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Sociologia

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Universidade Veiga de Almeida
 
Rio de Janeiro
2018
10
Trabalho apresentado à disciplina Sociologia do Direito, como requisito parcial de avaliação. Curso de Direito.
Professor: Camila Marques
Rio de Janeiro
 2018
Os direitos sociais vistos de uma perspectiva humanística ou sobre por que estamos diante de uma questão ética de primeira grandeza.
O problema das desigualdades sociais entre indivíduos, durante o século XIX e na primeira metade do século XX, foi pensado a partir da lógica das classes sociais e dos conflitos decorrentes do processo produtivo. As classes sociais eram divididas em: burguesia (proprietários dos meios de produção) e classe operária (trabalhadores). A partir da segunda metade do século XX, já com o fim da guerra fria, o capitalismo se estabeleceu como ordem mundial única. Ao mesmo tempo o marxismo foi perdendo força na sua capacidade de análise da realidade e na proposta de ações políticas. Porém, isto não pode ser compreendido como o fracasso da ideologia marxista, mas sim um novo momento ideológico e político mundial. Neste momento, os direitos humanos ganharam destaque e sua temática passou a ocupar um espaço significativo, tornando-se um marco para a ação dos inconformados com a realidade, o que se verifica desde a Declaração de 1948 até a declaração de Viena de 1993. A antítese que havia entre o capitalismo e o socialismo foi transferida em parte para o campo dos direitos humanos. Para a maioria dos autores a principal crítica dirigida neste campo se refere a dois principais fatores: a cooptação do discurso dos direitos humanos como forma de legitimação de práticas autoritárias, a forma como são manipulados; e a ausência de efetividade dos direitos humanos como realidade local e global. Essa difícil situação referente à proteção dos direitos humanos se torna mais relevante ao se tratar dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais – DESCs. A efetivação desses direitos é um problema tanto no âmbito dos estados nacionais como no âmbito da comunidade internacional, assim como nos planos legislativo, executivo e judiciário. Para Honneth, o conceito de vida ética ou eticidade em Hegel depende de um percurso desenvolvido ao longo da vida de cada pessoa em busca de reconhecimento. Esse processo de reconhecimento se estrutura em três padrões básicos: o amor, que permite em nós autoconfiança; o direito; e a solidariedade, que permite em nós geração de autoestima. A ineficácia do Estado de Direito permite que certas pessoas em determinadas circunstâncias, sejam excluídas de sua legalidade. Este fenômeno da exclusão pode ser visto de duas maneiras: os que são postos acima da lei e os que são postos abaixo da lei. No direito pré-moderno a “lei da terra” não se aplicava a todos da mesma maneira, os encargos impostos eram desiguais, assim como a garantia de privilégios e imunidades. Não possuía um critério objetivo e público quanto ao reconhecimento da validade de uma norma jurídica. Uma norma se dava em função da força ou do poder de determinado grupo ou estrato social em relação aos outros. Cada grupo mantinha sua ordem jurídica isolada dos outros grupos como forma de preservar sua estrutura de poder e costumes. Havia então uma pluralidade de ordens jurídicas e a legitimidade dessas ordens era a natureza das coisas ou a vontade divina. Foi com o estado moderno que surgiu o Estado de Direito como um “estado legal” e o princípio da legalidade como fonte exclusiva do direito válido. A norma vale porque é produzida por autoridade competente. O direito se torna uma questão de autoridade em oposição à arbitrariedade; todos os poderes públicos devem ser exercidos em nome da lei. Esse estado legislativo de direito, resulta o direito humano à diversas liberdades, próprias da vida civil e política, como a liberdade de consciência, crença e culto; as liberdades de pensamento, expressão e imprensa; ou as liberdades de reunião, associação e voto. Representou uma grande conquista para os direitos humanos. Porém, o processo desencadeado durante a Segunda guerra Mundial gerou uma crise nesse modelo de Estado de Direito centrado na vontade