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EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 2 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 SUMÁRIO 1 DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA..........................................................03 2 EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO ...............................................................07 3 PSICOMOTRICIDADE VERSUS EDUCAÇÃO FÍSICA ..............................11 3.1 A história da psicomotricidade – a escola francesa ..................................13 3.2 As estruturas e os elementos psicomotores .............................................16 3.3 Alterações psicomotoras............................................................................20 3.4 A psicomotricidade na escola ....................................................................23 3.4.1 As funções da escola ..............................................................................24 3.5 A bateria psicomotora de Vítor da Fonseca ..............................................26 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ........................................31 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 3 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 1 DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA O ser humano necessita do contato com outras pessoas, pois é através da interação social que se desenvolve a linguagem, reconhecem-se as habilidades e ampliam-se os conhecimentos. Para a criança, o contato físico, social e a comunicação são fundamentais no seu desenvolvimento e uma das maneiras mais eficazes dela estabelecer estes contatos é pelo brincar (FANTIN, 2000). Ao entrar na escola a criança traz consigo uma gama de atitudes e aprendizados que vão sendo aprimorados mediante a interação com colegas e professores. O brincar é uma de suas prioridades e as crianças encontram as mais diversas razões para essa atividade, sendo uma delas, o prazer proporcionado enquanto brincam, podendo exprimir sua agressividade, dominar sua angústia, aumentar suas experiências e estabelecer contatos sociais (FRIEDMANN, 1996; MALUF, 2003). Entretanto, como dizem Cordazzo e Vieira (2008) o brincar não visa somente a busca do prazer, ele está ligado também aos aspectos do desenvolvimento físico e da atividade simbólica. O aspecto físico abrange as habilidades motoras e sensoriais que a criança necessita desenvolver para sobreviver e adaptar-se. Uma das características da criança nos primeiros anos do ensino fundamental é a necessidade que ela tem de testar as suas habilidades, principalmente as motoras. Elas tornam-se mais fortes, ágeis e passam a ter um maior controle sobre seus corpos. As crianças têm prazer em testar os seus corpos e em aprender novas habilidades (Bomtempo, 1997). Humphreys e Smith (1984 apud Cordazzo e Vieira, 2008) afirmam que 10% das brincadeiras dos escolares consistem em brincar impetuoso, ou seja, em atividades vigorosas que envolvem lutas, golpes e perseguições. A atividade física no brincar exige da criança um relativo consumo de tempo e de energia. Apesar disso, os benefícios que estas atividades trazem superam os gastos, transformando-se assim em um investimento (Bjorklund & INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 4 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Pellegrini, 2000; Pellegrini & Smith, 1998 apud Cordazzo e Vieira, 2008). Estes benefícios nem sempre se apresentam de forma imediata, mas em longo prazo, se manifestando no decorrer do desenvolvimento do indivíduo (McHale, Crouter, & Tucker, 1999 apud Cordazzo e Vieira, 2008), como por exemplo, o brincar de carrinho, que pode treinar a criança na habilidade para dirigir um carro quando for adulto. Ainda de acordo com Pellegrini e Smith (1998 apud Cordazzo e Vieira, 2008), crianças que são privadas de brincar com atividades físicas podem apresentar problemas de saúde, como as aptidões físicas e cardiovasculares comprometidas. Estes mesmos autores hipotetizam que as atividades físicas no brincar trazem para a criança a oportunidade de treinar força e resistência, e ainda oferecem condições para a redução de peso e a termo regulação. O desenvolvimento das habilidades linguísticas, cognitivas e sociais pode ser observado pelo brincar simbólico. Logo que a criança começa a falar aparecem as brincadeiras simbólicas. Para Vygotsky (1991), através do simbolismo as crianças podem satisfazer desejos impossíveis para a realidade, tal como ser mãe, pai, bombeiro, etc. Desta forma, pelo faz-de-conta, as crianças testam e experimentam os diferentes papéis existentes na sociedade e, com isso, desenvolvem suas habilidades. Com o avançar da idade o faz-de- conta declina e começam a aparecer brincadeiras que imitam cada vez mais o real e os jogos de regras. (CORDAZZO; VIEIRA, 2008). Quando a criança ingressa no ensino fundamental, geralmente a preocupação dos familiares e professores concentra-se nos estudos e as motivações para o brincar, apresentadas pelas crianças desta idade, são desprezadas (Green, 1986 apud Bomtempo, 1997). O brincar é de fundamental importância para a criança, mesmo que ela se encontre em idade escolar (FRIEDMANN, 1996). Entretanto, constata-se que muitas vezes pode estar ocorrendo uma negação de sua relevância como um meio para a construção social do sujeito e seu desenvolvimento, passando a ser mais valorizado o estudo e a aquisição de conhecimentos escolares em si. O Ministério da Educação através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), provê que a educação brasileira, nos níveis fundamental e INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 5 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 médio, deve proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento das suas potencialidades como elemento de auto realização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania (BRASIL, 1997, p. 13). O brincar é um recurso que pode auxiliar os profissionais da educação e da saúde a desenvolverem as potencialidades e habilidades das crianças. Desta forma, a utilização do brincar nas escolas é de suma relevância, uma vez que o objetivo das escolas, como visto nos PCNs, não é apenas a transmissão de conteúdos escolares, mas também a formação e o desenvolvimento de um cidadão de forma integral. Além do brincar proporcionar-lhe prazer e as mais diversas interações e tomando novamente por base as orientações dos PCNs, observamos que novas vertentes surgiram em oposição à ala mais tecnicista, esportivista e biologicista da Educação Física, entre elas a abordagem psicomotora. Nela o envolvimento da Educação Física é com o desenvolvimento da criança, com o ato de aprender, com os processos cognitivos, afetivos e psicomotores, ou seja, buscando garantir a formação integral do aluno (BRASIL, 1997). Desse modo, a prática da Educação Física sob a