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APS - Penal - 2º Sem.

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O Último dia de um Condenado
Brunno Calazans
RA: 379718/5
Autor: Victor Hugo
INTRODUÇÃO
Victor Hugo traz uma narrativa de um homem condenado a morte, a retratação dos dia após dia de alguém que sabe que ira morrer a qualquer momento, de um homem que tem sua vida declarada indiferente as demais, por cometer um ato ilícito, no livro, Victor Hugo trouxe a retratação de um psicológico abalado e instável, sentimentos mistos onde a alegria não repousa mais sobre os dias, e sim a tristeza do que há por vir, é interessante ressaltar que o autor trouxe uma crítica densa sobre a aplicação da pena de morte.
Os males psicológicos que tal punição causa aquele que foi apenado e os malefícios que causam a família, o fato em si não é só o prejudicial, os efeitos posteriores são avassaladores, ter um ente querido usado como símbolo da justiça através da pena de morte.
O mais interessante retratado é a sede por liberdade que o apenado tem, a forma que ele lida com esse devastador acontecimento, seu corpo está trancafiado, mas sua alma e sua mente estarão sempre livres, para recordar e criar acontecimentos que o conforte no decorrer de seus dias, chega a ser poético a avida sede pela liberdade e a vida quando se é posto em xeque, a valorização que atribuímos aos pequenos detalhes.
RESUMO
A cinco semanas vivendo com o peso da aplicação da pena a ele dirigida, seus dias não possuem paz, suas noites são atormentadas por sonhos onde sua vida está por fio, a falta de paz o consumiu, seus pensamentos são infernais.
” Por mais que faça ele está aí sempre, esse pensamento infernal, como um espetro de chumbo, só e repelindo qualquer distração, frente a frente comigo, miserável de mim! E sacudindo-me com as suas duas mãos de gelo, quando quero voltar a cabeça ou fechar os olhos. Ele introduz-se sob todas as formas naquilo onde o meu espírito procurava fugir-lhe, junta-se, como um estribilho terrível, a todas as palavras, que me dirigem, cola-se comigo às grades hediondas da minha prisão; obsidia-me acordado, espia o meu sono convulsivo e reaparece-me em sonhos na forma de um cutelo.”
Dentro de sua mente já perturbada com o fato, é quase impossível manter a calma, a ansiedade e o medo são corrosivos e destrutivos, o apenado por mais que tentasse manter-se positivo diante da situação, era impedido pela dura realidade que o cercava.
” Havia três dias, que o meu processo estava sendo discutido, três dias, que o meu nome e o meu crime reuniam todas as manhãs uma nuvem de espetadores, que vinham sentar-se nos bancos da sala da audiência, como corvos ao redor dum cadáver; três dias que toda essa fantasmagoria de juízes, testemunhas, advogados e procuradores do rei, passava e tornava a passar por diante de mim, ora grotesca, ora sangrenta, mas sempre sombria e fatal. Nas duas primeiras noites, noites de inquietação e de terror, eu não tinha podido dormir; na terceira, cheio de nojo e de fadiga, conseguira adormecer. Eu deixará à meia-noite os jurados deliberando. Tinham-me conduzido para a palha da minha prisão e imediatamente caíra num sono profundo, num sono de esquecimento. Eram essas as minhas primeiras horas de repouso, havia alguns dias.”
O julgamento é uma das fases mais difíceis, o apenado sentiu na pele o que era ser repudiado por aqueles que se sentiam moralmente superiores para tomar a decisão sobre um vida humana, o apenado retrata a inquietação de passar por um julgado onde a luta pela sua vida, pela sua sobrevivência dependiam de como seria apresentado a sua culpa, seu crime não é descrito, mas chamava a atenção de todos que queria ver o desfecho, o apenado sentia o ódio e a repulsa daqueles que o julgavam e sentia suas intenções, punir a qualquer custo.
Numa calma manhã onde o dia estava lindo, os raios de sol invadiam a sala de julgamento, brisas leves e calmas, flores a vista moldando o singular retrato da natureza que espelhava o esplendor da vida, estava o apenado, diante todos, tomado pela positividade de uma condenação que se enquadrasse bela e harmoniosa como aquela manhã.
” Já alguma vez se pronunciou uma sentença de morte sem ser à meia-noite, com archotes, numa sala sombria e negra e por uma fria noite de chuva e de inverno? Mas no mês de agosto, às oito horas da manhã, com um dia tão lindo, e com tão bons jurados, era impossível! E os meus olhos voltavam a fixar-se sobre a linda flor amarela”
Era nítida a convicção do apenado em ter uma pena menos rigorosa, como poderia ser tão dura se o dia estava lindo e trazia a todos, singelas sensações de prazer, quase imperceptíveis?
