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Agroecologia e produção orgânica

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Agroecologia e produção orgânica 
Compensação da visita à horta agroecológica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7° Semestre - Biologia 
 
Bárbara Karla Reis Martins RA: 2447069179 
 
 
 
 
Agroecologia 
O conceito de agroecologia consolidou-se na ECO 92, quando diversas ações para 
implantar o Desenvolvimento Sustentável no planeta foram lançadas. Há muitas explicações 
sobre o termo, mas podemos defini-lo como um conjunto de ações que visam sistematizar a 
abordagem da agricultura em diversos aspectos, criando modelos justos, economicamente 
viáveis e sustentáveis ecologicamente buscando a integração equilibrada da atividade agrícola 
com a proteção do meio ambiente. 
Agroecologia e produção orgânica 
As pesquisas sobre tecnologias para sistemas orgânicos de produção ou em transição 
agroecológica possibilitam benefícios ambientais, sociais e econômicos. A Embrapa foi uma das 
instituições pioneiras no ingresso da no campo de estudos da agricultura orgânica, que se deu em 
1993, com a implantação do Sistema Integrado de Produção Agroecológica (SIPA), mais 
conhecido como Fazendinha Agroecológica Km 47, um espaço que foi planejado para ser uma 
vitrine da produção orgânica, sendo resultante de uma iniciativa conjunta da Embrapa 
Agrobiologia, da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio) 
e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). 
 Hoje, o local é a base para a maioria das 
pesquisas em agricultura orgânica do centro, 
incluindo estudos sobre a adaptação de 
cultivares ao sistema orgânico de produção, o 
desenvolvimento de substratos adequados para 
a produção de mudas, a adequação do uso de 
leguminosas para a adubação verde, a técnica 
de plantio direto em sistemas orgânicos de 
produção de hortaliças e frutas, a cobertura viva 
do solo com leguminosas perenes em pomares e o manejo fitossanitário para controle de pragas 
e doenças. 
Controle Agroecológico de Pragas e Doenças 
Alguns organismos oportunistas atacam somente quando a agricultura se torna fraca e 
desequilibrada em seu desenvolvimento, tornando-se um problema. Isso significa que a origem 
do problema não é a existência desses organismos, mas o desequilíbrio no ambiente agrícola. 
Na agricultura convencional, as práticas de campo se direcionam para o efeito do 
desequilíbrio ecológico existente. Este desequilíbrio gera a reprodução exagerada de insetos, 
fungos, ácaros e bactérias, que acabam se 
tornando “pragas e doenças” das lavouras. 
Aplicam-se agrotóxicos nas culturas 
buscando exterminar esses organismos. 
Contudo, o desequilíbrio das plantas, quer 
seja na constituição físico-química e 
biológica do solo permanece. 
E permanecendo a causa, os efeitos (pragas 
e doenças) cedo ou tarde reaparecerão, 
exigindo maiores frequências de aplicação ou maiores doses de agrotóxicos num verdadeiro 
“círculo vicioso”. 
Na agricultura orgânica, por sua vez, trabalha-se no sentido de estabelecer o equilíbrio 
ecológico em todo o sistema. Parte-se da melhoria das condições do solo, que é a base da boa 
nutrição das plantas que, bem nutridas, não adoecerão com facilidade, podendo resistir melhor a 
algum ataque eventual de um organismo prejudicial. Cabe destacar o termo “eventual” porque 
num sistema equilibrado, não é comum a reprodução exagerada de organismos prejudiciais, visto 
que existem no ambiente inimigos naturais, que naturalmente irão controlar a população de 
pragas e doenças. 
Desta forma, partindo da prevenção e do ataque às causas geradoras de desequilíbrio 
metabólico das plantas, os métodos agroecológicos de manejo de tais organismos se tornam bem 
sucedidos à medida em que encaram uma propriedade do mesmo modo que um médico deveria 
olhar para uma pessoa: como um “organismo”, uma individualidade única e repleta de interações 