do legislador, seria necessária a subordinação do próprio legislador e ordenamento jurídico a uma lei superior: a constituição. Com esta mudança, surge um novo modelo de Estado de Direito, o estado constitucional de direito; nele, a vontade do legislador não deve prevalecer para conter o arbítrio do governante, mas a vontade da Constituição que deve prevalecer tanto para o governante como para o legislador. Podemos falar em dois modelos de Estado de Direito: antes e depois da Segunda Guerra Mundial. No primeiro, os poderes públicos são exercidos conforme a lei; existe uma limitação aos poderes de Estado. No segundo, os poderes de Estados são vinculados a princípios jurídicos e morais, na forma de direitos humanos inscritos na Constituição. A relação do Estado de Direito com a afirmação dos direitos humanos leva em consideração o problema da exclusão de pessoas e grupos sociais. Há uma falha estrutural neste processo de exclusão e não uma limitação do alcance do Estado de Direito. Essa falha gera um tipo de distorção na proposta de igualdade jurídica entre as pessoas, o que acaba produzindo também a desigualdade moral. Esse fenômeno de exclusão possui dois aspectos: os que estão acima do Estado de Direito, que são as pessoas que são colocadas “acima da lei”; e os que estão abaixo do Estado de Direito. Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento – PNUD, há uma pobreza estrutural e sistêmica que assola o Brasil e o mundo, gerando uma desigualdade ainda maior. Uma das consequências dessa desigualdade se reflete através da violência, que se manifesta difusamente na sociedade. A pobreza pode ser considerada causa e consequência da violação dos direitos humanos. Os empobrecidos e socialmente excluídos são estigmatizados como obstáculos à ordem e à convivência e são abandonados pelo Estado. 
	A alteridade é uma qualidade de estado que é do que é do outro ou do que é diferente. Um dos princípios fundamentais da alteridade, é que o homem na sua vertente social tem uma relação de interação e dependência com o outro. Por esse motivo, o “eu” na sua forma individual só pode existir através de um contato com o “outro”. Quando é possível verificar a alteridade, uma cultura não tem como objetivo a extinção de uma outra. Isto porque a alteridade implica que um indivíduo seja capaz de colocar no lugar do outro, em uma relação baseada no diálogo e valorização das diferenças existentes. A consideração pelo outro exigida pela ética da alteridade, e sintetizada sob a ideia geral de cuidado, atende em larga medida aqueles padrões de reconhecimento definidos como direito (direito aqui entendido como legalidade ou isonomia) e solidariedade, incentivando, assim, geração de autorespeito e autoestima. Mas quando colocada no horizonte social, a ética da alteridade tem uma missão mais radical, que é a constatação prioritária do outro mais oprimido, especialmente o que sofre a opressão ardilosa do vazio da lei, isto é, os que são colocados sob a jurisdição de uma lei que vale sem valer. A lei que só vale como encargo, mas não vale como proteção, é a própria traição do Estado de Direito e de sua promessa mais elementar, que é a igualdade formal. O que dá sentido humanístico a esse aparato jurídico formado por direitos fundamentais e sistema de garantias destes direitos é a possibilidade de “empoderamento” dos sujeitos oprimidos. Empoderar o sujeito oprimido significa retirá-lo da condição de vida mutável para reconhece-lo como vida potente, como sujeito histórico de processo de transformação de si mesmo e do mundo. Do ponto de vista jurídico e político, esse sujeito agora empoderado deve ser percebido como cidadão plenamente capaz não apenas para responder pelos seus deveres, mas para exercer os direitos dos quais ele é o titular. Fazparte da hipótese que se defende que os DESCs ocupam um lugar estratégico no processo de mudança social ou insurgência. Mas para isso eles não podem ser reduzidos à condição de meros bens e serviços que são oferecidos por meio da institucionalidade estatal. Claro que essa dimensão mais institucional e assistencial também tem sua importância. Ela é mesmo vital especialmente para aqueles que estão em situação de pobreza extrema ou muito vulneráveis por outras