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MODELO DE ARTIGO (PSICOLOGIA SOCIAL)

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL 
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE 
BACHARELADO EM PSICOLOGIA 
 
 
ALINE DE JESUS DA GAMA 
BEATRIZ FRUTUOSO SILVA 
DEBORAH SOARES ACIOLY SANTOS 
EDUARDA SANTOS DE ALMEIDA 
FABIO JIORDANO 
FERNANDA DA SILVA PEREIRA 
GIOVANNA ARAÚJO ABADE 
MARIA GABRIELA DE LIMA 
ROSANA CÉLIA DE LIMA 
TAIZ AMANDA POMPEU PEREIRA 
 
 
EM DEFESA DA LUTA ANTIMANICOMIAL 
 A única maneira de ser sadio nesse mundo é ser louco 
 
 
 
SÃO PAULO 
2020 
 
 
 
ALINE DE JESUS DA GAMA 
BEATRIZ FRUTUOSO SILVA 
DEBORAH SOARES ACIOLY SANTOS 
EDUARDA SANTOS DE ALMEIDA 
FABIO JIORDANO 
FERNANDA DA SILVA PEREIRA 
GIOVANNA ARAÚJO ABADE 
MARIA GABRIELA DE LIMA 
ROSANA CÉLIA DE LIMA 
TAIZ AMANDA POMPEU PEREIRA 
 
 
EM DEFESA DA LUTA ANTIMANICOMIAL 
 A única maneira de ser sadio nesse mundo é ser louco 
 
 
 
Trabalho apresentado ao curso de Psicologia da 
Universidade Cruzeiro do Sul, como requisito para compor 
a nota em Psicologia Social e Práticas Integrativas II 
Orientador: Prof. Ms. Claudio José Cobianchi 
 
SÃO PAULO 
2020 
 
 
 
Sumário 
 
1. Introdução ........................................................................................................... 1 
2. Síntese do livro “Manicômios, Prisões e Conventos” de Erving Goffman .... 2 
3. Desenvolvimento Teórico .................................................................................. 6 
3.1 – Artigo 1: Entre Loucos e Manicômios: História da Loucura e a Reforma 
Psiquiátrica no Brasil ................................................................................................ 6 
3.2 Artigo 2: Reforma Psiquiátrica e Inclusão Social: Um estudo com familiares de 
doentes mentais ..................................................................................................... 11 
3.3 Artigo 3: Reforma psiquiátrica: estratégias para resistir ao desmonte ............. 13 
4. Investigação prática ......................................................................................... 16 
4.1 – Perguntas ...................................................................................................... 17 
4.2 – Cronograma .................................................................................................. 19 
5. Conclusão ......................................................................................................... 21 
6. Referências ....................................................................................................... 25 
 
1 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 O presente trabalho tem por objetivo conhecer instituições que promovam a 
saúde mental e procurar observar o papel desempenhado pelo psicólogo(a) junto à 
equipe multiprofissional, em busca de um esboço analítico da instituição investigada. 
 Infelizmente, por motivos de força maior, devido à pandemia do COVID-19, 
não foi possível realizar a visita a uma instituição total. Entretanto, os(as) autores(as) 
do relatório resolveram articular documentários, filmes, artigos e textos abordados 
em aula, dentre outras fontes. 
 O relatório começa com a síntese do livro “Manicômios, prisões e conventos” 
de Erving Goffman, na tentativa de conhecer melhor as chamadas “instituições 
totais”. Em seguida, apresenta três artigos que foram considerados de suma 
importância pelo grupo para a defesa de tese do relatório: a luta antimanicomial. 
 Tem-se o intuito de contar a história da loucura, o surgimento de instituições 
que prometem tratar os doentes e a importância da reforma psiquiátrica. A loucura é 
uma condição que compromete a produtividade do ser humano, que sofre 
preconceito de sua família e até mesmo da instituição que o recebe. A reforma 
psiquiátrica foi uma epifania que ajudou a diminuir parte do preconceito ainda 
latente. 
 O movimento antimanicomial se originou a partir dos questionamentos de sua 
eficácia, sob denúncia de maus-tratos. A invisibilidade por parte da mídia, de 
políticas públicas e da sociedade em geral são alguns dos fatores que levaram o 
Poder Público a criarem leis importantes para a extinção dos manicômios. 
 Entretanto, em 2016, após o golpe que levou ao impeachment da presidente 
Dilma Rousseff, iniciou-se um ataque às conquistas pela luta manicomial e tal 
atitude, inconsequente e esdrúxula, vem ganhando força com publicações de 
Portarias e Emendas Constitucionais pelo governo Bolsonaro. 
 Destarte, não se pode calar diante do desmonte que ganha força. Problemas 
mentais não devem ser encarados como estigmas, mas como um outro modo de ser 
e de se objetivar no mundo. O conceito de “normalidade” é uma construção social 
histórica, atrelada a muitas ideologias dominantes e por interesses corporativos. 
Seria insano afirmar que a única forma de ser sadio nesse mundo é ser “louco”? 
2 
 
 
 
2. SÍNTESE DO LIVRO “MANICÔMIOS, PRISÕES E CONVENTOS” DE 
ERVING GOFFMAN 
 
 Todas as instituições possuem tendências de pensamento que englobam o 
“mundo” desse local e seu “fechamento” é realizado a partir da relação social com o 
mundo externo e por proibições de saída. Tais estabelecimentos são chamados de 
“instituições totais”. 
 Os funcionários se sentem superiores aos internados e os internados 
inferiores aos funcionários. Por vezes, nessas instituições, é oferecido um trabalho 
ao internado. Porém, não como visto em sociedade, mas sim, com diferenciações de 
horários e pagamentos. Em algumas instituições é feita uma troca com o internado, 
onde o mesmo deve realizar seu trabalho em troca de alimento, descanso etc. 
Quando não realizado o trabalho de uma maneira significativamente correta, o 
mesmo acaba recebendo um castigo. É comum os internados chegarem às 
instituições totais com crenças e culturas familiares. Nessas instituições, crenças e 
culturas são corrompidas e ocorre o “desculturamento”. Caso o internado volte para 
a sua vida social, ele será incapaz de enfrentar alguns aspectos de sua vida diária. 
Essa “desculturalização” mantém a tensão entre o mundo doméstico e o mundo 
institucional e é usada como estratégia para controlar os internados. 
 As equipes privam por controles dos pacientes: manter internado aqueles que 
realmente precisam e que tenha patologia para estar ali. Há uma triagem 
(classificação) dos pacientes, uma forma contraditória no trabalho da equipe 
dirigente, pois eles têm que manter os internos obedientes. Porém, ao mesmo tempo 
de forma humanitária e mantendo as normas da instituição. Práticas institucionais 
internas mostram solidariedade e compromisso em grupo. 
 Essas festas podem ser o Natal, onde os internos decoram a instituição, tem 
mordomias que geralmente não tem no ano todo. Essas cerimônias forçadas são, 
muitas vezes, para mostrar uma realidade que não existe: um lugar todo enfeitado, 
internos limpos e bem tratados, comida saborosa e outros “perfumarias”. Mas, na 
realidade, está muito longe de ser dessa forma. Uma das representações das 
cerimônias é o psicodrama. 
3 
 
