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A IMPORTÂNCIA DAS FONTES HISTÓRICAS NA SALA DE AULA
Beatriz de Castro França Zumckeller
Flávia Regina Ap. da Luz
Josileide Marques
Juliana Lopes de Farias
Tutor Externo - Cleber Fernando de Assis Xavier
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
História (HID 0583) – Prática do Módulo II
27/10/2017
RESUMO
Assim como em qualquer disciplina educacional, a História tem buscado alguns métodos para chamar a atenção do aluno, levando o mesmo a ter interesse no conteúdo estudado em sala de aula. São através das fontes históricas, levadas ao conhecimento do aluno, que professores têm desenvolvido uma ampla compreensão e reflexão sobre o fato histórico com o suporte de fontes escritas, fotografias, fontes iconográficas e museus. Essas fontes têm proporcionado ao professor melhores discussões com os estudantes sobre as próprias fontes estudadas, de modo que os alunos tomem uma postura crítica sobre os conteúdos abordados. A sede de saber sobre o nosso passado e o de outros povos, vem desde sempre, porém cabe aos professores tentar sempre renovar esse desejo e trazer novos questionamentos. Vemos que há diversos tipos de fontes como a escrita, a fotografia, a pintura, bem como o museu. Apesar de algumas escolas não terem acesso a algumas dessas fontes, ainda é possível trabalhar com a qualidade o processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Fontes Históricas. Ensino-Aprendizagem. Ensino de História.
1 INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem como objetivo mostrar a importância das fontes históricas na sala de aula, indicando algum ponto referente às fontes escritas, iconográficas, fotográficas e museu, para que o professor as transforme num instrumento, a fim de estimular debates. O professor pode e deve usar as fontes como recurso, para ensinar os conteúdos dados em aula, de uma forma mais ampla, não só levando o conhecimento adquirido do livro didático, de modo a refletirem e interpretarem documentos também de outras fontes.
 Procuramos nesse estudo, explicar algumas fontes, destacando as seguintes: fotografias, fontes escritas,a iconografia e o museu, para mostrarmos a importância delas na sala de aula. 
Primeiramente, abordaremos o conceito de fonte histórica, em sequencia veremos a fonte escrita, como exemplo, citamos um importante documento que é rico em detalhes, a saber: um trecho da carta de Pero Vaz de Caminha. Nela se descreve o dia e hora em que avistaram as terras Brasileiras e tiveram o primeiro contato com os índios. Abordamos a fotografia que é cada vez mais utilizada em sala de aula para ampliar possibilidades de produzir estudos detalhados do conteúdo dado. Veremos também a fonte iconográfica e a sua abordagem para enriquecer e problematizar o estudo da fonte. Além dos conceitos já vistos, vamos analisar novos conceitos sobre o fato histórico, vendo até mesmo contradições que uma fonte pode conter, como o exemplo da pintura de Pedro Américo, Independência ou Morte, 1888. Nela foram apontadas alguns erros encontrados na obra que não condiz com o verdadeiro fato histórico. E, por último, veremos o museu como fonte histórica que é muito usado no ambiente escolar, porém nem todos tem acesso, por diversas dificuldades, por exemplo a logística entre o museu e a escola.
2 CONCEITO DE FONTE HISTÓRICA
A busca do homem em saber do seu passado para compreender seu presente, a vontade de conhecer e tentar entender como seus antepassados viviam, bem como seus costumes, trouxe a necessidade de criar um estudo que compreendesse as fontes históricas. Entendemos que elas referem-se ao documento; tudo aquilo que é produzido pelo homem, algo que esta registrado ou o testemunho de algum fato. 
Existem diversas formas de fontes, como as escritas (registros cartoriais, processos criminais, cartas, diários, obras de literatura, jornais, revistas, livros, poemas, e tantos mais), as fotografias, pinturas, filmes, objetos decorativos, vestuário, utensílios em geral, como também os registros orais, que são transmitidos de uma geração para outra, enfim qualquer documento ou imagem que possa fornecer algum conhecimento do passado humano. 
As fontes históricas assumem um papel fundamental na prática do ensino de história, uma vez que são capazes de ajudar o aluno a fazer diferenciações, abstrações que entre outros aspectos é uma dificuldade quando tratamos de crianças e jovens em desenvolvimento cognitivo. No entanto, diversificar as fontes utilizadas em sala de aula tem sido o maior desafio dos professores na atualidade (FONSECA, 2005, p.56).
