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Anarquismo e Sindicalismo Revolucionario No Brasil da Decada de 40 e 50 Rafael V da Silva Bpi

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TRAJETÓRIAS ORGANIZACIONISTAS: ANARQUISMO E SINDICALISMO 
REVOLUCIONÁRIO NO BRASIL DA DÉCADA DE 40 E 50 
 
Rafael V. da Silva 
 
Apesar da crise do sindicalismo revolucionário a partir dos anos 1930 não se 
pode afirmar que a atividade anarquista se extinguira nos anos 
posteriores. por Rafael V. da Silva 
 
O movimento anarquista do Brasil se acha débil por culpa dos próprios 
anarquistas que ainda não constituíram seu organismo específico, ou seja, 
a Federação Anarquista Brasileira, que reúna os esforços dos 
anarquistas deste país para assentar um programa na fase atual da nossa luta 
pela emancipação econômica do povo. Estamos divididos, esparsos, sem 
comunicações desorientados por falta desse organismo de convergência.” 
(RAMÓN, José; MARTINS, Orlando. Aos Anarquistas do Brasil. Ação 
Direta, Rio de Janeiro, 10 de Outubro de 1946, nº 22. Ação Anárquica, p. 
03) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Embora haja certo consenso na 
historiografia especializada ao 
demonstrar que o anarquismo 
debilitara-se profundamente com 
a crise do sindicalismo 
revolucionário na década de 
30 [1], seria incorreto afirmar que 
a atividade anarquista se extinguira 
totalmente nos anos posteriores 
ou suas tentativas se limitaram 
apenas a manter atividades 
culturais. Os anarquistas, mesmo 
sob o regime ditatorial do Estado 
Novo (1937-1945), jamais 
cessaram suas atividades, ainda 
que o movimento, sob 
clandestinidade, tivesse suas forças 
reduzidas consideravelmente e operasse basicamente no eixo sul e 
sudeste do país. Além de indícios mais nítidos da movimentação 
anarquista no Rio de Janeiro e São Paulo, estados estes que contam 
com a presença de uma imprensa regular e espaços de articulação 
durante quase toda a década de 40 e 50, pode-se mencionar também 
como locais de atividade política e contatos regulares entre 
militantes os estados do Rio Grande do Sul e Paraná. 
No sudeste, um pequeno sítio intitulado “Nossa Chácara”, em 
Itaim, no Estado de São Paulo, cujo terreno original pertenceu ao 
advogado e anarquista Benjamin Mota, serviu de local de reuniões 
para os anarquistas. O espaço, que fora passado a Edgar Leurenroth, 
cedido posteriormente por este para utilização em comum do 
movimento entre 1939 e 1942, revelou-se fundamental para a 
articulação mínima dos militantes, imposta pelos difíceis tempos do 
Estado Novo getulista. O sítio permitiu manter vivo um espaço de 
sociabilidade e os laços sociais entre os libertários, elementos 
facilitadores para a rápida reorganização do anarquismo no período 
da abertura democrática. 
Com o término da Segunda Grande Guerra, o fim do Estado Novo 
se precipita. A pressão sobre Vargas aumenta paulatinamente; o 
repatriamento da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutara 
ao lado dos aliados contra os exércitos das potências do Eixo, se dá 
em plena crise do Estado Novo. Havia uma contradição nascente 
que punha em cheque a existência do regime político vigente no 
país; os praçinhas lutaram com o bloco capitalista democrático e 
ajudaram a derrotar as potências do Eixo, estas, constituídas em 
torno de regimes autoritários e fascistas, como os de Hitler e 
Mussolini. Como aceitar, então, a contradição política de terem 
lutado externamente pela democracia, enquanto no próprio país 
vivia-se um regime autoritário controlado por Vargas? Enquanto 
isso, Getúlio tentava sobreviver politicamente aproximando-se do 
movimento sindical. A iniciativa de redemocratização de Getúlio em 
1945 era vista com desconfiança pela cúpula militar e pelos setores 
liberais conservadores. Paralelamente, o PCB decidia apoiar Getúlio 
“enquanto esse conduzisse às eleições e ao governo 
representativo” [2]. A estratégia de aproximação do PCB a Vargas 
obedecia a uma tendência já delineada em 1943; resultado da 
chamada Conferência da Mantiqueira, onde a colaboração 
política [3] com Getúlio fora tirada como uma linha do partido. A 
justificativa [4] desta linha se dava a partir das diretrizes já 
implantadas na maioria dos partidos comunistas do mundo, onde os 
comunistas deveriam realizar um arco de alianças com setores da 
burguesia “progressista” e da pequena burguesia em torno de 
bandeiras em comum contra os setores considerados mais 
reacionários. Implícita a esta tendência estava a tese do etapismo 
marxista, defendida pelo PCB, e que entendia que superar os 
“resquícios feudais” da economia brasileira passava pela plena 
consolidação do capitalismo brasileiro e, portanto, pela colaboração 
de classe com a burguesia nacional. 
 
