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1 Políticas de segurança nacional para o combate ao terrorismo internacional nos Estados Unidos da América: reformas e reafirmações do governo Obama Luísa Fernanda Turbino Torres 1 Resumo Esse artigo analisa as ações da administração do presidente Barack Obama no que se refere à segurança nacional e às liberdades individuais dos cidadãos na luta contra o terrorismo. Para isso, analisamos a impopular política externa do governo Bush, bem como a Estratégia de Segurança Nacional que ficou conhecida como Doutrina Bush. Depois, analisamos o Ato Patriótico e outras legislações anti-terror aprovadas após os atentados de 11 de setembro. Por fim, verificamos em quais aspectos houve rompimentos com a administração anterior e em quais aspectos houve continuidade, principalmente no que se refere à Baía de Guantánamo, à Guerra do Iraque e a Guerra do Afeganistão, ao uso de drones no combate ao terrorismo e ao Ato Patriótico. Palavras-chave: Estados Unidos; segurança nacional; terrorismo. Introdução Os acontecimentos de 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque e em Washington D.C. marcaram profundamente a história e a política dos Estado Unidos da América. O ataque as torres gêmeas, localizadas no coração da mais importante cidade do país, não só afetou as políticas internas, mas também interferiu – e continua a interferir – na relação dos EUA com os outros países do mundo. Além disso, outros dois aviões também foram sequestrados. Um deles atingiu o Pentágono, em Washington D.C., sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O outro foi derrubado pelos sequestradores próximo a cidade de Shanksville, na Pensilvânia, sem atingir o alvo planejado. Os ataques demandaram atitudes imediatas do Congresso Nacional dos EUA para prevenir novas agressões. O conhecido Ato Patriótico, aprovado poucas semanas após os atentados, foi o início da Doutrina Bush: a estratégia de governo baseada no contraterrorismo e na legítima defesa com perfil preventivo, que permitiu primeiramente a ação, depois, os questionamentos (GOÉS, 2007). A estratégia, elaborada pelo então presidente George W. Bush com o auxílio do Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos, previa a atuação tanto no âmbito externo, na forma de concessão de poderes ao presidente para atacar grupos terroristas ou Estados hostis em qualquer lugar do mundo, quanto no âmbito interno, na medida em que 1 Bacharel em Ciências do Estado pela UFMG e Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFMG. luisaturbino@gmail.com. Bolsista CAPES. mailto:luisaturbino@gmail.com 2 criou instrumentos legais de controle das atividades individuais, especialmente quanto aos imigrantes (ALVES PEREIRA, 2006). Desde a Declaração de Independência em 1776, o povo americano carrega consigo a forte ideia de liberdade como direito fundamental (STEPHENS; SCHEB, 2008) 2 . Questões como direito à privacidade, à propriedade privada e à individualidade são muito presentes e amplamente defendidas pela população em geral. Com a aprovação do Ato Patriótico, uma legislação rigorosa que oferece instrumentos legais para a luta contra o terrorismo, questionou-se como a nova lei e suas definições ferem as liberdades civis (STEPHENS; SCHEB, 2008) 3 dos americanos. Esse artigo analisa as ações da administração de Barack Obama no que se refere à segurança nacional e às liberdades individuais dos cidadãos, além de verificar em quais aspectos houve rompimentos com a administração anterior, de George W. Bush, e em quais aspectos houve continuidade. Para isso, a pesquisa será dividida em quatro partes, que analisam as mudanças estruturais e legais pós 11 de setembro. Em primeiro lugar, examinaremos as ações tomadas durante o governo Bush, que colocaram a segurança nacional como prioridade, na luta contra o terrorismo internacional. Em segundo, analisaremos a lei que institui o Ato Patriótico e os outros componentes da legislação antiterror aprovada nos Estados Unidos. Em seguida, traçaremos quais são as novas prioridades de segurança nacional do governo Obama e quais foram as mudanças ocorridas durante sua administração. Por fim, traremos uma reflexão a respeito da liberdade e da segurança como valores em choque em tempos de terrorismo. A Doutrina Bush e o início da guerra ao terror Não existem dúvidas sobre a importância histórica e geopolítica dos atendados terroristas de 11 de setembro. Pela primeira vez desde 1814, quando o Reino Unido incendiou 2 O preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos carrega o trecho “We the People of the United States, in Order to form a more perfect Union, (...) secure the Blessings of Liberty to ourselves and our Posterity”, ou seja, “Nós, os povos dos Estados Unidos, a fim formar uma união mais perfeita (...) asseguramos as benções da liberdade para nós mesmos e nossa posteridade”. Tal trecho demonstra o papel central que o direito à liberdade teve desde a formação da nação. Os autores da Constituição construíram um sistema de governo em que a capacidade de transgredir tais direitos fosse limitada. 