 
 Muitos pacientes são internados por motivos que poderiam ter sido usados 
pelas pessoas que cometem agressão a diversos casos, como de um alcoólico ou 
de uma filha rebelde. A definição para a sociedade de “doente mental”, são essas 
citadas acima. Pode-se dizer que os “doentes mentais” sofrem sim, mas não de 
doença mental, mas sim, de outras circunstâncias. Na carreira do pré-paciente 
existem também outros aspectos importantes a seremmencionados em relação às 
pessoas. A primeira “pessoa mais próxima” do paciente, que seria a pessoa em que 
ele mais considera próxima, que seria a pessoa que daria abrigo e conforto ao 
paciente quando ele precisasse. Em segundo lugar o “denunciante”: a pessoa que 
seria a responsável por ter dado início junto com o paciente sobre a sua vida no 
hospital. E em terceiro lugar estão os “mediadores”, que seria responsável pelos 
cuidados dos pré-pacientes, para onde ele é levado. Aqui inclui médicos, advogados, 
clinicas entre outros serviços. Sendo a terceira pessoa nesse processo, tende que 
as relações da pessoa mais próxima do paciente, faz visitas continuas, para dar a 
impressão de que tudo que está sendo feito com ele e de que ele vai ficar bem 
novamente. O paciente nas primeiras visitas pede para que a pessoa o tire daquele 
lugar, intensificando o sentimento de abandono e pede privilégios para que aquele 
lugar seja menos ruim do que está sendo. E a pessoa mais próxima apenas finge 
que não ouve ou se nega a fazer esses favores que o ele faz a ela. Depois, a 
pessoa mais próxima volta para a sua realidade sendo uma pessoa livre e cheia de 
vontade e desejos, fazendo assim descaso com que o paciente passa e sente 
naquele momento. É neste momento em que o paciente tem a certeza que tudo não 
passa de uma hipocrisia, um típico caso de abandono e total traição de quem o 
ajudou a estar hospitalizado. No último estágio do pré-paciente, ele conclui que foi 
abandonado ou não pela sociedade e não tem mais vinculo ou relações com as 
pessoas que eram mais próximas do dele. O pré-paciente pode ficar mais calado e 
fechado. Ao entrar no hospital, pode não se sentir conhecido pela sociedade e evitar 
qualquer contado com pessoas com quem ele venha a desenvolver algum vínculo 
reciproco; e quando algum parente vai visitá-lo, pode se recusar a querer falar e ver 
a pessoa justamente por causa da quebra de vinculo que ouve. 
 Quando o paciente passa a aceitar a sua nova vida, sua nova posição entra 
como se fosse uma linha de segregados que seria igual aos campos de 
4 
 
 
concentração e presídios com trabalho forçado, no qual é estabelecida uma rotina 
diária para a pessoa. Ao mesmo tempo em que o paciente passa por situações 
humilhantes, eles aprendem a se virar no internato com poucos alimentos para as 
refeições, bancos de madeiras totalmente desconfortáveis e um pequeno lugar para 
dormir. 
 Nas instituições, cada paciente tendia a verificar que seu mundo estava 
dividido em três partes separadas de maneira semelhante para os que estavam na 
mesma posição de privilégio. Em primeiro lugar, havia os lugares situados fora dos 
seus limites; em segundo lugar, havia o espaço de vigilância; E em terceiro, o 
espaço não regularizado pela autoridade usual da equipe dirigente. Eram 
encontrados vários “esconderijos fixos”, mais frequentemente nos territórios e locais 
livres, que eles criavam para guardar seus bens mais valiosos. 
 As tarefas ocupacionais especializadas podem ser divididas em duas 
categorias: uma em que profissional encontra o público por meio de seu trabalho e 
outra em que isso não se repete e o trabalho serve apenas para os participantes de 
sua organização de trabalho. 
 Quaisquer que sejam as condições sociais do paciente, independente do 
caráter específico de sua perturbação, ele pode ser tratado nesse ambiente como 
alguém cujo problema pode ser enfrentado, ainda que não tratado, pela aplicação de 
uma única interpretação psiquiátrica técnica. Um dos problemas na aplicabilidade do 
modelo de serviço à medicina está no fato de que parte do mandato oficial do 
hospital psiquiátrico público é proteger a comunidade do perigo e dos 
aborrecimentos de certos tipos de má conduta. Entretanto, cada vez que o hospital 
psiquiátrico atua como hotel provisório, destinado a lidar com indivíduos que não 
podem ficar na comunidade externa, o modelo de serviço é contradito. 
 Outro problema do modelo de serviço, refere-se ao caráter, sobretudo 
involuntário, da admissão em um hospital psiquiátrico. Na psiquiatria, existe um 
esforço formal para agir como se o problema fosse de tratamento, não de 
julgamento moral, mas isso não é mantido de forma coerente. É difícil manter a 
neutralidade ética na prática da psiquiatria, pois a perturbação do paciente está 
intrinsecamente ligada a uma forma de agir que ofende as testemunhas. Em nossa 
sociedade, a maneira padronizada de tratar tais ofensas é castigar o transgressor, 
5 
 
 
negativa e corretivamente. Portanto, a sociedade atua com essa suposição em todos 
os itens, em todas as minúcias da vida. Sem algum equivalente funcional, seria 
impossível a manutenção da ordem social. 
A ação médica é apresentada ao paciente como um serviço individual, 
mas na instituição que o recebe há um disfarce do modelo de serviço médico. Do 
ponto de vista da instituição, o psiquiatra deve oferecer seus serviços porque o 
doente mental clama, voluntária ou involuntariamente, pelo tratamento. Os 
ajustamentos do paciente em relação à instituição são apenas os sintomas da sua 
enfermidade. Esses aspectos da profissão do médico psiquiatra, orientam-se pela 
ideologia institucional. O que a sociedade vê como mau comportamento, o médico 
tem que classificar como patologia. Essa mesma patologia requer tratamento, pois 
significa a incapacidade do paciente para viver em sociedade. O sucesso da cura é 
resultado de um trabalho eficaz do hospital, mas o fracasso refere-se à perturbação 
da doença do paciente. Enfim, para sair do hospital ou para manter-se bem na 
instituição, os doentes mentais têm de demonstrar que aceitam o lugar que lhes foi 
atribuído, apoiando o papel profissional daqueles que os mantêm em tais condições. 
 Cada modelo contém um sistema de tipificações automáticas que orientará a 
vida, sobretudo cotidiana dos indivíduos. Na sociedade ocidental, esses esquemas 
diferenciam-se pela institucionalização do conhecimento dito especializado, entre 
servidor (especialista) e servido (não-especialista). O contato entre esses dois 
mundos, baseia-se em uma lógica arbitrária, ainda que legítima, pois o servido é 
apenas um cliente da relação de serviço ou, às vezes, é apenas um mero objeto do 
servidor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
3. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO 
 
3.1 – Artigo 1: Entre Loucos e Manicômios: História da Loucura e a Reforma 
Psiquiátrica no Brasil 
 