Em relação à tática do PCB dentro dos aparelhos sindicais, esta era 
a de realizar eleições unitárias, para não gerar “rusgas” entre os 
sindicalistas de diferentes correntes e fortalecer a idéia da 
“Assembléia Nacional Constituinte com Getúlio” e da 
democratização. Paralelamente, trabalhavam para reforçar 
constantemente o compromisso com a manutenção da ordem, 
visando não gerar desconfianças públicas sobre a política do 
partido, num quadro em que este se mantinha legalizado e 
objetivava atuar na esfera da democracia representativa. 
Para isto, a subordinação constante 
das lutas sindicais em detrimento da 
estratégia parlamentar [5] parecia-lhes 
o caminho correto a seguir. A 
dissonância da linha política do PCB 
com a experiência dos trabalhadores 
era de tal forma que esta vai gerar 
descompassos em suas próprias bases 
sindicais e também será percebida 
pelos anarquistas no período. Tal 
atitude será duramente criticada por 
estes, que não se alinhavam com o 
bloco capitalista nem tampouco com o 
Estado soviético da URSS, que 
consideravam um verdadeiro 
capitalismo de Estado. A tônica 
política do anarquismo internacional 
no período, no que tange ao 
posicionamento diante a Guerra Fria, era a de rejeitar tanto o bloco 
soviético quanto o norte-americano. No Brasil, Getúlio tentava 
investir em seu perfil de líder de massas, dando-lhe algum fôlego 
político; mas isto custou o seu afastamento de setores liberais 
conservadores e da cúpula militar. A alta oficialidade do exército não 
pagou para ver até onde iria a agenda liberalizante de Getúlio, e em 
29 de outubro de 1945 o depôs, com apoio da oposição liberal [6]. 
A administração do Estado brasileiro após o golpe coube ao 
presidente Eurico Dutra (1946-1951). Este, ao contrário da relativa 
autonomia da política externa empreendida por Vargas, manteve-se 
altamente alinhado ao bloco democrático e estadunidense. E apesar 
de haver um suposto clima democrático no país, a estrutura 
repressiva [7] se mantivera intacta, apesar de um pouco mais 
relaxada e adaptada às exigências liberais e distensionistas que 
orientavam o novo governo. 
Os anarquistas, assim como outras correntes políticas, aproveitam 
este frágil e instável ambiente democrático e se reorganizam [8]. O 
primeiro jornal anarquista a sair depois da ditadura do Estado Novo 
fora o periódico Remodelações, no Estado do Rio de Janeiro; nome 
sugestivo para um momento de reorganização, mesmo que tímida, 
dos libertários no Brasil. O jornal era coordenado pelo anarquista 
cearense Moacir Caminha, mas contava com a participação de 
outros militantes, tais como José Oiticica e Maria Iêda. Tinha duas 
folhas, frente e verso, e inicialmente circulou semanalmente, até seu 
desaparecimento em julho de 1947, provavelmente pela escassez de 
recursos para manter dois periódicos [9], já que com o 
aparecimento de Ação Direta, em 1946, fosse mais fácil aos 
anarquistas do Rio de Janeiro concentrar seus esforços em manter 
apenas um periódico. 
Assim que os ventos da redemocratização começaram a soprar, os 
debates de reorganização circularam pelas correspondências 
trocadas pelos anarquistas brasileiros e, por conseguinte, nos seus 
veículos de imprensa. 
 
Stalinismo 
 
A primeira eraa tentativa de 
retomar o vetor 
social [10] perdido (sindicatos) 
e a segunda, empreender 
esforços na formação de 
umorganismo 
específico anarquista de 
amplitude nacional, chamado 
temporariamente de Federação 
Libertária Brasileira, que se 
distinguiria de seu organismo 
econômico sindical. Este tipo 
de modelo organizativo, do 
ponto de vista histórico do 
anarquismo, grande devedor da 
proposta bakuninista de organização anarquista, não era uma 
proposta isolada dos anarquistas “nacionais”. Sobre seu modelo de 
luta, este andava em consonância com o compasso organizativo do 
anarquismo mundial, concretizado num congresso anarquista 
internacional realizado em 1949, que contou com a participação dos 
anarquistas brasileiros. Essas discussões preliminares, mesmo que 
caminhando em direção a um consenso organizativo, não poderiam 
ser aprofundadas sem um espaço político próprio. 
Por isso, em 1948, os anarquistas brasileiros realizam um congresso 
nacional, na cidade de São Paulo. Participam deste congresso grupos 
e individualidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e 
Paraná. Circulares de convite ao congresso foram enviadas para os 
Estados de Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco e Santa 
Catarina. Mas estes estados, por motivos diversos, não conseguiram 
enviar seus representantes. 
A presença de organizações específicas anarquistas no Congresso 
Anarquista não é um mero acaso na história da militância libertária 
no Brasil e deve ser compreendida também pela retomada do 
projeto do anarquismo organizacionista, outrora interrompido nas 
décadas precedentes. Esta propostaorganizacionista defendia a 
estratégia de formar agrupamentos ideológicos anarquistas para 
atuação nos sindicatos e tentou se firmar por duas vezes, mas com 
pouco sucesso. A primeira tentativa ocorreu em 1918 com a Aliança 
Anarquista do Rio de Janeiro, organizada por Fábio Luz, José Oiticica e 
outros libertários, e que fora atingida pela repressão que se seguiu à 
Insurreição Anarquista [11] no mesmo ano e, pela conjuntura, teve 
suas atividades encerradas. Em 1919 os libertários fundaram 
o Partido Comunista Brasileiro, que apesar do nome [12], muito 
influenciado pela Revolução Russa quando do desconhecimento dos 
métodos do partido bolchevique, era um agrupamento de bases de 
acordo [13] e de espinha dorsal anarquista. A proposta 
anteriormente derrotada dos organizacionistas na Primeira 
República encontrou na década de 40 terreno fértil para germinar 
entre os anarquistas do Rio de Janeiro e São Paulo, concretizada na 
formação de vários grupos específicos anarquistas, mas lhes faltava 
o vigoroso vetor social perdido. Não é por acaso que, mesmo com 
as transformações internas da cultura política [14] dos anarquistas 
no Brasil que favoreciam o apelo dos organizacionistas e, portanto, 
facilitavam a formação de certo consenso entre os militantes para 
fundar organizações específicas anarquistas, essas organizações não 
conseguiram sobreviver aos anos posteriores do congresso. Neste 
sentido, as modificações da cultura política da geração dos 
anarquistas da década de 40 e 50 revelam novas significações 
políticas [15] e ideológicas que caminham em direção à consolidação 
da proposta doorganizacionismo anarquista. Proposta derrotada 
durante a atuação dos anarquistas na Primeira República, esta possui 
ampla aceitação nas décadas seguintes. Como a vontade política dos 
atores sociais nem sempre corresponde às circunstâncias de sua 
efetivação, o projeto organizacionista fora postergado novamente. 
Se os anarquistas tinham grande presença no seu vetor social 
(sindicatos) durante a Primeira República, mas não conseguiam 
devidamente organizar-se em uma instância política e ideológica 
própria, a dificuldade dos anarquistas após o fim do Estado Novo se 
invertera caprichosamente, ainda que os pólos continuassem os 
mesmos: não havia grandes dúvidas em relação a fundar e 
consolidar uma organização específica anarquista, mas o grande 
problema era reinserir o anarquismo na classe. 
 