3 Liberdades civis não se confunde com direitos civis. O termo “liberdade civil” é o conjunto de direitos fundamentais garantidos a todos os cidadãos constitucionalmente. Por outro lado, o termo “direito civil” está ligado à ideia de equidade e é usado para se referir a reivindicações de igualdade dos cidadãos. 3 Washington 4 , o território nacional dos Estados Unidos da América fora atingido (CHOMSKY, 2002). Significou uma mudança paradigmática, mudando as cartas no jogo da política internacional e interferindo definitivamente nas relações exteriores estadunidenses. Os ataques às Torres Gêmeas e ao Pentágono serviram como fundamento para o desenvolvimento do que ficou conhecida como Doutrina Bush. O discurso do presidente George W. Bush, em 29 de janeiro de 2002, na ocasião do Discurso sobre o Estado da União, antecipou qual seria a principal ideia da nova Estratégia de Defesa Nacional dos Estados Unidos (HEISBOURG, 2003): “Temos de impedir que terroristas e regimes que buscam armas químicas, biológicas ou nucleares de ameaçar os Estados Unidos e do mundo. Mas alguns governos ficarão tímidos frente ao terror. Mas não se enganem: se eles não agirem, a América irá” (BUSH, 2002). Trata-se de uma estratégia de governo baseada no contraterrorismo e na legítima defesa com perfil preventivo, que permite primeiramente o ataque, depois, os questionamentos. (GOÉS, 2007). A estratégia, elaborada pelo Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos, previa a atuação tanto no âmbito externo, na forma de concessão de poderes ao presidente para atacar grupos terroristas ou Estados hostis em qualquer lugar do mundo, quanto no âmbito interno, na medida em que cria instrumentos legais de controle das atividades individuais, especialmente quando se trata de imigrantes. (ALVES PEREIRA, 2006) Os acontecimentos, principalmente da Guerra do Iraque, demonstram que existem quatro notáveis características da Doutrina Bush: [...] uma forte crença na importância de regime interno de um Estado na determinação da sua política externa e o entendimento de que este é um momento oportuno para transformar a política internacional; a percepção das grandes ameaças podem ser derrotadas apenas com novas e vigorosas políticas, mais notavelmente guerra preventiva; uma vontade de agir unilateralmente quando necessário; e, como causa e resumo dessas crenças, um sentido primordial de que a paz e a estabilidade exigem dos Estados Unidos fazer valer a sua primazia na política mundial. 5 (JERVIS, 2003, p. 365) Obviamente, as justificativas da administração para as ações internacionais dos Estados Unidos são outras. Com o apoio dos principais valores que sustentam a nação– liberdade, 4 O autor Noam Chomsky não considera que o ataque japonês ao Pearl Harbor tenha semelhante valor geopolítico, uma vez que o bombardeio foi direcionado a bases militares localizadas em colônias, o que Chomsky considera ser diferente de um ataque ao território nacional. 5 Tradução livre do inglês: “a strong belief in the importance of a state’s domestic regime in determining its foreign policy and the related judgment that this is an opportune time to transform international politics; the perception of great threats that can be defeated only by new and vigorous policies, most notably preventive war; a willingness to act unilaterally when necessary; and, as both a cause and a summary of these beliefs, an overriding sense that peace and stability require the United States to assert its primacy in world politics”. 