Nada disso foi o suficiente, foi proferida a sentença, pena de morte. Seu advogado tentou uma última alegação para que se não fosse cumprida tal decisão, e num embate de palavras, o procurador geral rebateu o advogado e com satisfação. O mundo tinha virado de cabeça para baixo, estupefato e caminhando de maneira desorientada foi-se a pensar em como o mundo se tornou cinza e sem vida.
“Até à sentença de morte eu sentia-me respirar, palpitar, viver no mesmo meio, que os outros homens; agora distinguia claramente, como que uma espécie de separação entre o mundo e eu. Nada já me aparecia com o mesmo aspeto que antes. Essas largas janelas cheias de luz, esse belo Sol, esse céu puro, essa alegre flor, tudo se tornava branco e pálido, da cor duma mortalha. Esses homens, essas mulheres, essas crianças, que se comprimiam à minha passagem, achei-lhes um ar de fantasmas. homens, essas mulheres, essas crianças, que se comprimiam à minha passagem, achei-lhes um ar de fantasmas.”
De cara retratamos a morte do protagonista, não a física, mas a espiritual, diante de uma situação tão complexa e dolorosa para uma vida humana, percebemos o apenado se distanciar do lado bonito da vida, sua perspectiva muda e o decorrer dos seus dias são tortuosos, as cores já não eram avidas como antes e sua percepção se resume ao fato.
Semanas se passaram até o declarado grande dia por aqueles que enxergam divertimento na pena de morte, num misto de coragem e medo envolto pelo barulho de uma multidão de posições diferentes, uns apoiavam, outros criticavam. 
“ No tumulto, que me envolvia, não distinguia os gritos de compaixão dos gritos de alegria, as risadas dos lamentos, as vozes do ruído; tudo isso era um rumor que ressoava na minha cabeça, como um eco de cobre.”
O mister de gritos tornava quase impossível a distinção de uma frase completa.
” A está horrível precaução, ao sobressalto, que o aço me produziu ao tocar-me o pescoço, os meus braços tremeram e deixei escapar um rugido abafado. A mão do executor tremeu
. — Perdão, senhor, — disse ele. — Fiz-lhe mal? Estes carrascos são uns homens muito delicados.”
Por mais que o apenado estivesse prestes a ser executado, foi tratado com educação e gentileza, um resquício de humanidade por aqueles que seguiam os procedimentos para a execução, mas como podem ser tão gentis numa situação tão difícil? O apenado não chega a deduzir, mas fica evidente que o tratamento final era uma forma de amenização e humanização do fato, enxergar aquele homem como uma pessoa dotada de direitos, mesmo restrito de exerce-los era crucial, o respeito e a educação prevaleciam nos momentos finais.
HISTÓRIA
Historicamente a pena de morte foi atribuída como forma de punição muito tempo antes de existir um código que o definia, de acordo como estudiosos do Direito Penal, podemos notar que há quatro fases de aplicações de pena, a primeira era a vingança divina que tinha como características do Direito Penal Teocrático, o delito era uma ofensa à divindade, a cargo de sacerdotes trazia um a alma um desagravo por se ter ofendido a divindade. O segundo se trata da vingança pública, já não se tratava de entidades místicas, mas sim, ofensa ao soberano, como um rei, suas penas eram de caráter intimidativo, trazendo punições desumanas para exemplificar o poder daquele a frente do povo, tortura seguida de morte era comumente usadas. Tais penas não obtinham caráter restitutivo, não se reparava o dano, servia apenas como ferramenta de reafirmar opoder dos soberanos e de todos que tinham privilégios, nos tempos antigos quando se infringia uma lei considerava-se atentado aos próprios soberanos, e por essa razão era utilizado penas desse teor.
O mais conhecido código que trazia a pena de morte descrita em casos específicos, foi o de Hamurabi, o texto jurídico mais antigo continha artigos e foi datado, aproximadamente do ano de 2000 a.C, Hamurabi foi o fundador do Império Babilônico, e vemos alguns casos da aplicação da pena de morte:
 
Art. 3°. Se um homem, em processo, se apresenta como testemunha de acusação e não prova o que disse, se o processo importa em perda de vida, ele deverá ser morto.
Art. 6°. Se um homem roubou bens de Deus ou do palácio, deverá ser morto juntamente com aquele que recebeu o objeto roubado.
Art. 7°. Se um homem comprou ou recebeu em custódia prata ou ouro, escravo ou escrava, boi ou ovelha, asno ou qualquer outro valor da mão do filho de alguém ou do escravo de um homem, sem testemunha nem contrato, esse homem é ladrão e deverá ser morto.