 O artigo em questão tem o intuito de contar a história da loucura, o 
surgimento de instituições que prometem tratar os doentes e a importância da 
reforma psiquiátrica. A loucura é uma condição que compromete a produtividade do 
ser humano e que sofre preconceito de sua família e até mesmo da instituição que o 
recebe. A reforma psiquiátrica foi um evento que ajudou a diminuir parte desse 
preconceito que ainda existe. 
 A Reforma Psiquiátrica, partindo dessa concepção, tem como foco as 
intervenções e trabalhos específicos, equipes multi e interdisciplinares e a mudança 
do conceito/visão de loucura e de hospitais psiquiátricos como manicômios, 
apontando uma melhoria na qualidade de vida e conquista ao que se refere em 
termos de cidadania aos pacientes psiquiátricos (RAMMINGER, 2002). Tal 
movimento trata-se, também, de uma produção social marcada pelas demandas 
atuais da saúde e sociedade em nosso tempo presente (FIGUEIREDO, DELEVATI, 
TAVARES, 2014, p. 123). 
 De acordo com Figueiredo, Delevati e Tavares (2014), o conceito de loucura é 
antigo e sofreu muitas mutações ao longo dos anos. Foi definido com base em 
perspectivas diferentes, e uma delas foi a possessão diabólica que teve seu apogeu 
na Idade Média, mas foi descartada tempos depois. A teoria que teve maior ênfase 
foi a de Hipócrates, que definia a loucura como uma patologia, na qual o principal 
sintoma era a insanidade. No século XIX, o foco foi redirecionado ao diagnóstico e 
tratamento da loucura.Pinel trouxe o diagnóstico implicado na observação prolongada, rigorosa e 
sistemática das transformações biológicas, mentais e sociais do paciente, que eram 
realizadas dentro no manicômio – que passou da condição de asilo onde se abriga, 
para a condição de cura/tratamento. Mas, apesar da rápida repercussão na Europa, 
a doutrina de Pinel foi logo ofuscada pelo emprego inadequado do tratamento, 
porém, aumentou-se o interesse pela explicação e tratamento da loucura a partir de 
7 
 
 
modelos organicistas. Com a volta da visão organicista na prática psiquiátrica, o 
manicômio deixa de ser recurso terapêutico e volta a ser um instrumento de 
segregação social (RAMMINGER, 2002, apud FIGUEIREDO, DELEVATI, TAVARES, 
2014, p. 125). 
 A loucura passou, então, a ser um domínio exclusivo do ramo médico, a 
psiquiatria. É o que diz Figueiredo, Delevati e Tavares (2014), que ainda salientam 
que a mesma era tida como uma doença que necessitava de intervenções como 
tratamento e medicalização. Os manicômios eram uma forma de tratar os loucos; 
umas de suas funções era recolhê-los das ruas e mantê-los em isolamento junto de 
outras pessoas que faziam parte de minorias. Mais tarde, os manicômios passaram 
a ter função hospitalar. O intuito era, mesmo que com equipe desqualificada, tratar 
as pessoas. Tempos depois, os manicômios passaram a ser exclusivos para 
tratamento de doentes mentais. Mesmo as instituições tendo o intuito de receber 
somente pessoas com esses tipos de transtornos, o que verdadeiramente ocorria é 
que pessoas com epilepsia, alcoolistas, rebeldes, prostitutas, entre outras, 
representavam algum incômodo na sociedade. Os pacientes viviam em situações 
precárias, eram agredidos, morriam por passar frio, por não ter o que comer ou 
alguma doença. Essas instituições tinham como motivo para essas ações a 
necessidade de fazer uma higienização social, o que deixaria a sociedade daqueles 
considerados desprezíveis. 
 Segundo Ramminger (2002), a partir do século XIX a defesa da existência de 
instituições manicomiais domina toda a Europa e foi considerado como a 
modalidade terapêutica mais eficaz, apesar do reconhecimento dos pontos 
negativos como violência, isolamento e as práticas coercitivas que eram justificadas 
como um mal necessário (FIGUEIREDO, DELEVATI, TAVARES, 2014, p. 126). 
 Figueiredo, Delevati e Tavares (2014) contam que, em 1852, no Rio de 
Janeiro, foi criado o Hospício D. Pedro II, o primeiro manicômio no Brasil. Como as 
demais instituições desse tipo, o objetivo era disciplinar pessoas e o modo como se 
comportavam, comportamentos esses que necessitavam de intervenção psiquiátrica. 
Essa maneira de ver o isolamento em manicômios e hospitais psiquiátricos como o 
único tratamento eficaz para a doença mental prevaleceu no país. Na Europa, 
depois da Segunda Guerra Mundial, começaram a surgir movimentos que pediam 
8 
 
 
pela mudança do método de tratar a doença mental, ou seja, que era contra a 
psiquiatria atual. 
 Entre 1960 e 1980, houveram muitas mortes nos manicômios brasileiros, 
causadas pela superlotação, negligências com os internados e erros médicos 
cometidos nesses hospitais. Figueiredo, Delevati e Tavares (2014) detalham que na 
internação, o paciente era privado de liberdade e mantido em cativeiro. Nessa 
época, as reivindicações incentivaram a multiprofissionalidade nos hospitais 
psiquiátricos. Esse momento foi um marco para a psicologia, pois os profissionais da 
área começaram a fazer parte da saúde pública. 
 Tal período provocou reivindicações trabalhistas, gerando discussões acerca 
do tratamento psiquiátrico no Brasil, que teve como consequência a demissão de 
estagiários e profissionais grevistas (AMARANTE, 1995, apud VASCONCELLOS, 
2008). A partir de então, iniciaram grandes eventos para discussão do tema, tais 
como o V Congresso de Psiquiatria, o I Congresso Brasileiro de Psicanálise de 
Grupos e Instituições e o III Congresso Mineiro de Psiquiatria. No entanto, o 
Movimento da Luta Antimanicomial no Brasil surgiu de forma mais clara a partir do I 
Encontro Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental em 1987, cujo lema era “Por 
uma sociedade sem manicômios”. Segundo Rotelli (apud RAMMINGER, 2002, p. 
115), foi defendido neste evento: eliminar os meios de contenção presentes no 
tratamento, reestabelecer a relação do indivíduo com seu próprio corpo, reconstruir 
o direito e a capacidade de uso da palavra e dos objetos pessoais, produzir 
relações, espaços de interlocução, restituir os direitos civis, eliminando a coação, as 
tutelas judiciais e o estatuto da periculosidade, reativando uma base de inserção 
para poder ter acesso aos intercâmbios sociais (FIGUEIREDO, DELEVATI, 
TAVARES, 2014, p. 128). 
 De acordo com Figueiredo, Delevati e Tavares (2014), as propostas da 
Reforma Psiquiátrica foram chegando até o governo do país aos poucos, e com elas 
foram geradas as “Diretrizes para a Área da Saúde Mental”, redigida pelo Ministério 
da Saúde na década de 1980, defendendo que o tratamento seja extra-hospitalar, 
que a internação tenha um tempo limitado e que o doente e a família seja 
reintegrados, e incentivava a produção de pesquisas no ramo da saúde mental. 
9 
 
