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Engenharia Econômica Disciplina na modalidade a distância Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2011 Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina – Campus UnisulVirtual – Educação Superior a Distância Reitor Unisul Ailton Nazareno Soares Vice-Reitor Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Máximo Pró-Reitora Acadêmica Miriam de Fátima Bora Rosa Pró-Reitor de Administração Fabian Martins de Castro Pró-Reitor de Ensino Mauri Luiz Heerdt Campus Universitário de Tubarão Diretora Milene Pacheco Kindermann Campus Universitário da Grande Florianópolis Diretor Hércules Nunes de Araújo Campus Universitário UnisulVirtual Diretora Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Diretora Adjunta Patrícia Alberton Secretaria Executiva e Cerimonial Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Marcelo Fraiberg Machado Tenille Catarina Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendonça Assessoria de Relação com Poder Público e Forças Armadas Adenir Siqueira Viana Walter Félix Cardoso Junior Assessoria DAD - Disciplinas a Distância Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Carlos Alberto Areias Cláudia Berh V. da Silva Conceição Aparecida Kindermann Luiz Fernando Meneghel Renata Souza de A. Subtil Assessoria de Inovação e Qualidade de EAD Denia Falcão de Bittencourt (Coord) Andrea Ouriques Balbinot Carmen Maria Cipriani Pandini Iris de Sousa Barros Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Felipe Jacson de Freitas Je�erson Amorin Oliveira Phelipe Luiz Winter da Silva Priscila da Silva Rodrigo Battistotti Pimpão Tamara Bruna Ferreira da Silva Coordenação Cursos Coordenadores de UNA Diva Marília Flemming Marciel Evangelista Catâneo Roberto Iunskovski Assistente e Auxiliar de Coordenação Maria de Fátima Martins (Assistente) Fabiana Lange Patricio Tânia Regina Goularte Waltemann Ana Denise Goularte de Souza Coordenadores Graduação Adriano Sérgio da Cunha Aloísio José Rodrigues Ana Luísa Mülbert Ana Paula R. Pacheco Arthur Beck Neto Bernardino José da Silva Catia Melissa S. Rodrigues Charles Cesconetto Diva Marília Flemming Fabiano Ceretta José Carlos da Silva Junior Horácio Dutra Mello Itamar Pedro Bevilaqua Jairo Afonso Henkes Janaína Baeta Neves Jardel Mendes Vieira Joel Irineu Lohn Jorge Alexandre N. Cardoso José Carlos N. Oliveira José Gabriel da Silva José Humberto D. Toledo Joseane Borges de Miranda Luciana Manfroi Luiz G. Buchmann Figueiredo Marciel Evangelista Catâneo Maria Cristina S. Veit Maria da Graça Poyer Mauro Faccioni Filho Moacir Fogaça Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Fontanella Rogério Santos da Costa Rosa Beatriz M. Pinheiro Tatiana Lee Marques Valnei Carlos Denardin Roberto Iunskovski Rose Clér Beche Rodrigo Nunes Lunardelli Sergio Sell Coordenadores Pós-Graduação Aloisio Rodrigues Bernardino José da Silva Carmen Maria Cipriani Pandini Daniela Ernani Monteiro Will Giovani de Paula Karla Leonora Nunes Leticia Cristina Barbosa Luiz Otávio Botelho Lento Rogério Santos da Costa Roberto Iunskovski Thiago Coelho Soares Vera Regina N. Schuhmacher Gerência Administração Acadêmica Angelita Marçal Flores (Gerente) Fernanda Farias Secretaria de Ensino a Distância Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Adenir Soares Júnior Alessandro Alves da Silva Andréa Luci Mandira Cristina Mara Schau�ert Djeime Sammer Bortolotti Douglas Silveira Evilym Melo Livramento Fabiano Silva Michels Fabricio Botelho Espíndola Felipe Wronski Henrique Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Indyanara Ramos Janaina Conceição Jorge Luiz Vilhar Malaquias Juliana Broering Martins Luana Borges da Silva Luana Tarsila Hellmann Luíza Koing Zumblick Maria José Rossetti Marilene de Fátima Capeleto Patricia A. Pereira de Carvalho Paulo Lisboa Cordeiro Paulo Mauricio Silveira Bubalo Rosângela Mara Siegel Simone Torres de Oliveira Vanessa Pereira Santos Metzker Vanilda Liordina Heerdt Gestão Documental Lamuniê Souza (Coord.) Clair Maria Cardoso Daniel Lucas de Medeiros Eduardo Rodrigues Guilherme Henrique Koerich Josiane Leal Marília Locks Fernandes Gerência Administrativa e Financeira Renato André Luz (Gerente) Ana Luise Wehrle Anderson Zandré Prudêncio Daniel Contessa Lisboa Naiara Jeremias da Rocha Rafael Bourdot Back Thais Helena Bonetti Valmir Venício Inácio Gerência de Ensino, Pesquisa e Extensão Moacir Heerdt (Gerente) Aracelli Araldi Elaboração de Projeto e Reconhecimento de Curso Diane Dal Mago Vanderlei Brasil Francielle Arruda Rampelotte Extensão Maria Cristina Veit (Coord.) Pesquisa Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Mauro Faccioni Filho(Coord. Nuvem) Pós-Graduação Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Biblioteca Salete Cecília e Souza (Coord.) Paula Sanhudo da Silva Renan Felipe Cascaes Gestão Docente e Discente Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Capacitação e Assessoria ao Docente Simone Zigunovas (Capacitação) Alessandra de Oliveira (Assessoria) Adriana Silveira Alexandre Wagner da Rocha Elaine Cristiane Surian Juliana Cardoso Esmeraldino Maria Lina Moratelli Prado Fabiana Pereira Tutoria e Suporte Claudia Noemi Nascimento (Líder) Anderson da Silveira (Líder) Ednéia Araujo Alberto (Líder) Maria Eugênia F. Celeghin (Líder) Andreza Talles Cascais Daniela Cassol Peres Débora Cristina Silveira Francine Cardoso da Silva Joice de Castro Peres Karla F. Wisniewski Desengrini Maria Aparecida Teixeira Mayara de Oliveira Bastos Patrícia de Souza Amorim Schenon Souza Preto Gerência de Desenho e Desenvolvimento de Materiais Didáticos Márcia Loch (Gerente) Desenho Educacional Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD) Silvana Souza da Cruz (Coord. Pós/Ext.) Aline Cassol Daga Ana Cláudia Taú Carmelita Schulze Carolina Hoeller da Silva Boeing Eloísa Machado Seemann Flavia Lumi Matuzawa Gislaine Martins Isabel Zoldan da Veiga Rambo Jaqueline de Souza Tartari João Marcos de Souza Alves Leandro Romanó Bamberg Letícia Laurindo de Bon�m Lygia Pereira Lis Airê Fogolari Luiz Henrique Milani Queriquelli Marina Melhado Gomes da Silva Marina Cabeda Egger Moellwald Melina de La Barrera Ayres Michele Antunes Corrêa Nágila Hinckel Pâmella Rocha Flores da Silva Rafael Araújo Saldanha Roberta de Fátima Martins Roseli Aparecida Rocha Moterle Sabrina Bleicher Sabrina Paula Soares Scaranto Viviane Bastos Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Letícia Regiane Da Silva Tobal Mariella Gloria Rodrigues Avaliação da aprendizagem Geovania Japiassu Martins (Coord.) Gabriella Araújo Souza Esteves Jaqueline Cardozo Polla Thayanny Aparecida B.da Conceição Gerência de Logística Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente) Logísitca de Materiais Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Abraao do Nascimento Germano Bruna Maciel Fernando Sardão da Silva Fylippy Margino dos Santos Guilherme Lentz Marlon Eliseu Pereira Pablo Varela da Silveira Rubens Amorim Yslann David Melo Cordeiro Avaliações Presenciais Graciele M. Lindenmayr (Coord.) Ana Paula de Andrade Angelica Cristina Gollo Cristilaine Medeiros Daiana Cristina Bortolotti Delano Pinheiro Gomes Edson Martins Rosa Junior Fernando Steimbach Fernando Oliveira Santos Lisdeise Nunes Felipe Marcelo Ramos Marcio Ventura Osni Jose Seidler Junior Thais Bortolotti Gerência de Marketing Fabiano Ceretta (Gerente) Relacionamento com o Mercado Eliza Bianchini Dallanhol Locks Relacionamento com Polos Presenciais Alex Fabiano Wehrle (Coord.) Jeferson Pandolfo Karine Augusta Zanoni Marcia Luz de Oliveira Assuntos Jurídicos Bruno Lucion Roso Marketing Estratégico Rafael Bavaresco Bongiolo Portal e Comunicação Catia Melissa Silveira Rodrigues Andreia Drewes Luiz Felipe BuchmannFigueiredo Marcelo Barcelos Rafael Pessi Gerência de Produção Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente) Francini Ferreira Dias Design Visual Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier Alice Demaria Silva Anne Cristyne Pereira Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro Daiana Ferreira Cassanego Diogo Rafael da Silva Edison Rodrigo Valim Frederico Trilha Higor Ghisi Luciano Jordana Paula Schulka Marcelo Neri da Silva Nelson Rosa Oberdan Porto Leal Piantino Patrícia Fragnani de Morais Multimídia Sérgio Giron (Coord.) Dandara Lemos Reynaldo Cleber Magri Fernando Gustav Soares Lima Conferência (e-OLA) Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.) Bruno Augusto Zunino Produção Industrial Marcelo Bittencourt (Coord.) Gerência Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico Maria Isabel Aragon (Gerente) André Luiz Portes Carolina Dias Damasceno Cleide Inácio Goulart Seeman Francielle Fernandes Holdrin Milet Brandão Jenni�er Camargo Juliana Cardoso da Silva Jonatas Collaço de Souza Juliana Elen Tizian Kamilla Rosa Maurício dos Santos Augusto Maycon de Sousa Candido Monique Napoli Ribeiro Nidia de Jesus Moraes Orivaldo Carli da Silva Junior Priscilla Geovana Pagani Sabrina Mari Kawano Gonçalves Scheila Cristina Martins Taize Muller Tatiane Crestani Trentin Vanessa Trindade Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual Joseane Borges de Miranda Palhoça UnisulVirtual 2011 Design instrucional Cristina Klipp de Oliveira 1ª edição revista, atualizada e ampliada Engenharia Econômica Livro didático Edição – Livro Didático Professora Conteudista Joseane Borges de Miranda Design Instrucional Cristina Klipp de Oliveira Assistente Acadêmico Aline Cassol Daga (1ª ed. rev. atual.) Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Daniel Blass Jordana Paula Schulka (1ª ed. rev. atual.) Revisão B2B Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2011 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 658.152 M64 Miranda, Joseane Borges de Engenharia econômica : livro didático / Joseane Borges de Miranda ; design instrucional Cristina Klipp de Oliveira ; [assistente acadêmico Aline Cassol Daga]. – 1. ed., atual. e ampl. – Palhoça : UnisulVirtual, 2011. 149 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Investimentos – Análise. 2. Engenharia econômica. I. Oliveira, Cristina Klipp de. II. Daga, Aline Cassol. III. Título. Sumário Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Palavras da professora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE 1 - Introdução à Engenharia Econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 UNIDADE 2 - Métodos de análise de investimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 UNIDADE 3 - Análise de custo-benefício e ponto de equilíbrio . . . . . . . . . 55 UNIDADE 4 - Incerteza e riscos em projetos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 UNIDADE 5 - Substituição de equipamentos, Depreciação e Leasing . . . . 93 Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 Sobre a professora conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 123 Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 7 Apresentação Este livro didático corresponde à disciplina Engenharia Econômica. O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz. Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, será acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica caracterizada somente na modalidade de ensino que você optou para sua formação, pois na relação de aprendizagem professores e instituição estarão sempre conectados com você. Então, sempre que sentir necessidade entre em contato; você tem à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como: telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem, que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual. Palavras da professora Prezado(a) acadêmico(a), As organizações estão passando por várias mudanças, dado o grau de globalização da economia e o desenvolvimento das telecomunicações, assim, para serem mais competitivas, as organizações adotam algumas estratégias, dentre elas a análise econômica de investimentos, que estudaremos nesta disciplina, é de suma importância. Empresas públicas e privadas, agências do governo e investidores sempre estão se defrontando com numerosas oportunidades de investimento. A correta escolha de um projeto ou investimento, dentre uma gama de oportunidades possíveis, pode determinar o sucesso ou o fracasso da entidade, seja ela pública ou privada. O estudo da viabilidade econômica de investimentos é denominado de Engenharia Econômica. A Engenharia Econômica pode ser definida como o conjunto de princípios e técnicas necessários à tomada de decisões sobre alternativas de investimentos. Em geral, aplicam-se estas técnicas para a tomada de decisões de longo prazo. Alguns dos problemas em que poderemos aplicar os métodos tradicionais de análise de investimentos ou engenharia econômica para escolher a alternativa mais adequada são, por exemplo, comprar um veículo à vista ou a prazo; alugar ou comprar um equipamento; usar lâmpadas incandescentes ou fluorescentes para a iluminação. Estas são algumas decisões importantes para a estratégia competitiva das organizações já que são decisões que envolvem custos, ou seja, valoração monetária das opções de investimento. É claro que ao se levar em conta na análise 10 Universidade do Sul de Santa Catarina apenas o que pode ser transformado em valores monetários, deixa-se de lado aspectos imponderáveis, tais como a política econômica geral, a estratégia da empresa, a satisfação dos empregados etc., que muitas vezes podem alterar bastante a escolha entre as várias alternativas de investimento. Sinta-se convidado a estudar e adentrar neste mundo das questões financeiras, desta forma, o esperado é que no final da disciplina, você tenha em mãos várias ferramentas de análise de investimento. Bons Estudos! Joseane Borges de Miranda. Plano de estudo O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em containstrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: o livro didático; o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação); o Sistema Tutorial. Ementa Introdução à Engenharia Econômica. Métodos de análise de investimentos. Análise de equilíbrio e de sensibilidade. Análise de viabilidade. Incerteza e riscos em projetos. Depreciação. Substituição de equipamentos. Leasing. 12 Universidade do Sul de Santa Catarina Objetivos Geral Desenvolver os conceitos técnicos fundamentais e práticos relacionados à análise de investimento e tomada de decisão. Específicos: Operar com as ferramentas básicas de matemática financeira. Calcular, analisar e tomar decisão de escolha de projetos a partir de métodos de análise de investimento. Fazer análise de custo-benefício. Analisar projetos sob as condições de incerteza e risco. Calcular e analisar os métodos de depreciação de equipamentos. Compreender os conceitos de depreciação e Leasing. Carga Horária A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula, 4 créditos. Conteúdo programático/objetivos Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Unidades de estudo: 5 13 Engenharia Econômica Unidade 1 - Introdução à Engenharia Econômica Esta unidade apresentará as definições e principais terminologias que se relacionam à Engenharia Econômica e as principais ferramentas de matemática financeira. Unidade 2 - Métodos de análise de investimentos Nesta unidade, estudaremos os métodos de análise de investimentos e sua utilização nas tomadas de decisões quanto ao investimento mais viável financeiramente. Unidade 3 - Análise de custo-benefício e ponto de equilíbrio Essa unidade apresentará o levantamento dos custos e das receitas. Como avaliar o ponto de equilíbrio. Unidade 4 - Incerteza e riscos em projetos Esta unidade tem por finalidade apresentar uma metodologia para levantamento e análise das incertezas e dos riscos dos projetos de investimento. Unidade 5 - Substituição de equipamentos, depreciação e Leasing Nesta unidade, aprenderemos a analisar a viabilidade da substituição dos ativos da empresa assim como calcular a depreciação. E, também, observar que o Leasing pode ser uma alternativa para substituição dos ativos. 14 Universidade do Sul de Santa Catarina Agenda de atividades/ Cronograma Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e tutor. Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina. Atividades obrigatórias Demais atividades (registro pessoal) 1UNIDADE 1Introdução à Engenharia Econômica Objetivos de aprendizagem Compreender o conceito e aplicabilidade da Engenharia Econômica. Compreender o conceito de taxas de juros e sua aplicabilidade. Analisar o fluxo de caixa de uma série de pagamentos. Seções de estudo Seção 1 O que é Engenharia Econômica e para que serve Seção 2 Taxa de juros simples e composta Seção 3 Séries de pagamento 16 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Caro(a) aluno(a), A cada dia, nossa sociedade se torna mais complexa e competitiva exigindo dos gestores em geral maior rapidez e flexibilidade nas respostas às mudanças globais. A Engenharia Econômica facilita a resposta a tais mudanças, mas, antes de entrarmos no conteúdo típico de Engenharia Econômica, ou seja, análise de investimentos, vamos conhecer algumas ferramentas importantes de Matemática Financeira. Estas ferramentas nos ajudarão na aplicação das técnicas de escolha dos investimentos. Note que a solução de problemas típicos de análise de investimentos necessita destes conceitos. Por isso, vamos lá! Mãos à obra. Seção 1 – O que é Engenharia Eonômica e para que serve Para o bom andamento de seu estudo, é importante conhecer o conceito de Engenharia Econômica e a finalidade de estudar tal análise de investimentos. Em qualquer organização comercial, industrial ou prestadora de serviços, sempre existirá a necessidade de tomar decisões. Essas decisões apresentam o sentido de maximizar a curto, médio ou longo prazo o lucro da empresa. Claro que o objetivo de qualquer gestor é ter o máximo de lucro possível. Devemos observar, também, que nem todas as decisões de investimentos dentro de uma organização são baseadas em cálculos financeiros, poderiam ser inspiradas por sentimento, por exemplo, ou seja, poderiam se basear na simples vontade do dono da empresa ou na sua determinação e tal. Vale destacar que, aqui, estudaremos as decisões baseadas em ferramentas financeiras de tomada de decisão. 