É através dessas fontes que o professor de História pode levar para a sala de aula uma compreensão melhor do conteúdo dado e, assim, fazer com que o aluno melhor compreenda o fato estudado. Hoje em dia podemos encontrar esses documentos em bibliotecas, videotecas, museus e na internet. 
2.1 FONTE ESCRITA
As fontes escritas são as mais comuns e usadas no estudo de História, porém vale ressaltar que nem todo documento manuscrito, impresso, rabiscado, etc., possui um valor histórico significativo. Durante muitos séculos, os textos escritos foram considerados os únicos documentos legítimos para o historiador recuperar o passado.
A fonte escrita é muito importante também no acompanhamento dos outros tipos de fontes, muitos acreditam que se uma fonte não vier acompanhada de um documento escrito ela não é verdadeira, ou será muito difícil de obter credibilidade. Ressaltamos que a fonte escrita na sala de aula, é de extrema importância, pois pode ajudar a sanar diversas dúvidas dos alunos; eles terão a sensação de estar no local e hora do fato. Há muitas narrativas que traz riqueza de detalhes, como hora, condições do tempo, ano, etc. A carta de pero Vaz de Caminha é um exemplo de uma escrita detalhada de um fato histórico, no caso, o dia e hora que avistaram as terras brasileiras e o encontro com os índios, a saber:
A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de março. Sábado, 14 do dito mês, entre as oito e nove horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grã- Canária, e ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de S. Nicolau, segundo o dito de Pero Escolar, piloto. [...] Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma. Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas (CAMINHA, 1999). 
2.2 FOTOGRAFIA
Sabe-se que a primeira fotografia reconhecida foi feita em 1926 pelo Frances Joseph Nicéphore Niépce, porém como documento histórico foi reconhecido a partir de 1900 com a revolução documental. A partir daí essa técnica começa a ser usada como instrumento de trabalho no meio das artes e no meio docente, porém nem sempre a fotografia e a história andaram juntas, pois esta era fortemente atrelada à ideia de verdade a partir de seus documentos escritos.
No final do século XIX as possuía apenas o valor de ilustração, prova ou testemunho, documento complementar para a construção de narrativas positivistas lineares e evolutivas. Desempenhavam papéis pedagógicos de acentuado caráter narrativo e alegórico, usadas estrategicamente para tornar hegemônicas as representações de identidade nacional vinculadas a interesses de grupos políticos e econômicos. A autenticidade da fotografia exigia sua confirmação em documentos escritos que lastreavam a imagem ou a desqualificava. (PINSKY; LUCA, 2011, p. 37). 
O historiador modernista, Luien Paul Victor Febvre, adverte que a historia pode ser reconstruída quando documentos escritos não existem.
A história faz-se com documentos escritos,sem dúvida. Quando estes existem. Mas pode fazer-se sem documentos escritos, quando não existem. Com tudo o que a habilidade do historiador lhe permite utilizar para fabricar o seu mel, na falta das flores habituais. Logo, com palavras. Signos. Paisagens e telhas. (...) Numa palavra, com tudo o que, pertencendo ao homem, depende do homem, serve o homem, exprime o homem, demonstra a presença, a atividade, os gostos e as maneiras de ser do homem (FEBVRE, 1949 p.428).
A fotografia pode ser considerada como um documento que leva o aluno a ter uma visão maior e que pode divulgar a história às gerações futuras. Através do registro por fotografia é possível resgatar informações de uma cultura ou etnia, descobrindo seus costumes, suas origens, tradições, vestimentas, comportamentos, etc. Nesse sentido, é necessário considerar que a fotografia pode sim ser mais expressiva que alguns documentos. A fotografia pode reavivar sentimentos e até mesmo despertar sentimentos antes vividos. 
FIGURA 1 – FOTOGRAFIA TIRADA POR JULES GERVAIS COURTELLEMONT DE CRIANÇAS FRANCESAS BRINCANDO EM MEIO AOS ESCOMBROS DA CIDADE RHEIMS, 1917.
FONTE: Disponível em: < http://lutahistorica.blogspot.com.br/2014/04/a-grande-guerra-em-cores-fotografia_18.html>. Acesso em 19 de nov. 2017.
Através da foto (Figura 1), o aluno pode verificar, vestimentas e brincadeiras das crianças francesas na época, além da situação em que se encontrava a cidade. Muitos historiadores sugerem que seja feita uma investigação cuidadosa sobre as fotografias, porque acreditam que uma fotografia sem um documento escrito tem a possibilidade de ser um registro falso. 
