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Direito-Tributário- IMUNIDADES

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DIREITO TRIBUTÁRIO – 2º BIMESTRE 
 
Data: 07/05/2018 
 
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
 
1. Noção geral 
Regras de delimitação constitucional do poder de tributar, com forte carga 
axiológica (protege valores constitucionais). As imunidades, por natureza, se encontram 
todas na Constituição. Na grande maioria das vezes, por detrás da imunidade há um valor 
muito importante para ao estado democrático de direito. Por exemplo, a imunidade dos 
templos de qualquer culto protege a liberdade religiosa, a imunidade dos livros protege a 
educação e a liberdade de expressão, dentre diversos outros exemplos. 
 
2. Definições 
a. Leandro Paulsen: “as regras constitucionais que proíbem a tributação de 
determinadas pessoas, operações, objetos ou de outras demonstrações de 
riquezas, negando, portanto, competência tributária, são chamadas 
imunidades tributárias”. 
b. Souto Maior Borges: “a regra de imunidade insere-se no plano das regras 
negativas de competência. O setor social abrangido pela imunidade está 
fora do âmbito da tributação. Previamente excluído, como vimos, não 
poderá ser objeto de exploração pelos entes públicos”. 
c. Luciano Amaro: “qualidade da situação que não pode ser atingida pelo 
tributo, em razão de norma constitucional que, à vista de alguma 
especificidade pessoal ou material dessa situação, deixou-a fora do campo 
sobre que é autorizada a instituição do tributo”. 
 
3. Terminologia 
Alguns autores trabalham com a ideia de que a Constituição estabeleceu 
competências tributárias para que os entes instituam leis com as regras matrizes de 
incidência tributária. E nesta linha, as imunidades seriam normas negativas de 
competência tributária (incompetências tributárias). A Constituição, quando entrega a 
competência para os entes, ela já traz uma delimitação e proíbe a tributação de 
determinadas coisas ou pessoas. 
Ademais, a terminologia da imunidade é bastante complexa e confusa, porque a 
Constituição não traz a palavra imunidade, e sim outras palavras, como isenção, não 
incidência, gratuidade etc., conforme se vê nos dois exemplos abaixo que, apesar da 
terminologia, são imunidades. Nesta linha, estando na Constituição, não importa a 
nomenclatura, será imunidade. 
 
a. Art. 195, §7º, CF: “São isentas de contribuição para a seguridade social 
as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências 
estabelecidas em lei”. 
 
b. Art. 184, §5º, CF: “São isentas de impostos federais, estaduais e 
municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para 
fins de reforma agrária. 
 
4. Imunidades X espécies tributárias 
Este é um tema polêmico, porque as imunidades mais importantes são aplicadas 
apenas aos impostos. Existem algumas imunidades de outros tributos, como taxas e 
contribuições, mas em sua maioria são relativas aos impostos. Mas não se deve, então, 
dizer que apenas os impostos possuem imunidades. Ainda, cabe dizer que empréstimos 
compulsórios e contribuições de melhoria não são abarcados, em nenhuma hipótese, pelas 
imunidades. 
 
5. Outras características 
a. Cláusulas pétreas (em regra): as imunidades protegem valores 
fundamentais do estado democrático de direito. Excepcionalmente, outras 
imunidades podem ser construídas por meio de Emenda Constitucional, 
que não protegem valores fundamentais, sendo que não teriam o valor de 
cláusula pétrea. 
b. São taxativas: conforme já visto, as imunidades estão previstas apenas na 
Constituição. Estando fora dela, não se caracterizam como imunidades. 
c. Não dispensam as obrigações assessórias (art. 194, p. ú, CTN): quando 
uma pessoa é imune a determinado tributo, que seria a obrigação principal, 
não a exime de cumprir eventuais obrigações acessórias. 
d. Regulamentação: quando necessária a regulamentação, esta deve se dar 
por meio de Lei Complementar (art. 146, II, CF) em relação aos critérios 
materiais. Mas pode ser por lei ordinária em relação aos requisitos formais. 
 
6. Imunidade X não incidência 
a. Não incidência: ausência de subsunção do fato imponível ao conceito 
descrito na hipótese de incidência, ou seja, o acontecimento fático não 
corresponde com fidelidade à descrição legal originária, faltando 
elementos para a tipicidade. Um exemplo é o valor de dano moral não ser 
tributável pelo Imposto de Renda, visto que não entra no conceito de renda. 
 
7. Imunidade X isenção 
Imunidade Isenção 
Plano constitucional Plano legal 
Plano da definição da competência Plano do exercício da competência 
Interpretação ampla (direito fundamental) 
Interpretação restrita (judiciário não pode 
ser legislador positivo) 
 
8. Classificação das imunidades 
a. Objetivas e subjetivas: as imunidades objetivas se projetam sobre coisas 
(exemplo, o livro – imunidade sobre livros e não sobre o editor). Já as 
imunidades subjetivas se projetam sobre a pessoa (por exemplo, 
imunidade dos templos de qualquer culto, que não incide sobre o local, 
mas sim sobre a instituição religiosa). 
b. Condicionadas e incondicionadas: as imunidades condicionadas exigem 
condições (como as imunidades às entidades beneficentes de assistência 
social) e as incondicionadas não precisam cumprir adequações legais. 
c. Específicas e genéricas (impostos): as imunidades genéricas são as que 
estão presentes no art. 150, e se aplicam a todos os impostos; já as 
imunidades específicas, que se aplicam a determinado imposto específico. 
 
9. Estudo do art. 150, CF – imunidade dos impostos 
a. Inciso VI: trata das imunidades gerais, que se aplicam a todos os impostos. 
Serão vistas, uma a uma, a partir de agora. 
 
9.1. Imunidade recíproca/intergovernamental (art. 150, VI, “a”, CF) 
a. Dispositivo constitucional: “Art. 150. Sem prejuízo de outras 
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir 
impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. 
 
b. Teleologia: trata dos valores constitucionais que são tutelados pela 
imunidade. Consideram-se, aqui, os valores da isonomia dos entes, a 
autonomia federativa e a preservação da estrutura federativa. 
 
c. Posição do STF: entende-se que a imunidade se estende a todo e 
qualquer imposto, através de uma interpretação ampliativa do STF, 
apesar da dicção da própria alínea (que limita apenas a patrimônio 
renda ou serviços). 
 
d. Art. 150, §2º: “A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às 
autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, 
no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a 
suas finalidades essenciais, ou às delas decorrentes”. 
Um exemplo onde não se aplica a imunidade, por meio do 
não cumprimento das finalidades essenciais, é se uma autarquia 
possui um terreno baldio, sem uso. Nesse caso, poderá ser cobrado o 
IPTU. 
 
e. Art. 150, §3º: “As vedações do inciso VI, “a”, e do parágrafo 
anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, 
relacionados com exploração de atividades econômicas regidas 
pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que 
haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo 
usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de 
pagar imposto relativamente ao bem imóvel”. 
 