17 Engenharia Econômica Unidade 1 Desta forma, podemos afirmar que, em uma organização, sempre se está tomando decisões: quando se substituem equipamentos e materiais, quando se escolhe entre dois novos produtos pesquisados ou quando se define qual dos financiamentos apresentados é o mais econômico para a empresa. Neste momento, é pertinente apresentar, então, uma definição para Engenharia Econômica, segundo Pilão e Humell (2004, p. 79), Engenharia Econômica é: “um conjunto de técnicas que permitem a comparação, de forma científica, entre os resultados de tomadas de decisão referentes a alternativas diferentes. Nessa comparação, as diferenças que marcam as alternativas devem ser expressas, tanto quanto possível, em termos quantitativos”. De acordo com a definição apresentada, a alternativa mais econômica deve ser sempre escolhida após a verificação de que todas as variáveis que influem no problema foram estudas. Por exemplo, no campo financeiro, essas alternativas poderão ser entre a escolha de aplicar dinheiro na bolsa de valores ou em títulos do governo. Já no setor de marketing, poderia ser entre a escolha entre um ou mais canais de distribuição do produto, estudando-se, assim, os custos e a eficiência das alternativas. No campo da administração de pessoal, pode-se ter como alternativa um plano de acréscimo de salário dos colaboradores com base em uma taxa por dia trabalhado. Nas questões ambientais, pode- se calcular as alternativas que envolvem um equipamento mais poluente contra um mais eficiente energicamente ou menos poluente. — Como você pode perceber, são várias as aplicações da Engenharia Econômica. Ela serve para muitas e diferentes formas de se tomar decisão dentro de uma organização produtiva. O objetivo nesta disciplina não é esgotar todas as possibilidades de aplicação, mas permitir que você aprenda as ferramentas mais usadas nos casos típicos de Engenharia Econômica. 18 Universidade do Sul de Santa Catarina Antes de entrarmos nos modelos de Engenharia Econômica, seus princípios básicos e algumas limitações, você vai estudar alguns conceitos de matemática financeira, que se fazem necessários para melhor compreensão da análise de investimento. Seção 2 – Taxa de juros simples e compostaA Matemática Financeira estuda o valor do dinheiro em função do tempo, ou seja, R$ 100,00 hoje não têm o mesmo valor daqui a 30 dias. Isso porque, ao decorrer um mês, o dinheiro rende juros. Veremos o conceito de juros. Segundo Vieira Sobrinho (2000, p. 19): “Juro é a remuneração do capital emprestado ser entendido, de forma simplificada, como sendo o aluguel pago pelo o uso do dinheiro”. Simplificando: Juros é a remuneração do capital emprestado. E, Capital: do ponto de vista da matemática financeira é qualquer valor expresso em moeda e disponível em determinada época. O período em que uma quantia está sujeita a uma taxa de juros chama-se Período de capitalização. Ao se dispor a emprestar dinheiro, o possuidor tem que cobrar uma taxa de juros que cubra os seguintes fatores: 1. Risco: probabilidade de não pagamento; 2. Despesas: com boletos, por exemplo; 3. Inflação: queda no poder de compra; 4. Ganho (ou lucro): custo de oportunidade, o custo de oportunidade é determinado dependendo das demais oportunidades de investimentos deste capital. Por exemplo, você poderia comprar um micro computador com R$ 1.000,00 ou emprestar para sua irmã este valor e cobrar juros por isto. Então, o custo de oportunidade é deixar de comprar o computador. 19 Engenharia Econômica Unidade 1 Vamos ver os dois conceitos básicos de taxa de juros, ou seja, capitalização simples e composta. a. Taxa de juros simples É a razão entre juros recebidos ao final de certo período de tempo e o capital inicial aplicado: J P i = Em que: i = (interest), taxa de juros (%) J = valor dos juros ($) P = capital inicial ($), pode ser chamada de: P (principal); VA (valor atual); VP (valor presente). Exemplo Qual a i cobrada em um empréstimo de $ 1.000,00 a ser negociado por $ 1.400,00? Acompanhe o cálculo passo a passo: Passo 1: calcular ou juros, ou seja, o valor recebido menos o valor principal. J = 1.400 – 1.000 = 400 Passo 2: calcule a taxa de juros dividindo J por P. 400 0, 401000i = = Passo 3: multiplique o resultado por 100, as taxas de juros são sempre apresentadas em percentuais. Resposta: A taxa de juros (i) é 40% 20 Universidade do Sul de Santa Catarina A capitalização simples é aquela em que a taxa de juros incide somente sobre o valor do capital inicial (P). Neste regime de capitalização, a i varia linearmente em função do tempo (n). Cálculo dos Juros J = P × i × n Em que: P = valor presente i = taxa de juros n = período de tempo Exemplo Quais os juros de uma aplicação de R$ 84.975,59 aplicados em um CDB pós-fixado de 90 dias, a uma taxa de 1,45 % ao mês? Resolução para calcular o montante de juros, substituímos o capital inicial P = 84.975,59, multiplicando pela taxa de juros unitária, ou seja 1,45 dividido por 100 e depois multiplicamos pelo período de tempo. Note que a pergunta está em mês e o dado do problema em dias, então, transformamos 90 d. em 3 m. J = 84.975,59 × 0,0145 × 3 = 3.696,44 Forma percentual 12% a.a. (ao ano) Forma unitária 12/100 = 0,12 Para os cálculos e aplicações de fórmulas você sempre usará a fórmula unitária. Montante e valor atual O montante ou valor futuro (F) é igual à soma do capital inicial (P) mais os juros (J) referentes ao período da aplicação. F = P × (1 + i × n) ou F = P + J 21 Engenharia Econômica Unidade 1 Exemplo Calcular o montante da aplicação de um capital de $ 8.000,00, pelo prazo de 12 m. à taxa de 3% a.m. (ao mês) F = 8.000 × (1 + 0,03 × 12) = 10.880,00 O valor atual ou valor presente (P) é o valor do capital que aplicado à dada taxa e em dado prazo, nos dá um montante conhecido. A partir da fórmula de F, podemos deduzir a de P. FP (1 )i n = + × Exemplo Determinar o valor atual de um título cujo valor de resgate é de R$ 60.000,00, sabendo-se que a taxa de juros é de 5% a.m. e que faltam quatro meses para seu vencimento. 60.000P 50.000 (1 0,05 4) = = + × b. Taxa de juros Composta Os juros incidem sobre o montante, ou juros sobre juros. São também chamados de juros capitalizados. É a forma mais utilizada no Brasil e em outros países. F = P × (1 + i)n Comparação entre juros simples e compostos Para visualizar a diferença entre os juros simples e compostos, suponha que $100,00 são empregados a uma taxa de 10 % a.a. por cinco anos. Então: P = 100, i = 0,10 e n = 5. 22 Universidade do Sul de Santa Catarina A tabela 1, abaixo, mostra a diferença do valor final após 5 anos de juros sobre o capital inicial, note que sempre pagaremos mais no regime composto. Isto porque, ele cresce exponencialmente enquanto o regime simples cresce linearmente. Tabela 1.1 - Comparação entre juros simples e compostos, a partir de um mesmo valor Período F (Juros Simples) F (Juros Compostos) 1 100 + (100 * 0,10) = 110 100,00 + (100 * 0,10) = 110,00 2 110 + (100 * 0,10) = 120 110,00 + (110 * 0,10) = 121,00 3 120 + (100 * 0,10) = 130 121,00 + (121 * 0,10) = 133,10 4 130 + (100 * 0,10) = 140 133,10 + (133 * 0,10) = 146,41 5 140 + (100 * 0,10) = 150 146,41 + (146 * 0,10) = 161,05 Fonte: Elaboração da autora (2009). Exemplos Veja os seguintes exemplos de juros compostos: Exemplo 1 Determine o valor futuro de $ 1.000,00 aplicados a uma taxa de 10% a.m. por três meses: F = 1.000 × (1 + 0,1)3 = 1.331,00 Note que, agora, o tempo é exponencial, então, você vai elevar a taxa a n e não multiplicar como na taxa de juros simples. Exemplo 2 Miguel aplicou $ 200,00 a uma taxa de 15% a.m, por três meses. Quanto obteve de juros e quanto resgatou? F = 200 × (1 + 0,15)3 = 304,18 J = 304,18 – 200,00 = 104,18 Exemplo 3 A loja “Torra Torra” financia a venda de uma mercadoria no valor de $ 16.000,00, sem entrada para pagamento em uma única prestação de $ 22.753,61 no final de 8 meses. Qual a taxa mensal cobrada pela loja? 23 Engenharia Econômica Unidade 1 Nota: encontrar a taxa de juros a partir da capitalização composta é bem mais difícil do que na capitalização simples. O trabalho é facilitado para quem possui uma calculadora financeira. Mas, para o cálculo com calculadora simples, apresentamos três possíveis soluções: Solução 1 22.753,61 = 16.000 × (1 + i)8 1,4221 = (1 + i)8 ou (1 + i)8 = 1,4221 Como se trata de uma igualdade, o valor de i pode ser obtido extraindo-se a raiz oitava de ambos os membros (que é o mesmo que elevar ambos os membros ao expoente 1/8). 88 8(1 ) (1,4221)i+ = ((1 + i)8)1/8 = (1,4221)1/8 (1 + i) = (1,4221)1/8 = 1,0450 i = 1,0450 – 1 = 0,0450 ou i = 4,5% a.m. Solução 2 O valor de i também pode ser obtido através de logaritmo, definido para qualquer base: Neperiano: ln (1 + i)8 = ln 1,4221 8 ln (1 + i) = ln 1,4221 ln (1 + i) = ln1,42218 ln (1 + i) = 035213 8 = 0,04402 1 + i = antiln 0,04402 = 1,0450 i = 1,0450 – 1 = 0,045 24 Universidade do Sul de Santa Catarina Solução 3 Tentativa e erro Se i = 10% (1,10)8 = 2,14359 indica que a taxa deve ser menor. i = 5% = 1,47746 ⇒ menor i = 4% = 1,36857 ⇒ maior i = 4,55% (resolve) Exemplo 4 Em que prazo um empréstimo de $ 30.000,00 pode ser quitado em um único pagamento de $ 51.310,18, sabendo-se que a taxa contratada é de 5% a.m.? F = P×(1 + i)n ⇒ (1 + i)n = FP (1 + 0,05)n = 51.310,1830.000 = 1,71034 ln (1 + 0,05)n = ln 1,71034 n·ln (1 + 0,05) = ln 1,71034 ln1,71034 0,5367 11 ln1,05 0,0488 n = = = , ou seja, 11 meses. c. Equivalência de taxas Diz-se que a taxa mensal im é equivalente à taxa anual ia quando: P(1 + ia) = P(1 + im)12 Ou seja, quando produzem o mesmo montante no final de determinado tempo, pela aplicação de um mesmo capital inicial. (1 + ia) = (1 + im)12 ia = (1 + im)12 – 1 ⇒ Taxa anual quando se tem a mensal. 