 
 Foram realizadas duas Conferências Nacionais de Saúde Mental em 1987 e 
1992, junto à inscrição da proposta do Sistema Único de Saúde (SUS) na Carta 
Magna de 1988, promovendo discussões e novas experiências no que diz respeito à 
loucura e ao sofrimento psíquico (AMARANTE; TORRE, 2001). Um dos pontos, 
também, defendidos pela Reforma é o trabalho interdisciplinar, e não apenas a 
simples presença de psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais, mas 
sim, a valorização desses profissionais. A impossibilidade de solucionar tais 
problemas propiciou o surgimento de diversos modelos assistenciais, novas teorias 
e práticas (VASCONCELLOS, 2008 apud FIGUEIREDO, DELEVATI, TAVARES, 
2014, p.129). 
 No fim da década de 1980, foram criadas as instituições assistenciais como o 
CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e o NAPS (Núcleos de Atenção 
Psicossocial). Figueiredo, Delevati e Tavares (2014) explicam que ambos 
proporcionam serviços como atendimento psicológico, terapia ocupacional, serviço 
social e outros. Infelizmente, o surgimento dessas instituições foi tardio e não teve o 
investimento necessário, limitando o atendimento e a atuação dos profissionais. 
 Em 1989, com a Luta Antimanicomial, o Projeto de Lei nº 3657, proposta pelo 
Deputado Federal Paulo Delgado, previa a extinção progressiva dos manicômios, 
sendo substituídos por outros recursos assistenciais. Tal projeto reproduziu a Lei 
Italiana de 1978, que objetivou, de acordo com Goulart (2006, p. 12), “[...] o fim dos 
manicômios, entendidos aqui como metáfora a todas as práticas de discriminação e 
segregação daqueles que venham a ser identificados como doentes mentais [...]”. 
Seguido de um marco histórico em 1990, a Conferência Regional para a 
Reestruturação da Assistência Psiquiátrica, realizada em Caracas. Nela, os países 
da América Latina, inclusive o Brasil, comprometeram-se a promover reestruturação 
da assistência psiquiátrica (HIRDES, 2009 apud FIGUEIREDO, DELEVATI, 
TAVARES, 2014, p. 131). 
 De acordo com Figueiredo, Delevati e Tavares (2014), depois da 
apresentação de todas as críticas à psiquiatria, foi aprovada em 2001, sob número 
nº 10.216, a Lei Nacional da Reforma Psiquiátrica. Ela trouxe mudanças 
significativas nos tratamentos psiquiátricos e na visão da sociedade sobre a doença 
mental. A lei assegurava os direitos das pessoas que tinham alguma doença mental, 
10 
 
 
bem como a proteção das mesmas. Em 1992, a criação da portaria ministerial nº 
224, estabelecia unidade psiquiátrica em hospitais gerais e também quais e quantos 
profissionais seriam necessários para a formar uma equipe adequada. Porém, os 
avanços legislativos não foram o suficiente para solucionara questão manicomial. 
Há um grande problema nas representações e interpretações feitas pela sociedade. 
O debate dessas questões se faz necessário com o intuito de ressignificar o 
conceito, visando assim maior aceitação e inclusão dos doentes mentais. Discutir o 
tema pode conscientizar as pessoas, e consequentemente proteger os portadores 
de doença mental de preconceitos. 
 A partir destes marcos, os serviços substitutivos aos manicômios/hospitais 
psiquiátricos passaram a ter privilégio, como os CAPS e NAPS, os leitos 
psiquiátricos em hospitais gerais e oficinas terapêuticas (HIRDES, 2009 apud 
FIGUEIREDO, DELEVATI, TAVARES, 2014, p. 132). Os serviços substitutivos foram 
os principais avanços da Reforma Psiquiátrica, trazendo alternativas de tratamento 
com o objetivo de, principalmente, não reproduzir as bases teórico-práticas do 
modelo psiquiátrico clássico que “[...] fundou a noção de doença mental como 
sinônimo de desrazão e patologia, que fundou o manicômio como lugar de cura e 
que fundou a cura como [...] normalização” (AMARANTE; TORRE, 2001, p. 33, apud 
FIGUEIREDO, DELEVATI, TAVARES, 2014, p. 132). É notável que a presença dos 
CAPS/NAPS refletiu uma mudança na concepção de tratamento dos pacientes 
psiquiátricos; onde antes a única instituição que receberia esses pacientes – com a 
função de recolher/excluir – eram os manicômios/hospitais psiquiátricos 
(FIGUEIREDO, DELEVATI, TAVARES, 2014, p 132). 
 O artigo apresentado foi de extrema importância para o trabalho, de forma 
que ajudou a entender a trajetória da loucura em nossa sociedade, conceito que foi 
definido de diversas formas até os dias atuais. Essa condição é a grande 
“justificativa” pela exclusão de indivíduos e isolamento dos mesmos em manicômios. 
Foi possível também aprender mais sobre o olhar da psiquiatria e sobre a loucura, 
esse que foi durante anos muito negligente e que causou vários danos sociais e aos 
cidadãos que passaram pela experiência horrível de estar internado em um 
manicômio. O artigo estudado enfatiza bastante a Reforma Psiquiátrica, responsável 
por acabar com pesadelos reais, como o hospital psiquiátrico Colônia de Barbacena 
11 
 
 
e o Juqueri. Por meio dessa leitura, percebe-se os benefícios gerados depois da 
Reforma Psiquiátrica, todos bem significativos, apesar das limitações. 
 
3.2 – Artigo 2: Reforma Psiquiátrica e Inclusão Social: Um Estudo com 
Familiares de Doentes Mentais 
 
 O movimento antimanicomial se deu a partir do questionamento de eficácia de 
instituições manicomiais e engloba questões políticas, econômicas, culturais e 
históricas de um país. Está associado a um conjunto de iniciativas nos campos 
legislativo, jurídico, administrativo e cultural. 
 A partir de denúncias de maus-tratos e a falta de assistência na mídia, iniciou-
se um processo de motivação pública com alguns políticos sobre a saúde 
psicológica. 
 A Reforma Psiquiátrica na contemporaneidade, procura não só questionar as 
instituições asilares e as práticas médicas, mas também humanizar a assistência 
aos doentes mentais, visando a reabilitação e inclusão social. Desde então, novos 
serviços para o cuidado da saúde mental foram criados, contando com a proposta 
de uma equipe multiprofissional. 
 Tal proposta a distribuição de saber e poder são diluídos, articula-se de 
acordo com a multiplicidade dos problemas e as diferentes terapias, procurando 
apoiar, incluir e orientar a família. 
 No entanto, a criação de novos serviços de apoio não é garantia de que a 
lógica manicomial será modificada, uma vez que ainda se corre o risco do uso de 
práticas antigas com novas formas, pela falta de conhecimento dos profissionais às 
práticas antigas. 
 De acordo com Giovanella e Amarante (1994) o aparato manicomial não é só 
a instituição psiquiátrica. Ele está diretamente ligado ao conjunto de olhares, ações e 
atitudes que criam limites e intolerâncias às diferenças. A maior parte dessas 
intolerâncias decorrem do saber psiquiátrico, que existe radicalmente no hospital 
psiquiátrico, mas que pode se entender as demais modalidades de assistências e 
nas relações cotidianas. De acordo com Costa-Rosa (2000): 
 
12 
 
 
Para haver mudança radical em relação ao modo asilar, não basta que haja 
variações nos dispositivos institucionais, mas é necessário, sobretudo, que 
eles superem também quantitativamente os recursos asilares, e que se 
estruturem segundo uma 'lógica' oposta à do hospital psiquiátrico. 
 
