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2018 Web Marketing Prof.ª Barbara Kobuszewski Volles Prof.ª Heloisa Rosa Prof.ª Luciana Ronchi Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Prof.ª Barbara Kobuszewski Volles Prof.ª Heloisa Rosa Prof.ª Luciana Ronchi Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: V923w Volles, Barbara Kobuszewski Web marketing. / Barbara Kobuszewski Volles; Heloisa Rosa; Luciana Ronchi. – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 268 p.; il. ISBN 978-85-515-0234-1 1.Marketing na internet. – Brasil. I. Rosa, Heloisa. II. Ronchi, Luciana. III. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 658.872 III apresentação Acadêmico, seja muito bem-vido à disciplina de Web Marketing! Nesta disciplina você conhecerá os importantes conceitos do Marketing digital e entenderá como esta realidade impacta nos negócios e no comportamento do consumidor neste ambiente. Você verá aqui que o Marketing hoje não está mais dividido em on-line e off-line. Estamos totalmente integrados e, como profissionais de marketing, precisamos conhecer os fatores que impactam na definição das melhores estratégias, desde o planejamento, gestão das ações e mensuração. Este livro de estudos está dividido em três principais unidades que discutem as particularidades deste cenário. Na primeira unidade, você verá a introdução do Marketing digital, por meio de discussões sobre mudanças econômicas diretamente relacionadas ao Narketing atual; conhecerá os elementos essenciais do planejamento de Marketing digital; aprenderá sobre as estratégias de conteúdo para esta realidade digital, e, por fim, compreenderá a importância do inbound Marketing e as etapas da metodologia. Na segunda unidade, você verá os canais de comunicação digitais e suas estratégias. Conhecerá as diferentes mídias sociais, como Facebook e Instragram e a forma como marcas e empresas podem utilizar destes canais; aprenderá sobre as otimizações de sites de mecanismos de busca (SEO) para ranqueamento orgânico nas primeiras páginas do Google; verá sobre o Marketing de mecanismo de busca (SEM), especificamente, sobre o Google Ads e formas de trabalhar com esta ferramenta. Por fim, compreenderá como utilizar o e-mail Marketing nas suas estratégias de Marketing digital. Na terceira unidade, você verá as principais ferramentas de análise e mensuração de resultados que a internet permite, pois tudo que é feito on-line é rastreável. Além disso, discutiremos os aspectos relacionados à segurança, à ética, bem como aos aspectos legais no Marketing digital, temas relevantes para todos os profissionais de marketing. Apresentaremos também as tendências relacionadas ao Marketing digital e todas as possibilidades e desafios para melhorar as ações de Marketing digital das organizações. E para finalizar, compartilhamos uma lista com os empregos nas áreas de Marketing digital, vamos entender melhor como estes novos empregos funcionam e todas as possibilidades deste mercado em expansão. Com todo este conteúdo que preparamos, você compreenderá que o Marketing é definido como uma construção linear de ações pensadas estrategicamente. Esta realidade envolve conhecimento constante sobre o consumidor, suas necessidades, as principais ferramentas dispoíveis no mercado e como estas ferramentas devem ser estratégicas, com a finalidade de atender às necessidades dos consumidores altamente conectados. Bons estudos! IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL ................................................... 1 TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO AO MARKETING DIGITAL ........................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 AS RELAÇÕES DE PODER NO MERCADO CONECTADO ..................................................... 4 3 ESTRATÉGIA DE MARKETING DIGITAL ................................................................................... 8 4 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DIGITAL ................................................................. 12 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 15 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 18 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 19 TÓPICO 2 – PLANEJAMENTO DE MARKETING DIGITAL ....................................................... 21 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 21 2 ANÁLISE DO NEGÓCIO ................................................................................................................... 22 3 ESTUDO DE PERSONA ..................................................................................................................... 25 4 JORNADA DO CONSUMIDOR ...................................................................................................... 30 5 CANAIS DE MARKETING ............................................................................................................... 32 6 INDICADORES E OBJETIVOS ....................................................................................................... 35 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 38 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 39 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 41 TÓPICO 3 – ESTRATÉGIA DE CONTEÚDO .................................................................................... 43 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 432 PLANEJAMENTO DE ESTRATÉGIA DE CONTEÚDO .............................................................. 43 3 CRIAÇÃO DO CONTEÚDO .............................................................................................................. 46 4 DISTRIBUIÇÃO E PROMOÇÃO DO CONTEÚDO ..................................................................... 50 5 MENSURAÇÃO DE IMPACTOS ...................................................................................................... 52 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 55 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 57 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 58 TÓPICO 4 – INBOUND MARKETING ............................................................................................... 59 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 59 2 INBOUND MARKETING X OUTBOUND MARKETING .......................................................... 59 3 METODOLOGIA ................................................................................................................................. 62 4 MENSURAÇÃO DE RESULTADOS................................................................................................. 65 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 70 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 73 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 74 suMário VIII UNIDADE 2 – CANAIS DE COMUNICAÇÃO DO MARKETING DIGITAL ........................... 75 TÓPICO 1 – MARKETING EM MÍDIAS SOCIAIS ......................................................................... 77 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 77 2 MÍDIAS SOCIAIS ............................................................................................................................... 77 2.1 PLANEJAMENTO DE MARKETING PARA MÍDIAS SOCIAIS .............................................. 80 2.2 CONTEÚDO PARA MÍDIAS SOCIAIS ....................................................................................... 90 2.3 IMPLEMENTANDO E MONITORANDO CAMPANHAS ...................................................... 95 3 PUBLICIDADE EM MÍDIAS SOCIAIS ...........................................................................................97 4 MÉTRICAS E OTIMIZAÇÕES ........................................................................................................100 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................104 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................107 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................109 TÓPICO 2 – OTIMIZAÇÃO PARA MECÂNISMOS DE BUSCA (SEO)....................................111 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................111 2 SEO ........................................................................................................................................................112 2.1 OTIMIZAÇÕES ON PAGE: PALAVRA-CHAVE ......................................................................113 2.2 OTIMIZAÇÕES ON PAGE: META TAGS E ESTRUTURA DO SITE .....................................114 2.3 OTIMIZAÇÕES OFF PAGE: CONSTRUÇÃO DE LINKS ........................................................118 2.4 OTIMIZAÇÕES OFF PAGE: DESIGN RESPONSIVO ..............................................................119 2.5 OTIMIZAÇÕES OFF PAGE: TEMPO DE CARREGAMENTO DA PÁGINA ......................120 2.6 AUDITORIA SEO .........................................................................................................................120 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................122 