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6 EDITORIAL OPINIÃO 10 Sarah Ahmed 14 Debra Meiburg MW 18 Jamie Goode 22 José João Santos 26 PROFILE Cláudio Martins ESCOLHAS DO MÊS 30 Para a Mesa 32 Para a Cave 34 Altamente Recomendados 36 Boas Compras 40 CASTA Viosinho, de norte a sul. 42 VINHO & NÚMEROS Exportações e ameaças em tempo de pandemia. 44 VINHOS & TURISMO O regresso do enoturismo. 46 HOTÉIS & RESTAURANTES Sugestões para desconfinar. 48 NOTÍCIAS A restauração reabriu, mostramos como. 50 CERVEJAS Sovina, nova vida. SUMÁRIO 52 ESTRELAS DE PORTUGAL Manuel Chicau, Adega Alentejana, São Paulo. 54 EATING DESIGN Marije Vogelzang, educadora de consciências. 56 MERCADOS Índia, oportunidade para os vinhos de Portugal. 58 A GRANDE ENTREVISTA Rodolfo Queirós, presidente da CVR Beira Interior. 62 JOANA SANTIAGO E NUNO DO Ó Um Alvarinho com “twist”. 68 MONTE DA RAVASQUEIRA Um mundo de natureza no Alentejo. 74 HERDADE GRANDE Uma Lança na Vidigueira. 80 BRANCOS ATLÂNTICOS Prova temática com sabor a mar. 86 VINHO VERDE Desvelamos novidades de seis produtores de referência. 90 FAVA-RICA Receita e harmonizações para um ícone da gastronomia popular. 98 PORTO EXTRAVAGANZA Prova de três séculos em Seteais. 102 DICAS PARA ORGANIZAR A GARRAFEIRA Um guia para evitar que que se perca entre garrafas. 106 CRÍTICA GASTRONÓMICA Elemento, o regresso do fogo. 110 NOVIDADES 127 GUIA REVISTA DE VINHOS 138 WINE LEGENDS João Portugal Ramos 62 80 9068 @revistadevinhos A nova linha “Shade of Grey” da Küppersbusch alia elegância e modernidade dando a possibilidade de dar um toque pessoal a sua cozinha. A cor cinza torna-se uma combinação perfeita com superfícies naturais feitas em madeira, pedra ou betão e até mesmo em bancadas brancas. O cinza é a cor do momento e dá-nos possibilidades infinitas. ESPECIAL, VERSÁTIL E INTEMPORAL www.kuppersbusch.com.pt A nova linha “Shade of Grey” da Küppersbusch alia elegância e modernidade dando a possibilidade de dar um toque pessoal a sua cozinha. A cor cinza torna-se uma combinação perfeita com superfícies naturais feitas em madeira, pedra ou betão e até mesmo em bancadas brancas. O cinza é a cor do momento e dá-nos possibilidades infinitas. ESPECIAL, VERSÁTIL E INTEMPORAL www.kuppersbusch.com.pt EDITORIAL Num tempo em que o distanciamento social continua a ser um ato obrigatório e a evolução da saúde pública um estado dependente da ação de todos e cada um de nós, inicia-se também um novo tempo: o da reabertura. Coincidente com a chegada do verão e da época do amadurecimento cresce a esperança e o otimismo, mas aumenta proporcionalmente o dever de sermos solidários e de, mais do que nunca, tirando partido das nossas capacidades, apoiarmos Portugal na recuperação da economia. Atrevo-me a dizer que Portugal, tal como a Europa e o mundo, está em dificuldades, tal é a incerteza sobre o futuro, tal é a consciência de sabermos que temos de rever o modelo em que assenta a nossa economia e a nossa sociedade, tal é a urgência de se fazer caminho. Como numa moeda, este apuro tem o reverso e, de forma cons- ciente, todos sabemos que esse reverso, ou seja, uma boa parte da solução, está em cada um de nós. Assim foi, assim o será. Sabemos que a força de um país, de uma comu- nidade, de uma família, de uma empresa, de um órgão de comunicação social, de uma instituição, de um Governo, reside nas pessoas, na capacidade de responsabilização, de reação e na empatia, na vontade de querer ir mais longe, de superar divi- sões, trabalhando para transformar adversidades em desafios e desafios em novas metas. Portugal tem essa capacidade. Há e sempre houve vontade de ir mais longe. Há a inspiração que vem de uma história ímpar, de uma cultura universalista, de uma união territorial que nos torna uma das mais antigas nações, da força de uma das mais faladas línguas do mundo, que torna o nosso universo ainda mais lato. Se Portugal não tivesse essa capacidade, julgo que num espaço tão curto de tempo, como são 46 anos, não se teria transformado tanto. Hoje, as adversidades são outras, mas o desafio é o mesmo: transformar o país, reinventando a economia, fortalecendo a cultura e reforçando a presença no mundo. Portugal tem as pessoas certas para fazê-lo. Aqui há talento e há criatividade. Foi isto que nos levou a lançar mais uma campanha que tinha há muito em mente, mas vê a luz do dia no momento certo, destacando protagonistas em duas áreas onde Portugal dá cartas, o vinho e a gastronomia. Realçando o mérito alcançado por uns e o ousar das novas gerações. Os Legends e os New Age, os que já deixaram marcas e são embaixadores de Portugal e os que as estão a construir. Teremos duas ligas evolutivas, pois à medida do tempo e do percurso, o “New Age” poderá assumir o estatuto “Legend”. Teremos duas ligas que darão a Portugal comunicação positiva dentro e fora de portas, liderando pelo exemplo, mostrando a força e a importância da tenacidade, reconhecendo o mérito do trabalho. Lançamos esta campanha no momento em que Portugal reabre portas e num período em que a revitalização pas- sará muito pelo mercado nacional, pelo apoio à economia local. Abrimos portas mas fiquemos dentro de fronteiras. É seguro, há diversidade e qualidade de oferta e experiências. Sabemos que todo o tipo de comércio se preparou para estes novos tempos, criando ambientes seguros, permitindo que cada um de nós aproveite o que a vida tem de melhor com a confiança de sempre. Abrimos portas e precisamos que cada um de nós dê o seu contributo, seja mais produtivo, mais presente, mais inovador. Se o fizermos, independentemente do tamanho da ação, o caminho será mais fácil em direção a um novo Portugal. Um novo Portugal Nuno Guedes Vaz Pires, diretor nunopires@essenciadovinho.com @nunogvpires EDIÇÃO Nº 367 / JUNHO 2020 REVISTA DE VINHOS NAS REDES SOCIAIS A inovação e a abertura de novos horizontes faz parte do nosso ADN. Também nas redes sociais gostamos de o fazer. A Revista de Vinhos disponibiliza nas diversas redes sociais inúmeros conteúdos, provas de vinhos e lançamentos online, entrevistas, dicas e suges- tões sobre gastronomia e restaurantes, enoturismo, passeios e visitas. À distância de um clique. 8 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos PROMO DO MÊS DESCONTO NA COMPRA, INTRODUZA O CÓDIGO PROMOCIONAL #VINHODECAPAREVISTADEVINHOS DESCONTO EXTENSÍVEL AO PACK QUINTA DA PACHECA. Produtor com altos pergaminhos no Douro, a Quinta da Pacheca destaca-se pela irreverência de algumas propostas, como este rosé obtido exclusivamente de uvas da casta Touriga Nacional. Oriundas das parcelas de cota mais alta da propriedade, a 300 metros de altitude, o primeiro terço da fermentação ocorreu em cuba de aço inoxidável a temperatura controlada, sendo o mosto transferido para barricas novas e de segundo ano de carvalho francês, com bâtonnage das borras finas. É o parceiro ideal para as longas refeições de verão. Pacheca Rosé Reserva Touriga Nacional 2018 Douro / Rosé / Quinta da Pacheca *Condições para compra online em www.quintadapacheca.com 1. PACHECA ROSÉ RESERVA TOURIGA NACIONAL 2018 PVP recomendado de 19,50€. Insira o código promocional #vinhodecaparevistadevinhos e compre o vinho por apenas 15,00€. — 2. PACK QUINTA DA PACHECA Aproveite e adquira uma seleção de vinhos especial, que inclui algumas das referências mais entusiasmantes da Quinta da Pacheca. Inclui um exemplar de: Pacheca Branco Grande Reserva 2018 (39,00€); Pacheca Rosé Touriga Nacional Reserva 2018 (19,50€); Pacheca Port 10 Years Tawny 50 cl. (21,00€); Pacheca Reserva Tinto 2016 Douro (15,00€); Pacheca Reserva Vinhas Velhas Red 2016 Douro (19,00€); Pacheca Reserva Branco 2018 Douro (15,00€).. PVP online: 128,50€ Insira o código promocional #vinhodecaparevistadevinhos e compre esta seleção por apenas 99,50€ (menos 20%). 15,00€ * 19,50€ seu por Nesta edição com a Revista de Vinhos! Salmão. Muito aromático, com fruta vermelha muitofresca, em particular morango e framboesa, acompanhadas de algumas notas de madeira bem integrada. Na boca é um vinho intenso e com boa acidez, conferindo-lhe frescura, persistência e longevidade. 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Deixando de lado as preocupações sobre se o álcool está a ser consumido com moderação, foi animador ver que o vinho tem um lugar tão especial no coração do país. De facto, a 25 de março, o governo declarou que entre o “comércio essencial” estavam incluídas “lojas de bebidas alcoólicas”, permitindo que os comerciantes de vinho se atirassem à luta. A frota de importadores e restaurantes juntou-se, reenqua- drando os modelos de negócios de venda direta aos consumidores. Com a enxurrada de vídeos sobre ‘wine educa- tion’ online e a verdadeira ‘Zoom-athon’ de provas e degustações ao vivo, existirá momento melhor para ser (ou tornar-se) ‘wine lover’? Estamos a ser assi- duamente seduzidos com ideias tentadoras sobre como suportar o bloqueio, sem mencionar o stock destruído de garrafeiras (isto a confiar nos diários de quarentena postados nas redes sociais). O confinamento levou-me a empreender a há muito devida ‘racionalização de garrafeira’, que me ofereceu a necessária pausa para refletir nas razões que fazem do vinho tão especial. Envelhecimento (evolução da garrafa) e, é claro, pura delícia, fazem parte do seu apelo, reforçado com uma garrafa do meu Châteauneuf-du-Pape preferido, o Château de Beaucastel 2003. Mas o vinho também serve um pro- pósito maior. Para mim, olhar através de uma coleção de vinhos é agradavelmente semelhante às recorda- ções dos álbuns fotográficos. Aquelas garrafas que guardam memórias de lugares, pessoas, festas, jan- tares e ocasiões especiais. O vinho é o material de que são feitos os rituais - brindes para celebrar o sucesso ou comemorar a tristeza. E sonhos. Aposto que não estou só, fantasiando sobre a melhor forma de come- morar a libertação do confinamento, saudar vidas perdidas e celebrar as pessoas da linha de frente. Sarah Ahmed, jornalista e crítica de vinhos Sarah Ahmed é uma reputada jornalista e crítica de vinhos britânica, especializada em vinhos portugueses e australianos, no blogue "The Wine Detective". OPINIÃO Agora que, em maior ou menor escala, o grande desconfinamento está à vista, quais serão os vinhos ideais para brindar nos encontros familiares e de amigos? E os formatos de garrafa mais indicados? A Wine Detective investiga os formatos das garrafas 12 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos O tamanho importa Os vinhos efervescentes são a escolha óbvia para uma ocasião especial, especialmente quando servidos em grandes formatos, cujos nomes se inspiram em figuras bíblicas e históricas - Jeroboam (três litros), Matusalém (seis litros), Salmanazar (nove litros), Baltazar (12 litros), Nabucodonosor (15 litros) e assim por diante. São perfeitas para partilhar nas futuras e muito ansiadas reuniões com a família e amigos. E lembrei-me da função mais prosaica destes grandes formatos na competição ASI Best Sommelier of the World 2019, quando o enólogo-chefe da Franciacorta, Mattia Vezzola, apresentou uma prova intitulada “O tamanho importa: Bellavista Gran Cuvée de 0,375 lt. até 9 lt.”