influência da Psicomotricidade lança o profissional da disciplina a possuir responsabilidades pedagógicas, valorizar o processo de aprendizagem e não apenas o ato motor (BRASIL, 1997). Vários autores justificam a Educação Psicomotora como parte integrante da Educação Física, embora se oponha à Educação e Reeducação Física tradicional. Entretanto, nos PCNs para Educação Física, a área dessa disciplina deve contemplar nos dias atuais, múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento. Entre eles, se consideram fundamentais as atividades culturais de movimento com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções, e com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde. Trata-se, então, de localizar em cada uma dessas manifestações (jogo, esporte, dança, ginástica e luta) seusbenefícios fisiológicos e psicológicos e suas possibilidades de utilização como instrumentos de comunicação, INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 6 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 expressão, lazer e cultura, e formular a partir daí as propostas para a Educação Física Escolar (BRASIL, 1997). É perceptível que a noção de desenvolvimento está atrelada a um contínuo de evolução, nem sempre linear e que se dá em diversos campos da existência, tais como afetivo, cognitivo, social e motor. Para Rabelo e Passos (2008) este caminhar contínuo não é determinado apenas por processos de maturação biológicos ou genéticos. O meio (e por meio entenda-se algo muito amplo, que envolve cultura, sociedade, práticas e interações) é fator de máxima importância no desenvolvimento humano. Todos nós, seres humanos nascemos mergulhados em cultura, e é claro que esta será uma das principais influências no desenvolvimento. Pela interação social, aprendemos e nos desenvolvemos, criamos novas formas de agir no mundo, ampliando nossas ferramentas de atuação neste contexto cultural complexo que nos recebeu, durante todo o ciclo vital (RABELLO; PASSOS, 2008). Para Piaget, dentro da reflexão construtivista sobre desenvolvimento e aprendizagem, tais conceitos se inter-relacionam, sendo a aprendizagem a alavanca do desenvolvimento. A perspectiva piagetiana é considerada maturacionista, no sentido de que ela preza o desenvolvimento das funções biológicas – que é o desenvolvimento - como base para os avanços na aprendizagem. Já na chamada perspectiva sócio-interacionista, sociocultural ou sócio-histórica, abordada por Vygotsky, a relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem está atrelada ao fato de o ser humano viver em meio social, sendo este a alavanca para estes dois processos. Isso quer dizer que os processos caminham juntos, ainda que não em paralelo. Infelizmente não podemos desviar nosso caminho, embora muito se tenha a discutir sobre as teorias da aprendizagem, mas fica a dica: vale a pena aprofundar os estudos dentro das concepções de Piaget e Vigotsky. Eles nos possibilitam entender todo o desenvolvimento da criança, as fases, as etapas, enfim, como acontece todo o processo de desenvolvimento que leva a aprendizagem. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 7 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 2 EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO A Escola é sem dúvida a instituição social mais importante no que se refere à implementação de mudanças de comportamento dos indivíduos. Se essa Educação Escolar se dá de maneira diferenciada, ou seja, buscando revelar as contradições do sistema social sobre o qual o sistema escolar está implantado, provavelmente, surgirão daí sujeitos dotados de consciência crítica, além de emancipados culturalmente e intelectualmente. Porém para que ocorra esse tipo de Educação, é necessário primeiramente, que os educadores tenham como objetivo um ensino crítico superador ou transformador e de qualidade (Resende, 1994 apud Galvão, 2004), ou seja, esses objetivos devem girar em torno do desenvolvimento de um homem comprometido com a história, crítico do contexto que o cerca, que reflete e age sobre essa realidade a partir dos elementos que ela mesma fornece (Ferreira, 1984 apud Galvão, 1995). Quando falamos em educação pelo movimento podemos nos reportar a uma infinidade de situações e objetivos. Ela pode ser vista pela ótica da transformação do ser humano como um ser em unidade, numa atividade de interação consciente com o ambiente, portanto, a partir da referência social de personalidade, podemos inferir que essa Educação Física lida com a formação da personalidade do indivíduo. Podemos entender também que ela proporciona através do movimento, conhecimento em várias outras áreas como matemática, educação artística, conhecimentos do meio natural, social e cultural. Segundo Gonçalves (1994 apud Galvão, 1995), a Educação Física como práxis educativa - que leva em consideração o desenvolvimento pessoal e a questão social - possui como objetivo a formação da personalidade do aluno, através da atividade física, lidando com o corpo e o movimento integrado na totalidade do ser humano, essa (a Educação Física) atuaria nas camadas mais profundas da personalidade, onde se formam os interesses, as inclinações, as aspirações e pensamentos. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 8 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Outros aspectos importantes destacados dessa relação (Educação Física Transformadora - personalidade), seriam as oportunidades de autoconhecimento, auto avaliação, autoestima, interação social e desempenho de papéis que a Educação Física proporciona e que tem importância ímpar no desenvolvimento da personalidade. Para Thomas (1983 apud Galvão, 1995), o conhecimento dos problemas que envolve a motivação são importantes, principalmente, para o professor de Educação Física Escolar já que ele, diferente do técnico desportivo, não lida com alunos altamente motivados para a performance, e sim com alunos obrigados a participar das aulas. O professor não pode usar da premissa de que todos os seus alunos encontrem prazer e estejam interessados nas atividades oferecidas através de seu modo de transmissão didático- metodológico. A Educação Física Transformadora, que tem por objetivo a conscientização, deve estar relacionada com a motivação intrínseca, ou seja, os motivos que levam o indivíduo a realizar as atividades devem ser liberados de dentro para fora. Não existe uma prática consciente imposta por motivos extrínsecos. A conscientização surge da necessidade pessoal, interna de interferência da realidade (GALVÃO, 1995). Na opinião de Galvão (1005) não existe uma única abordagem, uma concepção ideal, que dê conta das necessidades da Educação Física, deve existir sim, a intenção, o objetivo de avançar nos caminhos para a valorização do ser humano. A Educação Física enquanto transformadora não pode ser encarada como um discurso ideológico, ela é possível, desde que o educador tenha consciência do seu papel na sociedade e reconheça que também está se transformando, se educando na medida em que educa. Os discursos não bastam na Educação Física, o pensamento crítico deve fazer parte da prática do professor em suas aulas. Quando falamos aqui em educação física transformadora, estamos nos reportando, mesmo que indiretamente à educação pelo movimento, não uma simples aula de educação física, obrigatória, mas sem objetivos reais e qualitativos. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 9 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Segundo Hildebrandt-Stramann (2001) a reflexão científica natural do movimento define movimento como o deslocamento de um corpo físico no espaço e no tempo. Movimento é visto no aspecto externo de sua execução visível e passível de descrição analítica. O aspecto interno do movimento não é considerado, justamente porque esse aspecto não poder ser pesquisado de forma empírico-analítica, mas existem modelos que analisam o movimento de maneira morfológica e biomecânica. Do ponto de vista de Meinel e Schnabel (1984 apud Hildebrandt- Stramann(, 2001), a análise morfológica tem um status pré-científico por causa da falta de objetividade das pesquisas sobre movimento. Na perspectiva biomecânica resolve-se o problema da falta de objetividade. Dentro dessa mesma perspectiva fazem-se esforços para conseguir pesquisar movimentos esportivos de forma empírico-analítica, assim como para adquirir sua descrição objetiva. Assim os cientistas seguem pesquisando, com a ajuda das teorias mecânicas da física e dos conhecimentos sobre o sistema biológico do homem, as particularidades do movimentoe questões relacionadas com a sua otimização, conforme as predeterminações do sistema esportivo. Essa visão contém algumas implicações normativas: A primeira implicação é que essa visão de movimento tem um pré- conhecimento do que é o movimento correto, encontrado nos movimentos dos esportistas de alto nível. A segunda implicação normativa é a seguinte: a ajuda para cada pessoa no processo de aprendizagem motora prende-se ao objetivo de capacitá-las a chegar bem perto daqueles modelos de movimento legitimados biomecanicamente (HILDEBRANDT-STRAMANN, 2001). Nessa segunda implicação o movimento é reduzido à sua perspectiva científico natural apreensível. A individualidade de cada um como pessoa não existe. O homem aparece na perspectiva biomecânica como corpo físico, com articulações ideais. Ele aparece como sistema biológico, cujas condições e funções são determinadas através de regras fisiológicas (Trebels, 1992, p. 339, Kunz, 1991 apud Hildebrandt-Stramann, 2001). Também o mundo de movimento se reduz ao mundo do espaço e dos aparelhos que são objetivados INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 10 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 fisicamente. Dentro desse paradigma, o sentido de movimento, conforme o significado configurado pelos homens, não é discutido. Queremos com essa teoria toda, levar um questionamento aos professores de educação física: que relevância pedagógica tem essa maneira de observação para a promoção da vida de movimento das crianças? Teoricamente pouca relevância, mas sabemos que esse paradigma tem consequências concretas para a configuração do ensino do movimento. Quem entende o movimento como um comportamento predeterminado e imposto, tem de construir situações como estímulos, que trazem seus alunos do estado de repouso para o movimento. Nessa posição, monólogos são preferidos por causa de seu possível controle. Um diálogo não é necessário, pois o professor baseado no seu conhecimento biomecânico dá aos seus alunos o movimento ideal como um objetivo. Baseado na comparação da situação atual do movimento com a situação em que deveria estar, o professor dá informações verbais definidas ou oferece uma programação de aprendizagem a seus alunos. A aprendizagem do movimento não é mais uma coisa do aluno, mas, sim, uma coisa do professor. O aluno está alheio ao seu movimento e, consequentemente, ao seu corpo. Ele é um objeto no qual deve ser implantada uma forma estranha de movimento. Enfim, por esta perspectiva, a educação pelo movimento é uma grande responsabilidade dada ao professor, principalmente se entendermos que movimento é um meio de conhecimento. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 11 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 3 PSICOMOTRICIDADE VERSUS EDUCAÇÃO FÍSICA Sempre que se fala em Psicomotricidade o primeiro pensamento que vem à mente relaciona-se à motricidade, ou seja, a capacidade que o ser humano tem de realizar movimento e, por conseguinte, o desenvolvimento do corpo. Mas, na realidade, a Psicomotricidade é uma ciência mais profunda, que está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas, sendo, deste modo, sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização (ISPE, 2007). A psicomotricidade, nos seus primórdios, compreendia o corpo nos seus aspectos neurofisiológicos, anatômicos e locomotores, coordenando-se e sincronizando-se no espaço e no tempo, para emitir e receber significados. Hoje, a psicomotricidade é o relacionar-se através da ação, como um meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente, o ser espírito, o ser natureza e o ser sociedade. Ela está associada à afetividade e à personalidade, porque o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que sente, e uma pessoa com problemas motores passa a apresentar problemas de expressão. Dentro dessa concepção, a psicomotricidade conquistou, assim, uma expressão significativa, já que se traduz em solidariedade profunda e original entre o pensamento e a atividade motora. Segundo Fonseca (1996) a psicomotricidade é atualmente concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. É um instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa. Diversos autores apresentaram conceitos relacionados à psicomotricidade. Para Pierre Vayer (1986 apud Molinari e Sens, 2003), a INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 12 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 educação psicomotora é uma ação pedagógica e psicológica que utiliza os meios da educação física com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança. Segundo Coste (1981), é a ciência encruzilhada, onde se cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista biológicos, psicológicos, psicanalíticos, sociológicos e linguísticos. Para Ajuriaguerra (1970 apud Molinari e Sens, 2003), é a ciência do pensamento através do corpo preciso, econômico e harmonioso. É a integração do indivíduo, utilizando, para isso, o movimento e levando em consideração os aspectos relacionais ou afetivos, cognitivos e motrizes. É a educação pelo movimento consciente, visando melhorar a eficiência e diminuir o gasto energético (BARRETO, 2000 apud MOLINARI E SENS, 2003). De acordo com Fonseca (1995) a psicomotricidade