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................124 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................125 TÓPICO 3 – MARKETING DE MECANISMO DE BUSCA (SEM) .............................................127 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................127 2 GOOGLE ADS .....................................................................................................................................127 2.1 PALAVRA-CHAVE .......................................................................................................................137 2.2 ANÚNCIO DE TEXTO .................................................................................................................139 3 GOOGLE DISPLAY ............................................................................................................................144 4 YOUTUBE ............................................................................................................................................149 5 MÉTRICAS E OTIMIZAÇÕES .......................................................................................................154 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................158 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................162 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................164 TÓPICO 4 – E-MAIL MARKETING ..................................................................................................167 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................167 2 GERAÇÃO DE LISTA DE E-MAIL ................................................................................................169 3 CRIAÇÃO E GESTÃO DE E-MAIL MARKETING .....................................................................170 4 MÉTRICAS E OTIMIZAÇÕES .......................................................................................................173 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................176 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................180 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................181 IX UNIDADE 3 – ANÁLISE E MENSURAÇÃO DE RESULTADOS ................................................183 TÓPICO 1 – ANÁLISE E MENSURAÇÃO DE RESULTADOS ....................................................185 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................185 2FERRAMENTAS DE WEB ANALYTICS ........................................................................................185 2.1 GOOGLE ANALYTICS ...................................................................................................................187 2.1.1 Entendimento sobre público ...............................................................................................190 2.1.2 Avaliando aquisições ...........................................................................................................193 2.1.3 Entendendo comportamentos .............................................................................................197 2.1.4 Avaliando conversões ...........................................................................................................199 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................204 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................205 TÓPICO 2 – ASPECTOS DE SEGURANÇA, ÉTICOS E LEGAIS ...............................................207 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................207 2 CÓDIGO DE CONDUTA E ÉTICA ................................................................................................208 2.1 GDPR – GENERAL DATA PROTECTION REGULATION .......................................................211 2.2 LEI DO E-COMMERCE .................................................................................................................214 2.3 AUTORREGULAMENTAÇÃO PARA PRÁTICA DE E-MAIL MARKETING ....................216 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................219 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................220 TÓPICO 3 – TENDÊNCIAS DO MARKETING DIGITAL ...........................................................223 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................223 2 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL .................................................................................................223 2.1 MACHINE LEARNING (ML) ........................................................................................................226 2.2 DATA MINING (MINERAÇÃO DE DADOS) ............................................................................228 2.3 ROBÓTICA .....................................................................................................................................229 3 TECNOLOGIAS APLICADAS AO MARKETING ..........................................................233 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................238 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................241 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................242 TÓPICO 4 - EMPREGOS NO MARKETING DIGITAL ................................................................245 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................245 2 MARKETING DE CONTEÚDO ......................................................................................................245 3 PUBLICIDADE EM MÍDIAS SOCIAIS .........................................................................................247 4 SEO (SEARCH ENGINE OPTMIZATION) ....................................................................................248 5 SEM (SEARCH ENGINE MARKETING) .......................................................................................250 6 E-MAIL MARKETING ......................................................................................................................251 7 AGÊNCIA DIGITAL ..........................................................................................................................252 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................255 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................257 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................258 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................259 X 1 UNIDADE 1 FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • discutir o contexto atual do Marketing, considerando aspectos do Marketing Digital; • apresentar as etapas do planejamento de Marketing Digital e suas espe- cificidades; • expor elementos fundamentais de uma estratégia de conteúdo no Marketing Digital; • demonstrar a importância do Inbound Marketing desde o planejamento à mensuração. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO AO MARKETING DIGITAL TÓPICO 2 – PLANEJAMENTO DE MARKETING DIGITAL TÓPICO 3 – ESTRATÉGIA DE CONTEÚDO TÓPICO 4 – INBOUND MARKETING 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AO MARKETING DIGITAL 1 INTRODUÇÃO Para compreender o momento em que estamos no Marketing Digital não é necessário somente conhecer as ferramentas tecnológicas que estão disponíveis e que possibilitam uma aproximação com o consumidor, como Facebook, Instagram ou Google. Muito mais que isso, precisamos conhecer o contexto econômico que vivenciamos, aliados ao comportamento do consumidor e as suas necessidades existentes. Para chegarmos até aqui, vivenciamos muitas mudanças relacionadas às necessidades do consumidor que passa a ser muito mais exigente em suas preferências, alterando, assim, o posicionamento das empresas no mercado. Se antigamente nós, quanto consumidores, estávamos satisfeitos com as opções de refrigerantes que eram oferecidos, hoje, procuramos pelo refrigerante, pelo suco de laranja, pela água de coco, entre outros. Ou seja, estamos muito mais criteriosos em nossas escolhas e o poder está em nossas mãos. Esta discussão você verá no tópico as relações de poder no mercado conectado e compreenderá que só vivemos a era digital, pois estamos em constante evolução. Após compreender todo este cenário, você entenderá quais são os principais elementos de uma estratégia digital, que se caracteriza por uma interdependência de elementos que devem ser pensados de maneira ampla. E, por fim, compreenderá as especificidades do consumidor digital, que, apesar de ser extremamente conectado, não deixou os velhos hábitos de consumo de mídias tradicionais, como a televisão. O fato é que vivemos um período em que consumimos diversas mídias com objetivos específicos, de forma que possam atender às nossas necessidades, quanto consumidores. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL 4 2 AS RELAÇÕES DE PODER NO MERCADO CONECTADO As mudanças ocorridas na sociedade, no contexto cultural e econômico, foram importantes propulsores da expansão digital ocorrida a partir dos anos 2000. Atualmente, o consumidor tem acesso a infinitas possibilidades para satisfazer suas necessidades, a realidade está muitodiferente das vivências dos consumidores de décadas passadas. Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010) exemplificam estas mudanças ao abordar os conceitos do Marketing 1.0, 2.0, 3.0 e 4.0, que caracterizam momentos diferentes na perspectiva do consumo. Estas classificações do Marketing refletem períodos específicos de uma economia inicialmente baseada na produção de massa, em que o consumidor não apresentava grandes envolvimentos com as marcas, até o momento atual, repleto de consumidores extremamente leais às marcas que consomem. De maneira resumida, é possível compreender estes momentos do Marketing como um processo de desmassificação de produtos, paralelamente ao crescente envolvimento do consumidor com as marcas, conforme você pode ver no quadro a seguir. QUADRO 1 – MARKETING 1.0 AO 4.0 Marketing 1.0 Marketing 2.0 Marketing 3.0 Marketing 4.0 Marketing centrado no produto. Marketing centrado no relacionamento. Marketing voltado para os valores. Consumidor passa a ser defensor da marca. Maior diversificação de produtos. Desmassificação de produtos e mídia. Maior envolvimento do consumidor com as marcas. FONTE: Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010; 2017) Ao analisarmos os comportamentos dos consumidores da década de 1920, por exemplo, época representada no Marketing 1.0, conseguimos perceber reduzidas possibilidades de consumo. O jovem daquela época estava restrito a conhecer poucas opções de música, cinema, e meios de comunicação, sendo exposto a um volume de opções padronizadas, ou seja, massivas. Com o passar dos anos, o consumidor passa a ser mais exigente, não consumindo tudo que lhe é oferecido de maneira padronizada. Ainda, as tecnologias passam a se desenvolver, oferecendo novas possibilidades de informação ao consumidor, que se torna mais exigente. Neste contexto, a indústria do consumo passa a ser mais democrática, oferecendo novas possibilidades de escolha ao consumidor, seja nos meios de comunicação, consumo de moda, entretenimento, entre outras (KOTLER; KARTAJAYA; SETIAWAN, 2010). TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AO MARKETING DIGITAL 5 Passamos então do que Chris Anderson (2006) chama de mundo da escassez para o mundo da abundância. Segundo o autor, o mundo restrito a opções de consumo massivas, sem a devida atenção às preferências específicas do consumidor é chamado de mundo da escassez. Nesta forma de economia da escassez, existem grandes monopólios nos diversos segmentos, o consumidor é exposto a poucas possibilidades de consumo e os pequenos mercados não apresentam força. Por outro lado, a economia da abundância considera que a soma de todos os pequenos mercados tem maior força, se comparada ao monopólio das grandes organizações. Neste contexto da abundância, o consumidor é apresentado a inúmeras pequenas possibilidades de consumo até então não vistas. Assim, os variados produtos de nicho, se somados, apresentam maiores receitas do que produtos de massa com expressiva popularidade, como você pode ver no gráfico a seguir, que aponta a relação entre popularidade e produtos. GRÁFICO 1 – CAUDA LONGA DE CHRIS ANDERSON FONTE: Anderson (2006) O gráfico representa a Cauda Longa de Chris Anderson. Perceba que existe uma similaridade com uma cauda, em que existe uma infinidade de produtos com baixa popularidade, atuando em mercados de nicho. Esse grupo de diversos produtos sem popularidade representa uma receita semelhante, ou até maior, aos poucos produtos com grande popularidade. Neste contexto, Anderson (2006) defende uma tendência de que os produtos de nicho, se somados em seus mercados, podem ter maior força do que os produtos de massa. Assim, devido às novas tecnologias e mudanças no comportamento de consumo, a economia das grandes empresas baseadas no consumo de massa, passa a ceder espaço para a economia de nicho, amparada pelas pequenas empresas. Neste contexto, a indústria de consumo passa a oportunizar que micro e pequenos empreendedores possam se fortalecer em seus segmentos de atuação. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL 6 Neste cenário, o marketing sofre mudanças, ocorrendo o que Martha Gabriel (2010) chama de inversão do vetor de marketing. A inversão do Marketing significa que as ações deixam de ocorrer de formas massiva no sentido empresa para consumidor, passando a ocorrer no sentido consumidor para empresa, sendo governada pelas estratégias extremamente específicas (GABRIEL, 2010). Essa inversão do vetor de Marketing é um fator importante a ser considerado nas campanhas e estratégias de marketing, pois muda completamente o relacionamento entre marca-consumidor. Como a busca, as relações consumidor-consumidor (presentes nas redes sociais) e a mobilidade/ubiquidade são os principais protagonistas dessa inversão, que coloca o consumidor na origem das ações de relacionamento com a empresa-marca, o Marketing de busca, o Marketing em redes sociais e o Marketing mobile passa a ser ingredientes importantes a serem considerados em todo o tipo de estratégia de marketing, inclusive nas estratégias de Marketing de relacionamento e Marketing de experiência (GABRIEL, 2010, p. 77). Este cenário de fortalecimento de nichos, além de contribuir para a inversão do marketing, traz à tona a importância das estratégias realizadas para trazer a diferenciação dos produtos. Considerando a grande demanda na variedade de marcas e produtos, ocasionados devido à desmassificação, o consumidor se depara com uma dificuldade de encontrar o que necessita em meio a tantas possibilidades. Assim, alternativas proporcionadas pelo Marketing digital, como a busca, contribuem para que o consumidor possa encontrar o que necessita. DICAS Vivemos a era da busca em que os mecanismos de busca (Google, sistemas de localização GPS, buscas em redes sociais) são frequentemente usados por pessoas que desejam encontram o que necessitam (GABRIEL, 2010). Neste contexto, surge a Web 3.0 ou Web Semântica, que representou um novo paradigma de busca. Antes disso, a web se portava de maneira estática, oferecendo informação e não dialogando com as necessidades do consumidor neste ambiente (GABRIEL, 2010). Além das informações disponibilizadas na web, este novo contexto garantiu que fossem realizadas ligações referentes às informações, ou seja, uso eficiente dos dados, promovendo maior relevância para o consumidor em suas buscas e garantindo uma relação personalizada entre consumidor-marca. Assim, a Web 3.0 representa um momento em que a web passa a ser visualizada como um espaço de inteligência, de maneira que os dados pudessem ser utilizados para garantir uma maior relevância para o consumidor. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AO MARKETING DIGITAL 7 FIGURA 1 – WEB 1.0, 2.0, 3.0 Web 1.0: web estática, para consumo de informações. Web 2.0: web da participação, com interação em blogs, vídeos , fotos. Web 3.0: web semântica, garantindo adequação de busca e organização de informações. FONTE: Gabriel (2010) O momento da Web 3.0, a internet garante maiores facilidades ao usuário, possibilitando que suas necessidades sejam alcançadas de maneira mais eficaz. Por exemplo, se compararmos uma busca realizada no Google, na época em que vivenciávamos a Web 2.0, o usuário seria exposto a dados oferecidos sem considerar o perfil do usuário que realiza a pesquisa. Ou seja, ao buscar “Quem foi Albert Einstein”, os resultados apresentados apontariam a biografia do cientista, instituições que levam seu nome, como hospitais e as teorias de sua autoria (SANTOS; NICOLAU, 2012). Neste contexto, a busca não consideraria as características individuais do usuário e não oferece o que ele busca. No entanto, considerando a inteligência de dados proposta pela Web 3.0 (ou web semântica), os resultados garantem maior adequação ao usuário, conforme apresentadona figura a seguir. FIGURA 2 – BUSCA NO CONTEXTO DA WEB 3.0 FONTE: A autora (2018) UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL 8 Conforme você pôde ver na figura, determinados resultados foram apresentados de acordo com o perfil do usuário que realizou a busca (no caso, uma das autoras deste livro). Os resultados apontaram interesses específicos (cursos de educação a distância) e localização atual (cidade de Blumenau). Dados relacionados ao cientista também aparecem, no entanto, não recebem tanto destaque quanto outras informações que tendem a ser mais importantes de acordo com o comportamento deste usuário na internet. O que ocorre é que, seguindo os conceitos apresentados do Marketing 3.0, Cauda Longa e Web 3.0, caminhamos cada vez mais para um momento de personalização, em que as características individuais do consumidor ou usuário são levadas em consideração, no momento de definir estratégias. Desta forma, conhecer as variadas características dos consumidores é fundamental para que suas necessidades específicas sejam atendidas da melhor forma, seja na busca de um produto ou serviço, ou busca de informações. 