Internacionalismo 
Grupos como a União Anarquista 
do Rio de Janeiro (UARJ), 
Juventude Anarquista do Rio de 
Janeiro (JARJ), União Anarquista de 
São Paulo (UASP), Os Ácratas de 
Porto Alegre e individualidades 
aprovam no Congresso 
Anarquista de 1948 a estratégia de 
retorno organizado dos anarquistas 
ao seu vetor social perdido 
(sindicatos), mas as dificuldades 
para esta tarefa eram muitas. A 
disputa com os comunistas do PCB, 
uma força política relevante no 
período, e que “ganhara” suas 
bases, seria uma grande barreira 
para a reinserção das idéias 
anarquistas nos sindicatos. Os 
comunistas do PCB, como vimos 
anteriormente, se adaptaram com 
mais facilidade às estruturas 
sindicais montadas pelo Estado 
Novo. Do ponto de vista das 
liberdades políticas e civis, o período pós-45 é caracterizado por 
certa continuidade [16] dessas estruturas jurídicas e burocráticas. A 
manutenção dessas estruturas sob a chancela de parte da classe 
introduziu e fortaleceu o modelo heterônomo no próprio 
movimento operário. 
Este elemento de degenerescência burocrática se configurou 
como a “[…] remanescência ou ressurgência das significações e dos 
modelos capitalistas no movimento operário.” (CASTORIADIS, 
1985: 159). A burocratização do movimento sindical no período 
significou que “[…] a relação social fundamental do capitalismo 
moderno, a relação entre dirigentes e executantes, reproduziu-se no 
seio do próprio movimento operário […]” (idem). Seja na relação 
dirigente do PCB e do PTB sobre a classe operária, seja no interior 
da organização dos sindicatos. 
A persistência da legislação sindical corporativa herdada do Estado 
Novo marcará o processo de redemocratização no que tange ao 
sindicalismo no país, mas no caso das lutas sindicais neste período, 
em plano nacional, malgrado as condições adversas que se opunham 
às lutas sindicais, estas, mesmo tímidas, se iniciaram antes do 
período da reabertura democrática, ainda em 1944. Mas ocorreram 
fora das referidas estruturas burocráticas, ou seja, pelas comissões de 
base e por locais de trabalho. 
As barreiras institucionais do sindicalismo corporativista, delineadas 
desde 1939, e a repressão policial da ditadura não foram suficientes 
para barrar as primeiras tendências de movimentação grevista. O 
ano de 1945 é marcado por diversas greves: greve dos ferroviários 
de Campinas em 20 de março, nas Docas de Santos em maio, dos 
bancários paulistas em agosto e no Rio de Janeiro, paralisações de 
motoristas de ônibus, de funcionários públicos, securitários, 
bancários, etc [17]. 
Apesar dos movimentos autônomos de greve que irrompiam, os 
comunistas, no período das greves de 45, adotavam a 
política [18] de não “assustar a burguesia” [19] e de “apertar os 
cintos” [20]; isto significava não estimular as greves nas bases. Num 
discurso realizado em Recife, o secretário-geral do PCB, Luís Carlos 
Prestes explicitava esta posição: 
“Partido do proletariado, partido ligado à classe operária, o Partido 
Comunista não deixou de apontar ao povo o caminho da ordem e 
da tranqüilidade. Mostrava e dizia aos operários – é preferível, 
companheiros, apertar a barriga, passar fome do que fazer greve e 
criar agitações, porque agitações e desordens na etapa histórica que 
estamos atravessando só interessa ao fascismo.” (Luís Carlos Prestes 
apud Vinhas, 1982, p. 116 apud SANTANA, 1991, p. 44.) 
 
Foto do primeiro de Maio de 
1946 que contou com a 
participação de diversos 
anarquistas. 
 
