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IED 2 - Cap 5

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SEGUNDO TRABALHO IED II
Ana Luisa Oliveira
Daniela Alencar
Gabriela Cançado
Isabella Sad
Leticia Almeida
1- Em que consiste a função simbólica da língua? Como Tercio a entende?
 
 A determinação do sentido das normas, o correto entendimento do significado dos seus textos e intenções, tendo em vista a decidibilidade de conflitos constitui tarefa da dogmática hermenêutica. O propósito básico do jurista não é simplesmente compreender um texto, mas também determinar-lhe a força e o alcance, pondo o texto normativo diante de um problema. É o que se chama de interpretação doutrinária.
 O que se busca na interpretação jurídica é alcançar um sentido válido não meramente para o texto normativo, mas para a comunicação normativa, que manifesta uma relação de autoridade. Trata-se, portanto, de capitar a mensagem normativa, dentro da comunicação, como um dever-ser vinculante para o agir humano.
 Para Tércio, a determinação do sentido básico envolve dificuldades, sendo necessário encontrar regras para determinação do sentido das palavras ou signos linguísticos.
 Os signos linguísticos tem por base sons ou fonemas, que tomados isoladamente nada significam. Para que um símbolo de torne tal ele tem de aparecer num ato humano, o ato de falar. Falar é atribuir símbolos a algo, e a língua é um sistema de símbolos e relações.
 De acordo com Tércio, para entender como se organizam as falas, temos que partir das seguintes premissas: a) os símbolos nada significam isoladamente; b) o que lhes confere significação é seu uso; c) uma língua admite usos diversos para os símbolos; d) a maioria dos símbolos da língua natural é semanticamente vaga e ambígua; e) um símbolo é vago quando seu possível campo de referência é indefinido; f) um símbolo é ambíguo quando é possível usá-lo para um campo de referência com diferente intenção, isto é, manifestando qualidades diversas; g) mesmo quando a conotação e a denotação são definidas, o uso dos símbolos exige uma correta combinatória entre eles; h) os símbolos admitem usos diferentes em termos de que são diferentes suas funções pragmáticas, isto é, servem para propósitos distintos.
 A fala se refere ao uso atual da língua, falar é dar a entender alguma coisa a alguém mediante símbolos linguísticos, sendo portanto um fenômeno comunicativo. Exige um emissor, um receptor e a troca de mensagens, sendo necessário que o receptor entenda a mensagem, isto é, seja capaz de repetí-la.
 Diante dessas premissas, interpretar é selecionar possibilidades comunicativas da complexidade discursiva. Portanto, a interpretação jurídica, como tarefa dogmática, envolve o direito como um fenômeno complexo, na perspectiva da decidibilidade de conflitos. O jurista não interpreta ordinariamente como faz o ser humano, ele pressupõe que no discurso normativo são fornecidas razões para agir de um certo modo e não de outro, pressupõe que o ser humano age significativamente, isto é, atribui significação a sua ação. A interpretação jurídica cria condições para tornar decidível esse conflito significativo. O que se busca na interpretação jurídica é alcançar um sentido válido de uma comunicação normativa, trata-se portanto de capitar a mensagem normativa como um dever-ser para o agir humano. É o que se chama de interpretação doutrinária.
 Assim, Tércio afirma que é possível dizer que para interpretar temos de decodificar os símbolos no seu uso, e isso significa conhecer-lhes as regras de controle de denotação e conotação (regras semânticas),
de controle das combinatórias possíveis (regras sintáticas) e de controle das funções (regras pragmáticas).
2- Como a dogmática (Kelsen) resolve (concebe) o problema da interpretação de normas?
 
 A interpretação jurídica, como tarefa dogmática, ocorre num amplo espectro de possibilidades. Envolve o direito como um fenômeno complexo, na perspectiva da decidibilidade de conflitos. O jurista, diferentemente de como faz o ser humano quando procura entender a mensagem de alguém numa simples conversa para conseguir então captar o seu sentido e consequentemente resultar em uma ação, ele (o jurista) parte do pressuposto que, no discurso normativo, são fornecidas razoes para agir de um certo modo e não de outro. Essas razões, pressupostas pelos juristas, guiam a uma tomada de posição diante de diferentes possibilidades de ação nem sempre congruentes, portanto conflitivas. 
 O que se busca na interpretação jurídica é alcançar um sentido valido de uma comunicação normativa, que manifesta uma relação de autoridade. Trata-se, portanto, de captar a mensagem normativa como um dever-ser para o agir humano. Para tal, é preciso fazer o que se chama de interpretação doutrinária. Esta consiste em distinguir a atividade argumentativa de advogados, diante de juízes, da tarefa posta ao jurista quando busca uma significação que possa ser valida para todos os envolvidos no processo comunicativo normativo. Em suma, para interpretar, segundo Tércio Sampaio, é necessário decodificar os símbolos no seu uso, e isso significa conhecer-lhes as regras de controle da denotação e conotação (regras semânticas), de controle das combinatórias possíveis (regras sintáticas) e de controle das funções. 