4 democracia e livre mercado 6 – garantir que o Iraque seja uma nação democrática é também incentivar que regimes democráticos se difundam pelo Oriente Médio, bem como demonstrar que não há incompatibilidade entre o islamismo e a democracia (JERVIS, 2003). Da mesma forma, a importância de um mundo com mais Estados democráticos para os Estados Unidos tem relação com a estabilidade oriunda da democracia, consequentemente, um melhor relacionamento entre os Estados. O combate ao terrorismo tornou-se o primeiro ponto da agenda internacional para os Estados Unidos. Em essência, o documento demonstrou ao mundo que os EUA prezam pela cooperação internacional e por boas relações com o restante do mundo, mas ao mesmo tempo não hesitarão em agir para combater o terrorismo, ainda que preventivamente. Além de uma nova postura nas relações exteriores – mais agressiva e menos dialógica – também houveram implementações legislativas internas em reação ao 11 de setembro. O Ato Patriótico e a legislação antiterror Imerso nessa lógica de guerra contra o terror que dominou o restante do mandato do ex- presidente George W. Bush, surge a proposta de uma legislação rigorosa que oferecesse instrumentos constitucionais para a luta contra o terrorismo: o Uniting and Strengthening America by Providing Appropriate Tools Required to Intercept and Obstruct Terrorism, ou Patriot Act, conforme será doravante denominado. Como reflexo imediato aos atentados de 11 de setembro, o projeto foi apresentado ao Congresso pelo próprio governo. O Ato Patriótico dá aos agentes da lei a mais ampla autoridade para conduzir a vigilância eletrônica e escutas telefônicas, e dá ao presidente autoridade, quando a nação está sob ataque real de uma entidade estrangeira, para confiscar qualquer propriedade dentro da jurisdição dos Estados Unidos, de qualquer pessoa que se acredita engajar-se em tais ataques. A medida também reforça a supervisão das atividades financeiras para evitar a lavagem de dinheiro e para abrandar o sigilo bancário, em um esforço para interromper as finanças terroristas. O ato [...] altera dezenas de leis existentes. Ele também se estende a Declaração de Direitos em vários aspectos. Especificamente, permite incursões nos direitos protegidos pela Primeira e Quarta Emendas. O 11 de setembro forneceu apenas o impulso necessário para mudar as regras do processo penal para todos os crimes, e não apenas os crimes de terror (CASSEL, 2004, p.19) 7 6 Tais valores estão descritos no documento intitulado “Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América” divulgada pela Casa Branca um ano após os atentados de 11 de setembro. 7 Tradução livre: “The USA Patriot Act gives law enforcement officials broader authority to conduct electronic surveillance and wiretaps and gives the president the authority, when the nation is under actual attack by a foreign entity, to confiscate any property within U.S. jurisdiction of anyone believed to be engaging in such 5 É fundamental realçar que o Patriot Act não foi a única medida tomada na tentativa de pôr fim ao terrorismo no país. Nesse contexto, dois mecanismos propostos pelo governo, mas não implementados, merecem destaque. O Total Information Awareness (TIA) previa o desenvolvimento de um amplo sistema de vigilância, através de informações sobre o setor privado e o governo, “incluindo todo tipo de informação pessoal, comercial e governamental, tais como reservas de hotel, transações do cartão de crédito e ligações telefônicas” (SEABRA, 2007). Tudo isso seria utilizado para detecção de padrões de comportamento e possíveis suspeitos. Já o Terrorism Information and Prevention Systems (TIPS) previa a criação de uma linha especial para denúncias e relatos de possíveis atividades terroristas ao governo. As principais críticas, que não permitiram a implantação do projeto, defendiam que tal mecanismo geraria uma situação de desconfiança entre os próprios americanos e com o levantamento de informações falsas, que sobrecarregariam o sistema. De forma geral, após enviado ao Congresso, o projeto do Patriot Act sofreu algumas alterações com o consentimento do Poder Executivo, e foi aprovado pelas duas casas do Congresso no dia 25 de outubro de 2001. Um dia depois, foi sancionado pelo Presidente Bush e entrou em vigor no país. Na Câmara, foram 356 votos favoráveis e 66 contrários. Já no Senado, foram 98 votos favoráveis e apenas um contrário, o do Senador Russ Feingold (PINTO, 2004). A lei foi considerada uma das mais invasivas desde o Espionage Act, de 1917 e o Sedition Act, de 1918. Com a promulgação do Patriot Act, instalou-se uma tensão política entre dois principais grupos nos Estados Unidos. De um lado, os defensores das liberdades civis, liberais, que não concordam com medidas que elevem a segurança e que violem a privacidade do povo