Mesmo assim, os comunistas – 
relevante força política de 
esquerda – saíam da guerra 
com imenso prestígio. O PCB 
contava com a referência global a URSS, o que no âmbito da Guerra 
Fria revelava-se fundamental para granjear relevante apoio político. 
Havia ainda os sindicalistas ministerialistas atrelados ao PTB, partido 
criado por Vargas e que possuía forte inserção na classe 
trabalhadora e que, salvo algumas frágeis “desvios à esquerda”, 
mantinha uma ligação profunda coma estrutura corporativa de um 
sindicalismo não apenas atrelado ao Estado, mas ele próprio se 
inscrevendo em sua estrutura institucional [21]. O PTB inspirava se 
no modelo do partido trabalhista inglês [22] e assentou-se nos 
sindicatos e autarquias previdenciárias, retirando destes “aparatos” a 
força política dogetulismo. O sindicalismo corporativista que 
beneficiava esta instância partidária oferecia aos anarquistas grandes 
dificuldades para suas propostas de ação direta no meio sindical; por 
isto, a atuação destes durante a década de 40 e 50 se orientou em 
tentar reconstruir o “espírito” libertário dos sindicatos. Sua 
metodologia, entretanto, adaptava-se melhor [23] a um ambiente de 
autonomia [24] operária, que naquele momento permanecia 
sufocada. A atuação dos anarquistas no Sindicato dos Trabalhadores 
da Light (Rio de Janeiro) e dos Trabalhadores Gráficos (São Paulo), 
neste sentido, atuava por meio dos Grupos de Resistência 
Sindical (Rio de Janeiro) e dos Grupos Sindicais de Ação 
Direta (São Paulo), traduzindo a intenção de retomar minimamente 
o vetor social. 
A tática dos anarquistas era formar um grupo sindical de resistência 
que estivesse minimamente afinado com a estratégia do sindicalismo 
revolucionário. Formado um grupo de resistência, articulado sobre 
princípios mínimos, os anarquistas poderiam atuar pelos locais de 
trabalho, interferindo quando possível nos sindicatos controlados 
pelo Estado a partir da base e intentando constituir uma espécie 
de tendência libertária. Se no horizonte dos anarquistas estava a 
formação de sindicatos livres de qualquer intervenção estatal, a 
realidade lhes imprimia a necessidade de uma orientação mais 
prática. A tática escolhida pelos anarquistas dos grupos sindicais 
de resistência visava desenvolver um trabalho prioritariamente 
na basedos sindicatos; se não podiam generalizar a metodologia do 
sindicalismo revolucionário, parecia mais adequado, formar uma 
oposição sindical que partisse das bases, e não necessariamente da 
disputa de diretorias [25], para efetivar suas ações. Pelo contato 
cotidiano com outros trabalhadores, intentavam os libertários 
reconstruir uma tradição libertária “perdida”. Os anarquistas 
propunham partir da experiência da classe para tentar reconstruir a 
“forma” com que estas experiências eram tratadas, intentando 
recuperar o “espírito” libertário do sindicalismo de outrora, 
encarnado em “tradições, sistema de valores, idéias e formas 
institucionais” [26] específicas, pretendendo constituir, assim, uma 
nova consciência de classe. Consciência de classe que encontrava 
grandes limites para sua difusão. Tal iniciativa esbarrava em 
elementos dos mais variados. Um deles dizia respeito não somente 
ao ideário socialista do pós-guerra, mas atingia de maneira mais 
ampla outros atores políticos: o reformismo [27]. O reformismo 
demarcou a atuação dos diferentes grupos políticos [28], seja 
pelos que se afirmavam “revolucionários” (PCB) ou mesmo pelos 
que defendiam abertamente em sua agenda as reformas como 
horizonte (PTB). O comportamento político era, portanto, balizado 
por duas regras básicas de seu tempo: o país como espaço, a 
reforma como instrumento [29]. Essa “justa” medida, que orientava 
a atuação das organizações políticas, era uma espécie de espelho 
invertido do imaginário e da cultura política dos anarquistas, ainda 
que estes tivessem se esforçado para adaptar sua proposta às 
condições daquele período [30]; mas por estas ponderações é 
suficiente dimensionarmos os obstáculos enfrentados pela tradição 
libertária. 
 
Anúncio da fundação do Movimento 
de Orientação Sindical em Ação 
Direta 
 
A dificuldade de reinserção das 
propostas anarquistas nos 
sindicatos contribuiu para 
dificultar a sobrevivência de 
suas organizações 
específicas no Brasil, já que a 
oxigenação ideológica destas 
dependia consideravelmente do 
sucesso da metodologia libertária 
nas instâncias sociais. Mesmo 
assim, de fato é surpreendente 
constatar a presença de um 
expressivo setor juvenil, 
articulado em torno da Juventude Anarquista do Rio de Janeiro e da 
Juventude Anarquista de São Paulo, que minimamente garantiu a 
continuidade do anarquismo da “antiga geração” da Primeira 
República. 
Dentro deste árido contexto, parecia mais coerente manter a 
“chama” do anarquismo “acesa”, mesmo sob um ambiente sindical 
extremamente corporativista. A fundação doMovimento de 
Orientação Sindical (M.O.S) e de seu jornal Ação Sindical, em 
1958 (São Paulo), constitui-se enquanto elementos dessa estratégia 
classista, fator que reforça a tese, conjuntamente com as resoluções 
do Congresso Anarquista de 1948, de que os anarquistasorientaram 
sua prática política em torno de perspectivas sindicais e 
classistas e não de uma atuação estritamente cultural. O M.O.S 
era uma espécie de tendência libertária sindical, de matriz 
francamente sindicalista revolucionária. A atuação do M.O.S visava 
criar, a partir de uma metodologia libertária em comum, as bases 
mínimas para a reinserção dos anarquistas nas entidades de classe 
(sindicatos); ou que, pelo menos, pudessem articular um número 
maior de companheiros num “bloco” de oposição. Sabemos da 
atuação do M.O.S nas bases do Sindicato dos Gráficos, em São 
Paulo, último reduto das estratégias sindicais dos anarquistas. Esta 
parece ser uma das primeiras iniciativas dos anarquistas em formar 
um bloco de oposição nas bases sindicais e nos sindicatos atrelados. 
 
Uma página de Saudade. 
Editorial sobre a morte de 
José Oiticica. 
 
Ainda que os anarquistas 
organizacionistas tivessem 
priorizado a luta por 
reconstituir a tradição 
libertária nas entidades da 
classe trabalhadora 
(sindicatos), procuraram 
aglutinar-se em outros 
espaços [31] que pudessem ser 
mais apropriados para a 
formação de uma nova 
consciência de classe, num 
contexto árido para seus 
princípios. A reorganização do 
Centro de Cultura Social, em 
1945, orientou-se neste sentido. Este existia desde 1933 e permitiu 
aos anarquistas naquele momento de refundação “[…] pôr-se em 
contato com numerosos elementos intelectuais e populares de São 
Paulo” [32]. Uma tentativa de concentrar forças políticas preciosas, 
num contexto em que a dispersão de energias favoreceria ainda mais 
a crise do anarquismo. Diante o quadro de generalizada 
heteronomia [33] nos movimentos de classe, seu trabalho tornava-
se bastante dificultoso. A atuação dos espaços culturaisobedecia, 
portanto, a esta estratégia mais ampla, formalizada no congresso 
anarquista de 1948, de reinserção na classe. Todavia, com o 
insucesso das investidas sindicais dos anarquistas, estes espaços 
acabaram por servir de manutenção “mínima” do anarquismo. 
O desejo de maior organicidade e unidade ideológica do 
anarquismo, neste contexto, limitar-se-ia pelas condições 
apresentadas apenas ao campo da teoria. Não é de se espantar que 
as organizações anarquistas que aparecem com regularidade durante 
a década de 40 já não sejam tão freqüentes na imprensa anarquista 
dos anos seguintes: a “chama”, para continuar “acesa”, possuía o 
efeito colateral de não poder estreitar sua unidade ideológica: 
faltava-lhe a densidade militante, o “combustível”. No campo 
político tradicional, o retorno de Getúlio em 1950 reinseriu nos 
postos institucionais um velho inimigo dos libertários. O ano de 
1953 é marcado na conjuntura sindical por grandes greves [34], 
como a greve dos 300 mil, realizada em março na cidade de São 
Paulo, que impulsiona, apesar da repressão, um ascenso de lutas que 
escapa ao controle da estrutura oficial[35]. A indicação de João 
Goulart à pasta do Ministério do Trabalho visava reforçar o canal de 
comunicação de Getúlio com a classe trabalhadora a partir dos 
parâmetros da ideologia trabalhista, arrefecendo a ebulição 
contestatória. Getúlio governara até 1954, ano de seu suicídio, mas 
sua influência no movimento sindical e os parâmetros político-
sindicais que o legitimaram, ainda seriam uma incômoda presença 
aos militantesque possuíam horizontes revolucionários, mesmo 
depois de sua morte. O trabalhismo persistia[36], ainda que, seu 
expoente máximo tivesse saído de cena. 
 