3 ESTRATÉGIA DE MARKETING DIGITAL Ao falarmos sobre Marketing Digital e as estratégias que podem ser colocadas em prática neste contexto, devemos estar atentos ao fato de que este ambiente digital não está solitário e deve ser visto de maneira ampla. As estratégias digitais devem ser pensadas de acordo com uma série de ações integradas que podem ocorrer no ambiente digital e ambiente externo. Afinal, ao definir estratégias de marketing, estamos pensando nos relacionamentos que podem ser construídos de acordo com as necessidades de um consumidor que assiste televisão, lê jornais, ouve rádio, passeia, interage nas redes sociais e realiza compras em sites de e-commerce (TORRES, 2009). Neste sentido, considerando que a proposta do Marketing é atender às necessidades do consumidor, qualquer estratégia de Marketing realizada para satisfazer necessidades pode ser realizada mediante ao uso da tecnologia ou não (GABRIEL, 2010). As estratégias devem ser pensadas de acordo com o comportamento do consumidor, identificando suas necessidades e colocando ações em prática considerando contextos diferenciados e objetivos diferenciados. Neste cenário, podemos relacionar ações específicas de um ambiente digital sendo colocadas em prática para atender a uma estratégia que não seja necessariamente digital, como você pode ver no quadro a seguir, que relaciona estratégias de Marketing a ações essencialmente digitais. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AO MARKETING DIGITAL 9 QUADRO 2 – ESTRATÉGIAS DE MARKETING NO CONTEXTO DIGITAL Estratégia de Marketing Estratégia de Marketing digital Ações táticas operacionais Tecnologias e plataformas empregadas atualmente Comunicação Corporativa e Relações Públicas Marketing de conteúdo Geração de conteúdo Marketing de Busca Blogs SEO/SEM Marketing de Relacionamento Marketing nas mídias sociais Ações em redes sociais Ações com blogueiros Twitter, Facebook, Youtube, LinkedIn etc. Marketing Direto E-mail marketing Newsletter Promoções Lançamentos E-mail SMS Publicidade e Propaganda/ Marketing de Guerrilha Marketing viral Postagem de vídeos Animações e músicas Publicações de widgets Redes Sociais Youtube Widgets virais Publicidade e Propaganda/Branding Publicidade on-line Banners Podcast e videocast Widgets Jogos on-line Sites e Blogs Mídias Sociais Google Adwords Pesquisa de mercado/ Branding Pesquisa on-line Buscas e clipping Monitoramento de marca Monitoramento de mídias Google Redes Sociais Clipping FONTE: Torres (2009) Como você pôde ver no quadro, as ações sugeridas partem de uma necessidade não ligada ao contexto digital. Vamos analisar o primeiro tópico apresentado: comunicação corporativa e relações públicas. Imagine que você trabalha na área de Marketing e Comunicação de uma grande companhia de Fast Food e precisa estabelecer relacionamentos mais duradouros com determinados públicos, visando melhorar a imagem institucional desta organização. Assim, você precisaria definir estratégias de Relações Públicas, conforme apresentado no esquema a seguir. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL 10 FIGURA 3 – EXEMPLO DE ESTRATÉGIA DE RELAÇÕES PÚBLICAS Problema: Melhorar imagem institucional na comunidade. Ação 1: Desenvolvimento de Programa de Capacitação da Comunidade. Ação 2: Organização de eventos dirigidos aos familiares dos colaboradores. Ação de Apoio 1: Geração de Conteúdo em blog, a respeito das ações realizadas. Monitoramento das interações. Monitoramento do alcance. Ação de Apoio 3: Apresentação das ações realizadas em eventos internos. Ação de Apoio 2: Promoção dos Posts publicados em redes sociais. Estratégia: Relações públicas. FONTE: A autora (2018) Entre as várias estratégias que você definiu, algumas pertencem ao contexto digital, como a geração de conteúdos para a comunidade. Desta forma, você propõe um cronograma de uma postagem semanal no blog da companhia, apresentando no conteúdo, as iniciativas que a organização coloca em prática na comunidade. Ainda, como forma de gerar maior visibilidade deste conteúdo, o blog passaria a ser promovido nas redes sociais da marca e eventos internos para colaboradores. Como você pode ver, a ação não se caracteriza unicamente por uma ação digital, pois envolve outras iniciativas não digitais. No entanto, utiliza- se de ferramentas digitais para que tenha efetividade. O que compreendemos com este exemplo (e o quadro apresentado) é que o profissional de Marketing necessita compreender principalmente os problemas vivenciados pelas empresas, seu contexto e de que forma consegue resolver tais problemas da melhor maneira, abordando ações digitais ou não. Ainda, este profissional deve compreender que essas ações são interdependentes de inúmeras outras ações, não colocadas em prática de maneiras isoladas (TORRES, 2009). As ações especificamente digitais, por exemplo, são interdependentes entre si, como o que Cláudio Torres define como teia de aranha (TORRES, 2009). Para o autor, as sete estratégias de Marketing Digital (Conteúdo, Mídias Sociais, Viral, Publicidade, Pesquisa, Mailing e Monitoramento), dependem umas das outras para alcançarem o sucesso. Isso significa que uma ação isolada de publicidade em mídias sociais, por exemplo, pode afetar diretamente todas as outras ações. Portanto, devem ser pensadas de forma integrada, conforme este trecho do livro A Bíblia do Marketing Digital, de Claudio Torres: TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AO MARKETING DIGITAL 11 Você não deve pensar nas sete ações estratégicas do Marketing Digital como estratégias avulsas, atividades isoladas ou especialidades. Não pense em caixas fechadas. Para entender a interdependência entre elas, você deve pensar em cada uma como os fios de uma teia tecida por uma aranha. Embora pareçam mais adequadas para acomodar ideias e objetos, as caixas são rígidas e só acomodam aquilo que se adapta a seu formato. Já as espertas aranhas criam, com suas teias, um método muito mais dinâmico, flexível e ao mesmo tempo resistente para acomodar o que lhe interessa. Ainda que a teia seja composta pelos fios principais, que vão do centro para fora, ela só se sustenta por causa dos fios que correm circularmente à teia, interligando e dando estrutura aos fios principais [...]. Isso também acontece com o Marketing digital. É a interação entre as diversas ações táticas e operacionais que produz sinergia e gera eficácia e consistência aos resultados obtidos (TORRES, 2009, p. 70). Esta teia ilustra importantes aspectos do Marketing Digital, como as dimensõesfundamentais e a centralização do monitoramento, de forma que possam garantir o controle dos resultados das ações realizadas. Ainda, a teia representa de forma clara a necessidade de interação entre todas as ações, conforme já discutido, em que a mudança de uma ação específica, reflete em mudanças nas demais ações, conforme você pode ver na imagem a seguir. FIGURA 4 – VISÃO AMPLA DO MARKETING NA INTERNET Pesquisa Mailing Publicidade Viral Conteúdo Mídias Sociais Monitoramento FONTE: Torres (2009) Torres (2009) exemplifica esta interação ao abordar, por exemplo, que a Newsletter do e-mail Marketing será mais efetiva se utilizar informações já abordadas no Marketing de conteúdo, que utiliza as mídias sociais para ser promovido, buscando alcançar o patamar de Marketing viral. Ainda, somente por meio do monitoramento será possível entender as motivações do consumidor e os resultados das ações realizadas, conforme você pôde ver na figura anterior. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL 12 Assim, considerando a presença das ferramentas digitais no ambiente mercadológico, os profissionais precisam conhecer tais ferramentas, contribuindo assim para a ampliação de possibilidades de ações que possam atender aos problemas das organizações da melhor maneira. No entanto, sabe-se que isto não é uma tarefa fácil, visto que as tecnologias se renovam em espaços mais curtos de tempo. Se na década de 1950 as tecnologias duravam mais do que a vida humana (ou seja, as pessoas nasciam e morriam e a tecnologia não mudava), hoje, o ciclo de vida das tecnologias é muito menor do que a vida humana. Levando em conta a crescente proliferação de tecnologias, é cada vez mais necessário que as organizações conheçam as ferramentas que possam ser utilizadas nas estratégias de marketing. Este cenário, mesmo sendo extremamente ágil, oferece grandes possibilidades não vistas em ambientes não digitais, e cabe às organizações a responsabilidade de se atualizarem no que diz respeito a estas novas possibilidades. 