razões não econômicas. Um atendimento hospitalar básico ou acesso a alimentação adequada pode ser a diferença entre a vida e a morte de alguém. Nem sempre é simples para os que estão razoavelmente incluídos perceberem a importância de coisas rotineiras como um atendimento hospitalar, odontológico ou acesso a alimentação, roupas quentes e abrigo. Um argumento muitas vezes invocado para se justificar a ineficácia ou eficácia parcial das normas definidoras dos DESCs é a chamada progressividade. Isso significa que a não garantia plena dos DESCs é admissível e razoável, uma vez que eles se configurariam como normas de eficácia relativa ou mesmo diretrizes gerais que se aplicariam conforme o contexto e a possibilidade fática. Sob esse argumento muito se tolerou, às vezes de forma cínica, sobre ineficácia dos DESCs. Ora, interpretar a ideia de progressividade dos DESCs como anuência para inação resultaria numa fraude ao próprio Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – PIDESC. Por isso mesmo, os que são mais comprometidos com a realização dos DESCs interpretam essa progressividade por meio do princípio do não retrocesso, isto é, a realização progressiva dos DESCs significa que esses direitos dispostos no ordenamento jurídico vão se incorporando a um núcleo assegurador da dignidade humana e por isso não podem ser violados ou suprimidos. Outro surrado argumento que comumente corrobora para a ineficácia dos DESCs é o princípio da reserva do possível. Por esse princípio, não se pode exigir a prestação de ações positivas do Estado sem que haja a devida disponibilidade financeira para fazê-lo. A promessa constitucional de garantia dos direitos fundamentais exige de modo claro e objetivo ações econômicas, políticas, administrativas e jurídicas de mudança de realidade para a realização daqueles direitos. Em 1966 quando da adoção pelas Nações Unidas do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos – PIDCP e do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – PIDESC – o primeiro já veio acompanhado de um Protocolo Facultativo prevendo a possibilidade de qualquer pessoa, sob a jurisdição de um Estado que tenha ratificado o Protocolo, encaminhar uma petição individual para o comitê de Direitos Humanos (criado pelo art. 28 do PIDCP) nos casos de violação dos direitos previstos no PIDCP. Esse Protocolo é um importante instrumento para garantia dos direitos civis e políticos no plano internacional. No plano das Américas, tem-se a Convenção Americana de Direitos Humanos, que foi aprovada na Conferência de São José da Costa Rica em 1969, mas, em razão da pressão norte-americana, a Declaração de Direitos Econômicos Sociais e Culturais foi deixada à parte, só vindo a ser alcançada no Protocolo de São Salvador, em 1988. Evidentemente, o capitalismo gera e convive com contradições sociais que lhe são inerentes e, por isso mesmo, a participação de um país como os Estados Unidos da América – líder do capitalismo mundial – no processo de declaração e efetivação dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais sempre ocorreu de forma dúbia e com inúmeras reservas. Assim também o foi na construção e efetivação do Protocolo de São Salvador. O Protocolo de São Salvador elenca uma série de direitos econômicos e sociais, tais como direito à oportunidade de trabalho a ser realizado em condições justas, equitativas e satisfatórias; direitos a um meio ambiente sadio; direito à alimentação; direito à educação e aos benefícios da cultura; e direito à formação e proteção familiar. Além disso, especifica sujeitos de direitos que devem ter proteção especial, tais como crianças, idosos e deficientes. Outro dado importante é que o Protocolo determina que todos esses direitos sejam garantidos pelo Estado sem nenhum tipo de discriminação, seja ela por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social. Por fim, falaremos sobre o conhecido problema do custo dos DESCs. É corrente a ideia de que os custos de efetivação dos DESCs são o principal empecilho à sua realização. Por outro lado, os direitos civis e políticos seriam plenamente realizáveis, uma vez que não teriam o mesmo problema dos custos. De forma um pouco mais precisa, o argumento é que os Direitos civis e políticos