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O ENSINO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO 
SUPERIOR (IES) DA MESOREGIÃO DO VALE DO ITAJAÍ - SC: UMA ANÁLISE 
DAS CONTRIBUIÇÕES CURRICULARES DA RESOLUÇÃO CNE/CES N. 10/2004. 
 
Autoria: Antonio Carlos Schlindwein, Maria José Carvalho de Souza Domingues 
 
RESUMO 
 
A profissão de contador, como tantas outras, vem evoluindo sob a forte influência das 
inúmeras mudanças econômicas, sociais e tecnológicas. Neste contexto, o contador precisa 
adequar seus conhecimentos às necessidades do mercado atual que tem se mostrado cada vez 
mais dinâmico e competitivo. Com base nessa necessidade, este artigo apresenta a avaliação 
que os acadêmicos formandos do Curso de Ciências Contábeis das Instituições de Ensino 
Superior vinculadas ao sistema ACAFE, da Mesoregião do Vale do Itajaí, SC, fazem sobre os 
conteúdos curriculares estabelecidos pela Resolução CNE/CES n. 10/2004. A pesquisa é 
descritiva, com método quantitativo, do tipo levantamento ou survey. Utilizou como 
instrumento de coleta de dados um questionário estruturado, não disfarçado. Os resultados 
demonstram que, embora os cursos de Ciências Contábeis cumpram com as diretrizes 
curriculares, ainda não se desenvolveu a consciência de que o aperfeiçoamento das 
habilidades e competências dos alunos não se faz apenas por uma modificação curricular. É 
preciso que os coordenadores de curso e os professores percebam que os saberes devem estar 
conectados entre si e com a realidade organizacional para que haja uma aprendizagem global. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. INTRODUÇÃO 
A competitividade entre as organizações exige profissionais cada vez mais 
qualificados. Sendo assim, o contador, como tantos outros profissionais, precisa desenvolver 
suas habilidades e conhecimentos para atender às necessidades do mercado. Segundo Peleias 
(2006), o crescimento do número de Instituições de Ensino Superior (IES) e a valorização do 
profissional com nível superior trouxeram novos desafios para as organizações como: a) 
qualidade de ensino para garantir a sua continuidade; b) otimização dos recursos 
administrativos e financeiros procurando alcançar melhores resultados; c) formação de 
profissionais competentes para o mercado de trabalho que está em constante evolução. 
Diante disso, as Instituições de Ensino Superior (IES) são pressionadas a trabalhar 
novas habilidades e competências para que, ao ingressarem no mercado de trabalho, os 
acadêmicos estejam preparados para os desafios apresentados. 
Assim sendo, o presente artigo objetiva estudar a avaliação que os acadêmicos 
formandos do Curso de Ciências Contábeis das Instituições de Ensino Superior vinculadas ao 
sistema ACAFE, da Mesoregião do Vale do Itajaí, SC, fazem sobre os conteúdos curriculares 
estabelecidos pela Resolução CNE/CES n. 10/2004. Além disso, buscou-se identificar o perfil 
pessoal e profissional dos acadêmicos pesquisados, os fatores pelos esses optaram pelo curso 
de Ciências Contábeis, as contribuições do curso e dos conteúdos descritos no art. 5º da 
Resolução CNE/CSE n. 10/2004 para sua vida pessoal e profissional. 
O trabalho abrange a revisão de literatura sobre o tema, a metodologia de pesquisa 
adotada, a descrição e análise dos dados e, por último, as considerações finais. 
2. AS DIRETRIZES CURRICULARES DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM 
CIÊNCIAS CONTÁBEIS E AS HABILIDADES E COMPETÊNCIAS DO 
CONTADOR NO MERCADO DE TRABALHO 
 No atual contexto econômico mundial, onde as organizações buscam diferenciar-se, o 
papel do contador também se transformou. O mercado requer profissionais dotados de 
habilidades e competências que os tornem capazes de promover o desenvolvimento 
organizacional. 
 Com o advendo da Resolução CNE/CES n. 10/2004, que institui as Diretrizes 
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Ciências Contábeis (BRASIL, 2004), 
entendeu-se que a formação profissional não deve ater-se aos conteúdos, mas promover o 
desenvolvimento das competências e habilidades dos futuros profissionais. 
 Destaca-se, ainda, o Artigo 5° da Resolução que prevê que os Projetos Políticos 
Pedagógicos dos cursos de Ciências Contábeis deverão contemplar em seus conteúdos: 
 