. A idade base do vinho e do engarrafamento foram as mesmas para cada formato e, como seria de esperar, quanto menor a garrafa, maior a evolução (razão pela qual, aliás, a minha caixa de Porto Vintage 2011 é de meias gar- rafas - não quero esperar mais 20 anos para começar a bebê-los!). Como explicou Vezzola, quanto maior o volume de vinho em relação à área de contacto com a cortiça, menor a taxa de entrada de oxigénio. O vidro mais grosso é outra vantagem dos grandes for- matos, diz o eminente sommelier português Nelson Guerreiro, porque “significa maior proteção contra a luz, o calor e as mudanças de temperature”, que resulta no envelhecimento mais célere. Com uma enorme amplitude entre os diversos for- matos - a meia garrafa (com as suas notas de nou- gatine e confeitaria) e a garrafa Salmanazar -, não se observou que o público tenha necessariamente preferido o maior formato, por mais impressionante- mente jovem que fosse. Com isto em mente, a maioria (incluindo eu) preferiu o formato Matusalém que, de nome apenas, seria a escolha ideal para a libertação do confinamento – já que, de acordo com o livro do Génesis, Matusalém foi a pessoa mais velha na história da humanidade, morrendo na feliz velhice madura dos seus 969 anos. Se o caro leitor estiver ten- tado a ‘exagerar' na libertação, Guerreiro está bem posicio- nado para fornecer dicas sobre como 'tente fazer isto em casa', depois de tomar parte da equipa de sommeliers encarregada da complicada tarefa de servir o Bellavista Gran Cuvée em garrafa Salmanazar, sem recurso a uma grua. Recomenda que duas pessoas manuseiem a garrafa, despejando-a primeiro num decanter de boca larga e, só depois, nos copos. Quanto ao que beber, em vez das bolhas de Champanhe ou Franciacorta de Itália, sem dúvida os produtores portugueses agradecerão o apoio. Embora nunca tenha investigado, tenho a certeza que os produtores de espumante portu- gueses trabalham com grandes formatos. Julgo que os Alvarinhos Soalheiro e Niepoort Tiara são tão ele- gantes em belas garrafas magnum quanto o seu con- teúdo. No caso dos vinhos tintos, as Caves São João oferecem uma seleção invejável dos seus Porta dos Cavaleiros e Frei João. Outra opção garantida e pronta para uso de for- matos grandes são o Porto Tawny ou o Vinho Madeira. A Blandy's desenvolveu uma propensão para engarrafar Madeira vintage em magnum o que, como vinho famoso pela sua indestrutibilidade, tem a sua ressonância - e será certamente o vinho per- feito para brindar à resiliência? As luxuriantes gar- rafas premium de Tawnies Graham’s, numa variedade estonteante de formatos, variam de 20 cl. a 4,5 litros e que, segundo Anthony Symington, já não são feitas por especial pedido – “devido ao seu sucesso, agora são produtos de stock”. Nos restaurantes, atribui a popularidade dos Jeroboams de 4,5 litros à oferta de "teatralidade a copo” e, estando em evidente des- taque, predispõem os consumidores a pensarem no Vinho do Porto para o final da refeição. “Verificamos um aumento significativo das vendas de sobremesas e pratos de queijo no fim das refeições”, acrescentou Symington, destacando a versatilidade do Tawny. Pela minha parte, não consigo pensar numa maneira melhor de nos fortificarmos nestes tempos. A maioria prefere o formato Matusalém que, pelo nome apenas, seria a escolha ideal para a libertação do confinamento – já que, de acordo com o livro do Génesis, Matusalém foi a pessoa mais velha na história da humanidade, morrendo na feliz velhice madura dos seus 969 anos. Sarah Ahmed, jornalista e crítica de vinhos OPINIÃO 14 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos C M Y CM MY CY CMY K BURMESTER_Casa_Br_RV_maio2020.pdf 1 19/05/2020 13:04 OPINIÃO Debra Meiburg MW Debra Meiburg é uma californiana radicada há mais de 25 anos em Hong Kong. “Master of Wine”, autorade vários livros, é considerada a mais influente líder de opinião sobre vinhos na China. Tornou-se presidente do Comité de Educação do Instituto de Masters of Wine em 2017. T ratando-se de um dos principais mer- cados do mundo no consumo per capita de bebidas alcoólicas, beber é conside- rado uma parte importante da vida social e de negócios na Coreia do Sul. Muitos cometem o erro de pensar que a Coreia é uma mini- -China. Mas nada poderia estar mais longe da verdade. Os espumantes estão a despertar a curiosidade dos consumidores de vinho sul-coreanos. Trata-se do seg- mento que mais cresce no mercado de vinhos do país, subindo para 18,2% do total de importações - em valor – em 2018, comparativamente aos 5,5% de 2008. A abertura de clubes e bares e os jovens consumidores millenial são considerados os principais impulsiona- dores da procura. Mas, enquanto as “bolhinhas” estão a crescer, os tintos ainda lideram o consumo no mer- cado de volume, respondendo por 63,1% das importa- ções de vinho em valor (60,3% em volume) em 2018. Ou seja, os consumidores estão a complementar a sua dieta baseada no destilado a que chamam ‘soju’ com alternativas mais saudáveis e de teor alcoólico inferior. Apesar do ambiente económico desafiante, 2018 marcou um ano recorde para as importações de vinho na Coreia do Sul, totalizando 244 milhões de dólares, um aumento de 16,2% em relação a 2017. As lojas de descontos - conhecidas como hipermercados - são responsáveis por cerca de 70%. O operador da loja de departamentos Shinsegae L&B, que opera 150 supermercados E-mart e 12 lojas Wine & More, vendeu 60 milhões de dólares em vinhos. O restante foi par- tilhado entre a cadeia HomePlus, com 140 pontos de venda (operado pela MBK Partners) e a Lotte Mart, que possui mais de 115 lojas. As ‘department stores’ e lojas especializadas em vinho (Tour du Vin, Sap dor, Wine 365, Hakdong Wine e Wineoutlet Lavin) garan- tiram cerca de 10% das vendas. Estes canais off-trade respondem ao crescente número de famílias de classe média alta que consome vinho em casa, apesar do dife- rencial de preços, que pode atingir os 40%. As vendas no retalho superam amplamente as vendas em restaurantes e bares, numa proporção de 80/20, com preços no canal on-trade três vezes supe- riores ao canal grossista. A taxa de 50% de imposto sobre o álcool e os consideráveis custos de distribuição tornam o vinho um produto premium, desfrutado por um grupo limitado de sul-coreanos. A ascenção dos sommeliers O panorama do ‘fine dining’ na Coreia é impres- sionante, assim como o é o número de sommeliers que estão a surgir neste universo, onde conquistam muitas oportunidades para aprimorarem as suas capacidades em restaurantes com estrelas Michelin e ‘hotspots’ emergentes de restauração. O Sommelier do Ano de 2018 da Coreia do Sul, Year Min Seok A Coreia do Sul esteve no olho do furacão na emergência da pandemia. Mas isso vai passar. E o país certamente recuperará o seu lugar como um dos mercados de vinho emergentes mais interessantes da Ásia para os muitos países e regiões produtoras do mundo que disputam cada gota do oceano de potencial deste continente. Coreia do Sul, mercado a atentar no pós-Coronavírus 16 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos 2163W_Mateus_Insercao Revista Vinhos_225x297mm_AF.pdf 1 23/04/2019 10:44:54 OPINIÃO Kyung, supervisiona a lista de vinhos no inovador e duplamente estrelado restaurante Jungsik. O vencedor de 2017, Wook Tae Han, é responsável pela carta de vinhos do Kwon Sook Soo, também com duas estrelas Michelin. A vencedora do ano passado, Kim Min-joo, do bar de vinhos de Seul Les Clefs de Crystal, é a pri- meira mulher a vencer a competição - era uma das três mulheres no top 10 -, um sinal positivo para as mulheres nesta vertente da indústria, apesar do facto de existirem várias líderes femininas no comércio, formação e media. Paul Eun, gerente do Top Cloud 52 e gestor das listas de vinhos dos três restaurantes Top Cloud de Seul, é um premiado sommelier e juiz de vinhos que devotou a sua experiência à educação e treino de novos sommeliers. O abundante número de hotéis cinco estrelas em Seul abriga alguns talentos igualmente impressio- nantes. O sommelier do Four Seasons Hotel Ian Seo aponta a diferença da oferta de vinhos no seu hotel daquela patente nas prateleiras dos supermercados, referindo a sua carta, em constante mudança, de vinhos artesanais de escassa produção, bem como a