visa privilegiar a qualidade da relação afetiva, a mediatização, a disponibilidade tônica, a segurança gravitacional e o controle postural, a noção do corpo, sua lateralização e direcionalidade e a planificação práxica, enquanto componentes essenciais e globais da aprendizagem e do seu ato mental concomitante nela, o corpo e a motricidade. Enfim, o corpo reflete o orgânico, o emocional, o neurológico, pois sem esta totalidade, ele não existe, e para estar então disponível à aprendizagem, o corpo precisa estar preparado para se adaptar a novas situações e possuir capacidade de organização. Encerrando estas conceituações acerca do termo Psicomotricidade, ela compreende uma concepção holística de aprendizagem e de adaptação do ser humano, que tem por finalidade, associar dinamicamente, o ato ao pensamento, o gesto à palavra, o símbolo ao conceito e trabalha respeitando o potencial de cada ser, dando a ele o direito de ter um lugar na sociedade, sendo que, o ser humano passa por vários processos de desenvolvimento, tanto motor quanto cognitivo, sendo estes frequentes e permanentes (ISPE, 2007). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 13 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 3.1 A história da psicomotricidade – a escola francesa Historicamente os estudos referentes a psicomotricidade aparecem no final do século XIX , quando o discurso médico começa a nomear as zonas do córtex cerebral situada nas regiões motoras (PIOL, 2006). Esse campo do conhecimento começa a se desenvolver após a descoberta da Neurofisiologia, no final do século XIX, e é definido no início do século XX, com Dupré, quando este estuda clinicamente casos de debilidade motora, tomando corpo a partir daí com as contribuições de Henry Wallon, Edouard Guilmaim, Julian de Ajuriaguerra, que delimitam, já na década de 1960, os transtornos psicomotores (PIOL, 2006). No Brasil, a história da Psicomotricidade segue os passos da escola francesa, que naquela época, tinha em Dupré um estudioso das crianças com dificuldades escolares. Era clarae nítida a influência marcante da Escola Francesa de Psiquiatria Infantil e da Psicologia na época da 1ª Guerra Mundial em todo mundo. O Brasil foi também invadido, ainda que tardiamente, pelos primeiros ventos da Pedagogia e da Psicologia. Nos países europeus, pesquisadores se organizavam em grupos de trabalho: era preciso responder as aspirações e necessidades da sociedade industrial, que levava as mulheres ao trabalho formal, deixando as crianças em creches (ISPE, 2007a). Os franceses se conscientizavam sobre a importância do gesto e pesquisavam profundamente os temas corporais. André Thomas e Saint-Anné Dargassie, iniciavam suas pesquisas sobre tônus axial. A maturação, os reflexos tônicos arcaicos do nascimento aos primeiros anos de vida, produziram as primeiras palavras-chave da Psicomotricidade (ISPE, 2007). Na sequencia, Henri Wallon utilizou as palavras tônus e relaxamento e o Dr. Ajuriaguerra combinou às suas pesquisas, a importância do tônus falada por Wallon em seus escritos sobre o diálogo tônico. Dra. Giselle Soubiran iniciou sua prática de relaxação psicotônica e fez seguidores. Empenhada cada vez mais em mostrar ao mundo, a importância do tônus no dia-a-dia, ela apontou aos pesquisadores, caminhos a serem seguidos e estudados e deixou clara a sintomatologia tônica corporal do século. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 14 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 No Brasil, Lefévre buscou junto às obras de Ajuriaguerra e Ozeretski, influenciado por sua formação em Paris, a organização da primeira escala de avaliação neuromotora para crianças brasileiras. Dra. Helena Antipoff, assistente de Claparéde, em Genebra, no Institut Jean-Jacques Rousseau e auxiliar de Binet e Simon em Paris, da escola experimental "La Maison de Paris", trouxe ao Brasil sua experiência em deficiência mental, baseada na Pedagogia do interesse, derivada do conhecimento do sujeito sobre si mesmo, como via de conquista social (ISPE, 2007a). Sempre que se buscar referências sobre a Psicomotricidade encontrar- se-á a influência dos renomados franceses citados acima. Mais precisamente em 1977 com a fundação do Grupo de Atividades Especializadas – GAE, inicia-se a mobilização e divulgação da Psicomotricidade no Brasil. Em 1979 acontece o 1º Encontro Nacional de Psicomotricidade em São Paulo, com a presença das francesas Dra. Soubiran e Dra. Costallat, e a partir de então, passam a acontecer encontros nacionais e Latino Americanos de Psicomotricidade, mais precisamente nos anos de 1980, 1983, 1986, 1988, 1990, 1992, 1997 e 2002. No curso da história, as escolas, hospitais e consultórios têm oferecido a Psicomotricidade em seus serviços e setores de reeducação e reabilitação, além de existirem faculdades com formação universitária e alguns cursos de Pós-graduação Lato Sensu em universidades públicas e particulares e cursos de Stricto-Sensu formando mestres em Psicomotricidade (ISPE, 2007a). Sobre as finalidades da Psicomotricidade, pode-se inferir que surgiu como um meio de combater a inadaptação psicomotora, pois apresenta uma finalidade reorganizadora nos processos de aprendizagem de gestos motores. Ela se apresenta como um alicerce sensório-perceptivo-motor indispensável na contribuição do processo de educação e reeducação psicomotoras, pois atua diretamente na organização das sensações, das percepções e nas cognições, visando a sua utilização em respostas adaptativas previamente planificadas e programadas. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 15 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Sobre seu papel junto às atividades escolares, muitas das dificuldades encontradas não se apresentam em função do nível da turma a que as crianças chegaram, mas segundo Le Boulch (1983), e Meur e Staes (1984) citados por Chaves (2007) em relação aos elementos básicos ou pré-requisitos, condições mínimas necessárias para uma boa aprendizagem, que constituem a estrutura da educação psicomotora. Nesse sentido, é de suma importância a atividade lúdica, realizada através de atividades psicomotoras, no sentido de colaborar para o desenvolvimento integral da criança, e para que ela possa sedimentar bem esses pré-requisitos, fundamentais também para a sua vida escolar. Segundo Freire (1991, p.76) [...] causa mais preocupação, na escola da primeira infância, ver crianças que não sabem saltar que crianças com dificuldades para ler ou escrever, portanto, descobrir as habilidades de saltar, correr, lançar, subir, é importante para o desenvolvimento pleno do aluno, como um organismo integrado, levando-se em conta que tais habilidades são consideradas como formas de expressão de um ser humano. A escola não deve se preocupar em ensinar essas habilidades apenas para que o aluno saiba executá-las bem ou para facilitar a execução das tarefas escolares, mas sim