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POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS ACADEMIA DE POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS CURSO LIVRE A DISTÂNCIA SAÚDE MENTAL EM TEMPOS DE PANDEMIA Administração: Dra. Cinara Maria Moreira Liberal Belo Horizonte – 2020 3 SAÚDE MENTAL EM TEMPOS DE PANDEMIA EQUIPE DIDÁTICO PEDAGÓGICA Coordenação Geral Dra. Cinara Maria Moreira Liberal Subcoordenação Geral Dr. Alcides Costa Coordenação Didático-Pedagógica Rita Rosa Nobre Mizerani Produção do Material: Polícia Civil de Minas Gerais Revisão e Edição: Divisão Psicopedagógica - Academia de Polícia Civil de Minas Gerais Conteudistas: Marcela Sena Braga Yara Vieira Lemos Reprodução Proibida 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 5 2. UNIDADE I – HISTÓRICO ............................................................................. 6 2.1 Etimologia e Definições ................................................................................ 6 2.1.1 Influenza e Gripe ....................................................................................... 6 2.1.2 Endemia, Epidemia e Pandemia ............................................................... 6 2.2. As pandemias .............................................................................................. 9 3. UNIDADE II – Coronavírus (SARS – Cov-2) ........................................... 15 3.1 Principais Sintomas .................................................................................... 18 3.2 Como se prevenir e evitar a transmissão para outras pessoas? ................ 19 3.3 Máscaras .................................................................................................... 22 3.4 Cuidados em Casa ..................................................................................... 26 4. UNIDADE III – Saúde mental no tempo da pandemia COVID-19 .......... 28 4.1 Isolamento e Quarentena ........................................................................... 30 4.2 Infodemia .................................................................................................... 32 4.3. Principais sinais de alerta sobre sintomas psiquiátricos e psicológicos .... 34 4.4 Principais Transtornos Psiquiátricos .......................................................... 35 5. UNIDADE IV - Meios de Proteção à Saúde Mental .................................. 39 5.1 Recomendação de Proteção da Saúde Mental durante a Pandemia COVID-19, segundo recomendações da OMS/2020. ....................................... 39 5.1.1 População Geral ...................................................................................... 39 5.1.2 Cuidadores de Crianças .......................................................................... 40 5.1.3. Idosos, cuidadores e pessoas com problemas de saúde ....................... 42 5.1.4 Pessoas em isolamento .......................................................................... 43 5.2 Manejo do estresse segundo a ONU – Nações Unidas (Brasil) ................. 44 6. ONDE PROCURAR AJUDA? ...................................................................... 46 7. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 47 5 1. INTRODUÇÃO Muito além de um assunto restrito às cadeiras de ciências da saúde, a pandemia: “toca todos os domínios da sociedade e desorganiza a vida da cidade, a única que coloca os cadáveres na rua, que muda a tal ponto as mentalidades” (BLONDEAU: 1986, p.80). O momento de exceção que estamos vivendo agora não é exclusividade de nossa geração. A pandemia é uma certeza, só não sabemos quando ela acontecerá novamente, qual será sua dimensão e suas circunstâncias. Camus, em seu livro intitulado “A Peste” já dizia que: “Os flagelos, na verdade, são uma coisa comum, mas é difícil acreditar neles quando se abatem sobre nós. Houve no mundo igual número de pestes e de guerras. E contudo as pestes, como as guerras, encontram sempre as pessoas igualmente desprevenidas” (CAMUS: 1947). A peste mostra como cada um se comporta diante de uma situação de restrição às liberdades individuais como o imposto pela guerra ou por uma epidemia. A peste, muito mais do que nos desafiar enquanto seres vivos, desnuda todas as fraquezas, insuficiências e problemas da nossa sociedade(CAMUS: 1947). Em tempos de pandemia, distanciamento social, quarentena, isolamento, interrupção de aulas e do comércio, interrupção de viagens, cancelamento