I - conteúdos de Formação Básica: estudos relacionados com outras áreas do 
conhecimento, sobretudo Administração, Economia, Direito, Métodos Quantitativos, 
Matemática e Estatística; 
II - conteúdos de Formação Profissional: estudos específicos atinentes às Teorias da 
Contabilidade, incluindo domínio das atividades atuariais e de quantificações de 
informações financeiras, patrimoniais, governamentais e não-governamentais, de 
auditorias, perícias, arbitragens e controladoria, com suas aplicações peculiares ao 
 
 
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setor público e privado; 
III - conteúdos de Formação Teórico-Prática: Estágio Curricular Supervisionado, 
Atividades Complementares, Estudos Independentes, Conteúdos Optativos, Prática 
em Laboratório de Informática utilizando softwares atualizados para Contabilidade. 
 
 
 “O conceito de competência foi proposto de forma estruturada pela primeira vez em 
1973 por David MacClelland, desde então vem sendo amplamente discutido ao longo dos 
anos.” (DUTRA, 2004, p.22). 
 Para Fleury e Fleury (2000, p.21), a definição de competência é: “um saber agir 
responsável e reconhecido, que implica mobilizar; integrar; transferir conhecimentos, 
recursos, habilidades, que agregam valor econômico à organização e valor social ao 
indivíduo”. 
 Segundo Perrenoud ( 2000, p.19) competência pode ser definida como: 
 
A aptidão para enfrentar uma família de situações análogas, mobilizando de forma 
correta, rápida, penitente e criativa, múltiplos recursos cognitivos, saberes, 
capacidades, microcompetências, informações, valores, atitudes, esquemas de 
percepção, de avaliação e de raciocínio. 
 
Normalmente, a palavra competência é acompanhada pela palavra habilidade. 
Segundo Gomes (2003), a palavra habilidade tem um sentido relativamente estável, 
diferentemente da palavra competência. As habilidades estão relacionadas ao saber fazer: 
capacidade física ou mental que indica a capacidade adquirida. Gomes (2003, p.31) afirma 
que “compreender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar, 
julgar, correlacionar e manipular são exemplos de habilidades”. Para o autor, as habilidades 
referem-se a um saber aprender, saber fazer, saber proceder. Reforça o autor que; “assim 
entendidas, várias habilidades articuladas e direcionadas à ação solucionadora, em uma 
determinada situação, constituem uma competência”. 
 Segundo Machado (2002), a capacidade de expressão e a capacidade de argumentação 
são características básicas em qualquer profissional. Com o contador não é diferente, já que 
ele precisará desses atributos para repassar, de forma clara, exata e convincente, as 
informações do balanço patrimonial, por exemplo, aos vários escalões da empresa. 
 A Resolução CNE/CES n. 10/2004, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais 
do Curso de Graduação em Ciências Contábeis, Bacharelado, aborda também as competências 
e habilidades a serem desenvolvidas durante a formação, que são contempladas no seu Artigo 
4º, e que estabelece o seguinte: 
 
I - utilizar adequadamente a terminologia e a linguagem das Ciências Contábeis e 
Atuariais; 
II - demonstrar visão sistêmica e interdisciplinar da atividade contábil; 
III - elaborar pareceres e relatórios que contribuam para o desempenho eficiente e 
eficaz de seus usuários, quaisquer que sejam os modelos organizacionais; 
IV - aplicar adequadamente a legislação inerente às funções contábeis; 
V - desenvolver, com motivação e através de permanente articulação, a liderança 
entre equipes multidisciplinares para a captação de insumos necessários aos 
controles técnicos, à geração e disseminação de informações contábeis, com 
reconhecido nível de precisão; 
VI - exercer suas responsabilidades com o expressivo domínio das funções 
contábeis, incluindo as atividades atuariaise de quantificações de informações 
 
 
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financeiras, patrimoniais e governamentais, que viabilizem aos agentes econômicos 
e aos administradores de qualquer segmento produtivo ou institucional o pleno 
cumprimento de seus encargos quanto ao gerenciamento, aos controles e à prestação 
de contas de sua gestão perante a sociedade, gerando também informações para a 
tomada de decisão, organização de atitudes e construção de valores orientados para a 
cidadania; 
VII - desenvolver, analisar e implantar sistemas de informação contábil e de controle 
gerencial, revelando capacidade crítico analítica para avaliar as implicações 
organizacionais com a tecnologia da informação; 
VIII - exercer com ética e proficiência as atribuições e prerrogativas que lhe são 
prescritas através da legislação específica, revelando domínios adequados aos 
diferentes modelos organizacionais. 
 