 
Data: 09/05/2018 
 
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS (AULA 2) 
 
9.2. Imunidade religiosa (art. 150, VI, “b”, CF) 
a. Dispositivo constitucional: “Art. 150. Sem prejuízo de outras 
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir 
impostos sobre: b) templos de qualquer custo”. 
 
b. Valores: liberdade religiosa (art. 5º, VI e VIII, CF) e neutralidade 
religiosa (art. 19, I, CF). 
 
c. Culto: relações religiosas com valores admitidos ou não proibidos 
pela Constituição. Discute-se muito o que seria a religião, pois é algo 
difícil de conceituar. No entanto, estabelece-se que se protege seitas 
queincitem violência, sacrifícios humanos etc. 
 
d. Templo: existem diversas visões acerca do seria o templo, para fins 
de imunidade. A visão restritiva defende que é só o local do culto. Já 
a visão liberal clássica entende que é tudo o que viabiliza o culto, 
inclusive a casa do padre, por exemplo. 
No entanto, atualmente, temos uma visão moderna, 
abrangendo a instituição religiosa como um todo, mas só no que se 
refere às suas atividades essenciais. Se a igreja, por exemplo, possuir 
um estabelecimento que explora atividade econômica, tal 
estabelecimento não estaria abrangido pela imunidade. Já um 
estacionamento da igreja, estaria abarcado. 
 
e. Art. 150, §4º: “As vedações expressas no inciso VI, alíneas “b” e 
“c”, compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, 
relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas 
mencionadas”. 
Aqui, as finalidades essenciais são aquelas relacionadas com 
a manifestação da religiosidade. Entende o STF que os imóveis 
usados como residência ou escritório estão abrangidos pela 
imunidade. Cemitérios, quermesses, almoços, venda de artigos 
religiosos também. 
No entanto, as atividades econômicas desenvolvidas 
encontram controvérsias. Paulsen defende que se sujeitam a 
tributação normal, com fundamento na livre concorrência. Já Sabbag 
entende que, desde que haja integral reversão à igreja e inexistência 
de prejuízo à livre concorrência, serão imunes as atividades 
econômicas. 
 
9.3. Imunidades do art. 150, VI, “c”, CF 
a. Dispositivo constitucional: “Art. 150. Sem prejuízo de outras 
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir 
impostos sobre: c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos 
políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos 
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, 
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei”. 
 
b. Natureza: trata-se de uma imunidade subjetiva, ou seja, é 
dependente de regulamentação e abrange, conforme já tratado 
anteriormente, todos os impostos. 
 
c. Art. 150, §4º: “As vedações expressas no inciso VI, alíneas “b” e 
“c”, compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, 
relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas 
mencionadas”. 
Nos termos já tratados acima, na imunidade religiosa, a 
questão de desenvolvimento ou exploração de atividades econômicas 
por essas instituições não são imunes da tributação. 
 
d. Partidos políticos: a imunidade prega o valor da liberdade política, 
mas pode-se até dizer que abrange o regime democrático ou a sua 
viabilização. Ainda, a imunidade abrange as fundações vinculadas 
aos partidos, mas estas fundações devem ter objetivos políticos, 
difundir as ideias trazidas pelos partidos políticos. 
 
e. Entidades sindicais dos trabalhadores: essa imunidade prega o 
valor da proteção do lado hipossuficiente na reação de trabalho. 
Deve-se atentar aqui que a imunidade abrange apenas as entidades 
sindicais dos trabalhadores, excluindo os sindicatos de 
empregadores. A imunidade alcança as associações sindicais, as 
federações, confederações e centrais sindicais. 
 
f. Instituições de educação: prega o valor da educação. Deve-se 
destacar aqui que as instituições de educação devem realmente ser 
sem fins lucrativos, investindo todos os eventuais lucros em prol da 
educação. 
 
g. Entidades de assistência social: prega o valor da difusão da 
assistência social. As instituições de assistência social são aquelas 
que auxiliam o Estado no atendimento dos direitos sociais, como a 
saúde, segurança, maternidade, trabalho, moradia, assistência aos 
desamparados etc., conforme estabelece o art. 203, da Constituição. 
Ademais, atividades de promoção da educação, saúde e 
previdência também integram o conceito de assistência social em 
sentido amplo. Seria o chamado terceiro setor (sistema S, ONGs, 
OSCIPs etc.). 
Súmula 730, STF: “A imunidade tributária conferida a 
instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, 
"c", da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de 
previdência social privada se não houver contribuição dos 
beneficiários”. 
Súmula 721, STF: “Ainda quando alugado a terceiros, 
permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das 
entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, desde que 
o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais 
entidades”. 
 
h. Sem fins lucrativos: em relação ao que seria “sem fins lucrativos”, 
temos que nos remeter ao art. 14, do CTN, que dispõe que os 
requisitos da lei são os seguintes: (i) não distribuírem qualquer 
parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (ii) 
aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos 
seus objetivos institucionais; (iii) manterem escrituração de suas 
receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de 
assegurar sua exatidão. 
Cabe fazer um adendo, dizendo que a entidade sem fins 
lucrativos pode sim ter lucro, o que se chama de superávit. Porém, 
não pode distribuir o lucro. Ou seja, sem finalidade lucrativa não 
significa que não possa ter lucro, apenas que não pode usar o lucro 
para atividade estranha à que se destina. 
 
9.4. Imunidade de imprensa (art. 150, VI, “d”, CF) 
a. Dispositivo constitucional: “Art. 150. Sem prejuízo de outras 
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir 
impostos sobre: d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a 
sua impressão”. 
 
b. Valor: prega os valores constitucionais da liberdade de expressão, a 
difusão da cultura. 
 
c. Abrangência: a expressão “livros, jornais, periódicos e o papel 
destinado à sua impressão” é sempre interpretada de uma forma 
ampliativa. Não se estende à editores, comerciantes, ficando adstrita 
ao descrito na Constituição. 
Súmula 657, STF: “A imunidade prevista no art. 150, VI, 
“d”, da Constituição Federal abrange os filmes e papeis fotográficos 
necessários à publicação de jornais e periódicos”. Dessa forma 
vemos a posição do STF, que abrange todos os tipos de papeis, mas 
apenas papéis, estando excluídos da imunidade, por exemplo, a tinta 
e outros insumos. 
 
