia perfeita tem o mesmo valor do 
original. 
 A Bíblia mesma fala de suas cópias anteriores (Deuteronômio 10.2, 4; 
17.18; Jeremias 36.8). Os autores do Novo Testamento não tinham o original do Antigo, mas o próprio 
Jesus destacou a inerrância do códice deste (João 10.35). 
 Atualmente, há mais do que 5.000 manuscritos do Novo Testamento, com 
350 códices (Sinaiticus, Vaticanus, Alexandrinus); mais de 86.000 citações bíblicas nos escritos dos pais 
da igreja e em antigas traduções (latina siríaca,egípcia). O códice original não está perdido, mas está 
dentro dos manuscritos que temos. 
 Com respeito a inerrância das Bíblias que temos, elas têm algumas 
palavras discutidas com respeito ao autógrafo original. Mas ainda estas Bíblias de hoje são a verdadeira 
Palavra de Deus, inspirada e inerrante à medida que ela reflete a obra original de Deus. E, à luz da ciência 
do criticismo textual, podemos ter grande confiança de que a Bíblia que possuímos é extraordinariamente 
exata. 
4.4.3. Curiosidades históricas da Bíblia 
Cópias dos escritos começaram a ser feitas desde o princípio, para enviar a outras 
igrejas e para preservar a Escritura, a medida que as outras cópias iam sofrendo a ação do tempo. 
 
6 Ver definição de códice no anexo 2. 
 10 
Códice – No 2º século d. C. os livros do Novo Testamento começaram a ser feitos à 
maneira de “Códice”, isto é, à maneira dos livros de hoje, no qual, de um número qualquer de folhas, 
podia-se fazer um volume com páginas numeradas. Isto tornou possível fazer volumes de coleções 
maiores de livros do Novo Testamento, o que não se podia fazer no formato de rôlo. 
Os três mais antigos, completos, conhecidos e mais valiosos manuscritos (Códices) são 
o Sinaítico, o Vaticano e o Alexandrino, que originalmente foram Bíblias completas. 
O manuscrito Sinaítico foi descoberto por um alemão chamado Tischendorf, em 
1844, no mosteiro de Santa Catarina, no Monte Sinai. Encontrou-os num cesto de papéis velhos que 
haviam sido separados para queimar. Tischendorf havia encontrado partes de manuscritos datados da 
metade do século IV d.C. Quinze anos depois conseguiu o restante dos manuscritos com o mordomo do 
local. 
Foi adquirido pela Biblioteca Imperial de São Petesburgo, onde permaneceu até 1933, 
época em que foi vendido ao Museu Britânico por meio milhão de dólares. Este manuscrito contém 199 
folhas do Antigo Testamento e o Novo Testamento inteiro. 
O manuscrito Vaticano foi feito no 4º século. Encontra-se na Biblioteca do Vaticano 
desde 1841. Faltam alguns fragmentos do Novo Testamento. Este e o Sinaítico são os dois mais antigos e 
de maior valor. Tischendorf pensava que talvez foram feitos por uma mesma pessoa e pertencessem ao 
número dos 50 encomendados por Constantino7. 
O manuscrito Alexandrino foi feito no 5º século em Alexandria. Encontra-se no 
Museu Britânico desde 1627. É a Bíblia inteira, faltando alguns fragmentos, contendo também as 
“Epístolas de Clemente” e os “Salmos de Salomão”. 
Pauta para dificuldades bíblicas8 
1. As citações não precisam ser citações exatas. Ex: Compare Mateus 27.37; 
Marcos 15.26; Lucas 23.38; João 19.19.; 
2. Nem tudo que está na Bíblia é eticamente aprovado por ela. Ex: Observe 
Gênesis 20.2; 
3. Um relatório parcial não é necessariamente um relatório falso. Ex: 
Compare Mateus 20.30, Marcos 10.46 e Lucas 18.35; 
4. Relatórios diferentes não são necessariamente contraditórios. Ex: 
Compare Mateus 26.57 com João 18.13; 
5. Palavras diferentes podem ter o significado igual (e vice-versa). Ex: 
Compare Mateus 20.29, Marcos 10.46 e Lucas 18.35; 
6. A linguagem bíblica sobre o mundo é, as vezes, fenomenológica 
(aparente). Observe Josué 10.12-13; 
7. Descrições inexatas não são necessariamente falsas. Ex: Compare Mateus 
28.5, Marcos 16.5 e Lucas 24.4; 
8. As dificuldades que ainda não têm explicações não necessariamente 
ficarão sem explicações no futuro. 
Esse tópico vai ser dedica a explanação da autoridade bíblica como infalível e 
inerrante. Já de início pode-se concluir que, desobedecer a Escritura ou negar sua autoridade, constitui em 
desobediência a Deus e falta de fé no Deus onipotente. 
