Buscar

7 Apostila - A Prática da Intervenção Humanitária no Pós-Guerra Fria

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

- -1
SEGURANÇA INTERNACIONAL
A PRÁTICA DA INTERVENÇÃO 
HUMANITÁRIA NO PÓS-GUERRA FRIA
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de: 1. 2. Conceituar intervenção humanitária. Identificar o crescimento da
prática de intervenção humanitária no Pós-Guerra Fria. 3. Analisar a Agenda da Paz. 4. Avaliar a tentativa de
fortalecimento da capacidade da ONU no campo da manutenção da paz e da segurança internacionais. 5.
Identificar os casos de intervenções humanitárias. 6. Analisar a participação do Brasil em missões de paz.
Nesta aula, trataremos do crescimento da prática de intervenção humanitária no Pós-Guerra Fria. Estudaremos a
Agenda da Paz e a tentativa de fortalecimento da capacidade da ONU no campo da manutenção da paz e da
segurança internacionais. Para exemplificar, veremos estudos de casos de intervenções humanitárias. Em
particular, será analisada a participação do Brasil em missões de paz.
Até esta aula, estivemos mais preocupados em mostrar como a questão da segurança internacional evoluiu na
medida em que o sistema internacional se transformava. Nesta aula, nosso foco é um dos instrumentos mais
importantes e controversos do sistema de segurança coletiva no pós-Guerra Fria: a intervenção humanitária.
Nos interessa aqui as intervenções humanitárias entre o fim das justificativas de guerras motivadas por
alinhamentos estratégico-ideológicos e a preocupação com o combate ao terrorismo e à guerra preventiva
instaurada depois dos ataques às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001.
A década de 1990 proporcionou um campo de estudo em que, além das intervenções ocorridas sob a justificativa
humanitária demonstrarem o interesse político nas ações militares ocorridas (em tese ligados à proteção dos
direitos humanos), também levantaram uma série de questionamentos morais sobre a universalidade desses
direitos e colocaram à prova a capacidade e a legitimidade do órgão criado para a defesa da paz e do bem-estar
dos povos do mundo, a ONU.
2 Fim do sistema bipolar
Durante a Guerra Fria, em geral, a natureza dos conflitos tanto inter como intra-estatais era ideológica e a ação
da ONU acabou sendo limitada pelo congelamento do seu O fim do sistema bipolar,Conselho de Segurança.
entretanto, não só abriu caminho para que a ONU pudesse promover a paz, como também desencadeia uma série
de novos conflitos. O desmembramento da URSS e a progressiva abertura econômica das ex-repúblicas soviéticas
e de seus satélites fazem emergir conflitos de fundo nacionalistas, étnicos e religiosos.
- -3
2.1 ONU
A Carta das Nações Unidas já previa operações de paz e algumas foram efetivamente implementadas durante a
Guerra Fria, em geral, em conflitos interestatais.
A novidade no pós-Guerra Fria, portanto, residia na natureza dos conflitos. A maioria era intraestatal. ressurge,
então, a controvérsia sobre a legalidade da intervenção em um Estado soberano. Como justificar a violação tanto
do direito a autodeterminação quanto do princípio de não-intervenção. Afinal, o princípio da autodeterminação
dos povos foi o argumento central defendido na ONU para a descolonização de várias nações africanas e asiáticas
na segunda metade do século XX.
Assim, como explicar que uma nação que se tornou independente graças ao reconhecimento do seu direito de se
autodeterminar, deva aceitar a ingerência externa na resolução de seus problemas/conflitos internos?
Em 1992, o secretário-geral Boutros-Ghali entregou ao Conselho de Segurança da ONU o relatório Uma agenda
para a paz. Esse documento pode ser considerado o evento que assinala uma mudança no sistema de segurança
da ONU, já que introduz um novo conjunto de práticas discursivas e não-discursivas que representavam as
transformações no conceito de soberania no pós-Guerra Fria.
No documento proposto por Boutros-Ghali, os instrumentos para a difusão da democracia foram desenvolvidos
em torno do experimento mais bem-sucedido da ONU durante a Guerra Fria: as operações de manutenção de paz
- PKOs, do inglês Peace Keeping Operations.
Eram instrumentos de atuação internacional para a promoção da paz desde a prevenção até a reconstrução.
Recuperam-se, portanto, os conceitos de diplomacia preventiva e de , dispostos no Capítulo VI dapeace making
Carta das Nações Unidas, incorpora-se a experiência das PKOs e se introduz o conceito de peace bulding.