são direitos negativos e, por isso, se realizam sem a participação do Estado, ou melhor, com a inação do Estado. O exemplo mais corrente é do Direito às liberdades públicas ou mesmo direito de ir e vir. Tais direitos não demandariam uma ação direta do Estado, mas, ao contrário, sua abstenção, que permitiria ao cidadão realizar suas atividades lícitas no exercício de tais direitos. Por isso, estes seriam direitos autorrealizáveis. Na outra ponta, há o argumento de que os direitos econômicos e sociais são direitos positivos e, por isso se realizam com a participação do Estado na mesma forma de prestação de bens e serviços oferecidos ao cidadão. Exemplos correntes são os do direito à saúde e do direito à previdência. Tais Direitos demandariam uma ação direta do Estado, seja na construção de hospitais e contratação de profissionais de saúde, seja na organização da máquina previdenciária e pagamento das aposentadorias, pensões e benefícios. Por isso, não seriam esses direitos autorrealizáveis, mas progressivos conforme a disponibilidade orçamentária do Estado. Dentre os exemplos apresentados, gostaríamos de dar destaque ao Direito da Integridade Pessoa e Patrimonial, também chamado de direito à segurança pública. Não há dúvida de que se trata de direito civil de primeira ordem. Contudo, para que ele se realize é impensável a abstenção do Estado em qualquer nível. Esse direito, tal qual o direito à saúde ou à educação implica a constituição ou compra de equipamentos, dos mais simples aos mais sofisticados, bem como a contratação direta de pessoal em larga escala. Em outras palavras, é um direito que demanda muito dinheiro, muitos recursos orçamentários. No entanto, são raros discursos que afirmam despudoramento que a segurança pública não pode ser oferecida porque não há dinheiro no orçamento. Ou ainda que, por demandar a ação do Estado, se trata de um direito progressivo a ser realizado conforme a disponibilidade orçamentária do Estado. Qualquer cidadão de classe média ou alta ficaria estupefato diante do argumento de que o policiamento não pode ocorrer porque não há disponibilidade orçamentária. E nenhum político ou administrador eleito seria tolo o suficiente para falar algo assim. Ao fim, se todos os direitos implicam custos, não há porque se argumentar que os DESCs não são plenamente realizáveis porque dependem de disponibilidade orçamentária. A rigor, e por essa linha de raciocínio, nenhum direito seria por si só plenamente realizável, pois qualquer um depende de alguma forma, de disponibilidade orçamentária.
A importância dos estudos sociais.
	Começamos esse trabalho destacando o reconhecimento sobre a imprecisa fronteira entre os diversos campos do conhecimento, que está aliado a uma interpretação de todos os campos científicos. Assim, uma área do conhecimento incorpora de outros fundamentos para sua existência. Logo, é possível dizer que não existe uma ciência mais importante do que outra.
	A era da tecnologia tem sido objeto de profundas reflexões de pensadores contemporâneos. Tendo em vista que esses começam a perceber os impactos e a representação desse enorme progresso científico e tecnológico atingido no século XX, os estudiosos de todo o planeta, especialmente os domundo subdesenvolvido, conseguem sensibilizar os sistemas dirigentes das respectivas sociedades, buscando o caminho do conhecimento e de sua aplicação em benefício coletivo, apresentando, desta forma, a dimensão social de todo esse progresso e de toda a aplicação do conhecimento e do poder consequente, como elemento cuja compreensão se impõe esmagadoramente.
	O progresso científico e tecnológico só tem razão quando entendido à luz da dimensão humana. É resultado de uma profunda necessidade de saber, além de ser uma condição conquistada, para a realização do bem-estar e de todos os fins que a criatura humana se propõe, consciente ou inconscientemente. A discordância entre o progresso no conhecimento científico relacionado à área tecnológica, e o progresso nas Ciências Sociais tem sido obstáculo à realização dos ideais humanos. As instituições sociais não conseguem acompanhar as necessidades impostas pelo progresso técnico-científico e as realidades da vida humana em expansão no universo físico.
