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8 Apostila - O fim da Guerra Fria e as novas ameaças

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SEGURANÇA INTERNACIONAL
O FIM DA GUERRA FRIA E AS NOVAS 
AMEAÇAS
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Identificar as transformações no Pós-Guerra Fria que levam a transformações de identidades no âmbito do
Estado.
2. Definir a importância que fontes alternativas de identidade – religiosa, étnica e ecológica – ganham no quadro
teórico das relações internacionais no Pós-Guerra Fria.
3. Conceituar a perspectiva Civilizacional de Samuel Huntington.
4. Avaliar criticamente a Teoria do Choque de Civilizações.
Nesta aula será apresentada a perspectiva civilizacional de Samuel Huntington que destaca fontes alternativas de
identidade que re-emergem a partir do deslocamento parcial do Estado.
Veremos que as perspectivas civilizacionais, religiosas, étnicas e ecológicas ganharam importância nas
exacerbações da perspectiva cultural, como a Teoria do Choque de Civilizações, de Samuel Huntington, e a visão
pós-moderna de desintegração multicultural.
Já foi mencionado anteriormente que o fim da Guerra Fria transformou as relações no sistema Internacional, em
particular, que a segurança dos Estados deixa de ser definida em termos de lealdades ideológicas. Nesta aula,
pretendemos mostrar que a nova ordem emergente nos anos 1990 é caracterizada por outras identidades antes
eclipsadas.
Estados antes dominados ou influenciados por uma ou outra superpotência enfrentaram processos internos de
re-afirmação dos seus nacionalismos em meio aos quais elementos culturais foram valorizados no resgate de
identidades.
A afirmação ou repressão de determinadas características identitárias das culturas passa por uma escolha
política. Esses processos de identificação têm Assim, não surpreende que,redefinido as identidades nacionais.
em muitos casos, esse resgate tenha sido exacerbado, conduzindo a radicalização, como o fundamentalismo
religioso ou a discriminação racial.
No campo teórico das Relações Internacionais, o significativo aumento de conflitos internos de motivação
religiosa ou étnica levou muitos teóricos a também valorizarem as questões culturais na explicação dos
problemas de segurança no sistema internacional.
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O conceito de " ", por exemplo, evoluiu do discurso neocolonial baseado na tônica dachoque de civilizações
supremacia branca, para a descrição de uma confrontação mundial de natureza cultural. Esta nova abordagem,
atribuída a Samuel Huntington, ofereceu aos norte-americanos a justificativa para uma nova estratégia
internacional. Afinal, a URSS havia se desmantelado e os Estados socialistas gradualmente se convertido à
economia de mercado.
2 Perspectiva Civilizacional de Samuel Huntington
O conceito de civilização é uma ideia recente que se firma no séc. XIX. Antes, ser “civilizado” significava, apenas,
viver sob a lei civil ou pelo Código Romano. Somente no final do século XVIII, é utilizado para diferenciar aqueles
que tinham uma vida refinada daqueles considerados bárbaros. Hoje em dia, “civilização é o último estágio de
cultura, isto é, não só a totalidade da cultura, mas, igualmente, o grau de adiantamento da vida de um povo e o
controle exercido por este sobre o meio ambiente”. Note que esta definição abrange “graus de adiantamento” e
“controle sobre o meio ambiente”, questões básicas na problemática do “choque das civilizações.”
Já sabemos então o que se quer dizer com civilização e como este conceito está relacionado com a ideia de
respeito às leis, bom governo e refinamento, no sentido não só intelectual (fruição das artes, estética, filosofia),
mas também no trato civil, isto é, no tratamento das pessoas entre si e, neste contexto, no tratamento que
dispensam dentro do jogo político e das relações de poder.