12 (1 ) 1im ia= + − ⇒ im =(1 + ia) 1 12 – 1 25 Engenharia Econômica Unidade 1 Genericamente: iq = (1 + it) q t – 1 Em que: iq = taxa para o prazo que se quer. it = taxa para o prazo que se tem. q = prazo que se quer. t = prazo que se tem. Exemplo Determinar a taxa para 183 dias, equivalente a 65% a.a. Como o que queremos é uma taxa em dias, o ano é transformado em dias. i183 = (1 + i360)183/360 – 1 i183 = (1 + 0,65)183/360 – 1 = 28,99% Para juros comerciais o ano tem 360 dias e o mês 30 dias, sempre. Vamos adotar o conceito comercial para todos os exercícios. Formulário básico Capitalização Composta Achar Valor Futuro F F F Px i n= +( )1 Achar Valor Presente P P F i n = +( )1 P Fx i n = + −( )1 Achar Taxa de Juros i i F P n = ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ − 1 1 Achar o Período n n F P i = ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ +( ) ln ln 1 n F P i = ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ +( ) log log 1 Achar os Juros J J = F – P 26 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 3 – Séries de pagamento As séries de pagamentos podem ser definidas como uma sucessão de pagamento, ou recebimento dentro de certo tempo. Até agora, tínhamos apenas um ponto de partida para o cálculo do recebimento no futuro, bastava o principal. Numa série de pagamentos, teremos várias entradas de capital, ou seja, várias prestações. Na Matemática Financeira, temos várias classificações de séries de pagamentos até com número de termos infinito. Nosso foco será nas séries finitas e uniformes. O cálculo das séries de pagamentos é muito útil em casos do tipo, você recebe uma proposta para comprar um equipamento em 72 vezes com um juro tal, através das técnicas de cálculo, você poderá verificar se a taxa de juros é efetivamente a acordada ou, caso você queira mudar o valor das prestações, como ficaria o prazo de pagamento. Antes de conhecermos as principais formas de cálculo das séries de pagamento, vamos aprender como representá-las, visto que a visualização das entradas e saídas ajudam na resolução do problema. Noções sobre fluxo de caixa Fluxo de caixa pode ser entendido como uma sucessão de recebimentos ou de pagamentos, previstos para determinado período de tempo. No exemplo, a seguir, poderemos ver de forma analítica, ou seja, uma tabela com os valores a receber e a pagar em um determinado tempo. Para facilitar, podemos colocar os recebimentos e pagamentos em um fluxo de caixa em forma gráfica. Expressão analítica Tabela 1.2 - Fluxo de caixa - Recebimentos Tabela 1.3 - Fluxo de caixa - Pagamentos Recebimentos Dia Valor $ 05 3.000 11 8.000 16 2.000 25 6.000 Pagamentos Dia Valor $ 09 6.000 14 8.000 16 3.000 28 9.000 Fonte: Elaboração da autora (2009). Fonte: Elaboração da autora (2009). 27 Engenharia Econômica Unidade 1 Representação gráfica Observe, no fluxo de caixa, que as flechas orientadas para baixo representam saídas (pagamentos) e flechas orientadas para cima representam entradas (recebimentos). 50 10 15 20 25 30 2.000 3.000 3.000 6.000 6.000 8.000 9.0008.000 A representação gráfica do fluxo de caixa é feita de acordo com cada caso, veja o exemplo a seguir. O mesmo empréstimo é representado de forma diferente, dependendo da ótica do agente envolvido. Exemplo Um banco concede um empréstimo de $ 40.000,00 a um cliente para pagamento em 6 prestações iguais de 9.000,00. Banco: Cliente: 40.000 9.000 40.000 9.000 (cada) 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 Séries de pagamentos iguais com termos vencidos (ou postecipados) Cada termo da série de pagamentos ou recebimentos iguais será representado por “A”; as demais variáveis serão representadas pelos símbolos já conhecidos: i = taxa de juros, coerente com a unidade de tempo (mês, trimestre, etc.); n = número de prestações quase sempre coincidente com o número de períodos unitários; P = principal, capital inicial, valor atual ou valor presente; F = montante ou valor futuro. 28 Universidade do Sul de Santa Catarina a. Fator de Acumulação de Capital (FAC) Baseado em Vieira Sobrinho (2000, p. 67), que utiliza uma didática diferente da convencional, em vez de fazermos uma demonstração teórica das fórmulas para em seguida aplicá-las na solução de problemas, faremos o inverso, ou seja, partiremos do desenvolvimento e da solução de casos práticos para chegarmos às fórmulas. Para tanto, vamos utilizar somente os conhecimentos de Matemática Financeira até agora desenvolvidos, além de algumas noções de matemática básica. Exemplo Comecemos com a resolução do seguinte problema. O objetivo é determinar o valor do montante, no final do 5º mês, de uma série de 5 aplicações mensais, iguais e consecutivas, no valor de $ 100,00 cada uma, a uma taxa de 4% ao mês. Sabe-se que a primeira parcela é aplicada no final do primeiro mês, ou seja, a 30 dias da data tomada como base (momento zero), e que a última, no final do 5º mês, é coincidente com o momento em que é pedido o montante. Dados: A = 100,00 i = 4% n = 5 F = ? Acompanhe a solução. Em termos de fluxo de caixa, o problema pode ser esquematizado como segue: 0 1 100 100 100 100 100 2 3 4 5 4 meses F = ? Para calcular o montante pedido, vamos utilizar somente os conhecimentos desenvolvidos até então. Desta forma, vamos calcular o montante de cada prestação no final do 5º mês, individualmente. Assim, o montante da primeira, obtido da fórmula já conhecida F = P(1 + i)n, será: F1 = 100·(1,04)4 = 116,99 29 Engenharia Econômica Unidade 1 O expoente 4 representa o número de meses a decorrer entre a data da primeira aplicação e a data fixada para o cálculo do seu montante. Essa mesma consideração é válida para todas as demais prestações. Assim, o montante da terceira parcela é obtido como segue: F3 = 100·(1,04)2 = 108,16 Como a última parcela é aplicada exatamente no dia em que se pede o valor do montante, não terá rendimento algum. F5 = 100·(1,04)0 = 100 Em resumo, os montantes de cada um das 5 aplicações são calculados como segue: F1 = 100·(1,04)4 = 116,99 F2 = 100·(1,04)3 = 112,49 F3 = 100·(1,04)2 = 108,16 F4 = 100·(1,04)1 = 104,00 F5 = 100·(1,04)0 = 100,00 Ft = = 541,63 Sabemos que Ft = F1 + F2 + F3 + F4 + F5 Substituindo F1, …, F5 pelos seus respectivos valores: Ft = 100·(1,04)4 + 100·(1,04)3 + 100·(1,04)2 + 100·(1,04)1 + 100·(1,04)0 Ft = 100·[(1,04)4 + (1,04)3 + (1,04)2 + (1,04)1 + (1,04)0] ou, Ft = 100·[(1,04)0 + (1,04)1 + (1,04)2 + (1,04)3 + (1,04)4] 1 1 PGF 1 na q a q × − = − Entretanto, o cálculo do montante desta forma é muito trabalhoso, imagine 500 prestações. 30 Universidade do Sul de Santa Catarina Sabendo-se que a1 = (1,04)0 = 1, q = 1,04 e n = 5, temos: Genérica: (1 ) 1F A * ni i + −= Voltando ao nosso exemplo: 5(1 0,04) 1F 100 541,63 0,04t + −= ⋅ = , que é o mesmo valor encontrado pelo método mais longo. Vamos fazer outro exemplo aplicando a fórmula genérica: Exemplo Quanto terá, no final de 4 anos, uma pessoa que aplicar $ 500,00 por mês, durante esse prazo, em um “Fundo de Renda Fixa”, à taxa de 3% ao mês? (1 0,03) 1+ −= ⋅ = 48 F 500 52.204,20. 0,03 Obs.: Facilitando a operação de matemática básica, primeiro some o 1 + 0,03, depois eleve a 48, diminua 1 e divida por 0,03, depois multiplique este fator por 500. b. Fator de Valor Atual (FVA) Exemplo Vejamos, agora, a resolução do seguinte exemplo: qual o valor que, financiado à taxa de 4% ao mês, pode ser pago ou amortizado em 5 prestações mensais, iguais e sucessivas de $ 100,00 cada uma? Em que (1 ) 1 ni i + − é o Fator de Acumulação de Capital, representado por FAC(i,n) ou F = A· FAC(i,n) 31 Engenharia Econômica Unidade1 Neste exemplo, o que se quer é o valor presente dessa série de 5 parcelas iguais. Vamos resolver o problema por partes, admitindo-se que cada prestação corresponda a um financiamento isolado: F 1F P(1 ) P P F (1 ) (1 ) n n ni i i = + ⇒ = ⇒ = ⋅ + + No problema, cada prestação A = $ 100,00 representa o montante (ou valor futuro) individual de um capital inicial que desconhecemos, aplicado à taxa de 4% ao mês, e por prazos que vão de 1 a 5 meses. O que queremos é determinar o capital inicial ou o valor presente dessas prestações no “momento zero”. Então: 1 1 1P 100 96,15 (1,04) = ⋅ = Resumindo, os valores presentes das 5 prestações são calculados como segue: 1 41 4 2 52 5 3 3 1 1P 100 96,15 P 100 85,48 (1,04) (1,04) 1 1P 100 92,46 P 100 82,19 (1,04) (1,04) 1P 100 88,90 (1,04) = ⋅ = = ⋅ = = ⋅ = = ⋅ = = ⋅ = Pt = 445,18 Assim, o valor financiado (ou valor presente) que pode ser pago ou amortizado em 5 prestações iguais mensais e consecutivas de $ 100,00 cada uma, dentro do conceito de série de pagamentos, com termos vencidos, é de $ 445,18. Genericamente: (1 ) 1P A (1 ) n n i i i + −= × + × 32 Universidade do Sul de Santa Catarina No nosso exemplo: ( )5 5 1 0,04 1 P 100 445,18. (1 0,04) 0,04 + − = ⋅ = + ⋅ Vamos dar outro exemplo aplicando a fórmula genérica: Exemplo Calcular o valor atual de uma série de 24 prestações iguais, mensais e consecutivas, de $ 3.500,00 cada uma, considerando uma taxa de 5% ao mês. ( )24 24 1 0,05 1 P 3.500 48.295,24. (1 0,05) 0,05 + − = ⋅ = + ⋅ Tabela 1.4 - Resumo das fórmulas estudadas Pagamentos Simples Notação Internacional Fórmula 1. Achar F dado P (F/P; i, n) (1 + i)n 2. Achar P dado F (P/F; i, n) 1 (1 + i)n Série Uniforme 1. Achar F dado A (F/A; i; n) (1 + i)n –1 i 2. Achar A dado F (A/F; i; n) i (1 + i)n – 1 3. Achar P dado A (P/A; i; n) (1 + i)n – 1 (1 + i)n . i 4. Achar A dado P (A/P; i,n) (1 + i)n . i (1 + i)n – 1 Fonte: Elaboração da autora (2011). 