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Estrutura e Organização da Administração Pública - matéria do semestre

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Estrutura e Organização da Administração Pública: Direito Administrativo I
Considerações iniciais:	
Conceito de Direito Administrativo:
Conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.
Fim almejado pelo Estado:
O Estado almeja o bem comum – algo comum que todos desejam. O bem comum são todas as condições necessárias para o desenvolvimento da personalidade humana. O Estado tem que dar tudo para que um ser possa desenvolver e ser alguém. 
Conceito jurídico de bem comum (Papa João XXIII): “o bem comum consiste no conjunto de todas as condições de vida social que consistam e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana”. 
O direito administrativo auxilia o Estado, pelos seus princípios jurídicos, a atingir o fim almejado por ele – o bem comum.
Origem do Direito Administrativo:
Os doutrinadores fazem referência à Revolução Francesa (1789) como a origem do Direito Administrativo. Foi na Revolução Francesa que se originou esta matéria, porque o Rei não queria que suas questões fossem avaliadas pelo Poder Judiciário, já que este poder não tinha o conhecimento necessário para julgar as questões políticas do Estado. Nesta ocasião, houve a criação do Conselho do Estado. O Conselho do Estado francês passou a julgar todas as questões políticas, deixando de passá-las, portanto, ao Judiciário. As decisões reiteradas deste Conselho deram origem às jurisprudências que foram as primeiras normas, regras e leis do Direito Administrativo. 
O Direito Administrativo é uma área voltada a questões políticas do Estado.
O primeiro livro publicado no Brasil foi em 1857 por Vicente Pereira do Rêgo, praticamente uma cópia do que havia no Direito Administrativo francês. O nosso Direito Administrativo tem influência direta com Direito Administrativo francês e europeu em geral. 
Não existe código oficial de Direito de Administrativo. O que há são leis esparsas. 
Enquadramento do Direito Administrativo:
Direito Público – Constitucional, Processual, Tributário, Penal, Internacional.
Direito Privado – Empresarial, Trabalhista, Civil. 
Antigamente, alguns doutrinadores queriam enquadrar o Direito Administrativo como sub-ramo do Direito Constitucional, Tributário ou Civil.
Porém, se viu que o Direito Administrativo não é sub-ramo de direito algum. Hoje, o Direito Administrativo é consagrado como um ramo autônomo, da área de Direito Público, que anda em paralelo com os demais ramos do direito. 
Administração Pública:
Teoria da separação de Poderes de Montesquieu: 
O Poder centralizado em uma só pessoa não é um poder bom, pois tende a virar tirania. Poder dividido em três partes: executivo, legislativo e judiciário.
A denominação “separações de poderes” é imprópria, pois o poder do Estado é uno e indivisível. O poder é um só. O que se divide são as funções deste poder que chamamos, impropriamente de poderes. 
· Poder Executivo – função típica: executar; atípicas: legislar e julgar.
· Poder Legislativo – função típica: legislar; típicas: executar e julgar.
· Poder Judiciário – função típica: julgar; atípicas: executar e legislar.
As funções típicas e atípicas existem para haver um balanceamento entre os Poderes. É o sistema de freios e contrapesos. 
A administração pública não é exclusiva do Poder Executivo. Temos atividades da administração publica nos três poderes. A administração pública está, tipicamente, no Poder Executivo e atipicamente, no Legislativo e no Judiciário, como atividade de apoio. 
Conceito de administração pública:
· Sentido material: a administração pública é o conjunto de atividades realizadas para a satisfação do interesse público, tendentes a realizar o fim almejado pelo Estado. 
· Sentido formal ou orgânico: a administração publica compreende todos os órgãos e entidades da administração direta e indireta de todos os Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios (a partir da Constituição de 1988, os Munícipios foram alçados como entes federados).
Obs.: a finalidade do Estado (bem comum) é diferente da finalidade da administração pública (satisfação do interesse público).
Nós temos a administração púbica direta e a administração pública indireta. Na administração pública direta temos os órgãos públicos. Já na administração indireta, temos entidades públicas.
Administração Pública Direta - órgãos:
Os órgãos públicos que compõe a administração pública direta podem ser:
· Órgãos públicos federais;
· Órgãos públicos estatais;
· Órgãos públicos municipais;
· Órgãos públicos do Poder Executivo;
· Órgãos públicos do Poder Legislativo;
· Órgãos públicos do Poder Judiciário. 
Órgãos públicos federais do Poder Executivo: Receita Federal, Gabinete da Presidência da República, Ministérios.
Órgãos públicos federais do Poder Legislativo: Câmara dos Deputados, Senado. 
Órgãos públicos federais do Poder Judiciário: STF, STJ, Tribunais Federais (TRF, TRT, etc.). 
Órgãos públicos estaduais do Poder Executivo: Secretarias, Gabinete do Governador, Órgãos públicos estaduais do Poder Legislativo: Assembleia Legislativa Órgãos públicos estaduais do Poder Judiciário: Tribunais de Justiça e fóruns. 
Órgãos públicos municipais do Poder Executivo: Secretarias, Gabinete do Prefeito. Órgãos públicos municipais do Poder Legislativo: Câmara dos Vereadores Órgãos públicos municipais do Poder Judiciário: não há.
Administração Pública Indireta - entidades:
Quando determinada matéria enseja pessoas tecnicamente qualificadas para lidar com esta matéria mais complexa, cria-se uma entidade pública para tratar-se especificamente da matéria. 
Ex.: não havia mais condições da administração pública direta lidar com questões previdenciárias – criou-se uma pessoa jurídica (entidade pública): INSS, uma autarquia. 
As entidades públicas são pessoas criadas para se especializar em único assunto específico. Nós temos quatro espécies de entidades públicas: autarquias, fundações públicas, sociedade de economia mista e empresas públicas. 
Aqui, há, também, todos os âmbitos. Cada um pode criar o seu. Pode haver entidades públicas de todas as esferas (Federal, Estadual e Municipal).
Princípios vetores da Administração Pública:
Os princípios são a viga-mestra de uma obra, é o alicerce, é a base de todo o ordenamento jurídico, o qual é construído a partir desta estrutura, portanto, para explicar alguma lei que está no ordenamento jurídico, precisamos nos basear nos princípios, que são a estrutura. Violar um princípio é muito mais grave do que violar um dispositivo legal, já que o dispositivo esta sobre a base (princípios). Se a base for violada, arruína tudo. Nada pode ser feito em desacordo com estes princípios. A Constituição Federal de 1988 inovou ao trazer um capítulo inteiro dedicado à administração pública. Este capítulo se inicia no artigo 37. 
Os princípios estão exatamente previstos no caput do artigo 37. Este artigo arrola cinco princípios (L.I.M.P.E.):
1. Legalidade: o princípio da legalidade tem várias interpretações dependendo da disciplina. No direito administrativo, anteriormente, se dizia que a administração pública só podia fazer aquilo que a lei dispusesse, e, na omissão, ela estaria proibida de fazer. Este conceito não existe mais, porque se viu que a atividade da administração pública, no dia a dia, é muito extensa, tendo vários afazeres, não sendo possível que tenham leis para todos eles – e se assim fosse, teríamos uma poluição de leis. Vendo isso, houve a alteração da antiga definição de princípio da legalidade. Hoje o entendimento pacífico na França e da maioria dos doutrinadores no Brasil é: a administração pública pode fazer tudo o que não estiver em desacordo com o ordenamento jurídico, independentemente de lei propriamente dita.
2. Impessoalidade: Celso Antônio Bandeira de Mello interpreta o princípio da impessoalidade como o princípio da igualdade: ausência de discriminação – tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual. Não obstante, há mais duas formasde interpretar este princípio: José Afonso da Silva diz que agente enquanto agente não é a pessoa física que ocupa o local, é agente e a age de acordo com o órgão que pertence e suas atribuições de cargo (a Presidenta enquanto Presidenta agente como tal, mas a Dilma, quando está de férias, é a pessoa física natural e deixa de ser agente); há, também, a interpretação de Hely Lopes Meirelles, que é correlacionada com o princípio da finalidade, onde a impessoalidade é sempre agir para alcançar o interesse público, de forma que o agente sempre vai praticar atividades para o interesse público, sendo imparcial e impessoal, portanto. 
3. Moralidade: a moral jurídica não é a moral comum, a moral jurídica está correlacionada com condutas honestas. A moral jurídica é honestidade e a honestidade requer condutas ilibadas, visando sempre cumprir a lei, e não benefícios próprios. O princípio da moralidade está correlacionado com o princípio da probidade administrativa que se especifica quando se aufere vantagem econômica (não necessariamente monetária). Nem sempre se viola o princípio da moralidade violando o princípio da probidade. Para caracterizar o princípio da probidade, tem que haver obtenção de vantagem econômica, se não é somente uma violação ao princípio da moralidade (ex.: agente que desvia a área de uma desapropriação para prejudicar alguém que não gosta – aqui, ele não aufere vantagem econômica, violando, portanto, o princípio da moralidade apenas).