A teoria proposta por Huntington, portanto, nos conduz a um novo tipo de ”, em que o“guerra ideológica
embate do “mundo ocidental” contra o “comunismo” é substituído por outro tipo de confrontação. Os Estados
Saiba mais
A expressão “Choque de civilizações” surgiu pela primeira vez em 1990, num artigo do
especialista em Oriente Médio, Bernard Lewis, intitulado "As raízes da raiva muçulmana", no
qual estabelecia a ideia de que o Islã não tem nada de bom e que a amargura que isso causa
entre os muçulmanos transforma-se em raiva contra o Ocidente. Britânico, naturalizado norte-
americano, tornou-se professor em Princeton e conselheiro de Zbigniew Brzezinski,
conselheiro de Segurança Nacional da administração Carter. Em conjunto, conceberam a base
teórica do "arco de instabilidade" e planejaram a desestabilização do governo comunista do
Afeganistão.
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Unidos, por meio deste ideólogo, elege a questão das civilizações, de sua multiplicidade e de suas diferenças
como centro do debate sobre segurança internacional. A guerra agora se caracteriza pelo choque de valores que
prevalecem em cada tipo de civilização.
3 Nova ideologia
O que chama a atenção na nova “ideologia” desenvolvida por Huntington é que sua classificação das civilizações
cria uma nova polarização entre o Ocidente e o Oriente. O adversário, portanto, não se apresentou. Pelo
contrário, foi criado a partir de uma classificação que se lhe é imposta. Nesse sentido, o conflito deixa de ser algo
apenas físico, ou seja, o ataque militar ou a intervenção por forças de paz, etc. A guerra que Huntington declara
com sua ideologia corresponde à “Guerra Política”.
Outro aspecto curioso da teoria de Huntington é a classificação da América Latina e consquentemente do Brasil,
como uma subcivilização, um ramo da civilização Ocidental, talvez não tão civilizado. Trata-se de uma nova
clivagem, uma forma de diferenciar o Brasil e nossos vizinhos latino-americanos dos americanos e europeus a
partir de um caráter geopolítico. A diferenciação, porém, traz implícita a ideia de “novos bárbaros” ou “bárbaros
do sul”. Nos retirar da Civilização Ocidental é nos rebaixar ou, pela política cultural do distanciamento, nos
declarar “outros”, “estranhos”, “diferentes” e, portanto, objeto de um tratamento também diferenciado, em
termos de geopolítica e de leis do poder.
4 Civilizações
Como base de seu argumento, Huntington traçou uma espécie de DNA do mundo como ele o entende, dividindo-
o em oito civilizações, que ele define da seguinte forma:
• A Sínica – ou “confuciana”, tem seu Estado-Núcleo na China, mas é mais do que a China ou o 
Confucionismo, pois abrange, pelo menos as comunidades chinesas no sudeste asiático, as Coreias, 
Cingapura, Taiwan e, marginalmente, o Vietnã (também inclui outras religiões, além do confucionismo.
• A nipônica – Huntington entende que o Japão emergiu da civilização chinesa por volta do ano 400 a C., 
Saiba mais
Ideologia é um pensamento teórico fechado sobre seus próprios princípios abstratos e
tendendo ao dogmatismo, sendo o dogma o ponto central e imutável de uma doutrina e sendo
a doutrina um ensinamento, tido como certo, melhor ou o mais perfeito.
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• A nipônica – Huntington entende que o Japão emergiu da civilização chinesa por volta do ano 400 a C., 
tornando-se uma distinta em cerca de 100 a C. É uma civilização derivada, mas autônoma.
• A Hindu - o termo “Hindu”, segundo Huntington, também descola o nome da civilização do nome de seu 
Estado-Núcleo, a Índia, já que essa cultura se estende para além do mesmo, abrangendo, por exemplo, o 
Camboja.
• A Islâmica - Com origem na Península Arábica no século VII dc., o Islã se espalhou pelo norte da África, 
pela Ásia Central e pelo sudeste asiático (Malásia e Indonésia), abrangendo culturas distintas, como a 
árabe, turca, persa ou malaia.
