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6y SOCIOLOGIA JURÍDICA: DEFINIÇÃO, OBJETO E IMPORTÂNCIA Ana Carolina Greco Paes Sociologia Jurídica: Definição, objeto e importância 2 1. SOCIOLOGIA JURÍDICA: CONCEITO E OBJETO Fonte: www.unsplash.com A imagem acima mostra um dia de trabalho em um grande centro. Nota-se o vai e vem de pessoas que provavelmente estão se deslocando para os seus trabalhos. Percebe- se que a foto foi tirada por alguém que estava no alto, talvez no alto de um edifício e, tal como àquelas que estão andando na foto, essa pessoa que tirou esse retrato poderia também estar em seu ambiente de trabalho e aproveitou a pausa para fazer uma bela fotografia. Podemos continuar imaginando a história dessa pessoa e pensar que, após o horário comercial, por volta das 18h, ela sairá do edifício em que trabalha e irá para a sua casa. Ela poderá fazer isso usando o transporte público coletivo ou até mesmo ter o seu próprio automóvel. Mas o que nos chama atenção é que tanto as pessoas que estão na foto, quanto aquela que tirou a foto, estão envoltas em redes sociais. Ainda que sozinhos, sempre estamos próximos às pessoas, seja por afinidades, interesses ou até mesmo por uma questão de necessidade como é o caso do transporte coletivo que necessariamente transporta mais de um passageiro por vez. A partir dessas reflexões, podemos nos questionar: será que essas redes sociais podem ser vistas como uma mera soma de indivíduos que têm suas particularidades, seus medos, suas vontades, preferências...? Ou se estudássemos cada um desses indivíduos separadamente, poderíamos então conhecer as redes sociais nos quais este indivíduo está envolvido? Será que todo indivíduo pertence a um grupo? A sociedade é um fenômeno Sociologia Jurídica: Definição, objeto e importância 3 próprio e particular que vai muito além a soma dos indivíduos e suas particularidades? São essas as questões que a sociologia busca enfrentar. Sendo assim, precisamos ter claro o que é a Sociologia. A Sociologia é uma ciência que estuda as formas de criação e o modo como se organizam as relações e instituições sociais. Os primeiros sociólogos se preocuparam em construir a sociologia enquanto disciplina e, para isso, se dedicaram a em entender o que é a sociedade e o que nela pode ser objeto de estudo. Voltando à nossa primeira reflexão, a sociologia se preocupa em entender como a sociedade se estrutura e como se dão as conexões entre os indivíduos. Ao imaginarmos a história de indivíduos que estão indo para os seus trabalhos no dia a dia, percebemos que eles serão afetados e estarão inseridos de diversas formas na sociedade e é a sociologia quem estuda o fato humano da convivência humana. No caso da Sociologia do Direito ou Sociologia Jurídica, que é um dos ramos da Sociologia Geral, objeto de estudo é como se dão as relações estabelecidas entre a Sociedade e o Direito. A Sociologia Jurídica investiga a influência da sociedade na formação do Direito, bem como, os reflexos do Direito na construção e manutenção da sociedade. A Sociologia do Direito examina causas e feitos sociais das normas jurídicas. O objeto de análise é a “realidade jurídica”, aquilo que efetivamente ocorre na sociedade De olho na doutrina Pode-se afirmar que a sociologia admite, no mínimo, dois fatos básicos. O primeiro é que o ser humano é um animal social, e não somente uma criatura isolada, é comum ao ser humano viver em sociedade. O segundo fato é que os seres humanos revelam padrões regulares e repetitivos SOARES, 2019, p. 17 Fonte: www.unsplash.com Sociologia Jurídica: Definição, objeto e importância 4 em razão do Direito ou aquilo que a sociedade produz como Direito. A Sociologia Jurídica tenta responder três questões fundamentais, e são elas: • Por que sistemas jurídicos ou normas jurídicas são criadas? • Quais as consequências das normas jurídicas na vida social? • Quais as causas do (des)uso ou extinção/abolição de determinas normas do Direito? Para responder essas perguntas, a Sociologia Jurídica examina as relações entre Direito e a Sociedade em três momentos: a produção, aplicação de “decadência da norma”. Vamos ver um exemplo: A lei nº 11705/2008, conhecida por “Lei Seca” alterou o Código Brasileiro de Trânsito e passou a proibir a condução de veículos automotores, nas vias públicas, quando o condutor estiver com concentrações de álcool por litro de sangue