oferta substancial de vinho a copo. Faz parte de uma geração de sommeliers que cresceram na cultura do vinho na Coreia, que procura diversificar as cartas car- regadas de Bordéus e Champanhe, para ofertas mais extensas. Os canais on-trade representam cerca de 10 a 15% das vendas de vinho, uma taxa que estagnou devido aos altos custos e à falta de opções acessíveis. Quando o clima é ameno durante a primavera e o outono, os mercados de vinho ao ar livre florescem, nos quais os importadores montam os seus stands para realizarem provas regulares e onde o público é incentivado a provar e a comprar os seus vinhos. Chamados 'Jang Teu', estes eventos são semelhantes aos mercados de rua europeus. Os grandes hotéis também estão em ação. O certame'Walking on the Cloud' é apresentado pelo Sheraton Grande Walkerhill Hotel, o Mayfield Hotel abriga o 'Dionysos Wine & Beer Festival' e o 'Wine and Busker' é realizado no JW Marriott Dongdaemun. Estes mercados comple- mentam grandes feiras, como a Seoul Wine Expo, a Daejeon International Wine & Spirits Fair (sede do Asia Wine Trophy) e o Wine Meets World (WMW). Muitos importadores organizam também as suas pró- prias provas em Seul, com pequenos importadores por vezes unindo forças para levarem a cabo em conjunto as suas provas e degustações. Os Jogos Olímpicos de Seul em 1987 impulsionaram a importação de vinho estrangeiro na Coreia do Sul há mais de três décadas. Onze importadores lideraram o caminho; agora existem 500 importadores licen- ciados de bebidas alcoólicas (embora se estime que apenas 50 estejam ativamente a operar), com os 12 primeiros a responderem por mais de 70% do total de importações. Os principais são as empresas Keumyang International, Lotte Liquor, Shindong Wine, Daeyoo Wine, A-Young Liquor Trading, Nara Cellar, Vinideus, Wine 2U Korea, Boa Trading, Handok Wine, Indulge, HiteJinro e Winenara. Em 2018, as importações de vinho totalizaram 244 milhões de dólares (40,3 milhões de litros), lideradas pelos vinhos franceses (79,5 milhões de dólares, + 15,8% face a 2017), Chile (46,3 milhões, + 13,9%) e Itália (34,6 milhões, + 15,4 %) O mercado para os vinhos dos EUA, Espanha e Austrália é também sau- dável. No geral, os importadores sul-coreanos são tradi- cionalistas, preferindo marcas famosas com prémios e pontuações Parker. Ironicamente, no entanto, o impacto dos troféus, medalhas e até certificados per- de-se nas prateleiras dos supermercados, porque o governo sul-coreano não os reconhece. Impulsionado pelas previsões de crescimento cons- tante (ainda que modesto), o interesse internacional no mercado de vinhos da Coreia do Sul tem sido posi- tivo. Apesar do ambiente económico desafiador (e da situação atual da COVID-19), as importações de vinho da Coreia do Sul nos últimos três anos marcaram um crescimento médio anual de 8,8%. É provável que as importações de vinho continuem em constante cres- cimento, à medida que mais sul-coreanos optem pelo vinho em busca de um consumo mais saudável de álcool (no caso dos sul-coreanos mais velhos) e por estilos de vida modernos (sul-coreanos mais jovens). Crê-se que as oportunidades sejam mais fortes no mer- cado intermédio, para vinhos de baixo a médio preço. O crescente número de profissionais do vinho na cena gastronómica da Coreia, juntamente com o crescimento da cultura do vinho, estão a impul- sionar a procura por cursos especializados. A WSA Wine Academy dominou o panorama da educação. A Wine Vision School,fundada por Moonsong Bang em 2008, é outro famoso projeto de educação. Há também vários ‘educators’ independentes, como Jin Ho Son, que trouxeram o seu conhecimento de vinhos franceses para a Coreia. Jun Cheol Kim aprendeu eno- logia na Califórnia e regressou para produzir vinho na Coreia antes de iniciar a sua própria escola de vinhos. O ex-professor da Academy du Vin de Seul, Man Hong Kim, abriu a Manon Wine Academy. E a ex-diretora da WSA Wine Academy, In Soon Lee, começou por si a oferecer formação especializada em vinho. E, se todos sabemos que o clima internacional está difícil no momento, estamos todos ansiosos para crescer no amanhã. E podemos esperar para ver o comboio de Seul a avançar a toda velocidade quando surgir o novo amanhecer. Debra Meiburg MW 18 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos ANOS DE COMPROMISSO E RECOMPENSAS Desde 1820 que temos levado o vinho do Porto Desde 1820 que temos levado o vinho do Porto extremamente a sério. Estamos dedicados extremamente a sério. Estamos dedicados a produzir o melhor. Isto requer gerações de a produzir o melhor. Isto requer gerações de conhecimento e compromisso permanente para conhecimento e compromisso permanente para dominar a nossa arte. Aprendizagem constante. dominar a nossa arte. Aprendizagem constante. Aperfeiçoamento constante. Mas nem tudo é Aperfeiçoamento constante. Mas nem tudo é trabalho duro. Também somos sérios quando trabalho duro. Também somos sérios quando chega o momento de aproveitar o resultado chega o momento de aproveitar o resultado dos nossos esforços. Seja bebendo um copo dos nossos esforços. Seja bebendo um copo de Six Grapes no final de uma semana agitada de Six Grapes no final de uma semana agitada ou assinalando algum dos grandes momentos ou assinalando algum dos grandes momentos da vida com uma garrafa especial de Vintage da vida com uma garrafa especial de Vintage – asseguramo-nos de tirar partido do caminho. – asseguramo-nos de tirar partido do caminho. Afinal, para que serve tanto esforço se não vier Afinal, para que serve tanto esforço se não vier associado a uma merecida recompensa?associado a uma merecida recompensa? DISTRIBUIDO POR – PORTFOL IO V INHOS • PORTFOL IOV INHOS.PT SEJA RESPONSÁVEL . BEBA COM MODERAÇÃO. E m 2016 estava com o meu colega escritor Treve Ring a passar algum tempo com Dirk Niepoort. Depois de alguns dias no Douro, regressamos ao Porto, com uma paragem no caminho, junto de uma pequena vinha minhota. Niepoort conversou com o pro- dutor e demos uma volta pela vinha. Provamos alguns vinhos. Quando saímos, perguntamos a Dirk o que tinha ido lá fazer. Respondeu-nos que iria usar a vinha para fazer o seu Nat'Cool branco chamado 'Drink Me'. Ficamos intrigados. Foi a pri- meira vez que ouvimos falar do Nat'Cool e parecia muito inte- ressante. O Nat'Cool tem dado passos ainda lentos mas está a ganhar força. A Niepoort nunca fez parte do clube dos vinhos naturais, mas ao longo dos anos o estilo Niepoort evoluiu, afastan- do-se da agricultura convencional e da vinificação tecnológica em direção à baixa intervenção na vinha e na adega. Após experiências várias em 2015, os primeiros vinhos Nat'Cool foram o Drink Me Baga da Bairrada e um Douro Touriga Nacional de alti- tude chamado Primata, lançado em 2016. O Baga era um vinho de maceração carbónica, sem adição de sulfitos - um Baga de expressão gulosa, com boa acidez e um pouco de estrutura. O Primata resultava da fermen- tação de cachos inteiros em lagar e depois em aço inoxidável com estágio sobre borras no inverno e oferecia frutas expressivas e florais e frescura incrível. Em 2017, mais vinhos juntaram-se ao clube. O Drink Me Vinho Verde era um lote de das castas Arinto, Azal e Trajadura, com a segunda fermentação em gar- rafa, feita num estilo antiquado como um Pet Nat de baixa pressão, oferecendo belas notas de maçãs, peras e frutas cítricas com algum gás e um pouco de espe- ciaria. Aventurando-se fora de Portugal, juntou-se-lhe Jonatan Garcia, da Suertes del Marques, em Tenerife, Lentamente, está a surgir uma nova onda no mundo do vinho. Chama-se Nat’Cool e Dirk Niepoort é o cérebro por trás do movimento. Mas são cada vez mais os nomes que se lhe associam. Nat’Cool, ‘slow revolution’ Jamie Goode ‘Wine writer’, cronista do The Sunday Express, autor do blogue wineanorak.com, é doutorado em Biologia de Plantas e co-chair do International Wine Challenge. Começa esta colaboração regular na Revista de Vinhos e, muito em breve, também na brasileira Gula. OPINIÃO O Nat'Cool tem dado passos ainda lentos mas está a ganhar força. A Niepoort nunca fez parte do clube dos vinhos naturais, mas ao longo dos anos o estilo Niepoort evoluiu, afastando-se da agricultura convencional e da vinificação tecnológica em direção à baixa intervenção na vinha e na adega. 20 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos C M Y CM MY CY CMY K que também criou um Nat Cool em 2017: o Listan Negro, desengaçado, que fermentou e envelheceu em cimento. É um vinho expressivo e muito fresco, com algumas notas redutoras e frutas vermelhas brilhantes. Colaborações ‘cool’ Afinal o que é Nat'Cool? “ A ideia é fazer vinhos autênticos, típicos de cada região, sem muita maqui- lhagem”, diz Niepoort. “Quero que seja comerciali- zado em garrafas de litro: os vinhos são tão bons que uma garrafa de 750 ml. não é suficiente para dois”. Na ausência de regras para o vinho natural, Niepoort fez as suas próprias regras numa lista divertida que dá uma ideia do espírito deste projeto colaborativo. 