dinâmicas e em constante mudança. 
Diferença entre o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e os Métodos 
Agroecológicos 
O Manejo Integrado de Pragas (conhecido 
como MIP), constitui um plano de medidas 
voltadas para diminuir o uso de agrotóxicos na 
produção convencional, buscando otim izar o 
uso desses produtos no sistema. O princípio da 
agricultura convencional de atacar apenas os 
efeitos, permanece à medida em que todas as 
Mal de Sigatoka 
práticas se voltam para o controle de pragas e doenças e não para o equilíbrio ecológico do 
sistema. Contudo, existe uma preocupação em se utilizar agrotóxicos apenas quando a 
população desses organismos atingir um nível de dano econômico (em que as perdas de 
produção gerem prejuízos econômicos significativos), diminuindo a contaminação do ambiente 
com tais produtos. 
Já os métodos agroecológicos buscam aplicar o princípio da prevenção, fortalecendo o solo e 
as plantas através da promoção do equilíbrio ecológico em todo o ambiente. Seguindo essa 
lógica, o controle agroecológico de insetos, fungos, ácaros, bactérias e viroses é realizado com 
medidas preventivas tais como: 
✓ Plantio em épocas corretas e com variedades adaptadas ao clima e ao solo da região. 
✓ Fazer uso da adubação orgânica. 
✓ Rotação de culturas e adubação verde. 
✓ Cobertura morta e plantio direto. 
✓ Plantio de variedades e espécies resistentes às pragas e doenças. 
✓ Consorciação de culturas e manejo seletivo do mato. 
✓ Evitar erosão do solo. 
✓ Fazer uso de adubos minerais pouco solúveis admitidos pela Instrução Normativa. 
✓ Uso de plantas que atuem como “quebra ventos” ou como “faixas protetoras”. 
✓ Nutrição equilibrada das plantas com macronutrientes e micronutrientes. 
✓ Conservação dos fragmentos florestais existentes na região. 
Entretanto, cabe ressaltar que algumas das estratégias usadas no Manejo Integrado de Pragas, 
que visa a diminuição do uso de agrotóxicos nas lavouras, podem ser adotadas pelos produtores 
orgânicos. Por exemplo: 
1 – Reconhecimento das pragas-chave da cultura: 
Consiste em identificar qual o organismo que causa 
maior dano à cultura. Por exemplo, no caso do 
algodão, o bicudo constitui o inseto mais importante no 
elenco de organismos que prejudicam a cultura. Na 
cultura da banana os principais organismos são fungos, 
responsáveis pelo “Mal de Sigatoka” e pelo “Mal do 
Panamá”. 
Conhecer a praga-chave de cada cultura ajudará o 
agricultor a adotar práticas que incentivem a reprodução de seus principais inimigos naturais, ou 
que criem condições ambientais desfavoráveis à multiplicação do organismo indesejável. 
Joaninha comendo pulgão 
2 – Reconhecimento dos inimigos naturais da cultura: 
Diversos insetos, fungos e bactérias podem atuar 
beneficamente como agentes de controle biológico das 
principais pragas e doenças e, o que é melhor, de forma 
gratuita na medida em que ocorrem naturalmente no 
ambiente. Conhecer as principais espécies e favorecê-las 
através de diversas práticas (manejo do mato nativo, 
adubação orgânica, preservação de fragmentos florestais, 
entre outros), é uma estratégia fundamental para o sucesso do controle de pragas e doenças na 
agricultura agroecológica. 
3 – Amostragem da população dos organismos prejudiciais: 
Monitorar a presença das pragas através da contagem de ovos, largas e organismos adultos (no 
caso de insetos), ou da vistoria das plantas (% de dano em caso de doenças fúngicas ou 
bacterianas), é uma atividade obrigatória para que o produtor saiba quando agir e o faça de modo 
a promover o equilíbrio ecológico de todo o sistema de produção. 
4 – Escolher e utilizar as táticas de controle: 
Mesmo promovendo o equilíbrio do sistema, a persistência de determinadas pragas e doenças no 
ambiente é comum e nem sempre basta a adoção apenas de medidas preventivas. A traça do 
tomateiro (Tuta absoluta ), a requeima da batata (Phytophora infestans) são exemplos desse 