 
 
7 Para saber mais sobre os manuscritos de Constantino ver anexo 2. 
8 Veja exemplos no anexo1. 
 11 
4.4.4. Clareza 
Vimos anteriormente trechos das Escrituras difíceis de serem interpretados. Entretanto, 
sabemos que a Bíblia como um todo pode ser considerada de fácil compreensão. Pedro, quando se refere 
as epístolas paulinas declara que “”há certas coisas difíceis de entender” (2Pedro 3.16). Note que Pedro 
fala “certas coisas” e não “todas as epístolas paulinas”. Pode-se notar nos versículos 14-18 Pedro 
estimula seus leitores a buscarem o conhecimento da Escritura. Este tópico destina-se a expor a clareza 
da Palavra de Deus. 
a) A Bíblia afirma sua própria clareza 
A clareza da Bíblia e a responsabilidade dos crentes em geral de lê-la e compreendê-
la são freqüentemente enfatizadas. Moisés já enfatizava a importância desta atitude (Deuteronômio 6.6-7). 
Aplicando a Bíblia em nossas vidas, entendemos que todo crente deve ser capaz de compreender as 
palavras das Escrituras, e compreendê-las bem o bastante para ensinar filhos e irmãos em Cristo. Da 
mesma forma, o Salmo 1 chama de “bem-aventurado” e digno de ser imitado o aquele que medita na Lei 
do Senhor “de dia e de noite” (Salmo 1.2). 
As Escrituras afirmam que até os “inexperientes” podem ler e entender a Bíblia, 
tornando-se sábios (Salmo 19.7; 119.30). Inexperientes ou símplices são pessoas que carecem de 
capacidade intelectual bem como de juízo correto para não ser desencaminhada. 
Numa época em que é comum as pessoas nos dizerem que é muito difícil interpretar 
corretamente as Escrituras, é bom lembrar que no evangelhos nunca encontramos Jesus declarando: “ 
Percebo que vocês estão em dúvida. Não os culpo, pois a Escritura é muito obscura sobre isso”. Pelo 
contrário, em vários momentos Cristo exclamou: “Não lestes...” (Mateus 12.3, 5; 19.14; 22.31), “Nunca 
lestes nas Escrituras...” (Mateus 21.42) ou mesmo “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de 
Deus...” (Mateus 22.29; cf. Mateus 9.13; 12.7; 15.3; 21.13; João 3.10). Percebe-se nestes versículos que 
Jesus falava tanto a eruditos como a pessoas incultas, tendo a certeza que essas pessoas não podiam culpar 
a Escritura por uma má compreensão de um ensinamento. Pelo contrário, a culpa é daquele que 
compreende erroneamente ou não aceita o que está revelado na Palavra. 
Semelhantemente, a maioria das epístolas do Novo Testamento não foram escritas 
para líderes de igrejas, mas a congregações inteiras (1Coríntios 1.2; Gálatas 1.2; Filipenses 1.1). Paulo 
entende que seus leitores irão compreender o que ele escreve, e incentiva o envio de suas cartas a outras 
igrejas (Colossenses 4.16; 2Coríntios 1.13; Efésios 3.4; Tiago 1.1, 22-25) 
b) As qualidades morais e espirituais são necessárias para a correta 
compreensão 
O Novo Testamento afirma não poucas vezes que a capacidade de compreender 
corretamente as Escrituras é mais moral e espiritual que intelectual (João 7.17; 8.43; 1Coríntios 2.14; 
2Coríntios 3.14-16; 4.3-4, 6; Hebreus 5.14; Tiago 1.5-6). Portanto, apesar da Escritura ser uma revelação 
clara, ao mesmo tempo esta não será compreendida corretamente por aqueles que não se dispuserem a 
receber seus ensinamentos. 
c) Por que as pessoas compreendem erradamente as Escrituras? 
Vemos no Novo Testamento que os próprios discípulos de Jesus demonstravam não 
entender o Antigo Testamento e até os ensinos de Cristo (Mateus 15.16; Marcos 4.10-13; 6.52; João 8.27). 
Embora às vezes isso se devesse ao fato de que eles simplesmente precisavam aguardar eventos futuros da 
história da redenção, especialmente da vida do próprio Cristo (João 12.16; 13.7), também houve 
oportunidades em que isso se deveu à sua falta de fé ou dureza de coração (Lucas 24.25). 