Enfim, a fotografia na educação é uma mediadora para produzir conhecimentos, mas não por si só, a intervenção do educador no ensino e na leitura da fotografia é essencial. Infelizmente ainda há um despreparo na utilização dessa ferramenta, devido ao pouco conhecimento e preparo dos professores para interpretá-las.
2.3 MUSEU 
O museu também é uma fonte muito usada na escola, além de levar o aluno a uma ampla variedade de fontes, como escritas, fotográficas, fontes materiais-não escritas, etc., o aluno pode ouvir relatos e assistir vídeos. São lugares com muitas informações sobre o modo de vida dos nossos antepassados e de outros povos, além de objetos e cartas que estão ali conservados. Porém, para muitas escolas, o museu não fica tão viável, pois algumas regiões não têm museu perto, dificultando a visita dos alunos. 
A disciplina de História é vista como uma das disciplinas que demorou mais para se interessar pelo museu, pois até o século XIX, foi dominada pela ideia de que as fontes escritas eram as únicas fontes para conhecer o passado, somente no século XX ela foi reconhecido como fonte histórica.. Um exemplo de Museu rico em acervo da história do Brasil é o Museu Imperial de Petrópolis (RJ). Há diversas peças ligadas à monarquia brasileira, como objetos, obras de arte, objetos pessoais, joias imperiais, como as coroas de D. Pedro I e D. Pedro II, bem como o cofre de bronze, que foi presente do rei Luís Filipe I, da França, entre outras peças. 
3 A FONTE ICONOGRÁFICA E SUA ABORDAGEM NO ESTUDO DE HISTORIA
A fonte iconográfica representa a imagem como gravura, fotografia, pintura, escultura, obra arquitetônica, etc. A pesquisa dessas fontes pode enriquecer um texto sobre um fato histórico. Através de suas investigações sobre os importantes pontos sobre a história em diversos aspectos sociais, podemos analisar as proximidades e o distanciamento do objeto em estudo, construindo, refletindo e problematizando as aulas de história para que o aluno faça uma reconstrução da fonte através da sua historicidade.
É importante ressaltar que a discussão sobre os novos paradigmas da história não se limita aos muros acadêmicos, há uma séria preocupação dos educadores da área em levar para a sala de aula novos documentos além do livro didático, possibilitando ao aluno uma compreensão mais abrangente dos conteúdos. Segue abaixo um exemplo:
FIGURA 2 - INDEPENDÊNCIA OU MORTE
FONTE: Pedro Américo Independência ou Morte, 1888. Óleo sobre tela, 415 cm x 760 cm. Museu Paulista da USP, São Paulo.
Através desse material, em sala de aula, o professor pode levar aos alunos algumas questões que desconstruam a imagem. Por exemplo, a tela "Independência ou Morte", de Pedro Américo, é um dos símbolos mais famosos de sete de setembro. A imagem ressalta o momento em que D. Pedro I tomou a decisão de tornar o Brasil independente. No entanto, não foi bem assim que aconteceu. Analise os aspectos destacados nas ilustrações a seguir: 
FIGURA 3 - COMITIVA
FONTE: Disponível em:< https://educacao.uol.com.br/album/2013/09/07/veja-cinco-erros-do-quadro-independencia-ou-morte-de-pedro-americo.htm>. Acesso em 19 nov.2017.
FIGURA 4 - UNIFORME
FONTE: Disponível em:< https://educacao.uol.com.br/album/2013/09/07/veja-cinco-erros-do-quadro-independencia-ou-morte-de-pedro-americo.htm>. Acesso em 19 nov. 2017.
FIGURA 5 - LOCAL 
 
FONTE: Disponível em:< https://educacao.uol.com.br/album/2013/09/07/veja-cinco-erros-do-quadro-independencia-ou-morte-de-pedro-americo.htm>. Acesso em 19 nov. 2017.
FIGURA 6 - ANIMAL
 
FONTE: Disponível em:< https://educacao.uol.com.br/album/2013/09/07/veja-cinco-erros-do-quadro-independencia-ou-morte-de-pedro-americo.htm>. Acesso em 19 nov.2017.
FIGURA 7 - CASA DO GRITO
FONTE: Disponível em:< https://educacao.uol.com.br/album/2013/09/07/veja-cinco-erros-do-quadro-independencia-ou-morte-de-pedro-americo.htm>. Acesso em 19 nov. 2017.