• A Ortodoxa - Embora o comunismo tenha deixado de existir, a diferença entre o Ocidente e a Rússia foi 
mantida na análise de Huntington no nível ideológico-religioso, já que a existência do Cristianismo 
Ortodoxo, tendo como Estado-Núcleo a Rússia representa algo distinto do Cristianismo Católico ou 
Protestante (e, portanto, Ocidental). Huntington, como outros, faz a diferenciação traçando a origem da 
ortodoxia no ImpérioBizantino, que foi o Romano do Oriente, mas depois deixou de ser Romano, para 
passar a uma especificidade toda própria. Diz ainda que a falta de Renascimento, Iluminismo e a 
exposição, durante séculos ao domínio Tártaro, forjaram, na Rússia, uma realidade muito distinta da 
Ocidental.
• A Ocidental – a civilização Ocidental tem origem no Império Romano, mas toma forma por volta dos 
anos 700 ou 800 d C. e representa a Civilização Europeia. É a única que é indicada por uma direção 
geográfica e não pelo nome de um povo ou de uma religião ou, ainda, por uma área geográfica em 
particular. Para o autor a Civilização Ocidental compreende a Europa, o Canadá, os Estados Unidos, a 
Austrália e a Nova Zelândia.
• A Latino-americana – a América Latina poderia ser considerada ou uma sub-civilização dentro da 
civilização Ocidental ou uma civilização separada, afiliada ao Ocidente e dividida quanto a seu lugar.
• A Africana - Huntington reconhece a África como uma possível civilização emergente, pelo menos na 
região subsahariana (já que o norte da África pertence à Civilização Muçulmana) e diz que o seu estado-
núcleo é a África do Sul.
Há muitos pontos nebulosos ou que não são abordados por Huntington tais como a questão do por que os judeus
estão na civilização Ocidental (não seriam uma civilização?) ou a especificidade do Ocidente, que segundo ele é a
única civilização que tem interesses substanciais em todas as outras civilizações ou regiões e tem, ainda, a
capacidade de afetar a política, a economia e a segurança de todas as outras civilizações ou regiões do planeta.
Além disso, Huntington enumera aspectos distintos do Ocidente, que lhe permitiram influir sobre todo o planeta:
legado clássico, Cristianismo, os Idiomas, os conflitos Igreja- estado, pluralismo social, Império da lei,
Organizações, Individualismo.
5 Choque entre civilizações
A questão nevrálgica da Teoria de Huntington, no entanto, reside nos motivos que Huntington oferece para
explicar por que prevê “choques entre as civilizações” no contexto de uma reordenação do Poder Mundial.
Huntington afirma que as outras civilizações desejam atingir o “status” da civilização ocidental, isto é,
ambicionam suas invenções tecnológicas, sua ciência e o poder e a riqueza que isto proporciona.
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Ocorre, porém, que para adquirir a ciência e a tecnologia moderna seria necessário absorver processos de
raciocínio inerentes as mesmas, assim como às instituições políticas. Em outras palavras, as outras civilizações
deveriam, segundo Huntington, se ocidentalizar – me pergunto se ele não queria dizer se americanizar...
Toda essa teoria traz embutida uma crítica ao Islamismo, que também afeta a nós latino-americanos. O
“antiamericanismo” é entendido por Huntington como uma disposição político-filosófica contra a modernização.
Assim, seguindo esta lógica, qualquer cultura que se oponha ao Ocidente, em particular aos EUA, estará se
opondo à modernidade.
A classificação da América Latina como subcivilização, nos posiciona numa escala inferior e, portanto, passível de
dominação pelo “superior”. Mesmo se fôssemos tratados como uma civilização diversa, diferente, em vez de
subcivilização, ainda assim, estaríamos sujeitos a tratamento diferenciado. O que Huntington fez foi, portanto,
vencido o conflito contra o comunismo, nos tirar da posição de aliados e parte do “Ocidente Cristão” e nos
colocar à parte.
Que importância essas ideias têm ou tiveram? Elas foram absorvidas e utilizadas pela elite econômica, militar,
intelectual norte-americana, europeia, japonesa, enfim, mundial para moldar a ordem mundial pós-Guerra Fria.
Constituiu um novo paradigma para o exame da política mundial que passa a ter significado para os estudiosos e
é útil para os formuladores de política externa.