 As novas exigências desse mercado requerem do Contador uma formação abrangente 
que Kounrouzam (2006) relaciona da seguinte forma: 
 
a) Competências gerais – envolvem conhecer e entender as correntes econômicas, 
políticas sociais e culturais de uma forma global; 
b) Competências comerciais – referem-se ao conhecimento do segmento de 
mercado em que esteja atuando; 
c) Competências organizacionais – conhecimento do processo operacional da 
organização em sua área de atuação, através do conhecimento e interação entre 
o mercado e o grupo organizacional; 
d) Competências técnicas – conhecimento das normas e princípios contábeis, ser 
capaz de desenvolver, analisar e implantar sistemas de informações contábeis e 
de controle gerencial. 
 
Essa realidade de mercado requer do contador características não desenvolvidas em 
seu processo de formação. Embora seja muito importante, a formação técnica não supre às 
necessidades das organizações, pois, o contador não é mais um sujeito direcionado 
exclusivamente a serviços burocráticos, ele gerencia pessoas, coordena reuniões que visam o 
desenvolvimento da empresa, relaciona-se com acionistas e profissionais dos mais variados 
escalões, buscando soluções dentro e fora da empresa. Em virtude disso, Marion (2001, p. 98) 
identifica a necessidade de uma reestruturação do processo educacional, onde o acadêmico 
deve ser preparado com um amplo conjunto de habilidades, destacando: a habilidade em 
comunicação, habilidade intelectual e habilidade no relacionamento com as pessoas. 
3. MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA 
Esta pesquisa caracteriza-se como sendo descritiva, com método quantitativo e 
levantamento ou survey. O estudo foi realizado junto aos formandos dos cursos de Ciências 
Contábeis das IES situadas na Mesorregião do Vale do Itajaí/SC que é composta pelas 
Microrregiões de Blumenau, Itajaí, Rio do Sul e Ituporanga. As IES que fazem parte desta 
mesorregião são: Centro Universitário de Brusque – Unifebe, situado em Brusque/SC, 
Universidade Regional de Blumenau – FURB, situado em Blumenau/SC, Universidade para 
o Desenvolvimento do Vale do Itajaí – UNIDAVI, situada em Rio do Sul/SC, Fundação 
Educacional Hansa Hammonia – FEHH, situada em Ibirama/SC e a Universidade do Vale do 
Itajaí – UNIVALI, situada em Itajaí/SC. 
 
 
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O total de formandos do curso de Ciências Contábeis foi de 290 estudantes. 
Utilizando a fórmula de Barbetta (2003), a mostra foi 168. Como o pesquisador aplicou o 
instrumento de pesquisa nas salas de aula, onde estudam os acadêmcos, extrapolou-se a 
mostra, ficando em 223 acadêmicos formandos. 
O questionário foi estruturado, com a maioria das questões fechadas, sendo utilizada 
uma escala do tipo Likert para possibilitar maior grau de liberdade aos respondentes, que 
tiveram de atribuir a essas afirmações um grau de concordância ou discordância. (MATTAR, 
1996). Nesta pesquisa, optou-se por uma escala de 1 a 5, onde 1 representa o menor e 5 
representa o maior peso para a questão. 
Quanto aos procedimentos para a coleta dos dados: inicialmente contatou-se os 
coordenadores dos Cursos de Ciências Contábeis de cada Instituição, com o intuito de 
solicitar autorização para aplicar o questionário. Com o objetivo dinamizar a coleta de dados 
eficiente e de atingir um número expressivo de acadêmicos, o questionário foi aplicado na 
sala de aula dos acadêmicos do último ano de sua formação. 
Os dados coletados através do questionário foram digitados em base de dados 
utilizando o software Excel. Para análise das questões relativas ao perfil pessoal e 
profissional, utilizou-se a técnica estatística de distribuição de freqüências, onde os resultados 
foram apresentados na forma de tabelas de freqüência. Já em questões relativas aos fatores 
que influenciaram os acadêmicos formandos na escolha do curso de Ciências Contábeis, as 
contribuições do Curso de Ciências Contábeis para a sua vida pessoal e profissional, e as 
questões relacionadas à Resolução CNE/CES n. 10/2004 que regulamenta o curso de Ciências 
Contábeis no Brasil foram analisadas utilizando-se os conjuntos difusos. A lógica difusa é 
diferente da lógica clássica, na lógica difusa se pode admitir diferentes graus de pertinência 
para os valores em relação aos conjuntos. Admite-se uma flexibilidade no tratamento dos 
valores a serem analisados. Uma média apresentada de 3,7 em uma questão do questionário 
aplicado, por exemplo, pode-se admitir que a nota seja 3, mas o valor está mais próximo de 4. 
Portanto, há um grau de pertinência de 70% à nota 4, em de 30% à nota 3. 
4. O CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NA MESOREGIÃO DO VALE DO 
ITAJAÍ – SC 
A história do ensino de Contabilidade na Mesorregião do Vale do Itajaí está 
vinculada à história da Universidade Regional de Blumenau – FURB, primeira instituição a 
oferecer o curso no interior do Estado de Santa Catarina. Segundo FURB (2007), o curso de 
Ciências Contábeis foi implantado em março de 1972, autorizado pelo Dec. n° 69.931 de 
13/01/1972 e reconhecido pelo Dec. n° 79.070 de 30/12/1976. 
Durante alguns anos, a FURB foi a única instituição a oferecer o curso de Graduação 
em Ciências Contábeis na região, entretanto, o curso tem se propagado por toda Mesorregião 
do Vale do Itajaí – SC, sendo, atualmente, ofertado por cinco instituições que fazem parte do 
sistema ACAFE. As instituições em conjunto apresentavam em 2006, 290 estudantes 
formandos. 
 