Saiba mais
O Conselho de Segurança da ONU, criado em 1945, era inerte e, até 1990, incapaz de tomar
qualquer decisão para prevenir conflitos. Ele contava com o consentimento de todas as partes
envolvidas e monitorava acordos de cessar-fogo. A autorização de uma intervenção dependia
de consenso entre os membros permanentes, que, em geral, não apoiavam ações contra seus
satélites.
- -4
3 Direitos humanos
É aqui que se coloca a questão da intervenção humanitária. O documento de Boutros Ghali refletia não só a
emergência de uma ordem liberal democrática, mas também a concepção de direitos humanos que prevaleceu
no debate internacional desde os anos 1990: é dever da “comunidade internacional” intervir para restaurar ou
construir condições para a plena vigência dos direitos humanos.
No pós-Guerra Fria ganha força na ONU o entendimento de que "o sofrimento humano em larga escala
representa uma ameaça à paz e à segurança internacionais". Contudo, permanecia a dúvida sobre “quando – se é
que alguma vez o foi – é adequado que os países, individual ou coletivamente, exerçam ação coercitiva, e em
particular ação militar, contra outro país – não com o fim de autodefesa, nem para evitar uma ameaça maior à
paz e à segurança internacional, como é tradicionalmente entendida, mas com o objetivo de proteger pessoas em
risco dentro desse país?” (Relatório do International Commission on Intervention and State Sovereignty.
Toronto: IDRC books, 2002.).
Assim, os direitos humanos passaram a ser vinculados à Essa lógica está presente nassegurança coletiva.
resoluções da ONU que autorizam o uso da força, pois todas relacionam questões de direitos humanos a ameaças
à segurança e à paz internacionais. Em outras palavras, os direitos humanos se tornam um tipo de referencial
 a que Estados recorrem, para legitimar suas ações.ético
3.1 Direitos humanos X intervenção
Apesar da importância das questões humanitárias nas intervenções internacionais, é difícil sustentar que elas
sejam a causa principal das ações. Pelo contrário, a maioria das intervenções tem oscilado entre a proteção dos
direitos humanos e a nacionais, particularmente das grandes potências.satisfação de interesses
Saiba mais
Os direitos humanos são considerados valores compartilhados para os quais a comunidade
internacional estaria disposta a cooperar com o objetivo de protegê-los. Adquiriram
importância quando fica nítido para a sociedade internacional que estes direitos não
pertencem exclusivamente à jurisdição interna de um Estado, ao contrário, estão além das
fronteiras territoriais, uma vez que se trata de direitos que devem ser protegidos e
assegurados por todos os países do mundo.
- -5
O argumento humanitário existe, mas ele se justapõe a outros, de caráter político, econômico e estratégico. Entre
os fatores que levam à intervenção, os mais importantes seriam os impactos internacionais, regionais, políticos,
econômicos e sociais que as guerras civis ou localizadas acarretam.
O tema acaba sendo controvertido tanto quando as intervenções humanitárias acontecem como quando deixam
de ocorrer. Os casos mais emblemáticos são a ação militar empreendida pela OTAN nos Bálcãs em 1999
(exemplo de ação/intervenção) e o genocídio ocorrido em Ruanda em 1994 (exemplo de inação/não-
intervenção).
Embora seja difícil identificar em que medida a violação dos direitos humanos motiva a intervenção, pode-se
dizer que apenas um número elevado de vítimas foi capaz de desencadear ações humanitárias. Foi o que ocorreu
com as intervenções da Economic Community of Western African States – na Libéria e em Serra Leoa eECOWAS 
das Nações Unidas noTimor Leste, além das já mencionadas ações da OTAN na Bósnia-Herzegovina e no Kosovo.
No entanto, apesar do conhecimento do Secretariado das Nações Unidas (SNU) e de membros de seu Conselho de
Segurança (CS) da iminência do homicídio em massa que caracterizou o conflito étnico entre tutsis e hutus em
Ruanda, a comunidade internacional tardou muito a se mobilizar. Do mesmo modo, não houve intervenção na
 apenas a partir de 9 de julho de 2011 foi criada a UNMISS. Portanto, fica claro que aNigéria e no Sudão
violência é uma variável importante, mas seu peso é considerado determinante nas intervenções apenas quando
associada a interesses de poder e aos impactos internacionais e regionais que pode provocar.