americano. De outro, aqueles que acusam os movimentos pela liberdade civis dos norte- americanos de abalar a moral do país, acabando com a ordem social e facilitando o terrorismo (ETIZIONI, 2004). A America Civil Liberties Union (ACLU), principal órgão de defesa das liberdades civis dos americanos no país, argumenta que há uma perda silenciosa da democracia, quando se inicia a supressão de direitos em nome da segurança nacional, “até que toda a estrutura institucional que sustenta o sistema democrático se perde” (SEABRA, 2007). attacks. The measure also tightens oversight of financial activities to prevent money laundering and to diminish bank secrecy, all in an effort to disrupt terrorist finances. The act [...] amends dozens of existing laws. It also stretches the Bill of Rights in several respects. It particularly allows incursions into rights protected by the First and Fourth Amendments. September 11 provided just the impetus needed to change the rules of criminal procedure for all crimes—not just crimes of terror”. 6 Segundo Etizioni (2004), logo após os incidentes de 11 de Setembro, a população norte americana, através de pesquisas de opinião pública realizadas à época, se demonstrou disposta a aceitar um governo mais forte e, em certa medida, abrir mão de direitos individuais. Contudo, o quadro foi se alterando com o passar do tempo, principalmente em função das medidas de segurança adotadas pelo Patriot Act e pela ausência de novos ataques terroristas. Durante a tramitação do projeto no Congresso, os esforços de organizações de defesa de liberdades civis, como a ACLU, American Library Association, Human Rights Watch e a Anistia Internacional, entre outras, foram praticamente invalidadas pelo governo, que lançou uma campanha agressiva que os considerava condescendentes com os terroristas (SEABRA, 2007). Em 2005, ocorreu uma revisão parcial doPatriot Act no Senado, já que 16 cláusulas, entre elas algumas das definições mais polêmicas, se expirariam naquele ano. O próprio presidente Bush pressionou para que a lei fosse prorrogada, mas houve discordâncias entre democratas e republicanos sobre o que deveria permanecer. A ACLU teve papel ativo nesse processo. Quando o Patriot Act foi renovado, a ACLU declarou-se decepcionada pois a renovação não corrigiu as principais falhas da lei, apesar de algumas mudanças positivas. Entre elas, conforma destaca Rafael Seabra (2007), a lei: “torna explícito que qualquer estabelecimento ou empresa que receber uma ordem de fornecimento de dados de empregados ou clientes [...] tem direito de consultar um advogado, sem que para isso seja necessário a permissão do governo”. Assim, a ACLU manteve sua ativa mobilização contra a lei, por considerar bastante tímidas as mudanças ocorridas em 2005. A ACLU ainda acredita que o Patriot Act faz parte de um contexto mais complexo de desrespeito às liberdades civis no país durante o governo de Bush. A política de segurança nacional na administração Obama Em 2007, quando ainda era Senador pelo estado de Illinois e candidato democrata para a nomeação presidencial, Barack Obama escreveu: A administração Bush respondeu aos não convencionais ataques de 11/09 com o pensamento convencional do passado, em grande parte enxergando os problemas como estatais e, principalmente, ao alcance de soluções militares. Foi essa visão tragicamente equivocada que nos levou a uma guerra no Iraque que nunca deveria ter sido autorizada e nunca deveria ter 7 sido travada. Após Iraque e Abu Ghraib, o mundo perdeu a confiança em nossos objetivos e nossos princípios. (OBAMA, 2007) 8 Obama teve a oportunidade de colocar na prática o discurso de uma nova segurança nacional – da mesma forma forte, mas melhor, mais eficiente e mais limpa. Havia muitas expectativas de a administração de Obama seria substancialmente diferente da de Bush, principalmente na política externa. A Baía de Guantánamo Obama foi eleito sob a promessa de reiniciar a guerra contra o terror e ser “o antídoto aos excessos da administração de Bush” (McCRISKEN, 2011). Existia, portanto, um discurso claro de rompimento com a administração anterior quando Obama assumiu a presidência em 2009. Comprometido em restaurar os valores e princípios fundamentais dos EUA, ordenou o fechamento do centro de detenção de Guantánamo e proibiu práticas de tortura durante interrogatórios no país. (McCRISKEN, 2011). 