33 Engenharia Econômica Unidade 1 Terminologias usadas na matemática financeira e nas calculadoras financeiras, exemplo HP 12c: P ou PV = Present Value, Valor Presente, Valor Atual, Capital Inicial, Valor de aquisição ou ainda Valor à vista. F ou FV = Future Value, Valor futuro, Valor Nominal, Valor de um título, Valor do capital inicial mais juros. A ou PMT = Periodic Payment, Pagamento, Valor da prestação ou Depósito periódico, Valor de uma mensalidade, Valor das parcelas. n = Número de períodos (exemplo sempre o número de períodos a que se refere a taxa de juros). i = Interest, taxa de juros (para as fórmulas, utiliza-se a taxa unitária). a.a. = ao ano. a.s. = ao semestre. a.t = ao trimestre. a.b = ao bimestre. a.m. = ao mês. a.d. = ao dia. Síntese Nesta unidade, fizemos uma rápida viagem pelos principais métodos de matemática financeira. Você aprendeu a calcular taxas de juros compostos, esta é uma ferramenta fundamental para a Engenharia Econômica e para a tomada de decisões sobre troca de equipamentos dentro de uma empresa. Além das taxas de juros, você aprendeu a calcular as séries de pagamentos, tanto o montante (futuro) quanto o principal. 34 Universidade do Sul de Santa Catarina Atividades de autoavaliação Ao final de cada unidade, você realizará atividades de autoavaliação. O gabarito está disponível no final do livro didático. Mas esforce-se para resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará promovendo (estimulando) a sua aprendizagem. 1. Um capital de $ 25.000,00 aplicado durante 7 meses, rende juros de $ 7.875,00. Determinar a taxa correspondente pelo método dos juros simples. 2. Determinar o montante, no final de 10 meses, resultante da aplicação de um capital de $ 100.000,00 à taxa de 3,75% ao mês. 3. Sabendo-se que a taxa trimestral de juros cobrada por uma instituição financeira é de 12,486%, determinar qual o prazo em que um empréstimo de $ 20.000,00 será resgatado por $ 36.018,23. 4. Determinar a taxa anual equivalente a 2% ao mês. 5. Parte do valor de um veículo é financiado por uma Cia. de crédito, para ser paga em 20 prestações iguais de $ 15.000,00 cada uma. Sabendo- se que essa financeira cobra do mutuário uma taxa de 4% ao mês, calcular o valor financiado, isto é, o valor entregue ao cliente na data do contrato. 6. Qual o montante, no final de 8 meses, referente a uma aplicação de $ 1.000,00 por mês, à taxa de 3% ao mês. 7. Uma TV foi paga em n prestações de $190,00, com taxa de juros de 2% a.m., ao final deste tempo seu montante foi de $6.952,00. Em quanto tempo a TV foi paga? 8. Parte do valor de um veículo foi financiada por uma Cia de crédito, para ser pago em 15 prestações mensais iguais de $ 7.000,00 cada uma. Sabendo-se que essa financeira cobra do mutuário uma taxa de 16% ao ano, calcular o valor financiado, isto é, o valor entregue ao cliente na data do contrato. 35 Engenharia Econômica Unidade 1 9. Calcular o valor futuro de uma aplicação financeira de $ 15.000,00, admitindo-se uma taxa de juros de 2,5% a.m. pelo tempo de 17 meses. 10. Durante quanto tempo uma aplicação de $ 26.564,85 resultou em um montante de $ 45.562,45 com uma taxa de 0,98% a.m.? 11. Qual o valor de um financiamento que deverá ser pago em seis parcelas mensais de $ 1.500,00, vencendo a primeira parcela 30 dias após a liberação dos recursos, a taxa de juros é 3,5% a.m.? Saiba mais Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade ao consultar as seguintes referências: CASTELO BRANCO, A. C. Matemática financeira aplicada: método algébrico, HP-12c, Microsoft Excel®. São Paulo: Pioneira Thomson Leaning, 2002. LAPPONI, J. C. Excel & Cálculos Financeiros. São Paulo: Lapponi Treinamento Editora, 1999. PILÃO, N. E; HUMMEL, P. Matemática Financeira e Engenharia Econômica: a teoria e a prática da análise de projetos de investimentos. São Paulo: Thomson, 2004. SAMANEZ, C. P. Matemática financeira: aplicações à análise de investimentos. São Paulo: Prentice Hall, 2002. VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática Financeira. São Paulo: Atlas, 2000. 2UNIDADE 2Métodos de análise de investimentos Objetivos de aprendizagem Aprender os principais métodos de escolha de um projeto. Compreender a importância dos métodos na tomada de decisão. Compreender a importância do custo de oportunidades dos projetos. Seções de estudo Seção 1 Os princípios fundamentais da engenharia econômica Seção 2 O método do período de pay-back Seção 3 O método do valor presente (VPL) Seção 4 O método da taxa interna de retorno (TIR) 38 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Você acompanhou, na unidade anterior, os principais conceitos de Matemática Financeira, principalmente, devemos destacar os juros compostos e as séries de pagamento. Agora, você irá estudar quatro dos principais métodos utilizados na Engenharia Econômica para a escolha de projetos. Então, comece, agora, seu estudo para saber como esses métodos são calculados. Seção 1 – Os princípios fundamentais da Engenharia Econômica Antes de você estudar os métodos de análise de investimento, se faz necessário destacar alguns princípios básicos da Engenharia Econômica. Princípios estes que limitam e caracterizam as possibilidades de emprego dos métodos. Além dos princípios fundamentais, vamos destacar o conceito e a importância do custo de oportunidade para as empresas. A Engenharia Econômica como um conjunto de técnicas que nos permite avaliar diferentes alternativas de investimentos de forma quantitativa, não pode ser usada de qualquer forma. Por tanto, vamos listar alguns princípios fundamentais para o emprego destastécnicas. Segundo Hummell e Taschner (2000), alguns aspectos não devem ser levados em consideração quando vamos montar um modelo de tomada de decisão em Engenharia Econômica. São eles: 1. Não existe decisão a ser tomada considerando-se alternativa única Isto significa que, para tomar qualquer decisão, devem ser analisadas todas as alternativas e devem ser no mínimo duas, porque se fosse apenas uma, a decisão já estaria tomada. 39 Engenharia Econômica Unidade 2 Como exemplo, podemos utilizar o caso de um produto que já está há algum tempo no mercado, se ele apresentar sinais de baixa demanda, podemos como opção: Continuar com o produto atual no mercado, sem novas inversões de capital; Remodelar o produto atual, mudando embalagem, por exemplo; Lançar um novo produto, desde sua concepção, para substituir o atual. 2. Só se podem comparar alternativas homogêneas para se poder comparar o seu resultado Isto significa que se as alternativas forem diferentes não podemos compará-las, por exemplo: o que é melhor comprar um carro Flex por $ 40.000,00 ou um carro a gasolina por $25.000,00? Não é possível tal comparação se não conseguimos a homogeneidade de dados de comparação, por exemplo, se os dois carros têm a mesma capacidade de carga, a mesma qualidade de acabamento, o mesmo ano de fabricação, dentre outros. E esta alternativa heterogênea é evidenciada também pelo fato que a diferença de valores das duas alternativas, no caso, $15.000,00 pode ser aplicada no sistema financeiro, por exemplo. 3. Apenas as diferenças de alternativas são relevantes Isto significa que se as alternativas não forem diferentes, não podemos compará-las, por exemplo, numa análise para decidir sobre o tipo de ar-condicionado a comprar não é relevante saber o consumo de energia dos mesmos se ele for igual para ambos. 4. Sempre serão considerados os juros sobre o capital As alternativas econômicas devem reconhecer o valor no tempo do dinheiro, isso porque, sempre existem alternativas/ oportunidades de se aplicar o dinheiro no sistema financeiro. 