 
 
 
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 CARATERIZAÇÃO DOS FORMANDOS 
 
 Quanto às características pessoais dos acadêmicos do último ano de formação, 
verificou-se que 39,91% dos pesquisados são do sexo masculino e 60,09% do sexo feminino. 
A maior parte tem entre 20 e 30 anos (81,17%), seguidos por 14,35% com idade entre 31 e 40 
anos. Observou-se que 30,49% dos acadêmicos formandos atuam em Empresas de Serviços 
Contábeis e 85,20% prestam serviços a empresas de pequeno porte. Com relação a 
empregabilidade, 100% dos acadêmicos pesquisados estão trabalhando, demonstrando, um 
índice de empregabilidade elevado para os formandos da área na região pesquisada. 
A opção dos acadêmicos pelo curso de graduação em Ciências Contábeis deve-se ao 
espaço no mercado de trabalho e a valorização da profissão pela sociedade. 
 CONTRIBUIÇÕES DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS PARA A VIDA 
PESSOAL E PROFISSIONAL 
Quanto ao objetivo de conhecer de que forma o curso de Ciências Contábeis 
contribuiu para sua vida pessoal e profissional, os resultados demonstram que há um 
equilíbrio em relação às características apresentadas. As mais pontuadas na visão dos 
acadêmicos foram: capacidade de receber e transmitir informações, capacidade de interagir na 
sociedade e nas organizações, conhecimentos de organizações e negócios, capacidade de 
organizar e delegar tarefas. 
 CONTRIBUIÇÕES DAS DIRETRIZES CURRICULARES 
 O primeiro eixo de formação básica descrito na Resolução CNE/CSE n. 10/2004 está 
relacionado às disciplinas de formação básica. A maioria, 80,72%, dos pesquisados respondeu 
que não tiveram opção na escolha das disciplinas e 19,28% tiveram opção de escolha. Dentre 
os conteúdos de formação básica descritos no segundoeixo de formação da Resolução, os 
acadêmicos consideram de maior importância: matemática financeira, com média 4,8, 
administração financeira com 4,4, matemática básica e direito com 4,1 e administração com 4. 
As disciplinas consideradas pelos formandos como de menor importância foram: metodologia 
científica com 2,8, psicologia com 2,5, sociologia com 1,8 e filosofia 1,7. 
Pelas médias apresentadas, pôde-se perceber claramente a importância data pelos 
formandos às disciplinas de formação técnica. Talvez isso se deva a forma com que as 
disciplinas como sociologia, filosofia e psicologia têm sido inseridas no curso, sem que o 
acadêmico tenha uma clara visão da importância dessas para sua formação. Essa rejeição 
também pode estar associada às notas baixas obtidas pelos alunos nessas áreas de estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tabela 1 - Contribuições das disciplinas de formação básica 
 