4. Publicidade: todos os atos da administração pública tem que ser de conhecimento dos administrados porque ela lida com o dinheiro público. Os administrados tem o direito de acompanhar os gastos e a forma que a administração pública usa o dinheiro público. “Em uma democracia, a publicidade e a visibilidade são ingredientes básicos”, pondera Celso Lafer. A publicidade não é a publicação na imprensa oficial, publicidade é dar conhecimento público e disponibilizar os atos ao público em geral. As publicações na imprensa oficial são tão somente aquelas que a lei exige. Todos os demais atos não são publicados na imprensa oficial, mas devem ficar acessíveis ao público em geral. 
5. Eficiência: não é um termo jurídico, é um termo econômico. Economicamente falando, ser eficiente é o melhor emprego do dinheiro, ou seja, pagar menos e comprar melhor, é adquirir produtos qualitativamente bons e financeiramente baratos. É o melhor emprego qualitativo da ações com menos custo. Isto também está ligado à ideia da agilidade. O princípio tem como base a ideia de empregar tudo isto – qualidade, agilidade e baixo custo – concomitantemente e com efeito satisfatório. A eficiência está ligada ao princípio da economicidade. Princípio da economicidade: comprar com recursos menores o que é qualitativamente bom.
Todos estes princípios são muito importantes, portanto, devem ser concomitantemente observados pela administração pública. Não existe um princípio maior que outro. Todos os princípios tem a mesma importância. Só é possível interpretar corretamente uma lei se todos os princípios estiverem sendo observados. Não se deve interpretar a lei com um princípio em detrimento a outro. 
· Exceção:
Para compras até R$ 8.000,00 durante o exercício inteiro (ano), não há necessidade de licitação por parte dos órgãos federais e as compras não precisam ser publicadas na imprensa oficial para satisfazer o princípio da economicidade, já que a publicação é paga. Esta exceção é uma arbitrariedade do TCU, pois não dá para fundamentar-se em um princípio em detrimento de outro. 
Princípios infraconstitucionais:
a) Princípio da razoabilidade: 
É confundido com o princípio da proporcionalidade. Não é a mesma coisa. A razoabilidade não está no meio para o fim. A razoabilidade deve estar na conduta e no meio de agir a ser empregado pela administração pública. Deve haver exigências razoáveis e coerentes na administração pública. A administração pública não pode ser rigorosa nem absurda para atingir os interesses públicos (ex.: a administração pública não poderia exigir que, em uma prova de concurso público, os homens fossem de terno e as mulheres de saia, e caso contrário seriam desclassificados, pois seria uma exigência não razoável e sem sentido). 
b) Princípio da proporcionalidade:
É a proporcionalidade do motivo no tocante ao objeto. Há que existir a proporcionalidade na motivação e objeto a ser escolhido.
c) Princípio da continuidade dos serviços públicos: 
O serviço público não pode ser interrompido, não pode parar. Uma greve só é legal se uma porcentagem das pessoas continuarem trabalhando, e, se isso não acontecer, a greve é ilegal por ferir o princípio da continuidade dos serviços públicos. Esse princípio foi arguido na França, no Conselho de Estado francês por uma empresa que não queria dar o aumento do valor do contrato para o particular, e o particular não tinha condições de continuar com aquele contrato sem restabelecer o equilíbrio inicial dele com um novo valor. Preservou-se a continuidade dos serviços públicos, mas esse princípio não pode ser invocado à custa da falência do particular. Deve-se realinhar o preço para a empresa dar a continuidade ao serviço prestado. 
d) Princípio da indisponibilidade do interesse público: 
O interesse público não pode ser negociado, transacionado e vendido. O interesse público é algo que ocorre em decorrência de determinado Estado e isto é indisponível até para a administração pública. Daí a razão que existe o princípio da finalidade, ou seja, a finalidade deve ser sempre a satisfação do interesse público. O interesse público é algo extremamente dinâmico e por isso que o interesse público a ser atingido sempre deve ser observado e por isso não podemos transacionar, negociar ou vender o interesse público. O interesse público é, portanto, indisponível e o agente público não pode abrir mão deste interesse público e simplesmente “deixar pra lá”. 
e) Princípio da motivação: 
É a necessidade de administração da motivação a todos os atos administrativos que ela pratica. Todos os atos devem ser motivados. Tudo que a administração faz deve dizer o porquê que ela faz, pois todos os atos sempre implicam no orçamento público.
Com base nesses princípios, as normas administrativas devem ser interpretadas. Todos os princípios são iguais e devem ser observados ao mesmo tempo.
Órgãos Públicos:
Dentro da administração pública direta temos os órgãos públicos que podem ser municipais, estaduais e federais, bem como do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário.
Temos três teorias que surgiram para explicar a natureza jurídica dos órgãos públicos:
1. Teoria subjetiva (George Jellinek e Carré de Malberg): os órgãos públicos são os próprios agentes públicos, porque eles manifestam a vontade do Estado. Essa teoria foi criticada, pois os órgãos públicos não podem desaparecer em razão da morte de seus agentes.
2. Teoria objetiva (Carlos Sposito e Renato Alessi): os órgãos públicos são complexos de funções, um conjunto de atribuições. Essa teoria não subsiste, pois não esclarece como esse complexo de funções se manifesta para satisfazer a vontade do Estado. 
3. Teoria eclética: órgãos públicos são o conjunto de agentes e atribuições. A teoria também não explica como o órgão subsiste quando o agente morre.
Nenhumas das três teorias subsistiram. 
A denominação “órgão” surgiu com origem na anatomia humana. Todos os órgãos públicos formam o ser (Distrito Federal/ Municípios/Estados/União Federal - pessoa jurídica de direito público). Os órgãos públicos atuam para manifestar o interesse da pessoa a quem pertence e não seus interesses por si só (ex.: os órgãos públicos federais atuam para manifestar o que a União Federal, pessoa jurídica de direito público, quer).
Conceito de órgãos públicos por Hely Lopes Meirelles:
“São centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem”.
Esse conceito nos leva a teoria objetiva – como explicar que havendo o falecimento do agente o órgãosubsiste?
Órgãos públicos são centros de competência e estes órgãos subsistem mesmo que o agente morra, porque esses centros são centros abstratos. Evidentemente, os agentes manifestarão a vontade da pessoa a quem pertencem. É necessário haver gente, pessoa humana, para manifestar a vontade da pessoa jurídica e do Estado e não do órgão. O órgão em si é uma unidade abstrata de ação que está aí para desempenhar a vontade do Estado, que é a pessoa a quem ele pertence. É uma relação de imputação, ou seja, é o princípio da imputação volitiva de Otto Gierke: este autor surgiu com a teoria do órgão - segundo Otto, a vontade do órgão é imputada à vontade da pessoa jurídica a que pertence. Significa dizer que o “querer agir” não é dos agentes. O agente age tão somente desempenhando a vontade da pessoa jurídica a quem o órgão que ele está pertence. A vontade de querer agir dos agentes é irrelevante, pois a vontade é do Estado. Ex.: quando o Ministro da Aeronáutica faz algo, ele não faz algo da vontade dele, ele faz alguma coisa dentro das competências existentes em seu cargo para desempenhar a vontade da União Federal. Dai o motivo pelo qual a teoria do órgão e o princípio da imputação volitiva subsistem até hoje: os agentes tem que desempenhar o complexo de competências, mas a vontade é da pessoa jurídica a quem o órgão pertence.
Por conta da teoria do órgão, surgiu a teoria da responsabilidade objetiva do Estado: o que o órgão faz prejudicando terceiros não é órgão que responde e sim, diretamente, o Estado, porque o órgão não age por conta dele, age por conta do Estado – por conta da pessoa jurídica a quem pertence. O órgão não é sujeito de direitos e obrigações, é apenas uma unidade de ação. Havendo prejuízo a terceiros por conta de ações dos órgãos, a responsabilidade não é nem dos órgãos e nem dos agentes, é sempre do Estado, em razão da teoria do órgão.
A Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo pode celebrar um contrato com a Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo?
NÃO, porque os órgãos públicos – a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e a Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo – não são pessoas jurídicas e em decorrência deste fato, não têm direitos e obrigações e estariam, nesse caso, fazendo contrato consigo mesmo, o que não existe no ordenamento jurídico. 
A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo pode contratar uma empresa para fazer um evento?
NÃO. A Secretaria da Saúde não é pessoa. Quem contrata é o Estado. Ela pode intermediar uma contratação em nome da pessoa a quem ela pertence, mas ela não pode contratar alguém.
O Ministério Público é pessoa jurídica de direito público?
O Ministério Público fica na administração pública direta, portanto é um órgão. Há apenas quatro pessoas jurídicas de direito público na administração pública direta: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Todos os demais são órgãos públicos. Como órgão público, o Ministério Público não pode ser sujeito de direitos e obrigações, porém, seccionalmente, o nosso Poder Judiciário deu a ele a legitimidade ativa processual nas ações judiciais. É uma exceção anuída pelo Poder Judiciário. Isso não quer dizer que o MP seja uma pessoa jurídica. Os contratos celebrados são da União, por intermédio do Ministério Público. 
Classificação de órgãos públicos por Hely Lopes Meirelles: 
Quanto à posição estatal os órgãos podem ser: 
Órgãos independentes: são aqueles que estão no alto do escalão, ou seja, são aqueles que representam os poderes do Estado. São órgãos que não dependem de ninguém, são extremamente autônomos. Ex.: Presidência da República e Tribunais Superiores;
Órgãos autônomos: são aqueles subordinados aos órgãos independentes. Ex.: Ministérios e Secretarias;
Órgãos superiores: são os órgãos que possuem comando, controle, mas sem autonomia, portanto, sujeitos a hierarquia. Ex.: Delegacia de Polícia, Procuradorias;
Órgãos subalternos: são aqueles absolutamente vinculados e subordinados, que exercem apenas atos de expediente. Ex.: Zeladoria – local mais baixo em que se fazem atos de execução. 