A teoria de Huntington contrasta com a de Francis Fukuyama que em seu livro "O Fim da História e o Último
Homem" defende que a história atinge seu ápice com a supremacia do Ocidente.
A própria lógica da segurança internacional foi atrelada à ideia de “guerras de linhas de fratura”, isto é, guerras
locais, entre grupos locais, mas com conexões mais amplas e, portanto, relacionadas a identidades
civilizacionais.
Por exemplo: os alinhamentos observados na Iugoslávia são apontados por Huntington como exemplo das linhas
de fratura, já que de um lado, os Croatas, ligados aos alemães, foram auxiliados pelas paróquias católicas, com
voluntários, dinheiro e armas, que eram contrabandeadas sob os auspícios da Opus Dei. Enquanto, do lado dos
bósnios, islamizados, a Liga Árabe, a Guarda Republicana do Irã, turcos e outros muçulmanos, entregaram
dinheiro, armas, além de treinamento no mundo árabe e contingentes militares que foram aceitos pela ONU.
Com a globalização hoje podemos encontrar hindus, confucionistas, ortodoxos, etc. em praticamente todos os
países do mundo. De fato, embora as concentrações geográficas sejam evidentes, as civilizações são maiores e
mais complicadas do que isso. Estão espalhadas pelo mundo todo de maneira ideológica e histórica e não
respeitando muito fronteiras nacionais.
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Segundo Huntington, as forças armadas croatas receberam auxílio da Europa Ocidental e dos países católicos da
Europa Oriental, para lutar numa cruzada cristã contra o comunismo sérvio e contra o fundamentalismo
islâmico.
Ao mesmo tempo, na Rússia, na Romênia e na Grécia, voluntários, armas e dinheiro foram enviados para a
Iugoslávia, em nome da fraternidade eslava. E por insistência do Irã, a Conferência Islâmica ofereceu 18 mil
homens para as forças de paz das Nações Unidas, na verdade, para proteger seus irmãos em crença, os bósnios.
Entre as forças oferecidas estavam contingentes turcos, o que causou verdadeiro pavor, na Iugoslávia, o que deve
se considerar como natural, já que lutaram séculos exatamente para se livrar da opressão turca.
6 Identidades culturais
Huntington tenta demonstrar que a reorganização da ordem mundial conta com quadros estratégicos mais
complexos. Sua ideia central, em suma é a seguinte: nos conflitos do século XXI a tendência do mundo será se
alinhar por identidades culturais. As civilizações vão entrar em choque entre si. Um elemento de uma civilização,
mesmo que isolado geograficamente de sua civilização, será auxiliado, em caso de ataque, pela sua civilização-
núcleo. A velha guerra ideológica cede lugar a outros arranjos, mais complexos, divididos em dois níveis:
Conflitos no nível local ou micro e Conflitos no nível global ou macro.
No primeiro caso, ele abre, pelo menos, três possibilidades de conflitos de linha de fratura:
• Conflitos entre Estados vizinhos de civilizações diferentes (Índia e Paquistão).
• Conflitos entre grupos de civilizações diferentes dentro de um mesmo Estado (Conflitos na antiga URSS).
• Conflitos entre grupos que estão querendo criar novos Estados com os destroços de um antigo Estado. 
(Conflitos na antiga Yugoslávia).
Já no nível macro, Huntington afirma que os conflitos serão entre “Estados-núcleos”, pertencentes a civilizações
diversas, envolvidas envolvendo questões clássicas de poder, ou seja:
• Influência relativa sobre o andamento dos acontecimentos mundiais, incluindo, poder de decisão ou 
forte influência sobre os organismos internacionais, como o FMI, Banco Mundial, OMC e a própria 
reorganização das Nações Unidas e seu Conselho de Segurança.
• Poder militar relativo, ou seja, conflito em torno da corrida armamentista, não-proliferação de armas de 
destruição em massa (atômicas, nucleares, químicas, biológicas, genéticas, etc.) e, conflitos sobre as 
decisões de criação de defesas espaciais contra ataques de surpresa por parte de “nações enlouquecidas” 
(guerra nas estrelas e suas versões atualizadas).