Características apresentadas na formação Nota média 
Ampliou seu vocabulário tanto para escrever quanto para falar 3,6 
Transmite com maior facilidade as informações 3,7 
Ampliou sua capacidade de se expressar em público 3,3 
Tornou seu discurso mais objetivo na transmissão de uma informação 3,3 
Ampliou sua capacidade de entender o que ouve 3,9 
 
Fonte: dados da pesquisa 
 
As contribuições dessas disciplinas também foram analisadas pelo método dos 
conjuntos difusos. Como destaque, pode-se apresentar as seguintes contribuições: transmitiu 
conhecimentos úteis à atividade profissional com nota média 4,1, ampliou conhecimentos 
gerais com 4,0, ampliou sua capacidade de entender o que ouve com 3,9, aumentou a 
capacidade de pensar criticamente com 3,8, ampliou sua capacidade de compreensão do que 
lê com 3,7, transmite com maior facilidade as informações com 3,7 e ampliou seu vocabulário 
tanto para escrever quanto para falar com 3,6. 
Com relação às disciplinas que fazem parte do segundo eixo, descritas na Resolução 
CNE/CSE n. 10/2004, conteúdos de formação profissional, os acadêmicos formandos 
consideram de maior importância: Contabilidade de Custos, Contabilidade Tributária e 
Contabilidade Geral, com nota média 4,4. Em seguida Contabilidade Intermediária com 4,3, 
Análise das Demonstrações Contábeis com 4,2 e as disciplinas de Controladoria, 
Contabilidade Aplicada, Perícia Contábil e Auditoria com 4. A menor média - 2,9 - foi para a 
disciplina de Tópicos Contemporâneos em Contabilidade, possivelmente, por essa não 
integrar a prática cotidiana do profissional. Verifica-se certo equilíbrio entre as características 
de contribuição dessas disciplinas, entretanto, aponta-se maior ênfase em relação a: utilizar 
adequadamente a terminologia e linguagem das Ciências Contábeis, aplicar adequadamente a 
legislação vigente inerente às funções contábeis, exercer suas responsabilidades com domínio 
das funções contábeis e gerar informações para tomada de decisão. 
Os acadêmicos pesquisados demonstram preferência pelas disciplinas práticas, como 
por exemplo, Prática em Laboratório com o uso de softwares, com nota 3,8, podendo ser 
considerada como 80% da nota média obtida como uma disciplina “importante” para os 
acadêmicos, com um viés de 20% para indiferente. Talvez pudesse ser “importante” na sua 
totalidade, mas, a maioria dos acadêmicos pesquisados atua na área contábil e desenvolve tais 
atividades na organização onde trabalha. Em seguida, a valorização do acadêmico por 
“palestras com temas relacionados à profissão contábil” com nota 3,6. A nota média 
apresentada tem 60% como sendo uma atividade “importante” no curso, mas com um viés de 
40% para “indiferente”. O TCC – Trabalho de Conclusão de Curso com nota 3,5 e o “estágio 
curricular supervisionado” com nota 3,4 ficaram praticamente empatados em seu grau de 
importância para os acadêmicos formandos. Pode-se perceber, novamente, que os acadêmicos 
que trabalham na área não atribuem muita importância a tais atividades no curso de Ciências 
Contábeis. A Semana do Curso de Ciências Contábeis ficou com a nota média dividida entre 
3 e 4, 50% da nota média considerada como uma atividade “importante” e os outros 50% 
como “indiferente”. Por último, considerada uma atividade das menos importantes entre as 
apontadas para escolha, os acadêmicos formandos do curso de Ciências Contábeis deram nota 
 
 
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média 3,1 como sendo uma atividade praticamente “indiferente” no curso com 90% da nota 
apontando para este quesito, mas com um viés de 10% para “importante”. 
Quanto às disciplinas que fazem parte do terceiro eixo, conteúdos de formação 
teórico-prática, da referida Resolução, os acadêmicos formandos consideram de maior 
importância a Prática em Laboratório com o uso de softwares, com nota média 3,8, a 
atividade considerada como sendo a de menor importância pelos formandos é Estudos 
Independentes com nota média 3,1. A valorização destas disciplinas foram apresentadas pelos 
acadêmicos com maior ênfase nas seguintes características: ampliar conhecimento em área 
específica e reconhecer os documentos contábeis. Percebe-se que a primeira vem ao encontro 
dos Trabalhos de Conclusão de Curso – TCC e a segunda relaciona-se a prática em 
laboratório de informática 
 
