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1 UNIVERSIDAD E ESTÁCIO DE SÁ PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR - PCC CURSO: LETRAS - INGLÊS - FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DISCIPLINA: PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM DESENVOLVIMENTO FÍSICO-MOTOR, AFETIVO-EMOCIONAL, INTELECTUAL, MORAL OU SOCIAL DE UMA CRIANÇA EM IDADE PRÉ-ESCOLAR EM TEMPOS DE PANDEMIA DE COVID-19 PROFESSORA: ROSELI CANTALOGO COUTO ALUNA: ERIKA DAYANE LOPES DOMINGOS MATRÍCULA: 202002816911 Pentecoste – CE, 23 de Maio de 2020 2 ERIKA DAYANE LOPES DOMINGOS DESENVOLVIMENTO FÍSICO-MOTOR, AFETIVO-EMOCIONAL, INTELECTUAL, MORAL OU SOCIAL DE UMA CRIANÇA EM IDADE PRÉ- ESCOLAR EM TEMPOS DE PANDEMIA DE COVID-19 Atividade acadêmica de Prática como Componente Curricular – PCC, apresentado ao curso EAD de Letras – Inglês Formação Pedagógica como requisito para a aprovação na disciplina de Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, da Universidade Estácio de Sá. Profª Roseli Cantagalo Couto. Pentecoste – CE, 23 de Maio de 2020 3 1 OBJETIVOS O presente relatório, tem como objetivos: Observar uma criança de idade pré-escolar de modo a identificar as características do seu desenvolvimento físico-motor, afetivo-emocional, intelectual, moral ou social; Verificar se no momento de pandemia de Covid-19 a criança apresentou algum prejuízo em seu desenvolvimento físico-motor, afetivo-emocional, intelectual, moral ou social; Analisar de maneira crítica as observações realizadas usando como referência as diferentes teorias do desenvolvimento. 2 INTRODUÇÃO O ano de 2020 iniciou com uma grande crise na saúde mundial. A covid-19, doença causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, apresenta um “quadro clínico que varia de infecções assintomáticas a quadros respiratórios graves” (Ministério da Saúde, 2020) e se espalhou rapidamente por vários continentes, abrangendo em poucos meses grandes e pequenas cidades, chegando até mesmo no meio rural. O termo usado para denominar esse fenômeno, onde uma doença se espalha por diversos países e continentes é conhecido como pandemia. E segundo site Telessaúde São Paulo (2020): “A pandemia, em uma escala de gravidade, é o pior dos cenários. Ela acontece quando uma epidemia se estende a níveis mundiais, ou seja, se espalha por diversas regiões do planeta. Em 2009, a gripe A (ou gripe suína) passou de uma epidemia para uma pandemia quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) começou a registrar casos nos seis continentes do mundo. E em 11 de março de 2020 o COVID-19 também passou de epidemia para uma pandemia.” (TELESSAÚDE SÃO PAULO, 2020). No cenário atual, no Brasil, diversos estados estão acatando medidas de prevenção contra a covid-19, como o distanciamento e o isolamento social. Atualmente, cursinhos, escolas, universidades e faculdades públicas e privadas de todo o país tiverem suas aulas suspensas ou estão funcionando na modalidade a distância. Neste contexto, o presente relatório será realizado através da observação de uma criança em idade pré-escolar, que no momento atual de isolamento social encontra-se estudando em casa com o auxílio de pais e professores, que utilizam ferramentas tecnológicas para ministrar as aulas a distância. 4 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS As observações foram feitas in loco, na casa da criança, com a autorização dos pais responsáveis. Foram realizadas anotações durante as observações e também houveram conversas informais com a mãe da menor. A aluna observada chama-se Larissa e tem 4 anos e está cursando a Educação Infantil, Jardim I em uma escola particular da cidade de Pentecoste – CE. Ela foi acompanhada durante os dias 19, 21 e 22 de maio de 2020, durante o período matutino, das 9h às 10h, totalizando assim 1 hora de observação por dia e 3 horas de acompanhamento no final da atividade. 