igual ou superior a seis decigramas. Podemos nos perguntar o porquê da criação dessa lei, será que a sociedade precisava de medidas mais severas para punir pessoas que dirigiam embriagadas ou com algum teor de álcool no sangue? Quais foram as consequências da “lei seca” na vida social, será que as pessoas deixaram de dirigir após ter consumido bebida alcoólica? Essas questões podem ser enfrentadas pela Sociologia Jurídica 2. CARACTERÍSTICAS DA SOCIOLOGIA JURÍDICA Como já vimos, a Sociologia é antes de tudo uma ciência e o mesmo ocorre com a Sociologia Jurídica e isso faz com que o conhecimento produzido por essas disciplinas tenha caráter científico, dessa forma, precisamos lembrar o que caracteriza um saber como científico. Todo conhecimento pode ser chamado de científico quando ele é um conhecimento racional, que se organiza de forma sistemática e pode ser reproduzido através de métodos. O fato de um conhecimento ser científico não faz dele infalível ou irrefutável, porém, o conhecimento científico proporciona a segurança de que aquele determinado tema foi organizado e testado através de métodos que podem ser verificados. Fonte: www.webposto.com.br Sociologia Jurídica: Definição, objeto e importância 5 Por ser um conteúdo científico, a Sociologia é diferente do conhecimento irracional, assistemático e ametódico, por isso, a ciência é diferente do senso comum. O senso comum também tem sua importância no dia a dia e tem muitos reflexos na sociedade, porém, ele se caracteriza por ser uma tradição e não necessariamente um conteúdo que foi testado e provado. Uma vez que a Sociologia é uma ciência, seu conhecimento é construído com base em mais do que as opiniões, ele é construído através da observação da sociedade e, por isso, é também chamado de conhecimento empírico. Na Sociologia Jurídica, os pesquisadores trabalham de forma a construir o conhecimento através da pesquisa da realidade social, que será sistematizada e posteriormente consolidada através de um saber teórico válido. As ciências sociais são, em alguns pontos, diferentes das ciências naturais, uma vez que, nem sempre é possível determinar com rigor as causas de determinados acontecimentos como ocorre com as ciências naturais. Não podemos afirmar com certeza porque há tanta corrupção em determinados lugares (ciência social), por exemplo, porém, podemos verificar através de testes como se dá o comportamento celular dos seres vivos (ciência natural). Além disso, como já falamos em nosso primeiro exemplo, cada indivíduo é único, com seus medos, incertezas, inseguranças, esperanças... é da constituição do ser humano ser um ser em constante formação e mudança, isso decorre da própria liberdade que cerca a vida humana. E, por conta dessa imprevisibilidade do ser humano, pode-se afirmar que a causalidade apresentada pela Sociologia Jurídica é apenas uma probabilidade ou então uma natureza tendencial, ao enunciar tendências ou a alta probabilidade de realização de algumas condutas no mundo social e jurídico. A Sociologia Jurídica procura refletir sobre o Direito de maneira crítica, vamos voltar ao exemplo da Lei seca, quando se procura explorar as causas sociais do descumprimento da Lei Seca pelos condutores de automóveis, o sociólogo do Direito problematizaa efetividade e a legitimidade da lei. Fonte: PAES, 2021 Sociologia Jurídica: Definição, objeto e importância 6 3. MÉTODOS DA SOCIOLOGIA DO DIREITO Como já vimos, por ser uma ciência, a sociologia utiliza métodos para analisar fatos sociais. Mas afinal, o que são métodos? O vocábulo “método” vem do grego methodos, que significa caminho ou via para o conhecimento. Quando falamos da teoria do conhecimento, também conhecida por gnoseologia, temos que métodos são procedimentos intelectuais que permitem aquele que observa a apreensão/conhecimento das propriedades do objeto conhecido. Na Sociologia Jurídica, o jurista-sociólogo, não emite juízos de valores sobre o Direito, ele apenas observa a aplicação da norma e os efeitos sociais que ela gera, os métodos sociológicos estão voltados para a observação das relações entre sistemas e sociedades. Há diversos métodos que podem ser aplicados na observação e análise da sociedade, porém, há sete que são mais recorrentes no uso da análise do Direito, são eles os métodos: indutivo, dedutivo, positivista, compreensivo, dialético, estruturalista e desconstrucionista. Veremos