A Guerra Civil da Nigéria, também conhecida como Guerra do Biafra (1967 a 1970), foi um conflito étnico
causado pela tentativa de separação das províncias ao Sudeste da Nigéria, que se autoproclamaram República do
Biafra. O bloqueio à província rebelde levou a escassez de alimentos e, em pouco tempo, a fome em grande
escala. Pela primeira vez, imagens de pessoas literalmente morrendo de fome chegaram ao vivo no Ocidente. O
choque que causam leva à criação de movimentos, muitos articulados pela Igreja, tanto católica como
Saiba mais
A Organization of African Unity - OAU criou um eficiente mecanismo de prevenção de conflitos
que foi copiado mais tarde pela Southern African Development Community – SADC, e também
pela Economic Community of Western African States – ECOWAS e outras organizações
regionais que se organizaram com base na ideia principal da OAU.
- -6
protestante, para o envio de alimentos. Foi a primeira vez que a exibição das imagens de uma catástrofe humana
pela televisão gerarou resposta popular, obrigando várias instituições e governos a intervir por pressão da
opinião pública.
4 Missões de paz
O que se pode afirmar com segurança é que, com o fim da Guerra Fria, as Missões de Paz se expandiram por todo
o mundo. No entanto, tudo indica que as dificuldades experimentadas na Somália em 1993 provocaram uma
reavaliação da eficácia das operações de paz em larga escala e a opção por missões menores e mais
especializadas de monitoração. Entre 1989 e 1993, dez Missões foram autorizadas pelas Nações Unidas para
atuarem por toda a África. Nos cinco anos seguintes, somente cinco foram instaladas.
As operações de paz representam uma tentativa de resolver, ou mesmo amenizar, as consequências
humanitárias dos conflitos internacionais. É considerado o primeiro passo em direção à intervenção
humanitária, até porque em sua trajetória, o uso da força foi sofrendo ampliações.
4.1 Intervenção humanitária
Entre os anos de 1991 e 2000 foram diversas as ações militares que utilizaram a motivação humanitária como
justificativa para sua legitimação, reaquecendo o debate político, jurídico e estratégico dessas operações. As
Nações Unidas, ao mesmo tempo como palco e protagonista dessa discussão, tanto agiu como também se
mostrou omissa em diversas oportunidades em que crises humanitárias hora chamaram a atenção da
comunidade internacional, hora foram ignoradas.
Cabe aqui uma definição formal do que se entende por intervenção humanitária. O conceito de intervenção
humanitária já foi definido de várias formas e não há uma definição expressa nos documentos de direito
internacional. Em princípio, como já discutido anteriormente, a intervenção nos assuntos internos de outro
Estado é uma violação do direito internacional. Porém, a intervenção humanitária passa a ser uma ação legítima
da sociedade internacional quando o Estado trata a sua população de forma brutal e há extremo sofrimento
humano. Quando a obrigação de proteger seus cidadãos é negligenciada, o direito a autonomia soberana pode
ser negado por uma decisão coletiva.
A intervenção humanitária envolve uma situação em que principalmente os aspectos humanitários motivam a
decisão. Os elementos que a diferem da assistência humanitária são a falta de consentimento do governo e o uso
ou a permissão do uso da força.
- -7
A intervenção humanitária é aceita como prática legítima através da aplicação do Capítulo VII da Carta com o
objetivo de solucionar crises humanitárias dentro de um país. Para ser considerada ação resultante da
associação entre direitos humanos e segurança internacional, a resolução que autoriza a intervenção deve fazer
menção ao Capítulo VII, declarando a situação humanitária uma ameaça à paz internacional.
As operações humanitárias fundamentam-se nos artigos 55 e 56 da Carta das Nações Unidas, ambos referentes à
cooperação entre os Estados assim como se fundamentam no direito consuetudinário que surgiu nas Resoluções
da Assembleia Geral 43/131 (que garante o direito de livre acesso às vítimas de catástrofes e a obrigação dos
Estados em facilitar a chegada da assistência humanitária. Contudo, tal resolução se preocupou em reafirmar a
soberania dos Estados e o seu papel de principal auxiliador dos desamparados, tendo as organizações não
governamentais e intergovernamentais um papel, a priori, secundário) e 45/100 (que possibilita a criação dos
corredores de emergência onde os Estados possuem o dever de facilitar o fluxo de distribuição de alimentos e
ajuda médica às vítimas).
5 Intervenção humanitária X Intervenção
Assistência humanitária
A assistência humanitária tenta assistir os não combatentes atingidos pelo conflito com distribuição de
alimentos, medicamentos (distribuídos por organizações não governamentais, pela Cruz Vermelha), e
protegendo seus direitos fundamentais. Para este tipo de operação (peace keeping) funcionar, as partes
envolvidas no conflito têm que estar dispostas a cooperar, o governo precisa desejar a intervenção, e deve haver
um estado de paz para ser mantido.