9 Ao fazê-lo, Obama alegou „restaurar as normas do devido processo legal e os valores constitucionais fundamentais que tornaram esse país grande‟ - padrão que, segundo ele, pode ser mantida „mesmo no meio de uma guerra, mesmo lidando com o terrorismo‟. A mensagem para o resto do mundo foi clara, Obama argumentou: os EUA podem prosseguir com a guerra contra o terrorismo de „uma maneira consistente com nossos valores e nossos ideais‟. (McCRISKEN, 2011). 10 O centro de detenção de Guantánamo foi aberto em 2002 para deter e realizar interrogatórios de indivíduos extremamente perigosas envolvidos em crimes de guerra. A maioria dos detentos de Guantánamo eram afegãos e iraquianos. Na ordem executiva, Obama deixou claro que a disposição dos indivíduos detidos e o fechamento das instalações é consoante com os interesses de segurança nacional, política externa e de justiça dos Estados Unidos e estabeleceu o prazo de, no máximo, um ano para a conclusão do fechamento da prisão. 8 Tradução livre do inglês: “The Bush administration responded to the unconventional attacks of 9/11 with conventional thinking of the past, largely viewing problems as state-based and principally amenable to military solutions. It was this tragically misguided view that led us into a war in Iraq that never should have been authorized and never should have been waged. In the wake of Iraq and Abu Ghraib, the world has lost trust in our purposes and our principles”. 9 Executive Order 13492, United States of America. 10 Tradução livre do inglês:” In doing so, Obama claimed to ‘restore the standards of due process and the core constitutional values that have made this country great’—standards that, he argued, could be maintained ‘even in the midst of war, even in dealing with terrorism’. The message to the rest of the world was clear, Obama argued: that the US can prosecute the war against terrorism in ‘a manner consistent with our values and our ideals’.” 8 Contudo, a realização da ordem se mostrou mais difícil do que imaginava Obama. Em 7 de janeiro de 2011, o presidente assinou o Ike Skelton National Defense Authorization Act for Fiscal Year 2011, que havia sido aprovado pelo Congresso no final de 2010: a seção 1032 proíbe o uso de fundos para transferir detentos de Guantánamo para os Estados Unidos, e a seção 1033 barra o uso de fundos para transferir os detidos para a custódia ou controle efetivo de países estrangeiros 11 . Essas definições deixaram o presidente de mãos atadas, impossibilitando o encerramento das atividades de Guantánamo. Após a assinatura, Obama prometeu que revogaria as disposições, contudo, “em março de 2011, implicitamente admitiu a derrota e emitiu uma nova ordem executiva que efetivamente institucionaliza a detenção indefinida em Guantánamo” (McCRISKEN, 2011). Para o ano seguinte, o presidente também assinou o National Defense Authorization Act for Fiscal Year 2012 12 , o qual renovou a proibição de transferir detentos de Guantánamo para os Estados Unidos parra qualquer finalidade. Ainda assim, expressou sua preocupação de que a as definições do legislativo estivessem impedindo que o executivo decidisse onde e quando os prisioneiros seriam julgados, comprometendo a divisão de poderes prevista na Constituição do país. De acordo com a Humam Rights First 13 , ainda restam 116 prisioneiros em Guantánamo, dos quais 99 estão presos há mais de 10 anos. Desde o início da administração de Obama, 122 detentos foram transferidos, repatriados ou reassentados. A Guerra do Iraque e do Afeganistão Sobre a presença militar estadunidense no Iraque, Obama acreditava que os atentados poderiam ter trazido inúmeras mudanças positivas, estabelecendo uma verdadeira política de combate ao terrorismo 14 . A Guerra do Iraque custou – além de trilhões aos cofres dos EUA – 11 Ike Skelton National Defense Authorization Act for Fiscal Year 2011, United States of America. Disponível em:< http://www.gpo.gov/fdsys/pkg/BILLS-111hr6523enr/pdf/BILLS-111hr6523enr.pdf>. 12 National Defense Authorization Act for Fiscal Year 2012, United States of America. Disponível em:< http://www.gpo.gov/fdsys/pkg/PLAW-112publ81/pdf/PLAW-112publ81.pdf>. 13 A Humam Rights First é uma organização não governamental que defende a os direitos humanos e o Estado de Direito nos Estados Unidos. A organização matem um relatório online, atualizado constantemente, sobre os números do centro de detenção. Última atualização: 26 de junho de 2015. Disponível em: <http://www.humanrightsfirst.org/sites/default/files/gtmo-by-the-numbers.pdf> 14 Para Obama (2008), os EUA poderiam, após 11/09, ter feito mais e de forma mais eficaz, ao invés de declarar guerra ao Iraque: usar todo o potencial militar para lutar contra as organizações terroristas responsáveis pelo 11/9; garantir a segurança do todo o material nuclear espalhado pelo mundo; acabar com a dependência que os EUA tem do petróleo do Oriente Médio e investir em novas fontes de energia; entre outros. 