agora cada um deles: O método indutivo diz respeito a observação de dados particulares que posteriormente servirão para modelos conceituais genéricos, parte-se do individual para o universal. Um exemplo de aplicação do método indutivo no Direito, é a análise dos locais em que há Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Através da análise das diferentes comunidades que possuem UPPs é possível inferir formulações genéricas sobre esta política pública, essas formulações poderão ser aplicadas em todos os locais que possuem UPPS. Já no método dedutivo, há o caminho contrário, através da aplicação de modelos conceituais genéricos é que se chega as experiências sociais particulares. Um exemplo clássico do raciocínio dedutivo é: “Todos os homens são mortais. Sócrates é um homem. Portanto, Sócrates é mortal”. O método sociológico dedutivo pode ser aplicado quando há Fonte: PAES, 2021 Sociologia Jurídica: Definição, objeto e importância 7 proposições genéricas sobre a política criminal de polícias comunitárias para aplicação desta política pública em comunidades específicas na busca de resultados semelhantes. O método positivista procura descrever objetivamente a realidade social. No método positivista, busca-se a exatidão do conhecimento sociológico, esse método acredita que é possível distanciar o sujeito que conhece do objeto que é conhecido. Um exemplo deste método é a análise da fidelidade partidária aos partidos políticos feitas por um eleitor, para que a analisa positivista seja realizada, o eleitor precisará se distanciar dessa sua característica, de forma a analisar a fidelidade partidária da forma mais isenta possível. O método compreensivo se distancia do método positivista, na medida em que entende ser necessária a proximidade do cientista social com o fato observado. Baseia-se na apreensão dos significados das ações e instituições existentes em cada cultura. Um exemplo deste método, é quando um sociólogo do Direito vai até tribos indígenas estudar in loco como se dão as manifestações do Direito nestas culturas. O método dialético busca compreender a sociedade a partir da ótica dos conflitos sociais existentes, este método procura examinar como as contradições interferem na configuração normativa institucional. Uma forma de aplicação deste método é o estudo da efetivação dos Direitos Trabalhistas na Justiça do Trabalho através da análise da relação conflituosa entre empregadores e empregados. O método estruturalista parte da ideia de que há uma única estrutura imodificável de funções sociais que se repete nas mais diversas. Esse tipo de análise pode levar a seguinte pesquisa: a busca de semelhanças das normas costumeiras de tribos indígenas que tratam sobre a família e o direito positivado que institui as regras do direito de família no Código Civil. O método desconstrutivista procura desmistificar os discursos de justificação e legitimação das estruturas de poder social. Neste sentido, uma análise desconstrutivista procuraria demonstrar o caráter simbólico do discurso constitucional que afirma a Fonte: www.unsplash.com Sociologia Jurídica: Definição, objeto e importância 8 liberdade da cidadania enquanto a Constituição Federal torna o voto obrigatório, tolhendo a escolha dos cidadãos. Feitas essas breves considerações sobre os métodos sociológicos no Direito, veremos agora como a Sociologia Jurídica foi construída através das diferentes escolas positivistas do Direito. 4 ESCOLAS POSITIVISTAS DE CARÁTER SOCIOLÓGICO Para tratar sobre as escolas positivistas, vamos utilizar Ana Lucia Sabadell, que em seu livro Manual de Sociologia Jurídica (2010) traçou uma síntese sobre o assunto. Precisamos nos lembrar que a Sociologia Jurídica procura responder algumas questões que podem ser resumidas em: a) Quem cria o Direito e por quê? b) Porque uma norma é (ou deixa de ser) aplicada? c) Qual é a relação entre a realidade/sociedade e o Direito? As correntes sociológicas do positivismo tratam essas perguntas analisando estas questões tanto a partir da perspectiva interna do Direito, ou seja, olhando o Direito para sua aplicação na sociedade; quanto da perspectiva externa, de fora para dentro do Direito, no sentido de quais as influências a sociedade exercem sobre o Direito. 