 
E segundo Maciel, Barros, Silva e Camino (2009): 
 
No Brasil, a partir dos anos 1980, ocorreram muitas modificações no sentido 
de procurar transformar a relação da sociedade com a loucura, que está 
cristalizada no asilo e na exclusão social. Foram criados serviços 
“alternativos” aos manicômios e realizadas reformas dos asilos e dos 
ambulatórios. Mas, embora essas experiências fossem ricas, de um modo 
geral, não tiveram impacto significativo sobre a qualidade da assistência e 
pouco contribuíram para a mudança da hegemonia hospitalar e das 
representações acerca da doença mental. 
 
 Tratando-se da legislação, o Projeto de Lei nº 3.657/89, aprovado pelo 
Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República Fernando Henrique 
Cardodo em 2001, que depois se tornou a Lei nº 10.216, de 06 de abril de 2001, 
criada pelo deputado Paulo Delgado (PT-MG), que propôs a extinção de manicômios 
pela substituição por novos meios de atendimentos, tais como lares protegidos, 
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e hospitais-dias, tornando assim, difícil a 
internação involuntária, trazendo em discussão formas mais adequadas de 
tratamentos e atenção à saúde mental. 
 Através disso, o Ministério da Saúde financiou programas alternativos de 
assistência à saúde mental, alguns deles sendo: Centros de Atenção Psicossocial 
(CAPS), alas psiquiátricas em hospitais-dia, oficinais, etc. Barros (2003) destaca 
que: 
Ao representar uma política instituída pelos serviços de saúde mental, a 
desospitalização e a inclusão social devem considerar tanto os aspectos 
subjetivos dos pacientes quanto o universo social e cultural no qual se 
encontram. Portanto, pretender a transformação da instituição psiquiátrica 
sem considerar as portas de sustentação que a própria sociedade lhe 
13 
 
 
oferece é recair na ilusão de que, pela técnica, seria possível modificar a 
realidade. 
 
 Retrata assim, o processo de desospitalização que ocorre no Brasil, visando a 
recuperação e inclusão social familiar do doente mental, sem pensar na família e na 
sociedade, que em sua grande maioria não sabem como lidar com um doente 
mental. 
 No Brasil, o processo de desmonte dos hospitais psiquiátricos aconteceu sem 
a criação de uma rede de cuidados à saúde mental alternativa e qualitativa, que se 
atende não só a demanda de saúde mental, mas que inclusive a preparação da 
sociedade e inclusão do doente no ambiente sociofamiliar. 
 De acordo com Spinola (2006), a política de saúde mental descuidou-se da 
formulação de um sistema integrado, deixando de lado a necessária interação entre 
os cuidados primários, secundários e terciários. 
 Tanta a sociedade em que aquele doente é inserido, quanto sua família, 
devem estar preparados para a recepção do doente. Enfatiza-se aqui a prevenção 
primária e uma equipe preparada e qualificada nesse processo. 
 O artigo foi escolhido por mostrar um outro lado da reforma psiquiátrica que 
pode ser facilmente esquecido. Chama à atenção a importância que a família e a 
comunidade têm na inclusão social do desospitalizado. É um estudo detalhado, que 
explica o início da reforma psiquiátrica até a contemporaneidade. E além de abordar 
a inclusão do desospitalizado, enfatiza a facilidade de reproduzir em lares protegidos 
(CAPS, NEAPS, etc.) o mesmo ambiente imposto nos hospitais psiquiátricos. 
 
3.3 – Artigo 3: Reforma psiquiátrica: estratégias para resistir ao desmonte 
 
 Delgado(2019) encara com preocupação o desmonte que vem sendo feito 
desde o governo Temer e nos primeiros anos do governo Bolsonaro sobre a política 
de saúde mental e seus enormes impactos. Assim, afirma que está em curso um 
processo acelerado de desmonte dos avanços alcançados pela reforma psiquiátrica 
e entre 2016 e 2019, o governo federal tomou as seguintes medidas: 
 
14 
 
 
1) Modificou a PNAB – Política Nacional de Atenção Básica, alterando os 
parâmetros populacionais e dispensando a obrigatoriedade da presença do 
agente comunitário de saúde nas equipes de saúde da família, com 
consequências imediatas de descaracterização e fragilização da atenção 
básica; 2) ampliou o financiamento dos hospitais psiquiátricos, concedendo 
reajuste acima de 60% no valor das diárias; 3) reduziu o cadastramento de 
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em proporção ainda imprecisa, 
uma vez que o Ministério da Saúde deixou de fornecer os dados sobre a 
rede de serviços de saúde mental; 4) ampliou o financiamento para mais 12 
mil vagas em Comunidades Terapêuticas; 5) restaurou a centralidade do 
hospital psiquiátrico, em norma já publicada, e recomendou a não utilização 
da palavra ‘substitutivo’ para designar qualquer serviço de saúde mental 
(embora seja medida esdrúxula do ponto de vista da gestão, tem uma 
intenção simbólica clara, de negar a mudança de modelo de atenção); 6) 
recriou o hospital-dia, um arcaísmo assistencial, vinculado aos hospitais 
psiquiátricos, sem definir sua finalidade, em evidente reforço ao modelo 
desterritorializado; e 7) recriou o ambulatório de especialidade, igualmente 
sem referência territorial. (DELGADO, 2019, p. 2-3) 
 
 O autor afirma que a reforma psiquiátrica, construída ao longo dos anos, está 
sob risco e pontua algumas formas de resistência diante do esfacelamento: 
 
Primeiro, esta é a pior crise da democracia brasileira, desde o golpe de 
1964, e representa uma ruptura do pacto democrático e social celebrado 
com a Constituição de 1988. O neoliberalismo autoritário que tomou o poder 
do Estado tem sustentações sólidas nas forças armadas, nas corporações 
de mídia, em parte da opinião pública, em parte das organizações 
religiosas, no judiciário, no governo dos Estados Unidos, na inflexão 
conservadora que domina parte do planeta neste momento. Privatização do 
Estado, desmonte do projeto de bem-estar social, pauperização, 
concentração de renda, punitivismo, cerceamento de liberdades individuais, 
acirramento do ódio e da desigualdade, são componentes do contexto 
trágico que estamos vivendo. A resistência deve partir de uma consciência 
aguda do momento político. Depois da defesa da democracia, combater a 
fragilização do SUS (o “SUS mínimo” proclamado pelo Ministro da Saúde) é 
tarefa da resistência. No campo da atenção psicossocial, há um vasto 
movimento de luta, formado por dezenas de milhares de profissionais 
diretamente implicados nos serviços, aliados a estudantes, usuários e 
15 
 
 
familiares. A trincheira da resistência está nos serviços territoriais. 
(DELGADO, 2019, p. 3-4) 
 
 Não seria leviano afirmar que as medidas tomadas nos últimos anos, 
apresentam com clareza o desprezo, o descaso e a destruição da Coordenação de 
Saúde Mental no Brasil que vinha realizando um ótimo trabalho desde 2015. A nota 
técnica 11/2019-CGMAD/DAPES/SAS/MS. O site “Brasil de Fato”, publicou em 
08/02/2019 uma reportagem sobre o tema: 
 
Com 32 páginas, o documento sobre as mudanças na Política de Saúde 
Mental, Álcool e outras Drogas retira o protagonismo da política de redução 
de danos, adotada há 30 anos no país, após esforços do movimento de 
sanitaristas e de luta antimanicomial. O ex-ministro da Saúde no governo 
Dilma, Alexandre Padilha foi taxativo com relação à nota técnica do 
Ministério da Saúde, por meio de sua conta no Instagram: "Loucura não se 
prende, loucura não se tortura. A prática de liberdade é terapêutica para a 
loucura. Estou dizendo isso porque é muito grave, embora não seja ainda 
oficial, mas os rumores, as notas técnicas, as informações de dentro do 
Ministério do Bolsonaro de ampliar espaço para os antigos manicômios, 
autorizar hospitais psiquiátricos a adquirirem com recursos do Ministério da 
Saúde equipamentos para choque elétrico... Loucura não se prende, 
loucura não se tortura." (BRASIL DE FATO, 04 out. 2018. Entrevista 
concedida a Cecília Figueiredo). 
 