9.5. Imunidade musical (art. 150, VI, “e”, CF) 
a. Dispositivo constitucional: “Art. 150. Sem prejuízo de outras 
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir 
impostos sobre: e) fonogramas e videofonogramas musicais 
produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de 
autores brasileiro e/ou obras em geral interpretadas por artistas 
brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que 
os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias 
ópticas de leitura a laser”. 
 
b. Valor: protege diversos valores constitucionais, como, por exemplo, 
o favorecimento da produção musical brasileira, difusão da cultura, 
combate à pirataria, dentre outros. 
 
c. Abrangência: abrange CDs, DVDs, Blu-ray de músicas e shows, 
discos de vinil, desde que produzidos no Brasil. Ademais o próprio 
dispositivo dispõe que os “suportes materiais ou arquivos digitais que 
os contenham” também são abrangidos pela imunidade. 
 
9.6. Imunidade das contribuições à seguridade social (art. 195, §7º, CF) 
a. Dispositivo constitucional: “São isentas de contribuição para a 
seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que 
atendam as exigências estabelecidas em lei”. 
 
b. Observações: primeiramente, é preciso atentar que, apesar de dizer 
“isentas”, trata-se de imunidade tributária. Também deve-se dizer que 
é uma espécie de imunidade subjetiva e condicionada. Por fim, 
abrange as contribuições à seguridade social, inclusive contribuições 
criadascom fundamento na competência residual. 
 
c. CEBAS: a certificação do CEBAS (certificação das entidades 
beneficentes de assistência social) é algo difícil de se conseguir, pois 
exige o cumprimento de uma série de requisitos, sendo que a Lei 
dispõe sobre essa certificação. 
 
9.7. Imunidade do art. 149, §2º, I, CF (exportação) 
a. Dispositivo constitucional: “Compete exclusivamente à União 
instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico 
e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como 
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o 
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto 
no art. 195, §6º, relativamente às contribuições a que alude o 
dispositivo. 
§2º. As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico 
de que trata o caput desde artigo: I – não incidirão sobre as receitas 
decorrentes de exportação”. 
 
b. Observação: essa imunidade não abrange as contribuições no 
interesse de categorias profissionais ou econômicas, se limitando o 
próprio dispositivo às “contribuições sociais e de intervenção no 
domínio econômico”. 
 
c. Súmula 591, STF: A imunidade ou a isenção tributária do 
comprador não se estende ao produtor, contribuinte do imposto sobre 
produtos industrializados. 
 
 
Data: 16/05/2018 
 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
LIVRO SEGUNDO 
TÍTULO I – LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
1. Considerações gerais sobre o CTN 
O Código Tributário Nacional é uma Lei Ordinária Federal, de nº 5.172/66, que 
foi recepcionada pela Constituição de 1988 com o status de Lei Complementar, tendo em 
vista a necessidade de Lei Complementar para regular matéria tributária. É dividido em 
dois livros, sendo uma mais geral e outro mais específico. Além disso, muitos dos 
dispositivos do DTN não foram recepcionados com o advento da Constituição, 
principalmente dispositivos do primeiro livro. E, por fim, como foi recepcionado como 
Lei Complementar pela Constituição, tendo status federal, deve ser respeitado por todos 
os entes federativos. 
 
2. Disposição geral do CTN 
a. Art. 1º: “Esta Lei regula, com fundamento na Emenda Constitucional n. 
18, de 1º de dezembro de 1965, o sistema tributário nacional e estabelece, 
com fundamento no artigo 5º, inciso XV, alínea b, da Constituição 
Federal, as normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sem prejuízo da respectiva 
legislação complementar, supletiva ou regulamentar”. 
 
3. Capítulo I – Disposições Gerais 
3.1. Seção I – Disposição Preliminar 
a. Art. 96: “A expressão ‘legislação tributária’ compreende as leis, os 
tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas 
complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e 
relações jurídicas a eles pertinentes”. 
 
3.2. Seção II – Lei, Tratados e Convenções Internacionais e Decretos 
a. Art. 97: “Somente a lei pode estabelecer: I – a instituição de tributos, 
ou a sua extinção; II – a majoração de tributos, ou sua redução, 
ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III – a definição 
do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o 
disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV 
– a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado 
o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V – a cominação de 
penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, 
ou para outras infrações nela definidas; VI – as hipóteses de 
exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa 
ou redução de penalidades. 
§ 1º. Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base 
de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. 
§ 2º. Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no 
inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva 
base de cálculo”. 
 
b. Art. 98: “Os tratados e as convenções internacionais revogam ou 
modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela 
que lhes sobrevenha”. 
 
c. Art. 99: “O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das 
leis em função das quais sejam expedidos, determinados com 
observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei”. 
 
3.3. Seção III – Normas Complementares 
a. Art. 100: “São normas complementares das leis, dos tratados e das 
convenções internacionais e dos decretos: I – os atos normativos 
expedidos pelas autoridades administrativas; II – as decisões dos 
órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a 
lei atribua eficácia normativa; III – as práticas reiteradamente 
observadas pelas autoridades administrativas; IV – os convênios que 
entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios. 
Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo 
exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a 
atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo”. 
 
4. Capítulo II – Vigência da Legislação Tributária 
a. Art. 101: “A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária 
rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, 
ressalvado o previsto neste Capítulo”. 
 
b. Art. 102: “A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites 
em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que 
participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais 
expedidas pela União”. 
 
c. Art. 103: “Salvo disposição em contrário, entram em vigor: I – os atos 
administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua 
publicação; II – as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, 
quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua 
publicação; III – os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, 
na data neles prevista”. 
 
d. Art. 104 (não recepcionado): “Entram em vigor no primeiro dia do 
exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos 
de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: I – que 
instituem ou majoram tais impostos; II – que definem novas hipóteses de 
incidência; III – que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei 
dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o 
disposto no artigo 178”. 
 
5. Capítulo III – Aplicação da Legislação Tributária 
a. Art. 105: “A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos 
geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja 
ocorrência tenha tido início, mas não esteja completa nos termos do artigo 
116”. 
b. Art. 106: “A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I – em qualquer caso, 
quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de 
penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II – tratando-se de 
ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como 
infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência 
de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha 
implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine 
penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua 
prática”. 
 
6. Capítulo IV – Interpretação e integração da legislação tributária 
a. Art. 107: “A legislação tributária será interpretada conforme o disposto 
neste Capítulo”. 
 
b. Art. 108: “Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente 
para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem 
indicada: I – a analogia; II – os princípios gerais de direito tributário; 
III – os princípios gerais de direito público; IV – a equidade. 
§ 1º. O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo 
não previsto em lei. 
§ 2º. O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do 
pagamento de tributo devido”.c. Art. 109: “Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para 
pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, 
conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos 
tributários”. 
 
d. Art. 110: “A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o 
alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, 
expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas 
Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal 
ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias”. 
 
e. Art. 111: “Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha 
sobre: I – suspensão ou exclusão do crédito tributário; II – outorga de 
isenção; III – dispensa do cumprimento de obrigações tributárias 
acessórias”. 
 
f. Art. 112: “A lei tributária que define infrações, ou lhe comina 
penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em 
caso de dúvida quanto: I – à capitulação legal do fato; II – à natureza ou 
às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus 
efeitos; III – à autoria, imputabilidade ou punibilidade; IV – à natureza 
da penalidade aplicável, ou à sua graduação”. 
 