Quanto à estrutura os órgãos podem ser:
Simples ou unitários: são aqueles que não têm divisões internas, ou seja, só há um centro de atribuições. Ex.: Presidência da República. 
Compostos: são aqueles que são constituídos por vários outros órgãos. Ex.: Ministérios.
Quanto à atuação funcional os órgãos podem ser:
Singulares: quando integrado por um único agente. Ex.: Presidência da República.
Coletivos: integrado por vários agentes, que tem decisão colegiada. Ex.: Senado, STF.
Poderes Administrativos:
Poderes administrativos são poderes instrumentais conferidos aos agentes para atender o interesse público. Os Poderes Administrativos são inerentes à Administração Pública e possuem caráter instrumental, ou seja, são instrumentos de trabalho essenciais para que a Administração possa desempenhar as suas funções atendendo o interesse público.
Esses poderes administrativos têm características comuns:
· Obrigatoriedade: são de exercício obrigatório. Ou seja, o agente público não pode não querer agir. Tem obrigação de fazer uso dos poderes administrativos se assim ensejar o interesse público. Não se trata de um poder-dever, porque o poder-dever parece ensejar uma faculdade para o uso do dever. Aqui se trata de uma obrigatoriedade. Deve ser colocado o DEVER na frente do poder. 
· Irrenunciáveis: o titular não pode abrir mão. 
· Intransferíveis: não pode ser repassada para outrem, bem como não podem ser objeto de transação e negociação. Elas são delegáveis, ou seja, o titular pode delegar para o subordinado. Caso o titular veja que a delegação não está sendo produtiva, pode avocar.
· Imodificáveis: não é permitido alterá-los, reduzi-los, ou ampliá-los.
· Imprescritíveis: não importa o não uso delas por determinado tempo. Não prescrevem. Os Poderes Administrativos subsistem na pessoa titular que os detém.
PODER HIERÁRQUICO
Conceito: vem de hierarquia, relação de subordinação, uma situação piramidal que temos nos órgãos públicos. É o poder que a administração dispõe para distribuir e escalonar as funções de seu órgão, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal.
Desconcentração: desconcentrar é tirar a concentração de alguém. A desconcentração ocorre dentro de um órgão ou de uma pessoa jurídica para estabelecer o escalonamento hierárquico. 
Faculdades do Poder Hierárquico:
I. Ordenar: repartir as funções e determinações;
II. Fiscalizar: fiscalizar o que foi feito;
III. Rever: manter o que fez ou invalidar;
IV. Delegar: delegar funções e atividades; 
V. Avocar: trazer de volta o que foi delegado. 
PODER DISCIPLINAR
Conceito: faculdade de punir internamente (não precisa se socorrer do órgão judiciário) as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas (particulares contratados e colaboradores) à disciplina dos órgãos e serviços da administração. Independe do Poder Judiciário.
Poder Disciplinar não se confunde com Poder Hierárquico. No Poder Hierárquico, a administração pública distribui e escalona as funções de seus órgãos e de seus servidores. No Poder Disciplinar ela responsabiliza os seus servidores pelas faltas cometidas.
Penas disciplinares existentes no ordenamento jurídico:
1. Advertência; 
2. Suspensão;
3. Demissão;
4. Destituição de função comissionada (cargo por concurso público);
5. Destituição de cargo em comissão (cargo de confiança, de livre nomeação e exoneração);
6. Cassação de aposentadoria: quando a aposentadoria é concedida de forma errada, ilegal. 
Sanções contratuais:
1. Advertência
2. Multa 
3. Suspensão temporária 
4. Declaração de inidoneidade 
Todo poder disciplinar só pode ser usado após a abertura do devido processo legal (Processo Administrativo Disciplinar) no qual seja assegurado o devido processo legal, o direito de ampla defesa e contraditório (art. 5º, LIV, LV, CF). Sem essa sequência a pena é absolutamente nula.
A absolvição criminal afasta a responsabilização administrativa quando ficar comprovada a inexistência do fato ou anão autoria imputada ao funcionário.
PODER REGULAMENTAR
Conceito: é o ato expedido com a estrita finalidade de produzir as disposições operacionais uniformizadoras necessárias à execução de lei, cuja aplicação demande atuação da administração pública. De competência de toda a administração pública. 
Conceito tradicional: faculdade de que dispõe os Chefes do Poder Executivo (Presidente da República, Governador e Prefeito) de explicar a lei para sua correta execução. Esse conceito tradicional não subsiste mais, porque os outros Poderes tem o Poder de regulamentar. Tradicionalmente, se fala que é faculdade dos Chefes do Poder Executivo, porque, por excelência, só estes podem expedir decretos.
Com o conceito tradicional, toda a administração pública tem o poder regulamentar, a fim de uniformizar e explicar o conteúdo da lei que deverá ser cumprida, para não haver execuções extintas de cada órgão dentro da pessoa jurídica.
Regular a lei é o esclarecimento da lei. Não se cria normas novas. Esclarece o que a lei estabelece. A lei sendo abstrata pode ser interpretada de diversas formas, e para não haver disparidades de entendimentos entre pessoas jurídicas, regulamenta-se para que todos os Ministérios , Secretarias e demais órgãos entendam a lei da mesma maneira. Seu alcance é apenas de norma complementar à lei; não pode, pois, a Administração, alterar a lei a pretexto de estar regulamentando-a. Se o fizer, cometerá abuso de poder regulamentar, invadindo a competência do Legislativo. O regulamento é função atípica do Poder Executivo.
Fonte primária: lei. Fonte secundária: regulamento. Um regulamento nunca será maior que uma lei. Não existe regulamento autônomo no Brasil. 
Atos administrativos normativos (regulamentares) – Art. 84, IV, CF:
· Decreto: ato administrativo regulamentar que não pode criar obrigações. O limite é a lei. O decreto não pode ir contra, além e nem aquém da lei. Não pode, portanto, invadir as reservas da lei. O decreto está em maior escalão no Poder Executivo.
· Resolução: as resoluções são atos administrativos normativos que partem de autoridades superiores ( mas não dos Chefes do Executivo), através das quais disciplinam matéria de sua competência específica. As resoluções não podem contrariar os regulamentos e os regimentos, mas explicá-los.
· Instrução normativa: são atos, normalmente, expedidos por Ministros.
· Regimentos internos: o regimento serve para disciplinar o funcionamento do órgão. 
· Deliberações: decisões de órgãos colegiados. 
Finalidade dos atos regulamentares:
· Limitação da discricionariedade (liberdade de atuação) administrativa 
· Decompor analiticamente o conteúdo de conceitos sintéticos (ex.: como serão as provas de concursos)
Atos administrativos ordenatórios:
· Portarias: tem por regra tecer considerações de efeitos internos. Quem não trabalha no local não precisa saber os termos da portaria (não têm efeito externo). No Brasil, existem algumas portarias com efeitos externos; sobretudo as portarias do INSS.
· Instruções: geralmente são utilizadas para padronizações de execuções de serviço.
· Circulares: servem para estabelecer ordem aos subordinados referentes a horários. 
· Ordens de serviço: alguma medida pontual; determinada ação para subordinado.
· Avisos ou editais: qualquer comunicado geral. Edital de abertura de concurso, licitação, etc.
Medida provisória: apenas o/a Presidente da República pode expedir. São em casos de extrema de urgência. Assuntos que não podem aguardar um processo legislativo. Não é ato regulamentar.
Delegação legislativa: Art. 68, CF - o Congresso Nacional pode, por resolução, aprovar a realização de uma lei delegada. A resolução vai prever a possibilidade do Poder Executivo fazer uma lei delegada. Na resolução já vai estar determinado o conteúdo e o exercício da lei. 
“Delegação disfarçada”: não existe a possibilidade de uma lei colocar no corpo dela que o que será posteriormente regulamentada. É inconstitucional. 
Não existe a possibilidade do Poder Executivo editar uma lei propriamente dita. 
PODER DE POLÍCIA
Conceito:  vem do conceito de possibilidade do Estado ordenar politicamente seu território. É a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos em benefício da coletividade.
Polícia judiciária x polícia administrativa:
· A polícia judiciária recai sobre pessoas. A polícia administrativa recai sobre bens, direitos e atividades. 
· A polícia administrativa trabalha de forma preventiva. A polícia judiciária só age de forma repressiva.  
Competência para exercer o Poder de Polícia: competência exclusiva (cada ente federado tem sua competência). Tem competência para policiar quem tem competência para regulamentar sobre o assunto: 
a) Assuntos de interesse nacional: União Federal.
b) Assuntos de interesse regional: Estados. 
c) Assuntos de interesses locais: Municípios 
Cada qual exerce o policiamento daquilo que regulamenta, porém, há uma exceção: quando há interesse de todos os entes federados. (Ex.: saúde, transporte, meio ambiente, segurança pública, etc.). Nessas hipóteses não há competência exclusiva. Há a competência concorrente: competência concorrente - de competência dos três. 