 O artigo foi escolhido para denunciar o descaso e a tentativa de 
desfacelamento das políticas públicas que vinhan sido construídas, ainda que de 
forma lenta e consistente, e apresentando bons resultados. Não se pode ficar 
calado, passivo ou indiferente ao que vem acontecendo nos últimos quatro anos 
principalmente. O papel do psicólogo não é diferente do papel de cidadão. E como 
cidadão, deve-se lutar por igualdade e equidade nas mais diversas esferas da 
sociedade. O problema social também é um problema individual. 
 
 
 
 
16 
 
 
4. INVESTIGAÇÃO PRÁTICA 
 
 Estávamos em processo de agendamento da visita técnica, de acordo com as 
instruções passadas sobre o trabalho e no aguardo da confirmação do dia com setor 
de Saúde Mental do Hospital Tide Setúbal. Inclusive, já tínhamos solicitado à 
universidade o documento pedido pela instituição (protocolo do CAA sob número 
2023889248). Ocorre que, alguns dias depois, o Governo do Estado de São Paulo 
decretou o distanciamento social devido à pandemia do COVID-19, o que 
impossibilitou a realização da visita técnica. Até tentamos contato com a sra. Quezia, 
na tentativa de uma entrevista virtual, mas devido à alta demanda de pacientes e 
protocolos internos, não foi possível sua realização. Assim, fizemos uma consulta na 
internet para tentar responder algumas informações sobre a instituição. Segundo 
dados do site da Prefeitura de São Paulo, segue um breve relato da instituição: 
 
Hospital Municipal Tide Setúbal 
Instituição Pública 
R. Dr. José Guilherme Eiras, 123 - Vila Dr. Eiras, São Paulo – SP – CEP: 08010-220 
Telefone: (11) 3394-8876 
 
 A unidade hospitalar iniciou suas atividades em 1959, precariamente, 
instalado à Rua Beraldo Marcondes, em uma casa de 5 cômodos. Contava 
nessa época com 12 Médicos, 20 profissionais de Enfermagem e 3 
Ambulâncias. Atendia em média 600 pacientes ao mês. E assim, ficou 
conhecido como Pronto Socorro de São Miguel Paulista. 
 Em 1967 foram transferidos para instalações mais amplas à Praça 
Campos Sales (atual Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra), funcionando 
anexo ao Centro de Saúde Estadual. 
 No dia 31/10/1968, foi inaugurado o que seria embrião das atuais 
instalações. Na Praça da Paz foi construído o “primeiro Hospital Municipal 
de Assistência Geral a entrar em funcionamento em São Miguel Paulista”. 
(Extraído do Documento Comemorativo: Histórias e Memórias da Secretaria 
de Higiene e Saúde da Cidade de São Paulo – 1985). Em 1975 estas 
ampliações foram sendo feitas tendo atingido o máximo que a área 
disponível permite. 
https://www.google.com/search?q=hospital+tide+setubal&oq=hospital+tide+setubal&aqs=chrome..69i57j0l7.4217j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8
17 
 
 
 Hoje o Hospital atende em média 15.000 pacientes por mês, e conta 
com 172 leitos, divididos em Unidade de Pronto Socorro Adulto e de 
Pediatria, e Unidades de Internação – clínicas Médica, Pediátrica, 
Ortopédicas, Cirúrgicas, Obstétricas, Berçário, UTI Neo, UTI Adulto e 
Psiquiatria. 
 O nome do Hospital homenageia Matilde Azevedo Setúbal nascida 
em 1925, que era carinhosamente conhecida como dona Tide Setúbal, 
casada com Olavo Setúbal, que foi Prefeito da cidade de São Paulo no 
período de 1975 a 1979. 
 Em 11 de Setembro de 1975, foi criado o Corpo Municipal de 
Voluntariado, CMV, pela Senhora Matilde Azevedo Setúbal, no intuito de 
ajudar aos pacientes do então Hospital de São Miguel Paulista. 
 Matilde Setúbal, juntamente com Olavo Setúbal, exerceram suas 
cidadanias, acolhendocom carinho e compreensão os mais necessitados, 
Matilde Setúbal fundou o corpo de voluntários nesta instituição, por isso a 
sua homenagem. 
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/autar
quia_hospitalar_municipal/noticias/?p=179132 
 
 Infelizmente, não foi possível a articulação do texto “Caracterização 
Institucional e Diagnóstico das Necessidades Psicossociais”. Cap.2, páginas 25 até 
34, do livro “Intervenção Psicossocial – Aspectos teóricos, metodológicos e 
experiências práticas”, Kathia Maria Costa Neiva, Ed. Vetor (2010) com a proposta 
de caracterização da instituição. 
 
4.1 – Perguntas 
 
 As perguntas elaboradas pelo grupo eram as seguintes: 
 
1) “Os funcionários, ou seja, a equipe tem um estereótipo dos pacientes 
internados, como sendo hostis e limitados”. (GOFFMAN, 1974, p.19). Essa 
visão se mantêm a mesma ou mudou? 
 
2) “Se a estada do internado e muito longa, pode ocorrer, caso ele volte para o 
mundo exterior, o que já foi denominado "desculturamento”- lsto é, 
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/autarquia_hospitalar_municipal/noticias/?p=179132
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/autarquia_hospitalar_municipal/noticias/?p=179132
18 
 
 
“destreinamento” – que o torna temporariamente incapaz de enfrentar alguns 
aspectos de sua vida diária”. (GOFFMAN, 1974, p. 23). Aqui, existe a inserção 
de atividades culturais para que os pacientes possam ser estimulados? Se 
sim, quais são essas atividades? 
 
3) Em relação aos objetos pessoais, “para dormir, devem ter apenas um o 
colchão, um cobertor, urna colcha e um travesseiro. Essas camas devem ser 
frequentemente examinadas pelo abade, por causa de propriedade particular 
que aí pode estar guardada. Se alguém for descoberto com algo que não 
recebeu do abade, deve ser severamente castigado”. Durante esses anos 
ocorreu na instituição algum caso relatado acima? (GOFFMAN, 1974, p. 19) 
 
4) “AIém da deformação pessoal que decorre do fato de a pessoa perder seu 
conjunto de identidade, existe a desfiguração pessoal que decorre de 
mutilações diretas e permanentes do corpo - por exemplo, marcas ou perda 
de membros”. (GOFFMAN, 1974, p. 29). Já houve alguma ocorrência a cerca 
deste fato? 
 