direcionar a aprendizagem para a formação integral do aluno (CHAVES, 2007). Considerar o gesto ou a linguagem corporal como forma de expressão do ser humano é um caminho para reconhecer a importância da atividade corporal no processo ensino-aprendizagem. Antes dos homens se comunicarem através de símbolos, a expressão corporal se constituiu na primeira forma de linguagem. Coste (1981, p.46), ressalta que, o corpo é, de fato, um lugar original de significações específicas e, por ser parte integrante de nosso universo de símbolos, é produto e gerador, ao mesmo tempo, de signos. Fonseca (1996) ressalta o caráter preventivo da psicomotricidade, afirmando ser a exploração do corpo, em termos de seus potenciais uma INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 16 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 propedêutica das aprendizagens escolares. Para ele as atividades desenvolvidas na escola como a leitura, o ditado, a redação, a cópia, o cálculo, o grafismo, a música e enfim, o movimento estão ligados à evolução das possibilidades motoras e as dificuldades escolares estão portanto, diretamente relacionadas aos aspectos psicomotores. 3.2 As estruturas e os elementos psicomotores Sabe-se que o objeto da psicomotricidade é o estudo do homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como as suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Ela se relaciona também com o processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. Assim, os alicerces da Psicomotricidade são a Psicanálise, as bases Neuro-anátomo-fisiológicas, a Antropologia e a Filosofia que organizam o estudo dos fundamentos da Psicomotricidade na perspectiva de conhecimento do início e do percurso da existência e significados do ser humano, não apenas o seu desenvolvimento, mas especialmente a estruturação desse humano (ALVES, 2007). As estruturas básicas de sustentação, também são chamadas de elementos básicos da psicomotricidade. Observadas e estudadas pelos psicomotricistas podem ser divididas em fatores, sendo que cada fator psicomotor possui uma função específica e se desenvolve em um determinado período da vida da criança (FONSECA, 1995). As estruturas e/ou elementos são os seguintes: INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 17 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 1-Esquema corporal Definição: É um elemento básico indispensável para a formação da personalidade da criança. É a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo. A criança se sentirá bem na medida em que seu corpo lhe oferece algo, em que o conhece bem, em que pode utilizá-lo não somente para movimentar- se, mas também para agir. O esquema corporalé a tomada de consciência, pela criança, de possibilidades motoras e de suas possibilidades de agir e de expressar-se. Exemplo: -Domínio Corporal Uma criança corre durante o recreio e choca-se constantemente contra seus companheiros. Em pouco tempo não se sentirá à vontade; não ousará mais correr por não dominar bem seu corpo. -Conhecimento Corporal Uma criança quer passar por baixo de um banco, mas esquecendo-se de dobrar as pernas, acaba batendo as nádegas contra o banco. -Passagem para a Ação A criança não transfere líquidos de uma vasilha para outra para brincar, mas entorna um copo de limonada para beber. Uma criança que se sinta bem disposta em seu corpo e capaz de situar seus membros uns em relação aos outros e fará uma transposição de suas descobertas: progressivamente localizará os objetos, as pessoas, os acontecimentos em relação a si, depois entre eles. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 18 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 2-Lateralidade Definição: Durante o crescimento, naturalmente se define uma dominância lateral na criança: será mais forte, mais ágil do lado direito ou do lado esquerdo. A lateralidade corresponde a dados neurológicos, mas também é influenciada por certos hábitos sociais. Exemplo: Não devemos confundir lateralidade (dominância de um lado em relação ao outro, a nível de força e da precisão) e conhecimento “esquerda-direita” (domínio dos termos “esquerda” e “direita”). O conhecimento “esquerda-direita” decorre da noção de dominância lateral. É a generalização, da percepção do eixo corporal, a tudo que cerca a criança; esse conhecimento será mais facilmente apreendido quanto mais acentuada e homogênea for à lateralidade da criança. Com efeito, se a criança percebe que trabalha naturalmente “com aquela mão”, guardará sem dificuldade que “aquela mão” é à esquerda ou à direita. 3-Estruturação espacial Definição: É a orientação, a estruturação do mundo exterior referindo-se primeiro ao eu referencial, depois a outros objetos ou pessoas em posição estática ou em movimento. Exemplo: A tomada de consciência da situação de seu próprio corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter em relação às pessoas e coisas; A tomada de consciência da situação das coisas entre si; INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 19 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 A possibilidade, para o sujeito, de organizar-se perante o mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de movimentá-las. 4-Orientação espacial Definição: Quando a criança domina os diversos termos espaciais, ensina-lhe a orientar-se, ou seja, poder virar-se, ir para frente, para trás, para a direita, para a esquerda, para o alto etc.; poder ficar em fila. Exemplo: A estruturação temporal é a capacidade de situar-se em função da sucessão dos acontecimentos: antes, após, durante e da duração dos intervalos. As noções temporais são muito abstratas, muitas vezes bem difíceis de serem adquiridas por nossas crianças. 5-Orientação temporal Noções de tempo longo, de tempo curto (uma hora, um minuto); Noções de ritmo regular, de ritmo irregular (aceleração, freada); Noções de cadência rápida, de cadência lenta (diferença entre a corrida e o andar); Da renovação cíclica de certos períodos: os dias da semana, os meses, as estações; Do caráter irreversível do tempo: “já passou... não se pode mais revivê- lo”, “você tem cinco anos... vai indo para os seus seis anos... quatro anos, já passaram!”, noção de envelhecimento (plantas, pessoas). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 20 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 6-Pré-escrita Domínio do gesto, estruturação espacial e orientação temporal são os três fundamentos da escrita. Com efeito, a escrita supõe: uma direção gráfica: escrevemos horizontalmente da esquerda para a direita; as noções de em cima e embaixo, de esquerda e direita, de oblíquas e curvas e a noção de antes e depois, sem o que a criança não inicia seu gesto no lugar correto. Portanto os exercícios de pré-escrita e de grafismo são necessários para a aprendizagem das letras e dos números: sua finalidade é fazer com que a criança atinja o domínio do gesto e do instrumento, a percepção e a compreensão da imagem a reproduzir. Esses exercícios dividem-se em exercícios puramente motores e em exercícios de “grafismo”: exercícios preparatórios para a escrita na lousa e no papel. Fonte: Adaptado de Bresciani (2007) 3.3 Alterações psicomotoras Muito já foi falado até o momento sobre a psicomotricidade e que ela reflete um estado de vontade do ser humano, o que é correspondido pela execução dos movimentos. Segundo Loureiro Filho (2002) esses movimentos podem ser voluntários ou involuntários, ainda subdivididos em inatos e adquiridos, chamados de automatismos elementares. Os inatos são aqueles que nascem conosco e são representados pelos reflexos, que são respostas caracterizadas pela invariabilidade qualitativa de sua produção e execução. Estes reflexos podem ser agonistas, antagonistas ou deflexos (alternantes) que são mais hierarquizados que os reflexos puros, permitindo certo grau de variabilidade, conforme a adaptabilidade individual. Refere-se a necessidades orgânicas. Influindo nestas respostas temos os instintos, responsável pela auto conservação individual. No homem ele é misturado com o afeto produzindo tendências ou inclinações (LOUREIRO FILHO, 2002). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 21 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Os automatismos adquiridos são os reflexos condicionados, que ocorrem devido a aprendizagem e nos forma hábitos, que, quando bons, nos poupam tempo e esforço, porém se exagerados, eliminam nossa criatividade e nos deixam embotados. Os hábitos podem ser passivos (adaptação biológica ao seu ecossistema) ou ativos (comer, andar, tocar instrumentos, etc..). Os reflexos condicionados são produzidos desde as primeiras semanas de vida. Esses reflexos condicionados geralmente começam como uma atividade voluntária e depois, por já estarem aprendidos, são mecanizados (LOUREIRO FILHO, 2002). Pois bem, quando há alterações de psicomotricidade, encontra-se os quadros abaixo: Estupor (ou acinesia) é a perda da atividade espontânea englobando simultaneamente, a fala, a mímica, os gestos, a marcha etc... Vem e vai bruscamente em crises de agitação psicomotora. É o caso do estupor catatônico (nos esquizofrênicos) e o depressivo (na depressão). Agitação e Inibição Psicomotora são graus de determinado estado psicomotor. Quando há pequeno aumento ou diminuição dos movimentos são designados como inquietação e lentificação psicomotoras, respectivamente. Quando são alterações mais acentuadas, representam a agitação e inibição motora, propriamente ditos. Podem ocorrer alterações da psicomotricidade em indivíduos normais, como por exemplo, após experimentar forte tensão emocional ou preocupações que levam a vontade de andar ou levam a imobilidade. A agitação patológica pode ocorrer com caráter uniforme e estruturado como na mania, ou desordenadamente e de forma improdutiva como na catatonia esquizofrênica, epilepsia e psicoses infecciosas e tóxicas (como no delirium tremens). A inibição ocorre, por exemplo, na depressão, estupor, estados confusionais e amenciais. Um grau ainda mais elevado de agitação é o furor, que se caracteriza por uma extrema agitação necessitando intervenção imediata para impedir danos aos outros ou ao próprio paciente. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 22 WWW.INEEAD.COM.BR– (31) 3272-9521 Maneirismos ocorrem em esquizofrênicos, oligofrênicos e histéricos, e são caracterizados por gestos artificiais, ou linguagem e escrita rebuscada, com uso de preciosismo verbal, floreados estilísticos e caligráficos, etc... Ecopraxia também ocorre em esquizofrênicos, oligofrênicos e histéricos (principalmente nos primeiros), onde há imitação de um comportamento, sem propósito (gestos, atitudes etc...). Pode haver ecolalia (sons), ecomimia (mímica) e ecografia (escrita). Estereotipias são as características do catatonismo onde há repetição automática de movimentos, frases, e palavras (verbigeração), ou busca de posições e atitudes, sem nenhum propósito. As estereotipias cinéticas são confundidas com os tiques nervosos, porém esses são elementares, de fundo neurótico. É mais difícil de distingui-las dos cerimoniais compulsivos, porém estes são atos complicados que servem para aliviar a tensão nervosa da pessoa que a realiza. Alguns acham que as estereotipias cinéticas são atos que eram compreensíveis e motivados, que perderam sua causa. Negativismo é a oposição ativa ou passiva às solicitações externas. Na passiva a pessoa simplesmente deixa de fazer o que se pede sendo característico o mutismo e a sitiofobia (medo de se comprometer, de ser internado, de ser envenenado). Na ativa, a pessoa faz tudo ao contrário do que se pediu, e às vezes quando desistimos, eles o fazem sendo isso a “reação de último momento”. O negativismo verbal pode se apresentar na forma das pararespostas (ou seja, o paciente entende a pergunta do entrevistador, porém não responde algo compatível com a pergunta, e sim algo “ao lado”, ou próximo). O negativismo faz parte da série catatônica e representa ação imotivada e não deliberada. Obediência Automática que é o oposto ao negativismo, onde o paciente tem extrema sugestionabilidade e faz tudo o que é mandado. Ocorre na esquizofrenia e quadros demenciais. Catalepsia, Pseudo-Flexibilidade Cérea ocorre devido a hipertonia do tônus postural. Ocorre na histeria, esquizofrenia e parkinsonismo. A INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 23 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 flexibilidade cérea é a conservação de uma posição, ocorrendo no parkinsonismo, enquanto que nos esquizofrênicos e histéricos há pseudo-flexibilidade cérea, devido a influência de fatores psicogênicos. Extravagâncias Cinéticas, comum da conduta esquizofrênica. Pode ser descrito como a perda da gracilidade, ou seja, da naturalidade, espontaneidade, proporcionalidade dos gestos e atitudes; como a rigidez facial (o pregueamento da testa em "M" é característico da catatonia); paratimias (a mímica não está em concordância com o pensamento verbalizado); focinho catatônico (protusão permanente dos lábios); interceptações cinéticas (interrupção brusca de um gesto apenas esboçado), etc (LOUREIRO FILHO, 2002). Sobre os atos voluntários, também chamados de volitivos, relacionados e dependentes da inteligência e do afeto, eles acontecem em quatro etapas, sendo as seguintes: 1. Intenção ou propósito – inclinações e tendência que fazem com que surja interesse em determinado objeto; 2. Deliberação – onde ponderamos os motivos (razões intelectuais) e os móveis (atração ou repulsão, vindas do plano afetivo); 3. Decisão – demarca o começo da ação, inibindo os móveis e motivos vencidos; 4. Execução – há os movimentos físicos; 3.4 A psicomotricidade na escola De acordo com Le Boulch (1983, p. 24), a educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados escolares; leva a criança a tomar a consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir a coordenação de seus movimentos. Vygotsky (1998 apud Ferreira, 2007) afirma a importância do brincar como ferramenta principal para a aquisição das capacidades intelectuais do INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 24 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 indivíduo. A autora também cita Fonseca (1996), que destaca a aplicação das práticas corporais como fundamentais, a fim de se evitar problemas escolares. 