A doutrina da clareza das Escrituras não implica que todos os crentes vão concordar 
sobre todos os ensinamentos, mas nos mostra que o problema não está no texto em si, mas em nós 
mesmos. 
d) O incentivo prático derivado desta doutrina 
A doutrina da clareza das Escriturasnos diz que nos pontos em que há desacordo 
 12 
doutrinário ou ético (batismo, livre-arbítrio, predestinação9, governo da igreja) só pode haver duas causas 
para essas discordâncias: 
 Pode ser que estamos afirmando pontos em que as Escrituras se calam (ex: 
métodos de evangelização, estilos de ensino bíblico, tamanho da igreja, etc); 
 Existe a possibilidade de termos cometido erro na interpretação das Escrituras. 
e) O papel dos estudiosos 
Ensinar claramente as Escrituras, transmitindo o seu conteúdo aos outros (1Coríntios 
12.28; Efésios 4.11), examinar novos campos de compreensão das Escrituras, defender os ensinamentos 
da Bíblia contra os ataques de outros estudiosos (2Timóteo 2.25; Tito 1.9; 2.7-8) e complementar o estudo 
da Bíblia em prol da igreja (ex: ensinar, mostrando o contexto cultural, histórico e econômico onde os 
fatos aconteceram, fazer uso das línguas originais, etc). 
4.4.5. Necessidade 
Para que necessitamos da Palavra de Deus? Qual é a sua função em nossa vida moral 
e espiritual? A Bíblia tem alguma parcela de influência em nosso relacionamento com Deus? Quais são as 
circunstâncias em que a Bíblia não é necessária? Este tópico é destinado a responder estas questões. 
a) A Bíblia é necessária para conhecer o Evangelho 
Romanos 10.13-17. Este texto explica que: 
 O homem precisa invocar o nome do Senhor (Jesus) para ser salvo (v.13, cf. v. 9); 
 As pessoas só podem invocar o nome de Cristo se crêem Nele como Salvador; 
 As pessoas não podem crer em Cristo a menos que tenham ouvido falar Dele; 
 Não ouvirão falar de Cristo, a menos que alguém fale Dele; e 
 A fé vem pelo ouvir, e esse ouvir a mensagem do evangelho vem pela pregação 
de Cristo. 
Outros textos: João 3.18; 14.6; 1Timóteo 2.5, 6. 
A conclusão é que somos salvos pela fé em Cristo. Podemos nos perguntar: “Como os 
crentes da antiga aliança (crentes antes da vinda de Cristo) foram salvos?” 
A resposta é que os crentes da antiga aliança também foram salvos pela fé em Cristo, 
ainda que fosse uma fé de expectativa baseada na promessa divina que viria o Messias ou Redentor (João 
8.56; Hebreus 11.13, 26) A Palavra de Deus, nos tempos mais remotos, vinha em forma bastante breve, 
mas desde o princípio temos provas de palavras de Deus que prometiam uma salvação futura (Gênesis 
3.15; 4.3-4, 7; Hebreus 11.4, 39). 
b) A Bíblia é necessária para sustentar a fé espiritual 
Negligenciar a leitura regular da Palavra de Deus é tão prejudicial à saúde quanto 
negligenciar o alimento físico é prejudicial a saúde (Mateus 4.4 cf. Deuteronômio 8.3). Moisés também 
enfatiza a importância da Palavra de Deus (Deuteronômio 32.47). Como verdadeiros cristãos, devemos 
desejar o verdadeiro alimento espiritual (1Pedro 2.2). 
c) A Bíblia é necessária para o conhecimento seguro da vontade de Deus 
Todas as pessoas têm algum conhecimento da vontade de Deus por intermédio de sua 
consciência. Mas esse conhecimento é muitas vezes indistinto e não pode proporcionar certeza. Não 
podemos confiar apenas em experiências, conselhos ou na consciência, pois é impossível obter a certeza 
acerca da vontade de Deus num mundo caído, onde o pecado distorce nossa percepção de certo e errado, 
introduz raciocínios falhos e nos faz render-nos ao testemunho da nossa consciência (Jeremias 17.9; 
1Coríntios 8.10; Hebreus 5.12-14; 1Timóteo 4.2). 
 
9 Veja as definições de predestinação e livre arbítrio no Anexo 2. 
 13 
Na Bíblia, porém, temos afirmações claras e precisas sobre a vontade de Deus. Ele 
não nos revelou todas as coisas, mas nos revelou o suficiente para conhecermos a Sua vontade. Deus não 
nos revelou o que queremos saber - Ele revelou o que precisamos saber (Deuteronômio 29.29; Salmo 1.1-
2; 119.1; 1João 5.3). 