Todo o exercício de poder de polícia tem quatro fases:
1. Legislação
2. Consentimento 
3. Fiscalização
4. Sanção 
REsp. 817534 – MG: pode-se delegar o poder de polícia no tocante a aplicação de sanções? Não! A aplicação de sanções é indelegável.
São indelegáveis as fases de legislação e sanção, podendo ser delegáveis as fases de consentimento e fiscalização. 
Fundamento do Poder de Polícia: se baseia supremacia do Estado porque o Estado pode exercer sua supremacia por tudo que há no seu território (pessoas, bens e atividades). Esse fundamento sempre vai recriminar abuso de direitos individuais e atitudes antissociais. 
Limite do Poder de Polícia: não há a possibilidade de fulminar os direitos fundamentais assegurados no art. 5º da Constituição Federal. O Poder de Polícia pode limitar o direito em prol da coletividade, mas tem que garantir o exercício destes direitos.
Finalidade do Poder de Polícia: proteção do interesse público. 
Atributos do Poder de Polícia:
1. Discricionariedade: consiste na livre escolha da oportunidade e conveniência de aplicar sanções ou meios para atingir o fim (a proteção de algum interesse público). A sanção tem caráter educativo. 
2. Auto executoriedade: não há necessidade da intervenção do Poder Judiciário para a execução do Poder de Polícia. Não é sinônimo de punição sumária e sem defesa, tem que haver o contraditório e ampla defesa (art. 5º LIV e LV) sob pena de nulidade total. Pode se aplicar a punição sumária e sem defesa em casos de saúde e segurança pública.
3. Coercibilidade: é a força coativa das medidas adotadas, justificando até mesmo o emprego de força física quando houver resistência, desde que necessária e proporcional à resistência sob pena de abuso de poder.
Meios de atuação do Poder de Polícia:
· Preventivamente, por edição de normas limitadoras (limitações administrativas). Por meio dessas normas que serão estabelecidos os requisitos necessários para que os cidadãos possam exercitar algo. 
· Alvará de licença: meio pelo qual a administração dá consentimento; tem caráter mais definitivo; só pode ser revogado por interesse público superveniente e justificado com indenização; será revogado se caçado ou anulado. 
· Alvará de autorização: é precário; a qualquer momento se dá e tira sem necessidade de explicações ou indenizações. 
· Fiscalização: na fiscalização, a Administração Pública pode pedir todos os tipos de exames (exames laboratoriais, vistorias, laudos e etc.). Através desta fiscalização a atividade pode ensejar desde uma advertência verbal ou a lavratura de um auto de infração. 
Sanções:
1. Formais: são aquelas dadas formalmente, por escrito (ex.: cassação de uma licença, revogação de uma autorização).
2. Pessoais: limitação que recai sob pessoas, mas não porque são pessoas em si, por motivos alheios a ela (ex.: epidemiade uma doença em uma cidade; o poder de polícia aplica a sanção de quarentena e assim ninguém entra e ninguém sai naquele município).
3. Reais: são aquelas que recaem sobre coisas, tolhendo sua disponibilidade. Por exemplo: destruição de objetos, linchamento de automóveis e etc.
4. Pecuniárias: pagamento de multa, podendo ser única e/ou diária.
5. Impedimentos temporários ou definitivos de exercício de atividades: suspensão ou interdição de atividade, fechamento de estabelecimento. Demolição, embargo de obra, proibição de fabricação ou comércio de certos produtos, vedação de localização de indústrias ou de comércio em determinadas zonas.
Prescrição: a prescrição da ação punitiva da Administração Pública, em decorrência do Poder de Polícia, se encontra na lei 9873/99. Essa lei estabelece que o prazo prescricional seja de cinco anos.
Prescrição intercorrente ou por inércia: ocorre quando o procedimento administrativo ficar paralisado por mais de três anos pendente de julgamento. Nesses casos os autos podem ser arquivados de ofício, ou mediante requerimento da parte interessada. 
Quando o mesmo fato ocorrido configurar crime (tipo penal), a prescrição vai reger pelo Código Penal. Início da contagem prescricional: contado da data do ato. Se for crime permanente, na data da cessação. 
Limitações administrativas: é uma modalidade da supremacia geral do Estado, que no uso de sua soberania, intervém na propriedade e atividades particulares, visando o bem-estar social. Limitação administrativa é toda imposição geral, gratuita, unilateral e de ordem pública condicionadora do exercício de direitos ou de atividades particulares às exigências do bem-estar social. Derivam do poder de polícia e se exteriorizam em imposições unilaterais e imperativas, sob a tríplice modalidade positiva (fazer), negativa (não fazer) ou permissiva (deixar de fazer), sendo que o particular é obrigado a realizar o que a Administração lhe impõe, devendo permitir algo em sua propriedade. 
Exemplos: restrição à edificação além de certa altura.
O art. 170, III, CF, regula que essas limitações devem corresponder às exigências do interesse público, sem aniquilar a propriedade. Serão legitimas quando representam razoáveis medidas de condicionamento do uso da propriedade em beneficio do bem-estar social, não impedindo a utilização do bem segundo sua destinação natural.
O interesse público a ser protegido pelas limitações administrativas pode consistir na necessidade de evitar um dano possível para a coletividade, conforme o meio de utilização da propriedade particular, a fim de assegurar o interesse da coletividade. O Poder Público policia as atividades que podem causar transtornos ao bem-estar social, condicionando o uso da propriedade privada e regulando as atividades particulares. Essas limitações atingem direitos, atividades individuais e propriedade imóvel. O poder Público edita normas (leis) ou baixa provimentos específicos (decretos, regulamentos, provimentos de urgência etc.), visando ordenar as atividades, satisfazer o bem-estar social.
Essas limitações podem gerar direitos ou obrigações aos vizinhos (direito de vizinhança não se confunde com as limitações administrativas). 
Princípio da solidariedade social: o ônus só é legítimo se suportado por todos, em favor de todos. Sempre prevalecerá o que for mais benéfico para coletividade.
Descentralização e desconcentração:
Descentralização administrativa: distribuição de competências de uma pessoa para outra pessoa (ex.: União Federal para o INSS). Descentralização da administração direta para a indireta.
Descentralização política: ocorre quando o ente descentralizado exerce atribuições próprias que não decorrem do ente central. (Ex.: competência dos Estados, Municípios e União - não decorrem um do outro, todas as competências estão dispostas na CF).
Descentralização por colaboração: ocorre quando, por meio de contrato ou ato administrativo unilateral se transfere a execução de determinado serviço público a pessoa jurídica de direito privado, conservando o poder público a titularidade dos serviços.
Desconcentração: é a distribuição de competências dentro da mesma pessoa jurídica ou do órgão. Está relacionada com a hierarquia, subordinação (poder hierárquico).
Administração Pública Indireta:
Conjunto de pessoas jurídicas, de direito público ou privado, criadas por lei, para o desempenho de atividades assumidas pelo Estado, como serviços públicos ou a título de intervenção no domínio econômico.
Entidades públicas:
· Autarquias (ex.: INSS, USP);
· Fundações públicas (ex.: Fundação CASA);
· Empresas públicas (ex.: Caixa Econômica Federal);
· Sociedade de economia mista (ex.: Petrobrás, SABESP, Banco do Brasil).
Requisitos comuns: 
a) Necessidade de lei para sua criação. As autarquias são criadas por lei, as demais entidades públicas têm a autorização de criação em lei.
b) Capacidade específica.
c) Capacidade de autoadministração. Elas têm autonomia administrativa. Exemplo: o INSS não precisa da anuência do Ministério da Previdência. Ausência de subordinação.
d) Orçamento público. 
e) Controle estatal interno pelo Poder Executivo (fiscalização do não desvio dos fins; não tem nada ver com subordinação e hierarquia) e controle externo pelo Poder Legislativo com o auxílio do Tribunal de Contas. 
f) Servidores públicos concursados. Todos eles possuem no seu quadro de pessoal, servidores públicos.
g) Obrigatoriedade de realizar licitação pública para celebrar seus contratos administrativos. 
h) Responsabilidade objetiva. Respondem objetivamente sobre danos que causem a terceiros. Independe da comprovação de dolo ou culpa, basta comprovar o nexo causal entre a ação e o efeito danoso. 
i) As autoridades podem ser tidas como coatoras para fins de mandado de segurança. 
AUTARQUIAS:
A palavra autarquia veio de “autos” + “arquia”, sendo “autos” próprio e “arquia” governo. A própria palavra diz o que é autarquia: algo que não depende de outrem. Possuem personalidade jurídica própria - de direito público. A autarquia é um longa manus do Estado, é como se o Estado tivesse um prolongamento seu na administração indireta. Todos os privilégios de direito de público são a elas conferidas por serem dotadas de personalidade jurídica de direito público: há a impenhorabilidade dos bens, possuem o prazo duplo para contestar, quádruplo para recorrer, e os bens, além de impenhoráveis, são imprescritíveis (não estão sujeitos à usucapião) e alienáveis. 
A União, Estados, Municípios e Distrito Federal têm imunidade tributária, bem como as autarquias. A imunidade só existe naqueles casos previstos na Constituição Federal, quem não está elencado, jamais terá imunidade tributária, apenas isenção tributária que é concedida através de lei. Na isenção, existe a obrigação de pagar, mas ela é isenta por lei. Na imunidade não existe tal obrigação. 