Os Militantes Sindicais e as Eleições. 
 
No Rio de Janeiro, os 
anarquistas, após a morte de José 
Oiticica [37] em 1957, 
fundariam, no ano posterior, o 
Centro de Estudos Professor 
José Oiticica (CEPJO) ou apenas 
Centro de Estudos José Oiticica. 
A morte de Oiticica fora um 
duro golpe simbólico na 
militância anarquista. 
Contrariando a “profecia” que os condenara à extinção, a atividade 
dos anarquistas durante a década de 40 e 50 fora fundamental para 
manter os laços das distintas gerações do anarquismo conectados. A 
atuação dos libertários neste período revigorou minimamente o 
anarquismo sob um contexto completamente adverso. Possibilitou 
também que esta ideologia, pelas trajetórias de seus militantes, 
sobrevivesse aos regimes políticos e sociais mais desfavoráveis. A 
reflexão e o legado dos anarquistas organizacionistas durante as 
décadas de 40 e 50 permitiram que a experiência de suas 
organizações específicas, ainda que de forma residual, atravessasse 
os anos e contribuíram decisivamente para sua sobrevivência 
ideológica, cuja semente, como no retrato literário de Zola, “[…] 
germinava lentamente nos sulcos da terra, crescendo para as 
colheitas do […] futuro.” [38] 
 
Notas 
 
[1] Sobre a refutação das interpretações historiográficas que faziam 
do marco de fundação do PCB em 1922 o marco da crise do 
anarquismo. Cf. SAMIS, Alexandre. Minha Pátria é o Mundo Inteiro: 
Neno Vasco, o Anarquismo e o Sindicalismo Revolucionário em dois mundos. 
Lisboa, Letra Livre, 2009. 
 
[2] Christian Science Monitor, 28/07/1945 apud MARANHÃO, 
Ricardo. Sindicatos e Democratização: Brasil 1945/1950. São Paulo, 
Editora Brasiliense, 1979, p. 35. 
 
[3] Esta tese fora defendida principalmente por setores do PCB 
oriundos do Rio de janeiro. (Ibid, p. 30-31) 
 
[4] Segundo Prestes: “A vitória militar foi alcançada pela unidade, 
pela colaboração fraternal dos povos amantes da democracia, em 
particular pela aliança sincera e honesta das duas grandes 
democracias capitalistas com a democracia do proletariado… É que 
a aliança das três grandes nações se baseava não em motivos 
acidentais ou temporários, mas em interesses vitais e permanentes… 
Mas cabe igualmente a nós, os democratas do mundo inteiro, apoiar 
e sustentar a colaboração das três grandes potências, lutando sem 
repouso pela paz interna em nossa pátria, não poupando esforços 
para encontrar sempre a solução harmônica e pacífica de todas as 
divergências e contradições de classe que porventura nos possam 
separar e dividir.” PRESTES, Luís Carlos. – Problemas Atuais da 
Democracia, Vitória, pp. 81 apud MARANHÃO, opp. Cit. 
 
[5] Nas eleições de 1945, o PCB elegeu 14 deputados para a 
Assembléia Constituinte. Mesmo reforçando seu compromisso com 
a ordem, o partido era visto como o representante do comunismo. 
Cf. SILVA, Fernando Teixeira da; SANTANA, Marco Aurélio. “O 
equilibrista e a política: o “Partido da Classe Operária” (PCB) na 
democratização (1945-1964) in FERREIRA, Jorge; REIS, Daniel 
Aarão (organizadores). Nacionalismo e reformismo radical (1945-
1964). Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2007. 
 
[6] CACHAPUZ, Paulo Brandi; LAMARÃO, Sérgio; SILVA, Raul 
Mendes (org). Getúlio Vargas e seu tempo. Rio de Janeiro, Bndes, 
s/d apud SILVA, 2011. 
 
[7] A legalização do PCB, por exemplo, durará pouco tempo. Em 
1948 o PCB tem sua sede lacrada pelo governo Dutra. O Partido 
não mobilizou as bases para impedir tal fato, pois confiou numa 
solução estritamente jurídica ao problema, e comportava-se 
politicamente, tentando manter uma aparência de “legalidade” e 
defesa da “ordem” pública. 
 
[8] A Plebe em 1947, Remodelações e Ação Direta em 1946 são fruto 
desta reorganização. A reabertura do Centro de Cultura Social em 
1945, em São Paulo também está inserida neste contexto. 
 
[9] Fato que pode ser comprovado pelos recorrentes pedidos de 
apoio à imprensa libertária em ambos os periódicos citados. 
 