5) “O esquema de interpretação da instituição total começa a atuar 
automaticamente logo que o internado é admitido, pois a equipe dirigente tem 
a noção de que a admissão é prova prima facie de que essa pessoa deve ser 
o tipo de indivíduo que a instituição procura tratar.” (GOFFMAN, 1974, p. 77). 
Como essa interpretação ocorre e por quem na instituição? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
4.2 - Cronograma 
 
Data Cronograma 
07/02/2020 Professor passou o livro base “Manicômios, Prisões e 
Conventos”, escrito por Erving Goffman para leitura. 
14/02/2020 Na semana, começamos a procurar o livro base indicado pelo 
professor e já iniciamos as leituras individuais do mesmo. 
21/02/2020 Leitura individual do livro indicado pelo professor. Na semana, já 
começamos a procura pelo local da visita. 
28/02/2020 Leitura individual do livro indicado pelo professor. 
06/03/2020 Leitura individual do livro indicado pelo professor e realização das 
perguntas do livro base. Entramos em contato com a enfermeira 
Quezia Vieira Marinho, responsável pelo setor de Educação 
Permanente do Hospital Tide Setúbal para informações sobre a 
visita técnica no setor de Saúde Mental. Fomos orientados a 
enviar a solicitação da universidade e enviarmos uma solicitação 
direto para ela no seu e-mail pessoal. Também foi solicitado a 
declaração para a visita técnica via CAA online, com previsão de 
retirada no dia 17/03/2020. 
13/03/2020 Assistimos e debatemos os filmes e documentários “Um estranho 
no ninho”, “Em nome da razão” e “Goulart de Andrade em 
Juqueri”. Envio das perguntas para o professor. 
20/03/2020 Realização das sínteses individuais do livro indicado pelo 
professor. 
27/03/2020 Devido à pandemia do COVID-19, não conseguimos realizar a 
visita técnica, pois o estado de São Paulo foi submetido ao 
20 
 
 
distanciamento social. 
03/04/2020 Realização das sínteses individuais dos filmes, documentários e 
do livro indicados pelo professor. 
10/04/2020 Reunião para escolha e debate dos artigos científicos pelo grupo. 
17/04/2020 Começamos a realizar a síntese de grupo. 
24/04/2020 Reunião para discutir sobre a visão de cada sobre o livro, filmes, 
artigos e documentários; continuamos a realizar a síntese de 
grupo. 
01/05/2020 Finalizamos a síntese de grupo e conclusão da equipe. 
08/05/2020 Trabalho em processo de formatação nas normas ABNT. 
15/05/2020 Revisão em grupo das normas ABNT e conclusão do trabalho. 
22/05/2020 Entrega do relatório para o professor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
5. CONCLUSÃO 
 
 Com o decorrer das décadas, a loucura teve definições diferentes. Pinel 
decidiu que o melhor tratamento seria isolar o doente e observar como o mesmo se 
desenvolvia em termos biológicos e sociais. Os manicômios são o resultado do uso 
inadequado dos ideais de Pinel. Parte da realidade dessas instituições foram 
mostradas nos documentários, como “Em nome da razão”, “Goulart de Andrade em 
Juqueri” e escancaram a precariedade vivida pelas pessoas que “viveram” ali. Os 
internos sofriam com falta de camas, alimentos e até itens necessários para 
cuidados pessoais. Grande parte das pessoas não sofria de nenhuma doença 
mental, só estavam ali por serem rejeitadas pela sociedade, construções sociais 
descabidas. A maioria dessa população rejeitada era de pessoas consideradas 
improdutivas, que não poderiam alimentar o sistema capitalista, como deficientes 
físicos e alcoólatras. Por mais que a pessoa tenha entrado sem nenhum tipo de 
acometimento cerebral este, por sua vez, era adquirido em virtude das constantes 
mortificações do eu provocadas ali. Todos os internos eram “tratados” com as 
mesmas medicações e eram “cuidados” por uma equipe sem especialização ou 
formação alguma. 
 O sofrimento pelo qual uma pessoa que é internada nesses hospitais 
psiquiátricos passa é imenso e vai desde a sua entrada até a sua saída, o que não é 
garantia para nenhum dos internados. O indivíduo, seja qual o motivo alegado para 
sua internação sofre humilhações de diversos tipos durante todo seu período como 
interno. A maioria não recebe visita de familiares ou das pessoas próximas; daí o 
grande sentimento de abandono. Essas famílias, quando sabem que um de seus 
membros está internado, podem passar a sentir vergonha pela condição vivida pelo 
internado e por isso não visitam e muito menos tocam no assunto. No caso de um 
familiar ser responsável ou ter contribuído para a internação, a pessoa colocada em 
isolamento pode se sentir traída por ver que o hospital não era aquilo que 
prometeram ser. Acerca da liberação do interno, há grandes dúvidas por parte do 
mesmo. Muitos passam a pensar se serão capazes de se adaptar a vida em 
22 
 
 
sociedade novamente e como ele vai lidar com as dificuldades e preconceitos por ter 
passado por aquele tipo de “tratamento” psiquiátrico. 
 Getúlio Vargas, em 1934, no Decreto 24.559/1934 – art.11, abriu espaço para 
que familiares, igrejas ou quaisquer leigos, internassem indivíduos nos hospitais 
psiquiátricos, ao analisar territórios religiosos, relações familiares ou o direito de ir e 
vir. É obvio que configura uma relação injusta entre o internado e o que interna. O 
manicômio é um deposito de realidades da qual a sociedade joga fora o que 
enxergam como “feio”. O marido que interna sua esposa, na verdade, quer estar 
com outra que não “nega fogo”. A prostituta está internada, porque é feio alimentar 
seus filhos com a única forma em que ela foi capaz de arranjar e não cabe aqui 
julgamentos morais. O maconheiro está internado, pois queria atenção de seu pai e 
a única resposta que obteve foi amão estendida de um amigo influenciador, assim 
como ocorreu no filme “O Bicho de Sete Cabeças”. 
Vasconcelos (2000), no livro “O que é Psicologia Comunitária”, enfatiza a 
relação da loucura como uma ameaça de extrema violência para a sociedade. Esse 
preconceito veio nos impedindo de adquirir sucesso na psicologia comunitária, uma 
vez que o louco não tem espaço na sociedade, pois é quase impossível estabelecer 
meios de conhecimento. A psicologia comunitária veio, exatamente para 
conscientizar os povos, desde as explicações sexuais básicas na SEXPOL, até o 
atual Psicodrama. A comunidade sem acesso a essas informações compartilha do 
preconceito do doente mental, pela falta de conhecimento. Infelizmente ainda hoje 
no Brasil, a depressão, alcoolismo e ansiedade são vistos como “frescura” e as 
outras diferenças como homossexualismo e o feminismo, são vistos como doenças 
mentais. O contexto religioso e a falta de informação transformam o próprio humano 
em um manicômio ambulante. A crítica e a superioridade, a falta do perdão social e o 
medo dessas realidades “estranhas” não nos tira o pensamento de infelizmente 
acreditar que, se uma nova lei manicomial existir, haverá pessoas corroborando com 
tais ideologias. 
 Em defesa da luta antimanicomial é preciso ressignificar o conceito de loucura 
e de suma importância a inclusão de pessoas portadoras de algum tipo de doença 
mental. O preconceito ocorre porque a sociedade considera esses indivíduos 
improdutivos e gera uma ameaça à população que está “em uso pleno da razão”. A 
23 
 