40 Universidade do Sul de Santa Catarina 5. Apenas o presente e o futuro são relevantes Em economia, o passado geralmente não é considerado (sunk costs). Vamos pegar nosso exemplo do carro Flex do item dois. Imagine que você sempre foi muito cuidadoso com ele e gastou no último ano R$ 5.000,00. Este custo é passado não é porque você gastou os R$ 5.000,00 que o mercado vai valorizá-lo por isso. Desta forma, seu carro será avaliado pelo valor de mercado independente do custo de oficina dele. A questão da Taxa de mínima atratividade (TMA) Como você acabou de ver, o dinheiro no tempo deve ser considerado para escolha dentre as alternativas de investimentos, desta forma, como estudamos na Matemática Financeira, a ferramenta que desloca o dinheiro no tempo é a taxa de juros. E para a tomada de decisão nas três técnicas, que veremos nas próximas seções, temos que considerar a taxa de juros denominada TMA. A taxa de mínima atratividade (TMA) é a taxa a partir da qual o investidor considera que está obtendo ganhos financeiros. Para uma empresa, a TMA seria equivalente ao seu custo de capital, que é a taxa de retorno mínima sobre seus investimentos de maneira que ela pudesse continuar com o mesmo nível de atividades indefinidamente. Para uma pessoa comum, a TMA seria, provavelmente, a rentabilidade proporcionada pela caderneta de poupança. Pois, caso esta pessoa guardasse suas economias embaixo do colchão, ela estaria perdendo a oportunidade de auferir o retorno da poupança. Já para o dono de uma empresa, a TMA seria o custo de oportunidade de deixar de investir em sua empresa, ou seja, se guardar o dinheiro embaixo do colchão deixará de auferir os lucros que a empresa proporcionaria. Quando se fala de empresas, a TMA é denominada de custo de capital e que está associado ao risco inerente ao ramo de atividade de cada empresa. 41 Engenharia Econômica Unidade 2 Por tanto, em função de onde aplicarmos nosso dinheiro, se não colocássemos no negócio analisado, sempre vai se ter um custo, que pode ser baseado na TMA, ou seja, a TMA é nosso custo de oportunidade. Seção 2 – O método do período de Pay-back Um dos métodos mais simples de análise de investimento. O pay-back nada mais é do que calcular o número de períodos ou quanto tempo o investidor irá precisar para recuperar o investimento realizado. Muito embora o período pay-back quebre as regras fundamentais da Matemática Financeira e da Engenharia Econômica, vamos começar com esta técnica mais simples para chegar ao pay-back descontado que leva em conta a taxa de juros dos períodos. Ele quebra porque não leva em consideração os juros devidos durante o tempo que o projeto decorre. Segundo Casarotto Filho e Kopittke (2000), antes de aplicarmos qualquer técnica de análise de investimento, devo fazer a seguinte pergunta: qual é o objetivo da empresa que pretende investir? Antes o objetivo das empresas se pautava no lucro imediato. Modernamente, com o advento do planejamento estratégico, as empresas passaram a adotar a filosofia e políticas de longo prazo. Troca-se o lucro imediato pelos máximos ganhos em determinado horizonte de análise. Esta nova filosofia separa a contabilidade de custos da contabilidade financeira. Vamos desenvolver os métodos de cálculo do pay-back e do pay- back descontado a partir de um exemplo. Imagine que sua empresa pretende resolver algum problema de poluição gerado por efluentes tóxicos. Para resolver o problema, foram apresentados três projetos. A tabela, a seguir, sumariza os fluxos de caixa dos três projetos de investimentos durante quatro anos. Você deverá fazer sua escolha de acordo com os métodos a serem discutidos. Suponha que a TMA da empresa seja de 8%. 42 Universidade do Sul de Santa Catarina Tabela 2.1 - Fluxo de Caixa (FC) dos projetos Ano A B C 0 –3.000 –3.000 –3.000 1 300 300 600 2 2.700 600 1.900 3 300 900 1.500 4 –100 3.750 800 Fonte: Elaboração da autora (2009). Quando o valor se torna positivo e/ou zera, como no caso acima, você para de calcular porque neste momento o projeto se paga. Então como conclusão podemos dizer que o projeto A se paga em exatamente 2 anos, na maioria dos casos é bem difícil chegar ao número exato tempo como veremos na demonstração de cálculo dos projetos B e C a seguir. a. Período de pay-back Para se calcular o período de pay-back de um projeto, basta somar os valores dos fluxos de caixa auferidos, período a período, até que essa soma se iguale ao valor do investimento inicial. O período correspondente à ultima parcela da soma será o período de pay- back procurado. O período de pay-back é o método mais simples de se analisar a viabilidade de um projeto ou investimento. Ele é definido como o número de períodos (anos, meses, semanas, etc.) para se recuperar o investimento inicial. Use o método do período de pay-back para avaliar os projetos da tabela 2.1. Resolvendo o projeto A: Tabela 2.2 - Período de pay-back - Projeto A Ano A FC acumulado Nota explicativa 0 –3.000 –3.000 Repete o investimento inicial que é negativo (flecha para baixo no Fluxo de Caixa (F.C.) 1 300 –2.700 É o investimento inicial menos os 300 que entraram no ano 1. 2 2.700 0 É o saldo anterior menos os 2.700 do ano 2. Neste caso, o projeto se paga no segundo ano. 3 300 4 –100 Fonte: Elaboração da autora (2009). 43 Engenharia Econômica Unidade 2 Resolvendo os projetos B e C Tabela 2.3 - Período de pay-back - Projeto B e C Ano B FC acumulado C FC acumulado 0 –3.000 –3.000 –3.000 –3.000 1 300 –2.700 600 –2.400 2 600 –2.100 1.900 –.500 3 900 –1.200 1.500 1.000 4 3.750 2.550 800 Fonte: Elaboração da autora (2009). Para achar a fração de tempoentre esses dois períodos, ou seja, entre o último período que o projeto ainda resultava em valores negativos (ver FC acumulado) e o primeiro período que o projeto apresenta valor positivo, podemos fazer uma regra de três como segue: Projeto B: A primeira conclusão que podíamos tirar por estes resultados é que o projeto se paga entre 3 e 4 anos, mas vamos ver como calcular o quanto é este entre. Interpolação Linear Interpolando: 2 550 1 200 1 200 2 550 1 200 . . . . . = ⇒ +( ) = +b a a b a Obs: para os cálculos desconsiderar o sinal 44 Universidade do Sul de Santa Catarina O resultado é 1 200 2 550 1 200 3 12 . . . , +( ) = Como a + b é igual ao período de 1 ano, temos: 3 12 1 1 3 12 0 32, , ,= ⇒ = = anosano a a Então somamos esta fração de ano com o último ano (período que apresentou valores negativos) no saldo, ou seja, para o projeto B 3 anos, o que resultaria em 3,32. Isto significa que o investimento será recuperado em 3,32 anos, ou seja, aproximadamente 3 anos e quatro meses. Comparando os três projetos: Projeto A. 2 anos de período de pay-back Projeto B. 3,32 anos de período de pay-back Projeto C. 2,32 anos de período de pay-back O melhor projeto segundo o período de pay-back é o projeto A, pois se paga em menos tempo. Note que este é um método bastante simples, já que não considera o custo de oportunidade do dinheiro ao longo do tempo. O pay-back descontado é uma técnica mais apropriada de análise de investimentos. b. Período de pay-back descontado Este método é muito parecido com o anterior com o adicional de se usar uma taxa de desconto antes de se proceder à soma dos fluxos de caixa, ou seja, vamos atualizar cada parcela de entrada do fluxo de caixa antes de diminuir do investimento inicial, atualizar, significa descontar a taxa de juros. Use o pay-back descontado para analisar os projetos da tabela 2.1. Use como taxa de desconto a TMA da empresa de 8%. 45 Engenharia Econômica Unidade 2 Resolvendo o projeto A Tabela 2.4 - Período de pay-back descontado - Projeto A - Resolução Ano FC Atualizando As parcelas Nota explicativa 0 –3.000 –3.000,00 O investimento inicial é feito no ponto zero, por isso, não é atualizado 1 300 277,78 Para atualizar a primeira entrada de 300, calculamos: 1 300 277,78, (1 0,08) = + é a parcela dividida pela taxa de juros, no caso a TMA, elevado pelo número de anos que a parcela representa. 2 2.700 2.314,82 2 2.700 2314,82 (1 0,08) = + 3 300 238,15 3 300 238,15 (1 0,08) = + 4 –100 –73,50 4 100 73,50 (1 0,08) − = − + Fonte: Elaboração da autora (2009). Agora que já atualizamos as parcelas do projeto, vamos diminuir do fluxo de caixa: Tabela 2.5 - Período de pay-back descontado - Projeto A Ano FC Atualizando As parcelas FC atualizado 0 –3.000 –3.000,00 –3.000,00 1 300 277,78 –2.722,22 2 2.700 2.314,82 –407,40 3 300 238,15 –169,25 4 –100 –73,50 –242,75 Fonte: Elaboração da autora (2009). Você nunca vai receber o dinheiro de volta deste projeto, porque, mesmo depois de quatro anos, o fluxo não se tornou positivo. 46 Universidade do Sul de Santa Catarina Resolvendo o projeto B Tabela 2.6 - Período de pay-back descontado - Projeto B Ano FC Atualizando As parcelas FC atualizado 0 –3.000 –3.000,00 –3.000,00 1 300 277,78 –2.722,22 2 600 514,40 –2.207,82 3 900 714,45 –1.493,37 4 3.750 2.756,36 1.262,99 Fonte: Elaboração da autora (2009). O investimento será recuperado em 3,54 anos, ou seja, aproximadamente 3 anos e meio. Resolvendo o projeto C Tabela 2.7 - Período de pay-back descontado - Projeto C Ano FC Atualizando As parcelas FC atualizado 0 –3.000 –3.000,00 –3.000,00 1 600 555,56 –2.444,44 2 1.900 1.628,94 –815,50 3 1.500 1.190,75 375,25 4 800 588,02 Fonte: Elaboração da autora (2009). O pay-back descontado do projeto C está entre 2 e 3 anos. O investimento será recuperado em 2,68 anos. Comparando os três projetos: Projeto A. Não se recupera em 4 anos. Projeto B. 3,54 anos de período de pay-back Projeto C. 2,68 anos de período de pay-back O melhor projeto segundo o pay-back descontado é o projeto C, pois se paga em menos tempo. 