caso.Assim, quando existem ameaças destes organismos promoverem um dano econômico às 
culturas agroecológicas, será necessário ao agricultor adotar práticas“curativas”. Tais práticas 
atuam como “remédios” para as plantas, como o uso das caldas bordalesa ou sulfocálcica, por 
exemplo. 
Técnicas para controlar e repelir insetos 
Plantas repelentes e atrativas 
As plantas têm a capacidade de interagir com o meio onde se encontram, estabelecendo 
relações com as outras plantas, microrganismos, insetos, e outros organismos que existem. As 
interações podem ser positivas ou negativas de acordo com as características de cada espécie, 
pois há plantas que criam mecanismos de convivência com alguns fungos e bactérias específicas 
que em certos casos podem matar a planta. Em geral essas reações dependem do equilíbrio do 
agroecossistema. Para manter este equilíbrio podem ser usadas plantas repelentes ou atrativas 
ou mesmo plantas armadilhas, que tem mostrado ótimos resultados na proteção das plantações 
sem prejudicar a saúde ou o meio ambiente. Plantas repelentes ou atrativas em geral são aquelas 
com odor emitido pelas raízes, folhas e flores, que afastam ou atraem formigas, lesmas, 
gafanhotos, vespas, besouros e outros evitando ataques às culturas. Elas podem ser colocadas, 
por exemplo, ao redor das plantações, entre duas culturas principais ou até mesmo alternando as 
fileiras de plantas. As plantas atrativas podem ser usadas como armadilhas para atrair os 
infestantes e não atacar a cultura principal. Por exemplo, no caso de formigas na cultura da 
mandioca pode ser plantada batata-doce, preferida pelas formigas, deixando a mandioca intacta. 
Com as plantas podem ser preparados compostos ou extratos que podem ser pulverizados nas 
plantações. Algumas plantas são medicinais e podem ser usadas para chás no tratamento de 
doenças na família conforme orientação médica. 
“Pragas” e o seu manejo 
 Moscas das frutas As larvas das moscas da família Tephritidae atacam a polpa dos frutos de 
diversas culturas e causam prejuízos ao se desenvolver no interior dos frutos, causa um 
desequilibrio hormonal, o que causa, por sua vez, amadurecimento desuniforme e culmina com 
necrose na região afetada e queda precoce do fruto. 
Por exemplo: 
Extrato de cavalinha (Equisetum arvense L.) - Planta perene com usos medicinais. Devido ao 
seu princípio ativo ser muito forte é usada como defensivo natural, que além das moscas da fruta 
afasta pulgões, ácaros, brocas e formigas. Pode ser utilizada como ornamental e plantada em 
áreas brejosas. 
Manejo de plantas espontâneas 
 As plantas que surgem espontaneamente são muitas vezes chamadas de “plantas daninhas”, 
“mato” ou mesmo “pragas”. No manejo agroecológico, as plantas diferentes da cultura são 
chamadas de “espontâneas” porque surgem sem serem plantadas, mas isso não significa que 
sejam prejudiciais à cultura. Mesmo podendo causar perdas às culturas pela competição por 
água, luz e nutrientes, ao invés de eliminar as plantas espontâneas – até mesmo aplicando 
herbicidas – deve-se conviver com elas. Cada uma dessas plantas tem seu papel de proteger a 
superfície do solo, estocar nutrientes e hospedar insetos polinizadores. Há plantas mais 
problemáticas nos ciclos de diferentes culturas, sendo preciso avaliar o dano econômico para 
planejar as estratégias de manejo. Se for necessária a eliminação seletiva, ou o controle dessas 
plantas podem ser usadas as seguintes técnicas de manejo: 
➢ Cobertura do solo com plantas vivas ou secas impedem o desenvolvimento de plantas 
espontâneas 
➢ Não revolver o solo para manter as sementes das plantas espontâneas na superfície do 
solo, sem condições adequadas à sua germinação. 
➢ Controle mecânico através de capinas, manuais ou mecânicas, ou melhor, ainda, através 
de roçadas a partir do momento em que as plantas espontâneas atingem o ponto de dano 
econômico. 
 