[10] Sobre o conceito de vetor social. Cf. SAMIS, Alexandre. Minha 
Pátria é o Mundo Inteiro: Neno Vasco, o Anarquismo e o Sindicalismo 
Revolucionário em dois mundos. Lisboa, Letra Livre, 2009. 
[11] Cf. ADDOR, Carlos Augusto. A Insurreição Anarquista no Rio de 
Janeiro. Rio de Janeiro, Ed. Dois Pontos, 1986. 
 
[12] Segundo Antoine Prost, é preciso “É que, para os atores 
individuais ou coletivos da história, os textos que eles produzem não 
são apenas meios de dizer seus atos e posições; os textos são, neles 
mesmos, atos e posições. Dizer é fazer, e a lingüística, fazendo o 
historiador compreender isso, devolve-lhe a questão do sentido 
histórico desses atos particulares.” (PROST, Antoine in RÉMOND, 
1996, p. 317). O termo comunismo era freqüentemente utilizado 
pelos anarquistas em seus jornais e periódicos. O termo partido 
também fora utilizado freqüentemente por um dos maiores 
expoentes do anarquismo no século XX, Errico Malatesta. A 
confusão da utilização dos termos não se restringia apenas ao Brasil. 
Na Itália Malatesta, tece algumas explicações: “Luigi Fabbri 
protestava, outro dia, contra o costume que se estabeleceu 
recentemente na Itália, entre os socialistas não-anarquistas ou 
antianarquistas, e que consiste em empregar as 
palavras Comunismo e Anarquia como termos antagônicos. Ele 
lembrava que há quase cinqüenta anos – Congresso da Federação 
Italiana da Internacional, realizado em 1876 (Congresso de 
Florença) – são os anarquistas que, na Itália, pregam o comunismo. 
Quanto aos socialistas ditos maximalistas, eles se diziam coletivistas 
até bem pouco tempo. Em seguida, adotaram a denominação de 
comunistas, imitando os russos, para se distinguir dos traidores da 
social-democracia e para exprimir sua nova orientação antiigualitária 
que triunfou ou pareceu triunfar em seu Congresso de Bolonha de 
1919. […] mas isto diz respeito a eles, e nós não gostaríamos de 
contestar-lhes o direito de se chamarem como eles bem entenderem. 
Nós somente pedimos para não falsificar a verdade, apresentando 
falsamente a nós nossas idéias e objetivos.” (MALATESTA, Errico 
em Umanitá Nova, 05 de Setembro de 1920, nº 163, MALATESTA, 
1989, p. 82-83) 
Por vezes, os anarquistas em seus veículos de imprensa da primeira 
república utilizavam a terminologiacomunismo anárquico ou anarquista, 
ou comunismo libertário. A utilização da palavra comunismo não seria 
desprezada pelos anarquistas no período em que estudamos as 
estratégias anarquistas, mas não sem suas devidas distinções: “Há 
duas espécies de comunismo e, pois, também de comunistas. Um, 
estatal ou autoritário; o outro anarquista ou libertário. O primeiro é 
ditatorial, metafísico (ainda que se diga materialista e «científico», 
pois mergulha as suas raízes filosóficas na abstrusa metafísica de 
Hegel), centralizador, dogmático, totalitário; o segundo é libertário, 
positivo, racional, descentralizador, federalista, exaltador da 
personalidade.” (ALARMA, R. Dois Comunismos: os trabalhadores 
têm de decidir-se por um ou pelo outro. Ação Direta,Rio de 
Janeiro, 20 de Agosto de 1946, nº 17, Ação Anárquica, p. 03) “Em 
1919, parte dos anarquistas do Brasil enxergou nesse novo Estado 
um grande perigo para a liberdade do indivíduo e, por conseguinte, 
para sua doutrina de justiça e fraternidade. Outros camaradas 
continuavam no entanto, incondicionalmente ao lado dos Soviétes. 
E as divergências forma crescendo até que, em 1920, houve a cisão 
definitiva. Os anarquistas que aceitavam a revolução bolchevique 
nos seus novos rumos, passariam a chamar-se comunistas, e os que 
não pensavam do mesmo modo continuariam a denominarem-
se anarquistas.” (Recordações. Ação Direta, Rio de Janeiro, 27 de 
Julho de 1946, nº 15, Ação Anárquica, p. 03.) Evidentemente, a 
terminologia “comunista”, à partir da Revolução Russa de 1917 será 
cada vez mais um termo em disputa. 
[13] Para isto basta ter em vista três condições fundamentaisque 
confirmam esta tese : 1) as bases de acordo do Partido Comunista 
de 1919 refletem concepções organizativas próprias do anarquismo: 
não há nenhum tipo de estrutura formal comparável ao modo de 
organização do partido revolucionário do tipo leninista, à despeito 
da forma leninista de partido estar dada desde 1902 na obra O que 
fazer? de Lênin. 2). Os principais integrantes do Partido Comunista 
de 1919 são anarquistas. 3) A confusão sobre o caráter da Revolução 
Russa e sobre os métodos organizativos do Partido Bolchevique 
propiciam a utilização do mesmo termo: Partido Comunista. Cf. A 
Liberdade, Abril de 1919 n º 29. 
 
[14] Entendemos cultura política, como um “[…] sistema de 
referências em que se reconhecem todos os membros de uma 
mesma família política, lembranças históricas comuns, heróis 
consagrados, documentos fundamentais […], símbolos, bandeiras, 
festas, vocabulário de palavras (BERSTEIN, Serge in RÉMOND, 
1996: 88-89). É possível observar nesta cultura política, “[…] 
alterações de rumo, modificações de conteúdo, […] seu andamento 
é lento e deve, para ser percebido, ser observado na escala da 
geração, que é com certeza a unidade de medida das mutações 
culturais” (Ibid, p. 91). 
 
[15] Sobre priorizar essas novas significações no estudo de nosso 
objeto, Cf. CASTORIADIS, 1985, p. 54. 
 
[16] Cf. SOUZA, 1976, p. 105 
 
[17] MARANHÃO, 1979, p. 41-42. 
 
[18] Ibid, p. 37. 
 