 
Data: 21/05/2018 
 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
LIVRO SEGUNDO 
TÍTULO II – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
1. Considerações gerais 
O Direito Tributário, tem como figura central o instituto da obrigação. A 
tributação tem como foco arrecadar, e para isso acontecer, muitas relações jurídicas de 
naturezas distintas são estabelecidas. O Direito Tributário não trata apenas da obrigação 
específica de levar dinheiro aos cofres públicos, isto é, de pagar tributo. Os contribuintes, 
por exemplo, devem prestar declarações, emitir documentos, manter escrituração fiscal 
etc. 
A obrigação, assim, é um vínculo jurídico que une duas ou mais pessoas, por meio 
do qual se pode exigir um dar, fazer ou não fazer. A obrigação é um direito dinâmico 
(nasce e tem por destino a extinção pelo pagamento ou outras modalidades). 
 
2. Obrigação tributária na RMIT 
Na Regra Matriz de Incidência Tributária, a obrigação se apresenta como uma 
parte do todo, sendo que o antecedente fica de fora, sendo que a obrigação abarca apenas 
o consequente. 
 
 
3. Capítulo I – Disposições Gerais 
a. Art. 113: “A obrigação tributária é principal ou acessória. 
§ 1º. A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem 
por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-
se juntamente com o crédito dela decorrente. 
§ 2º. A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por 
objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse 
da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. 
§ 3º. A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, 
converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade 
pecuniária”. 
 
b. Obrigação tributária X obrigação acessória: não existe apenas 
obrigações de dar no Direito Tributário; também existem obrigações de 
fazer e não fazer algo, em prol da arrecadação ou da fiscalização dos 
tributos. Alguns autores defendem que as obrigações devem ter caráter 
patrimonial, e nessa linha acabam chamando as obrigações acessórias de 
“deveres instrumentais”. Outros ainda dizem que não é obrigação e nem 
acessória, porque podem existir sem nem mesmo a obrigação principal. 
 
c. Legislação tributária: expressão que o CTN conceituou e defende que 
abrangem atos infralegais. Não seria lei em sentido estrito, mas abarcando 
também decretos, atos normativos dentre outras modalidades de atos 
infralegais. 
 
4. A dinâmica da relação jurídica tributária – ciclo de positivação da norma 
jurídica tributária 
O §1º do art. 113, do CTN, dispõe que a obrigação principal surge com a 
ocorrência do fato gerador. O fato gerador é o que define o limite temporal para o 
princípio da irretroatividade. Mas cabe dizer que a constituição do crédito ainda exige 
outro ato para ser constituído, que é o chamado ato de lançamento, previsto no art. 142, 
do CTN, que será estudado mais à frente. 
 
5. Capítulo II – Fato Gerador 
a. Art. 114: “Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em 
lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”. 
Leandro Paulsen traz uma noção interessante neste ponto. Para ele, 
existe uma diferença entre o fato gerador e a hipótese de incidência. Em 
suas palavras, “fenômeno jurídico de adequação da situação de fato 
verificado (fato gerador) previsão normativa (hipótese de incidência). 
Com a subsunção do fato à norma, o que poderia ser um simples fato da 
vida assume a qualidade de fato jurídico gerador de obrigação tributária. 
 
b. Art. 115: “Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, 
na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato 
que não configure obrigação principal”. 
 
c. Critérios do “fato gerador”: critério material, critério temporal e critério 
espacial. 
• Critério material: verbo (transitivo e pessoal) + complemento. 
 
• Critério temporal: não se confunde com o vencimento do tributo e 
pode ser subdividido em fato gerador instantâneo (ICMS, IPI, II, IE, 
IOF, ITBI, ITCMD), fato gerador continuado (IPTU, IPVA e ITR) e 
fato gerador de período (IR). 
 
• Critério espacial: existem três formas de elaboração. (I) a menção a 
determinado local para a ocorrência do fato típico (II e IE). (II) alude 
a áreas específicas, de tal sorte que o acontecimento apenas ocorrerá 
se dentro delas estiver geograficamente contido (ITR e IPTU). (III) 
genérico, onde todo e qualquer fato, que suceda sob o manto da 
vigencia territorial da lei instituidora, estará apto a desencadear seus 
efeitos peculiares (todos os demais). 
 
d. Art. 116: “Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o 
fato gerador e existentes os seus efeitos: I – tratando-se de situação de 
fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais 
necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; 
II – tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja 
definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. 
Quando se tratar de situação de fato, basta a ocorrência do fato, 
como, na importação, a efetiva entrada em território nacional gera o 
tributo. Mas quando se tratar de situação jurídica, exige-se o regramento 
de um ramo do direito. Por exemplo, IPTU, ITR ou ITBI e ITCMD, 
exigem o regramento do Direito Civil para dizer o que é propriedade, posse 
ad usucapionem, transmissão de bens imóveis ou transmissão causa 
mortis. E por conta disso, o Direito Tributário se apresenta como direito 
de sobrenível, se utilizando de outras disciplinas de forma complementar. 
 
e. Art. 117: “Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo 
disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais 
reputam-se perfeitos e acabados: I – sendo suspensiva a condição, desde 
o momento de seu implemento (evento futuro ou incerto, de cuja realização 
se faz dependente os efeitos do ato, no momento do seu implemento); II – 
sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da 
celebração do negócio (evento futuro e incerto, de cuja realização se faz 
decorrer o desfazimento do ato)”. 
 
f. Art. 116, parágrafo único: “A autoridade administrativa poderá 
desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de 
dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos 
elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os 
procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária”. 
O disposto no parágrafo único é o que se chama de clausula geral 
anti-elisiva. Nesse tema, é importante se falar nos conceitos de elisão e 
evasão. Evasão é o ato de deixar de pagar tributo por meios ilícitos. Já a 
elisão, apresenta dois caminhos lícitos, e se escolheo que é mais vantajoso. 
 
g. Art. 118: “A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-
se: I – da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos 
contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu 
objeto ou dos seus efeitos; II – dos efeitos dos fatos efetivamente 
ocorridos”. Pode-se dizer que essa é a positivação do princípio do non olet. 
 