Tabela 2 – Contribuição das disciplinas de formação teórico práticas 
 
Características apresentadas na formação Nota média 
Ampliar conhecimento em área específica 4,3 
Reconhecer os documentos contábeis 4,1 
Utilizar a prática contábil em um sistema informatizado 3,8 
Participar das atividades diárias da profissão contábil 3,6 
Promover momentos de reflexão e discussão acerca de temas ligados às Ciências 
Contábeis no Brasil e no Mundo 3,3 
 
Fonte: dados da pesquisa 
 
 Como se pode observar na tabela apresentada, na opinião dos acadêmicos formandos, 
a característica mais apresentada no curso de Ciências Contábeis, tratando-se das disciplinas 
de formação teórico práticas, “foi ampliar conhecimento em área específica” com nota média 
4,3. Apontada como uma característica “encontrada” com 70% da nota média, mas com uma 
intenção de 30% apontando para uma característica “muito encontrada”. Em seguida, a 
característica “reconhecer os documentos contábeis” com nota 4,1, sendo 90% da nota como 
“encontrada”, mas com um viés de 30% para “muito encontrada”. 
 
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 
Levando-se em conta a adequação da formação superior às necessidades dos 
profissionais da área de Ciências Contábeis e a atuação desses no mercado, esta pesquisa teve 
como principal objetivo conhecer a contribuição dos conteúdos curriculares dispostos na 
Resolução CNE/CES n. 10/2004 para os acadêmicos formandos. Esta questão da pesquisa 
vem ao encontro da afirmativa de Delors (2000) de que não é suficiente o indivíduo acumular 
determinada quantidade de conhecimento como se isso fosse suficiente para o resto da vida. O 
indivíduo deve estar em constante aperfeiçoamento, atualizando-se e aprofundando-se nos 
assuntos de seu interesse, aproveitando todas as oportunidades para atualizar-se. 
Quanto ao objetivo de conhecer de que forma o curso de Ciências Contábeis 
contribuiu para sua vida pessoal e profissional, os resultados demonstram que há um 
equilíbrio em relação às características apresentadas. Como destaque pode-se apresentar as 
 
 
9
 
seguintes características mais pontuadas na visão dos acadêmicos: capacidade de receber e 
transmitir informações, capacidade de interagir na sociedade e nas organizações, 
conhecimentos de organizações e negócios, capacidade de organizar e delegar tarefas. As 
características apresentadas estão de acordo com as competências do profissional, propostas 
pelos autores Fleury e Fleury (2000) descritas como: saber comunicar, ter visão estratégica, 
saber aprender etc. Percebe-se a falta de um trabalho de esclarecimento junto aos acadêmicos 
sobre a legislação vigente e a grade curricular do curso de Ciências Contábeis. Em contra 
partida, o desconhecimento apresentado nas respostas, demonstra que os acadêmicos também 
não manifestam interesse nessalegislação 
Pelas notas médias apresentadas, pode-se perceber claramente a importância data 
pelos formandos às disciplinas de formação técnica. Talvez isso se deva a associação das 
disciplinas como sociologia, filosofia e psicologia a notas mais baixas ou, ainda, a forma 
como tais disciplinas têm sido trabalhadas, sem que o acadêmico perceba sua importância 
para profissão contábil. 
Os resultados apresentados demonstram certo equilíbrio entre as características 
apresentadas pelos acadêmicos formandos em suas respostas, com aquelas propostas pelo Art. 
3º da Resolução CNE/CES n. 10/2004, que estabelece quais as características que o formando 
em Ciências Contábeis deve apresentar ao final do curso. 
O trabalho demonstra que, embora os cursos de Ciências Contábeis cumpram com o 
estabelecido pelas Diretrizes Curriculares, ainda não se desenvolveu a consciência de que o 
aperfeiçoamento das habilidades e competências dos alunos não se faz apenas por uma 
modificação curricular. É preciso que os coordenadores de curso e os professores percebam 
que os saberes devem estar conectados entre si e com a realidade organizacional para que haja 
uma aprendizagem global. 
Recomenda-se, portanto, a adoção de estratégicas que conscientizem os alunos e 
professores de que o todo organizacional e a integração dos saberes, técnicos e 
complementares, são fundamentais para a atividade profissional do contador e para o aluno 
como ser humano. 
 
 
 
 
 
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