Elas têm controle interno pelo Poder Executivo (tão somente para assegurar que não haja o desvio dos fins para que foram criadas) e controle externo pelo Poder Legislativo e do Tribunal de Contas. 
Supervisão ministerial: é a supervisão para assegurar que não haja o desvio dos fins para que foram criadas - controle interno. Ex.: INSS é vinculado ao Ministério da Previdência, que é quem faz tal supervisão. 
As autarquias executam serviços públicos, eminentemente prestados pela administração direta. São serviços típicos do Estado que são cuidados com maior especialização pelas autarquias. Há a personificação de um serviço público, retirado da administração direta (cria-se a pessoa jurídica para o determinado fim). Os serviços dados para as outras entidades públicas que não as autarquias não são exatamente serviços típicos do Estado. 
Autarquias especiais (não se confundem com as autarquias do Decreto-lei 200/67, pois tem gestão diferenciada): agências reguladoras (ANEL, ANATEL, ANVISA, etc.); agências executivas; universidades públicas: são especiais porque tem maior autonomia para fins didáticos. Esta maior autonomia é conferida pelo mandato do reitor; autarquias corporativas: conselhosregionais - CRM, CREA, OAB, etc. 
Fundações Públicas 
Pessoa jurídica de direito privado. Não tem privilégios e prerrogativas do direito público. Não podem visar lucros. O serviço que presta é um serviço que não exige serviço por órgão ou serviço público. 
São criadas para atuar no âmbito social - pesquisa, ensino, áreas voltadas a questões sociais. Exemplos: CEPAM, FUNDAP, SEAD, Fundação CASA, FUNAI, IBGE. 
De 1967 a 1969 as fundações públicas eram equiparadas a empresas públicas. De 1969 a 1987 não havia lei que as disciplinassem, porém a jurisprudência entendia que as fundações públicas eram gêneros da espécie autarquias (fundações autárquicas/autarquias fundacionais), considerando-as pessoas jurídicas de direito público. Com a Constituição de 1988, alguns doutrinadores começaram a entender que existem dois tipos de fundações públicas - de direito privado e de direito público, espécies de autarquias. 
Para a professora: fundações públicas são pessoas jurídicas de direito privado na base da lei - art. 5º, inciso IV, decreto-lei 200/67. 
Doutrina majoritária: fundações públicas podem ser pessoas jurídicas de direito privado e de direito público (fundações autárquicas/autarquias fundacionais).
Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista 
Semelhanças:
a) Ambas são pessoas jurídicas de direito privado 
b) Ambas desempenham atividades de natureza econômica
c) Em ambas há a derrogação parcial do regime de direito privado 
Distinções:
a) Forma de organização: na sociedade de economia mista, a forma de organização é necessariamente de sociedade anônima (S/A). A empresa pública organiza-se com qualquer forma que esteja na lei. 
b) Capital: na sociedade de economia mista o capital é público e privado, desde que 50% + 1% das ações com direito a voto sejam do Estado. O capital da empresa pública é 100% público. 
c) Objetivo. O objetivo do Estado em criar uma sociedade de economia mista é a captação de recursos privados. Ao criar uma empresa pública, não interessa, para o Estado, a participação do capital privado. 
Função social: explorar atividade econômica, quando necessárias aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo (art. 173, CF).
Submetem-se em algumas questões de direito público, mas estão sujeitas ao regime dos direitos privados (todas as obrigações civis e comerciais são iguais as de qualquer empresa privada). Não gozam de privilégios fiscais. Não é possível outorgar nenhum privilégio porque se isso ocorresse iria ter a quebra do princípio da livre concorrência. 
Elas têm controle interno pelo Poder Executivo (tão somente para assegurar que não haja o desvio dos fins para que foram criadas) e controle externo pelo Poder Legislativo e pelo Tribunal de Contas. 
Jurisprudência STF - sociedade de economia mista e empresa pública autárquicas: 
Elas passam a ser espécies do gênero autarquias quando prestam serviços públicos. O STF concedeu aos Correios, ao Metrô, a Petrobrás e outras, imunidade tributária, impenhorabilidade de bens e todos os demais privilégios.
Terceiro Setor:
O primeiro setor é público e o segundo setor é o privado. O terceiro setor é o círculo de empresas consideradas público-privadas. No terceiro setor temos:
· Empresas do sistema "S": SENAI, SENAC, SESI, SEBRAE, SESC, SENAR, SEST, SENAT, SESCOOP. De forma incorreta, doutrinas colocam mais empresas a este sistema: INCRA, DPC, Fundo Aeroviário e ABDI. Essas quatro empresas não integram o sistema "S".
· Organizações sociais (OS)
· Organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP). 
Todas essas empresas estão, portanto, dentro daquilo que chamamos de terceiro setor. Não se confunde com a administração pública indireta.
Entidade paraestatal:
São empresas que andam em paralelo ao Estado. São empresas que não se confundem com o Estado, mas prestam serviços de interesse a ele. Esta expressão surgiu, pela primeira vez, em uma doutrina italiana de Santi Romano - ele estava fazendo referência às autarquias: autarquias são entidades paraestatais. Essa expressão foi trazida para o Brasil e disto resultou que as entidades paraestatais são autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista. Segundo Hely Lopes Meirelles, são aquelas que andam em paralelo ao Estado, mas tem interesses diferentes - para ele, entidades paraestatais são sociedades de economia mista e empresas públicas. Para Maria Silvia Zanella de Pietro, entidades paraestatais são todas que estão no terceiro setor. Celso Antônio Bandeira de Melo acredita que é uma palhaçada pegar um nome e colocar qualquer conceito dentro! É um conceito inexistente. 
Não há uma definição legal sobre entidades paraestatais. 
Sugestão da professora: seguir Hely Lopes Meirelles porque é o que mais cai em concursos, mas concorda com Celso Antônio.
ATOS ADMNISTRATIVOS:
Conceito: ato administrativo é o ato pela qual a Administração Pública manifesta a sua vontade, tendo por finalidade a satisfação do interesse público. São chamados atos administrativos por serem atos executados pela Administração Pública e para não serem confundidos com atos legislativos e atos judiciais. O Judiciário e o Legislativo também expedem atos administrativos (na forma atípica). 
· Ato administrativo unilateral: o ato administrativo é ato típico da Administração Pública. Forma-se com a vontade única da Administração Pública, enquanto que os atos administrativos bilaterais necessitam de duas ou mais vontades (são os contratos administrativos), como no direito privado. 
· Ato administrativo não se confunde com fato administrativo. O fato administrativo é o fato material, é a realização material da Administração Pública. O fato administrativo é a consequência do ato: por isso não se confundem. 
Todos os atos administrativos possuem cinco requisitos (FF.COM) para ter validade:
1. Competência: no direito administrativo não é competente quem quer, mas quem pode, nos termos da lei (Caio Tácito). A competência jamais poderá ser transferida, mas pode ser delegada (quando é delegada, a responsabilidade continua com quem delegou).
2. Forma: a forma, no direito privado, tem a regra da forma informal, a liberdade da forma. No direito administrativo a liberdade é a exceção. A regra geral é a forma prevista em lei. Existe forma verbal, mas é exceção. A regra é forma escrita. 
3. Finalidade: satisfação do interesse público. Um ato que não visa à satisfação do interesse público é um ato inválido por desvio de finalidade. 
4. Motivo: é a situação de direito ou de fato que determina ou autoriza a realização do ato administrativo. Pode vir expresso em lei, como pode ser deixado ao critério do administrador. 
5. Objeto: se identifica com o motivo do ato administrativo. 
Panorama dos atos administrativos: as formas mais usuais em que a Administração Pública extingue os atos administrativos são pela revogação e pela anulação. Existem outras formas de extinguir os atos. Regra geral, os atos são feitos para atingir certos efeitos, e quando se atingem esses efeitos, eles se extinguem pelo seu cumprimento.
Fatores que compõe todas as formas de extinção dos atos administrativos:
1. Cumprimento de seus efeitos. Este fator se subdivide em três: 
a. Esgotamento do seu conteúdo jurídico - os efeitos se fluem ao longo do tempo, ao longo do seu prazo, vão se esgotando ao longo do prazo, se extinguem através do esgotamento do seu conteúdo (ex: férias, licença médica);
b. Execução material: o ato se extingue quando a providência determinada é cumprida (ex: ato de determinação de demolição de imóvel - o imóvel demolido extingue o ato);
c. Implemento de condição resolutiva ou termo final: o implemento de condição resolutiva supõe a ocorrência de um evento futuro incerto (ex: autorização da água de mananciais, desde que a água não atinja o nível x - se as águas chegarem a esse nível, a autorização é extinta).