	Ao mesmo tempo em que o homem começa a conquistar o espaço externo do planeta, as sociedades humanas encontram-se em profunda crise. As contradições internas se manifestam em forma de reveladoras forças sociais, represadas ou em curso; as populações aumentam aceleradamente e com isso as tensões internas dos grupos sociais, ou as tensões entre grupos diferentes; a ideologia se apresenta com grande capacidade de polarização do pensamento e da ação; o sentido que deve ter a vida humana, é posto em questão; mas em meio aos problemas e aos conflitos, há uma grande vitalidade, cheia de espírito criador, da solidariedade, em que um novo eclodir do humanismo de mostra, e quando a procura de unidade no essencial rivaliza com a afirmação das diferenças inerentes à personalidade.
	Neste cenário, deveria surpreender o apenas razoável interesse que, em determinados setores, despertam os estudos científicos dos fenômenos sociais. O "cultural lag" deveria provocar um esforço conjunto, geral, intenso, no sentido de se corrigir o descompasso. O emocionalismo, o complexo de opiniões, ideias formadas, atitudes pseudocientistas de fundo ideológico, ou mesmo pseudo-ideológico, que predomina no trato da dimensão social do homem, deveriam ser afastados. E, em seu lugar, a mentalidade científica verdadeira, baseada no estudo dos fatos reais, constatáveis no universo social, enfim, tudo quanto esses fatos oferecem como objeto de observação e, portanto, de comparação e de base de conhecimento, tal mentalidade científica, deveria ter instalado um novo modo de se olhar a sociedade.
Posição e autonomia da sociologia do Direito 
Uma das grandes questões colocadas, atualmente, é a separação do estudo doutrinário do direito e sua aplicação como fato social. Cita o renomado jurista escandinavo Alf Ross “mesmo que o jurista não esteja reconhecidamente interessado no vínculo que liga a doutrina à vida real, apesar disso, o vínculo existe. Essa temática vai dominando os estudos dos analistas, o fenômeno jurídico e a normatividade social.
Ocorre grande dificuldade em separar a Sociologia do Direito das demais matérias congêneres, como Geografia Humana, Psiquiatria, História do Direito e Psicologia Jurídica.
Para Edmond Jorion, que formulou um estudo epistemológico, a Sociologia do Direito e a Ciência do Direito são uma só matéria.
O fenômeno do Direito pode ser entendido como três vertentes: Primeiro, sob o prisma da realidade jurídica, por meio de sua captação da realidade jurídica, com as causas primárias e os princípios fundamentais, no estudo de sua significação essencial, que é a Filosofia do Direito. Num segundo aspecto, um conjunto sistemático de normas de conduta que rege a atividade profissional dos juristas, encontra-se a ciência dogmático-normativa do Direito. Por fim, pode ser verificado como fato social, captando a realidade jurídica e projetando-a somente como causas e princípios verificáveis, tem-se a Sociologia Jurídica.
No Brasil, historicamente, prevalecera o Direito entendido como norma, formando um todo de princípios coerentes entre si, obedecendo a uma lógica formal e dogmática, com autores nacionais ganhando destaque. Já a Filosofia do Direito teve desenvolvimento mais comedido, enquanto a Sociologia do Direito, como uma tendência mundial, ainda engatinha.
A Sociologia Jurídica vive um hibridismo aparente e dificuldades metodológicas devido à inclinação aos hábitos e estudos dos juristas e dos sociólogos.
O teórico do Direito busca obter o mais alto grau de coerência interna com o mínimo de mudança, a fim de se preservar a “segurança jurídica”. É criada a impressão que o núcleo do Direito é formado por princípios permanentes.