Diante desses desafios cabe ao professor utilizar discussões para promover algumas reflexões, por exemplo:
· Quem pintou esse quadro? 
· Qual era seu papel no contexto da independência do Brasil naquele momento?
· Qual seria o objetivo de realizar esse quadro?
· Onde se ambienta a cena?
· Qual o lugar de Dom Pedro I nesse quadro?
· Qual o perfil social dos que os cercam?
· Como as pessoas reagem ao Grito de Independência?
· O perfil das pessoas (são mestiços, ricos, negros ou índios; vestimentas) corresponde à realidade brasileira do período?
· É possível que a cena seja verídica?
· Que interesses políticos poderiam ter?
· Qual foi a recepção dessa obra na sociedade da época?
Para ensinar com ajuda de imagens o professor deve ter em mente que a fotografia funciona como um mediador cultural, ou seja, atua na interação entre conhecimentos prévios e novos conhecimentos. Esta interação ocorre de forma dialógica, onde está presente a ideia de múltiplas vozes, o contato com várias linguagens. (GEJÃO; MOLINA, 2008, p. 1). 
Notamos que uma imagem ou fotografia pode não representar uma realidade pura e simples, pois pode ter vários significados e interpretações, sempre vinculadas às intenções e ao contexto de sua produção. 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto ressaltamos a importância de que as fontes históricas têm assumido no processo de incentivo no ensino de aprendizagem de história.
O fundamental é que o professor busque sempre renovar em relação ao conhecimento histórico, possibilitando o processo de sua construção através de fontes iconográficas como documento. Tanto os documentos escritos quanto os iconográficos são capazes de fornecer pistas e indícios que levam os historiadores a construir e elaborar versões históricas, evitando as perspectivas tradicionalistas que consideram a imagem dicotômica. 
Neste artigo, foram apresentadas algumas possibilidades de como o professor pode levar essas fontes para a sua sala de aula, enriquecendo o conteúdo de seu ensino. Percebemos também que cada fonte traz suas próprias interrogações e são através dessas que o professor pode despertar nos alunos outras interpretações para as fontes escritas, fotográficas, iconográficas e museus.
O professor vai agir como mediador entre o objeto e o aluno, porém não será apenas um transmissor da representação dos determinados conteúdos. Nesse sentido, o docente pode transformar essas fontes em ferramentas para demonstrar que esses vestígios deixados pelos homens do passado são de extremaimportância para compreender o presente e, possivelmente o futuro. Podemos ver também que o homem, nessa busca insaciável de conhecer o passado, criou as fontes, porém sempre as questiona , tentando achar uma que melhor explique suas origens. Vemos que as fontes escritas sempre foram levadas mais a sério, tanto que as fotografias, objetos e pinturas ganham mais credibilidade quando acompanhadas pelos documentos escritos. No entanto, todas as fontes históricas têm o seu valor. Por isso, é fundamental que o professor de História saiba utilizá-las, de modo que proporcione às suas aulas um melhor interesse por parte dos seus estudantes, visto que algumas fontes, como filmes, fotográficas etc. despertam mais a atenção dos alunos do que outras.
REFERÊNCIAS
BARROS, J. C. A. Fontes Históricas – um caminho percorrido e perspectivas sobre os novos tempos. Revista Albuquerque. vol. 3, n°1, 2010.
CAMINHA, P. V. Carta a El Rey D. Manuel. Edição ilustrada e transcrita para o Português contemporâneo e comentada por Maria Ângela Vilela. SP: Ediouro, 1999.
FEBVRE, L. Combats pour l’histoire, 1949 
FONSECA, S. G. Didática e prática de ensino de História. Campinas - SP: Papirus, 2005.
GEJÃO, N. G.; MOLINA, A. H. Fotografia e ensino de História: mediador escultural na construção do conhecimento histórico. Anais do VII seminário de Pesquisa em Ciências.
LIMA, S. F.; CARVALHO, V. C. Usos sociais e historiográficos. São Paulo, 2011.
PINSKY, C. B.; LUCA, T. R. O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2011.
SIMAN, L. M. C.. “O papel dos mediadores culturais e da ação mediadora do professor no processo de construção do conhecimento histórico pelos alunos”. In: ZARTH, Paulo A. e outros
UOL EDUCAÇÃO. Veja cinco "erros" do quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo. Disponível em:< https://educacao.uol.com.br/album/2013/09/07/veja-cinco-erros-do-quadro-independencia-ou-morte-de-pedro-americo.htm>. Acesso em 19 nov.2017.

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