2. Desaparecimento de sujeito ou objeto: o desaparecimento do objeto ou do sujeito extingue o ato que estava relacionado a eles. (Ex: a morte do sujeito)
3. Retirada do ato: o ato pode ser retirado atravésde cinco formas:
a. Cassação: é feita quando o ato que autorizou a coisa a ser feita está correto, mas o desenvolvimento do ato esta sendo feita de forma incorreta. A cassação é punitiva, e é em virtude por ser desconforme do que foi autorizado. É a retirada e fulminação do ato; 
b. Contraposição: retirada do ato por emissão de outro ato com efeitos contrapostos ao daquele (ex: exoneração em contraposição ao da nomeação);
c. Caducidade: é a retirada de um ato em razão da superveniência de norma jurídica que tornou inadmissível a situação antes permitida. A caducidade é uma exceção, já que o ato administrativo perfeito não pode ser prejudicado por lei posterior. Em se tratado de norma que se torna inadmissível o ato, a caducidade se impõe. Por exemplo: se dá um alvará para a abertura de um bar, mas, em seguida, vem uma lei de zoneamento dizendo que a zona é residencial. Antes podia abrir ao bar, mas depois da norma não pode mais - se extingue o ato administrativo;
d. Revogação: existe como um grande poder dado para Administração Pública. A Administração Pública tem amplo controle dos seus próprios atos, ela pode mais que o Poder Judiciário nesses casos, já que a Administração Pública, além de poder rever o seu ato e julgá-lo ilegal (o que o Poder Judiciário pode fazer), pode revogá-lo por questões de conveniência e oportunidade (o que só a Administração Pública pode). Isto é possível porque o interesse público é dinâmico e os atos devem visar o interesse público. A revogação é feita de atos legais. A revogação se dá por um ato se tornar inconveniente e inoportuno, de forma que tem efeito ex nunc. No período em que não era inconveniente, produzia efeitos. A revogação gera efeitos só para frente. O beneficiário merece ser indenizado, dependendo do ato que foi revogado. Atos gerais (atos expedidos a todos beneficiários) podem ser revogados a qualquer momento sem gerar direito à indenização, porque o ato não foi direcionado a ninguém específico, então não gera efeitos subjetivos. Ato individual gera efeito subjetivo, e gerando efeito subjetivo, portanto, pode dar ensejo a indenização quando revogado. Pode dar ensejo porque depende do administrado comprovar os prejuízos sofridos - comprovando, a Administração Pública tem que indenizar. 
e. Anulação: só se anula atos ilegais. Se o ato é ilegal, deve ser anulado e não revogado. A anulação tem efeito ex tunc, ou seja, retroage desde a data que o ato nasceu. O ato é morto desde seu início e é fulminado desde a data que foi editado. O juiz não pode analisar o mérito administrativo, mas pode analisar a veracidade dos motivos quando o ato é discricionário. Se o ato é discricionário, a motivação não está descrita em lei, podendo ela ser dada diante da conveniência e oportunidade. Não obstante, o juiz pode analisar se o motivo é real e verdadeiro. Se for inverídico o motivo, o ato é ilegal por conta da teoria dos motivos determinantes. O ato não se torna vinculado pelo motivo que foi dado. Não é o motivo que vincula o ato ou que dá característica de um ato ser vinculado. O ato é vinculado quando o motivo está previsto em lei. 
4. Renúncia: é a rejeição do ato pelo próprio beneficiário (ex: Presidenta pedir a renúncia do seu cargo). 
Teorias da invalidação segundo a doutrina brasileira: existem três teorias da invalidação na doutrina brasileira. 
1. Hely Lopes Meirelles: o vício sempre acarreta a nulidade do ato. Se um ato nasceu viciado, esse vício sempre vai acarretar a invalidação deste ato. Não é possível admitir um ato viciado em vigor. Ele se apoia em dois fundamentos para sustentar a sua teoria: 
I. Princípio da legalidade: não é possível a Administração Pública deixar um ato feito em desconformidade da lei em vigor. Um ato de forma ilegal deve ser inválido; 
II. Satisfação do interesse público: é um direito indisponível. Não se pode dispor do interesse publico, e, portanto, em nome do interesse público, não pode se admitir um ato viciado em vigor. 
2. Tito Prates da Fonseca e Oswaldo Aranha Bandeira de Mello: distinguem atos nulos de atos anuláveis. Existem atos nulos e atos anuláveis. Os atos nulos são aqueles que não podem ser convalidados. Os atos anuláveis são aqueles que podem ser convalidados. Convalidação é o suprimento da invalidade de um ato com efeitos retroativos. Se o vício for convalidável, não é um vicio muito sério.
3. Seabra Fagundes: existência de atos nulos, anuláveis e irregulares. Segue a mesma definição da teoria anterior e acrescenta os atos irregulares. Os atos irregulares são aqueles com vícios materiais irrelevantes - não devem ser levados em consideração e não tem condão de tornar o ato nulo ou anulável.
O entendimento que prevalece é do STF e da segunda teoria. O STF entende que: irregularidades formais sanadas por outro meio ou irrelevantes por sua natureza não anulam o ato que já criou direitos subjetivos para terceiro - Recurso em MS nº 9.545 - SC de 21/03/1966 (RDP 10/59, página 473).
São passíveis de convalidação os atos viciados por competência, formalidade e procedimento - ATOS ANULÁVEIS:
· COMPETÊNCIA: devemos levar em consideração o agente e a pessoa jurídica ou órgão que ela pertence. Devemos saber se é competência do órgão/pessoa jurídica para o ato e se o agente tem competência para assinar. Sendo o órgão ou pessoa jurídica competente, o agente competente pode, então, assinar no lugar da pessoa incompetente que assinou o ato, convalidando-o. Se ele não é convalidado, o ato é viciado e deve ser anulado (ato viciado jamais se revoga). 
· FORMALIDADE: é o modo como o ato se exterioriza, a forma. Por exemplo: ao invés de soltar uma ordem de serviço, se solta uma portaria – é passível de convalidação, soltando uma ordem de serviço, corrigindo o ato. 
· PROCEDIMENTO: é o desencadeamento de atos sucessivos que levam ao objetivo final. Tendo algum ato viciado dentro desencadeamento, é passível que ele seja sanável, convalidável.
Não são passíveis de convalidação os atos viciados por motivo, objeto, procedimento que desvirtue a finalidade e finalidade - ATOS NULOS:
· MOTIVO E OBJETO: são pressupostos do ato. Impossível de convalidação. O ato é nulo. Deve ser, portanto, declarado nulo.
· PROCEDIMENTO QUE DISVIRTUE A FINALIDADE
· FINALIDADE: a finalidade jamais poderá ser outra que não o interesse público.
Regras de invalidação dos atos administrativos - Weida Zancaner:
1. Sempre que a Administração Pública estiver perante ato suscetível de convalidação e que não tiver sido impugnado pelo interessado, estará na obrigação de convalidá-lo. Se o ato for impugnado, a impugnação deve ser analisada e a Administração Pública não tem mais dever de convalidar.
2. Sempre que administração estiver perante ato insuscetível de convalidação, terá a obrigação de invalidá-lo, a menos que a situação gerada pelo ato viciado já esteja estabilizada pelo Direito. A estabilização ocorre em duas hipóteses (princípio da segurança jurídica): 
a. Quando já se escoou o prazo prescricional (5 anos - Lei 9784/99, art. 54); 
b. Quando, embora não vencido tal prazo, o ato viciado se categoriza como ampliativo da esfera jurídica dos administrados e dele decorrem sucessivas relações jurídicas que criaram, para sujeitos de boa fé, situação que encontra amparo se houvesse sido validamente constituída. Ex: licenciamento irregular de um loteamento onde houve relação sucessivas de boa fé - compra, aluguel de lotes e etc - não dá para voltar para o status quo e anular o ato em detrimento de várias pessoas de boa fé. 
Na invalidação, teremos que distinguir duas situações:
1. Casos em que a invalidação do ato ocorre antes de o administrado incorrer em despesas.
2. Casos em que a invalidação anula ato ou relação jurídica quando o administrado já desenvolveu atividades dispendiosas. Se o administrado estava de boa fé e não concorreu para o vício do ato fulminado, as despesas deverão ser indenizadas em razão da presunção de legitimidade dos atos administrativos. Neste caso aplica-se o princípio da responsabilidade objetiva do Estado prevista no art. 37, parágrafo6º da Constituição Federal.
Classificação dos atos administrativos – Segundo Odete Medauar: 
· Critério da margem de escolha: atos discricionários e vinculados. Existe nos atos discricionários uma margem de análise de conveniência e oportunidade para executar ou não o ato administrativo. No ato discricionário existe uma margem de liberdade para a Administração Pública, enquanto que nos atos vinculados não há margem de liberdade para a escolha do objeto dentro da conveniência e oportunidade. A Administração vai adotar ou não o ato vinculado, mas adotando o ato vinculado, ela deverá fazê-lo nos exatos termos da lei, não havendo margem de liberdade nenhuma. Exemplo de ato discricionário: aplicação de sanção – a lei elenca alguns e conforme o caso escolhe-se o que for conveniente para o caso. Exemplo de ato vinculado: realização de um concurso público e nomeação dos aprovados – não há margem de escolha. 
· Critério do âmbito de repercussão: atos administrativos internos e externos. Há atos administrativos cujos efeitos se dão apenas no âmbito da repartição e atos administrativos que tem repercussão externa, afetando terceiros. Ato administrativo interno: regimento, circular, portaria. Ato administrativo externo: edital, decreto.
· Critério dos destinatários: atos individuais ou gerais. Pode ser editado ato destinado a vários ou a um/alguns. Ato individual: é aquele ato que se individualiza quem será atingido pelo ato (ex: restituição de cargo; desapropriação de dez casas). Ato geral: é aquele que não se individualiza quem será atingido pelo ato, ato difuso (ex: edital; uso de cinto de segurança).