 Contudo, a ideia de que interpretar juridicamente é decodificar conforme regras de uso é muito simplória para ser aceita dessa maneira. Afinal, no sentido da hermenêutica jurídica, ao mesmo tempo em que ela caracteriza a interpretação dogmática, ela também constitui seu problema teórico, isto é a dificuldade básica para a teorização sobre a dogmática da interpretação. Nesse sentido uma analise sobre o desafio kelsiano, torna-se de suma importância para exemplificar tal dificuldade citada anteriormente. 
 Kelsen, coloca como ponto central de suas obras, a questão de saber se é possível uma teoria cientifica da interpretação jurídica que permita falar da verdade de uma interpretação, em oposição à falsidade, ou seja, seu esforço teórico, foi o de conferir à doutrina, ao saber dogmático, um estatuto reconhecidamente cientifico. Para tal, o autor surge com a distinção entre interpretação autêntica e doutrinaria. Segundo ele, quando um órgão se pronuncia sobre o conteúdo de uma norma, por exemplo, o juiz quando determina o sentido de uma lei no processo de aplicação, produz um enunciado normativo, podendo essa ser entendida como uma interpretação autentica (realizada por órgãos competentes). Como qualquer norma, esse enunciado é vinculante. Assim, a contrario sensu, todo ente que não é órgão, ao interpretar, ainda que diga qual deva ser o sentido de uma norma, não produz um enunciado vinculante, consequentemente esse dever-ser não possui caráter de norma, sendo entendido como interpretação doutrinaria ( realizada por entes que não têm a qualidade de órgãos). 
 Na interpretação autentica, quando o órgão define um sentido a uma norma, esse limite estabelecido é produto de um ato de vontade, e sua força vinculante, a capacidade de o sentido definido ser aceito por todos, repousa na competência do órgão. É importante salientar que caso haja duvidas sobre o sentido estabelecido, recorre-se a uma autoridade superior ate que uma ultima e decisiva competência o estabeleça definitivamente. 
 O autor, Kelsen, reconhece que tais atos de vontade estejam baseados em atos cognitivos e para tanto, um juiz por exemplo, para fundamentar sua sentença e atribuir-lhe coerencia, necessita fazer uso dos seus conhecimentos doutrinários. Ele ainda diz que, havendo desequilíbrio entre o ato de vontade e o de conhecimento, como em casos em que uma sentença não for clara ou o raciocínio interpretativo contiver enganos ou contradicoes, havendo recurso para a autoridade superior, a redefinição do sentido antes interpretado será produto de um novo ato de vontade e não de raciocínio. A partir dessa constatação, pode ser que se surja uma duvida: O que ocorre então quando a interpretação é mero ato de conhecimento? Não seria então possível descobrir-lhe um fundamento que lhe permitisse adquirir a qualidade de obter aquela aceitação geral?Kelsen primeiramente ira dizer que os conteúdos normativos são vagos e ambíguos em função de sua natureza linguistica plurívoca e portanto exigem uma vontade competente para que se fixe um sentido dentre os possíveis. Porém, segundo o autor, a hipótese de o doutrinador chegar a uma interpretação de fato verdadeira é irrealizável, pois uma vez que admitida, estaria se criando uma ilusão, a ficção da univocidade das palavras da norma.
 Portanto, se o objeto de hermenêutica são conteúdos normativos essencialmente plurívocos, se o legislador, porque age por vontade e não por razão, sempre abre múltiplas possibilidades de sentido para os conteúdos que estabelece, então a ciência jurídica cabe descrever esse fenômeno em seus devidos limites, isto é, apenas mostrar a plurivocidade. Partindo desse principio, tentar descobrir uma univocidade que não existe é falsear o resultado e ultrapassar as fronteiras da ciência. Dessa forma, tudo que existe quando a interpretação doutrinaria se apresenta como verdadeira porque descobre o sentido "unívoco" do conteúdo normativo, é no máximo, uma proposta política- tentativa de persuadir alguém de que esta e não aquela é a melhor saída- que se esconde sob capa de uma pretensa cientificidade.
 Em suma, para Kelsen é possível denunciar, de um angulo filosófico (zetético), os limites da hermenêutica, mas não é possível fundar uma teoria dogmática da interpretação. Com isso, ainda que seja atribuído ao saber dogmático caráter de tecnologia sua produção teórica fica sem fundamento, aparecendo como mero arbítro. 
3- Expor a significação de voluntas legis e voluntas legislatoris, segundo a dogmática? 