 
partir de uma maior aceitação e compreensão, o indivíduo pode ter acesso a um 
tratamento de qualidade e também exercer seus direitos de cidadão. A saúde mental 
é indispensável para as pessoas e uma questão de cidadania. A Reforma 
Psiquiátrica foi o resultado de muitas lutas ao longo da história contra a forma como 
a loucura era concebida pela antiga psiquiatria. Por meio dela surgiu o consenso de 
que o ideal para o tratamento de doentes mentais seria que a equipe fosse 
multiprofissional. O movimento proporcional à criação de instituições voltadas para 
saúde mental que atendiam as pessoas da forma adequada, ou seja, sem excluí-las 
da sociedade, sem desaculturá-las ou profanar o seu eu de alguma forma. Como 
exemplo de tais instituições, temos o CAPS e os NAPS, que contribui de forma 
significativa para o tratamento dessas pessoas que em sociedade pode ser bem 
mais efetivo e produtivo. 
 A oportunidade de mergulhar na história do processo e da luta da Reforma 
Psiquiátrica, deixou-nos um tanto quanto preocupados. Goffman (1974) afirma que, 
como atores, somos comerciantes da moralidade. Em toda sua teoria de ação social, 
ele mostra o quão “louco” podemos ser, na mesma dose que somos extremamente 
“normais”. Então, até que ponto podemos julgar a loucura alheia? 
 Trata-se da relatividade e dos contextos que formam o sujeito. Em cenas do 
filme “Um Estranho no Ninho”, em específico, a história de Billy, faz-se nítida a falta 
de autonomia do sujeito, pois ele não se permitia uma liberdade. Sempre deveria 
passar a imagem de perfeição que a mãe gostaria e que a enfermeira Ratched o 
obrigava. Billy era um garoto normal, que se tornou gago com traumas da pressão 
social. Ao fazer amizade com o mais novo e rebelde integrante da Clínica Liberal 
(McMurphy), Billy se dá um ato de liberdade. É emocionante a nitidez da alegria e 
auto realização: ele já falava sem gaguejar e todos se emocionaram, não somente 
ele, mas como todos os outros pacientes se tornaram mais autônomos e 
esperançosos após a chegada de McMurphy. 
Infelizmente em manicômios, a felicidade dura pouco e, às vezes, nem existe: 
é um simples detalhe pessoal e realizador. Utilizado para ameaças, o senso de 
superioridade estabelecido no local é devastador, causando morte moral, morte do 
inconsciente (Lobotomia) e, em último caso, mas não o menos realizado, a morte 
física total. Billy, se sentiu acolhido e liberto de seus medos. Talvez tenha sido a sua 
24 
 
 
primeira relação sexual, já que a mãe não contribuía para seu desenvolvimento 
humano, fazendo do menino uma “criança” insegura. A moça com que Billy se 
relacionou, aproximou-se não apenas do seu corpo, mas foi capaz de amenizar a 
dor da sua alma. A enfermeira que tudo quer controlar, achou um absurdo esse ato 
humano. Ela como quase todos os outros manicomiais, age sem nenhum pudor 
ético, usando a amizade próxima que tem com a mãe de Billy para ameaçá-lo. 
Infelizmente, ele tira sua vida (ou tiraram dele?). Até quando ser “eu” incomoda 
outras pessoas? Será que ele se matou ou já vivia morto de si mesmo naquela 
clínica? Quantas pessoas foram internadas injustamente? 
No documentário “Holocausto Brasileiro” é relatado o descaso do governo 
com os pacientes, a falta de higiene e insumos para os cuidados diários, a falta de 
visita de familiares e o principal: a falta de liberdade, que nos faz questionar: O 
manicômio trata mesmo da cura? Como o isolamento faz parte de tratamento? O 
contexto em que os manicômios foram situados trouxe uma realidade entre a luta de 
classes e o preconceito estabelecido em nossa sociedade? 
 Podemos afirmar que a luta Antimanicomial não termina ao ver 
manicômios fechados. A luta vai além de uma estrutura de concreto onde se 
estabelecem limites. Essa luta é atual e o nosso dever como futuros psicólogos(as) é 
conscientizar a sociedade, a estrutura principal e maior causadora de dor. A luta é 
com o homem. Um sujeito bem informado não trará malefícios para a sociedade, 
uma vez que passa por uma campanha pedagógica e de conscientização. Está na 
hora de atuarmos a favor da loucura, lutarmos não pela cura, mas pelo espaço do 
sujeito em sociedade, pois o social é um ato terapêutico. A importância está no 
entender: entender onde o indivíduo estabelece sua história, que elas deixa marcas 
e essas marcas quando entram de conflito com a sociedade podem ser nocivas. 
Mas o sujeito ainda esta lá, com sentimento, sem entender o que fez errado ou 
procurando formas para justificar. Ele ainda quer ser ouvido e ter chances de se 
recuperar. Ele quer ser humano, demasiadamente humano. 
 
 
25 
 
 
 
 
6. REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Esclarecimentos sobre as mudanças na Política Nacional de Saúde Mental e nas 
Diretrizes na Política Nacional sobre Drogas. Coordenação Nacional de Saúde Mental, 
Álcool e Outras Drogas. 2019. Disponível em:<https:// www.abrasco.org.br/site/wp-
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em: 01 mai. 2020. 
______. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. A política do Ministério da Saúde para 
Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas. Textos Básicos. 2003. Disponível 
em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_atencao_alcool_drogas.pdf>.Acesso 
em: Acesso em: 01 mai. 2020. 
______ Presidência da República - Decreto 24.559, de 3 de julho de 1934. 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D24559.htm>.Acesso em: Acesso 
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DELGADO, P. G. G.. Reforma psiquiátrica: estratégias para resistir ao desmonte. 
TRABALHO, EDUCAÇÃO E SAÚDE (ONLINE), v. 17, p. 7746, 2019. 
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MACIEL, Silvana Carneiro; BARROS, Daniela Ribeiro; SILVA, Antonia Oliveira and 
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DOCUMENTÁRIOS: 
Em nome da razão. Direção: Helvécio Ratton. Barbacena, MG. Brasil. Roteiro: Helvécio 
Ratton. Documentário. 1979 (24 min). 
Goulart de Andrade em Juqueri. Direção; Goulart Andrade.Franco da Rocha, SP, 
Brasil.1988.1h29min. 
Lixo extraordinário. Direção: Lucy Walker, João Jardim,Karen Harley. Rio de Janeiro. Brasil. 
2010. 
FILMES: 
BODANZKY, Laís. Bicho de sete cabeças. São Paulo, SP, 2000. Buriti Filmes; Gullane 
Filmes; Dezenove Som e Imagem e Fabrica Cinema. 
UM estranho no ninho. Direção Milos Formam. EUA. 1976. 2h14.

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