 
Data: 04/06/2018 
 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
LIVRO SEGUNDO 
TÍTULO II – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
(AULA 2) 
 
6. Capítulo III - Sujeito ativo 
a. Conceito: é o credor da obrigação, aquele que tem o direito de exigir a 
prestação. É, em regra, quem tem a competência para alguns atos, dentre 
eles: (i) editar normas complementares; (ii) exercer fiscalização; (iii) 
constituir crédito tributário por lançamento; (iv) inscrever em dívida ativa; 
(v) ajuizar execução fiscal. 
 
b. Sujeito ativo direto X sujeito ativo indireto: o sujeito ativo direto é o 
ente competente para exercer a competência tributária, podendo instituir e 
cobrar os tributos. Já o sujeito ativo indireto são as outras entidades que 
recebem a delegação da capacidade tributária ativa. Tendo em vista esse 
panorama, cabe lembrar que, por meio do fenômeno 3da parafiscalidade, 
a capacidade para figurar no polo ativo pode ser delegada pelo ente dotado 
de competência tributária, o que não se confunde com delegação de 
competência, que não é possível no Direito Tributário. 
 
c. Art. 119: “Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito 
público, titular da competência para exigir o seu cumprimento”. Aqui, de 
acordo com alguns, o legislador acabou pecando por não incluir as 
entidades parafiscais e os agentes auxiliares, ignorando a possibilidade de 
delegação prevista no art. 7º, §3º, do próprio CTN. 
 
d. Art. 120: “Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de 
direito público, que se constituir pelo desmembramento territorial de 
outra, subroga-se nos direitos desta, cuja legislação tributária aplicará 
até que entre em vigor a sua própria”. 
 
7. Capítulo IV – Sujeito passivo 
a. Introdução: no plano civil, é possível se falar em três possíveis ângulos 
da capacidade, sendo a capacidade jurídica (aptidão para assumir direitos 
e obrigações), a capacidade de fato (aptidão de exercer pessoalmente atos 
da vida civil) e a capacidade plena (soma das duas anteriores). 
No Direito Tributário, se fala em capacidade jurídica-tributária 
passiva, isto é, a aptidão para ser sujeito passivo de obrigações tributárias, 
sendo que de acordo com Leandro Paulsen, “a capacidade tributária 
passiva é a possibilidade de alguém figurar como sujeito passivo de uma 
obrigação tributária, seja principal ou acessória, ficando obrigada a 
cumpri-la e a responder por eventual inadimplemento”. 
O sujeito passivo é o devedor da obrigação tributária, ou seja, é a 
pessoa que tem o dever de prestar, ao credor ou sujeito ativo, o objeto da 
obrigação. Mas atenção: não é sujeito passivo o mero pagador em favor de 
terceiros e também não é sujeito passivo o “contribuinte de fato”. 
Ademais, a sujeição passiva é matéria reservada à lei, nunca por 
meio de convenções particulares. Acerca das normas gerais sobre sujeição 
passiva, deverão ser reguladas por meio de lei complementar (CTN), mas 
as normas específicas sobre a sujeição ficam a cargo de cada ente, que o 
faram por meio de lei ordinária. 
 
b. Seção III – Capacidade Tributária 
• Art. 126: “A capacidade tributária passiva independe: I – da 
capacidade civil das pessoas naturais; II – de achar-se a pessoa 
natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do 
exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da 
administração direta de seus bens ou negócios; III – de estar a pessoa 
jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma 
unidade econômica ou profissional”. 
 
• Observações: quem realiza o fato gerador está obrigado ao pagamento 
do tributo, ainda que não tenha ou não esteja no gozo de capacidade 
civil plena ou que esteja atuando mediante sociedade irregular ou de 
fato. Portanto, uma pessoa física absolutamente incapaz pode ser o 
sujeito passivo de obrigações tributárias, cabendo ao representante 
legal exercitar os atos necessários ao cumprimento daquelas 
obrigações (recolher tributos, declarações etc.), sendo que o 
representante legal, nesse caso, poderá ser o responsável tributário. 
Também, do mesmo modo, advogados com a OAB suspensa, 
por exemplo, poderão ser sujeitos passivos. E a sociedade de fato ou 
irregular também não impede o surgimento de obrigações tributárias. 
c. Seção I – Disposições Gerais 
• Art. 121: “Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada 
ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. 
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I – 
contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação 
que constitua o respectivo fato gerador; II – responsável, quando, sem 
revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de 
disposição expressa de lei”. 
 
• Art. 122: “Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada 
às prestações que constituam o seu objeto”. 
 
• Art. 123: “Salvo disposições de lei em contrário, as convenções 
particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, 
não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição 
legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes”. 
 
• Classificação da sujeição: o CTN dividiu a sujeição em sujeição 
direta e indireta. A sujeição direta diz respeito ao contribuinte, quando 
se tem uma relação pessoal e direta com a situação que constitua o 
respectivo fato gerador. Já a sujeição indireta, que trata do responsável, 
ocorre quando, sem se revestir a condição de contribuinte, sua 
obrigação decorra de disposição expressa de lei (legalidade). 
 
• Contribuinte (sujeito passivo direto): é a pessoa que realiza o fato 
gerador. Para isso, basta avaliar a materialidade da norma. É uma 
questão de autoria do fato gerador. O contribuinte, em regra, será o 
sujeito passivo da obrigação tributária. Isto é, apenas por disposição 
legal expressa é que lidaremos com casos de responsabilidade/sujeição 
indireta. Em regra, a responsabilidade não exonera o contribuinte, 
salvo se a lei falar em sub-rogação total. 
 
• Responsável (sujeito passivo indireto): o responsável, de acordo com 
o art. 128, do CTN, deve ser algum terceiro que tenha vínculo com o 
fato gerador. “Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode 
atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário 
a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, 
excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este 
em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida 
obrigação”. 
A identificação do sujeito passivo, mais do que avaliar quem 
realizou o fato gerador, envolve localizar a quem a lei atribuiu a 
responsabilidade de pagar o tributo. Sendo assim, o sujeito passivo 
sempre terá relação com o fato gerador. 
A presença do responsável é uma modificação subjetiva no 
polo passivo, na posição que seria naturalmente ocupada pelo 
contribuinte. Cabe dizer ainda, que a responsabilidade se dá por 
exclusão, ou seja, se alguém é devedor por força de lei e não é 
contribuinte, ele será o responsável. 
Ademais, a sujeição por responsabilidade tributária indireta 
pode se dar por meio de transferência ou de substituição. 
 
o Substituição: a substituição foi criada como uma forma de 
conveniência da fiscalização, e ocorre quando o dever de pagar 
surge diretamente com o substituto, que deve ter formas de se 
ressarcir do contribuinte. Para Leandro Paulsen, “o substituto é o 
terceiro obrigado diretamente ao pagamento do tributo em lugar do 
contribuinte e com recursos que possa exigir ou reter deste”. 
▪ Simultânea:na substituição simultânea, a retenção (do tributo) 
deve ocorrer por ocasião da ocorrência do fato gerador e o 
pagamento logo em seguida, no prazo que for estipulado pela 
legislação. 
 