d) A Bíblia não é necessária para saber que Deus existe 
Mesmo sem a Escritura, é possível ter algum conhecimento de Deus, ainda que este 
conhecimento não seja absolutamente seguro.As pessoas podem obter o conhecimento de que Deus existe 
e de alguns de Seus atributos, simplesmente pela observação de si mesmas e do mundo que as cerca 
(Salmo 19.1; Atos 14.16-17). Mesmo aqueles que, pela impiedade, suprimem a verdade, não podem evitar 
as provas da existência e da natureza de Deus na ordem criada (Romanos 1.19-21). Portanto, todas as 
pessoas que vivem ou já viveram têm provas da existência de Deus através da criação. 
e) A Bíblia não é necessária para conhecer algo sobre o caráter e sobre as leis 
morais de Deus 
Até os incrédulos que não têm nenhum registro escrito das leis de Deus têm na sua 
consciência alguma compreensão das exigências morais de Deus, portanto, pode-se afirmar que os ímpios 
sabem que a prática do pecado é errada (Romanos 1.32; 2.14-15). O conhecimento das leis de Deus pelos 
incrédulos jamais será perfeito, mas é suficiente para gerar a consciência das exigências morais de Deus 
para toda a humanidade. 
É uma grande benção os incrédulos terem um certo conhecimento sobre as leis morais 
de Deus, pois se não as conhecessem, não haveria restrição social ao mal que os homens fariam. Por 
existir determinado conhecimento comum do certo e do errado, os cristãos encontram certo consenso com 
não cristãos em questões de lei civil, parâmetros comunitários, ética essencial para negócios e atividades 
profissionais, bem como padrões aceitáveis de conduta na vida comum. Entretanto, o que deve ser 
ressaltado é que, o caminho só pode ser encontrado em Jesus, cujo conhecimento depende das Escrituras, 
juntamente com a atuação do Espírito Santo (João 14.6; 16.7-8; Romanos 10.13-14). 
 
4.4.6. Suficiência 
Em nossa mente pode surgir a pergunta: “_ Será que a Bíblia pode responder de 
maneira convincente às minhas dúvidas ou preciso buscar outras fontes de sabedoria?”. Este tópico tem 
como objetivo tratar dessa questão. 
a) Podemos encontrar tudo o que Deus disse sobre temas específicos e também 
respostas às nossas perguntas 
A suficiência das Escrituras é de grande importância para nossa vida cristã, pois nos 
permite concentrar a busca das palavras de Deus somente na Bíblia. Isso significa que podemos chegar a 
conclusões claras sobre muitos ensinamentos da Palavra. Embora exija um pouco de esforço, é possível 
localizar todas as passagens bíblicas relevantes para as questões de casamento e divórcio, ou das 
responsabilidades dos pais para com os filhos, ou do relacionamento entre o cristão e o governo civil 
(2Timóteo 3.15-17; 1Pedro 1.23). 
b) O volume de Escrituras dado foi suficiente em cada estágio da história da 
redenção 
O homem não pode acrescentar por conta própria nenhuma palavra àquela que Deus 
revelou. Diante disso, entendemos que Deus não falou a humanidade outras palavras que Ele exige que 
creiamos ou observemos além daquelas que temos hoje na Bíblia. 
Deus sempre tomou a iniciativa de nos revelar a Sua palavra. Ele é quem decidiu o 
que revelar e o que não revelar. Em cada estágio da história da redenção, as palavras que Deus revelara 
antes eram para o Seu povo daquela época e eles deveriam estudar, crer e obedecer a Palavra. 
No tempo de Moisés, os primeiros cinco livros do nosso A.T. eram suficientes para o 
povo de Deus da época. Mas Deus ordenou que autores posteriores acrescentassem novos ensinos, para 
que as Escrituras fossem também suficientes para os crentes de épocas posteriores. Para os cristãos de 
 14 
hoje o A.T. e o N.T. são suficientes. 
Isso significa que podemos citar textos bíblicos de qualquer ponto da Bíblia para 
demonstrar que o princípio da revelação de Deus para o seu povo em cada época específica permaneceu o 
mesmo (Deuteronômio 4.2; 12.32; Provérbios 30.5-6; Gálatas 1.8). 
