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TRANSTORNOS RELACIONADOS AO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS DROGAS · Também chamadas substâncias Psicoativas · Desencadeiam mudanças de humor, percepção, cognição e comportamento. · Mediada por alterações na síntese e secreção de neurotransmissores (proporcionam o funcionamento cerebral). · Quando promovem relação disfuncional entre seu usuário e seu modo de consumo são consideradas drogas de abuso; para que haja abuso = relação disfuncional. Dependência Química · Desordem caracterizada por manifestações fisiológicas e psicológicas. · Alterações físicas e psíquicas · Incluem a tolerância (ex.: remédio para dormir → dorme bem com a primeira dose e depois tem dificuldade, não tem mais o efeito esperado e necessita de doses maiores) e a abstinência. Tolerância · Necessidade de quantidades crescentes da substância para o usuário atingir o efeito desejado. · A dose usual apresenta redução do seu efeito mediante o uso continuado. Síndrome de abstinência · Conjunto de sintomas, de agrupamentos e gravidades variáveis. · Ocorre em redução ou interrupção do uso repetido e prolongado ou de altas doses de uma substância de abuso. CRAVING (Fissura) · Compulsão ao consumo. · Necessidade intensa e súbita de consumir a droga. · Desejo persistente e incapacidade de controlar seu uso. DSM-V (2013) Principais substâncias de uso: 1. Álcool; 2. Cafeína; 3. Cannabis; (maconha) 4. Fenciclidina; (substância alucinógena) 5. Outros alucinógenos; 6. Inalantes; 7. Opióides, 8. Sedativos/ hipnóticos/ ansiolíticos 9. Estimulantes (anfetaminas, cocaína, outros estimulantes); 10. Tabaco e outras substâncias DSM-V (2013) Transtornos: CATEGORIAS 1. Transtorno por uso de substância; 2. Intoxicação pela substância; (uso abusivo da substâncias) 3. Abstinência pela substância; (interrupção) 4. Outros transtornos induzidos pela substância; 5. Transtorno relacionado com substância não especificado. DSM V (2013) Deve-se preencher, dos critérios ao longo de um ano: a. Dois ou três critérios – Transtorno leve. b. Quatro ou cinco critérios – Transtorno moderado. c. Seis ou mais critérios – Transtorno grave. DSM V (2013) CRITÉRIOS GERAIS: 1. Uso em quantidades maiores ou por mais tempo que o planejado; 2. Desejo persistente ou incapacidade de controlar o desejo; 3. Gasto importante de tempo em atividades para obter a substância; 4. Fissura importante; (o corpo pede) 5. Deixar de desempenhar as atividades sociais, ocupacionais ou familiares, em virtude do uso; (deixa de visitar a família, falta trabalho, briga com a família) 6. Continuar o uso apesar de apresentar problemas sociais ou interpessoais; 7. Restrição do repertório de vida em função de uso; (nada mais importa, a não ser beber) 8. Manutenção do uso apesar de prejuízos físicos; 9. Uso em situações de exposição a risco; 10. Tolerância: redução do efeito com uso continuado ou necessidade de quantidades maiores para obter o efeito desejado; 11. Abstinência: sintomas de propriamente ou uso da substância para evitar os sintomas. DSM V (2013) Cabe estabelecer ainda três especificações para algumas substâncias: ESPECIFICADORES · Em remissão inicial (mínimo de três meses de abstinência) ou em remissão sustentada (mínimo de doze meses de abstinência; melhor prognóstico). · Em ambiente protegido (menos possibilidade de entrar em contato com uma droga) ou não. · Com (pior prognóstico) ou sem perturbação da percepção (sensopercepção) CID10 (1992) Ainda faz distinção entre uso nocivo e dependência, para esta alteração, deve-se preencher três ou mais critérios no último ano: 1. Desejo forte ou compulsão para consumir a substância; 2. Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância em termos de início, término ou quantidades de consumo; 3. Sintomas de abstinência característica para a substância ou o uso da mesma substância (ou de uma estreitamente relacionada) com a intenção de aliviar ou evitar os sintomas de abstinência; 4. Evidência de tolerância, de modo que doses crescentes da substância psicoativa são necessárias para alcançar efeito originalmente produzidos por doses mais baixas; 5. Abandono progressivo de prazeres alternativos em favor do uso da substância psicoativa (estreitamento do repertório); 6. Persistência no uso da substância a despeito de evidência clara de consequências manifestamente nocivas à saúde. Fatores que interferem no consumo de substâncias psicotrópicas Individuais · Outros Transtornos mentais. · Alterações comportamentais. · Padrão de relacionamento interpessoal. · Dificuldades acadêmicas não cuidadas. · Atitudes favoráveis ao uso. · Susceptibilidade biológica (genética). Sociais · Relacionais. · Familiares. · Falhas de comunicação por ausência de sinceridade, ética e modelos positivos. · Escolares. · Social. Epidemiologia II LENAD (UNIFESP) - 4.607 indivíduos acima de 14 anos de todas as regiões do país (2012). Álcool: · Uso em 50% dos indivíduos maiores de 18 anos. · 68% são homens e 32% são mulheres. · 53% dos indivíduos bebem mais de uma vez por semana. · 37% experimentaram pela primeira vez aos 18 anos. · 22% experimentaram pela primeira vez antes dos 15 anos. · Prevalência da dependência de álcool foi de 10,48% para homens e 3,63% para mulheres. Tabaco: · Percentual de usuários - 16,9% (2012), 20,8% (2008) da população adulta. · Média de idade foi de 16,5 anos para o consumo do primeiro cigarro. · Média de consumo de cigarros por dia foi de 14 cigarros. Maconha: · Substância ilícita mais prevalente no brasil e no mundo. · Uso ao longo da vida relatado por 5,8% da população adulta e por 4,3% dos adolescentes. Cocaína: · Uso ao longo da vida relatado por 3,8% da população adulta, sendo 1,7% nos últimos doze meses. · Uso de crack foi de 1,3% ao longo da vida, sendo 0,8% no último ano. Outras: · Tranquilizantes – 9,6% em adultos (hipnóticos, sedativos) · Estimulantes – 1,1% (metilfenidato) · Metilfenidato – 0,3%. · Solventes – 0,5%. · Ecstasy – 0,2%. · Morfina – 0,6%. · Esteróides – 0,3%. · Alucinógenos – 0,5%. DOPAMINA · Neurotransmissor diretamente envolvido com o sistema de gratificação. · Tal sistema está envolvido com estímulos percebidos como positivos, como alimentação, atividade sexual, estada em locais prazerosos, vivências gratificantes. · Importante sistema de autopreservação. · Grande parte das substâncias psicotrópicas agem sobre o sistema de gratificação. · As drogas que promovem aumento na síntese e liberação da dopamina desencadeiam um efeito prazeroso e aumentam a motivação para a repetição do uso (efeito de reforço positivo). · Apesar de sua importância, o ácido gamaaminobutírico (GABA), serotonina, noradrenalina, glutamato (neurotransmissor excitatório) e opioides endógenos também são importantes mediadores para os efeitos das substâncias psicoativas. Córtex pré-frontal; núcleo accumbens; área tegmentar ventral: Relacionado com o abuso de substâncias/ principais áreas do sistema de recompensa cerebral. TRATAMENTO Aspectos gerais · Acolhimento respeitoso e empático do paciente; · Investigação ampla dos problemas que enfrenta; (convivências, situação financeira, apoio familiar e amizades) · Auxílio dos familiares; (sofrem pela ação direta e consequências das perdas