 O pensar dogmático, como temos visto até agora, é um saber fixado por dois princípios: o da inegabilidade dos pontos de partida e o da proibição do non liquet, isto é, o da necessidade ou obrigação de uma decisão. Essa compulsoriedade é que confere ao saber dogmático a necessidade de criar as condições de decibilidade. Assim, deve haver um princípio inegável que impeça o recuo ao infinito (visto que no plano da hermenêutica, uma interpretação cujos princípios fossem mantidos sempre em aberto, seria inviável a obtenção de uma decisão), ao mesmo tempo em que o sentido do conteúdo das normas é sempre aberto, assim a interpretação dogmática se vê em uma tensão entre dogma e liberdade.
 Essa tensão significa que não apenas estamos obrigados a interpretar, como também deve haver uma interpretação que imponha um fim às diversas possibilidades interpretativas, vemos aqui, o problema hermenêutico da decibilidade, isto é, da criação das condições para uma decisão com o mínimo de perturbação social possível.
 É hoje um postulado universal da ciência jurídica, a tese de que não há norma sem interpretação, assim, toda norma, pelo simples fato de ser posta, é passível de interpretação. Muito embora o desenvolvimento de técnicas interpretativas do direito seja bastante antigo, estando presente desde na jurisprudência romana e até na retórica grega, é relativamente recente a questão hermenêutica como um objeto teórico, ou seja, como um problema científico, visto que no século XIX a interpretação deixa de ser apenas uma questão técnica.
 No final do Séc. XVIII, o jusnaturalismo já havia cunhado para o direito o conceito de sistema, que se resumia na noção de conjunto de elementos estruturados pelas regras de dedução. Interpretar então, era inserir a norma em discussão na totalidade do sistema. Já Savigny, numa fase de seu pensamento anterior a 1814, afirmava que interpretar era mostrar aquilo que a lei diz, estava então, preocupado com o significado textual da lei (a questão ainda meramente técnica). Daí a elaboração de 4 técnicas: A interpretação gramatical (que procurava o sentindo vocabular da lei); a interpretação logica (que visava o seu sentido proposicional); a sistemática (que buscava o sentido global ou estrutural); e a histórica (que visava atingir o sentido genérico)
 Percebe-se na obra de Savingy que a questão deixa de ser meramente técnica, para referir-se ao fundamento de uma teoria da interpretação. Surge o problema de explicar o método de interpretação verdadeira, Savingy afirma que interpretar é compreender o pensamento do legislador manifestado no texto da lei, de outro lado, ele enfatizava o sistema jurídico como um todo orgânico, um conjunto vivo em constante movimento, daí a ideia de que seria a convicção comum do povo, o elemento principal para a interpretação das normas.
 Essa oscilação entre um fator subjetivo e outro objetivo, torna-se um ponto primordial para compreender o desenvolvimento da ciência jurídica como teoria da interpretação: voluntas legis e voluntas legislatoris não podem ser distinguidos com tanta nitidez, mas didaticamente podem ser separadas, conforme o reconhecimento da vontade do legislador (doutrina subjetivista) ou da vontade da lei (doutrina objetivista) como sede do sentido das normas. A primeira insiste em que, sendo a ciência jurídica um saber dogmático, é basicamente uma compreensão do pensamento do legislador; portanto a interpretação ex tunc (desde então, isto é, desde o aparecimento da norma pela positivação da vontade legislativa). Já para a doutrina objetivista, a norma goza de um sentido próprio, determinado por fatores objetivos; portanto a interpretação ex nunc (desde agora, isto é, tendo em vista a situação e o momento atual de sua vigência).
 Para sermos mais específicos:
 Na doutrina objetivista, há o reconhecimento da vontade da lei (ou da voluntas legis), onde o dogma é um arbitrário social, nela se sustenta que o sentido da lei se repousa em fatores objetivos, como os interesses em jogo na sociedade, e a sua interpretação se baseia no método sociológico, ressaltando-se o papel preponderante dos aspectos estruturais em que a norma ocorre e as técnicas apropriadas à sua captação. Os objetivistas contestam: pelo argumento da vontade, que a “vontade” do legislador é mera ficção, pois ele é raramente uma pessoa fisicamente identificável; pelo argumento da forma, pois só as manifestações normativas trazidas na forma exigida pelo ordenamento têm força para obrigar e o legislador é apenas uma competência legal; pelo argumento da confiança, segundo o qual o interprete tem de emprestar confiança à palavra da norma como tal, mas deve ser em princípio, inteligível por si; e pelo argumento da integração, no qual só a concepção que leve em conta os fatores objetivos em sua continua mutação explica o direito pela jurisprudência
 Na doutrina subjetivista, há o reconhecimento da vontade do legislador (ou da voluntas legislatoris), possui a noção de dogma como um princípio arbitrário, derivado de vontade do emissor; nessa doutrina a interpretação se baseia no método histórico, nela ressalta-se o papel preponderante do aspecto genético e das técnicas que lhe são apropriadas. Em contrapartida com os objetivistas, os subjetivistas contestam dizendo: o recurso à técnica histórica de interpretação e às discussões preliminares dos responsáveis pela positivação da norma é imprescindível, daí a impossibilidade de ignorar o legislador originário; os fatores objetivos também estão sujeitos a duvidas interpretativas, criando assim um subjetivismo que põe a vontade do interprete acima da vontade do legislador; e por fim, o desvirtuamento na captação do direito em termos de segurança, pois ficaríamos à mercê da opinião do interprete.