As pesquisas no campo da Sociologia do Direito são, no país, tradicionalmente escassas e de pouca profundidade. Isso se deve ao fato da inexistência da tradição da pesquisa, a nível universitário ou institucional. Apesar do desenvolvimento e estudos de numerosos autores e suas obras neste campo, como Miguel Reale que invadiu o campo do fato jurídico-social, Océlio de Medeiros e sua “Introdução à Sociologia Jurídica dos Municípios Brasileiros”, Oscar Saraiva e uma visão da influência do pensamento jurídico norte-americano no Direito Brasileiro e Evaristo de Moraes Filho e sua obra “O problema de uma sociologia do direito”, entre outros, estamos longe da riqueza material ora produzida por outros países, no campo da Sociologia do Direito.
A aceitação ou não da sociologia do direito já foi superada. A Sociologia jurídica convém acentuar a própria Sociologia. Pertence ao campo dos estudos sociológicos e não da “teoria do Direito” ou “ciência do Direito”. Sendo uma sociologia especial, como a sociologia da arte, a sociologia política, dentre outras. O tema em debate, sociologia, deve ser encarado em primeiro lugar, não impedindo que o seu objeto seja o fenômeno do Direito. Já a Filosofia do Direito, preocupa-se com os problemas da natureza do que é jurídico. 
É necessário não confundir o conceito de sociologia, chamando-se de “Jurisprudência Sociológica”, desenvolvida principalmente pelos norte-americanos Pound, Cardozo, Brandeís, Frankfurter e outros, sendo em parte seguidores de Holmes. A sensibilidade maior à necessidade de realização da justiça como a sociedade a encara, com o abrandamento dos aspectos puramente formais da atividade judiciária. A “jurisprudência sociológica” não pode ser confundida, no sentindo que se dá ao vocábulo jurisprudência. Para o direito anglo-saxão, a palavra “jurisprudence” é sinônimo de “Ciência do Direito“ ou “Teoria do Direito” e nesse sentido, Paulo Dourado de Gusmão já o utilizou. Nos EUA, uma forte reação se manifestou contra as tendências da jurisprudência sociológica, através do grupo neo-realista, o que não reitera importância ao extraordinário trabalho dos estudiosos do direito vivo. Apesar da jurisprudência sociológica não constitua rigorosamente sociologia do direito, a sua aplicação no Direito tem contribuído com farto material para o desenvolvimento da disciplina. Stone defende a “jurisprudência sociológica” como a única forma de colocar validamente o estudo do direito dentro de uma orientação teleológica séria. Evidencia-se que o desenvolvimento da Sociologia do Direito se realizou, em grande parte, vinculado ao estudo da Criminologia. Contudo, a Sociologia da Criminalidade é um campo da Sociologia cultural em geral e possui algumas raízes em outros campos de Sociologias especiais. 
Nos últimos anos a bibliografia jurídico-sociológica cresceu no país e no exterior, dispondo sobre o tema a “Law and Society Review”. O grupo de estudos “Direito e Sociedade” é um dos trabalhos que merece destaque, pois se dedicam na troca de informações e estudos do tema. Claudio Souto e Solange Souto, marido e mulher, aumentaram o seu acervo bibliográfico, bem como a bibliográfica brasileira, pois possuem como influência o nordeste brasileiro, sendo dados importantes, devido a sua amplitude e profundidade de seus trabalhos. Outros nomes que se destacam são de José EduardoFaria, Octávio Ianni, Celso Fernandes Campilongo, Janaina Amado, Aires da Mata, dentre outros.
O Direito como fato social 
O Direito é um fato. Nele se manifesta como realidades observáveis. A norma jurídica, no entanto, é o resultado da realidade social. Dentro de um quadro mundial, a tendência à redação das diversidades fundamentais tornou-se maior influência reciproca de grupos humanos.
As interações dessa mudança social assumem formas variadas com crescimento lento da pressão dos padrões e normas alterada na vida social. Os condicionamentos socioculturais da normatividade jurídica destacam-se pelas maiores ou menires celeridades dos fatores incidentes sobre o processo social. O chamado “retardamento cultural” refere-se apenas a lentidão com que as modificações são operadas.