1. Não há regras 2. Respeitar sempre a primeira regra 3. Menos é mais 4. Cooler = menos álcool, menos extração, menos confusão 5. Autênticos, orgânicos, atitude ‘cool’ 6. Garrafas de litro 7. Preço convidativo 8. A incrível leveza do ser Os últimos dois anos assistiram a uma grande expansão do projeto e é algo a que Dirk dedica mais tempo. “Estou bastante satisfeito com os resultados”, diz. “É interessante ver também a qualidade dos vinhos. São vinhos com caráter que mostram de onde vêm – mas não cheios de defeitos e falhas”. Outros colaboradores portu- gueses incluem Pedro Ribeiro, da Herdade do Rocim, no Alentejo, primeiro com um vinho de ânfora tinto e agora também com um branco. Anna Jorgensen, de Cortes de Cima, também está a jun- tar-se ao projeto com um tinto de ânfora de baixa extração, e o Nat'Cool de Vítor Claro é um Castelão da região de Lisboa. Nos Vinhos Verdes, Márcio Lopes está a fazer um Loureiro. Em França, Alain Graillot está a produzir o seu vinho nesta linha e, na Áustria, Wachter Wiesler possui um Nat´Cool, assim como Lukas Brandstätter, que produz os vinhos de Dorli Muhr. “Não é apenas para fazermos uma coisa gira”, diz Niepoort. “É criar um movimento. Acho que estamos um pouco cansados de demasiada snobeira e há alguns vinhos naturais estranhos: parece que, quanto mais f*****s são, melhor. A ideia é levar as pes- soas que estão a fazer vinhos naturais que não façam coisas nojentas”. Atualmente, há até um concurso de arte Nat'Cool. “Já tivemos mais de 100 pessoas de todo o mundo”, diz ele. “A qualidade das inscrições é incrível”. O ven- cedor terá o seu design no rótulo e também receberá 500€ em vinho. A forma como as colaborações funcionam é que os parceiros que produzem e vendem o vinho (usando a garrafa de um litro e a marca Nat’Cool) pagam royalties de 5% das garrafas produzidas. A Niepoort está a planear criar um site para o Nat’Cool e a iniciar uma loja online. Além disso, a Niepoort vai abrir uma loja física em Vila Nova de Gaia, onde venderá estes vinhos. Eventualmente, Dirk gostaria de abrir uma loja física Nat'Cool. “A bola está a rolar”, conclui. Outros colaboradores incluem Pedro Ribeiro, da Herdade do Rocim, no Alentejo. Anna Jorgensen, de Cortes de Cima, também está a juntar-se ao projeto e o Nat'Cool de Vítor Claro é um Castelão daregião de Lisboa. Nos Vinhos Verdes, Márcio Lopes está a fazer um Loureiro. Jamie Goode OPINIÃO 22 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos HC_Pub_RV_220x297_VF_paths.pdf 1 20/05/22 16:18 José João Santos, jornalista e crítico de vinhos P or muitas bolas de cristal, cartas atiradas para a mesa ou adivinhações que tais, nem bruxas nem bruxos conseguirão deter- minar como será o balanço e contas deste 2020. Estamos a desconfinar, é certo, mas um terrível grau de incerteza continua a pairar sobre a economia mundial, terminado que praticamente está o primeiro semestre do ano. Se o surto inicial da Covid-19 fechou fronteiras e dizimou perspetivas, um segundo ou terceiros surtos poderão ter impactos igualmente devastadores. Há, no entanto, duas frases batidas que ao longo dos tempos e das convulsões têm-se comprovado: as crises provocam uma espécie de seleção natural entre quem tinha fôlego e quem apenas aparentava respirar saúde; os que sobrevivem às crises sem amputações significativas saem refor- çados e ficam em clara vantagem competitiva sobre os demais. Ninguém está no negócio do vinho para empo- brecer, ainda que alguns tentem transmitir essa ideia. Evidentemente, há escalas e dimensões bem distintas, mas até o micro produtor que faz do vinho modo de vida quer mais do que pagar despesas, quer viver do ofício e não somente sobreviver dele. Por grande paixão e emotividade que haja em fazer vinho, produzi-lo deverá ser sempre encarado como um negócio – só assim, aliás, se pode construir um futuro. Ao longo dos últimos três meses, a Revista de Vinhos tem conversado com dezenas de operadores no mercado – produtores, distribuidores, importa- dores, lojistas… – e a conclusão geral a que se chega é evidente. Não só em Portugal como pelo resto do mundo, as marcas bem posicionadas no off trade (supermercados) têm conseguido ultrapassar esta fase sem grandes quebras, havendo até registo de aumento de vendas em segmentos e países especí- ficos (no Norte da Europa e nos EUA, por exemplo). Pelo contrário, quem tem o negócio muito focado na hotelaria, restauração e pequenas lojas especializadas regista quebras significativas, que o enfoque repen- tino no comércio online não consegue disfarçar. O maior desafio enfrenta-o precisamente este segundo grupo de produtores, a maioria de pequena e de média dimensão, certamente expectante em per- ceber se a retoma de uma normalidade possível será rápida ou demorada. Afastados das grandes superfícies por opção pró- pria ou por não corresponderem aos critérios de volume e de preço mais ou menos convencionados, ao longo dos anos voltaram-se (e bem) para a área onde José João Santos assume a direção de conteúdos da EV-Essência do Vinho e tem a paixão da escrita, da reportagem, da formação e da prova. É ainda autor de um podcast sobre vinhos. OPINIÃO Seria um erro de palmatória tentar contornar a quebra de vendas que a pandemia tem provocado através da baixa de preços. Em poucos meses estariam a ser deitados ao lixo muitos anos de busca incessante por criação de valor, muito rapidamente caminharíamos para o território do descrédito ou da terra do nada. A tentação a que importa resistir 24 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos reputação, notoriedade e valor de marca se constroem – a res- tauração. Uns conseguiram-no fazer um pouco pelo país, outros em circuitos geográficos mais restritos: Lisboa, Porto, Algarve, Madeira. Por visão de futuro ou por necessidade de crises pas- sadas, uma larga franja destes produtores apostou na internacionalização, inves- tindo muito tempo e muito dinheiro para colocar vinhos em restaurantes e garrafeiras especializadas de Nova Iorque, Londres, Paris, Tóquio, Hong Kong ou São Paulo. Essas viagens permanentes fizeram-se ainda à custo de sacrifício pessoal, na convicção de que era possível rentabilizar a paixão de uma vida. Este esforço individual, em muitas circunstâncias também coletivo, tem trazido frutos, obviamente não à velocidade que nós, portugueses, ambicionamos. A verdade é que Portugal deixou de ser “the next big thing” da crítica mundial para se tornar num caso sério de vinhos personalizados, com berços e terroirs tão diversificados como as castas a partir das quais são obtidos. Lentamente, existe a vontade do mundo em (re)descobrir Portugal também através do vinho. Baixar preço não pode ser solução Como é sabido, a restauração é dos setores mais agoniados pela crise. Muitos optaram simplesmente por fechar portas, outros tentaram uma pequena almofada de conforto no take-away. Todos, no entanto, sabem que essa não é a solução. A pouco e pouco alguns reabrem, mas será necessário esperar mais um pouco para percebermos quantos não o voltarão a fazer. A indústria do turismo, viagens e hotelaria também viu-se obrigada a cumprir serviços mínimos, o que não ajuda. Os dados oficiais indicavam recentemente um novo aumento das exportações portuguesas de vinho, esti- madas em 820,5 milhões de euros em 2019 (mais 2,5% face a 2018). O preço médio por litro ven- dido continua aquém do desejável (2,77€), ainda assim um crescimento de 2,3% por comparação ao ano anterior. A tendência dos anos mais recentes sugere um aumento progressivo de valor e quedas ligeiras de volume, algo que não é necessariamente mau. Pelo contrário, face à dimensão como país, o futuro no contexto global terá necessariamente de passar por vender menos mas vender melhor. As batalhas da quantidade não podem ser as nossas, devemos estar prontos a enfrentar a longa guerra da valorização no contexto mundial, expondo as nossas mais-valias de diferenciação. Seria, portanto, um erro de palmatória tentar con- tornar a quebra de vendas que a pandemia tem pro- vocado através da baixa de preços. Em poucos meses estariam a ser deitados ao lixo muitos anos de busca incessante por criação de valor, muito rapidamente caminharíamos para o território do descrédito ou da terra do nada. Afinal, processar uva é bem diferente de ser produtor de vinho… Haverá este ano pressão dos mercados para que o produtor baixe preços? Certamente, mas também este ano tem havido pressão do Míldio sobre a gene- ralidade das regiões e não é por isso que não se trata a vinha para garantir a próxima vindima. Os tempos que vivemos são difíceis e continuarão desafiantes, mas a notoriedade e a agregação de valor integram um processo contínuo de esforço e de cons- trução, tantas vezes estendido por gerações, que não pode ficar à mercê de um negócio ocasional, por mais tentador que aparente ser no momento. Diferentes especialistas económicos têm previsto uma retoma mais rápida no pós-crise. Longe de dominar essa esfera de previsões, acredito que os clientes voltarão a encher as salas dos restaurantes, os aviões e os hotéis. Estamos a reaprender alguns dos códigos da vida em sociedade, mas continuamos ávidos por novas descobertas, por comer e por beber bem, por regressar aos sítios de sempre. Nervos de aço, paciência de chinês, convicção redobrada. Será um pouco de tudo isto que se espera do produtor de vinhos nesta fase. OPINIÃO José João Santos, jornalista e crítico de vinhos Haverá este ano pressão dos mercados para que o produtor baixe preços? Certamente, mas também este ano tem havido pressão do Míldio sobre a generalidade das regiões e não é por isso que não se trata a vinha para garantir a próxima vindima. 