 É de suma importância ressaltar que as duas doutrinas levadas ao extremo são ruins. O subjetivismo favorece certo autoritarismo personalista, ao privilegiar a figura do legislador, pondo sua vontade em relevo. Por exemplo, na época do nazismo, em que as normas era interpretadas de acordo com a vontade de Fuhrer. Por sua vez, o objetivismo, também levado ao extremo, favorece certo anarquismo, pois estabelece o predomínio de uma equidade duvidosa dos interpretes sobre a própria norma. Por fim, é válido dizer que uma não prevalece sobre a outra, ou seja, as duas são insuficientes, visto que o que prevalece no fim, éa interpretação autentica do juiz, que incorre em uma decisão.
4- Explicar a tese da interpretação como tradução 
 Ao considerar interpretar como a compreensão de outra interpretação, afirma-se que existem dois doadores de sentido: um que se positiva na norma e outro que tenta identifica-la. Diante ao desafio kelsiano de reconhecer e fundar um doador de sentido que prevaleça frente a outro, com o objetivo de se atingir uma interpretação verdadeira, faz-se necessário investigar os motivos pelo qual tanto a corrente subjetivista quanto a objetivista são insuficientes ao tentar enfrentar o problema. Para investigação, é proposto que haja uma analogia com o problema da boa ou correta interpretação presente na teoria da tradução. A analogia é justificável pois quem traduz também interpreta.
 As traduções, são admitidas como a transportação de um texto de uma língua para outra, sejam essa línguas naturais ou científicas. O fato delas ocorrerem atesta que são possíveis e o fundamento teórico das traduções repousa em duas respostas: a teoria realista e a teoria idealista. 
 A teoria realista recorre a tradição bastante intuitiva em que traduzir é buscar, nas duas línguas, o mesmo objeto representado. A coisa (res) é, assim, o elemento da boa tradução. Todavia, essa teoria não pode ser fundada. Primeiramente porque o processo percorrido para a tradução não ocorre da sentença A para a res e depois para a sentença na língua B. Na prática é preciso que haja a tradução para se chegar a identificação do objeto, ou seja, é a tradução que confere sentido ao objeto e não o contrário. Em segundo lugar, a teoria se funda no pressuposto indemonstrável de que as coisas tem uma estrutura própria independente da língua, as coisas possuiriam uma essência e a língua seria apenas uma representação , mais ou menos perfeita, dessa unidade de significação intrínseca. Nesses termos, o critério da boa tradução seria a adequação da língua ao mundo real. Tercio Sampaio contrapõe este critério ao afirmar que é uma ilusão a ideia de que a expressão “mundo real” designaria algo, pois, na verdade, é uma articulação linguística mais ou menos uniforme em um contexto existencial.
 Por sua vez, a teoria idealista tem como seu critério para a boa tradução o pensamento, sendo este o intermediário entre a “coisa” e a palavra. Essa também, porém, não pode ser fundada. O primeiro argumento para isso é de que a teoria não corresponde à prática da tradução, pois o procedimento não se dá da sentença da língua A , passando pelo pensamento e depois para língua B, como ela afirma. O que ocorre é da sentença da língua A para a língua B e então para o pensamento, pois só é possível perceber o que se estava pensando depois que a tradução foi feita. Ademais, a teoria idealista também funda-se em um pressuposto indemonstrável: de que o pensamento é algo diferente da articulação linguística e de que existe uma forma de acesso ao pensamento que não linguística. Aristóteles em seu tempo já denunciava a possibilidade de dissociar o que dizemos daquilo que pensamos. Contra a teoria idealista afirma-se que não há método de verificação do pensamento inarticulado, ele só se articula pela asserção. Consequente a isso, não é o pensamento o método de verificação da tradução, e sim a tradução o método de verificação do pensamento. 