de reuniões, festas e aniversários e, algumas vezes dos funerais, as pessoas veem sua rotina e seus planos mudarem drasticamente. A restrição à liberdade é comum e, em muitos casos, também é necessário fazer a gestão da escassez.Decisões delicadas, mudanças normativas frequentes, caracterizam de forma implacável esses períodos que desafiam a humanidade diante de agravos à saúde classificados como pandemias. Diante desse momento de exceção, diante das medidas de distanciamento social, alguns cuidados para manter sua saúde mental são importantes. Esse curso lhe dará algumas ferramentas que podem melhorar o seu dia a dia e a sua saúde mental em tempos de pandemia. 6 2. UNIDADE I – HISTÓRICO 2.1 Etimologia e Definições 2.1.1 Influenza e Gripe A palavra influenza, segundo Rezende (2009), é oriunda da língua italiana edesigna uma crendice popular de um flagelo (doença) causado por influência oculta dos céus, infligido por Deus à humanidade, como castigo por seus pecados. Surgiu no século XIV, o século da Peste Negra, a maior e mais mortífera de todas as epidemias da História. Outra possibilidade é que o termo influenza esteja relacionado à influência do tempo/clima uma vez que os surtos da influenza são mais frequentes no inverno, em italiano influenza di freddo. Gripe, de acordo com Rezende (2009) deriva da língua francesa grippe(aperto) e existe desde o século XIII. Foi empregada como termo médico a partir de 1743 e designa o início súbito de seus sintomas. Outra possibilidade é que tenha surgido da língua suíça-alemã grüppen, que significa acocorar-se, tremer de frio, estar mal. Passou para a língua portuguesa em 1881. Os termos gripe e influenza são tidos como sinônimos. Influenza está mais frequentemente presenteem documentos médicos. O termo gripe é mais presente na linguagem popular (REZENDE, 2009). Por outro lado, de acordo com Fuchs (2018), InfluenzaA, B e Cdesigna os tipos principais (gênero) de vírus causadores da gripe. 2.1.2 Endemia, Epidemia e Pandemia De acordo com Gordis (2017), endemia é definida como a presença habitual de uma doença em determinada área geográfica. Epidemia é definida como a ocorrência de uma doença em uma comunidade ou região, excedendo claramente a expectativa normal, derivada de uma fonte comum de propagação. Por fim, pandemia é definida como uma epidemia de dimensões mundiais. 7 Figura 1. Representação gráfica da endemia e da epidemia. Dessa forma, para se definir uma condição como epidêmica ou endêmica é preciso estabelecer quais seriam os níveis usuais de ocorrência desse agravo à saúde na população de determinada área naquele período. Isso é obtido com a vigilância epidemiológica, através do levantamento do número de casos novos desse agravo em um período não epidêmico. No Brasil, a elevação do número de casos de dengue no período chuvoso do ano é comum, mas em alguns locais, onde ocorre aumento excessivo de casos, configura-se uma situação epidêmica (MOURA; ROCHA, 2012). Epidemias são influenciadas por diversos fatores que a condicionam ou a determinam tais como fatores econômicos, sociais, culturais, ecológicos, psicossociais e biológicos. De acordo com Moura e Rocha (2012), alguns desses fatorespodem ser modificados ou alterados por nós, outros dependem de características intrínsecas dos organismos responsáveis pela doença e de susceptibilidade individual. Mutação do agente infecioso e transmissibilidade do mesmo são fatores que não conseguimos influenciar. Alguns fatores se relacionam com o tipo de estrutura sócio política das diferentes localidades tais como miséria, 8 privações, habitações precárias, falta de saneamento básico, falta de água tratada, ocupação desordenada do território, hábitos de higiene, hábitos alimentares, higiene respiratória, poluição atmosférica, condições climáticas e ambientais, estresse, uso de drogas, falta de atividades e locais de lazer. Dessa forma as pandemias também atingirão as localidades com a mesma intensidade considerando os determinantes biológicos (susceptibilidade individual, características do agente transmissor, transmissibilidade e letalidade); e atingirão as diferentes localidades de forma desigual dependendo da resposta e da organização prévia de cada local, da rede de saúde pública, da desigualdade social (GORDIS, 2017). Em todo caso, a pandemia caracteriza-se por um forte aumento de casos de uma dada enfermidade, gerando grandes impactos, seja por sua propagação territorial, seja pela