26 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos WWW.FALUA.NET PROFILE texto Nuno Guedes Vaz Pires · foto Ricardo Garrido Claúdio Martins é um dos impulsionadores do vinho tranquilo mais caro do mundo, o bordalês Liber Pater, que foi apresentado mundialmente no Essência do Vinho – Porto de 2019. Porém, este ‘wine advisor’ é também embaixador dos vinhos portugueses no mundo, tendo em carteira alguns dos mais interessantes projetos nacionais. Aos 20 anos, decide partir para Londres, ondecedo contactou com o mundo dos vinhos. Trabalhou, entre outros, no icónico Coq D’Argent e foi responsável pela New Street Wine Shop, localizada na City. Em 2014 criou a Martins Wine Advisor, consultora que apoia sobretudo privados e empresas de vinho e bebidas ou aquisição de ativos, como vinhos e propriedades. Beirão, tem no vinho português um imenso orgulho e considera que a estratégia de valorização dos nossos vinhos é o melhor caminho a seguir. Cláudio Martins 28 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos ESTAMOS JUNTOS EM 2020 MANTEMOS O NOSSO COMPROMISSO MAIS INFORMAÇÕES: Departamento Comercial / comercial@essenciadovinho.com Pedro Lopes / 961 359 720 / pedrolopes@essenciadovinho.com Sofia Reboredo / 961 533 062 / sofiareboredo@essenciadovinho.com com a e a para a parceria Revista de Vinhos / TAP Wine Experience e para a edição especial Natal da revista brasileira Gula Provadores da Revista de Vinhos e da revista Gula e convidados internacionais. A 21ª edição do evento de vinhos de referência na Grande Lisboa. INSCRIÇÕES JÁ ABERTAS PARA EXPOSITORES! 1 DIA PRO F I S S I ONA I S 2 DIAS CONSUM IDOR SEGUNDA › 01 NOVEMBRO + 40 atividades paralelas Espaço Mundo Natural Espaços Dedicados Loja online para venda de vinhos M A S T E R C L A S S E S | P R OVA S E XC LU S I VA S | C O N V E RS A S C O M S O M M E L I E RS TA S T E D R I V E - BATA L H A S D E V I N H O | W I N E L E G E N D S I L E G E N DA RY C H E FS V I N H O S B I O E N AT U R A I S AC E S S Ó R I O S D E V I N H O | G A R R A F E I R A S | LOJA S G O U R M E T | FO O D B OX Seleção de Vinhos SÁB. 31 OUT › DOM. 01 NOV C M Y CM MY CY CMY K pubs RV_ECV_2020_Dupla.pdf 1 02/06/2020 19:04 31 O U T > 2 N O V 21 ª E D I Ç Ã O C E N T R O D E C O N G R E S S O S D E L I S B O A • J U N Q U E I R A W W W. E N C O N T R O C O M V I N H O S . P T C M Y CM MY CY CMY K pubs RV_ECV_2020_Dupla.pdf 2 02/06/2020 19:04 Para a Mesa ESCOLHAS DO MÊS A evolução de Azevedo A ligação da Sogrape aos domínios de Azevedo data dos anos 80. Neste período, a empresa aprendeu as especificidades de cada parcela e o emprego das leveduras autóctones. Isso mesmo se vê a cada lançamento de um novo vinho desta marca. Com um historial que remonta à fundação da nacionalidade, a Quinta de Azevedo integra o universo Sogrape desde 1980. É uma pro- priedade que merece ser visitada, pela sua beleza senhorial, da qual se destaca a torre do século XV ou o solar, cuidadosamente recupe- rado, ou as vinhas bem tratadas, que formam um quadro de grande beleza. Com cerca de 40 hectares, é notório o pro- fundo conhecimento de cada parcela de vinha de onde saem os vinhos desta marca. No caso, este Alvarinho Reserva, que resulta de um ano bem seco, sempre com o toque do enólogo António Braga. A vinificação ocorre na adega da proprie- dade, empregando leveduras autóctones pre- viamente selecionadas (no caso sobretudo a QA23), com alguma maceração pré-fermen- tativa e estágio em inox com bâttonage das borras finas durante três meses. Mais que um vinho de verão, é um vinho de gastronomia. 17 Azevedo Alvarinho Reserva 2019 Regional Minho / Branco / Sogrape Vinhos 6,49€ / 11ºC — Amarelo. Aroma contido e delicado, pouco dado a exuberâncias. Fruto de polpa branca, nuance herbal, flor de laranjeira. Na boca é aprazível, alguma untuosidade na prova, fresco e frutado, um Alvarinho que dará muito prazer à mesa. MB Para aMesa 32 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos Para a Cave ESCOLHAS DO MÊS A nobreza de um Tejo senhorial Fundada em 1775, a Quinta do Casal Branco, em Almeirim, tem historial e têmpera que lhe conferem um carisma especial no Tejo. Foi outrora coutada real e espraia-se por 1.100 hectares. 17,5 Falcoaria Fernão Pires Vinhas Velhas 2018 Regional Tejo / Branco / Casal Branco 15,00€ / 11ºC — Apesar da juventude no nariz, já se faz notar pela complexidade, riqueza da qualidade da fruta e a envolvência da barrica. Frutos secos e alguns abaunilhados. Cheio e sofisticado na boca, envolvente. Frescura primorosa, com o sabor e persistência em plano elevado. NGVP Com adega datada de 1817, ou seja, há mais de 200 anos, a propriedade compreende 119ha de vinhas em solos de charneca, de alguma argila e também calhau rolado. Castelão (20ha), Alicante Bouschet e Fernão Pires (19ha) dominam o encepamento. Há vinhas velhas centenárias plantadas em vaso e em consociação com olival, uma segunda área de vinhas com perto de 70 anos e uma terceira zona, já de vinha com armação, com cerca de 55 anos. A diversidade de solos ajuda a compor o puzzle: a maioria das vinhas está em areia e foram já identificados vários terroirs nesses solos de areia. A casta Fernão Pires, em solos de charneca, tem comportamentos diferentes consoante o perfil do solo. Com enologia de Manuel Lobo e o apoio de Joana Lopes, a enóloga residente, os vinhos desta quinta procuram alcançar premissas de identidade e caráter. A marca Falcoaria, cuja primeira colheita remonta a 1989, é dedicada aos vinhos de guarda que poucos associam à região. Puro engano, como se vê neste exem- plar que aqui lhe trazemos. Para aCave 34 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos VINHOS DO PORTO E DO DOURO www.ivdp.pt TESOUROS PARA DESCOBRIR… E APAIXONAR-SE! Beba com moderação. C M Y CM MY CY CMY K IVDP_PAG PUB_225x297.pdf 1 06/06/2017 09:46 ESCOLHAS DO MÊS b A escolha de Nuno Guedes Vaz P ires b A escolha de José João Santos b A escolha de Manuel Moreira 18 Cortes de Cima Homenagem a Hans Christian Andersen Syrah 2015 Regional Alentejano / Tinto / Cortes de Cima 30,50€ / 16ºC — Rubi. Apesar do caráter internacional, prevalece a frescura geral, fusão de componentes, fruta muito sofisticada, toque mentolado, suco de carne, barrica muito bem fundida, registo personalizado. Fresco apesar da idade. 18 Dona Georgina 2008 Dão / Tinto / Quinta de Lemos 58,80€ / 16ºC — Rubi concentrado. No aroma sobressai a complexidade e sofisticação. Fruta vermelha madura, tons balsâmicos a lembrar bosque ou pinhal, carne seca, tostados muito cremosos. Sumptuoso na boca, amplo, estrutura e textura sedosas, bem revestida de fruta, elegante, taninos imensos e aveludados, final demorado, profundo e requintado. MM 17,5 A Laranja Mecânica by António Maçanita 2018 Reg. Alentejano / Branco / Fitapreta Vinhos 19,90€ / 11ºC — Alaranjado. Notas delicadas de alperce, tâmara, pêssego, melaço, querosene. Untuoso e com sensação de tanino, mostra bom volume e saudável profundidade. O final é vibrante e fresco. Um grande exemplo do que pode ser um “orange wine”. 17,5 Herdade do Rocim José Vieira Ribeiro Primeira Barrica 2015 Regional Alentejano / Tinto / Rocim 75,00€ / 16ºC — Rubi concentrado. No aroma sobressai a profundidade, a complexidade e a riqueza aromática, que evoluem a cada rotação do copo. As notas de barrica já em fusão com as da garrafa, fruta de inequívoca qualidade. MM 17,5 Maçanita Irmãos e Enólogos Touriga Nacional Cima Corgo 2017 Douro / Tinto / Maçanita Vinhos 29,90€ / 16ºC — Púrpura. Nariz de esteva, cereja escura, bergamota, grão de café, balsâmicos, acrescento terroso. Tanino muito firme, estrutura larga, volumoso. Termina em profundidade, com uma nota suplementar de frescura e um traço derradeiro vegetal. 36 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos Vinhos de patamar de qualidade muito boa e excelente, com plena garantia de deixar de sorriso rasgado qualquer felizardo que tenha oportunidade de os degustar. Altamente Recomendados ESCOLHAS DO MÊS b A escolha de Célia Lourenço 17 Vieira de Sousa 10 Anos White Port Vinho do Porto / Fortificado / Vieira de Sousa 23,00€ / 14ºC — Amarelo acobreado. Aroma com frutos cristalizados, laranja seca, alperceseco, tostados e especiarias, caju seco, algum ranço. Na boca é delicioso! A frescura é incrível, adocicado, toque amargo a contrastar, sedutor. Final fresco, aromático, para momentos distintos. NGVP 17 Dona Santana 2008 Dão / Tinto / Quinta de Lemos 16,00€ / 16ºC — Rubi vivo. Alia de forma primorosa frescura de estilo, complexidade e personalidade. Aroma de frutado ainda jovial, bagas vermelhas, evidente tom floral, tostados e fumados belíssimos. Mais estrutura que corpo na boca, acidez notória, taninos de grão fino mais firmes que musculados, final longo, aromático, a ecoar flores, fruta e balsâmicos de floresta. MM 17 Quinta de Pancas Reserva Cabernet Sauvignon Touriga Nacional & Syrah 2016 Regional Lisboa / Tinto / Quinta de Pancas Vinhos 12,90€ / 16ºC — Granada. Perfil sedutor, balsâmicos a envolver a fruta vermelha, a barrica e o tempo de garrafa enaltecem a riqueza e complexidade. Estruturado na boca, com fruta e taninos, calibrados pela elegância. Acidez bem doseada, final demorado, complexo e persistente, com tons terrosos e especiarias. MM 17 Quinta dos Castelares Reserva 2017 Douro / Tinto / Casa Agrícola Manuel Joaquim Caldeira 14,99€ / 16ºC — Rubi escuro. Os aromas estão ainda dominados pela madeira e respetivas notas tostadas. Depois, descobrimos a ameixa, o mato e um caráter balsâmico que se estende ao longo da prova. A boca é também dominada pela barrica, com tosta e especiaria. 