 Fazendo o paralelo, é possível perceber que as dificuldades expostas na teoria da tradução são, de certa forma semelhantes às existentes nas correntes objetivista e subjetivista de interpretação da língua. Assim, então, é cabível objeções semelhantes. A analogia entre a teoria idealista da tradução e a corrente subjetivista permite, em primeiro lugar, esclarecer que a prática da interpretação na prática não percorre o caminho proposto pela corrente. É preciso primeiro alcançar o sentido da norma, ou seja, interpreta-la para depois se descobrir a intenção do legislador. Além disso, a corrente da voluntas legislatoris recorre ao mesmo pressuposto indemonstrável da teoria idealista, afirmando que seria possível que a intenção do legislador fosse algo distinto da articulação linguístico-normativo, havendo uma forma de reconhecer seu pensamento normativo que não seja por meio do seu discurso. Sendo isso impossível, o critério da interpretação verdadeira é impossível. A corrente objetivista é análoga à corrente objetivista e a prática da interpretação a desmente. Não se vai antes aos fatores objetivos e reais para depois atingir o sentido prescritivo da norma. Primeiro interpreta-se depois incide na realidade e só assim é possível reconhecer o sentido normativo dos fatos. Em segundo lugar, ambas recorrem ao mesmo pressuposto indemonstrável, supondo que a realidade tem uma estrutura própria, unidades de significação que são sua essência e língua normativa é apenas uma representação dela. A realidade, assim, conteria uma essência com um sentido normativo independente do próprio discurso normativo.
5 – O que Tércio entende por violência simbólica, no contexto da interpretação jurídica?
 
 Pode-se considerar que a língua é um conjunto de símbolos (palavras) e relações conforme suas regras de uso. A despeito das dificuldades de fundamentação, as traduções de uma língua para outra ocorrem e para tal é preciso recorrer à comparação das estruturas que contém as regras básicas e secundárias delas. Assim, são três as situações possíveis tratando-se das regras básicas de duas línguas: podem coincidir, sendo possível a tradução; coincidirem de uma forma parcial, sendo necessário uma adaptação para a transferência; ou podem não coincidirem, precisando de uma transferência indireta. Essa transferência depende do ângulo em que foi observado a relação entre as estruturas.
 Analisando os critérios para tradução, é compreendido que a chamada “boa tradução” repousa na aceitação do enfoque do tradutor a partir da confiança de competência depositada neste. 
 Essa confiança tem suas raízes em estruturas gerais da comunicação. A comunicação aparece primeiramente como uma relação horizontal, em que os símbolos se conectam seguindo e antecipando outro. Simultaneamente, ao comunicar o homem se verticaliza, valorando os símbolos conforme sua posição hierárquica a partir da ideia de alto/baixo. Os espaços horizontais, então passam a ter uma noção de interioridade e exterioridade conforme a díade dentro/fora, ou seja, a partir de sua participação. Como relação associativa, o que está alto e dentro é visto como algo positivo e o que está fora e baixo é valorado negativamente. Todavia, nem sempre a relação de hierarquia e participação são congruentes. O espaço de comunicação é então cortado pela terceira díade de claro/escuro. Nela aparece a imagem dos símbolos que se iluminam e obscurecem dependendo do enfoque lançado sobre eles, a partir da relevância ou não que ganham. 
 As estruturas formais, como observado, se organizam em termos da hierarquia, participação e relevância. Sendo esta última a responsável pelo enfoque dado, contendo, assim, o elemento ideológico da comunicação.   A ideologia é vista como uma valoração última e universalizante. Relaciona-se essa universalização de sentido com o poder de violência simbólica, ou seja, o poder entendido como controle das significações consideradas legítimas. Para que haja controle é preciso que as alternativas de ação do receptor sejam neutralizadas, assim, embora ainda conservadas como possíveis, as opções não condizentes com a do emissor não são tidas em consideração, não contam. 
 Em suma, objetivando a boa tradução, a tradução fiel, feita por transferência direta ou indireta, é preciso que a variedade e a diversidade sejam controladas. A partir dessa necessidade, o poder de violência simbólica pode se manifestar como três formas: autoridade, liderança e reputação.
 Primeiramente, Tercio Sampaio expõe a ideia de que como a comunicação acontece do emissor para o receptor ambos temporalmente localizados, sendo fundamental que se neutralize os comunicadores. A neutralização é alcançada a partirde sistemas hierárquicos que impõem uma disciplina ás combinações dos símbolos dentro de uma língua. Nesses casos surge a relação de “poder autoridade”. O enfoque dado conforme a sintática confere autoridade capaz de generalizar sentidos independente de quem fale, quem ouça, e da passagem do tempo. Em segundo lugar, o “poder liderança” traz a uniformização de sentidos pela neutralização das opiniões dos outros agentes. Considerando a multiplicidade dos pontos de vistas é preciso que se produza consenso, sendo então a liderança uma forma bem sucedida de poder capaz de supor o consenso. Ademais, a variedade e diversidade de sentidos também pode ser decorrente da multiplicidade de símbolos, tantas vezes vagos e amplos. Sendo, por fim, necessário o “poder reputação”, enquanto controle do próprio repertório simbólico, neutralizando o símbolo e conferindo razoavelmente denotações e conotações precisas ao conteúdo deles. 