4.1 Charles de Montesquieu (1689 – 1755) O filósofo Charles Louis de Secondat1, ficou muito conhecido como o teórico da separação de poderes, sua teoria influenciou as Constituições de finais do século XVIII nos Estados Unidos e na França. Além desta grande contribuição para o Direito, Montesquieu também tem pesquisas sobre a organização social e política de diversos países. Montesquieu procurou analisar as causas da diversidade do Direito no mundo, o autor entendia que não era possível falar sobre um único modelo de Direito justo. Devemos ter em mente que, na época em que Montesquieu publicou suas pesquisas, 1 Obra principal: Do espírito das leis, 1748 Charles de Montesquieu Fonte:www.memoria.ebc.com.br Sociologia Jurídica: Definição, objeto e importância 9 meados do século XVIII, o pensamento dominante era de um Direito racional que provinha de mandamentos universais ou era resultado do contrato social e da vontade do Rei. Observando sistemas jurídicos de diversos países e épocas, inclusive o Japão e a China, Montesquieu realizou uma abordagem do Direito que pode ser chamada de relativista. Por conta dessa impossibilidade de construção de um único Direito justo, o autor afirmou que alterar o costume de um povo por meio de uma lei seria, de modo geral, um ato de tirania, e dificilmente seria uma ação eficaz. 4.2 Gustav Hugo (1764-1844) e Friedrich Carl von Savigny (1779-1861) – Escola história do Direito A escola histórica do Direito surgiu na primeira metade do século XIX, na Alemanha, tendo como principais representantes os juristas: Gustav Hugo2 e Friedrich Carl von Savigny3 . Esta escola apresentou-se como uma reação à escola do direito natural racional, pois, entendia que o Direito não provinha da razão universal válida para toda a humanidade expressa por meio de codificações gerais, aplicáveis a qualquer país e época. Ao contrário, para a escola história do Direito, “a evolução histórica é determinada pela presença de um espírito peculiar: o espírito do povo (Volksgeits) ou a opinião da nação (Meinung der Nation). O Volksgeist marca todas as manifestações da nação, encontrando-se também na origem do sistema jurídico”. (SABADELL, 2010, p. 44) Esta corrente dedicou-se a pesquisar a formação do Direito na sociedade. Enquanto um produto histórico, o Direito foi analisado a partir da ideiade nacionalidade e particularidades de cada povo. Na opinião de Savigny, o espírito do povo (Volksgeist) pode ser encontrado no direito costumeiro, em outras palavras, no direito popular, é possível identificar as raízes do direito nos trabalhos intelectuais nacionais e nas obras literárias. O Direito é construído no dia a dia da sociedade. 2 Obra principal: Manual do direito natural enquanto filosofia do direito positivo, 1798 3 Obras principais: Sobre a vocação do nosso tempo para a legislação e a ciência do direito, 1814; Sistema do direito romano atual, 1839. Friedrich Carl von Savigny Fonte: www.wikipedia.org Sociologia Jurídica: Definição, objeto e importância 10 Para Gustav Hugo as leis não eram as únicas fontes do Direito, ao contrário, a verdadeira fonte do Direito pode ser encontrada na tradição criada pelo povo. As concepções desses dois autores apontam para uma leitura do caráter social do fenômeno jurídico. A escola história aproxima-se de uma concepção sociológica do Direito que procura analisar e exprimir o Direito como uma criação espontânea das próprias tradições populares, isso vai de encontro as concepções racionalistas positivistas do Direito que procuravam uma única fonte imutável do Direito válido para todos em qualquer lugar e em qualquer época. 4.3 Karl Marx (1818-1883) e Friedrick Engels (1820-1895) – Escola Marxista A escola marxista inicia-se om as obras e atividades políticas de dois pensadores: Karl Marx4 e Friedrick Engels5. O marxismo é um fenômeno de massa, relacionado ao movimento socialista mundial que trata sobre diversos assuntos a partir de sua perspectiva crítica. Sobre o Direito, a escola marxista afirma que não há Direito sem Estado, da mesma forma que não há Estado sem direito. “O Direito criado e aplicado pelos aparelhos do Estado cumpre uma determinada função social: é um instrumento de produção da desigualdade social, apesar de poder ser utilizado algumas vezes pelos dominados como uma arma contra a classe dominante”. (SABADELL, 2010, p. 46) Para a escola marxista o Direito apenas confirma e fortalece as relações sociais, aplicando regras e situações preexistentes. “Marx observou que o direito