c) Aplicações práticas 
Portanto, conclui-se que a suficiênciada Escrituras: 
 Deve nos incentivar a tentar descobrir aquilo que Deus quer que pensemos e 
façamos. Devemos nos convencer de que tudo o que Deus quer nos dizer sobre esta questão se encontra 
nas Escrituras (Deuteronômio 29.29; 2Timóteo 3.17); 
 Nos lembra de que não devemos acrescentar nada a Bíblia nem equiparar algum 
outro escrito a ela (Gálatas 1.8); 
 Nos diz que Deus não exige que creiamos em nada sobre si mesmo ou sobre Sua 
obra redentora que não esteja na Bíblia (Provérbios 30.5-6); 
 Nos mostra que nenhuma “revelação moderna” de Deus deve ser equiparada a 
Bíblia no que diz respeito a autoridade; 
 Com respeito à vida cristã, ela nos lembra que não existe pecado que não seja 
proibido pelas Escrituras, quer explícita quer implicitamente. A menos que se possa provar algum ensino 
específico ou algum ensino geral que proíba algo, não devemos tentar acrescentar proibições além 
daquelas expostas na Escritura. Lembremos de que existem inúmeras variantes do pecado, e o que vai ser 
julgado é a atitude. Ex: Alguém pode perguntar: “_ Se a Bíblia contêm respostas suficientes para o ser 
humano, como não encontro nada sobre nenhuma proibição quanto ao uso do computador, ou a assistir 
filmes eróticos?”. A resposta é que a Escritura não é um almanaque ou enciclopédia. Ela possui valores 
que vão direcionar a vida do cristão. O uso do computador em si não é pecado, entretanto, quando usamos 
em excesso a ponto de impedir o momento devocional e a comunhão com Deus, torna-se pecado, pois 
colocamos o objeto como prioridade em nossa vida (Tiago 4.1-5). Quanto a filmes pornográficos, existem 
proibições contra a sensualidade e o pensar naquilo que não edifica (Gálatas 5.19-21; Filipenses 4.8). 
4.4.7. O cânon 
Terminologia – do grego καμξμ (“kanon”), que significa regra, medida e do 
hebraico qaneh, que significa junco, vara de medir. Esta palavra também é usada com o significando a 
lista de livros inspirados que compõem a Bíblia (66 livros). Estes foram escritos entre 1400 e 400 a.C. 
(A.T.) e entre 50 e 90 d.C. (N.T.). 
Uso bíblico: Gálatas 6.16 (cf. 2Coríntios 10.13, 15, 16). 
Critérios de Canonicidade 
Para se verificar a inspiração dos escritos antigos se adotavam certos critérios. Esses 
critérios podem ser resumidos pelas seguintes perguntas: 
 O livro é autorizado? Afirma vir da parte de Deus? (Deuteronômio 6.6-9; João 
21.24; 1Timóteo 1.15; 2Pedro 1.19-21). 
 É profético? Foi escrito por um servo de Deus reconhecido? 
 É digno de confiança? Trás informações corretas? 
 É dinâmico? Provoca transformação na vida dos leitores? (Hebreus 4.12; 
2Timóteo 3.16-17). 
 É aceito pelo povo de Deus? È reconhecido como vindo de Deus? 
(1Tessalonicenses 2.13). 
Então, é mais correto falar que a inspiração dos livros não foi determinada pela igreja 
primitiva, mas que foi Deus quem inspirou os livros no ato do seu registro. É melhor dizer que a Bíblia é 
auto-autenticada e que a igreja reconheceu a inspiração dos livros. Fases: Inspiração  Reconhecimento 
 15 
 Coleção/preservação. 
Cânon do Antigo Testamento 
39 livros escritos entre 1400 e 400 a.C. 
 Jesus e os apóstolos presumem a unidade do Antigo Testamento (Mateus 23.35; 
Lucas 11.51). Gênesis é o primeiro e Crônicas é o último livro da Bíblia hebraica. 
 Ben-Siraque definiu em 132 d.C.: “Lei, Profetas, Escritos”. 
 Josefo afirmou que a profecia cessou em Artaxerxes (465-430). Esdras, Neemias, 
Malaquias. 
 O Sínodo de Jâmnia (90 d.C.)10: A decisão de Jâmnia finalizou o processo de 
canonização do Antigo Testamento, mas demorou na aceitação por outros judeus. Melito de Sardes (170 
d.C.) e Jerônimo (400 d.C.), os dois na Palestina, confirmaram este cânon de 39 livros. 
O cânon do Novo Testamento 
27 livros entre 50 e 90 d.C. 
a) O fim do cânon neo-testamentário. 
A autoria apostólica (por escrever, ditar ou sancionar) limita o cânon à vida dos 
apóstolos (João 14.26; 16.13), pois a posição do apóstolo foi limitada aos que tinham visto a Cristo e 
foram comissionados por Ele. A igreja primitiva discerniu que a autoria canônica era restrita. Existem 
diversas indicações bíblicas com respeito ao término do Cânon (Efésios 2.20; 2Timóteo 1.13; 3.1; Tito 
1.9-11; Hebreus 2.3, 4; 2Pedro 2.1-3; 1João 2.18-24; Judas 3, 4; Apocalipse 22.18-19). 
b) História do Cânon: um processo 
 Policarpo (110-150): exceto 2Timóteo, Tito, Filemom, Hebreus, Tiago, 2Pedro, 
3Jpão, Judas e Apocalipse; 
 Irineu (130-202): todos os livros, com exceção de Filemom, Tiago, 2Pedro e 
3João; 
 O Cânon de Muratório (170): exceto Hebreus, Tiago, 1 e 2Pedro; 
 Tertuliano (150-220): exceto Filemom, Tiago, 2Pedro, 2 e 3João; 
 Cânon de Borocóccio (206): exceto Apocalipse; 
 Cânon de Atanásio (367): Todos; 
 Concílio de Hipona (393): Todos; 
 Concílios de Cartago (397-419): Todos. 