 A violência simbólica repercute também na hermenêutica jurídica. No processo interpretativo temos o texto jurídico , que constitui uma língua e deve ser interpretada, ao mesmo tempo que há uma realidade, sistema articulado de símbolos dentro do contexto existencial. Analogamente ao que ocorre na tradução, a interpretação hermenêutica é a passagem a passagem de uma língua para outra, ou seja, uma questão intralinguística , que, nesse caso ocorre da língua e prescrições normativas para a língua da realidade. Enquanto o discurso normativo é prescritivo, um “dever-ser”, a estrutura da língua-realidade é dominada pelo conectivo “ser” e, portanto, a interpretação é feita a partir de uma transferência indireta dada pela língua técnica da interpretação hermenêutica dogmática. É essa terceira língua que confere sentido à norma em face da realidade. 
 Dentro da língua hermenêutica a figura do legislador racional é fundamental quando interpreta, pois é a figura intermediaria em face da língua normativa e da língua-realidade. Nas comunicações estabelecidas, intermediadas pelo intérprete, é imprescindível que a autoridade e sujeitos partilhem de um mínimo de padrões de realidade, sendo este condição necessária para qualquer interpretação. O legislador dentro da atividade de interpretação é a base racional para a fundamentação metodológica. 
6- Quais são e como se concebem os métodos de interpretação hermenêuticos, segundo a dogmática?
 O texto normativo constitui uma língua que deve ser interpretada. Consoante a isso, a realidade nada mais é do que um sistema articulado de símbolos num contexto existencial. Ora, essa realidade-língua, para o jurista, aparece como que de fato acontece. Dessa forma é preciso definir o que é fato. Fato não é algo concreto, sensível, mas um elemento linguístico capaz de organizar uma situação existencial como realidade. 
 A possibilidade de usar o elemento linguístico “é fato que” depende de regras estruturais, o elemento pode ser usado no passado e no presente, porem, nunca no futuro. O elemento “é fato que” pode ser usado sempre que a asserção for verdadeira, ou seja, sempre que, num universo linguístico, o uso competente o permitir. A realidade, portanto é função da verdade, isto é do uso competente da língua.
 Quando interpretamos, realizamos a passagem de uma língua, a das prescrições normativas para outra língua, a da realidade. A interpretação hermenêutica de que estamos tratando cuida da passagem da linguagem normativa para a linguagem real, portanto, é uma questão intralinguística. Posto isto, temos de reconhecer, por tudo o que dissemos sobre as normas, que o discurso normativo é prescritivo, não nos diz como as coisas são, mas como devem ser.
 Estamos, portanto, diante de duas línguas cujas regras básicas são distintas. A estrutura da linguagem normativa é dominada pelo conectivo dever-ser (é proibido, é obrigatório). Já a estrutura da língua-realidade é dominada pelo conectivo ser (é fato que, é provável que). A interpretação dessas línguas exige uma espécie de transferência indireta, que ocorre graças a uma terceira língua, a língua técnica da hermenêutica dogmática, que por pressuposto, tem em sua estrutura suas próprias regras básicas e como regras segundarias, as regras básicas das outras línguas.
 Para compreender essa peculiaridade da língua hermenêutica temos que fazer referencia a um pressuposto importante da hermenêutica, quando interpreta o legislador racional. Trata-se de uma construção dogmática que não se confunde com o legislador normativo nem com o legislador real. É uma figura intermediaria, que funciona como um terceiro metalinguístico, em face da língua normativa e da língua-realidade. Segundo o autor Nino, o legislador racional tem como propriedades caracterizadoras as qualidades de ser uma figura singular, permanente, única, consciente, finalista, omnisciente, omnipotente, justo, coerente, omnicompreensivo, econômico, operativo e preciso. Tais qualidades confirmam os dois princípios da hermenêutica dogmática: o da inegabilidade dos pontos de partida e o da proibição do non liquet (não deve haver conflito sem decisão) 
 A figura do legislador racional esclarece o dever ser descritivo de Kelsen como um dever-ser ideal, que não assume nem uma competência jurídica nem se confunde com a vontade real. Como regra básica da estrutura da lingua hermenêutica, o dever-ser ideal permite se entender a contrução da lingua da dogmática interpretativa, por meio da qual se faz a passagem da norma para a realidade. Por meio da lingua hermenêutica se reconstoi o discurso do ordenamento, como se o interprete “fizesse de conta” suas normas constituíram um todo harmônico, capaz, de ter um sentido na realidade. 