17 Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo 2019 Douro / Rosé / Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo 14,80€ / 11ºC — Rosa salmão muito pálido. Aroma jovem, revigorante e refrescante, bagas vermelhas super frescas, romãs, flores e vegetal. Suavidade e doçura glicérica no ataque de boca, que de imediato dão lugar à acidez e à secura fenólica de inteligente extração e controlo. Saboroso, perfeito de ligeireza e frescura. NGVP junho 2020 · 367 ⁄ Revista de Vinhos · 37@revistadevinhos ESCOLHAS DO MÊS 16,5 Apelido 2017 Regional Alentejano / Tinto / Miguel Louro Wines 10,90€ / 16ºC — Rubi vivo. Fresco, fruta silvestre, algo herbal e mentolado. Boa estrutura e corpo a sobressair na boca. A acidez impõe equilíbrio. Os taninos são afirmativos e maduros. Não pode faltar à mesa. MM 16,5 Bridão Private Colection 2017 Tejo / Tinto / Adega Cooperativa do Cartaxo 9,20€ / 16ºC — Rubi. Aroma amplo e generoso na fruta vermelha madura, alguma ameixa, tons florais doces e bons tostados. Boca bem composta, fruta suculenta, taninos largos, aveludados, final um tanto acalorado, embora amansado pela acidez. MM 16,5 Casa Ferreirinha Papa Figos 2019 Douro / Branco / Sogrape Vinhos 7,49€ / 11ºC — Amarelo, laivos esverdeados. Boa fruta de caroço no nariz, citrinos, apontamento vegetal. Na boca é seco e harmonioso, com acidez vibrante a conferir garra ao conjunto, mas sem excessos. Final saboroso e cheio, com ligeiro amargor, num vinho bastante consensual e gastronómico. MB 16,5 Graínha Reserva 2018 Douro / Tinto / Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo 13,90€ / 16º — Rubi intenso e vivo. Aroma muito fino, elegante mesmo apesar da juventude. Descobrem-se os tons a cereja e ameixa. Subtil na madeira. Belo nariz! Na boca agrada pelo balanço. Boa fruta, taninos polidos, prontos, frescura funcional, corpo de medidas justas, barrica quase sem se dar por ela, para brilhar à mesa e não só! MM 16,5 Monte da Capela Reserva 2018 Alentejo / Tinto / Casa Clara 9,99€ / 16ºC — Rubi vivo. Frescura aromática, fruta muito limpa, madurez focada e calibrada, balsâmico. Na boca permanece o perfil da frescura, corpo moderado, estrutura polida, frutado de qualidade, bem seco, comprimento assinalável, de saborosa persistência. MM 38 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos ESCOLHAS DO MÊS Prazer garantido a bom preço, já que um bom vinho também pode ser amigo da carteira. A facilidade de resgate em prateleira também é uma chave desta seleção. Boas Compras 16,5 Quinta da Atela Valwine 2018 Regional Tejo / Branco / Quinta de Vale de Ventos 10,20€ / 11ºC — Amarelo palha. Perfumado, tons tropicais, vagem, aneto e erva-principe. Combina estrutura e volume na boca. Tem frescura, acidez revigorante, ligeiro amargo, untuoso e estruturado. Finda com persistência, denuncia guarda. MM 16,5 Pousio Reserva Bruto IVV / Espumante / Casa Agrícola HMR 14,95€ / 8ºC — Dourado, bolha fina e persistente. Nariz muito fresco, com notas iniciais de maçã verde, pastelaria, toque cítrico. Seco, com boa efervescência, equilibrado, fruto muito limpo no final prolongado e sedutor. MB 16,5 Quinta dos Carvalhais Colheita 2019 Dão / Branco / Sogrape Vinhos 7,99€ / 11ºC — Amarelo. Nariz apelativo, com frutos de polpa branca, citrinos, pomóideas, ligeiro tostado. Na boca é untuoso, bela acidez e mineralidade, bom corpo e equilíbrio na prova de boca. Ainda com muito para crescer. MB 16,5 Quinta dos Castelares Biológico Reserva 2018 Douro / Branco / Casa Agrícola Manuel Joaquim Caldeira 5,50€ / 11ºC — Amarelo citrino. Nariz reservado, em fundo floral, com notas de ervas aromáticas. É um vinho que se apresenta mais pela elegância que pela exuberância. Algum volume de boca, equilibrado, sem arestas, tem fruta discreta e bondade nas lembranças de doçura. Final bem projetado, com uma presença vegetal fresca. CL 16,5 Titular Reserva 2017 Dão / Tinto / Caminhos Cruzados 13,00€ / 16ºC — Rubi cereja. Fruta elegante, sugestões de barrica, envolvente floral e balsâmica. Mais estrutura que corpo na boca, médio palato cheio de fruta, taninos redondos e sedosos, alguma secura e acidez. Belíssima compostura geral, pronto, mas com aptidões de guarda. MM junho 2020 · 367 ⁄ Revista de Vinhos · 39@revistadevinhos MELHORES 2020 LISTA DE VENCEDORES GRANDE MEDALHA DE OURO QUINTA DE GOMARIZ - SOC. AGRÍCOLA E COMERCIAL UNIPESSOAL, LDA QUINTA DE GOMARIZ COLHEITA SELECCIONADA AVESSO VINHO VERDE AVESSO Portugal e os portugueses mostraram o seu melhor, agora é a vez de mostrarmos os Melhores Verdes 2020. 112 anos após a demarcação da Denominação de Origem, o Vinho Verde é uma Região que se soube reinventar, acompanhando os desafios da viticultura e dando resposta aos desejos dos clientes em mais de 100 mercados onde estamos presentes. O concurso “Os Melhores Verdes” é, precisamente, a afirmação da excelência dos vinhos que hoje se produzem nesta Região. MEDALHA VERDE OURO AB - VALLEY WINES, LDA ABCDARIUM SUPERIOR VINHO VERDE BRANCO CASA TORRE DE VILAR - UNIPESSOAL, LDA CASAL DA TORRE DE VILAR ESCOLHA VINHO VERDE BRANCO AB - VALLEY WINES, LDA ABCDARIUM ESCOLHA VINHO VERDE ROSADO QUINTA DA RAZA, LDA DOM DIOGO COLHEITA SELECCIONADA VINHÃO VINHO VERDE TINTO CASA DE VILA VERDE - SOC. AGRÍCOLA, LDA PLUMA RESERVA ALVARINHO COLHEITA ≤ 2017 SOC. AGRÍCOLA DA CASA PINHEIRO, LDA QUINTA DE ALDERIZ ALVARINHO VINHO VERDE ALVARINHO AB - VALLEY WINES, LDA ABCDARIUM ARINTO VINHO VERDE ARINTO QUINTA DE GOMARIZ - SOC. AGRÍCOLA E COMERCIAL UNIPESSOAL, LDA QUINTA DE GOMARIZ COLHEITA SELECCIONADA AVESSO VINHO VERDE AVESSO AB - VALLEY WINES, LDA OPÇÃO LOUREIRO VINHO VERDE LOUREIRO QUINTA DA LEVADA - SOC. AGRÍCOLA UNIPESSOAL, LDA QUINTA DA LEVADA AZAL VINHO VERDE DE CASTA ADEGA COOPERATIVA PONTE BARCA E ARCOS DE VALDEVEZ, CRL ADEGA PONTE DA BARCA VELHA XO AGUARDENTE DE VINHO VERDE VALADOS DE MELGACO, LDA VALADOS DE MELGAÇO RESERVA BRUTO ALVARINHO ESPUMANTE DE VINHO VERDE BRANCO AB - VALLEY WINES, LDA ABCDARIUM ALVARINHO VINHO REGIONAL MINHO MEDALHA VERDE PRATA CONVÍVIO DE SABORES UNIPESSOAL, LDA PECADO CAPITAL ESCOLHA VINHO VERDE BRANCO QUINTA DA RAZA, LDA RAZA ESCOLHA VINHO VERDE ROSADO ADEGA COOPERATIVA DE PONTE DE LIMA, CRL ADEGA PONTE DE LIMA VINHÃO VINHO VERDE TINTO VERCOOPE - UNIÃO DAS ADEGAS COOP. REGIÃO VINHOS VERDES, UCRL VIA LATINA GRANDE RESERVA VINHÃO VINHO VERDE TINTO SOCIEDADE AGRÍCOLACASA DE VILA NOVA, LDA VILA NOVA RESERVA AVESSO COLHEITA ≤ 2017 SAVAM - SOC. AGRÍCOLA DE VINHO ALVARINHO DE MONÇÃO, LDA SOLAR DE SERRADE ALVARINHO VINHO VERDE ALVARINHO MODESTO AUGUSTO FREITAS CASTRO MODESTU'S ARINTO VINHO VERDE ARINTO AB - VALLEY WINES, LDA ABCDARIUM AVESSO VINHO VERDE AVESSO QUINTA DE AMARES VINICULTURA, LDA QUINTA D'AMARES LOUREIRO VINHO VERDE LOUREIRO SOCIEDADE AGRÍCOLA CASA DE VILA NOVA, LDA VILA NOVA LOUREIRO VINHO VERDE LOUREIRO AB - VALLEY WINES, LDA ABCDARIUM AZAL VINHO VERDE DE CASTA CARLOS ALBERTO CODESSO DONA PATERNA ALVARINHO XO AGUARDENTE DE VINHO VERDE ALVAIANAS, LDA ALVAIANAS RESERVA BRUTO ALVARINHO ESPUMANTE DE VINHO VERDE BRANCO DOS SANTOS, LDA MANHUFE ALVARINHO VINHO REGIONAL MINHO MELHORES 2020 LISTA DE VENCEDORES GRANDE MEDALHA DE OURO QUINTA DE GOMARIZ - SOC. AGRÍCOLA E COMERCIAL UNIPESSOAL, LDA QUINTA DE GOMARIZ COLHEITA SELECCIONADA AVESSO VINHO VERDE AVESSO Portugal e os portugueses mostraram o seu melhor, agora é a vez de mostrarmos os Melhores Verdes 2020. 112 anos após a demarcação da Denominação de Origem, o Vinho Verde é uma Região que se soube reinventar, acompanhando os desafios da viticultura e dando resposta aos desejos dos clientes em mais de 100 mercados onde estamos presentes. O concurso “Os Melhores Verdes” é, precisamente, a afirmação da excelência dos vinhos que hoje se produzem nesta Região. MEDALHA VERDE OURO AB - VALLEY WINES, LDA ABCDARIUM SUPERIOR VINHO VERDE BRANCO CASA TORRE DE VILAR - UNIPESSOAL, LDA CASAL DA TORRE DE VILAR ESCOLHA VINHO VERDE BRANCO AB - VALLEY WINES, LDA ABCDARIUM ESCOLHA VINHO VERDE ROSADO QUINTA DA RAZA, LDA DOM DIOGO COLHEITA SELECCIONADA VINHÃO VINHO VERDE TINTO CASA DE VILA VERDE - SOC. AGRÍCOLA, LDA PLUMA RESERVA ALVARINHO COLHEITA ≤ 2017 SOC. AGRÍCOLA DA CASA PINHEIRO, LDA QUINTA DE ALDERIZ ALVARINHO VINHO VERDE ALVARINHO AB - VALLEY WINES, LDA ABCDARIUM ARINTO VINHO VERDE ARINTO QUINTA DE GOMARIZ - SOC. AGRÍCOLA E COMERCIAL UNIPESSOAL, LDA QUINTA DE GOMARIZ COLHEITA SELECCIONADA AVESSO VINHO VERDE AVESSO AB - VALLEY WINES, LDA OPÇÃO LOUREIRO VINHO VERDE LOUREIRO QUINTA DA LEVADA - SOC. AGRÍCOLA UNIPESSOAL, LDA QUINTA DA LEVADA AZAL VINHO VERDE DE CASTA ADEGA COOPERATIVA PONTE BARCA E ARCOS DE VALDEVEZ, CRL ADEGA PONTE DA BARCA VELHA XO AGUARDENTE DE VINHO VERDE VALADOS DE MELGACO, LDA VALADOS DE MELGAÇO RESERVA BRUTO ALVARINHO ESPUMANTE DE VINHO VERDE BRANCO AB - VALLEY WINES, LDA ABCDARIUM ALVARINHO VINHO REGIONAL MINHO MEDALHA VERDE PRATA CONVÍVIO DE SABORES UNIPESSOAL, LDA PECADO CAPITAL ESCOLHA VINHO VERDE BRANCO QUINTA DA RAZA, LDA RAZA ESCOLHA VINHO VERDE ROSADO ADEGA COOPERATIVA DE PONTE DE LIMA, CRL ADEGA PONTE DE LIMA VINHÃO VINHO VERDE TINTO VERCOOPE - UNIÃO DAS ADEGAS COOP. REGIÃO VINHOS VERDES, UCRL VIA LATINA GRANDE RESERVA VINHÃO VINHO VERDE TINTO SOCIEDADE AGRÍCOLA CASA DE VILA NOVA, LDA VILA NOVA RESERVA AVESSO COLHEITA ≤ 2017 SAVAM - SOC. AGRÍCOLA DE VINHO ALVARINHO DE MONÇÃO, LDA SOLAR DE SERRADE ALVARINHO VINHO VERDE ALVARINHO MODESTO AUGUSTO FREITAS CASTRO MODESTU'S ARINTO VINHO VERDE ARINTO AB - VALLEY WINES, LDA ABCDARIUM AVESSO VINHO VERDE AVESSO QUINTA DE AMARES VINICULTURA, LDA QUINTA D'AMARES LOUREIRO VINHO VERDE LOUREIRO SOCIEDADE AGRÍCOLA CASA DE VILA NOVA, LDA VILA NOVA LOUREIRO VINHO VERDE LOUREIRO AB - VALLEY WINES, LDA ABCDARIUM AZAL VINHO VERDE DE CASTA CARLOS ALBERTO CODESSO DONA PATERNA ALVARINHO XO AGUARDENTE DE VINHO VERDE ALVAIANAS, LDA ALVAIANAS RESERVA BRUTO ALVARINHO ESPUMANTE DE VINHO VERDE BRANCO DOS SANTOS, LDA MANHUFE ALVARINHO VINHO REGIONAL MINHO CASTA Viosinho texto Marc Barros / foto arquivo A casta Viosinho faz parte de um conjunto de variedades de origem nortenha, presente sobre- tudo nas regiões do Douro e de Trás-os-Montes, que formam um lote ganhador, quer na pro- dução de vinhos brancos tranquilos, quer Vinhos do Porto brancos. Variedade de maturação precoce e produção baixa, oferece níveis médios ou baixos de acidez, sobretudo a cotas baixas. Porquê, então, esta predileção pela casta? Adaptabilidade e estrutura. Ou seja, trata-se de uma variedade que se dá bem em vários tipos de solos e produz vinhos bem estruturados, aos quais se juntam características sensoriais atraentes, desde logo um caráter floral intenso, mas também frutos exóticos e muita mineralidade. Daí que, estando presente sobretudo nas vinhas velhas das regiões supracitadas, integra quase todas as novas plantações de vinhas e está a expandir-se para sul, sobretudo para a região de Lisboa, onde é responsável por algumas das mais atrativas propostas em monovarietais. De acordo com os dados do IVV de abril de 2018, a casta responde por 1038 ha. de vinha, cerca de 1% do encepamento nacional, sendo no entanto expectável que o número seja já superior. Como casta precoce que é, não apresenta problemas de maior na vinha, exigindo no entanto cuidados particulares dada a sua sensibilidade ao oídio. Altamente produtiva, pede solos secos ou bem drenados e adapta-se a diferentes modelos climáticos, a qualquer tipo de condução e por- ta-enxerto. Os seus vinhos apresentam grau alcoólico considerado muito bom, podendo atingir facilmente 13% a 14% de volume. Por outro lado, dada a sua baixa sensibilidade à oxidação, aos vinhos desta variedade reconhece-se bom potencial de envelhecimento. Percebe-se, por isso, a preferência de que, sobretudo no Douro, a casta é alvo. Com efeito, integra o lote típico do Vinho do Porto branco, juntamente com Gouveio, Malvasia Fina ou Rabigato. Nos vinhos tranquilos, são cada vez mais as opções em monovarietal. Deixamos aqui algumas opções a experimentar. 