Categoria de livros 
Categorias históricas: Eusébio, bispo de Cesaréia (280-340 d.C.). 
a. Homologoumena – os livros aceitos por todos (A.T. – 34 dos 39; N.T.- 22 dos 
27). 
b. Antilegomena - os livros discutidos por alguns: 
 Antigo Testamento – Cantares, Eclesiastes, Ester, Ezequiel e Provérbios. 
 Novo Testamento – Tiago, 2Pedro, 2 e 3João e Judas. 
c. Pseudepigrafes 11 - Livros rejeitados por todos. 
 
10 O Sínodo de Jamnia era uma escola de rabinos que decidia a canonicidade. 
11 Pseudepígrafes – Ver anexo 2. 
 16 
 Antigo Testamento – Enoque, Assunção de Moisés, etc (18 livros). 
 Novo Testamento – Atos de Paulo, O Pastor de Hermas, A Epístola de Barnabé, 
O Didaquê. 
d. Apócrifos – “Difícil de entender, escondido”. Chamado pelos católicos de 
Deuterocanônicos (segundo cânon), em contraste com o nosso A.T. que é por eles aceito e chamado de 
Protocanônico (primeiro cânon). 
 No Oxford Annotated Apocrypha, há 15 livros, mas somente 12 destes foram 
aceitos no Concílio de Trento (1546)12. São eles: 
Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, Epístola de Jeremias, 1 e 2 
Macabeus, e os acréscimos à Ester (em grego)13, Cântico de Azarias, Cântico dos três jovens, e as 
histórias de “Suzana” e “Bel e o Dragão”. 
Por que rejeitamos estes livros? 
 Alguns têm idéias contra o ensino bíblico. Ex: Tobias fala sobre salvação pelas 
obras: “Dá esmola dos teus bens, e não te desvies de nenhum pobre, pois assim fazendo, Deus tampouco 
se desviará de ti” (Tobias 4.7); “...porque a esmola livra da morte: ela apaga os pecados e faz encontrar a 
misericórdia e a vida eterna;” (Tobias 12.9). 
 Alguns têm histórias fantasiosas e irreais. Ex: Bel e o Dragão. 
 Outros têm ensinos com erros ou até imorais. Ex: Judite 9.10-13. 
 Os apócrifos foram rejeitados pelos judeus e por muitos líderes da igreja 
primitiva: Filo, Josefo, Jâmnia, Jesus Cristo, os apóstolos, os pais da igreja incluindo Atanásio e Jerônimo 
(tradutor da Vulgata14). 
 
12 Concílio de Trento – Ver anexo 2. 
13 O Antigo Testamento é escrito em hebraico, com pequenas porções de aramaico. 
14 Vulgata – Ver anexo 2. 
 17 
5. COMO SE DEVE INTERPRETAR OS TEXTOS BÍBLICOS? 
1. Histórico gramaticalmente (no sentido normal); 
2. de acordo com todo o contexto imediato; 
3. em harmonia com toda a Bíblia: 
 A Escritura interpreta-se a si mesma; 
 Uma só declaração não pode derrubar 
uma doutrina clara em muitas passagens; 
 Textos obscuros devem ser interpretados 
à luz dos textos mais claros; 
 Trechos doutrinários têm mais peso do que 
textos acessórios e históricos; 
 Devemos aceitar até mesmo duas doutrinas (ensinos) claras que pareçam 
contraditórias, crendo que a solução reside em Deus; 
 
 18 
ANEXO 1 QUESTÕES PRÁTICAS SOBRE DIFICULDADES BÍBLICAS 
1. Por que a inscrição na cruz é apresentadade forma diferente nos evangelhos (Mateus 27.37; 
Marcos 15.26; Lucas 23.38; João 19.19)? 
 A inscrição foi feita em três línguas diferentes, a saber, o hebraico, latim e grego. As diferenças 
podem ter se originado por causa das diferentes traduções 
3. Quantos cegos Jesus curou naquela ocasião? Mateus 20.30 (2); Marcos 10.46 (1); Lucas 18.35 (1). 
 É provável que, pelo fato de um deles tomar a palavra e se destacar, Marcos e Lucas não 
mencionam o outro, ou pelo fato de Marcos e Lucas conhecerem Batimeu. 