 É inquestionável que subjacente à busca da vontade da lei ou do legislador encontra-se necessária a pressuposição epistemológica de um designo que quer entendido e afigurar-se como racional. A base dessa racionalidade encontra-se no principio kantiano “dever implica poder” no sentido de que ninguém, em sã consciência poderia desejar o impossível ou incoerente. Assim, na comunicação que se estabelece entre o legislador empírico e o destinatário, assume-se que os agentes compartilham um mínimo de padrões de racionalidade pois é condição necessária de todo e qualquer ato interpretativo, dentro de uma teoria geral de comportamentos. 
 Dessa forma, a atividade de interpretação, desenvolvida pela dogmática jurídica, envolve um conceptualização ideal do legislador, cuja figura na forma do legislador racional constitui a base racional para a fundamentação metodológica da atividade de interpretação jurídica. Nessa conceptualização da vontade racional ressalte-se, dentre seus atributos, alguns postulados de competência, que são: o legislador não cria normas impossíveis de serem executadas; o legislador não cria normas sem algum proposito; as condutas permitidas ou permitidas pelas normas são aptas a levar os sujeitos normativos à consecução dos propósitos da regulação; a vontade do legislador é unitária, de forma de as regras estão sistematicamente relacionadas; a vontade do legislador é completa, soluciona todos os casos reputados como relevantes; o legislador é rigorosamente preciso e não cria normas inoculas ou redundantes.
 A hipótese do legislador racional não é isenta de uma tomada de posição ideológica. Essa ideologia, implícita na atividade hermenêutica, pode ser estática ou dinâmica. É estática quando a hipótese do legislador racional favorece valores como a certeza, segurança, a previsibilidade e a estabilidade do conjunto normativo, nesse caso, a consistência do sistema privilegiam aspectos formais. Ela é dinâmica quando favorece a adaptação das normas, a operacionalidade das prescrições normativas, nesse caso a consistência do sistema privilegia a razoabilidade pratica das prescrições.
 A doutrina hermenêutica não se constrói como uma teoria descritiva que explica como é o sentido de direito, mas como uma teoria dogmática que expressa como deve ser ele interpretado. Os conceitos, as premissas, os princípios postulam concepçõesocultas e se formulam como orientações sobre os objetivos e os propósitos da interpretação. Dessas orientações se deduzem as regras da hermenêutica.
 Com base nas três díades de organização dos símbolos e as respectivas relações de poder se constituem três critérios básicos que são a coerência, o consenso e a justiça. A coerência ou a busca do sentido correto exige um sistema hierárquico de normas e conteúdos normativos. O consenso ou a busca do sentido funcional exige respaldo social. A justiça ou a busca do sentido justo exige que se atinjam os objetivos axiológicos do direito. Em função deles, podemos falar em alguns tipos de métodos. Além disso, o poder de violência simbólica se exerce por paráfrases que acrescem a força normativa das relações de poder conforme decodificações consoante um código forte ou fraco, é possível distinguir tipos básicos de interpretação.
 Os chamados métodos de interpretação são, na verdade, regras técnicas que visam à obtenção de um resultado, com elas procuram-se orientações para os problemas de decidibilidade dos conflitos. Esses problemas são de ordem sintática, semântica e pragmática. 
 Os problemas sintáticos referem-se a questões de conexão das palavras nas sentenças, questões léxicas. À conexão de uma expressão com outras expressões dentro de um contexto, questões logicas. E à conexão das sentenças num todo orgânico, questões sistemáticas.
 Num sentido restrito, os problemas semânticos referem-se ao significado das palavras individuais ou de sentenças prescritivas, A hermenêutica pressupõe que tais significados são função da conexão fática ou existencial em consideração ao conjunto vital- cultural, político e econômico- que condiciona o uso da expressão. A teoria dogmática da interpretação costuma distinguir entre conceitos indeterminados, conceitos valorativos e conceitos discricionários. A distinção conhece diferentes atributos diferenciadores, entre eles, entre eles um dos mais importantes é a possibilidade de, por via interpretativa, conferir-se ao conceito de um contorno genérico. Para enfrentar os problemas gerados por tais conceitos, a hermenêutica jurídica se vale dos chamados métodos sociológicos, históricos.
 Por fim, temos o que podemos circunscrever como problemas pragmáticos stricto sensu. Sendo um conjunto de paráfrases a serviço do poder de violência simbólica, todo ato interpretativo tem primariamente uma qualidade pragmática, ou seja, deve ser entendido numa relação de comunicação entre emissores e receptores das mensagens normativas. As questões pragmáticas de interpretação reportam-se à carga emocional dos símbolos , percebe-se a presença de valorações que precisam ser controladas pelo interprete, é preciso neutralizar os conteúdos, ou seja, controlar a carga valorativa de tal modo que esses valores passem a expressar “universais do sistema”. Não obstante, as relações entre os comunicadores colocam, nem sentido estrito, problemas peculiares que a hermenêutica enfrenta por meio dos métodos teológicos e axiológicos. 