Tratamento de Doenças 
 As doenças nas plantas são provocadas geralmente pelas bactérias, fungos, nematóides 
ou vírus e, normalmente, não são visíveis a olho nu durante o tempo de incubação. Não se deve 
proceder um controle qualquer no sistema de produção sem saber com que tipo de praga e 
doença se está lidando. Para fazer um diagnóstico da doença o mais fácil é comparar os 
sintomas com fotografias ou descrições de publicações, quando não for possível consultar um 
extensionista ou agrônomo experiente. 
Seguem alguns dos principais agentes que podem atacar os cultivos diretamente ou 
indiretamente, servindo de vetores de outras doenças, especialmente em hortas. 
Fungos: são vegetais sem clorofila que causam diversas doenças como a antracnose, que 
queima as folhas e causa apodrecimento de frutos, muito comum nas mangueiras, cajueiros e 
mamoeiros, por exemplo. Causam também as conhecidas ferrugens, formando pequenas 
manchas nas folhas. É importante remover sempre que possível as folhas infectadas e aplicar 
uma calda a base de cobre. Uma prevenção é a neutralização da acidez do solo com calcário. 
Bactérias: se disseminam rapidamente e causam a famosa murcha bacteriana, levando a planta 
à morte. A planta parece estar sofrendo por falta de água e, mesmo regada, continua murcha e 
morre. 
Fungos: Nesse caso são as bactérias agindo. São de difícil controle e toda planta precisa ser 
eliminada imediatamente. Outra dica: fazer rotação de cultura diversificando a produção e 
utilizando manejo adequado. Uma bacteriose pode inviabilizar algumas culturas por longos 
períodos em solos infestados. Por exemplo, a Ralstonia solanacearum, que causa murcha nos 
tomateiros permanece no solo por muito tempo. 
Vírus: são transmitidos por insetos sugadores, como pulgões, por exemplo, e também por 
sementes e mudas contaminadas ou ferramentas não higienizadas. Eles causam manchas 
amareladas entre as nervuras das plantas. A solução é fortalecer o solo para aumentar sua 
fertilidade, tornando a planta mais vigorosa e eliminando os insetos transmissores do vírus. 
Nematóides: são “parentes” das lombrigas e atacam pelo solo. As plantas afetadas apresentam 
raízes grossas e cheias de fendas. Num ataque intenso, provocam a morte da planta. Sua 
disseminação é altamente dependente do homem, seja por meio de mudas contaminadas, 
deslocamento de equipamentos de áreas contaminadas para áreas sadias, ou por meio da 
irrigação. Eles causam nos tecidos das plantas danos mecânicos pelos seus movimentos e 
retiram nutrientes para seu sustento. As plantas ficam enfraquecidas e suscetíveis ao ataque de 
outros organismos, como fungos e bactérias. O plantio de cravo-de-defunto na área infestada 
ajuda no controle, também o uso da manipueira tem apresentado bons resultados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
http://planetaorganico.com.br/site/index.php/controle-agroecologico-de-pragas-e-doencas/ 
http://www.agrisustentavel.com/doc/ebooks/pragas.pdf 
https://www.embrapa.br/agrobiologia/pesquisa-e-desenvolvimento/agroecologia-e-producao-organica 
https://portal.fiocruz.br/pt-br/content/agroecologia-e-alternativa-para-cultivo-agricola-mais-sustentavel 
http://www.cimm.com.br/portal/verbetes/exibir/14-agroecologia 
 
http://planetaorganico.com.br/site/index.php/controle-agroecologico-de-pragas-e-doencas/
http://www.agrisustentavel.com/doc/ebooks/pragas.pdf
https://www.embrapa.br/agrobiologia/pesquisa-e-desenvolvimento/agroecologia-e-producao-organica
https://portal.fiocruz.br/pt-br/content/agroecologia-e-alternativa-para-cultivo-agricola-mais-sustentavel
http://www.cimm.com.br/portal/verbetes/exibir/14-agroecologia

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