1. 2. 3. 4. dicas À casta Viosinho são atribuídas características aromáticas especiais que fazem dela um pilar nos brancos do Douro. Salientam-se, desde logo, os aromas florais intensos e ligeiras notas vegetais, bem como a componente de fruta exótica, que pode ser mais ou menos exacerbada tendo em conta a vinificação. Para além disso, apresenta boa estrutura e volume alcoólico, fazendo com que, na boca, os vinhos desta casta mostrem bom corpo e alguma doçura, caso os níveis de álcool saiam do equilíbrio. Sendo envolvente, pode terminar chato, dada a sua acidez média. Esta dificuldade pode ser ultrapassada na vinha, se a casta for plantada a cotas mais elevadas, ou na adega. Assim, as tendências de vinificação desta casta apontam para a produção de vinhos capazes de fazer realçar a sua componente floral e mineralidade, ao invés de apostar no caráter mais frutado. A vinificação em inox a baixas temperaturas, ou com recurso a barricas já usadas ou sem tosta, vão nesse sentido. Obtêm-se desta forma vinhos que podem ser menos do agrado do público habituado a procurar fruta, mas certamente mais interessantes e, até, misteriosos. A disseminação da casta pelo país vitícola é já uma realidade. Entre os vinhos monocasta disponíveis, ficam algumas sugestões das regiões do Douro, Lisboa e Trás-os-Montes: 100 Hectares Viosinho 2018; AdegaMãe Viosinho 2018; D. Graça Reserva Viosinho 2018; Quinta de Ventozelo Viosinho 2018; Quinta do Gradil Viosinho 2018; Quinta do Portal Unlocked Viosinho 2015 e; Quinta Valle Madruga Viosinho 2018. Boas Provas! 42 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos VINHOS & NÚMEROS Os números também contam histórias sobre o mundo do vinho. Fontes: IVV, Ministério da Agricultura, OEMV - Observatório Espanhol do Mercado do Vinho. texto Marc Barros · infografia Angela Reis Exportações e ameaças em tempos de pandemia As exportações de vinhos portugueses registaram uma quebra abrupta nos dois primeiros meses de 2020 face ao período homólogo de 2019, depois do crescimento recorde do ano passado (ver RV365). Há sinais de retoma concluído o primeiro trimestre, ainda que inconclusivos. Mas há outras ameaças a pairar. Afigura-se essencial o aumento das ações de promoção dos vinhos portugueses no exterior e a procura por novosmercados; ações que não se compadecem de burocracias nem atitudes mesquinhas de competição. Ameaças à retoma Na última década: Em sentido inverso: Países Terceiros + 2,7% em valor + 22,7% em volume Manteve preço médio (2,56 euros) Maiores quebras em (volume e valor): UNIÃO EUROPEIA - 14,4% em valor - 11,1% em volume -3,7 % no preço médio por litro (2,62 euros) Curiosamente: no 1º bimestre o preço médio por litro subiu ou decresceu ligeiramente (-3% no caso do Reino Unido, +4,3% em Itália, +7,5% nos EUA e 48,4% na China!) Vendas em valor passaram de 614 ME em 2010 para 821 ME em 2019 Será possível sonhar com a meta de 1000 ME de exportações ainda este ano? CHINA Importações a desacelerar nos últimos dois anos. Mercado que representa 2.180 ME e 613 milhões de litros. Para Portugal, 20 ME e 6,4 milhões de litros. Perda de 20% deste mercado significa quebra total de 400 ME e 110 milhões de litros. JAPÃO Anuncia-se potencial desaceleração. Mercado japonês cada vez mais importante para certas regiões, como Vinho Verde. RÚSSIA Nova lei do vinho em vigor a partir de junho. Visa estimular a procura doméstica. Em suma: Tudo dependerá da duração da crise e das hipóteses de um segundo semestre visivelmente melhor. BREXIT Falta de acordo comercial entre Londres e Bruxelas. EUA Tarifas impostas pelo governo Trump a alguns países (França, Alemanha, Reino Unido e Espanha) e não a outros (Itália, Portugal) pode, nesta fase, ser vital para os vinhos portugueses. Exportações no primeiro trimestre de 2020: + 4 ,4 % em volume (717.158 hl.) + 2,1 % em valor (185 ME) -2,2 % no preço médio de venda por litro (2,59 euros) 44 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos VINHOS & TURISMO O mundo regressa lentamente à normalidade. As portas do enoturismo estão de novo abertas. Desfrutemos… Enoturismo, o regresso texto Marc Barros / fotos D.R. Meses de confinamento e incerteza estão, lentamente, a ser debelados no que se refere ao segmento do enoturismo, que vinha a ganhar importância acrescida no negócio das empresas. As primeiras unidades reabrem portas, tomando cautelas especiais para receber visitantes, que se antecipam ávidos de descobertas, provas de vinhos e, sobretudo, contacto com a Natureza. Ainda por cima quando se avizinha o período mais importante do ano, a vindima. Eis algumas sugestões. Quinta da Pacheca A Quinta da Pacheca rea- briu o Wine House Hotel, Wineshop e restaurante. Os espaços de enoturismo, que já se encontram certificados com o selo «Safe & Clean», serão comercializados em apenas cinquenta por cento da capacidade, tendo igualmente sido estabelecido o espaçamento de dois metros de distância entre mesas, exceto para famílias. Todo o staff utiliza equipamento de proteção e está obrigado ao plano interno desenhado pela empresa. A Quinta da Pacheca possui 75 hec- tares de vinha e amplos espaços ao ar livre e o The Wine House Hotel conta com quinze quartos, aos quais somam dez wine barrels, quartos em barricas de luxo. Quinta da Pacheca: Rua do Relógio do Sol, 261 / 5100-424 Cambres, Lamego / T. 254 331 229 / E. reservas@quintadapacheca.com Rota da Bairrada A Rota da Bairrada reabriu os seus dois espaços, na Curia e Oliveira do Bairro, ambos com o selo ‘Clean & Safe’. Para já, é possível comprar vinho e demais produtos, assim como consultar a equipa da Rota para criação de roteiros, mar- cação de visitas e estadias. Nesse sentido, foi também lan- çado o ‘Guia de Enoturismo Bairrada 2020’ em formato digital. A rota reúne oito municípios – Águeda, Anadia, Aveiro, Cantanhede, Coimbra, Mealhada, Oliveira do Bairro e Vagos - e 26 produtores de vinho, 28 restaurantes, 17 uni- dades de alojamento e quatro empresas de animação. Rota da Bairrada: https://loja.rotadabair- rada.pt/media/PDF-Flip/index.html Torre de Palma Wine Hotel O Torre de Palma Wine Hotel, inserido na Herdade de Torre de Palma, em Monforte, reabre portas, juntamente com o res- taurante Basilii e adega. A uni- dade dispõe de 19 quartos com capacidade para 50 hóspedes, tendo elaborado um guia com todos os processos de higiene e segurança a adotar. Para além das normas reforçadas de lim- peza e desinfeção nos vários espaços, será ainda disponibi- lizado serviço médico no hotel. Torre de Palma Wine Hotel: Herdade de Torre de Palma / 7450-250 Monforte T. 245 038 890 / M. 936 004 264 E. reservas@torredepalma.com Casa do Rio Nas margens do Douro, entre o Parque Natural do Douro Internacional e o Parque Arqueológico do Vale do Côa, que é o mesmo que dizer entre Vila Nova de Foz Côa e a fron- teira com Espanha, a Casa do Rio assume-se como projeto de enoturismo de nicho, direcio- nado para um público muito particular. Desde logo, pelo seu perfil intimista, próximo da natu- reza, pela ligação umbilical aos vinhos do Douro Superior, mas também pelo desenho do arqui- teto Francisco Vieira de Campos. Está novamente apta a receber hóspedes, sob apertadas medidas e assegurando o cumprimento dos requisitos 'Clean & Safe' do Turismo de Portugal. Casa do Rio Quinta do Orgal / EN 222, km 213 / 5150-145 Vila Nova de Foz Côa / T. 279 764 339 E. reservas@quintadovallado.com Caves de Vinho do Porto É um dos mais importantes pontos nacionais dedicados ao enoturismo. A marginal de Vila Nova de Gaia quer recu- perar algum do movimento que estava a registar no último ano e, para tanto, algumas caves já anteciparam a reorganização da dinâmica das visitas, acom- panhada da formação dos cola- boradores. O objetivo é conse- guir que os visitantes usufruam de experiências ímpares mas seguras e, em simultâneo, manter a qualidade de serviço e a hospitalidade. 