[19] Sobre isso é oportuno consultar boletins internos do PCB: “Na 
nossa luta pela convocação da Assembléia Constituinte e pela 
solução das reivindicações mais sentidas do povo, devemos evitar 
por tôdas as maneiras qualquer agitação que possa dar armas ao 
inimigo, que procura por todos os meios criar um ambiente de 
desordem propício ao desencadeamento de golpes armados contra 
os interesses da nação. […] Cumpre a nós comunistas lutar 
intransigentemente pela ordem e tranqüilidade interna, contra os 
“golpes salvadores”, ao mesmo tempo que devemos estar 
capacitados para enfrentar com soluções justas e pacíficas às 
reivindicações das amplas massas, evitando tudo o que possa vir 
perturbar a ordem. (O Partido deve defender intransigentemente a ordem in 
Boletim Interno do Secretariado Nacional do PCB nº 04, 
23/10/1945, p. 04. AMORJ. 
 
[20] E neste período, em algumas circunstâncias – quando os 
sindicatos fugiam ao controle do Partido, a atuação do PCB era de 
“contenção” das greves. Por ocasião da greve realizada pelos 
trabalhadores da Light no Rio de Janeiro, fica claro que os 
comunistas tentam frustrar a paralisação. Como o movimento 
extrapola os diques da linha política do partido, os comunistas não 
negarão a justeza da greve que se torna demasiadamente evidente. 
Cf. SANTANA, 2001, p. 45. 
[21] BOITO JÚNIOR, Armando. O Sindicalismo de Estado no Brasil. 
Campinas, Editora da Unicamp, 1991. 
 
[22] Cf. GOMES, Angela de Castro. “Partido Trabalhista Brasileiro 
(1945-1965): getulismo, trabalhismo, nacionalismo e reformas de 
base” in FERREIRA, Jorge e REIS, Daniel Aarão 
(organizadores).Nacionalismo e Reformismo Radical (1945-1964). Rio de 
Janeiro, Civilização Brasileira, 2007. 
 
[23] Cf. SAMIS, 2009. 
 
[24] Sobre o conceito de Autonomia. Cf. SILVA, Rafael Viana da. 
A Práxis Anarquista: Superação da Alienação e a Busca Pela 
Autonomia. Passa Palavra. Em: 1ª Parte -
 http://passapalavra.info/?p=36985, 2ª Parte -
 http://passapalavra.info/?p=37026, 2011. 
 
[25] Ainda que os anarquistas, cientes das circunstâncias tivessem 
formado em São Paulo uma chapa de oposição para a eleição da 
diretoria do Sindicato dos Gráficos. O que parece, é que houve 
certo trabalho de base, bem anterior para a disputa deste espaço. 
 
[26] THOMPSON, 1987, p. 9. 
 
[27] Cf. HECKER, Alexandre. “Propostas de esquerda para um 
novo Brasil: o ideário socialista do pós- guerra.” in REIS, Daniel 
Aarão; FERREIRA, Jorge (organizadores). Nacionalismo e reformismo 
radical (1945-1964). Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2007. 
 
[28] Idem. 
 
[29] Idem. 
 
[30] O que não seria feito sem uma boa dose de polêmica. Moacir 
Caminha, editor do jornalRemodelações irá propor em plena 
constituinte, um anteprojeto de constituição, obviamente libertária, 
publicado em três números deste periódico para “[…] estudo, crítica 
e emenda do povo e da futura constituinte.” REPÚBLICA 
http://passapalavra.info/?p=36985
http://passapalavra.info/?p=37026
COMUNISTA LIBERTÁRIA DO BRASIL: Ante-projéto da 
Constituição para estudo, crítica e emenda do povo e da futura 
Constituinte. Remodelações, Rio de Janeiro, 10 de Outubro de 
1945, nº 01, p. 04. Esta iniciativa gerou algumas polêmicas nos 
círculos anarquistas e desafiou o “purismo” ideológico de muitos 
militantes. A iniciativa, entretanto, visava interferir naquele contexto. 
Era uma mediação entre a política e a ideologia anarquista. 
 
[31] Cf. Os Anarquistas em Face do Sindicalismo in RODRIGUES, 
1992, p. 206. 
 
[32] GABRIEL, Lucca. Secretário de Ata in RODRIGUES, Edgar. 
A Nova Aurora Libertária (1945-1948). Rio de Janeiro, Editora 
Achiamé, 1992, p. 161-162. 
 
[33] É esta mesma heteronomia instituída que faz com que a origem 
da criação das instituições seja deslocada para uma origem extra-
social, as leis, as instituições, o Estado; passam a não serem dados 
pelos “[…] assírios, pelos judeus, pelos gregos, etc” 
(CASTORIADIS, 1987, p. 424-425), mas sim “[…] pelos deuses, 
por Deus, ou impostas pelo “estado das forças produtivas” (Idem) 
 
[34] Cf. CORRÊA, Larissa Rosa. Trabalhadores têxteis e metalúrgicos a 
caminho da Justiça do Trabalho: leis e direitos na cidade de São Paulo – 1953 
a 1964. Dissertação de Mestrado. Campinas, São Paulo, 2007. 
 
[35] Idem. 
 
[36] A ideologia trabalhista, o “legado” de Vargas seria disputado 
por inúmeras figuras políticas. Cf. GOMES, Angela de Castro. 
“Partido Trabalhista Brasileiro (1945-1965): getulismo, trabalhismo, 
nacionalismo e reformas de base” in FERREIRA, Jorge e REIS, 
Daniel Aarão. Nacionalismo e Reformismo Radical (1945-1964). Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. 
 
[37] No Rio de Janeiro, tentou-se antes mesmo da fundação do 
CEPJO, articular um espaço libertário. O nome do espaço era 
Centro de Estudos Sociais, que aparece já em 1945, e cuja notícia é 
publicada no periódico Remodelações. O espaço parece não ter tido 
vida longa, seu desaparecimento é paralelo ao de Remodelações. 
 
[38] ZOLA, Emile. Germinal. Abril.S.A Cultural e Industrial, São 
Paulo, 1979. 
 