4. Jesus foi levado perante Anás (João 18.13) ou Caifás (Mateus 26.57)? 
 Anás fora deposto do sumo sacerdócio pelos romanos em 15 d.C., mas provavelmente era ainda 
considerado por muitos o verdadeiro sumo sacerdote. Segundo a lei judaica, ninguém podia ser 
condenado no mesmo dia em que fosse julgado diante do tribunal. Foram feitos dois interrogatórios- o 
mencionado por João feito por Anás e o mencionado por Mateus, feito por Caifás. Podem ter sido 
realizados a fim de dar alguma forma de legitimidade aos procedimentos, além de ganhar tempo, pois o 
primeiro interrogatório aconteceu de madrugada, algo ilegal segundo a lei judaica da época. Nota-se, que 
logo depois Jesus foi enviado a Caifás (João 18.24). 
 
5. Jesus, Seus discípulos e a multidão estavam saindo de Jericó (Mateus 20.29) , chegando em Jericó 
(Marcos 10.46) ou ao aproximarem-se de Jericó (Lucas 18.35)? 
 Jericó é uma cidade localizada a uns 8 Km a oeste do Jordão e uns 24 Km a nordeste de 
Jerusalém. Nos tempos de Jesus, a Jericó do AT estava quase inteiramente abandonada, mas uma cidade 
nova, ao sul da antiga, fora edificada por Herodes, o Grande. Portanto, Lucas referia-se à nova Jericó, ao 
passo que Mateus e Marcos referiam-se à antiga. 
7. As mulheres que foram ao sepulcro onde Jesus fora colocado, encontram um anjo (Mateus 28.5), 
um jovem (Marcos 16.5) ou dois anjos (Lucas 24.4)? 
 Encontraram dois anjos, visto que outra passagem confirma este acontecimento (João 20.12). 
Embora Mateus e Marcos relatem a existência de apenas uma personagem, isso não é estranho, porque 
muitas vezes há referência apenas a quem falou, sem menção da outra personagem. 
 19 
ANEXO 2 – TIRE SUAS DÚVIDAS 
Barthianismo – sistema teológico ensinado por Karl Barth (1886-1968). Enfatiza que Deus se revela 
soberanamente através da Palavra, cujo ponto máximo é Cristo. Para Barth, a Bíblia é um instrumento 
falível que aponta para Cristo. Para os barthianos, as partes da Bíblia que se referem a Cristo são mais 
valorosas que outras passagens que não fazem referência explícita a Jesus. 
Concílio de Trento (1546) – foi a resposta da Igreja Católica Romana aos ensinos de Martinho Lutero e 
da Reforma Protestante que se espalhavam rapidamente. Os livros apócrifos contêm apoio para o ensino 
católico de oração pelos mortos e de justificação pela fé com obras, não pela fé somente. Ao declarar que 
os apócrifos são parte do cânon, os católicos romanos estariam alegando que a igreja tem autoridade para 
designar uma obra literária como “Escritura”, enquanto os crentes têm sustentado que a igreja não pode 
fazer isso, mas apenas reconhecer o que Deus já determinou que fosse escrito como palavra Dele próprio. 
Exegese – (do grego ενεξμαι (“exegeomai”), explicar, interpretar, contar, narrar, descrever. 
ΕΞΕΓΕΣΙΣ (“Exegesis”) – narrativa, descrição, explicação, interpretação). A exegese é a aplicação 
interpretativa. Um exegeta é a pessoa que assim explica. A tarefa da exegese é explicar o significado de 
um texto conforme o autor queria que fosse compreendido, por isso, envolve a análise das línguas 
originais. 
Fundamentalismo – Um movimento que surgiu nos Estados Unidos durante a Primeira Guerra Mundial a 
fim de reafirmar o cristianismo protestante ortodoxo e defendê-lo contra os desafios da teologia liberal, do 
darwinismo e de outros pensamentos considerados danosos para cristianismo o norte-americano. Até o 
tempo presente, o fundamentalismo já passou por várias fases, e o termo em alguns aspectos tem 
conotação negativa pela postura radical e as vezes tradicionalista de alguns adeptos. 