· Critério do objeto – leva-se em conta o objetivo pelo qual o ato foi editado:
· Atributivos de funções: nomeação, designação, reintegração de servidores públicos;
· Terminativos de funções: demissão, exoneração;
· Consentidores de atividades: autorização, permissão e licença para funcionamento;
· Restritivos de atividades: cassação de licença, fechamento de estabelecimento;
· Reconhecedores de direito a uso de serviço público: admissão a um hospital ou estabelecimento de ensino público;
· Informativos de situações: atestados e certidões;
· Sancionadores: advertência, suspensão, multa;
· Confirmativos de outros atos: homologação (confirma todos os atos que foram realizados no procedimento, é um ato que finaliza um procedimento. Significa dizer: tudo o que foi feito está conformidade da lei e se quer o resultado);
· Extintivos de outros atos: anulação, revogação;
· Comunicativos: editais, avisos;
· Desencadeadores de processos: instauração de sindicância;
· Controladores: habite-se;
· Normativos: regulamentos tributários.
· Critério da forma de expressão:
· Decreto – pode ser individual (desapropriação) ou normativo (regulamento tributário).
· Regimento – ato normativo que visa disciplinar o funcionamento de determinados órgãos públicos.
· Resolução – ato normativo visando estabelecer normas pertinentes a matéria de competência do órgão.
· Deliberação – caráter normativo e resulta da decisão de órgão colegiado.
· Portaria – sempre será interno, porém seu âmbito de repercussão pode ser interno (uniforme) ou externo, afetando particulares (detectores de metais).
· Circular – seu âmbito de repercussão é interno, visando estabelecer ordens e diretrizes aos subordinados, existindo, no Brasil, hipóteses em que a repercussão é externa (INSS).
· Ordem de serviço – de âmbito interno, visa estabelecer regras aos subordinados para a execução de seus trabalhos.
· Alvará – licença (âmbito maior de definitividade) ou autorização (pode ser revogado a qualquer momento sem direito a nenhuma indenização).
PROCESSO ADMINISTRATIVO: 
Por respeito à autonomia de cada ente federado, a Lei nº 9784/99 só regula o processo administrativo no âmbito federal. Não pode a União editar uma norma para todos, pois desta maneira, violaria a competência dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. A lei da União Federal só traz normas de processo administrativo para o âmbito federal.
A Lei nº 9784/99 foi a primeira lei federal editada para regulamentar processo administrativo no Brasil. Antes de 29 de janeiro de 1999 não existia nada que regulamentasse processo administrativo no âmbito federal. Os processos eram feitos de qualquer jeito (não tinha prazo, tempo, nada, o processo administrativo podia ser feito em um mês ou cinquenta anos).
A lei pioneira no Brasil foi a lei nº 10.177 de 30 de dezembro de 1998, ou seja: menos de um mês antes. Essa é uma lei do Estado de São Paulo, o pioneiro a editar uma lei sobre processo administrativo no Brasil.
Naquilo que a lei federal contrariar o Estado de São Paulo há que se modificar a lei do Estado de São Paulo para se adequar a lei federal? Não, porque são autônomos. Não há subordinação nenhuma da lei estadual perante a lei federal. Ambas são legais nas formas que foram editadas. 
A Lei nº 9784/99 trata dos processos executivos que são julgados pela Administração Pública. É a função administrativa judicante. É uma função atípica do Poder Executivo (praticar a função judicante). São processos que correm dentro da Administração Pública e é a Administração Pública que os decide. É função administrativa judicante que vamos analisar nessa lei. 
Não há a figura do juiz, que só existe no Poder Judiciário. Na Administração Pública quem decide é a autoridade superior dos órgãos e entidades públicas (o presidente, o prefeito, o governador, o superintendente, o diretor executivo das estatais e etc.). 
Não há que se confundir com o Poder Judiciário, pois são processos que abrem na esfera administrativa. 
Processo administrativo no âmbito federal – Lei nº 9784/99:
Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta (órgãos federais e entidades públicas federais), visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
§ 1º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa – é uma lei que se aplica a toda a esfera federal (Poder Executivo, Legislativo e Judiciário e Administração Pública direta e indireta, ou seja: todos os Ministérios, o STF, todo o Congresso e todas as entidades públicas criadas pela União).
Princípios no processo administrativo: 
· Princípio da legalidade: a Administração Pública pode fazer tudo que não vá contra o ordenamento jurídico, independentemente de lei propriamente dita. Sempre rege toda a matéria da Administração Pública. A Administração Pública tem que ter a obrigação, a legitimidade de praticar atos em conformidade com a lei. É algo muito importante para combater a tirania, a arbitrariedade.
· Princípio da finalidade: satisfação do interesse público. 
· Princípio da motivação: a motivação é a justificativa do ato. Todos os atos administrativos devem ser motivados, ainda que de forma implícita, porque a Administração Pública tem que dar a justificativa de todos os seus atos administrativos. Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos (...). Não há uma faculdade, há uma obrigação. O rol do artigo 50 é necessariamente exemplificativo. Alguns doutrinadores dizem da inconstitucionalidade desse artigo por intencionar limitar as hipóteses em que os atos devam ser motivados. Não há essa limitação. Todos os atos devem ser motivados e o rol é exemplificativo, sob pena do artigo se tornar inconstitucional. 
· Princípio da razoabilidade: a Administração Pública tem que ser razoável em suas condutas e exigências para que não haja através de suas exigências a dificuldade de atingir o fim (interesse público). 
· Princípio da proporcionalidade: a Administração Pública tem que ser proporcional do meio ao fim. Na decisão, o objeto deve ser proporcional. Art. 2º, § único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposiçãode obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.
· Princípio do informalismo: art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. Aqui prepondera o princípio do informalismo, ou seja, a lei não exige uma forma determinada. A Administração Pública deve ajudar sempre o administrado e não ser exigente em questões formais burocráticas. Esse princípio está presente também no Art. 2º, § único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados. Não há a necessidade de muitas formalidades no processo administrativo.
· Princípio da moralidade: moralidade jurídica – está relacionada a condutas honestas e desonestas. O princípio visa condutas honestas e atitudes que não visem meios ardis e fraudulentos, querendo burlar a lei.
· Princípio da ampla defesa e contraditório: são direitos fundamentais constituídos no art. 5º, LIV e LV. É um princípio importantíssimo no processo administrativo, pois o processo administrativo no âmbito da Administração Pública é atividade administrativa judicante, quando veste o papel de juiz. A Administração Pública não pode decidir nada sem o administrado se defender, sob pena de nulidade absoluta. Sempre antes de decidir, ela tem que dar a oportunidade do administrado apresentar a sua defesa e contraditar os argumentos pelos quais ele está sendo acusado. Sem esses direitos, tudo será nulo. Outros três princípios complementam o cumprimento do direito da ampla defesa e do contraditório:
· Princípio da ampla instrução probatória: são aceitos todos os tipos de prova admitidos em direito. Oitivas de testemunhas, laudos periciais, diligências em geral, enfim, todos os meios de prova admitidos em direito. Há a necessidade de o administrado ser intimado com antecedência da data da realização a ser designada para a Administração apresentar prova. O administrado tem direito de acompanhar as provas que a Administração Pública for querer produzir. Art. 26, § 2º A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de comparecimento. Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionando-se data, hora e local de realização. Se o administrado não for intimado e a prova for produzida, a prova estará eivada de nulidade em decorrência do descumprimento do princípio da ampla instrução probatória. 
· Princípio da acessibilidade aos elementos dos autos: o administrado tem que ter o direito de ter o acesso aos elementos dos autos para poder analisar tudo que foi feito. Não significa que ela possa exigir ler na hora o processo, mas tem o direito de ter acesso. 
· Princípio da representação e assessoramento: não se confunde com direito a advogado. O direito a ser representado está relacionado a pessoas incapazes. O direito de assessoramento é para aqueles que são relativamente capazes. Existe sempre o direito a representação e ao assessoramento em se tratando de pessoas incapazes ou relativamente capazes. 
Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação, por força de lei. O advogado é uma figura facultada ao administrado. Não há obrigatoriedade de ter advogado.
Súmula 343 do STJ 12/09/2007: é obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar. Em se tratando de processo administrativo disciplinar, onde a Administração Pública se utiliza do seu poder disciplinar, existe a obrigatoriedade da presença do advogado. 
Contudo, surge, em 16/05/2008, a Súmula Vinculante nº5 do STF que diz: a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição. Prevalece a Súmula Vinculante. Hoje existe a faculdade de o administrado ter advogado. A falta de advogado no processo administrativo disciplinar não viola o direito a ampla defesa e o contraditório e, portanto, a Constituição Federal. 
RE 4343-059-3 DF: nesse acórdão, uma servidora estava querendo anular a decisão da Administração Pública pelo fato dela ter sido condenada sem a presença de um advogado. Eles disseram que, no caso, a ampla defesa e o contraditório foram observados mesmo a servidora ter participado do procedimento sem a presença de um advogado. Diz o acórdão: ora, se devidamente garantido três direitos, a ampla defesa foi exercida: I – direito à informação, II – direito à manifestação, III – direito à consideração dos argumentos manifestados. Se houve a observância desses três direitos, houve o contraditório e a ampla defesa. E, no presente caso, como houve a observância desses três direitos, não há que se falar em anulação.