4 RESULTADOS 4.1 Primeiro dia de observação Cheguei a casa da Larissa, ela já estava acordada e aguardando a aula. Por conta da aula ser ministrada em casa, ela se encontrava com roupinhas do dia a dia, nada de uniforme escolar. A aula foi iniciada de fato as 9 horas pela professora, a princípio por áudios destinados a mãe da Larissa, onde solicitava o material de apoio impresso e também foi enviado um pequeno vídeo do Patati e Patatá. Com os materiais já apostos, foi iniciada então a aula por vídeo chamada via whatsapp instalado no celular da mãe dela; Larissa estava concentrada e sentada numa cadeira com uma pequena mesa adaptada para ela, toda contente. A professora de início pediu para Larissa passar álcool em gel nas mãos, hábito normal nesse tempo de pandemia; posteriormente, a professora cantou uma musiquinha de Bom dia, que a Larissa prontamente acompanhou toda dançante; depois a tia Fran, como é chamada a professora, incentivou Larissa a abrir o material impresso da aula, uma pequena apostila, com desenhos para colorir e letras para cobrir. A professora perguntou a Larissa o que ela tinha achado da música sobre vogais e se ela conhecia as letras que foram mostradas no vídeo e ela respondeu com um sonoro e cômico: “Mas é claro tia Fran”! Como na música existem exemplos de palavras com iniciadas por vogais, a tia Fran pediu a Larissa que desses exemplos de palavras que começassem com as letras A, E, I, O e U e assim ela o fez. Em seguida, Larissa foi instruída a pintar cada uma das vogais com cores diferentes, e ligar cada letra da vogal ao seu respectivo exemplo, nesse momento ela teve 5 um pouco de dificuldade, mas foi ajudada pela mãe. Para encerrar a aula foi cantada uma canção de despedida chamada Tchau e novamente Larissa cantou todinha. 4.2 Segundo dia de observação No segundo dia de acompanhamento, cheguei novamente no mesmo horário e Larissa que me recebeu com o álcool em gel em mãos, me dizendo que eu devia me cuidar para não ficar “dodói”. Sentei e assim como Larissa aguardamos a aula da tia Fran; poucos minutos depois a aula foi iniciada, e mais uma vez cantaram a música de bom dia para iniciar a aula. A aula do dia foi sobre uma historinha, contada e interpretada pela professora de um modo rápido e bastante lúdico. Ao fim da história a tia Fran mostrou passo a passo de como construir um dos materiais usados no cenário da história: um barquinho que navegava pelo mar e um céu azul com um sol grande e bem amarelo. A mãe da Larissa já havia preparado o material necessário e a Larissa pintou os materiais e desenhou lindamente o cenário e de modo bem crítico, pois queria que tudo ficasse igual ao cenário da professora, ficando até irritada por não ter uma das cores que precisava. 4.3 Terceiro dia de observação No último dia de observação acompanhei uma aula de matemática ministrada por outra professora, a tia Dadá. Novamente Larissa estava sentada junto a mesinha com o celular da mãe observando atentamente o vídeo da professora. No vídeo a tia Dadá mostrava números de 1 a 10, todos com desenhos que podiam ser revelados ao colocar na água. Larissa olhava encantada e dizia a cada número, que bichinho era revelado. Depois a professora mandou apenas áudios instruindo a mãe de qual atividade deveria ser feita da apostila e a atividade foi feita por ela de forma rápida porque ela queria brincar com a prima que a visitava no dia. 4.4 Outras observações Desenvolvimento Físico-motor: Larissa é uma criança bastante saudável, branca, olhos e cabelos castanhos, com cerca de 102 cm de altura e peso de 16 kg. Possui um bom desenvolvimento psicomotor, pois, consegue segurar lápis e outros materiais com firmeza, além de usar de forma correta os lápis para colorir os desenhos, e faz isso com certo capricho de um modo bastante satisfatório. Durante a visita a vi correr, caminhar e saltarcom um bom equilíbrio. Desenvolvimento Intelectual 6 Larissa demonstrou ser uma criança esperta, prestativa, atenciosa e bastante inteligente. Apenas no último dia apresentou certa inquietação com a aula por causa da presença da prima, a qual ela estava com muita vontade de brincar, contudo, fez as atividades primeiro de forma realmente rápida. Ela também confessou em outros momentos que sentia falta dos coleguinhas de sala e descreveu