Art.15°.Se um homem fez sair pela porta da cidade um escravo ou uma escrava do palácio ou de outra pessoa, ele será morto.
Art. 22°. Se um homem cometeu um assalto e foi preso, deverá ser morto.
Art.153°. Se a esposa de um homem, por causa de outro homem mandou matar seu marido, essa mulher será empalada.
Art.157°. Se um homem, depois da morte de seu pai, dormiu no seio de sua mãe, eles o queimarão.
Art.209°. Se um homem agrediu a filha de um outro homem e a fez expelir o fruto de seu seio, pesará dez siclos de prata pelo fruto de seu seio. Se essa mulher morrer: matarão a sua filha.
Art.229°. Se um pedreiro edificou uma casa para um homem, mas não a fortificou e a casa caiu e matou o seu dono, esse pedreiro será morto.
Art. 230°. Se causou a morte do filho do dono da casa, matarão o filho desse pedreiro.
Pode-se notar que o Código de Hamurabi seguia o conceito de "olho por olho, dente por dente e vida por vida", sua aplicação era seguida de maneira rígida, mas foi considerado o código menos cruel dá época, o mais justo.
Em 452 a.C tivemos A Lei das XII Tábuas, para o povo romano foi um marco de singular importância pois não havia diferença de classes, plebe e burguesia respondia de maneira igual. A lei de talião buscava a reparação do delito, mas ainda assim continha pena de morte para casos de falso testemunho, os romanos consideravam um crime grave testemunhar de maneira precipitada e mentirosa.
No Brasil também se existia pena de morte, muito antes dos Portugueses colonizarem o país, as penas corporais eram utilizados como purificação do indivíduo, haviam também penas capitais para varias infrações, podemos notar que mesmo sem um Estado, sem um contrato social haviam líderes elegidos pelo povo para ajudar no controle e na harmonia da sociedade, o uso de coerção já era presente para o controle dos povos numa sociedade que não detinha um ente superior que hoje denominamos Estado.
Após a proclamação da independência em 1822 entrou em vigor a primeira Constituição do Brasil em 1824, totalmente inspirada nos moldes do liberalismo clássico do século XVIII. A nova constituição aboliu penas como açoites, marca de ferro quente e diversas penas de teor cruel, cabe ressaltar que disposto em seu art. 179, inciso XXI, estabeleceu que “as cadeias serão seguras, limpas e bem arejadas, havendo diversas casas para separação dos réus, conforme suas circunstâncias e natureza de seus crimes”. Pela primeira vez, vimos uma preocupação com as condições do cárcere privado na tentativa de afastar do natural, as ideias de penas retributivas. 
Em 1830 o Código Criminal previa ainda a pena de morte pelos seguintes crimes: roubo com resultado em morte(hoje conhecido como latrocínio, tipificado no art. 157, §3º e previsto nos crimes hediondos segundo o art. 1º, inciso II, da lei nº 8.072 de 1990), homicídio (atual art. 121 do Código Penal) e insurreição. O Código Criminal também dispunha de processos até o cumprimento da pena do sujeito, a pena era realizada pela forca e no dia consequente ao proferimento da sentença, salvo quando se tratava do dia posterior ser um Domingo, dia santo ou festa nacional. O interessante era que o acusado deveria dispor de trajes formais pois seria obrigado a caminhar pelas ruas públicas acompanhado de um juiz criminal, escrivão e da força militar, como um sinal do poder do Estado em cumprir sua função de trazer a justiça.
Como já dito, as penas de morte no Brasil eram seguidas de um ritual para que o povo tivesse temos da situação e de sua força, uma forma de incentivar a não cometerem delitos considerados graves. Após o enforcamento os corpos dos apenados podiam ser entregues a família ou amigos para o sepultamento, mas era necessário solicitar ao juiz que presidisse a execução, porém não era autorizado enterrar o apenado com luxo, em enterro digno como chamamos comumente, caso o fizessem, o Estado aplicava uma pena de um mês a um ano de pena restritiva de liberdade. Mulheres grávidas só poderiam ser executadas após quarenta dias do parto, isso para preservar a alimentação e integridade do nascituro.
Uma curiosidade que cabe ser ressaltada é que até o meio do século XIX a pena de morte foi largamente aplicada, até que um erro judiciário levou a execução de um inocente, Motta Coqueiro em Macaé em 1855, o então imperador alterou a pena de morte para prisão perpétua, afim de impedir que inocentes fossem executados por falhas judiciais da época. 