· Princípio da segurança jurídica: art. 2º, § único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. As relações tem que buscar alguma estabilidade no tempo, ela não pode ficar a mercê de mudanças do ordenamento jurídico. 
· Princípio do interesse público ou finalidade: a Administração Pública sempre deve visar o interesse público, ou seja, o interesse que é do público em geral. No processo administrativo, acima de tudo, deve se ir atrás do interesse público e não do interesse do administrado. Deve se alcançar o que é melhor para o interesse público e para a Administração Pública. 
· Princípio da eficiência: é o melhor emprego qualitativo das ações com menos custo. Isto também está ligado à ideia da agilidade. O princípio tem como base a ideia de empregar tudo isto – qualidade, agilidade e baixo custo – concomitantemente e com efeito satisfatório. 
· Princípio da verdade material: é o oposto do princípio da verdade formal. O princípio da verdade formal (aquilo que está formalizado nos autos) é o princípio que prevalece nos processos judiciais. O princípio da verdade material, portanto, é o princípio dos processos administrativos. No judiciário, o juiz só pode conhecer as provas colhidas nos autos, porque a finalidade do processo judiciário é o interesse das partes, sendo que se o juiz souber de algo fora dos autos, não pode levar em conta, sob pena de ser parcial. De forma contrária, nos processos administrativos prevalece a verdade material, ou seja, tudo o que a Administração Pública ficar sabendo que influencie no processo administrativo, ela é OBRIGADA a levar em consideração porque ela sempre vai almejar o interesse público e não o interesse do administrado que está sendo processado. A Administração Pública jamais visa algo diferente do interesse público e, portanto, todas as provas que ela tiver conhecimento seja para prejudicar ou não o administrado, ela deve levar em consideração, pois ela deve ir atrás da verdade material. Evidentemente, a Administração Pública deve trasladar essa prova sabida nos autos e ai sim considerar essa prova para a sua decisão. 
· Princípio da revisibilidade: é o direito de recurso, de a decisão ser revista. Todo o administrado tem a possibilidade de recurso, de que a decisão que lhe prejudicou seja revista em uma instância superior. Sempre há a possibilidade interposição de recurso. Quem decide o recurso no âmbito administrativo? Os recursos administrativos não necessariamente são julgados por um órgão colegiado. Na Administração Pública temos a análise da segunda instância tanto por uma única pessoa, tanto por órgão colegiado (ex: recurso do servidor contra o Procurador Chefe do MP – quem decide é o Procurador Geral, uma pessoa). Regra geral: é um órgão colegiado. De qualquer forma, é um direito de revisão da decisão inicial, da decisãoa quo, de primeira instância.
· Princípio da oficialidade ou princípio da impulsão: a Administração Pública deve agir de ofício. A Administração Pública tem o dever de impulsionar os autos e dar andamento no processo. Não tem justificativa para a inércia. É obrigada a impulsionar. Esse princípio está previsto no art. 2º, § único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados. Não existe a espera da manifestação. Não pode e não deve ficar aguardando o administrado se manifestar porque aqui se visa o interesse público. Mesmo que o administrado nada fale, sempre deve se levar adiante o processo em nome do interesse público. 
Procedimento e processo: procedimento é a sequência de atos destinados à consecução de um resultado. É o rito. Função atípica da Administração Pública: julgar através de um procedimento administrativo. Processo é o conjunto de atos que se movimentam para a consecução de um resultado.
A importância de ter uma lei estabelecendo esse rito é de ter segurança jurídica no acompanhamento do procedimento. Ao acompanhar, há a fiscalização dos atos desenvolvidos pela Administração Pública. Acompanhando a manifestação de vontade da Administração Pública, é assegurada a concepção do interesse público. É importantíssimo que o procedimento seja regulamento por lei para que possamos acompanhar essa vontade administrativa e para fiscalizar se essa vontade satisfaz o interesse público e não interesse pessoal. Objetivo de regulamentarmos o processo administrativo: I – resguardar os administrados; II – dar transparência aos atos da Administração Pública.
Fases do processo administrativo:
1. Instauração: art. 5º O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado. A fase da instauração se dá através do ato da Administração Pública, quando ela faz de ofício, ou através do pedido do interessado. A Administração Pública, geralmente, inicia o processo administrativo através de um despacho ou uma portaria (determinando a abertura e constituindo a comissão), ou por auto de infração. O pedido do interessado se dá através de requerimento (é requerimento o nome da peça apresentada, não é petição inicial). A fase de instauração pode começar por despacho, portaria, auto de infração ou através de requerimento, se for iniciado a pedido do administrado. Aberto o processo, segue-se para a segunda fase que é a fase de instrução. 
2. Instrução: fase de produção de provas (todos os meios de prova permitidos em Direito). Ex.: laudos, documentos, oitivas de testemunhas, perícias, laudos, diligências, etc.
3. Defesa: fase em que se asseguram direitos constitucionais: o contraditório e a ampla defesa (art. 5º, LIV, LV). Todos os processos devem assegurar esses direitos, sob pena de estarem eivados de nulidade absoluta. 
4. Relatório: a portaria vai ordenar a abertura do processo e instituir uma comissão (nem sempre o processo vai ter início por portaria, mas a comissão é sempre designada por portaria). A comissão que vai dar andamento a esse processo. A portaria é que nomeia os servidores que vão formar a comissão processante. Essa comissão que irá colher as provas, que participará do contraditório e que fará a síntese do que aconteceu e vai opinar por uma decisão. Quem decide é a autoridade superior, a comissão somente opina. O relatório compõe-se de: a. fatos (vai dizer do que se trata o processo administrativo e a síntese de tudo que ocorreu), b. opinião: (opinião da comissão pela aplicação de sanção, arquivamento ou etc.). Posteriormente, é encaminhado para a autoridade superior e segue-se para a quinta e última fase. 
5. Julgamento: na fase do julgamento, o processo vai para a assessoria, para a procuradoria ou para o corpo de advogados. Os autos chegam, os assessores verificam se tudo foi feito em conformidade com a lei. Feito esse exame de legalidade, o processo é encaminhado para a autoridade superior decidir. A autoridade superior acata ou não a opinião da comissão. Se não acata, tem que motivar a sua decisão, tem que fazer um novo parecer. Se não motivar, a decisão será nula. Se a autoridade acatar a opinião da comissão, emite um mero despacho concordando, reiterando e acolhendo o relatório. 
A lei 8.112/90 é a lei que regulamenta o estatuto dos funcionários públicos federais. Todo funcionário público federal estatutário tem a regulamentação através dessa lei. Essa lei prevê fases diferenciadas no processo administrativo disciplinar, sendo que são somente três fases: 1) instauração; 2) inquérito administrativo; 3) julgamento. Apenas a fase de inquérito administrativo é diferente, mas o conteúdo dessa segunda é o mesmo: une a fase de instrução, ampla defesa e contraditório e relatório. 
Quando as pessoas dizem que “tem que abrir um inquérito administrativo”, essa fala está errada. Inquérito administrativo não se abre. Inquérito administrativo é tão somente uma das fases do processo administrativo de servidor público federal estatutário.
 
Sindicância: expediente de investigação. Quando não há a autoria ou o fato determinado, nós abrimos uma sindicância. É apenas uma investigação. Não existe fase de sindicância dentro do processo administrativo. A sindicância, obviamente, pode desencadear a instauração de um processo, como também pode não desencadear. Ex.: sumiu um computador da sala: abre-se uma sindicância para tentar descobrir quem foi. 
Independência e autonomia das instâncias administrativa e penal: a ação ou omissão de alguém pode gerar um ilícito. Esse ilícito pode ser concomitantemente penal, administrativo e civil (ex: dois servidores que brigam entre si no expediente e um quebra o braço do outro). Essas instâncias são independentes. Existe o princípio da independência e incomunicabilidade das instâncias e isso afasta a violação do princípio bis in idem. Existem apenas duas hipóteses em que há a comunicação das instâncias: I – não ocorrência do fato; II – negativa de autoria. A decisão condenatória penal e a decisão absolutória de autoria ou de fato transita em julgado as três esferas. 
Se, por exemplo, um servidor é demitido na esfera administrativa e cinco anos depois, a sentença penal de negativa de autoria transita em julgado, a demissão dele é anulada (presume-se que a demissão é ilegal, porque dentro do âmbito penal não foi comprovada a autoria do fato). A decisão administrativa é anulada. A anulação é ex tunc: retroage e anula tudo o que foi feito e o servidor tem que ser restituído de tudo, para tanto, deve receber o período que ficou afastado e deve ser reintegrado ao cargo. Se, nesse mesmo exemplo, o processo penal é arquivado por falta de provas e o servidor é absolvido por isso, não se comunica à esfera administrativa.
· Interessados no processo administrativo: Art. 9º São legitimados como interessados no processo administrativo: I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de representação; II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos; IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses difusos.
· Capacidade: igual a civil – maiores de dezoito anos (art. 10 da L9784/99). 
· Competência: a competência é irrenunciável e intransferível, podendo ser delegada. A competência no Direito Administrativo não é de quem quer, e sim de quem pode, nos termos da lei. 
· Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos. 
· Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter normativo (ex: a Presidenta da República não pode delegar a outra pessoa para fazer um decreto); II - a decisão de recursos administrativos

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