9 milhares de vidas de cidadãos americanos que serviram ao seu país, escolhendo um inimigo que não tinha nada a ver com os ataques (OBAMA, 2008). Como presidente, vou prosseguir uma estratégia de segurança nacional forte, inteligente ecom princípios - que reconhece que temos interesses não apenas em Bagdá, mas em Kandahar e Karachi, em Tóquio e Londres, em Pequim e Berlim. Vou concentrar esta estratégia em cinco metas essenciais para tornar a América mais segura: o fim da guerra no Iraque de forma responsável; terminar a luta contra a Al Qaeda e os talibãs; garantir a segurança de todas as armas nucleares e materiais de terroristas e Estados párias; alcançar uma verdadeira segurança energética; e reconstruir de nossas alianças para enfrentar os desafios do século 21. (OBAMA, 2008) Na visão do presidente, a guerra do Iraque era a guerra ruim, não proveitosa, ao passo que a guerra do Afeganistão era a guerra inteligente, necessária e urgente para acabar com o Talibã e a Al Qaeda. Assim, Bush teria desperdiçado no Iraque recursos que deveriam ter sido usado no Afeganistão (SCANDLYN, 2012). Obama foi duramente criticado por suas ações: para a direita, Obama estaria rompendo com as políticas de segurança de Bush, para a esquerda, Obama estaria dando continuidade à elas. E então, em algum momento, a retórica do período eleitoral e do início do primeiro mandato já não era compatível com o que realmente foi feito pelo presidente (McCRISKEN, 2011). Bush, ao final de seu mandado, já havia alterado muitas de suas políticas de segurança que vieram com o 11 de setembro, tanto por disputas internas quanto por pressão dos aliados europeus. Então, em alguma medida, Obama teve uma postura similar aos últimos anos da administração Bush, mas definitivamente diferente do início. Exemplo disso foi a intensificação da guerra no Afeganistão. Em 2009, Obama enviou mais 30.000 mil tropas aos Afeganistão, ao mesmo tempo em que se comprometeu em iniciar a retirada de toda a presença militar estadunidense do país em julho de 2011. Tal postura é parecida com a utilizada por Bush ao final de seu mandato, na tentativa de estabilizar o conflito no Iraque. Ataques com Drones no combate ao terrorismo Uma das questões mais problemáticas na luta contra o terrorismo é o que fazer uma vez que um indivíduo é capturado cometendo ações terroristas: o que fazer com os suspeitos, onde apreende-los, como interroga-los respeitando os direitos humanos, entre outras. Assim, a administração de Obama aderiu a uma solução mais definitiva e imediata e utilizou, só no primeiro ano de mandato, 51 ataques com o drone Predator contra casas de supostos terroristas apenas no Paquistão. A administração de Bush utilizou, durante os oito anos, apenas 45 ataques utilizando drones (McCRISKEN, 2011). 10 No ano seguinte, o número chegou a 118 e, mais tarde, também foram usados no Iêmen, Somália e Afeganistão. Os avanços tecnológicos explicam parcialmente o crescimento do uso de Bush para Obama, mas há mais acontecendo aqui. Enquanto a CIA sob comando de Obama caiu supostamente fora do negócio de „detenção e interrogatório‟, tem consideravelmente reforçado o negócio de matar suspeitos de terrorismo nesses ataques com drones direcionados, sinalizando que Obama prefere uma política de matar e não capturar (McCRISKEN, 2011, p. 793-794). 15 O uso dos drones levanta uma série de questionamentos. Em primeiro lugar, a legitimidade do ataque. As circunstâncias em que as ordens de lançar fogo e de onde vem essas ordens são obscuras. Depois, a moralidade, uma vez que submeter a vida de civis sem relação alguma com organizações terroristas à tamanho sofrimento parece não ser compatível com um Estado constitucional e democrático como os Estados Unidos. Em seguida, a responsabilidade pelos ataques, tanto no sentido de compreender qual a responsabilidade de quem emitiu a ordem e daqueles eu desenvolvem e programam as armas. Por fim, verificar a real eficácia de eliminar indivíduos, ainda que líderes de organizações terroristas (McCRISKEN, 2011). A Organização das Nações Unidas, contudo, disse que o número de civis