o nome e a idade deles. Desse modo, Larissa aparenta ter a função cognitiva em perfeito funcionamento; possui linguagem adequada para idade, gosta de bonecas e de jogos de celular. É bastante concentrada durante as aulas e aprende de forma bastante fluída. Ela inclusive já escreve seu primeiro e segundo nome, conhece as vogais e também os números de 0 a 10. Desenvolvimento Social: A parte social foi de fato a menos observada, pois não havia a possibilidade de analisar sua relação com a turma, entretanto, a maneira como ela se portou comigo me fez perceber que ela é muito comunicativa e bastante amorosa, e demonstrou isso comigo e principalmente com as professoras. Desenvolvimento Afetivo-Emocional: Nos três dias de observação ela aparentou ter um desenvolvimento emocional ajustado a sua idade. Ela é uma criança alegre, comunicativa e questionadora, e ficou bem claro o quanto é bem cuidada. Pude perceber também que ela se irrita quando as coisas não são feitas da maneira que ela acha correta. 4.5 Análise das situações observadas de acordo com teorias de desenvolvimento As teorias do desenvolvimento abordadas a seguir consideram que o comportamento do ser humano está relacionado a fatores genéticos (hereditários) e também a conhecimentos aprendidas no meio ao qual se está inserido. Abaixo serão apresentadas as principais ideias de duas das três teorias do desen- volvimento do ser humano. Serão abordadas apenas as teorias psicanalíticas e as teorias cognitivas, que posteriormente serão comentadas de acordo com o estágio em que a criança observada deste trabalho se encaixa. TEORIAS PSICANALÍTICAS FR EUD “A sexualidade é uma dimensão humana essencial, e deve ser entendida na totalidade dos seus sentidos como tema e área de conhecimento. O primeiro teórico a falar sobre a sexualidade infantil foi Sigmund Freud”. (COSTA, OLIVEIRA, p. 2 2012) 7 Para Freud os estágios do desenvolvimento da personalidade eram influenciados pelo amadurecimento e a cada um dos cinco estágios psicossexuais (estágios oral, anal, fálico, de latência e genital), a libido estaria centrada na parte do corpo que é mais sensível em uma determinada idade. Baseado nesta teoria, a criança observada (Larissa) encontra-se no estágio fálico, que compreende a idade entre 4-5 anos. É neste estágio a criança começa a identificar os gêneros, o pai (menino, gênero masculino) ou mãe (menina, gênero feminino). ERIK ERIKSON Erikson propôs os chamados estágios psicossociais e em sua visão, “toda criança passa por uma sequência fixa de tarefas, cada uma centrada no desenvolvimento de uma determinada faceta da identidade” (CARRARO, 2015, p. 30). Na Teoria Eriksoniana do desenvolvimento humano há oito fases (estágios), e Larissa se encaixa no estágio de Iniciativa versus Culpa que compreende aproximadamente dos 4-5 anos, nesta fase a criança. Neste momento a criança consegue organizar as atividades em torno de uma meta; torna-se mais positiva e agressiva; há a existência do conflito de Édipo com progenitor do mesmo sexo, o que pode levar à culpa”. (CARRARO, 2015, p. 31) TEORIAS COGNITIVAS PIAGET Na teoria de Piaget, a inteligência se modifica gradativamente a medida que a criança vai utilizando-a. De início a criança usa essa inteligência de modo sensório- motora para adaptar-se ao meio, posteriormente a inteligência torna-se prática e só depois passa a ser a inteligência propriamente dita, neste último caso, já é possível elaborar hipóteses e solucionar situações problemas sem a necessária presença de objetos concretos. De acordo com a teoria de Piaget, Larissa encontra-se no estágio do pensamento pré-operacional que compreende de 2 a 7 anos. Para ele, é nesta fase que as crianças dão as respostas errôneas e demonstrou isso usando o seguinte teste: passar a mesma quantidade um liquido de um copo baixo e largo para um copo fino e alto, desse modo as crianças no estágio do pensamento pré-operacional, acham que há mais liquido no copo alto e fino. Segundo Piaget é neste estágio que as crianças, 8 “[...] refletem uma característica fundamental dessa idade que é a centração: a