desenvolvido na sociedade capitalista estabelece normas universais e uniformes para sujeitos desiguais, perpetuando assim as diferenças sociais, baseadas na exploração do trabalho das classes populares pelos detentores de capital” (SABADELL, 2010, p. 46) 4 Obra principal: O Capital, 1867 5 Obra principal: Manifesto do Partido Comunista, 1848 – obra escrita em coautoria com Karl Marx. Gustav Hugo Fonte: www.wikipedia.org Karl Marx Fonte: https://www.infoescola.com Sociologia Jurídica: Definição, objeto e importância 11 Nesse sentido, o Direito é um instrumento de dominação, que é construído de acordo com os interesses da classe dominante. Sendo assim, o direito não é um fenômeno autônomo que exprime ideais abstratos como a igualdade, a liberdade, a justiça, a ordem, entre outros. Em outras palavras, o Direito moderno é considerado como um instrumento ideológico e político de dominação da sociedade pela classe dominante, a burguesia que também pode ser chamada de classe capitalista. Um exemplo, o direito à propriedade protege, de modo geral, os interesses das classes mais abastadas, pense, por exemplo, na desapropriação de locais improdutivos que são ocupados, ou lotes que foram utilizados para a construção de comunidades e que, em determinado momento, são desapropriados em favor do direito de propriedade de uma única pessoa. 4.4 Émile Durkheim (1858-1917) Durkheim é considerado o sociólogo que precede a sociologia jurídica, é também chamado de “pai da sociologia do Direito”, foi o primeiro professor da cadeira de “Sociologia” da universidade de Sorbonne, em Paris, no ano de 1913. Em razão da importância de sua teoria, iremos tratar de seus estudos também na próxima aula, porém, por enquanto, é importante termos em mente o que este autor entendia por Direito. Para Durkheim, o Direito é um fenômeno social. Em meio a sociedade humana é que o Direito surge e se desenvolve, pois a ideia do Direito está ligada à ideia de organização, mudança, conduta. Para o autor, as regras do Direito são fatos sociais. A definição de “fato social” é muito importante na teoria de Durkheim. Fato social é toda maneira de fazer capaz de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, ou seja, pode ser considerado um fato social qualquer norma imposta aos indivíduos pela sociedade. Um exemplo de fato social são nossas escolhas no futebol. Na Copa do Mundo, geralmente, todo brasileiro torce para o Brasil, da mesma forma, que os cidadãos de outros países torcem pelo seu país. A escolha de torcer pelo seu país, nem sempre é uma escolha, Émile Durkheim Fonte: rivistascomposizioni.eu Sociologia Jurídica: Definição, objeto e importância 12 pois o indivíduo que nasce e cresce em um país é influenciado pelos sentimentos nacionais e patrióticos que lhe fazem torcer por esse país nas Copas do Mundo por exemplo. O Direito, quando impõe regras de conduta à sociedade, dispõe sobre fatos sociais muito importantes, porque determina a conduta e comportamento de indivíduos que garantem a coesão social, por isso, Durkheim é considerado o precursor da sociologia jurídica, por seus estudos no ramo do Direito. De olho na doutrina Durkheim denomina de fatos sociais as normas vigentes em determinada sociedade indicando dois elementos importantes: Primeiro, que a origem de todas as normas que influenciam o comportamento individual é a sociedade (e não o legislador ou determinados indivíduos). Segundo, que as normas não são simples palavras ou ordens, mas existem objetivamente na sociedade e o sociólogo deve estudá-las como fatos, ou seja, como “coisas” Nesta perspectiva, as regas do direito são fatos sociais muito importantes, porque impõe aos indivíduos obrigações e modos de comportamento, aptos a garantir a coesão social. (SABADELL, SABADELL, 2010, p. 47 Sociologia Jurídica: Definição, objeto e importância 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DURKHEIM. Emile. Sociologia. Tradução de Laura Natal Rodrigues. 2 ed. São Paulo: Ática, 1981. FERRAZ JUNIOR. Tercio Sampaio. A ciência do direito. São Paulo: Atlas, 1980. SABADEEL, Ana Lucio. Manual de sociologia jurídica: introdução a uma leitura externa do direito. 5.ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. SOARES, Ricardo Maurício Freire. Sociologia e antropologia do direito. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
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