mortos em ataques com drones pode ser maior que o que divulgado pelos EUA e faz campanha para que o país seja transparente com os dados dos ataques. O Patriot Act Os principais críticos do Patriot Act alegaram, quando aprovado, que o Congresso nacional agiu extremamente rápido, já que estava sob forte pressão da administração de Bush para que fosse aprovada uma resposta imediata aos ataques de 11 de setembro. Não houve debates significativos e aos detalhes importantes da lei não foram levados em consideração (ULMSCNEIDER; LUTZ, 2014). Em 2011, algumas provisões da lei que não eram permanente expirariam, após prorrogação em 2005 pelo presidente Bush. Apesar de ainda serem feitas muitas críticas, Obama assinou a renovação dessas provisões após a aprovação no Senado (ULMSCNEIDER; LUTZ, 2014). Em 2013, surgiram denúncias de que o governo americano, já na administração de Obama, violava a privacidade dos cidadãos com registros telefônicos inconstitucionais. Em 07 de junho [2013] Obama concedeu uma entrevista coletiva sobre a controvérsia da NSA. Sua entrevista reproduz um padrão histórico de presidentes norte-americanos que transformam medidas notadamente violadoras dos direitos fundamentais dos cidadãos em 15 Tradução livre do inglês: “Technological advances can partially explain the growth in usage from Bush to Obama, but there is more going on here. While the CIA under Obama has reportedly dropped out of the ‘detention and interrogation business’, it has considerably stepped up the business of killing suspected terrorists in these targeted drone attacks, signalling that Obama prefers a kill not capture policy”. 11 ferramentas para garantir a segurança da nação pretensamente ameaçada, desta feita pelo terrorismo doméstico e internacional. (DAMIN, 2013) Em junho de 2015, as provisões do Patriot Act venceriam mais uma vez. Obama conseguiu que o Senado aprovasse o USA Freedom Act. A nova lei renovou algumas provisões do Patriot Act mas também pôs fim ao programa de metadados em massa como existe atualmente e fez com que os registros telefônicos não fossem mais propriedade do governo. Em um de seus discursos apoiando, Obama disse que a lei “coloca nossa segurança nacional em primeiro lugar” e “protege a segurança e as liberdades civis de todos os americanos” (CBS NEWS, 2015). Portanto, percebemos que terrorismo e o extremismo religioso continuavam a ser maior ameaça a segurança nacional dos EUA para a administração Obama. No entanto, havia-se a promessa de que a maneira de se enfrentar essas ameaças seria diferente, compatíveis com os valores morais do povo americano. (JACKSON, 2014). Também foram adicionados novos temas à agenda de segurança nacional e de política externa, como a não proliferação de armas de destruição em massa. Isso serviu para demonstrar uma mudança ideológica da administração de Obama, que não tinha o interesse de reduzir seu mandato à guerra contra o terror (McCRISKEN, 2011). Mas esse rompimento é muito mais delicado do que se imagina. Durante a Guerra Fria, o presidente dos EUA tinha a função primordial de defender o país da ameaça comunista. Após 11 de setembro, o presidente tem a função primordial de defender o povo americano do terrorismo. Nos Estados Unidos pós 11/09, é esperado do presidente ser o chefe protetor. Nenhum presidente pode se dar ao luxo de decepcionar o povo americano. A perspectiva de mais ataques terroristas, e a possibilidade do uso de armas de destruição em massa por terroristas em solo americano, aumenta os riscos para cada presidente e seu governo. (PIOUS, 2011, p. 284) A morte de Osama Bin Laden, em setembro de 2011, mostrou ao mundo que a política de segurança nacional de Obama era bem sucedida, ao matar o chefe da organização terrorista responsável pelos ataques de 11 de setembro. (McCRISKEN, 2011). Obama demonstrou-se forte sobre o assunto e disposto a lutar, de fato, contrao terrorismo. Considerações Finais Conforme observamos anteriormente, os atentados de 11 de setembro marcaram significativamente o cenário geopolítico internacional, apresentando ao mundo um terror mais 12 audacioso e letal, ao mesmo tempo que revela uma vulnerabilidade, até então imperceptível, de sua maior potência (COLE, 2006). É importante perceber que existem dois valores fundamentais em contraposição: segurança e liberdade. Por um lado, existe uma sociedade fundada sob o valor fundamental da liberdade – a necessidade de se libertar da metrópole, a liberdade individual e privacidade, a propriedade e a liberdade de expressão, por exemplo. Por outro, um desejo de que novos ataques como os de 2001 jamais aconteçam novamente e um urgência para que o país esteja cada vez mais seguro. Falamos, na verdade, de dois valores difíceis de serem conciliados sem que exista nenhum atrito entre eles. Paradoxalmente, são dois valores complementares e incompatíveis (BAUMAN, 2003). A promoção da segurança sempre requer o sacrifício da liberdade, enquanto esta só pode ser ampliada à custa da segurança. Mas segurança sem liberdade equivale a escravidão [...] e a liberdade sem segurança equivale a estar perdido e abandonado [...]