Em ambos os casos, assistência ou intervenção, é necessária a autorização do Conselho de Segurança.
Intervenção
Quando o objetivo principal das operações é tentar desarmar a população e impor a paz (peace enforcement),
adotando embargos de armas ou embargos econômicos, por exemplo, ou mesmo usando a força para fazer
cessar as hostilidades, estamos lidando com uma intervenção). Trata-se de uma conjunção de atividades política,
militar e humanitária. Em ambos os casos, assistência ou intervenção, é necessária a autorização do Conselho de
Segurança.
Em ambos os casos, assistência ou intervenção, é necessária a autorização do Conselho de Segurança.
- -8
5.1 Intervenção humanitária
A não colaboração do Estado prejudica a segurança dos que se dispõem a prestar essa ajuda, fazendo com que
essas modalidades de intervenção não sejam suficientes para garantir um ambiente seguro. Quando o modelo
acima referido falha, evolui-se para a permissão da utilização de tropas militares, que vão fazer valer o teor do
mandato para garantir a assistência humanitária coercitivamente. Essas forças armadas ficam sob o comando de
um país legitimado pela ONU.
Há uma reunião de três fatores que caracterizam uma intervenção:
“o objeto da ação tem que ser um Estado soberano, que se opõe à ingerência externa e a intervenção deve
representar um esforço de influenciar sua conduta doméstica, ocupando-se de tarefas em relação às quais o
Estado teria titularidade.”.
O principal objetivo desse tipo de ação deve ser a proteção de aspectos humanitários.
A diferença para a ação promovida pelas organizações não governamentais e operações de é apeace keeping
permissão do uso da força e não é necessário o consentimento do Estado onde ela vai ocorrer.
Há quem como Simone Martins Rodrigues critique o papel das intervenções da ONU, que vêm violando a
neutralidade e imparcialidade, princípios sobre os quais a ONU foi criada, passando de um modelo de “
” para “ ”.peacekeeping peace enforcement
Muitos autores chegam a classificar essas ações como uma forma de neocolonialismo.
Os exemplos vistos até agora comprovam que o tipo de intervenção coercitiva pode não funcionar e ainda
agravar a situação.
Somália e Serra Leoa sãoconflitos que ainda persistem.
A escolha da estratégia de prevenção ou contenção de conflitos internacionais deve ser muito bem planejada de
modo a não piorar as rivalidades étnicas já existentes no local e não anular a legitimidade das forças
internacionais.
Outros problemas apontados pelos críticos das intervenções humanitárias são: a seletividade política (intervir
em alguns conflitos, outros não), a corrupção das tropas da ONU, a dificuldade de situar-se em meio a conflitos
entre grupos e tribos diferenciados, como foi na Somália, e ainda, o interesse econômico de certos Estados.
- -9
6 Brasil
O Brasil tem mantido ativa participação na busca de soluções pacíficas e negociadas aos conflitos e litígios
internacionais. Para tanto, estipulou como princípio constitucional o que já havia adotado como prática de sua
atuação externa: a contribuição para a solução pacífica dos conflitos internacionais.
Além das iniciativas diplomáticas bilaterais, a atuação brasileira também se desenvolveu no âmbito das
organizações internacionais. A solução de conflitos de alto custo humano e material depende da implementação
das decisões adotadas. Trata-se da transformação de uma vontade coletiva do plano das intenções para a
realidade.
Apesar de ter deixado a Liga das Nações em 1926, o Brasil participou ativamente, na primeira metade da década
de 1930, dos esforços de mediação no conflito que opôs Colômbia e Peru na região do Além trapézio de Letícia.
de inaugurar o que se transformou numa tradição da diplomacia brasileira, ou seja, a participação nas missões
de paz, o conflito de Letícia permitiu que o Brasil anunciasse o princípio basilar a orientar sua atuação - uma
atitude de perfeita imparcialidade no litígio.
Na Organização das Nações Unidas para os Bálcãs (UNSCOB) criada pela Resolução 109 (II) da Assembléia-Geral
das Nações Unidas. Tratava-se de evitar a intervenção da Albânia, Bulgária e Iugoslávia na guerra civil grega. A
Saiba mais
Entre os princípios que regem à atuação brasileira no sistema internacional, segundo a
Sratituição Federal de 1988, estão “a defesa da paz, a solução pacífica de conflitos e a
cooperação entre Os povos para o progresso da Humanidade” (CF - artigo 4).
Saiba mais
Trapézio de Letícia: Território disputado no coração da Amazônia e contíguo ao Brasil. As
mediações tiveram alcance regional e universal, que concederam ganho de causa a Colômbia.