acumuladas...) · Exame físico minucioso; · Avaliar estágio motivacional do paciente para o tratamento (define o prognóstico; geralmente o paciente que se internou voluntariamente tem mais chance de não fazer uso da substância depois); · Foco inicial na desintoxicação e, posteriormente, controle da abstinência. Tratamento farmacológico ALCOOLISMO (intoxicação aguda): · Tiamina 300 mg IM (profilaxia da S. de Wernicke: neuroencefalopatia que provoca alterações motoras); Vitamina do complexo B. · Soro fisiológico e Glicose hipertônica EV só devem ser usados em caso de desidratação ou hipoglicemia, respectivamente; · Evitar ao máximo uso de benzodiazepínicos, prometazina e antipsicóticos de baixa potência, como a clorpromazina (diminuem o limiar de convulsão e sedantes); · Em caso de agitação psicomotora, administrar antipsicótico de alta potência como haloperidol5 mg IM ou olanzapina 10 mg se disponível (antipsicótico de alta potência: reduz agitação e não seda: pequenas mg); · Piridoxina (metadoxil), acelera a remoção do álcool, podendo ser usado como alternativa por curto período de tempo (500 mg a 2 g/ dia) ALCOOLISMO (Síndrome de abstinência alcoólica): · Casos mais graves (Delirium tremens) requerem internamento; · Casos mais leves requerem acompanhamento ambulatorial e reposição vitamínica, hidratação e benzodiazepínicos (Diazepam ou lorazepam) – reduzir ansiedade e fissura; ALCOOLISMO (dependência): · Dissulfiram: Inativa a enzima acetaldeído desidrogenase (efeito antabuse: experiência do uso não agradável, uso da bebida não agradável, algo não prazeroso) na dose de 250 a 500 mg / dia; · Naltrexone: Antagonista de receptores opioides – diminuição do prazer pelo uso. – 25 a 50 mg / dia (até 3 meses). Contra indicada em hepatopatias, uso de heroína e metadona. · Topiramato: Provavelmente atua sobre o sistema de recompensa cerebral. Dose inicial de 25 mg, podendo chegar a 400 mg. Para as fissuras do alcoolismo. Tabaco: · Bupropiona: Antidepressivo de ação dopaminérgica e noradrenérgica, diminuindo a vontade e o prazer pela nicotina, com doses entre 150 a 300 mg, até 12 semanas; · Vareniclina: Agonista parcial dos receptores nicotínicos, reduz a fissura e abstinência, usa-se doses entre 0,5 e 2,0 mg / dia até 12 semanas. Reduz a fissura e dependência. · Adesivos de nicotina: Terapia de reposição de nicotina (TRN) – uso de patches diários de 14 ou 21 gramas, também até 12 semanas. Braço, nádega. · Nortriptilina: Opção eficaz quando as citadas acima não estão disponíveis. Antidepressivo tricícilico em dose de 25 a 100 mg/dia. Reduz a fissura e dependência. · Podem ser usadas de forma isolada ou associada. Maconha: · Benzodiazepínicos: Nos sintomas ansiosos mais persistentes; · Antipsicóticos: Nas psicoses induzidas pela maconha (nos quadros mais graves); · Alguns estudos sugerem efeito na redução da fissura com o uso da N-acetil-cisteína (nac), originalmente utilizada para asma. Cocaína / crack (intoxicação aguda e síndrome de abstinência): · Benzodiazepínicos: Nos sintomas ansiosos mais persistentes; · Antipsicóticos: Nas psicoses induzidas pela maconha; Cocaína (dependência): · Dissulfiram: Inibidor da enzima beta-hidrolase (responsável pela conversão da dopamina em noradrenalina) e da carboxilesterase (metabolização da cocaína); · Naltrexona: Diminui a fissura pela cocaína (antagonismo opioide); · Topiramato: Efeito anticraving; · Modafinila: Estimulante similar às anfetaminas; · Ondansetrona: Antagonista serotonérgico e inibidor da dopamina; · Vacina anticocaína: Anticorpos que sequestram a cocaína.
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