3.4.1 As funções da escola A função clássica da escola é garantir o processo de transmissão, sistematização e assimilação de conhecimentos e habilidades produzidos historicamente pela humanidade, de modo a permitir que os seres humanos venham a interagir e intervir na sociedade (RESENDE E SOARES, 1997). Esses conhecimentos e habilidades quer sejam técnicos, científicos, estéticos, artísticos ou culturais, são entendidos como patrimônio sociocultural da humanidade, ou seja, de dimensões universais, quando tem uma representação que independe de lugar geográfico, político e social e, tem dimensões particulares quando representam determinadas sociedades ou comunidades. Isto quer dizer que precisam ser socializados. Pois bem, à escola cabe a função político-social de possibilitar a conservação e a renovação dos conhecimentos produzidos e acumulados, para que as novas gerações assumam a responsabilidade de continuarem a construção de uma sociedade, que no nosso caso, se identifica com valores humanistas e democráticos. Essa condição da escola leva a inferir que a mesma deve selecionar os conteúdos necessários à formação do cidadão autônomo, crítico e criativo, para que este possa participar, intervir e comprometer-se com os rumos da sociedade possível, portanto, é função da escola desenvolver a personalidade e as potencialidades dos indivíduos, pautar-se em valores nobres de justiça, de tolerância às diferenças, de pluralidade, de liberdade, de igualdade de condições e oportunidades (RESENDE E SOARES, 1997). Enfim, a escola deve instrumentalizar seus alunos para participar plenamente na vida pública, como cidadãos e nesse contexto, a educação física deve ser considerada uma prática sociocultural importante para o processo de construção da cidadania dos indivíduos. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 25 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Ela reúne um rico patrimônio cultural tanto de dimensões universais (esportes e ginásticas institucionalizadas, etc.), quanto particulares (jogos e brincadeiras populares, esportes locais, etc.). Ainda segundo Resende e Soares (1997) acrescenta-se o fato de que o ensino sistematizado da educação física, além de possibilitar o aumento do repertório de conhecimentos e habilidades, bem como a compreensão e a reflexão sobre a cultura corporal, é entendida como uma das formas de linguagem e expressão comunicativa que, como qualquer prática social, é eivada de significados, sentidos, códigos e valores, que influenciam a formação do ser humano. A prática psicomotora auxilia o indivíduo em vários aspectos como: afetividade, conhecimento, motricidade e a própria reflexão (SANTOS et al, 2007). A psicomotricidade trabalha respeitando o potencial de cada ser dando a ele o direito de ter um lugar na sociedade, lembrando sempre que o corpo e a mente têm limites que devem ser respeitados e trabalhados de acordo com as potencialidades de cada indivíduo. A criança quando tem a oportunidade de desenvolver suas habilidades psicomotoras tem uma personalidade própria e é capaz de se organizar fisicamente e mentalmente com mais facilidade, sabe diferenciar diversos conceitos como: o correto do errado; o quente do frio e outros tantos. Para Santos et al (2007) existem várias maneiras de trabalhar com o psicomotor da criança, um exemplo bem prático e fácil de ser entendido é usar um espelho onde coloca-se a criança de frente para ele e lhe mostra quando levanta um braço, mexe a cabeça, dança, rola no chão, mímicas faciais, com isso acriança vai entender que seu corpo tem habilidades exatas e outras que podem ser aprimoradas. Segundo Le Boulch (1983, p.70) progressivamente, a criança poderá comparar seu corpo sinestésico com as reações posturais e gestuais que ela vê no espelho e que ainda lhe são estranhas. Pouco a pouco, a criança chegará à convicção de que o corpo que ela sente é o mesmo daquele que observa no espelho. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 26 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 A criança com o passar do tempo e conforme for sendo trabalhada, começa a ter a noção de espaço, passando a perceber que é um ser com capacidades e habilidades que tem seu próprio lugar no mundo. A partir desse momento ela consegue entender com mais facilidade as direções como: esquerda, direita, frente, atrás, em cima, em baixo. Nesse sentido, a escola enquanto mediadora do conhecimento deve trabalhar com a psicomotricidade de forma que passe a criança tranquilidade, otimismo e segurança, pois assim a criança irá se sentir à vontade para trabalhar com o corpo e a mente de forma prazerosa e significativa. Esse trabalho não só pode como deve ser feito de forma interdisciplinar na escola e, evidentemente na sala de aula, sem fragmentar conteúdos, identificando o estudado e o vivido, sendo este último a partir das variadas experiências dos alunos. Enfim, a interdisciplinaridade ajuda na formação de um cidadão responsável, crítico e consciente de suas ações e o professor, sendo humilde, percebendo e respeitando a individualidade de cada um, poderá fazer da psicomotricidade uma grande prática que levará ao resgate pessoal de cada aluno com dificuldade. 3.5 A bateria psicomotora de Vítor da Fonseca Antes de falar propriamente da Bateria Psicomotora (BPM) de Vítor da Fonseca, vamos conhecer um pouco deste pesquisador. Graduado em Educação Física, em 1971, pela Universidade técnica de Lisboa, em 1976, Vítor da Fonseca recebeu o título de Mestre em Ciências da Educação pela Universidade de Northwestern Evanston (EUA) e em 1985, recebeu o título de doutor em Educação Especial e Reabilitação pela Universidade Técnica de Lisboa. Foi em sua tese de doutorado, intitulada como “construção de um Modelo Neuropsicológico de reabilitação Psicomotora”, que Fonseca INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 27 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 desenvolveu um instrumento de avaliação psicomotora que visava detectar as dificuldades de aprendizagens das crianças. Esse instrumento recebeu o nome de Bateria Psicomotora (BPM) que tem sido muito utilizada por vários profissionais. São sete os fatores psicomotores que compõem a BPM de Fonseca, e através destes fatores tem-se a possibilidade de desenhar um modelo psico- educacional de reabilitação psicomotora. Segundo Pereira (2005), durante 20 anos Fonseca conviveu