criança se foca em apenas um aspecto da situação, no caso a altura do fluido na tarefa de conservação do fluido, enquanto ignora outros aspectos como a largura do recipiente. Esses resultados levaram Piaget a acreditar que as crianças pequenas (4 a 5 anos) não tinham nenhum senso de número e seu entendimento de mais e menos estava somente relacionado com a percepção do comprimento”. (KONKIEWITZ, p. 19, 2013). . VYGOTSKY Vygotsky desenvolveu a teoria interacionista onde o conhecimento seria, antes de tudo, impulsionado pelo desenvolvimento da linguagem no ser humano. Além disso a teoria também considerava a interação entre o indivíduo e o meio em que ele está inserido são essenciais ao processo de aprendizagem. Resumidamente, “para Vygotsky, é a linguagem que dá origem ao pensamento, e o pensamento e essencialmente verbal (fala interna), isto é, nós somente pensamos por meio de palavras” (KONKIEWITZ, p. 20, 2013). O psicólogo ainda considerava que todo aprendizado amplia o universo mental do aluno, desse modo, “O ensino de um novo conteúdo não se resume a aquisição de habilidade ou de um conjunto de informações, mas amplia as estruturas cognitivas da criança. Assim, por exemplo, com o domínio da escrita, o aluno adquire também capacidades de reflexão e controle do próprio funcionamento psicológico”. (NOVA ESCOLA, 2015). Nesse sentido, Larissa se adequa a essa teoria, pois, nessa idade ela já desenvolveu a fala, pensamentos de reflexão, além do domínio da escrita. CONCLUSÃO Nesta pesquisa foi possível perceber que a estudante observada continua de modo satisfatório o seu desenvolvimento físico-motor, afetivo-emocional, intelectual, moral ou social, mesmo nesse período de pandemia de Covid-19. Percebeu-se também que o ser humano vai se desenvolvendo de maneira continuada ao longo da sua vida mesmo em momentos de certa fragilidade, corroborando com a ideia de que o desenvolvimento depende bastante de diversos fatores tantos internos (fatores genéticos) como externos (meio inserido como condições sociais e até mesmo culturais). 9 De todo modo tais conhecimentos devem ser compartilhados principalmente no campo educacional, para que assim professores (as) estejam atentos e compreensivos com as crianças, adolescentes e até mesmo adultos, pois só assim poderão contribuir de maneira eficaz com o desenvolvimento dos estudantes. REFER ÊNC IAS APRENDIZAGEM, COMPORTAMENTO E EMOÇÕES NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: UMA VISÃO TRANSDISCIPLINAR. / organização: Elisabete Castelon Konkiewitz – Dourados-MS : Ed. UFGD, 2013. 312p. CARRARO, PATRÍCIA ROSSI – Livro didático - Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. 1ª edição, SESES, Rio de Janeiro, 2015. COSTA, E. R., & OLIVEIRA, K. E. (2012). A SEXUALIDADE SEGUNDO A TEORIA PSICANALÍTICA FREUDIANA E O PAPEL DOS PAIS NESTE PROCESSO. Itinerarius Reflectionis, 7(1). https://doi.org/10.5216/rir.v2i11.1239. Acesso em: https://www.revistas.ufg.br/rir/article/view/20332. Acessado em: 22 de maio, 2020. Ministério da saúde. Sobre a doença. 2020. Acesso em: https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca. Acessado em: 21 de maio, 2020. Qual é a diferença entre surto, epidemia, pandemia e endemia ?. 2020. Acessoem: https://www.telessaude.unifesp.br/index.php/dno/redes-sociais/159-qual-e-a-diferenca entre-surto-epidemia-pandemia-e-endemia. Acessado em: 21 de maio, 2020. Revista Digital de Quem Educa Nova Escola. Grandes Pensadores. Edição 1022. Acesso em: https://novaescola.org.br/conteudo/7235/lev-vygotsky. Acesso em: 21 de maio, 2020. https://www.revistas.ufg.br/rir/article/view/20332 https://coronavirus.saude.gov.br/index.php/sobre-a-doenca https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca https://www.telessaude.unifesp.br/index.php/dno/redes-sociais/159-qual-e-a-diferenca%20entre-surto-epidemia-pandemia-e-endemia https://www.telessaude.unifesp.br/index.php/dno/redes-sociais/159-qual-e-a-diferenca%20entre-surto-epidemia-pandemia-e-endemia https://novaescola.org.br/conteudo/7235/lev-vygotsky
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