gravidade das ocorrências, o que resulta em número expressivo de casos severos ou mortes (VENTURA, 2009). Trazendo os conceitos aprendidos para as síndromes respiratórias agudas graves (SRAG-hospitalizados) em pacientes hospitalizados no Brasil, no período compreendido entre 30/12/2018 a 29/06/2019 foram notificados 2.231 óbitos por SRAG, de acordo com o monitoramento realizado pela Secretaria de Vigilância em Saúde (Brasil (2019). Legenda: Distribuição dos óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave segundo agente etiológico e semana epidemiológica no início dos sintomas no Brasil em 2019, de 30/12/2018 a 29/06/2019, distribuídos nas 26 semanas epidemiológicas correspondentes. Fonte: Brasil (2019). Para se ter um critério de comparação, agora, na vigência da pandemia pelo coronavírus, de acordo com a World Health Organization (2020), tivemos desde o 9 primeiro caso confirmado no Brasil, em 25/02/2020, até a data de hoje, 21/04/2020 (intervalo de 10 semanas), 2.462 mortes confirmadas para COVID-19. Ou seja, a letalidade por SRAG no Brasil, excedeu claramente a expectativa normal, derivada de uma fonte comum de propagação, o vírus SARS-CoV-2 (novo coronavírus), que causa a doença COVID-19. Considerando que se trata de uma epidemia de dimensões mundiais, temos aqui uma pandemia. Legenda: distribuição global dos casos confirmados e de óbitos pela COVID-19, atualizado em 21/04/2020. Fonte: World Health Organization (2020). Provavelmente hoje, no dia em que você está lendo essa apostila, o cenário deve estar diferente do exposto no gráfico acima. Que tal consultar o site e verificar a situação atualizada no mundo e nos diferentes países? É só clicar no link abaixo: https://covid19.who.int/ 2.2. As pandemias Da mesma forma que os seres humanos se espalharam pelo mundo, assim também se espalharam as doenças infecciosas(AJVARI, 2008). Mesmo na era moderna, os surtos são quase constantes, embora nem todos os surtos atinjam um nível de pandemia, como o novo coronavírus. O cenário que estamos vivendo é semelhante ao que já ocorreu em outros momentosda humanidade. 10 A evolução das moradias verticais, a urbanização, o maior contato entre as pessoas, as aglomerações, as escolas, muito trouxeram de modernidade e oportunidades. No entanto, com a migração das comunidades agrárias, mais espaçosamente distribuidas no espaço, para as grandes cidades, muito concentradas, a a escala e a disseminação das doenças infeciosas aumentaram dramaticamente(AJVARI, 2011). O comércio global criou novas oportunidades para interações humanas e animais que aceleraram as epidemias. Quanto mais humanos civilizados se tornassem - com cidades maiores, rotas comerciais mais exóticas e maior contato com diferentes populações de pessoas, animais e ecossistemas - mais prováveis a ocorrência de pandemias(AJVARI, 2011). Muitas pandemias ocorreram ao longo da história da humanidade. Um registro gráfico facilita a compreensão desses fenômenos pandemicos, tão presentes na história. Os reais impactos da Covid-19 ainda não são previsíveis uma vez que se trata de uma pandemia em curso, podendo gerar diferentes cenários que ainda não conhecemos. 11 Legenda: as maiores pandemias que ocorreram ao longo da história. Fonte: World Economic Forum (2020). 12 Legenda: letalidade das pandemias ao longo da história. Fonte: Lepan (2020). 13 De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (2020, a peste bubônica é causada pela bactéria Yersinia pestis com disseminação pelo contato com pulgas e roedores infectados. A doença, também denominada Peste Negra, assolou a Europa no século XIV, matando entre 75 e 200 milhões pessoas. Estima- se que a doença pode ter reduzido a população mundial de 450 milhões de pessoas para 350 milhões. Nessa época teve início a quarentena, em um esforço para proteger as cidades costeiras das epidemias de peste. As autoridades portuárias, cautelosas, exigiram que os navios que chegassem à Veneza, dos portos infectados, ficassem ancorados por 40 dias antes do desembarque. Daí vem a origem da palavra quarentena do italiano quaranta giorni, ou 40 dias. A idumentária utilizada pelos médicos europeus à época da peste bulbônica era similar a que se utiliza hoje, com uma diferença, a região no nariz era preenchida por ervas para afugentar o miasma que se acreditava ser o transmissor da doença. Legenda: Máscara utilizada por médicos. Fonte: German Museum of Medical History in Ingolstadt. Outra importante