dinamicamente com inúmeros casos clínicos em centros de observação, e isso possibilitou a ele elaborar em sua pesquisa de doutorado esse instrumento de avaliação psicomotor. O BPM é um instrumento que caracteriza o perfil psicomotor quer em crianças “normais”, quer em crianças com deficiência ou dificuldades. No entanto, não é usada para diagnosticar déficits neurológicos nem disfunções ou lesões cerebrais, pois não fornece informações neurológicas e patológicas detalhadas, mas possibilita identificar crianças com dificuldades de aprendizagem motora, classificando-as quanto ao tipo de perfil psicomotor em deficitário, dispráxico, normal, bom ou superior (FONSECA, 1995). Ainda segundo Fonseca (1995) o perfil psicomotor caracteriza as potencialidades e as dificuldades das crianças, dando suporte para identificar, diagnosticar e intervir nas dificuldades de aprendizagens, a fim de progressivamente satisfazer as necessidades mais específicas da criança. Avalia o desempenho da criança numa situação formal, ou seja, fora do contexto do dia-a-dia, sendo o reflexo das experiências vivenciadas e da especificidade biológica, genética e endógena de cada um. Mas, segundo Fonseca (1995), é possível retratar seu desenvolvimento dinâmico por meio da aplicação de várias avaliações durante um período de tempo, acompanhando assim, cada fase do desenvolvimento psicomotor da criança. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 28 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 A BPM pode ser usada por vários profissionais, entre eles, educadores, psicólogos, terapeutas e outros, aplicado em crianças na faixa etária de quatro a doze anos (FONSECA, 1995). Como já falamos, os fatores psicomotores são sete, divididos em 26 subfatores, constituindo-se de 42 tarefas (PEREIRA, 2005). De acordo com o quadro abaixo, a divisão é dos fatores e suas ramificações são as seguintes: FATORES SUBFATORES TAREFAS Tonicidade 04 06 Equilibração 03 14 Lateralização 01 04 Noção do Corpo 05 05 Estruturação Espaço-Temporal 04 04 Praxia global 06 06 Praxia fina 03 03 Cada tarefa aplicada é pontuada por uma escala de um a quatro pontos, sendo que cada ponto classifica o desempenho da criança. Dividindo o valor total obtido nos subfatores pelo número de tarefas correspondentes a cada fator, obtêm-se valores que variam de um a quatro, correspondendo, portanto, ao perfil psicomotor (PEREIRA, 2005). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 29 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 A tabela 1 apresenta a classificação do perfil psicomotor, detalhando cada um deles. ESCALA DE PONTOS DOS PERFIS PSICOMOTORES 1 Realização imperfeita, incompleta e descoordenada (fraco) Perfil apráxico 2 Realização com dificuldade de controle (satisfatório) Perfil despráxico 3 Realização adequada e controlada (bom) Perfil eupráxico 4 Realização perfeita, harmoniosa e controlada (excelente) Perfil hiperpráxico Tabela 1 – Classificação dos perfis psicomotores Fonte: FONSECA (1995, p. 107). Na sequência, somando a pontuação dos sete fatores, obtém-se uma segunda pontuação, permitindo classificar a criança quanto ao tipo de perfil psicomotor geral (PEREIRA, 2005). A tabela 2 apresenta a classificação geral das crianças quanto ao perfil psicomotor. Mas Pereira (2005) deixa claro que nunca se pode analisar isoladamente essa classificação, pois ela não permite identificar as discrepâncias que possam estar inseridas em algum dos fatores psicomotores avaliados. Pontos da BPM Tipo de perfil Déficit de aprendizagem 7 a 8 Deficitário Significativos (moderado ou severo) 9 a 13 Dispráxico Ligeiros (específico) 14 a 21 Normal - 22 a 26 Bom - 27 a 28 Superior - Tabela 2 – Classificação do perfil psicomotor geral Fonte: FONSECA (1995, p. 115) INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 30 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Pereira (2005, p.45) demonstra que foram vários os estudos realizados com objetivos distintos e que usaram a BPM de Vítor da Fonseca e cita dentre eles, estudos de Rodrigues e Carvalho (1998) que analisaram o efeito da intervenção psicomotora, realizada por meio de jogos e brincadeiras, em crianças do Jardim I, verificando que estes jogos e brincadeiras apresentaram relevância para o aprendizado e desenvolvimento infantil dessas crianças. Já Souza, Pereira, Rocha e Tudella (2002) também citados por Pereira (2005) analisaram o perfil psicomotor, pré e pós-intervenção, de uma criança de 11 anos de idade com diagnóstico de déficit de atenção, tendo sido constatadas a melhora na capacidade de concentração e atenção e a modificação do perfil dispráxico para o perfil eupráxico. Enfim, a Bateria Psicomotora de Fonseca é composta de tarefas que possibilitam identificar o grau de maturidadepsicomotora da criança bem como a detecção de sinais desviantes que possam ajudar a compreender as discrepâncias evolutivas de muitas crianças em situação de aprendizagem escolar (FONSECA, 1995). Finalizando A Educação Física escolar pode sistematizar situações de ensino e aprendizagem que garantam aos alunos o acesso a conhecimentos práticos e conceituais. Para isso é necessário mudar a ênfase na aptidão física e no rendimento padronizado que caracterizava a Educação Física, para uma concepção mais abrangente, que contemple todas as dimensões envolvidas em cada prática corporal (FERREIRA, 2007). É fundamental também que se faça uma clara distinção entre os objetivos da Educação Física escolar e os objetivos do esporte, da dança, da ginástica e da luta profissionais, pois, embora seja uma referência, o profissionalismo não pode ser a meta almejada pela escola. A Educação Física escolar deve dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos. Nesse sentido, INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 31 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 cabe assinalar que os alunos portadores de deficiências físicas não podem ser privados das aulas de Educação Física (BRASIL, 1998). É tarefa da Educação Física Escolar, portanto, garantir o acesso dos alunos às práticas da cultura corporal, contribuir para a construção de um estilo pessoal de exercê-las e oferecer instrumentos para que sejam capazes de apreciá-las criticamente (BRASIL, 1998). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 32 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Teoria e prática em Psicomotricidade: jogos, atividades lúdicas, expressão corporal e brincadeiras infantis. Rio de Janeiro: WAK, 2006. ALVES, Ricardo C. S. A Psicomotricidade. Disponível em: <http://www.psicomotricidade.com.br/apsicomotricidade.htm> Acesso em: 12 mai. 2010. BOMTEMPO, E. Brincando se aprende: Uma trajetória de produção científica. Tese de Livre-Docência não-publicada, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, SP, 1997. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. 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