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Sistemas Processuais Penais e o Papel do Juiz

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A) Síntese do Livro do Professor Aury Lopes Júnior
O Professor Aury Lopes Júnior defende que o nosso processo penal é primitivo e inquisitório. Que falta uma preocupação com a imparcialidade e um estranhamento entre quem julga e quem acusa.
No livro é feito uma síntese dos sistemas processuais penais: Inquisitório acusatório e misto.
I	Inicialmente tivemos um modelo acusatório depois o modelo inquisitório e só atualmente aqui no Brasil está predominando o sistema misto (predomina o inquisitório na faze pré - processual e o acusatório na fase processual).
Até o século XII predominava o sistema acusatório, ao longo dos séculos ele foi sendo substituído pelo o inquisitório até o século XIII foi instituído o tribunal da inquisição ou Santo Ofício, reprimindo tudo que ia contra a igreja católica (heresia).
No sistema inquisitório o Juiz atua sem qualquer limite para a sua produção de provas, sem que haja contraditória ou ampla defesa, ou seja, a gestão da prova encontra-se nas mãos do órgão julgador.
Já o sistema acusatório é aquele que respeita os direitos e garantias processuais, um processo público e transparente e um juiz natural. A produção de prova neste caso cabe o acusado. Neste sistema, em quanto o fato não for provado o fato, existe a presunção de inocência e nele o juiz deve manter se afastado da atividade probatória, pois sua intervenção na busca pela prova sem a iniciativa das partes compromete a sua imparcialidade. 
O sistema Misto é um pouco do sistema Inquisitório e acusatório, para o Professor Aury Lopes Júnior o principal para identificar os sistemas e descobrir o seu princípio unificador e o sistema misto não possui tal princípio para caracteriza-la.
Assim, uma mistura inquisitória e acusatória é irracional e a sua prática desaconselhada. Na atualidade nosso ordenamento jurídico segue o modelo acusatório no processo penal, de modo que cabe ao juiz criminal compreender suas nuances ao exercer seu papel, tentando manter a imparcialidade. 
 
B) Resumo do Texto de Jacinto Nelson de Miranda Coutinho
Introdução
O papel do novo juiz no Processo Penal
O juiz como sujeito do processo penal: A visão tradicional
Na doutrina dominante o fenômeno processual ocorre pelo fato de ser uma relação triangular, ou seja, formado por três sujeitos, sendo eles o autor, Juiz com jurisdição e réu.
Enquanto integrante da relação processual o juiz se submete ao direito, sendo a figura central e aplica o direito ao caso concreto para solucionar a lide de forma imparcial.
O juiz é o (super partes), ele está para além dos interesses individuais, assim não se pode dizer que ele é um representante do estado, mas um órgão dele.
A visão tradicional leva logo a imagem do juiz natural. Em geral o juiz não quer ser parcial, ou seja, ele quer e que se coloque uma dúvida na sua imparcialidade. Na dúvida os juízes são impedidos de atuar no processo (art. 252, do CPP) devendo declarar de oficio os impedimentos. Em outras circunstancias os juízes podem se declarar suspeitos de oficio. 
Uma releitura do papel do juiz no processo penal 
Não há imparcialidade, neutralidade e perfeição na figura do juiz, este é um homem normal, sujeito a história de sua sociedade e de sua própria história. O sistema processual penal é relegado a um segundo plano, assim o juiz convive nas suas entranhas e precisa se conhecer o suficiente para poder operar com maestria.
Não temos hoje sistemas puros na sua forma clássica como foi estudado, agora são sistemas mistos, ou seja, junção dos outros dois sistemas (inquisitório e acusatório).
O sistema inquisitório nasce na velha Roma, mas como conhecemos hoje surgiu primeiro na igreja católica, essa é diabólica em sua estrutura persistindo por mais de setecentos anos.
O trabalho do juiz é delicado, afastado o contraditório o processo é imaginado e posto em prática como um elemento terapêutico capaz de pela punição, absolver. A inquisição não inventou a tortura, mas criou um meio para justifica-la.
Sistema acusatório o juiz não é o gestor da prova e existe uma direta vinculação com a questão da cidadania por causa da revolução francesa. As cortes constitucionais puderam ir adaptando o processo penal a um modelo mais aceitável com ampliação do contraditório a fase preliminar.
O problema se refere a neutralidade e a imparcialidade do juiz, já que o juiz é um homem igual a qualquer outro e que possui as imperfeições humanas assim, para muitos não passa de uma farsa.
A democracia exige uma previa delimitação das regras do jogo e saber para além delas, para quem se esta jogando e qual o conteúdo do jogo. A democracia processual exige que os sujeitos se assumam ideologicamente.
Assim, o juiz já sabendo das armadilhas que o sistema inquisitório impõe não pode esta por fora da realidade, para a partir daí partir aos réus, esse é o seu novo papel.
C) Resposta do caso
Na qualidade de Juiz Com fundamento no art. 156, II do CPP determinaria a busca e a apreensão das imagens, para só depois decidir.
A busca pela prova cabe, no caso, o réu ou ao ministério público, mas como nenhum dos dois pediram a prova para verificar se o indiciado se encontrava ou não na festa no horário do crime o juiz pode pedir a realização de diligências para dirimir dúvidas sobre ponto relevante.
Só a prova testemunhal ainda causa dúvida quanto ao acusado, já que estas estavam a dez metros de distancia do fato delitivo, mesmo que tenham o reconhecido, art. 386, VI do CPP (por não existir prova suficiente para a condenação)
Assim seria motivo para julgar improcedente a pretensão punitiva (sentença absolutória).
Mas, faz necessário a busca e a apreensão das imagens da casa em que supostamente o acusado se encontrava na hora do crime para elucidar todo o fato e só depois ser julgado a ação. Assim o juiz estaria julgando sem dúvidas e estaria sendo imparcial.

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