▪ Para frente (progressiva): tal responsabilidade ocorre nos 
casos em que as pessoas ocupantes das posições posteriores das 
cadeias de produção e circulação são substituídas, no dever de 
pagar tributo, por aquelas que ocupam as posições anteriores 
nessas mesmas cadeias. 
Assim, a lei pode estabelecer que os produtores de 
determinados bens fixem o preço de venda do consumidor final, 
nele incluindo os impostos ou contribuições incidentes sobre 
esse preço, já na saída do bem do estabelecimento produtor. 
Dessa forma, o produtor já recolhe o imposto ou 
contribuição incidente no preço final de revenda ao consumidor, 
ou seja, sobre o fato gerador que só ocorrerá posteriormente. Por 
isso, diz-se “para frente”. 
A substituição tributária para frente significa atribuir a 
terceira pessoa a responsabilidade concernente a uma obrigação 
tributária, cujo fato gerador ainda não ocorreu. O imposto ou 
contribuição passa a ser devido, mesmo não tendo ainda se 
concretizado a hipótese de incidência prevista em lei. 
 
▪ Para trás (regressiva): outra forma de substituição tributária 
utilizada, muito embora em menor escala, é a substituição 
tributária “para trás”, que ocorre quando há uma postergação do 
pagamento do tributo, transferindo-se a obrigação de reter e 
recolher o montante devido, que seria do vendedor, ao 
adquirente dos produtos ou serviços 
Na substituição regressiva a lei atribui à terceira pessoa 
a obrigação pelo recolhimento do tributo cujo fato gerador já 
ocorreu anteriormente, em outra etapa do processo produtivo ou 
do ciclo comercial. Ou seja, a substituição ocorre nos casos em 
que as pessoas ocupantes das posições anteriores nas cadeias de 
produção e circulação são substituídas, no dever de pagar 
tributo, por aquelas que ocupam as posições posteriores nessas 
mesmas cadeias. 
 
o Transferência: foi criada para casos de descumprimento de 
normas, sendo a responsabilidade exercida com recursos próprios, 
nesse caso. Aqui, o dever de pagar surge com o contribuinte e, por 
um descumprimento normativo, é transferido ao responsável. 
Para Leandro Paulsen, “responsável é o terceiro obrigado 
subsidiariamente ao pagamento do tributo forte no inadimplemento 
por parte do contribuinte e do descumprimento, pelo responsável, 
de um dever seu de colaboração para com a Administração que 
tenha favorecido aquele inadimplemento”. 
Paulo de Barros carvalho defende que a transferência não é 
forma de sujeição passiva tributária, mas seria uma espécie de 
sanção por conta de um ilícito tributário. 
 
• Art. 150, §7º, CF: “A lei poderá atribuir a sujeito passivo diverso de 
obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de 
imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer 
posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da 
quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido”. 
 
d. Seção II – Solidariedade 
• Leandro Paulsen: “Solidariedade é um instituto jurídico que define o 
grau das relações entre devedores e entre esses e o credor, indicando 
que cada um responde pela dívida toda, sem benefício de ordem”. 
 
• Mizabel Derzi: “A solidariedade não é forma de inclusão de um 
terceiro no polo passivo da obrigação tributária, apenas a forma de 
graduar a responsabilidade daqueles sujeitos que já compõem o polo 
passivo”. 
 
• Art. 124: “São solidariamente obrigadas: I – as pessoas que tenham 
interesse comum na situação que constitua o fato gerador da 
obrigação principal; II – as pessoas expressamente designadas por 
lei. 
Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta 
benefício de ordem”. 
 
• Art. 125: “Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os 
efeitos da solidariedade: I – o pagamento efetuado por um dos 
obrigados aproveita aos demais; II – a isenção ou remissão de crédito 
exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um 
deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo 
saldo; III – a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos 
obrigados, favorece ou prejudica aos demais”. 
 
e. Seção IV – Domicílio tributário 
• Art. 127: “Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de 
domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se 
como tal: I – quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, 
ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua 
atividade; II – quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às 
firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou 
fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; III – 
quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas 
repartições no território da entidade tributante. 
§1º. Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer 
dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do 
contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da 
ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação. 
§2º. A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, 
quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do 
tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior”. 
 
 
Data: 06/06/2018 
 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
LIVRO SEGUNDO 
TÍTULO II – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
(AULA 3) 
 
TRANSFERÊNCIA TRIBUTÁRIA (CONTINUAÇÃO) 
 
f. Quanto aos pressupostos de fato 
a. Sucessão: neste caso, cuida-se de responsabilidade pelo pagamento que 
deveria ter sido feito no passado pelo contribuinte e não foi, restando a 
dívida em aberto por ocasião da sucessão, ainda que a formalização do 
crédito (normalmente pela lavratura do auto de infração) venha a 
ocorrer posteriormente (art. 129, CTN). Pode ocorrer na aquisição de 
imóvel, na aquisição ou remição de bens em geral, no falecimento, na 
fusão, transformação, incorporação ou cisão de empresa, ou na 
aquisição de estabelecimento comercial ou de fundo de comércio (arts. 
130, 131, 132 e 133, CTN) (Paulsen). 
 
b. Representação: a responsabilidade pode decorrer da prática de atos de 
representação pelos pais, tutores e curadores, administradores de bens, 
inventariantes, síndico e comissário e os sócios de sociedades de 
pessoas, a que o CTN se refere como “terceiros” (art. 134) (Paulsen). 
 
c. Outros: tabeliães e escrivães, pelo descumprimento do dever de zelar 
pelo recolhimento de tributos sobre os seus atos; prática de atos com 
excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos; dolo 
ou fraude na expedição de certidão negativa de débitos. 
 
g. Quanto aos efeitos 
a. Subsidiária: quando se tenha de exigir primeiramente do contribuinte 
e, apenas no caso de frustração, do responsável. É o caso mais típico de 
responsabilidade. Na falta de dispositivo em sentido contrário, 
presume-se a subsidiariedade. Dentre as hipóteses de responsabilidade 
previstas no próprio CTN, são subsidiárias as dos arts. 133, II, e 134 do 
CTN. O STJ também se refere à hipótese do art. 135 como se de 
responsabilidade subsidiária se tratasse (Paulsen). 
 
b. Solidária: quando tanto o contribuinte quanto o responsável 
respondem, sem o benefício de ordem (art. 124, parágrafo único); 
ademais, quando há solidariedade, o pagamento efetuado por um dos 
obrigados aproveita aos demais, a isenção ou remissão de crédito 
exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um 
deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo 
saldo e a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos 
obrigados, favorece ou prejudica aos demais, tudo nos termos do art. 
125, incisos I, II e III, do CTN. Só haverá solidariedade entre 
responsável e contribuinte quando a lei expressamenteassim determine, 
conforme previsão do art. 124, I, do CTN (Paulsen). 
 