46 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos 1000 REPORTAGEM fotos Arquivo e D.R. 1. Hotéis Pestana reabrem na Madeira Com os seus hotéis na Madeira encerrados desde o final de março, o Pestana Hotel Group pretende começar a abrir algumas unidades neste destino a partir de julho. As unidades irão abrir de acordo com as tendências que o cliente procura no pós-COVID-19, ou seja, self-catering, espaços verdes, áreas exteriores, edifícios com poucos andares, se possível, autónomos, com entradas sepa- radas e em cima da praia. No Funchal, o primeiro a abrir foi o Pestana Casino Studios, unidade que corresponde a este novo enquadramento. Segue-se a abertura do Pestana Quinta do Arco, no norte da Madeira, para o mercado local. O grupo prevê ainda a abertura Pestana Bay Ocean Aparthotel, na Praia Formosa,e, eventualmente, o Pestana Carlton, devido ao Vacation Club, o clube de férias do grupo. Na ilha de Porto Santo, foi reaberto o Pestana Porto Santo. A unidade dispõe de 320 quartos, mas somente 100 estarão em funcionamento na fase de abertura. 2. Onyria Quinta da Marinha Hotel Preparado para os novos tempos, o Onyria Quinta da Marinha Hotel reabre a 9 de junho depois de uma remodelação de 3,5 milhões de euros. Na reabertura, os hós- pedes poderão esperar a mesma envolvência única do Parque Natural Sintra-Cascais a que se juntam uma nova decoração e novas atividades. O selo Clean & Safe, a chave virtual e as medidas de higiene e segurança refor- çadas fecham a oferta. QUINTA DA MARINHA 2750-005 Cascais, Portugal / T.214 860 100 www.quintadamarinha.com 3. Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Foi uma das primeiras quintas do país a abrir um turismo dedicado ao vinho. A Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo reabre já no próximo dia 5 de junho com espaços renovados e a certifi- cação Clean and Safe"’. QUINTA NOVA DE NOSSA SENHORA DO CARMO 5085-222 Covas do Douro Portugal / M. 969 860 056 T. 254 730 430 / 254 730 420 www.quintanova.com 4. Quinta do Portal O primeiro dia do mês de junho marcou a reabertura do enotu- rismo da Quinta do Portal, em Celeirós, no Douro. O mesmo aconteceu com o restaurante, a loja da quinta e as visitas guiadas às caves. Todos estes serviços carecem de marcaçãoprévia: reservas@quintadoportal.pt cvisitas@quintadoportal.pt M. 925 779 499 / 968 120 127 5. Vila Galé Clube de Campo Trata-se de uma unidade pensada para famílias, num ambiente rural tipicamente alentejano. Conta com 84 quartos, a que se juntam duas vivendas, com três e dois quartos. Oferece experiências associadas à natureza, como balonismo, pas- seios pela herdade, passeios em moto 4, ‘birdwatching’, caminhadas matinais, ou seja, num grande envolvimento e em harmonia com a natureza. Reaberto a partir do dia 9 de junho. HERDADE DA FIGUEIRINHA - SANTA VITÓRIA 7800-730 Beja / T. 284 970 100 6. The Prime Energize Hotel Medidas excecionais de segu- rança atestadas pelo selo Clean & Safe, acesso a uma zona exclusiva na praia de Monte Gordo e possi- bilidade de praticar desporto com todos os cuidados e acompanha- mento profissional. É desta forma que o Hotel The Prime Energize, em Monte Gordo, reabriu portas a, a tempo de receber todos os que queiram desfrutar do sol algarvio com toda a segurança. Hotel Design de quatro estrelas localizado em pleno Sotavento algarvio, o The Prime Energize situa-se a escassos 400 metros da praia de Monte Gordo. Junto à Reserva Natural do Sapal de HOTÉIS E RESTAURANTES REABREM O PAÍS AO TURISMO 48 · Revista de Vinhos ⁄ 367 · junho 2020 @revistadevinhos Com o paulatino regresso do mundo à normalidade, também os hotéis e os restaurantes portugueses estão prontos para mostrar a melhor gastronomia e hospitalidade em segurança. Deixamos algumas sugestões. Castro Marim, está rodeado por uma extensa área de pinhal que convida à comunhão com a natu- reza, seja através dos circuitos para bicicletas, de caminhadas ou até de piqueniques com os mais pequenos – o hotel tem várias suítes preparadas para receber famílias. Em junho, as tarifas diá- rias começam nos 85,00€/noite, com pequeno-almoço incluído. HOTEL THE PRIME ENERGIZE Rua de Ceuta, 4 / 8900 – 435 Monte Gordo T. 281 001 300 / WhatsApp: 918 267 705 E. rsv.mg@theprimehotels.com RESTAURANTES 1. VINUM Restaurant & Wine Bar Com uma das mais privilegiadas vistas sobre o Porto e o rio Douro, o VINUM Restaurant & Wine Bar reabriu com todo o serviço de restaurante disponível no terraço. Os menus clássicos, esses, estão intocados e merecem destaque: Costeletão de Vaca Velha de Trás-os-Montes e o peixe fresco do Mercado de Matosinhos. VINUM RESTAURANT & WINE BAR Rua do Agro 141/ 4400-003 Vila Nova de Gaia T. 220 930 417 www.vinumatgrahams.com 2. Restaurante Sagardi O Sagardi Cozinheiros Bascos, na baixa do Porto, já está de novo a receber marcações. Dois meses depois de ter fechado, o Sagardi volta a preparar os melhores pratos bascos no início desta semana, com uma lotação limitada a 10 pessoas. RESTAURANTE SAGARDI Rua de São João, 54 - Porto / T. 221 130 987 E. reservas@sagardi.pt www.sagardi.pt 3. 100 Maneiras e Bistro 69 dias depois, os restaurantes do chef Ljubomir Stanisic voltam a reabrir portas, com todas as medidas de segurança. BISTRO 100 MANEIRAS quinta a segunda, das 18h às 23h sábados e domingos das 12h às 23h RESTAURANTE 100 MANEIRAS quinta a segunda, das 18h às 23h 4. Restaurante Barão Fladgate Com uma vista privilegiada sobre o Douro, o Barão Fladgate, restau- rante das caves Taylor's, reabre depois do confinamento já a partir desta quinta-feira. As reservas são obrigatórias e podem-se fazer através de tele- fone (223 772 951) ou pelo email bookings@baraofladgate.pt RESTAURANTE BARÃO FLADGATE Rua do Choupelo, 250 4400-088 Vila Nova de Gaia 5. Restaurante Terroso Combinação perfeita de restau- rante e bar de vinhos, o lugar encanta à partida. Comida de verdade, preparada na hora pela talentosa Vitalina, cozinheira de primeira linha, que pessoalmente pilota o fogão. Uma carta de vinhos de virar a cabeça. E um serviço, feito pelo próprio Pedro Jorge, inigualável na precisão, no conhecimento e na simpatia. Pedro Jorge respeita o vinho e os produtores como poucos. Conhece-os pessoalmente. Domina tudo sobre harmoniza- ções. Portanto, é fazer a reserva e deixar-se levar pelas maravilhas de Vitalina, pelos vinhos de Pedro Jorge. E pela deliciosa tranquilidade e calma desta casa escondida numa rua bucólica de Cascais. RESTAURANTE TERROSO Rua do Poço Novo 17, Cascais / T. 214 862 137 6. Rei dos Leitões Depois de mais de dois meses fechado e acabado de completar 73 anos, o bairradino Rei dos Leitões voltou a abrir as portas ao público. Tendo em conta o con- texto atual e as medidas impostas pela Direcção-Geral de Saúde, foi criada uma nova infraestrutura de apoio ao restaurante. Assim, a entrada no Rei é agora feita por uma espécie de “passadeira vermelha”, feita com calçada à portuguesa e algumas árvores. REI DOS LEITÕES Avenida da Restauração, 17 / Mealhada 7. Sicario Taqueria Mexicana A partir de 3 de junho, o Sicario, espaço dedicado à gastronomia mexicana, abre oficialmente as portas ao público com medidas de higiene e segurança refor- çadas, de acordo com as reco- mendações da Direção Geral de Saúde, apenas aos jantares, das quartas aos sábados (entre as 19h30 e as 23h00), e aos almoços de domingo (das 12h00 às 18h00). Para essa data estão reservadas mais novidades e muita “buena onda”, ao bom estilo mexicano. SICARIO R. Roberto Ivens 340 / 4450-218 Matosinhos T.22 766 8382 @revistadevinhos NOTÍCIAS “Vamos servi-lo de máscara, mas por baixo dessa máscara, vamos estar com o mesmo sorriso de sempre. Estamos desejosos de voltar e a contar convosco”. Foi assim que, a 14 de maio, no Instagram, José Avillez anunciava a abertura do Bairro do Avillez. “Abrimos dia 1 de Junho e vamos ter muitas novidades”. As novidades tinham a ver com os novos menus, certamente, mas sobretudo com a adaptação do grupo às orientações da Direção Geral de Saúde. Por esta altura, diversos restaurantes publicavam nas redes sociais mensagens de teor idêntico. Fortemente abalado pela crise do COVID-19, o setor procurava assim adap- tar-se ao novo normal, com um espírito positivo, muito diferente daquele que pudemos verificar na semana anterior a ser imposto o estado de emergência que levou ao fecho obrigatório dos restaurantes. O prejuízo já o sentiram na pele e o futuro próximo está longe de ser risonho. Porém, é muito positivo ver que o setor não atirou a toalha ao chão, nem se deixou ficar apenas pela reclamação de apoios. Inconformados, cada um procura agora adaptar os seus espaços às novas regras e os conceitos aos novos consu- midores, sobretudo aqueles que estavam muito expostos ao turismo vindo do estran- geiro. E quais são as regras para que possamos voltar aos restaurantes com confiança? Uma das principias medidas recomendadas pela Direção Geral de Saúde é a redução da capacidade máxima dos restaurantes. Esta medida visa assegurar o distanciamento físico recomendado de 2 metros entre as pessoas, privilegiando, se possível, a utilização de áreas exteriores. Porém, é acrescentado nesta orientação que “os coabitantes podem sentar-se frente a frente ou lado a lado, a uma distância inferior”. A DGS recomenda igualmente que seja aplicado um sistema de reservas. Foi o que fez, por exemplo, a pequena Taberna da Rua das Flores, em Lisboa, que nos seus 8 anos de existência nunca trabalhou com reservas. Agora passaram a fazê-lo e por slots de horários. As autoridades de saúde desaconselham ainda os lugares de pé, por ser mais difícil de assegurar o distanciamento social, e as operações do tipo self-service, como é o caso dos buffets. Em termos de higiene, é importante lembrar que os standards dos restaurantes já há muito que são bastante elevados, nomeadamente no que diz respeito às regras do HCCP (e com a fiscalização da ASAE sempre à perna). Todavia, agora têm de reforçar algumas destas normas e aplicar outras novas, como por exemplo, desinfetar pelo menos seis vezes por dia todas as zonas de contato frequente - como sejam as maçanetas de portas, torneiras de lavatórios,
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