pandemia foi a da gripe espanhola, em 1918, de acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (2020). Estima-se que ela tenha tirado a 14 vida de entre 40 e 50 milhões de pessoas. Causada por um tipo de vírus influenza bastante letal. No Brasil teve impactos catastróficos e instaurou o terror no país. Tirou a vida do presidente eleito, Rodrigues Alves, paralisou o comércio, as escolas, cinemas, teatros, jardins, igrejas. O vírus teria vindo da Europa, a bordo do navio Demerara. O transatlântico desembarcou passageiros infectados no Recife, em Salvador e no Rio de Janeiro em setembro de 1918, exatamente no período que coincidiu com a onda mais letal da pandemia de gripe espanhola, a segunda onda. Os sintomas da doença eram similares com a Covid-19 e não havia medicação para tratamento. Matou seis vezes mais pessoas que a primeira guerra mundial (8,5 milhões). Há uma carência de estatísticas relativas ao impacto da Gripe Espanhola no Brasil. As interações criadas através do comércio e da vida urbana desempenham um papel central nas pandemias, mas não podemos esquecer do papel da natureza virulenta de determinadas doenças que indica a trajetória de uma pandemia. Diferentemente de outras épocas, agora é possível manter o distanciamento social para ajudar a reduzir a taxa de infecção, e com o mundo digital, é possível que as pessoas mantenham conexões e comércio como nunca antes. Isso difere enormemente o que estamos vivendo agora de outras pandemias. A evolução da educação à distância também permite que, mesmo diante dessa situação pandêmica, possamos continuar a aprender e a disseminar importantes informações. Muitas vezes a origem das pestes eram relacionadas a fatores religiosos, o que infelizmente gerava atrasos no real combate das pandemias. Felizmente, a compreensão da humanidade sobre as suas causas melhorou, resultandoem uma melhoria na resposta às pandemias modernas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA TROPICAL, 2020). 15 3. UNIDADE II – Coronavírus (SARS – Cov-2) Hoje estamos vivenciando uma pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2. Os primeiros casos da doença, denominada de COVID-19, surgiram na China, no final do ano de 2019. Em todo o mundo já são 2.074.529 casos confirmados e cerca de 139,378 mortes pela doença (atualizado em 17/04/2020). Legenda: número total de infectados, número de infectados ativos, número de infectados curados, número de óbitos e taxa de letalidade. Fonte: La Nacion (2020). Todo vírus precisa de auxílio de um ser vivo para se reproduzir. Os vírus são constituídos de apenas seu material genético, seja DNA, seja RNA. Ao contrário de bactérias, não possuem a capacidade para reprodução. Para fazê-lo, invadem uma célula de um organismo vivo (animal ou vegetal) para copiar seu próprio material genético e construir novos vírus. As células invadidas formam inúmeros novos vírus iguais ao invasor (AJVARI, 2008). 16 O Brasil mostra 2.347 mortes em decorrência do novo coronavírus e 36.599 casos confirmados, de acordo com a atualização em 18/04/2020 da Secretaria de Vigilância em saúde (BRASIL, 2020). Legenda: Painel do Coronavírus no Brasil. Fonte: Brasil (2020). Uma das frentes de atuação no mundo para combater ao novo coronavirus é a adesão das pessoas às políticas para retardar a propagação do vírus, como por exemplo, o distanciamento social. A COVID-19 é uma doença infecciosa causada por um coronavírus recém descoberto (o novo coronavírus, como vamos chamá-lo nesse curso), cujo nome científico é SARS-CoV-2. Trata-se de um vírus da família dos Coronavírus (CoV), que já são conhecidos desde meados da década de 60. São vírus da mesma família da Síndrome Respiratória Aguda (SARS – SARS-CoV) e da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS – MERS-CoV). Segundo a Organização Mundial de Saúde. O nome é devido às espículas na em sua superfície que lembram uma coroa, do latim corona (SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA, 2020). 