Referências 
ADDOR, Carlos Augusto. A Insurreição Anarquista no Rio de Janeiro. 
Rio de Janeiro, Ed. Dois Pontos, 1986. 
BOITO JÚNIOR, Armando. O Sindicalismo de Estado no Brasil. 
Campinas, Editora da Unicamp, 1991. 
CASTORIADIS, Cornelius. A Experiência do Movimento Operário. São 
Paulo: Editora Brasiliense, 1985. 
_. As Encruzilhadas do Labirinto. Vol.II. Rio de Janeiro, Paz e Terra, s/d 
_. A Instituição Imaginária da Sociedade. 2ª ed. Rio de Janeiro, Paz e 
Terra, 1982. 
CORRÊA, Larissa Rosa. Trabalhadores têxteis e metalúrgicos a caminho da 
Justiça do Trabalho: leis e direitos na cidade de São Paulo – 1953 a 1964. 
Dissertação de Mestrado. Campinas, São Paulo, 2007. 
FERREIRA, Jorge e REIS, Daniel Aarão. Nacionalismo e Reformismo 
Radical (1945-1964). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. 
GERALDO, Endrica. Práticas Libertárias do Centro de Cultura 
Social Anarquista de São Paulo (1933-1935 e 1947-1951). Caderno 
AEL, n. 89, 1998. 
MALATESTA, Errico. Anarquistas, Socialistas e Comunistas. São 
Paulo, Cortez Editora, 1989. 
MARANHÃO, Ricardo. Sindicatos e Democratização: Brasil 1945/1950. 
São Paulo, Editora Brasiliense, 1979. 
PEREIRA, Astrojildo. Formação do PCB. Rio de Janeiro, Editorial 
Vitória Limitada, 1962. 
PRESTES, Anita Leocadia. Da Insurreição Armada (1935) à “União 
Nacional” (1938-1945): a virada tática na política do PCB. São Paulo, Paz 
e Terra, 2001. 
RÉMOND, René (org). Por uma História Política. Rio de Janeiro, 
Editora UFRJ, 1996. 
REIS, Daniel Aarão; FERREIRA, Jorge 
(organizadores). Nacionalismo e reformismoradical (1945-1964). Rio de 
Janeiro, Civilização Brasileira, 2007. 
RODRIGUES, Edgar. A Nova Aurora Libertária (1945-1948). Rio de 
Janeiro, Editora Achiamé, 1992. 
. Entre Ditaduras (1948-1962). Rio de Janeiro, Editora Achiamé, 1993. 
SAMIS, Alexandre. Minha Pátria é o Mundo Inteiro: Neno Vasco, o 
Anarquismo e o Sindicalismo Revolucionário em dois mundos. Lisboa, Letra 
Livre, 2009. 
SANTANA, Marco Aurélio. Homens Partidos: comunistas e sindicatos no 
Brasil. São Paulo, Boitempo Editorial, 1991. 
SILVA, Rafael V. da. A Práxis Anarquista: Superação da Alienação e 
a Busca Pela Autonomia. Passa Palavra. Em: 1ª Parte -
 http://passapalavra.info/?p=36985, 2ª Parte -
 http://passapalavra.info/?p=37026, 2011. 
SOUZA, Maria do Carmo Campello de. Estado e Partidos Políticos no 
Brasil. São Paulo, Alfa-Omega, 1976. 
THOMPSON, Edward P. A Formação da Classe Operária Inglesa vols. 
I, II e III. Rio de Janeiro, 3ª ed., Paz e Terra, 1997. 
ZOLA, Emile. Germinal. Abril.S.A Cultural e Industrial, São Paulo, 
1979. 
Jornais 
Ação Direta (2ª fase). Rio de Janeiro. Biblioteca Social Fábio Luz. 
BSFL. 1946-1959. 
Ação Sindical. São Paulo. Arquivo de Memória Operária do Rio de 
Janeiro. AMORJ. 1958. 
A Plebe (2ª fase). São Paulo. Arquivo de Memória Operária do Rio de 
Janeiro. AMORJ. 1947-1949. 
A Liberdade, Rio de Janeiro, Abril de 1919 n º 29. Arquivo de 
Memória Operária do Rio de Janeiro. AMORJ. 
Remodelações. Rio de Janeiro. Arquivo de Memória Operária do Rio de 
Janeiro. AMORJ. 1945-1947. 
Boletins 
O Partido deve defender intransigentemente a ordem In Boletim Interno do 
Secretariado Nacional do PCB nº 04, 23/10/1945, p. 04. AMORJ. 
Instituições de Pesquisa 
Arquivo de Memória Operária do Rio de Janeiro (AMORJ) 
Biblioteca Social Fábio Luz (BSFL) 
Referências Iconográficas 
[Figura 01] O Belicoso Tio Sam. Janeiro e Fevereiro de 1954. Ação 
Direta, Rio de Janeiro, 01 e 02 de 1954, nº 91, p. 01. 
http://passapalavra.info/?p=36985
http://passapalavra.info/?p=37026
[Figura 02] Sem Título. Janeiro e Fevereiro de 1953. Ação Direta, 
Rio de Janeiro, 01 e 02 de 1953, nº 85, p. 01. 
[Figura 03] Sem Título. Novembro de 1950. Ação Direta, Rio de 
Janeiro, 11 de 1950, nº 70, p. 01. 
[Figura 04] Sem Título. Janeiro e Fevereiro de 1952. Ação Direta, 
Rio de Janeiro, 01 e 02 de 1952, nº 78. 
[Figura 05] Um Aspecto da Sessão. Maio de 1946. Ação Direta, Rio 
de Janeiro, 25/05/1946, nº 06. 
[Figura 06] Ação Direta, Rio de Janeiro, Janeiro e Fevereiro de 1954, 
nº 91, p. 04. 
[Figura 07] Ação Direta, Rio de Janeiro, Julho de 1957, nº 119, p. 01. 
[Figura 08] Ação Direta, Rio de Janeiro, Novembro e Dezembro de 
1954, nº 96, p. 01.

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