c. Pessoal: quando é exclusiva, sendo determinada pela referência 
expressa ao caráter pessoal ou revelada pelo desaparecimento do 
contribuinte originário, pela referência à sub-rogação ou pela referência 
à responsabilidade integral do terceiro em contraposição à sua 
responsabilização ao lado do contribuinte. São pessoais as 
responsabilidades dos arts. 130, 131, 132, 133, I e 135, do CTN 
(Paulsen). 
8. Capítulo V – Responsabilidade tributária 
a. Seção I – Disposição Geral 
• Art. 128: “Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir 
de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira 
pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo 
a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter 
supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação”. 
 
b. Seção II – Responsabilidade dos sucessores 
• Art. 129: “O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos 
tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à 
data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos 
mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até 
a referida data”. 
 
• Art. 130: “Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato 
gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, 
e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes 
a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa 
dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de 
sua quitação. 
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-
rogação ocorre sobre o respectivo preço”. 
 
• Art. 131: “São pessoalmente responsáveis: I – o adquirente ou 
remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos; II 
– o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos 
devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada 
esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da 
meação; III – o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data 
da abertura da sucessão”. 
 
• Art. 132: “A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, 
transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável 
pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de 
direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de 
extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração 
da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio 
remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou 
sob firma individual”. 
 
• Art. 133: “A pessoa natural ou jurídica de direito privado que 
adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou 
estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a 
respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma 
ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou 
estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I – 
integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, 
indústria ou atividade; II – subsidiariamente com o alienante, se este 
prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da 
data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de 
comércio, indústria ou profissão. 
§1º. O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de 
alienação judicial: I – em processo de falência; II – de filial ou 
unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial. 
§2º. Não se aplica o disposto no § 1o deste artigo quando o adquirente 
for: I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou 
sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial; 
II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, 
consanguíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial 
ou de qualquer de seus sócios; ou III – identificado como agente do 
falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de 
fraudar a sucessão tributária. 
§3º. Em processo da falência, o produto da alienação judicial de 
empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em conta 
de depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, 
contado da data de alienação, somente podendo ser utilizado para o 
pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem 
ao tributário”. 
 
Comentários à responsabilidade dos sucessores (arts. 129 a 133, CTN) 
A responsabilidade dos sucessores é disciplinada pelos arts. 129 a 133 do CTN. 
Inicia o art. 129 dizendo que se aplica a todos os créditos relativos a obrigações surgidas 
até a sucessão, ainda que constituídos posteriormente. 
O art. 130 trata da responsabilidade dos adquirentes de imóveis, que alcança os 
créditos relativos a impostos que tenham como fato gerador a propriedade, o domínio útil 
ou a posse, bem como os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes ao imóvel, 
ou ainda os relativos a contribuições de melhoria. A responsabilidade do adquirente 
alcança, assim, o IPTU ou o ITR, que têm como fato gerador a propriedade, mas não o 
ISS relativo à construção de prédio, porque este tem como fato gerador a prestação de 
serviços. Dentre as taxas, alcança, por exemplo, a taxa de recolhimento de lixo. Dentre as 
contribuições, só a de melhoria é assumida pelo adquirente, não as contribuições 
previdenciárias relativas ao pagamento da mão de obra para construção do imóvel. Os 
créditos sub-rogam-se na pessoa do adquirente, “salvo quando conste do título a prova de 
sua quitação”. Conforme o parágrafo único do mesmo artigo, no caso de arrematação em 
hasta pública, “a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço”. Aliás, conforme já decidiu 
o STJ: “O crédito fiscal perquirido pelo Fisco deve ser abatido do pagamento, quando do 
leilão, por isso que, finda a arrematação, não se pode imputar ao adquirente qualquer 
encargo ou responsabilidade tributária”. O arrematante tem direito à certidão negativa. 
O art. 131 estabelece a responsabilidade pessoal do adquirente ou remitente 
(quem realiza o resgate de dívida) pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos 
(inciso I), do sucessor a qualquer título e do cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo 
de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada ao montante do quinhão, do legado 
ou da meação (inciso II) e do espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da 
abertura da sucessão (inciso III). 
O art. 132, por sua vez, define a responsabilidade da pessoa jurídica de direito 
privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra, ou em outra, 
pelos tributos devidos. A cisão, embora não referida expressamente, “é modalidade de 
mutação empresarial sujeita, para efeito de responsabilidade tributária, ao mesmo 
tratamento jurídico conferido às demais espécies de sucessão”. Também é responsável o 
sócio, ou seu espólio, que continue a exploração da atividade relativa a pessoa jurídica 
extinta, ou seja, no caso de sucessão empresarial de fato. 
A responsabilidade por sucessão também ocorre nos casos de aquisição de fundo 
de comércio ou de estabelecimento comercial, industrial ou profissional, conforme o art. 
133. O adquirente que continuar a respectiva exploração responde “integralmente, se o 
alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade” (inciso I) ou 
“subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de 
6 (seis) meses, a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo 
do comércio, indústria ou profissão” (inciso II). Não se dá tal responsabilidade quando a 
alienação ocorra em processo de falência ou em processo de recuperação judicial, desde 
que o adquirente não seja o próprio sócio, seus parentes,agente da empresa ou sociedade 
controlada, conforme os §§ 1º e 2º do art. 133. 
Tenha-se em conta a Súmula 554 do STJ: “Na hipótese de sucessão empresarial, 
a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, 
mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até 
a data da sucessão”. 
 
c. Seção III – Responsabilidade de terceiros 
• Art. 134: “Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento 
da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente 
com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem 
responsáveis: I – os pais, pelos tributos devidos por seus filhos 
menores; II – os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus 
tutelados ou curatelados; III – os administradores de bens de 
terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV – o inventariante, pelos 
tributos devidos pelo espólio; V – o síndico e o comissário, pelos 
tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI – os 
tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos 
devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão 
do seu ofício; VII – os sócios, no caso de liquidação de sociedade de 
pessoas. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de 
penalidades, às de caráter moratório”. 
 
• Art. 135: “São pessoalmente responsáveis pelos créditos 
correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos 
praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social 
ou estatutos: I – as pessoas referidas no artigo anterior; II – os 
mandatários, prepostos e empregados; III – os diretores, gerentes ou 
representantes de pessoas jurídicas de direito privado”. 
 