 O uso da língua hermenêutica pressupõe, portanto, um uso competente, a ideia de interpretação verdadeira repousa nesse pressuposto. Quando em uma lei, por exemplo, é expresso o termo “motivo fútil”, é necessário uma reconstrução da expressão para que se consiga identificar o sentido da norma e a maneira como ela deve-ser, um dever ser ideal do legislador racional. Assim, invertendo a ordem linear sigmatica ficaria “futilidade imotivada”. Essa inversão deve ser feita pelo interprete, surgindo relações associativas que permitem a conexão da falta de motivo com a torpeza do ato, o que corresponde à vontade do legislador que precisa ser dita e demonstrada por meiodas estruturas do uso competente da língua hermenêutica. 
 Dessa forma, a norma jurídica, o dever-ser ideal, se apresentará como um dever-ser sistemático. Isso acontece pois a norma é vigente dentro do sistema que integra, visto que é eficaz já que produz efeitos na realidade social devido ao fato de ser dotada de império , tem uma força que exerce uma função e cumpre um objetivo.
 Esses métodos de interpretação hermenêuticos apresentam critérios de correção hierárquica, participação consensual e relevância funcional. No método logico-sistemático, o interprete deve neutralizar os comunicadores, conferindo a norma uma caráter “imperativo despsicoligizado”. Dessa forma, tendo um sentido universal independente do tempo, pode ser individualizada para cada caso concreto.
 O método histórico-sociológico, devemos supor um consenso na interpretação da norma jurídica como se não houvesse divergência de opiniões, o que permite que ela tenha um sentido geral e possa ser especificadora.
 Já no método teleológico e axiológico, neutraliza a facti species, adquirindo um sentido abstrato que possa ser concretizado. Além disso, quando a hermenêutica utiliza desses métodos para identificar o sentido da norma , ela realiza uma paráfrase, uma reformulação do texto com termos mais convenientes, visto que tem como referencia o dever-ser ideal do legislador racional. 
 No entanto, esse pressuposto da dogmática exige que as dimensões de autoridade, liderança e reputação sejam congruentes, e é na congruência máxima que se da a boa interpretação. Devido a isso, é uma regra da dogmática a exigência de que o hermeneuta não utilize apenas um método, mas aplique todos para interpretar. Dessa forma, há um acréscimo a função motivadora da língua normativa, realizando um ato de violência simbólica.
7- Expor a concepção de código (forte e fraco) para a estruturação do processo interpretativo.
 A hermenêutica é um discurso de poder da violência simbólica, ou seja, ela é uma indicativa de como deve ser o direito interpretado. Tercio cita Max Weber, segundo o qual em toda relação de poder é composta por três elementos: o agente de dominação, o paciente e as organizações estatuídas. Contudo, essa relação não é direta, mas mediada pelas organizações estatuídas que consistem um código explícito.
 Entende-se por código uma estrutura capaz de ordenar, mas para que a norma se cumpra ele tem que ser decodificado para que uma norma possa ser obedecida. A norma pode ser apresentada conforme um código forte ou um código fraco, em relação ao primeiro Tércio afirma que, em geral as prescrições burocráticas são emitidas por definição (Weber) conforme um código dotado de rigor denotativo e conotativo. Trata-se, portanto, de um “código forte” que procura dar um sentido unívoco à prescrição. 
 O código forte confere à prescrição um sentido estrito, pois atribui rigor ao destinatário, uma vez que exige dele um comportamento estrito (fechado), e consequentemente, exigindo um comportamento preciso do receptor. Por isso, o receptor tende a ampliar sua possibilidade de comportamento, decodificando a prescrição conforme um código fraco, este visa ampliar o sentido dos termos prescritos, conferindo um sentido menos rigoroso e mais flexível à norma e por isso, podendo ser preferível ao seu destinatário quando este quiser aumentar as possibilidades de comportamento.
 Da mesma forma, o emissor pode se utilizar do código fraco, diante da flexibilidade de sentido da norma, assim como o receptor poderá utilizar-se do código forte em busca de uma decodificação precisa.
 Portanto, o legislador normativo trabalha com ambos os códigos e por isso o intérprete da norma, dependendo da circunstância, pode variar sua decodificação. Assim, diante da situação, é possível usar códigos fortes e fracos frente à hermenêutica, às divergências interpretativas, sem ferir a interpretação verdadeira, respeitando a autoridade, liderança e reputação da norma.

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