4 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DIGITAL Conforme já discutido anteriormente, é inegável o crescente poder do consumidor na atualidade. Estamos vivenciando mudanças tecnológicas que garantem, cada vez mais, a autonomia do consumidor, que impactam nas estratégias das organizações. O avanço das tecnologias desde a criação do rádio tem mudado consideravelmente o comportamento de consumo de informação. Nesta temática, conseguimos traçar um bom comparativo com o Marketing 1.0 ao Marketing 4.0 e a Cauda Longa, vistos no primeiro tópico, que expõem que, conforme os anos passaram, temos maiores personalizações nas estratégias. No consumo de mídia, não é diferente. Conforme as décadas passaram, vimos mudanças tecnológicas ocorrerem, que contribuíram fortemente para o ganho de poder do consumidor. Por exemplo, se na década de 1960 o telespectador era dependente de limitados programas de televisão, a partir da década de 1970, com a invenção do controle remoto, o consumidor passa a ter maior poder de escolha, colocando a mídia em suas mãos (GABRIEL, 2010). Entendemos então que, na medida em que novas tecnologias surgem, o consumidor passa a ter, cada vez mais, poder de escolha sobre as mídias que consome. Atualmente, a internet está tão presente no cotidiano dos consumidores que somos indivíduos conectados constantemente. Ou seja, passamos do “estarmos conectados”, para “sermos conectados”. Martha Gabriel, em seu livro Marketing na Era Digital, faz um comparativo com “estar conectado” e “ser conectado”. ““Estar” conectado significa que você eventualmente entra e sai da internet, como era na época das conexões discadas à rede na década de 1990 [...]. “Ser” conectado significa que parte de você está na rede – você vive em simbiose com ela” (GABRIEL, 2010, p. 74). TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AO MARKETING DIGITAL 13 Conforme o contexto digital, passam a integrar a rotina dos consumidores, novos hábitos de consumo de informação surgem, como as grandes possibilidades de interação que a internet permite. Vivemos a coexistência de diversas telas (como televisão e internet, por exemplo), em que as pessoas passam de simples espectadores para espectadores multiteleinterativos, que consomem as variadas telas ao mesmo tempo promovendo maiores interações. Um exemplo você pode ver na manchete da notícia a seguir, que aborda o último capítulo de uma novela de horário nobre que esteve presente nos assuntos mais comentados do Twitter (Trending Topics – TT) FIGURA 5 – TELEVISÃO E TWITTER FONTE: Caixeta (2018) Como você pôde ver, neste caso, houve uma interação constante dos espectadores da novela no contexto digital, por meio do Twitter. Isso nos leva a compreender que, enquanto os espectadores assistiam a uma tela (televisão), também consumiam outra tela (smartphone), gerando, assim, maior interação com seu produto de consumo (novela). Neste contexto, entendemos que dispositivos móveis são tão importantes (ou mais, conforme você verá a seguir) quanto mídias tradicionais. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL 14 DICAS Leia a seguir a opinião de Melissa Vogel, CEO do Kantar Ibope Media, a respeito dos benefícios que a segunda tela gerou à televisão. “O ato de assistir TV, independentemente da plataforma, tem se tornado cada vez mais interativo. E o fenômeno Social TV, além de se enquadrar nesta moldura, está cada vez mais presente no cotidiano dos telespectadores. Hoje, o consumidor de mídia transita entre os diferentes meios e plataformas ao mesmo tempo. Entender este comportamento é essencial para conseguir atingir o público de maneira correta e onde quer que ele esteja, independentemente do meio ou plataforma. É possível perceber, por exemplo, uma relação cada vez maior entre o conteúdo televisivo e as interações realizadas pelos telespectadores on-line. De acordo com levantamento do Kantar Ibope Media, os tweets sobre programas da TV aberta geraram mais de 18 bilhões de impressões no Twitter durante 2017, com os realities shows se destacando entre os conteúdos televisivos com mais engajamento entre o público. Essa interação on-line sobre conteúdo televisivo possibilita uma experiência diferenciada aos telespectadores durante a exibição de um programa, além de trazer novas variáveis analíticas para a audiência televisiva, tal como o engajamento”. Leia mais sobre o assunto nesta notícia a seguir, no site PropMark. FONTE: Macedo (2018). Neste contexto de diferentes telas, dados apontam comportamentos específicos do consumidor. Segundo pesquisa do IBOPE Conecta, que buscou revelar o comportamento do internauta brasileiro, 95% do público navega na internet enquanto assiste televisão (DIGITALKS, 2018). A pesquisa aponta ainda, que enquanto assistem televisão, 53% acessam redes sociais, 44% recorrem à internet para passar o tempo durante os comerciais, 34% resolvem questões específicas, 22% afirmam que a televisão não é interessante o suficiente para ter a sua atenção, 9% assistem televisão e navegam na internet buscando interagir sobre o conteúdo assistido e 8% buscam mais informações sobre o comercial que assistiram. Assim, podemos perceber que a internet dialoga de forma positiva com outras telas como a televisão, portando-se de maneira mais forte em relação à televisão. Ou seja, o usuário demonstra uma atenção maior ao seu engajamento digital, se comparado à atenção desprendida para a televisão. Neste cenário, Martha Gabriel (2010) discute que, atualmente, o acesso à informação começa na palma da mão das pessoas, influenciando diretamente na dinâmica do mercado. Neste contexto, o consumidor passa a estar no centro das ações em um processo no que Gabriel (2010) chama de presença ativa, pois está constantemente presente. Assim, considerando que o consumidor está o tempo todo presente,as marcas precisam alcançar o consumidor no momento em que ele precisa, seja qual for o momento. Compreendemos então que modelos tradicionais de mídia que tornam as marcas presentes apenas em horários comerciais não fazem mais sentido, pois são pontuais e deixam de estar presentes em outros momentos necessários ao consumidor. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AO MARKETING DIGITAL 15 Como os anunciantes podem aproveitar a onda da Internet das Coisas? DORA CAMARA (Diretora comercial, Kantar IBOPE Media) – 06 de julho de 2017 A Internet das Coisas (em inglês, Internet of Things, IoT), que se refere a “uma rede de objetos conectados capazes de coletar e trocar dados”, vem evoluindo da ficção científica à realidade onipresente. Relógios inteligentes, óculos de realidade virtual, rastreadores fitness, monitoramento de saúde móvel, empacotamento inteligente e uma variedade de itens domésticos habilitados com Wi-Fi já são parte de nossa rotina. E este é só o começo! Como os anunciantes podem explorar este mercado agora e vencer a revolução da IoT? Uma tendência em rápido crescimento De acordo com uma projeção da Gartner, divulgada pela eMarketer, “ainda este ano, haverá 6,4 bilhões de ‘coisas’ conectadas com a internet em todo o mundo e quase 21 bilhões até 2022”. São players como Apple, Google, Samsung, Microsoft, Amazon, Cisco Systems, IBM e tantos outros, que é difícil de ignorar o fato de os consumidores no mundo todo passarão a usá-los com muita rapidez. De uma perspectiva de mídia, o impacto que a IoT tem sobre a cobertura midiática, os gastos com publicidade e os hábitos de consumo é notável. Dados da Kantar Media revelam que quase 2,8 milhões de casas já possuíam dispositivos conectados no início do ano*. Além disso, existe um aumento regular no crescimento de propriedade no último ano, com ênfase para 20% só nos últimos 6 meses. A primeira metade de 2016 também foi um período recordista em termos de despesas com publicidade, com o dobro de marcas preocupadas com isso em comparação com o último ano, segundo a Kantar Media. Isso não é tudo: a cobertura de mídia da IoT no mundo todo é impressionante. Programas de TV/rádio estão cada vez mais dedicados à Internet das Coisas, sem mencionar as mídias sociais, que estão repletas de postagens e tweets sobre o assunto. Os dados da Kantar Media revelam que houve mais de 340 mil menções ao tema no Twitter entre os dias 17 a 24 de agosto (apenas uma semana)! Colete dados Até o momento, coletar dados sobre o uso de um produto era muitas vezes impossível. Ao conectar suas soluções, os anunciantes agora têm à disposição uma ampla gama de informações sobre seus clientes. Apesar de questões de privacidade, os anunciantes podem aproveitar a quantidade de dados sem precedentes que vem sendo compartilhada para conhecer melhor os usuários. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL 16 Onde estão meus clientes na jornada de compra? Em qual etapa posso me aprimorar e como? Entre a mídia social, sensores de produto, aplicativos que podem ser vestidos e outras plataformas, todos os sinais digitais podem agora ser capturados em tempo real para antecipar as necessidades, prever os pontos de acionamento e determinar as melhores formas de alcançar os consumidores. Existem novas soluções disponíveis para ajudar a conectar os dados de cada sensor, dispositivo e interação para se obter uma compreensão ainda mais abrangente dos clientes. Alinhar a jornada de compras é agora uma via dinâmica em tempo real. Além do e-mail, da internet, das mídias sociais e dos aplicativos móveis, com a IoT todo o paradigma mudou, já que as interações do cliente estão em todo lugar. Com a coleta de dados da IoT, as marcas também podem entender como e porque seus serviços/produtos estão sendo usados, como eles chegaram aos domicílios, entre outros. Informações valiosas sobre como as pessoas interagem com os dispositivos e produtos fora da tela estão disponíveis na forma de dados mensuráveis em todas as disciplinas e setores. Por exemplo, os varejistas podem agora usar esses dados para entender melhor as necessidades dos compradores (beacons, telas interativas, armários virtuais, espelhos inteligentes, câmeras conectadas…). As organizações de saúde podem coletar dados gerados pelos pacientes para predeterminar as futuras necessidades de cuidados, fornecendo melhorias na vida etc. As seguradoras podem capturar os dados do cliente conectando a carros e casas para fornecer orçamentos personalizados de acordo com comportamentos individuais. Mobilizar esses dados apresenta uma oportunidade para as empresas com e sem fins lucrativos para aprofundar suas análises de hábitos de compras do cliente. Torne-se um líder experiente No final das contas, como os anunciantes podem aproveitar essa enxurrada de dados e informações? Acima de tudo, melhorando a experiência do usuário. As marcas podem segmentar seus clientes de acordo com o uso que eles realmente fazem de seus produtos. Desde fraldas e óculos inteligentes a sensores de porta e máquinas inteligentes de vendas de Coca-Cola, todo objeto que utilize serviços conectados ou até mesmo realidade virtual irá fornecer uma oportunidade para melhorar a experiência imersiva do usuário. O serviço de atendimento ao cliente também pode ser aprimorado com a IoT. Os dados em tempo real dão às marcas a oportunidade de resolver rapidamente os problemas para fechar vendas e garantir a satisfação dos clientes (nível de consumo, boas condições de uso de um produto etc.) Por exemplo, um sensor em sua máquina de café determina se o café está acabando e automaticamente faz um pedido através de um serviço por assinatura on-line. Outro exemplo é o serviço da Netflix chamado “Switch Netflix”: um botão que reinicializa automaticamente sua fila do Netflix, silencia seu telefone, controla suas luzes ou pede comida, dando aos assinantes a possibilidade de obter tudo de que precisam para ver um filme à noite com apenas um toque. TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AO MARKETING DIGITAL 17 A ideia de conteúdo também vem mudando. Envolver os clientes significa entregar conteúdo relevante no contexto certo. Com qual dispositivo a pessoa está interagindo? Onde o dispositivo está localizado? Por que a pessoa está interagindo com esse dispositivo? O CRM [Customer Relationship Management (Gerenciamento da relação com o cliente)] pode atuar como uma ponte entre os mundos digital e físico para acionar ações em tempo real, gerando taxas mais elevadas de conversão que qualquer outro canal que conhecemos hoje. Nossos relógios, geladeiras e espelhos estão nos fornecendo notícias, dicas, receitas, entretenimento… As estratégias de Marketing são criadas de acordo com o que as pessoas realmente querem, não apenas com a mensagem que a sua marca quer passar. Isso também coloca a publicidade em outro patamar! Os anunciantes não apenas têm acesso a uma ampla variedade de novos canais e dispositivos, como também podem atrair os clientes com anúncios altamente contextualizados e personalizados, com o máximo efeito. Resumindo, a Internet das Coisas oferece muitas oportunidades para as marcas melhorarem sua relação com o cliente! Torne-se um inovador Com a IoT, os anunciantes podem desenvolver uma marca inovadora e de vanguarda. É simples: se a marca não evoluir acompanhando as tendências de mercado e as inovações tecnológicas, ela pode afetar a sua reputação na indústria. Adotar um objeto conectado é também uma boa forma de atrair um novo público digital e de rejuvenescer a relação existente com a clientela-alvo. Por exemplo, graças a uma gama de dispositivos de IoT inovadores, a Samsung tem se posicionado cada vez mais como uma pioneira tecnológica. Recentemente, Gwen Jorgensen, a maior triatleta do mundo, preparou-se para as Olimpíadas usandoos óculos de realidade virtual Samsung Gear VR. Ela o utilizava para conhecer cada lombada e cada curva ao longo da pista de ciclismo do Rio. O maior executivo de Marketing da empresa, Noreen O’Leary, chegou a declarar que, algumas semanas atrás, “o maior desafio [dela era] obter mais conscientização da marca por parte das pessoas da geração Y”. Ela adiciona: “É essencial para nós mantermos a marca Samsung Galaxy com uma mentalidade jovem e moderna”. A Samsung acaba de anunciar que a empresa vai gastar 1,2 bilhão de dólares ao longo de 4 anos com P&D [Pesquisa e Desenvolvimento] e investimentos em IoT nos Estados Unidos. Além disso, lançar um objeto conectado é uma oportunidade de atingir um público que é criterioso, sempre em busca de novos produtos e bons consumidores. Por exemplo, os dados da Kantar Media revelam que os usuários que possuem um dispositivo conectado estão consumindo mais mídia que a média, em quase todos os tipos de canais, mesmo que mídia social, músicas e vídeos on-line sejam as suas formas favoritas para se relacionar com eles. FONTE: Camara (2017) 18 Neste tópico você aprendeu que: • O Marketing passou por várias dinâmicas de consumo que representam a transição entre uma economia baseada em padronização de produtos até a economia de Nicho. Esta transição é representada pelas classificações de Philip Kotler (Marketing 1.0, Marketing 2.0, Marketing 3.0, Marketing 4.0) e Chris Anderson (Cauda longa). • No cenário atual de marketing, o poder deixa de estar nas mãos das marcas e passa a estar nas mãos do consumidor. É o Marketing centrado no consumidor. • A Web Semântica, ou Web 3.0, ascende neste momento de desmassificação, propondo inteligência de dados e oferecendo possibilidades de busca que atendam à necessidade do consumidor. • As estratégias de Marketing devem ser ações que se interrelacionam, sendo essencialmente digitais ou não. • No contexto digital, as estratégias são interdependentes no que Cláudio Torres chama de Teia de aranha, representada por: conteúdo, mídias sociais, mailing, pesquisa, publicidade, viral, monitoramento. • O consumidor é um ser conectado e multiteleinterativo, consumindo diversas mídias constantemente e interagindo com elas. Neste contexto, as marcas precisam alcançar o consumidor de acordo com suas necessidades, e não somente em intervalos tradicionalmente comerciais. RESUMO DO TÓPICO 1 19 1 Você viu que caminhamos para um momento de uma economia de nicho, em que o consumidor tem cada vez mais poder de escolha em contexto de Web semântica que possibilita ações mais estratégicas. Neste cenário, de acordo com o conteúdo que você aprendeu, discuta de que forma a Web semântica pode contribuir para o sucesso das ações digitais. 2 Para atender às necessidades do consumidor, precisamos compreender seu perfil e definir as melhores estratégias. Por que, neste contexto atual, não é adequado estruturar ações isoladas de Marketing digital em uma estratégia? Argumente de acordo com o que você viu neste capítulo. 3 De acordo com o que você viu no conteúdo, os consumidores, atualmente, são usuários de presença ativa. Discuta o que seria este conceito e de que forma isto impacta na definição das estratégias das marcas. AUTOATIVIDADE 20 21 TÓPICO 2 PLANEJAMENTO DE MARKETING DIGITAL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO O planejamento de Marketing digital é um importante instrumento para que as marcas possam alcançar resultados positivos em seus negócios. Para que seja possível executar as ações de Marketing no atual contexto de mercado, repleto de canais e novas tecnologias, o profissional de Marketing necessita considerar diversos aspectos, buscando não somente atrair o consumidor, mas converter, fidelizar e engajar este consumidor (TRÍPOLI apud TURCHI, 2012). Neste contexto, o planejamento de Marketing digital pode ser dividido em etapas específicas, conforme você pode ver na imagem a seguir. FIGURA 6 – ETAPAS DO PLANEJAMENTO DE MARKETING DIGITAL Análise do Negócio Estudo da Persona Plano de AçãoMonitoramento Identificação da Jornada do Consumidor Mapeamento dos Canais de Marketing FONTE: A autora (2018) Como você pôde ver no fluxograma apresentado, as primeiras etapas do planejamento são baseadas em análises de informações do contexto (análise do negócio, estudo da persona, identificação da jornada do consumidor, mapeamento dos canais de marketing). O planejamento de Marketing digital deve ocorrer com base em um profundo conhecimento do negócio, do seu consumidor e dos mais variados canais de venda e comunicação que o Marketing pode oferecer. Só após esse entendimento, é possível definir as ações de que serão colocadas em prática, considerando as possibilidades de mensuração que podem interferir em alterações de ações já realizadas. Estas etapas você verá com profundidade nos próximos subtópicos deste tópico de estudos. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL 22 2 ANÁLISE DO NEGÓCIO Para que seja possível estabelecer estratégias em um planejamento de Marketing digital, antes de tudo, é necessário conhecer o mercado, considerando o próprio negócio e consumidores potenciais. Neste primeiro momento do planejamento de Marketing digital, o profissional deverá levantar informações para o entendimento do negócio e, em seguida, analisar este cenário considerando pontos positivos e negativos do negócio, podendo utilizar diversas ferramentas existentes no mercado, que possam auxiliar nesta compreensão. No que diz respeito à análise do negócio, existem ferramentas que podem auxiliar os profissionais a compreenderem o seu negócio, como Análise SWOT, ciclo de vida do produto, proposição de valor, vistas neste tópico. Análise SWOT A Análise SWOT é uma ferramenta frequentemente utilizada em análises de negócios, tanto no planejamento estratégico, como no planejamento de marketing. Esta ferramenta auxilia o profissional a organizar informações considerando classificações específicas representadas por aspectos positivos, negativos, internos e externos, conforme você pode ver no exemplo a seguir (POLIZEI, 2010). Imagine que você tem E-commerce de produtos naturais e precisa desenhar estratégias para garantir maiores resultados para o seu negócio. Após levantar diversas informações por meio de pesquisas com dados primários e secundários, você utilizará a análise SWOT com o intuito de trazer maiores análises ao levantamento de informações que você realizou. Para iniciar, você divide as informações de acordo com o quadro a seguir e passa a listar os pontos identificados. QUADRO 3 – EXEMPLO DE ANÁLISE SWOT AMBIENTE INTERNO A SP EC TO S PO SI TI V O S FORÇAS: Ampla quantidade de produtos oferecidos. Estrutura de atendimento organizada. Crescimento constante nos índices de tráfego. FRAQUEZAS: Baixo posicionamento nas buscas orgânicas. Baixo índice de conversão de vendas. Baixo conhecimento do e-commerce em relação à concorrência. A SP EC TO S N EG A TI V O S AMBIENTE EXTERNO OPORTUNIDADES: Crescente visibilidade do segmento. Oferecimento de tecnologias que facilitam a experiência do usuário no site. AMEAÇAS: Crescimento da concorrência. Novas normas definidas por órgãos reguladores. FONTE: A autora (2018) TÓPICO 2 | PLANEJAMENTO DE MARKETING DIGITAL 23 Como você pôde ver no exemplo apresentado, a análise SWOT é um instrumento que possibilita a análise após o levantamento de informações. Por meio desse instrumento, o profissional consegue organizar os dados que já obteve e identificar elementos chave para a tomada de decisão na estratégia. Ciclo de vida do produto O ciclo de vida do produto é uma ferramenta que auxilia o profissional a compreender o momentoem que o negócio se encontra, podendo estabelecer estratégias de acordo com o momento identificado. Como padrões estabelecidos, o ciclo de vida apresenta quatro momentos: a introdução, o crescimento, a maturidade e o declínio (KOTLER; KELLER, 2006). Fazer exercícios constantes de análise dos negócios, buscando identificar a fase que se encontra é fundamental para que as melhores estratégias sejam colocadas em prática no momento adequado. GRÁFICO 2 – FASES DO CICLO DE VIDA FONTE: Friendslab (2018) Como você pôde ver, existe uma curva no gráfico que aponta índices relacionados às vendas e ao tempo de existência do negócio. Na fase da introdução, o negócio está entrando no mercado, não é tão conhecido pelo público consumidor e suas vendas não são representativas. Considerando este cenário, determinadas estratégias devem ser pensadas para este momento, como promover ao máximo o negócio, buscando grandes alcances em campanhas de comunicação para garantir um primeiro contato com o consumidor (KOTLER; KELLER, 2006). Em um segundo momento, classificado como crescimento, as vendas passam a aumentar, garantindo maiores receitas ao negócio. Neste momento, fase 01 introdução fase 02 crescimento fase 03 maturidade fase 04 declínio V EN D A S TEMPO UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL 24 estratégias para trazer maior consciência ao nome do negócio podem ser realizadas, tentando trazer um grau de lembrança do produto satisfatório (KOTLER; KELLER, 2006). Após crescer, o negócio atinge a maturidade. Ou seja, o negócio atinge o topo de vendas e já é reconhecido pelo mercado que atua. Assim, o negócio deve estabelecer estratégias para se manter no topo, como enfatizar os diferenciais da marca, trazendo assim novos motivos para a permanência da compra dos produtos por seus consumidores (KOTLER; KELLER, 2006). Como último ponto, temos a última fase, chamada de declínio, em que as vendas caem. Esta última etapa, apesar de caracterizar o fim de um negócio ou de uma linha de produtos, apresenta importantes estratégias que devem ser colocadas em prática, garantindo menores prejuízos para a organização até a descontinuação do produto, ou revisão de estratégias buscando o crescimento novamente. Neste cenário, estratégias específicas podem ser pensadas, como redução de preços, redução de produtos fracos, comunicação dirigida a clientes fiéis com o intuito de retenção (KOTLER; KELLER, 2006). Proposta de valor O fornecimento de uma proposta de valor pode ser definido como os benefícios que um negócio oferece ao consumidor, contribuindo para o relacionamento entre marca e cliente, impulsionando, assim, as decisões de compra (AAKER, 2009). Neste sentido é a proposta de valor da marca para seu consumidor. Ou seja, o que a marca realmente oferece ao seu consumidor? Assim, uma poderosa ferramenta de análise do negócio é a identificação da proposta de valor dos negócios, que busca extrair informações que possam enquadrar estes negócios em suas reais existências, podendo assim, gerar estratégias adequadas. De maneira prática, conseguimos visualizar a aplicação da proposta de valor de acordo com dois benefícios apresentados por David Aaker (2009): benefícios funcionais, representados pelo oferecimento básico no produto e benefícios emocionais, representados pela sensação do uso do produto. QUADRO 4 – PROPOSTA DE VALOR Marca Benefício funcional Benefício emocional Coca-Cola Sensação refrescante e sabor. Sensação ativa e vibrante. Volvo Automóvel seguro e durável. Sentimento de segurança ao dirigir um Volvo. FONTE: Aaker (2009) TÓPICO 2 | PLANEJAMENTO DE MARKETING DIGITAL 25 Para identificar a real proposta de valor dos negócios, existem ferramentas que podem auxiliar, como o Canvas de proposta de valor. Esta ferramenta se caracteriza por ser um modelo que apresenta diversos questionamentos com a finalidade de identificar respostas que não estejam claras para as organizações, como seu valor entregue ao cliente. DICAS Quer saber mais sobre Canvas? Você pode procurar pelo livro “Inovação em modelos de negócios – Business Model Generation” do autor Alexander Osterwalder. Ainda, pode assistir a este vídeo desenvolvido pelo SEBRAE de Minas Gerais: <https://www.youtube. com/watch?v=WUAQBV52bNU>. 3 ESTUDO DE PERSONA Ao discutir marketing, frequentemente, ouvimos o termo “público-alvo” surgir. Entender quem é o público-alvo de um produto ou serviço é fundamental para a construção das melhores estratégias que fazem sentido a este público identificado. No entanto, ao falarmos do Marketing aplicado ao contexto digital, surge um novo conceito: a persona. Mas afinal, o público-alvo e a persona não seriam a mesma coisa? Existem diferenças sutis entre estes dois termos que são fundamentais para a construção das estratégias. Podemos conceituar de maneira ampla estes dois termos como: “público-alvo é, de uma maneira geral, uma parcela abrangente da sociedade para quem você vende seus produtos ou serviços. Já a persona [...] é a representação do seu cliente ideal, de forma mais humanizada e mais personalizada” (RESULTADOS DIGITAIS, 2017). Quando falamos de público-alvo, abordamos questões mais amplas sobre o público em questão, como adultos entre 35 e 59 anos, ou crianças, ou mulheres com mais de 60 anos. No entanto, se analisarmos cada público-alvo evidenciado, percebemos que outros inúmeros perfis podem estar contidos nestes grupos. Por exemplo, veja o trecho da notícia a seguir a respeito da Pepsico, fabricante da Pepsi, entre outros produtos: Em 2014 a Pepsico lançou o Pepsi Spire, uma máquina que podia fabricar até 1.000 bebidas customizadas. O público-alvo do produto, fabricado pela japonesa Mitsubishi, são varejistas. Sua principal concorrente, a Coca-Cola, investiu no mesmo ano numa das mais promissoras empresas deste segmento, a Keurig Green Mountain, que podia fabricar a Coca-Cola e outras bebidas carbonatadas em casas (EXAME, 2018). UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL 26 A notícia afirma que o público-alvo do produto em questão são varejistas. Todavia, como são estes varejistas? Como se comportam? Que tipo de informação costumam consumir? Como vivem? Perceba que inúmeros questionamentos podem ser feitos, dividindo este grande público-alvo em pequenos grupos com características específicas, responsáveis por contribuir para as estratégias. De acordo com a Resultados digitais (2016), as diferenças entre