Comentários à responsabilidade de terceiros (arts. 134 e 135, CTN) 
Os arts. 134 e 135 estabelecem a responsabilidade de terceiros, o que, no sistema 
do código, diz respeito a pessoas que não são nem os próprios contribuintes, nem seus 
sucessores. “Terceiros” são os pais, os tutores e curadores, os administradores de bens 
de terceiros, o inventariante, o síndico e o comissário, os tabeliães, escrivães e demais 
serventuários de ofício e os sócios de sociedades de pessoas. 
Esses terceiros têm deveres próprios de boa administração ou de fiscalização cujo 
cumprimento é capaz de assegurar o pagamento dos tributos devidos por seus 
representados ou pelas pessoas que praticaram atos perante eles. Respondem eles “nos 
atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis”, conforme os 
diversos incisos do art. 134. 
Caso descumpram seus deveres, passam a garantir o crédito tributário com seus 
próprios bens. Assim, por exemplo, o tabelião e o registrador que, por ocasião da lavratura 
de uma escritura de compra e venda ou do seu registro, deixem de exigir as guias 
comprobatórias do pagamento dos tributos inerentes à operação ou certidão negativa 
passam a ser responsáveis pelos respectivos créditos tributários. 
A responsabilidade dos terceiros, nas hipóteses do art. 134, tem caráter 
subsidiário, ocorrendo “nos casos de impossibilidade do cumprimento da obrigação 
principal pelo contribuinte”. Alcança os tributos e as multas moratórias, conforme o 
parágrafo único do art. 134. 
Na hipótese de os terceiros referidos no art. 134 darem ensejo ao surgimento de 
créditos tributários ao praticarem atos “com excesso de poderes ou infração de lei, 
contrato social ou estatutos”, sua responsabilidade será pessoal, ou seja, exclusiva (art. 
135, I). A mesma responsabilidade é atribuída, nesses casos, aos mandatários, prepostos 
e empregados (inciso II), bem como aos “diretores, gerentes ou representantes de 
pessoas jurídicas de direito privado” (inciso III). Este último caso, aliás, é a hipótese de 
responsabilidade tributária mais aplicada e discutida no direito brasileiro. 
A responsabilidade de que cuida o art. 135, III, do CTN pressupõe uma situação 
grave de descumprimento da lei, do contrato social ou dos estatutos em ato que nem 
sequer se poderia tomar como constituindo ato regular da sociedade e do qual decorra a 
obrigação tributária objeto da responsabilidade, daí por que é pessoal do sócio-gerente. 
Tendo em conta que se trata de responsabilidade pessoal decorrente da prática de 
ilícito, impende que seja apurada, já na esfera administrativa, não apenas a ocorrência do 
fato gerador, mas o próprio ilícito que faz com que o débito possa ser exigido do terceiro, 
oportunizando-se aos responsáveis o exercício do direito de defesa. Assim, verificada a 
responsabilidade dos diretores nos autos do processo administrativo instaurado contra a 
empresa, deve ser lavrado termo apontando que foi constatada a prática de ilícitos que 
tem por consequência a sua responsabilização pessoal pelos tributos devidos pela 
empresa, dando-se aos supostos responsáveis a possibilidade de oferecerem defesa em 
nome próprio. Aliás, conforme afirmado pelo STF: “Os princípios do contraditório e da 
ampla defesa aplicam-se plenamente à constituição do crédito tributário em desfavor de 
qualquer espécie de sujeito passivo, irrelevante sua nomenclatura legal (contribuintes, 
responsáveis, substitutos, devedores solidários etc.)”. 
Somente os “diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito 
privado” podem ser responsabilizados, e não todo e qualquer sócio. Faz-se necessário, 
pois, que o sócio tenha exercido a direção ou a gerência da sociedade, com poder de 
gestão. Efetivamente, a responsabilização exige que as pessoas indicadas tenham 
praticado diretamente, ou tolerado, a prática do ato abusivo e ilegal quando em posição 
de influir para a sua não ocorrência. Constitui prova para a configuração da 
responsabilidade o fato de o agente encontrar-se na direção da empresa na data do 
cumprimento da obrigação, devendo ter poderes de decisão quanto ao recolhimento do 
tributo. 
A mera condição de sócio é insuficiente, pois a condução da sociedade é que é 
relevante. Daí por que o art. 13 da Lei n. 8.620/93, no que estabelece a solidariedade dos 
sócios de empresas por cotas de responsabilidade limitada, sem nenhum 
condicionamento, extrapola o comando do art. 135, III, do CTN, contrariando a norma 
geral de direito tributário e, portanto, incorrendo em invasão à reserva de lei 
complementar, com ofensa ao art. 146, III, b, da CF. Efetivamente, a responsabilidade 
pessoal dos sócios das sociedades por quotas de responsabilidade limitada, prevista no 
art. 13 da Lei n. 8.620/93, só existe quando presentes as condições estabelecidas no art. 
135, III, do CTN. 
Sendo a responsabilidade, assim, do diretor, gerente ou representante, e não do 
simples sócio sem poderes de gestão, também não é possível responsabilizar 
pessoalmente o diretor ou o gerente por atos praticados em período anterior ou posterior 
a sua gestão. Assim, sócios que não tenham tido nenhuma ingerência sobre os fatos não 
podem ser pessoalmente responsabilizados pelos créditos tributários decorrentes. 
Situação típica de incidência do art. 135, III, do CTN é, sim, a apropriação indébita 
de contribuições e de impostos, quando a empresa retém os tributos devidos, mas os seus 
sócios-gerentes não cumprem a obrigação de repassar os respectivos valores aos cofres 
públicos. 
O mero inadimplemento de obrigação tributária é insuficiente para configurar a 
responsabilidade do art. 135 do CTN, na medida em que diz respeito à atuação normal da 
empresa, inerente ao risco do negócio, à existência ou não de disponibilidade financeira 
no vencimento, gerando exclusivamente multa moratória a cargo da própria pessoa 
jurídica. Veja-se a Súmula 430 do STJ: “O inadimplemento da obrigação tributária pela 
sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente”. 
A dissolução irregular tem sido considerada causa para o redirecionamento da 
execução contra o sócio-gerente. Neste sentido, consolidou-sea jurisprudência do STJ, 
conforme se vê da Súmula 435: “Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que 
deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, 
legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente”. Importa ter 
em conta: “A certidão emitida por oficial de justiça, atestando que a empresa devedora 
não funciona mais no endereço constante dos seus assentamentos na junta comercial, 
constitui indício suficiente de dissolução irregular e autoriza o redirecionamento da 
execução fiscal contra os sócios-gerentes”. O STJ tem decidido que é possível 
“redirecionar a execução fiscal contra o sócio-gerente que exercia a gerência por ocasião 
da dissolução irregular da sociedade contribuinte, independentemente do momento da 
ocorrência do fato gerador ou da data do vencimento do tributo”.

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