Para implementar a decisão foi criada, sob os auspícios da SDN, uma Comissão Administrativa
que encarregou-se, entre junho de 1933 e maio de 1934, da administração do território.
- -10
UNSCOB encarregou-se do monitoramento fronteiriço e da assistência aos refugiados. No entanto, foi durante
períodos mais recentes que a participação brasileira ganhou destaque.
De 1957 a 1967, o país participou em seis missões das Nações Unidas, especialmente no Sinai e na Faixa de Gaza
. Após 1989 o país diversificou e incrementou sua participação contribuindo em vinte missões de paz das Nações
Unidas, com destaque a que se desenrola atualmente no Haiti.
Saiba mais
Livros: HERZ, Mônica, s: história e práticas. Mônica Herz, AndreaOrganizações Internacionai
Ribeiro Hoffman. -– Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Cap. 3 – Segurança Coletiva. NASSER,
Reginaldo Mattar (org.) es. – São Paulo:Os conflitos internacionais em múltiplas dimensõ
Editora UNESP: Programa San Tiago Dantas de Pós-Graduação, 2009. Parte 2 – Direitos
Humanos e Segurança Internacional; Parte 6 – Missões de paz em Estados frágeis: elementos
para se refletir sobre a presença do Brasil no Haiti. UNIC Rio de Janeiro. A legalidade jurídica
 da intervenção humanitária internacional. Análise jurídica da intervenção humanitária.
Para saber mais, assista também aos filmes:
Falcão Negro em Perigo
Título Original: Black Hawk Down. EUA. 2001. Ação, Drama, Histórico, Guerra. Duração: 144
minutos. Sony Pictures
Direção: Ridley Scott. http://www.spe.sony.com/movies/blackhawkdown/
Sinopse: Em outubro de 1993, os Estados Unidos enviaram um contingente de soldados para a
Somália, que estava em guerra civil. O plano era enviar tropas para o local a fim de
desestabilizar o governo somali para poder levar comida e ajuda humanitária para a população
faminta. Em uma das missões, cerca de 100 soldados são enviados para capturar dois generais
somalis, mas a operação, que deveria durar em torno de uma hora, passa por complicações
quando dois helicópteros Black Hawk são abatidos por atiradores do exército local. A partir de
então, tem início um grande conflito entre os soldados americanos e o exército local, que
resulta em uma batalha de 15 horas e centenas de mortes.
Hotel Ruanda
Hotel Ruanda. 2004 (Itália, África do Sul, EUA).
Direção: Terry George.
Atores: Don Cheadle, Desmond Dube, Hakeem Kae-Kazim, Tony Kgoroge. Duração: 121 min.
Gênero: Drama
Sinopse: Em 1994 um conflito político em Ruanda levou à morte de quase um milhão de
pessoas em apenas cem dias. Sem apoio dos demais países, os ruandenses tiveram que buscar
saídas em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma delas foi oferecida por Paul
Rusesabagina (Don Cheadle), que era gerente do hotel Milles Collines, localizado na capital do
país. Contando apenas com sua coragem, Paul abrigou no hotel mais de 1.200 pessoas durante
o conflito.
http://unicrio.org.br/
http://jus.com.br/revista/texto/8861/analise-juridica-de-intervencao-humanitaria-internacional
http://jus.com.br/revista/texto/8861/analise-juridica-de-intervencao-humanitaria-internacional
http://jus.com.br/revista/texto/8861/analise-juridica-de-intervencao-humanitaria-internacional/2
- -11
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, conheceremos: • Perspectiva civilizacional de Samuel Huntington; • Fontes alternativas de
identidade; • Deslocamento parcial do Estado; • Perspectivas civilizacionais, religiosas, étnicas e ecológicas; •
Exacerbações da perspectiva cultural; • Teoria do Choque de Civilizações; • Visão pós-moderna de desintegração
multicultural.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Conceituou a intervenção humanitária.
• Identificou o crescimento da prática de intervenção humanitária no Pós- Guerra Fria.
• Analisou a Agenda da Paz.
• Avaliou a tentativa de fortalecimento da capacidade da ONU no campo da manutenção da paz e da 
segurança internacionais.
• Identificou os casos de intervenções humanitárias.
• Analisou a participação do Brasil em missões de paz.
•
•
•
•
•
•
	Olá!
	
	2 Fim do sistema bipolar
	2.1 ONU
	3 Direitos humanos
	3.1 Direitos humanos X intervenção
	4 Missões de paz
	4.1 Intervenção humanitária
	5 Intervenção humanitária X Intervenção
	5.1 Intervenção humanitária
	6 Brasil
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

Outros materiais