47 Engenharia Econômica Unidade 2 Entre estes dois métodos, o mais recomendado seria o pay-back descontado, porque este leva em consideração o desconto do custo de oportunidade ao longo do tempo. Na próxima seção, vamos ver mais uma técnica importante para nos auxiliar na tomada de decisão. Nem sempre os métodos convergirão para o mesmo projeto. Seção 3 – O método do valor presente (VPL) O método do valor presente é uma das técnicas mais usadas na análise de investimentos. O VPL consiste em atualizar o fluxo de caixa e comparar este valor atualizado com o investimento inicial (FC0). O método do valor presente (VPL) consiste em trazer para a data zero, usando como taxa de desconto a TMA da empresa ou projeto, todos os fluxos de caixa do investimento e somá-los ao valor do investimento inicial. Ou, ainda, é uma técnica usada para análise de projetos. É obtido calculando-se o valor presente de uma série de fluxos de caixa (pagamento ou recebimento) com base em uma taxa de custo de oportunidade conhecida e subtraindo-se o investimento inicial. Matematicamente, pode ser dado pela equação abaixo: 1 2 0 1 2 FCFC FC VPL FC (1 ) (1 ) (1 ) n ni i i = − + + + + + + + … Vamos calcular o VPL dos projetos da tabela 1. A 1 2 3 4 300 2.700 300 100VPL 3.000 (1 0,08) (1 0,08) (1 0,08) (1 0,08) = − + + + − + + + + 48 Universidade do Sul de Santa Catarina VPLA = –3.000 + 277,78 + 2.314,82 + 238,15 – 73,50 = –242,75 B 1 2 3 4 300 600 900 3.750VPL 3.000 (1 0,08) (1 0,08) (1 0,08) (1 0,08) = − + + + + + + + + VPLB = –3.000 + 277,78 + 514,40 + 714,45 + 2.756,36 = 1.262,99 C 1 2 3 4 600 1.900 1.500 800VPL 3.000 (1 0,08) (1 0,08) (1 0,08) (1 0,08) = − + + + + + + + + VPLC = –3.000 + 555,56 + 1.628,94 + 1.190,75 + 588,02 = 963,27 Comparando os três projetos: Projeto A. VPL = –242,75, o projeto não deve ser aceito. Projeto B. VPL = 1.262,99, o projeto deve ser aceito. Projeto C. VPL = 963,27, o projeto deve ser aceito. Entre os três projetos, o melhor é o B, porque apresenta o maior VPL. Vamos ver os critérios de escolha segundo o método do VPL: Critério de decisão do VPL: Aceita-se projetos com VPL ≥ 0; Para uma carteira de projetos escolhe-se aquele com o maior VPL. Ou, se o VPL > 0, o projeto deve ser aceito, se < 0 deve ser recusado e se = 0 é indiferente, o projeto não resulta ganho ou prejuízo. Vamos ver mais um exemplo: 49 Engenharia Econômica Unidade 2 Exemplo Um projeto de investimento inicial de R$ 120.000,00 gera entradas de caixa de R$ 25.000,00 os próximos 5 anos; em cada ano será necessário um gasto de R$ 5.000,00 para manutenção, considerando um custo de oportunidade de 10% ao ano. Pede-se: Determinar o VPL desta operação. Resolução: Passo 1: vamos montar o fluxo de caixa. Tabela 2.8 - Método do Valor Presente (VPL) - Fluxo de caixa Ano FC Entradas Saídas Saldo FC (total) 0 –120.000,00 — — — –120.000,00 1 25.000,00 5.000,00 20.000,00 20.000,00 2 25.000,00 5.000,00 20.000,00 20.000,00 3 25.000,00 5.000,00 20.000,00 20.000,00 4 25.000,00 5.000,00 20.000,00 20.000,00 5 25.000,00 5.000,00 20.000,00 20.000,00 Fonte: Elaboração da autora (2009). Antes de calcularmos o VPL temos que fazer o saldo entre as entradas e saídas do projeto. Neste caso, como todas as entradas são iguais, podemos simplificar o cálculo do VPL: Passo 2: calcular o VPL. VPL = – FC0 + FC(P/A; i%,n) (P/A; i%,n) significa uma P/A com taxa de juros i, por um período n. No nosso exemplo temos (P/A, 10%,5). Relembrando a fórmula da P/A que vimos na Unidade 1: (1 ) 1P A (1 ) n n i i i + −= × + × 50 Universidade do Sul de Santa Catarina Então, temos: 5 5 (1 0,10) 1VPL 120.000 20.000 (1 0,10) 0,10 + −= − + + × VPL = –120.000 + 20.000(3,79) VPL = –120.000 + 75.800 = –44.200,00, ou seja, o projeto deve ser recusado. A técnica do VPL nos permite o deslocamento do dinheiro no tempo, no caso para a data zero (0), para efeito de comparação. É interessante os projetos com VPL positivo, isso porque representará a quantidade de dinheiro que teremos ganho, em dinheiro de hoje, além das expectativas representadas pela TMA da empresa. Seção 4 –O método da taxa interna de retorno (TIR) Encontrar a TIR de um investimento é encontrar o percentual de remuneração que o investimento oferece. Quando calculamos a TIR de determinado investimento e/ou financiamento, estaremos extraindo dele o percentual de ganho que ele oferece ao investidor, já que todas as entradas e saídas de caixa serão deslocadas para a data 0, de tal forma que não sobre ou falte dinheiro, logo, esta será a remuneração efetiva daquele negócio analisado. TIR é a taxa de desconto que zera o valor presente líquido dos fluxos de caixa de um projeto, ou seja, faz com que todas as entradas igualem todas as saídas de caixa do empreendimento. 51 Engenharia Econômica Unidade 2 Matematicamente, esta taxa (TIR) pode ser encontrada resolvendo-se a seguinte equação: 1 2 0 1 2 FCFC 0 FC (1 TIR) (1 TIR) (1 TIR) n n FC = − + + + + + + + … Vamos calcular a TIR dos projetos da tabela1. Projeto A: 1 2 3 4 300 2.700 300 1000 3.000 3,39% (1 TIR) (1 TIR) (1 TIR) (1 TIR) = − + + + − = + + + + Projeto B: 1 2 3 4 300 600 900 3.7500 3.000 19,95% (1 TIR) (1 TIR) (1 TIR) (1 )TIR = − + + + + = + + + + Projeto C: 1 2 3 4 600 1.900 1.500 8000 3.000 21,23% (1 TIR) (1 TIR) (1 TIR) (1 )TIR = − + + + + = + + + + Comparando os três projetos: Projeto A. TIR = 3,39%. Projeto B. TIR = 19,95%. Projeto C. TIR = 21,23%. Entre os três projetos o melhor é o C, porque apresenta a maior TIR. 52 Universidade do Sul de Santa Catarina O cálculo da TIR deve ser feito através de uma calculadora financeira ou um software com planilhas de cálculo financeiro. Com uma calculadora científica a única forma de se chegar aos resultados é por tentativa e erro. Ver, por exemplo, Vieira Sobrinho, (2000, p. 172). Critério de decisão da TIR para projetos independentes e sem restrição orçamentária: Escolhe-se os projetos que tenham a TIR ≥ TMA (custo de oportunidade). Para uma carteira de projetos, deve-se escolher aquele com maior TIR, desde que ela seja maior que a TMA da empresa. Síntese Você estudou, nesta unidade, quatro importantes técnicas de análise de investimento. O pay-back e o pay-back descontado que caracterizam o projeto analisado em termos de tempo de recuperação do investimento inicial. O VPL que atualiza o fluxo de caixa, o que nos permite comparar com o investimento inicial e tomar a decisão sobre a escolha ou viabilidade do projeto. E, por fim, a TIR que nos dá o resultado em termos percentuais de retorno de cada projeto analisado. Todos estes métodos são de suma importância para a escolha de um projeto de investimento dentro de uma organização produtiva. Além dos métodos citados, você estudou, também, o conceito de TMA, ou seja, a taxa que reflete o custo de oportunidade de investimento da empresa. 53 Engenharia Econômica Unidade 2 Atividades de autoavaliação Ao final de cada unidade, você realizará atividades de autoavaliação. O gabarito está disponível no final do livro didático. Mas, esforce-se para resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará promovendo (estimulando) a sua aprendizagem. 1. Abaixo, encontra-se os fluxos de caixa de dois projetos que uma empresa poderá escolher, usando a técnica de pay-back descontado, qual projeto você escolheria? Justifique. A TMA é 12% a.a. Tabela 2.9 - Pay-back descontado - Fluxos de caixa de dois projetos Ano A B 0 –48.000 –18.000 1 20.000 8.000 2 10.000 6.000 3 10.000 6.000 4 15.000 4.000 5 15.000 4.000 Fonte: Elaboração da autora (2009). 2. A partir dos projetos da questão 1, faça escolha utilizando a técnica do VPL. Justifique. 3. Calculando a TIR para os projetos e A e B, apresentados na questão 1, temos os seguintes resultados TIR(A) = 14,60% e TIR(B) = 19,54%, qual dos dois projetos seria escolhido por esta técnica? Por quê? 4. Um projeto de investimento inicial de $ 70.000,00 gera entradas de caixa de $ 25.000,00 durante os próximos 5 anos. Porém teremos gastos anuais de manutenção de $ 5.000,00. Se a TMA é de 8% a.a., qual o valor presente líquido dessa operação? 54 Universidade do Sul de Santa Catarina Saiba mais Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade ao consultar as seguintes referências: CASAROTTO FILHO; N. KOPITTKE, B. H. Análise de investimentos. São Paulo: Atlas, 2000. HUMMEL, P.; TASCHNER, M. Análise e decisão sobre investimentos e financiamentos: Engenharia Econômica - teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2004. PILÃO, N. E.; HUMMEL, P. Matemática financeira e engenharia Econômica: a teoria e a prática da análise de projetos de investimentos. São Paulo: Thomson, 2004. SAMANEZ, C. P. Matemática financeira: aplicações à análise de investimentos. São Paulo: Prentice Hall, 2002. SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Decisões Financeiras e Análise de investimentos. São Paulo: Atlas, 2001. VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática Financeira. São Paulo: Atlas, 2000. 