Hermenêutica – (do grego ερμενευο (“hermeneuo”), ερμενεια (“hermeneia”) – é o estudo de 
princípios de interpretação bíblica e a aplicação destes princípios no estudo bíblico. Os termos acima 
citados estão relacionados a Hermes – o deus mensageiro de pés alados da mitologia grega. Cabia a ele 
transformar o que estava além do entendimento humano em algo que a inteligência humana pudesse 
assimilar. Afirma-se que foi ele quem descobriu a linguagem verbal e a escrita, tendo sido o deus da 
literatura e da eloqüência, dentre outras coisas. Ele era o mensageiro ou intérprete dos deuses e 
principalmente do pai, Zeus. Assim, o verbo “hermeneuo” passou a significar o ato de levar alguém a 
compreender algo em seu próprio idioma (logo, “explicar”) ou em outra língua (logo, “traduzir”). 
Liberalismo – também conhecido como modernismo, ele é a grande mudança no pensamento teológico, 
ocorrida no fim do século XIX. A característica principal é o desejo de adaptar as idéias religiosas a 
cultura e formas de pensar modernas. Os liberais insistem em que o mundo se alterou desde os tempos em 
que o cristianismo foi fundado, de modo que as terminologias da Bíblia e das crenças são 
incompreensíveis às pessoas hoje. Um segundo elemento do liberalismo é sua rejeição da crença religiosa 
baseada exclusivamente na autoridade. Todas as crenças devem passar pela prova da razão e da 
experiência, e nossa mente deve permanecer aberta diante de novos fatos e verdades, independentemente 
de sua origem. Visto que a Bíblia é obra de escritores limitados por seus tempos, ela não é sobrenatural 
nem um registro infalível da revelação divina e, portanto, não possui autoridade absoluta. 
Livre-arbítrio – Doutrina que afirma que o ser humano tem liberdade para agir conforme a sua própria 
vontade; autodeterminação. O homem decide crer em Cristo e ser salvo. 
Manuscritos de Constantino – Constantino aceitou o cristianismo e fez deste a religião da sua corte e do 
seu império. Tinha por seu principal conselheiro religioso Eusébio (264-340 d.C.). Um dos primeiros atos 
de Constantino, ao ascender ao trono, foi mandar preparar, sob a direção de Eusébio e a cargo de hábeis 
copistas, cinqüenta Bíblias para as igrejas de Constantinopla, no mais delicado velo, para serem trazidas 
em carruagens reais de Cesaréia àquela cidade. Escreveu ele em sua ordem a Eusébio: 
“Tenho pensado na conveniência de instruir vossa prudência no sentido de serem 
encomendadas cinqüenta cópias das Sagradas Escrituras, a provisão e o uso das quais, como sabe, são 
muitíssimo necessários à instrução da igreja. Deverão ser feitas em pergaminho especial, de modo legível 
e de uma forma cômoda e portátil, por copistas bem práticos em sua arte...”. 
Predestinação – doutrina que afirma haver um planejamento pré-temporal de Deus do destino de Seus 
 20 
filhos, os eleitos, ou seja, Deus escolheu antes da fundação do mundo os que são salvos. 
Pseudepígrafes – do grego ψευδξς (“pseudo”) que significa falso e γοαφη (“grafe”) que significa 
escrito, Escritura. Eram autores anônimos que colocavam nomes de pessoas famosas na época, buscando 
credibilidade para suas obras literárias. 
Racionalismo – afirma que a razão humana por si só é suficiente para resolver todos os problemas que 
dizem respeito à natureza e ao destino do homem. Foi impulsionado na área religiosa por homens como 
Immanuel Kant. Kant afirmava que é impossível à mente humana absorver verdades espirituais. Sua 
conclusão é que a Bíblia não era revelação divina, mas um livro de ética idealizado pelo próprio homem. 
Vulgata – do latim “vulgare”, que significa “fazer conhecido”, “publicar”. O nome da versão latina da 
Bíblia preparadapor Jerônimo a pedido do Papa Damasco (382 d.C.). No Concílio de Trento recebeu 
autoridade canônica na Igreja Católica Romana. 
 
 21 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
ERICKSON, Millard J.. Introdução à teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997. 
FERREIRA, João Marcos Cruz. Apostila de Bibliologia. Primeira Igreja Batista de Amparo, 2005. 
GRUDEM, Wayne A.. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. 
HALLEY, Henry H.. Manual Bíblico – Um Comentário Abreviado da Bíblia, 2ª ed.. São Paulo: Vida 
Nova, 1971. 
HORREL, J. Scott. Apostila de Teologia Sistemática, 3ª ed.. São Paulo: 1989. (material não-publicado) 
JUSTINO, Rodrigo dos Santos. Apostila de Hermenêutica. Atibaia-SP. Seminário Bíblico Palavra da 
Vida, 2003. 
RYRIE, Charles Caldwel. Teologia Básica – Ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. 
SILVA, Marcelo. Apostila de Teologia Sistemática 1. Atibaia-SP: Seminário Bíblico Palavra da Vida, 
2003.

Continue navegando