A verdade é que o Direito vai sofrendo impactos das tais “novas realidades”. Em relação entre a realidade social e a condição sociocultural, se deve ao costume de práticas que se revelaram úteis. Essa é uma consequência da convicção que se forme na sociedade.
Na grande maioria, a natureza do fato social tem o fenômeno jurídico de acolhimento que a normatividade manifesta as demais formas de normatividade social.
Na formação extra legislativa do Direito depois dele, todos os autores e pesquisadores do assunto são concordes na existência da produção de normas jurídicas. Elas são bem a medida de afirmação de que o Direito é reflexo de uma sociedade que se ajusta as formas da sociabilidade adotadas pelo grupo no modo de viver, suas crenças.
Em Dourado, de Gusmão fica explícita a face que esta ideologia tem. 
O Direito é um instrumento de controle em expansão que vai ocupando expansão que vai ocupando espaços antes reservados e outras formas de controle social em expansão. Só é preciso verificar se a norma jurídica eficaz do ponto de vista dogmática é apta a produzir efeitos.
Domina o discurso da justiça e condiciona as suas práticas. O discurso de usos, na práxis reveladora do real.
Cap 4 
O Direito Condicionante da Realidade Social
A integração entre todos os componentes de um complexo cultural é um dos fatos de maior significação na vida social.
O fenômeno jurídico é assim, um reflexo da realidade social subjacente. O fenômeno Jurídico atua sobre a sociedade, como as outras formas pelas quais se apresenta o complexo sociocultural.
Em todos os aspectos, está presente a regra do Direito, os fatos econômicos, certamente os de maior influência no condicionamento geral da sociedade, são, contudo, também eles, condicionados pelos demais, desde a arte, o senso estético, as religiões, as valorações coletivas, e assim também pelo Direito.
Todo o processo educacional em uma sociedade se desenvolve segundo princípios jurídicos que o moldam. A sociedade moderna, se deslocou em muito esse processo da esfera do grupo familiar, ou dos grupos vicinais, para instituições de raízes mais amplas, com a criação das escolas e o desenvolvimento dos sistemas de ensino, em que a intervenção normativa do Estado se faz sentir de maneira cada vez mais importante.
Como resultado disso, o desenvolvimento científico e tecnológico está sempre, condicionado pela virada legislativa que, dominando toda atividade educacional da sociedade, nos seus diversos níveis e setores.
Tudo o que se observa dentro de uma sociedade é influenciado por certa ordem jurídica, que se infiltra nas formas de sociabilidade, modificando-as por vezes, reforçando lhes os traços principais, dando-lhe maior vigor ou reduzindo-lhe a força.
A norma jurídica é o instrumento institucionalizado mais importante de controle social. O Direito não é apenas um modo de resolver conflitos. Ele os previne e vai mais além, pois condiciona, direta ou indiretamente, o comportamento.
Outras funções de importância exercidas pelo Direito devem ser referidas, entretanto, especialmente as funções educativas, conservadores e transformadoras.
As normas jurídicas possuem uma função transformadora do meio, quando editadas atendendo as necessidades sentidas pelos órgãos legiferantes, ou sem resposta ao consenso de grupos que se antecipam ao processo histórico, elas resultam em modificações da sociedade.
Tais relações de poder, certamente, repousam na estrutura social e no seu mecanismo funcional. Os condicionantes socioeconômicos das relações de poder possuem, portanto consequências políticas, que se verificam em tais relações propriamente, e se explicam, sempre, em manifestações de ordem jurídica .
A sociedade exerce um autocontrole sobre as manifestações das diversas atividades políticas, socioculturais e socioeconômicos, e outras no exercício do controle social.
A função do Direito no ajustamento das ações individuais e coletivas aos parâmetros existentes também se exerce em relação às perspectivas de desenvolvimento futuro, perspectivas essas acolhidas ou em vias de acolhimento nas estruturas e na dinâmica do grupo. Mantendo a ordem social, de acordo com a evolução da sociedade, pois o Direito evoluí juntamente com a sociedade, para assim obter o resultado de condicionamento social.

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