• Poder econômico e bem-estar, isto é, disputas sobre comércio internacional, investimentos, capital 
estrangeiro e questões correlatas, tais como práticas protecionistas, subsídios, disponibilidades e fluxos 
de capitais.
• Pessoas, o queenvolve conflitos em torno dos esforços de um Estado de uma Civilização para proteger 
as pessoas afins em outras civilizações ou para excluir de seu território pessoas de outras civilizações. A 
simpatia Ocidental pela luta de mulheres ocidentalizadas e educadas, na Argélia, Afeganistão, Irã, etc, é 
ponto de atrito permanente com as civilizações “Sínica” e “Islâmica”.
• Valores e cultura dizem respeito aos conflitos que surgem quando um Estado tenta promover ou impor 
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• Valores e cultura dizem respeito aos conflitos que surgem quando um Estado tenta promover ou impor 
seus valores às outras civilizações, incluindo a “cultura popular”, seja pela música, televisão, cinema, etc.
• A questão territorial ocorre quando Estados-núcleos se tornam participantes da linha de frente em 
conflitos de fratura.
• Cooptação – Huntington fala da questão da competição entre as Civilizações e diz que “os Estados-
núcleos tentarão congregar suas legiões civilizacionais, fazer alianças com Estados de terceiras 
civilizações, e promover a defecção e divisão nas civilizações adversárias e empregar a combinação 
apropriada de ações diplomáticas, políticas, econômicas e clandestinas, bem como instigação por 
propaganda e forma de coerção, para atingir seus objetivos”.
7 Estratégia americana
Observa-se, claramente, o fraseado ideológico nesta luta, com conotações até de fundo religioso.
Huntington propõe nesse novo paradigma uma luta pela hegemonia mundial durante o século XXI.
Segundo o autor a China não está disposta a aceitar a liderança ou a hegemonia americana no mundo e os
Estados Unidos não estão dispostos a aceitar a liderança ou hegemonia chinesa na Ásia. Durante mais de 200
anos os Estados Unidos tentaram impedir o surgimento de uma potência com predomínio absoluto na Europa ou
mesmo na Ásia Oriental. Para atingir esses objetivos, os Estados Unidos travaram duas guerras mundiais e a
Guerra Fria. A ascensão da China como potência regional dominante na Ásia Oriental poria em risco a estratégia
americana.
Se esta avaliação se provar correta, como o Brasil deveria se posicionar? Acelerar nosso processo de integração
com os vizinhos da América do Sul, reforçar as relações com a União Europeia? Nos aproximarmos do bloco de
China, Índia e Rússia? E o mundo muçulmano?
Muammar al Khadafi, o líder líbio responde: “A nova ordem mundial significa que os judeus e os cristãos
controlarão os muçulmanos, se puderem, e, depois, irão dominar o Confucionismo e outras religiões da Índia, da
China e do Japão. Atualmente, o que os cristãos e os judeus estão dizendo é: nós estávamos decididos a esmagar
o comunismo e, agora o Ocidente tem que esmagar o Islamismo e o Confucionismo. Esperamos ver, agora, uma
confrontação entre a China, que encabeça o campo confucionista e os Estados Unidos, que encabeçam o campo
dos cruzados cristãos. Não temos nenhuma justificativa para não termos preconceito contra os cruzados.
Estamos do lado do Confucionismo e, ao nos aliarmos com ele, lutamos ao seu lado numa única frente
internacional, para eliminarmos nosso adversário mútuo. De modo que nós, como muçulmanos, apoiaremos a
China, na sua luta contra nosso inimigo comum. Fazemos votos pela vitória da China.”
Essa tese recebeu muitas críticas de paradigmas completamente diferentes, tendo como alvos frequentes as suas
implicações, metodologia e mesmo os conceitos básicos. No livro, Huntington baseia-se principalmente em
especulações circunstanciais.
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Estudos empíricos mais rigorosos não demonstraram nenhum aumento particular na frequência dos conflitos
intercivilizacionais no período pós – Guerra fria. Na verdade, as guerras e conflitos regionais aumentaram em
frequência logo após o término da Guerra Fria, mas declinaram lenta e firmemente desde então.