3UNIDADE 3Análise de custo-benefício e ponto de equilíbrio Objetivos de aprendizagem Desenvolver uma análise de custo comparando com os benefícios do projeto. Classificar custos e receitas de um projeto de investimento. Compreender o cálculo e a aplicabilidade do ponto de equilíbrio de um projeto. Seções de estudo Seção 1 Custos Seção 2 Receitas Seção 3 Análise de custo-benefício Seção 4 Ponto de equilíbrio 56 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Além dos quatro métodos de análise de um projeto de investimento, estudados na unidade anterior, você precisa de mais alguns conceitos relacionados a uma unidade produtiva, ou seja, uma empresa, para completar a sua análise de investimento. Dentre estes, estão os custos e as receitas, dois fatores importantíssimos que determinarão o lucro do projeto. Além de você estudar os conceitos das variáveis custo e receitas, você estudará, também, mais um método de seleção de um projeto levando-se em consideração os custos e os benefícios de cada projeto. Nesta unidade, você vai estudar alguns exemplos relacionados a projetos que envolvem questões ambientais. Seção 1 – Custos Na literatura acadêmica, principalmente para os cursos de administração, economia e ciências contábeis, temos classificação de custos de forma um pouco distinta. Antes de você estudar os custos para a Engenharia Econômica, objeto desta unidade, vamos ver alguns conceitos gerais de custos e de custos ambientais. Segundo De Moura (2003), os custos decorrentes de variáveis ambientais dentro de uma unidade produtiva podem ser classificados em dois tipos: custo de controle e custos de falta de controle. Os Custos de Controle são: Custos de prevenção: são custos das atividades que visam prevenir (evitar) os problemas ambientais no processo industrial, no projeto, no desenvolvimento, bem como nas demais fases do ciclo de vida do produto. Custos de avaliação: são os custos despendidos para manter os níveis de qualidade ambiental da empresa, por meio de trabalhos de laboratóriose avaliações formais do sistema de gestão ambiental ou sistema gerencial que 57 Engenharia Econômica Unidade 3 se ocupe de garantir um bom desempenho ambiental da empresa. Engloba custos com inspeções, testes, auditorias da qualidade ambiental e despesas similares. Os Custos de falta de controle são: Custos de falhas internas: é o primeiro dos custos decorrentes das falhas (ou falta) de controle. Estes custos resultam de ações internas na empresa, tais como correções de problemas ambientais e recuperação de áreas degradadas, desperdícios de material, de energia, de água e outros recursos naturais, além de tempo sem atividade de máquinas, como resultado de problemas ambientais causados (interdições) e re-trabalhos em processos causados por não conformidades ambientais. Em resumo, referem-se a todos os custos incorridos pelo não atendimento às normas, a padrões, procedimentos operacionais explícitos de gestão ambiental e correções de não conformidades. Custos de falhas externas: compreendem os custos de qualidade ambiental insatisfatória e não conformidades fora dos limites da empresa, resultantes de uma gestão ambiental não adequada. Engloba os custos decorrentes de queixas ambientais de consumidores levando à existência de despesas de correção, recuperação de áreas externas degradadas ou contaminadas pela atividade da empresa, pagamento de multas aplicadas por órgãos ambientais de controle. Ou indenizações decorrentes de ações legais resultantes de disposição inadequada de resíduos, acidentes de transportes de produtos tóxicos, inflamáveis, corrosivos, prejuízos decorrentes de suspensões de vendas e fabricação de produtos, demolições de obras determinadas por autoridade competente, campanhas publicitárias visando explicar acidentes e problemas, demandas trabalhistas decorrentes de acidentes ambientais, etc. Custos intangíveis: são aqueles com alto grau de dificuldade para serem quantificados, embora se perceba claramente a sua existência. Como, por exemplo, tem-se a perda de valor da empresa (ou das ações) como resultado de desempenho ambiental insatisfatório, 58 Universidade do Sul de Santa Catarina baixa produtividade dos empregados como resultado de um ambiente poluído, contaminado ou inseguro, dificuldades e aumento de tempo (e custos) na obtenção do licenciamento ambiental como resultado de multas e problemas anteriormente constatados. Vamos ver, então, o conceito de custo: Custo é a soma de recursos (mão-de-obra, material, equipamentos, etc.) usados para produzir bens e serviços. Uma medida do que deve ser cedido para obter algo (mediante a compra, intercâmbio ou produção). Medidas correntes de custos incluem: custo per capita da população; custo por paciente; custo por serviço prestado; custo por resultado. Custo é também o total de dinheiro requerido para alcançar algo. Segundo Casarotto Filho e Kopittke (2000), os custos de investimentos são decorrentes das transações dos ativos da empresa e os custos operacionais são decorrentes da operação dos ativos. Você vai estudar, agora, a classificação de cada um dos custos considerados na análise de um projeto de investimento. Custos de Investimento O investimento pode ser classificado de duas formas: investimento fixo e investimento de giro. O investimento fixo representa os equipamentos, as instalações industriais para operação dos equipamentos (energia, ar condicionado, dentre outras), a montagem e o projeto quando houver, as construções civis necessárias e outros como móveis. O investimento de giro é o capital próprio adicional necessário para a operação do equipamento ou da nova fábrica, sendo constituído, principalmente, pelo estoque de matérias-primas e componentes, e os recursos necessários para sustentar as vendas a prazo. 59 Engenharia Econômica Unidade 3 Custos operacionais Os custos operacionais, normalmente, são subdivididos em custos de produção e despesas gerais. Os custos de produção são aqueles que ocorrem até a fabricação do produto. Por exemplo, tem-se o custo das matérias-primas ou o custo de manutenção. As despesas gerais ocorrem do término da fabricação até a complementação da venda e, como exemplo, há as despesas com vendas e impostos sobre receitas. Custos de produção Os custos de produção, por sua vez, são subdivididos em custos diretos e indiretos. Os custos diretos referem-se aos fatores diretamente utilizados na fabricação dos produtos e variam, normalmente, de forma direta com a utilização da capacidade de produção. Os custos diretos são relacionados com a provisão dos aspectos diretos da atenção, incluindo material e mão-de-obra. Os principais custos diretos são os seguintes: Matérias-primas: materiais incorporados ao produto final, por exemplo, na fabricação de uma cadeira, uma das matérias-primas pode ser o couro para revesti-la. Embalagens. Materiais auxiliares: necessários à fabricação, mas não incorporados, tais como graxas, lubrificantes ou solventes. Fretes: gastos com o transporte dos itens anteriores. Mão-de-obra direta: o colaborador que lida com o produto ou opera equipamentos de fabricação, incluindo os encargos sociais tais como previdência social. Consumo de energia elétrica e/ou outro tipo de energia como gás natural, por exemplo. Consumo de água se for o caso, quando a água faz parte de alguma maneira do processo produtivo. 60 Universidade do Sul de Santa Catarina Já os custos indiretos são os custos que não são apenas atribuíveis a um aspecto da produção, mas que estão distribuídos em muitos deles (por exemplo, a enfermaria, o escritório, o prédio, salários de supervisores, serviços de secretaria, etc.). A seguir, acompanhe exemplos de custos indiretos: Mão-de-obra indireta: salários e encargos sociais do pessoal de unidades de apoio à produção, tais como manutenção, limpeza, administração da produção dentre outros. Perceba que são pessoas importantes no processo final de produção da empresa, mas não trabalham diretamente na fabricação do produto. Manutenção: peças de reposição e outros materiais. Seguros: de prédios, instalações e equipamentos. Demanda de energia elétrica: todo o restante da energia que não é utilizado na produção em si. Arrendamento: aluguel de prédios ou equipamentos industriais, caso necessário. Despesas gerais As despesas gerais são classificadas em variáveis e fixas, e incidem após o produto ter sido fabricado. Despesas gerais variáveis: Impostos: normalmente, são os impostos estaduais (imposto referente à circulação de mercadorias, a serviços e transportes – ICMS) incidentes sobre as receitas. Os impostos federais (IPI – imposto sobre produtos industrializados) também incidem sobre as receitas. Despesas com vendas: comissão aos vendedores. Despesas financeiras: despesas com desconto de duplicatas em bancos comerciais (apenas de curto prazo). 61 Engenharia Econômica Unidade 3 Despesas gerais fixas: Despesas administrativas: salários de diretores, gerentes e pessoal de escritório e encargos, mais as despesas de escritório como telefone, cópias, internet. Despesas municipais: impostos territorial, predial e taxas diversas. Além da classificação dos custos que você estudou, temos ainda uma classificação econômica muito importante, ou seja, a divisão dos custos em fixos e variáveis. Na economia a curto prazo, alguns fatores são fixos, qualquer que seja o nível de produção. Normalmente, consideramos como fator fixo a planta da empresa e os equipamentos de capital. Custo Fixo (CF): parcela do custo que se mantém fixa, quando a produção varia, ou seja, são os gastos com fatores fixos de produção, como aluguéis, depreciação, etc. Não
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