público- alvo e persona são evidentes ao tentarmos exemplificá-los, como a seguir. QUADRO 5 – PÚBLICO-ALVO X PERSONA Público-Alvo Persona Homens e mulheres, de 24 a 30 anos, solteiros, graduados em arquitetura, com renda média mensal de R$ 3.500, pretendem aumentar sua capacitação profissional e gostam de viagens. Pedro Paulo tem 26 anos, é arquiteto recém-formado e autônomo. Pensa em se desenvolver profissionalmente através de um mestrado fora do país, pois adora viajar, é solteiro e sempre quis fazer um intercâmbio. Está buscando uma agência que o ajude a encontrar universidades na Europa que aceitem alunos estrangeiros. FONTE: Resultados digitais (2018) Ao analisar os exemplos, conseguimos identificar diversos pontos positivos ao se definir uma persona para uma marca, um produto ou um serviço. Perceba que, ao conhecermos Pedro Paulo, conseguimos perceber temáticas importantes para ele, como viagens a estudo, vida no exterior, gosto pela autonomia no trabalho e intercâmbio. Essas informações acabam sendo muito valiosas na definição de estratégias, pois orientam a definição do conteúdo adequado para o Pedro, o estilo de mensagem que o Pedro gostaria de receber, e as estratégias de Marketing que podem impactá-lo (RESULTADOS DIGITAIS, 2017). Como criar uma persona? A criação de uma personano ambiente de negócios não é uma tarefa simples. A construção deve ser baseada em muita pesquisa e análise de dados, para que as características identificadas sejam fiéis ao perfil do real consumidor. As etapas da construção de uma persona podem ser divididas em quatro tarefas: coleta de dados; compreensão das necessidades e dúvidas da persona; mapeamento do trajeto no funil de vendas; realização da venda e fidelização do cliente. Primeiro passo: coleta de dados A coleta de dados pode ser realizada de acordo com o modelo de negócio e o entendimento de onde os consumidores e potenciais consumidores estão. TÓPICO 2 | PLANEJAMENTO DE MARKETING DIGITAL 27 O público da pesquisa pode ser entrevistado por meio de questionários on- line, telefonemas, e-mails, contato pessoal etc. Neste momento, o questionário deve ser construído com base nas informações relevantes para a construção da persona, como dados demográficos (se a organização não tiver), informações comportamentais e hábitos. A Rock Content, empresa que oferece serviços a outras empresas que buscam soluções para definirem suas estratégias de marketing, lista uma série de tópicos que são fundamentais serem questionados para a construção de uma persona. As perguntas fundamentais para que possam definir suas personas estão a seguir. QUADRO 6 – PERGUNTAS FUNDAMENTAIS PARA DEFINIÇÃO DA PERSONA Tópico Questionamento PROPÓSITO Conte-nos por que escolheu a nossa empresa (Esta é a pergunta que extrai do cliente o objetivo dele ao adquirir seu produto. É crucial entender e agrupar na mesma persona pessoas com objetivos similares). Qual era o problema que você buscava solucionar quando nos contratou? (Tentar entender a dor do cliente, o principal motivo que faz com que ele busque seu produto ou serviço. Focar muito nesta parte da entrevista). Qual é o maior benefício que nosso produto oferece para você hoje? PROCESSO DE COMPRA Quando você assinou nosso serviço, como foi seu processo de compra? (Tentar entender como o cliente foi atendido, o que ele gostou/não gostou no atendimento etc.). Você considerou outras alternativas? Como descobriu nossa empresa? Quais dúvidas você teve/tinha antes de contratar nosso serviço? Quais blogs/sites ou outras fontes de informação você usa quando busca clarificar estas dúvidas? ENTENDIMENTO E UTILIZAÇÃO DO PRODUTO/ SERVIÇO Conte-me um pouco sobre as coisas que você aprendeu após assinar nosso serviço: Você continua utilizando nossos serviços? Com que frequência você utiliza? HÁBITOS DE CONSUMO Com que frequência você contrata serviços do mercado de Marketing digital? (Insira seu mercado aqui). Quais outros serviços você assina atualmente? (ou outros produtos similares que a pessoa compre). FECHAMENTO Última dúvida: tem alguma coisa que eu não perguntei, que tenha influenciado sua decisão de trabalhar conosco? FONTE: Rock Content (2018) UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL 28 Como você pôde perceber, os vários questionamentos são feitos considerando diversas temáticas que fazem sentido ao modelo de negócio da Rock Content, focada em serviços para outras empresas. Para outros modelos de negócios ou segmentos, outros grandes tópicos podem ser definidos, com o intuito de extrair informações suficientes sobre estes contextos, como por exemplo (RESULTADOS DIGITAIS, 2018): • Nome da persona (nome fictício dado ao personagem). • Gênero. • Idade. • Cargo/Ocupação. • Ramo de atividade. • Nível de escolaridade. • Meios de comunicação utilizados. • Objetivos da persona. • Desafios da persona. Segundo passo: compreensão das necessidades e dúvidas da persona Neste momento, devem ser compreendidas quais as dúvidas e informações relevantes à persona. Ou seja, deve-se identificar, no levantamento de informações realizado, quais são as informações sobre segmento, produto, serviço ou marca, que não estejam esclarecidas para o consumidor. Essas informações contribuem para uma definição assertiva a respeito das estratégias de conteúdo que possam surgir. Neste contexto, considerar as dúvidas já existentes trará maiores resultados (ROCK CONTENT, 2018). Terceiro passo: mapeamento do trajeto no funil de vendas O funil de vendas representa o processo desde o conhecimento da marca, produto ou serviço até sua compra pelo cliente, desde os contatos iniciais em que o consumidor não conhece a marca, até o processo de decisão de compra. Neste sentido, é fundamental que os profissionais de Marketing conheçam os estágios de compra do seu consumidor, para oferecer as estratégias mais adequadas em cada momento, que apresentam dúvidas específicas pelo consumidor. A Rock Content define algumas estratégias coerentes às etapas do funil de vendas, como você pode ver na imagem a seguir. TÓPICO 2 | PLANEJAMENTO DE MARKETING DIGITAL 29 FIGURA 7 – FUNIL DE VENDAS Topo do Funil - Descoberta: Blog Posts, Vídeos, Infográficos. Meio do Funil - Consideração: Ebooks, Webinars, Newsletters, Blog Posts, Cases de Sucesso Fundo do Funil - Decisão de Compra: Cases de Sucesso, Vídeos de Teste do Produto, Cupons de desconto, Conversa com o consumidor. COMPRA FONTE: Adaptado de Rock Content (2018) Como você pôde ver na figura apresentada, existe uma lógica de estratégias que podem ser colocadas em prática considerando o perfil do consumidor. Em cada momento do funil o consumidor apresenta dúvidas específicas. Ao compreender quais são essas dúvidas e em qual momento o consumidor se enquadra, é possível definir as melhores estratégias para solucionar essas dúvidas existentes. Desta forma, ao conhecer com propriedade a persona, as marcas conseguem ser assertivas em suas estratégias, contribuindo para que o consumidor chegue ao fundo do funil mais consciente e preparado (ROCK CONTENT, 2018). Quarto passo: realização da venda e fidelização do cliente Nesta última etapa, a persona já tem suas características identificadas e já existe uma lógica nas estratégias de conteúdo que sanarão suas dúvidas ao longo da jornada de compra. Como última etapa do processo de construção de uma persona, temos a realização da venda e fidelização do cliente, responsável por reter os clientes já conquistados. Neste momento, o profissional de Marketing deve identificar as estratégias para fidelizar seus clientes, como e-mail Marketing e conteúdos especiais nas redes sociais (ROCK CONTENT, 2018). Esta etapa é fundamental para facilitar o processo de pós-compra entre o negócio e seu consumidor. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MARKETING DIGITAL 30 4 JORNADA DO CONSUMIDOR Conforme você viu no tópico anterior, a construção da persona contribui de forma efetiva para o estabelecimento de estratégias nos diferentes momentos do processo de compra. No entanto, devemos compreender o cenário vivenciado pelo consumidor, de inúmeras mensagens, inúmeros produtos ou serviços em diversos canais diferentes. Assim, as empresas precisam compreender que a quantidade de mensagens e pontos de contato não garante a influência, sendo necessárias estratégias específicas para se destacar da multidão. Para isso, é fundamental que as organizações trabalhem no mapeamento dos pontos de contato com a marca e na intervenção destes pontos, quando necessário (KOTLER, 2017). Neste cenário de um consumidor cada vez mais conectado, Philip Kotler divide o processo de compra em cinco etapas, denominadas: assimilação, atração, arguição, ação, apologia. Na primeira etapa, da assimilação, o consumidor é exposto a ações de várias marcas, seja por meio de comunicação, experiências passadas, defesas das marcas por consumidores e propaganda boca a boca. Neste momento, o consumidor está assimilando informações a respeito da marca, que contribuem para a lembrança e reconhecimento
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