. Essa circunstância [...] torna a vida em comum um conflito sem fim, pois a segurança sacrificada em nome da liberdade tende a ser a segurança dos outros; e a liberdade sacrificada em nome da segurança tende a ser a liberdade dos outros (BAUMAN, 2003, p. 24). As políticas de segurança nacional são elaboradas e aprovadas com o objetivo primeiro de criar um alto grau de segurança, levando em consideração os perigos e oportunidades disponíveis – atualmente, a tendência é que essas políticas sejam elaboradas para combater o crime organizado e o terrorismo internacional (GÜNTHER, 2009) Embora a lei de segurança transnacional nascente, promulgada ainda em grande parte por meio de legislação nacional, atinja profundamente os direitos básicos e humanos, e que as proteções legais contra as infrações dos direitos cometidas pelo Estado estejam encolhendo e fiquem expostas ao poder invasor cumulativo de uma rede de segurança transnacional com base nos Estados, os cidadãos não percebem isso como uma restrição de seus direitos, ou então aceitam tal restrição sem resistência (GÜNTHER, 2009, p. 18-19). Uma pesquisa, realizada pelo Thomson Wadsworth Institute em 2004, consultou os principais especialistas em justiça criminal dos Estados Unidos e teve um resultado preocupante: 74% dos entrevistados acreditam que o Ato Patriótico viola as liberdades individuais dos cidadãos 16 . Uma outra pesquisa, realizada pelo Pew Research Center em 2011, enquanto a renovação do ato era discutida pelo Congresso, revelou que 42% dos cidadãos acreditam que Patriot Act é 16 Department of Government and Justice Studies of Appalachian State University. Disponível em: http://gjs.appstate.edu/media-coverage-crime-and-criminal-justice/usa-PATRIOT-act 13 uma ferramenta necessária que ajuda o governo encontrar terroristas. Por outro lado, 34% afirmaram que o Patriot Act vai longe demais e representa uma ameaça às liberdades civis 17 . O contraterrorismo estadunidense no modelo atual foi construído com base na ideia de infinitas possibilidades, o que torna impossível saber ao certo onde, quando, por que e até mesmo como se darão esses ataques. Na prática, isso significa que quando a Agencia de Segurança Nacional ou a CIA agem, é impossível saber precisamente se aquilo era uma ameaça terrorista que foi eliminada, ou até mesmo se as possíveis ameaças foram neutralizadas ou diminuídas. Dessa forma, não há como avaliar empiricamente que tais ações podem ser justificadas. (JACKSON, 2014). Sendo assim, em sua política de segurança nacional do presidente Obama foi de continuidade daquela adotada pelo presidente Bush, com poucos momentos de divergência, mas nenhuma ruptura significativa. Isso por que o medo de que um novo 11 de setembro ocorra novamente ainda é muito forte e não permite que o presidente seja imprudente quanto as questões de segurança. Dessa maneira, ameaça terrorista é justificativa para muitas definições constitucionalmente questionáveis, mas que ainda assim são aprovadas, inclusive popularmente, para garantir a segurança do país. Enquanto isso, as liberdades civis dos cidadãos e o direito internacional continuam a ser violados. 17 A pesquisa foi realizada pelo Pew Research Center para o People & the Press e os entrevistados foram ouvidos entre 10 e 13 de fevereiro de 2011. Foram ouvidos mil adultos. Disponível em: http://www.pewresearch.org/2011/02/15/public-remains-divided-over-the-patriot-act/ 14 Referências bibliográficas ALVES PEREIRA, Antônio Celso. Direitos Humanos e terrorismo. In: SACRAMENTO, Daniel; GALDINO, Flávio (orgs). Direitos Fundamentais: estudos em homenagem ao Professor Ricardo Lobo Torres. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Tradução: DENTZIEN, Plínio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003. CASSEL, Elaine. 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