Entre os anos de 1890 a 1937 não houve pena de morte no Brasil, se utilizam as prisões perpétuas que em tese, eram mais brandas que tirar o direito a vida de um indivíduo, em 1937 quando Getúlio Vargas foi considerado ditador pelas polêmicas medidas de protecionismo ao Estado, foi autorizado novamente o uso da pena de morte. O que afirma o alto protecionismo foi a aplicação de pena de morte para crimes políticos com traição a pátria e homicídios com requintes de tortura e crueldade, época conturbada pois as aplicações da pena por várias vezes foram de maneira errôneas aplicadas. Em 1946 a Constituição Federal voltou a proibir o uso de penas de morte, salvo em tempos de guerra, em 1964 durante a nova Ditadura Militar a pena voltou a ser aplicada, por não se tratar mais de se utilizar o ordenamento jurídico e respeitar a constituição de maneira íntegra, os militares instituíram que havia a necessidade de reaplicar a pena capital.
Em 13 de outubro de 1978 foi novamente abolida a pena de morte pela Emenda Constitucional nº 11, também foi restringida à sua incidência à legislação penal em caso de guerra externa. Na então Constituição de 1988, vigente até os dias de hoje, garante aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade ao direito a vida:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:[...]
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Sendo então, até hoje mantida tais Garantias Fundamentais, mas com a evolução do Código Penal e de todo o ordenamento jurídico em questão é perceptível algumas exceções, não é de fato uma pena de morte, mas arremete a uma violação do direito a vida através de instrumentos legais conhecidos como Excludentes de Ilicitude que exclui a culpabilidade de condutas ilegais em certas circunstâncias. Conforme o artigo 23 do Código Penal; 
”Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.”
Sendo essas excludentes, a única forma de se violar o direito a vida utilizando de instrumentos formais e não cometendo um delito em si.
CONCLUSÃO
Historicamente vimos uma evolução nos sistemaspenais e seus códigos, a realidade das eras passadas era totalmente diferente do que é hoje as questões de punição e resolução infratores era um tanto brutal, mas por que isso era assim? A princípio não podemos afirmar com absoluta certeza, mas, podemos enfatizar um fator comum que ocorre em todas as situações onde a solução para os crimes hediondos era a morte, mostrar poder, autoridade e superioridade, tanto por partes daqueles que governavam quanto para as entidades controladoras, como o Estado e seu representante. Em épocas remotas não tínhamos uma noção da importância de uma vida ou dos males psicológicos que causavam ao apenado, tudo girava em torno de uma demonstração de poder.
O livro de Victor Hugo retrata de maneira detalhada os impactos que se causa num indivíduo, o fim da esperança e da alegria acarreta instabilidade emocional que gera um mal-estar crônico onde aquele que foi julgado indigno de viver, passa a se sentir amargurado e quase sem motivação para os seus últimos dias, o livro retrata desde lembranças calorosas de uma vida livre a sonhos assustadores onde sua vida está no fim, terror psicológico é o maior do males que um ser humano pode ter, o medo constante se torna impotência e desequilíbrio. 
A vida humana hoje não pode ser mensurada em valores, ela é um atributo sagrado de acordo com a lei natural, por mais que sejam as atrocidades cometidas pelo indivíduo, cabe mudança pelo mesmo, desde que se obtenha um auxílio para isso, o Código Penal Brasileiro demonstra isso, a ressocialização do indivíduo, cabe ao mesmo trilhar o caminho que atribuímos ser o “correto” perante a sociedade.
Mas existem questões filosóficas que é de fato interessante ser citada, o que é o certo e o errado? Quem os define? 
Uma vez historicamente o certo nada mais era que se pagar com a mesma moeda, mate minha filha e eu matarei a sua, já hoje, a sociedade evoluiu ao entendimento que o certo é seguir regras morais definidas através do tempo que trazem a harmonia social, afinal, ninguém quer ter sua vida violada, sua intimidade, sua propriedade, somos o reflexo de uma evolução sistemática embasada numa moral criada para organizar o convívio social, Hobbes vendo isso nos trouxe o Contrato Social, pois percebeu que a espécie humana não poderia viver sem uma entidade que protegesse sua vida, pode até parecer que isso foge do tema central, mas a cabe a reflexão sobre a pena de morte, quem define a vida como algo inviolável? 
Acredito que Victor Hugo trouxe tais pensamentos em sua obra, de maneira implícita, a pena de morte é um ato impiedoso que destrói famílias e mata o apenado antes mesmo do cumprimento da sentença, mas também traz um construto de Estado possessivo em se mostrar competente e justo, vidas humanas julgando uma vida humana que é dita indigna de continuar.

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