Segundo a crítica, pensar em civilizações como entidades monolíticas e fechadas compromete o modelo do
choque de civilizações e o inutiliza para explicar as movimentações geopolíticas mais importantes da atualidade.
Sem ignorar a importância dos fatores culturais para a formação de identidades, não parece correto aceitar o
determinismo de um enfoque que ignora as complexas relações inter e intra-civilizacionais em um mundo
transformado pelas tecnologias da computação e comunicação e pela reestruturação capitalista que gerou a
globalização.
Também alertam os críticos para o perigo de um paradigma que tenta moldar, utilizando-se de “simplificação”
das complexidades da realidade social, o pensamento sobre a política mundial. Tal pretensão, caracterizada
como ideologia, pode levar a uma visão totalitária do mundo. Pior, pode até caracterizar um racismo implícito
nas duas contraposições principais feitas por Huntington: o Ocidente versus o resto e o mundo islâmico versus
as sociedades não-mulçumanas.
A lógica de Huntington passou por duro teste quando ocorreram os trágicos atentados de 11 de setembro. No
entanto, não explicou a guerra internacional contra o terrorismo iniciada como resposta a esses ataques.
Vejamos o que diz a teoria do Choque de Civilizações: o Ocidente deveria marchar unido contra o Islã
fundamentalista. No entanto, o que assistimos foi uma grande divisão entre os ocidentais quanto à Guerra do
Iraque e mesmo a necessidade de uma ação militar no Afeganistão. Na medida em que as imagens das torres
gêmeas desabando foram se apagando da memória coletiva assim também foi diminuindo a solidariedade aos
norte-americanos. A ponto de 10 anos depois a imagem dos EUA estar mais associada à de agressores do que a
de vítima.
As causas do fundamentalismo radical islâmico são mais bem explicitadas quando olhamos para as disparidades
profundas entre pobres e ricos dentro das sociedades, além das perversas iniquidades do poder político nos
regimes do Oriente Médio. A ascensão da religião é explicada parcialmente pela falta de qualquer outra
alternativa ao regime universal do neoliberalismo.
Para muitos, a preocupação de Huntington é antes com a decadência do Ocidente e com a manutenção do poder
norte-americano em um mundo globalizado e informacional. O irônico é ele usar justamente os conceitos de
democracia e liberdade como armas, sem se importar com as consequências que a disseminação de sua tese traz
para a democracia e a liberdade.
Saiba mais
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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, conheceremos:
• Teoria Pós-Moderna.
• Visão Pós-Moderna da desintegração multicultural.
• Terrorismo Transnacional - “novo terrorismo”.
• Motivações à construção da rede terrorista al Qaeda.
• Atentados de 11 de Setembro.
• “Eixo do mal”.
• Doutrina Bush.
• Guerra Preventiva.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu a importância que fontes alternativas de identidade – religiosas, étnicas e ecológicas – 
ganham no quadro teórico das relações internacionais no Pós- Guerra Fria.
• Identificou as transformações no Pós-Guerra Fria que levam a transformações de identidades no âmbito 
do Estado.
• Conceituou a perspectiva Civilizacional de Samuel Huntington.
• Avaliou criticamente a Teoria do Choque de Civilizações.
PECEQUILO, Cristina Soreanu. s: temas, atores e visões.Introdução às relações internacionai
Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. Cap. 4 – O debate atual e os novos temas das Relações
Internacionais. Civilização Chinesa - História da Civilização Chinesa. Uma crítica à tese do
Choque de Civilizações.
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http://www.historiadomundo.com.br/chinesa/civilizacao-chinesa.htm
http://www.pluricom.com.br/forum/uma-critica-a-tese-do-choque-de-civilizacoes
http://www.pluricom.com.br/forum/uma-critica-a-tese-do-choque-de-civilizacoes
	Olá!
	
	2 Perspectiva Civilizacional de Samuel Huntington
	3 Nova ideologia
	4 Civilizações
	5 Choque entre civilizações
	6 Identidades culturais
	7 Estratégia americana
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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