17 Os coronavírus estão por toda parte. Eles são a segunda principal causa de resfriado comum (após rinovírus) e, até as últimas décadas, raramente causavam doenças mais graves em humanos do que o resfriado comum.Os coronavírus são uma grande família viral que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais. A primeira vez que esse agente infeccioso foi identificado em humanos e isolado foi em 1937. Sua descrição como coronavírus aconteceu em 1965, quando a análise de perfil na microscopia revelou essa aparência em forma de coroa. Os tipos mais comuns de coronavírus que infectam humanos são o Alpha coronavírus 229E e NL63, o Beta coronavírus OC43 e o HKU1(SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA, 2020). Ainda há outros coronavírus, com maior gravidade, o SARS-CoV(que causa síndrome respiratória aguda grave), o MERS-CoV(que causa síndrome respiratória do Oriente Médio) e agora o SARS-CoV-2 (o novo coronavírus que causa a doença COVID-19). O novo coronavírus é o sétimo dessa grande família de vírus capazes de infectar humanos, sua nova variante foi, inicialmente identificada de forma isolada na china em 07/01/2020. Sua identificação aconteceu em investigação epidemiológica após uma série de casos diferentes de problemas respiratórios de causa desconhecida, com o primeiro caso registrado em 31/12/2019 na cidade de Wuhan na China.Acredita-se que a fonte primária do novo coronavírus seja animal, e ter em morcegos a sua origem assim como a SARS-CoV e o MERS-CoV(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020). De acordo coma a Organização Pan-americana da Saúde (2020), em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. O termo “pandemia” se refere à distribuição geográfica de uma doença e não à sua gravidade. A designação reconhece que, no momento, existem surtos de COVID-19 em vários países e regiões do mundo. O novo coronavírusé extremamente transmissível. Isso ocorre, principalmente, por gotículas de saliva ou secreção nasal quando uma pessoa infectada tosse ou espirra, por isso é importante que você pratique etiqueta respiratória (por exemplo, tossindo em um cotovelo flexionado). 18 Legenda: aerossol derivado de um espirro ilustrando a importância da realização da higiene respiratória. Fonte: foto de James Gathany. No momento, não existem vacinas ou tratamentos específicos para o COVID- 19. No entanto, existem muitos ensaios clínicos e frentes de trabalho em andamento avaliando possíveis tratamentos. (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICA DA SAÚDE, 2020). 3.1 Principais Sintomas A maioria das pessoas infectadas com o vírus COVID-19 experimentará doença respiratória leve a moderada e se recuperará sem a necessidade de tratamento especial. Os idosos e aqueles com problemas médicos subjacentes, como doenças cardiovasculares, diabetes, doenças respiratórias crônicas e câncer, têm mais probabilidade de desenvolver a forma grave da doença (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020). Os sintomas podem variar desde um resfriado simples até uma pneumonia severa. Pode haver perda repentina parcial do olfato (hiposmia) ou total (anosmia) e paladar, antes do início dos clássicos sintomas, que podem ou não sobrevir, tais como tosse seca, febre alta, calafrios, dores no corpo edificuldade para respirar. 19 Poucas pessoas relatam diarreia, náusea ou coriza. Pessoas com febre, tosse ou dificuldade em respirar devem chamar seu médico ou procurar atendimento médico. Sua transmissão se dá por contato próximo através do toque do aperto de mão, gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, objetos ou superfícies contaminadas como celulares, mesas, maçanetas, brinquedos, teclados de computador etc. (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020). Legenda: sintomas da Covid-19. Fonte: Foto de Andrea Piacquadio 3.2 Como se prevenir e evitar a transmissão para outras pessoas? De acordo com a Organização Pan-americana da Saúde (2020) a melhor maneira de prevenir e desacelerar a transmissão é estar bem informado sobre a COVID-19. Proteja-se e a outros de infecções lavando as mãos com água e sabão ou, na ausência desses, usando álcool gel com frequência. Evite tocar no seu rosto. 20 Legenda: medidas para prevenir e conter o coronavírus. Fonte: Foto de Anna Shvets Para se prevenir e conter o coronavírus é fundamental entender como ele é transmitido, sempre atentando para a busca de informações de fontes confiáveis. De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2020), a transmissão da COVID-19 acontece de uma pessoa doente para outra ou por contato próximo por meio de: • Toque do aperto de mão; • Gotículas de saliva; • Espirro; • Tosse; • Catarro; • Objetos ou superfícies contaminadas, como celulares, mesas, maçanetas, brinquedos, teclados de computador etc. 21 Agora que sabemos como é que o novo coronavírus é transmitido, podemos focar em tomar medidas preventivas no âmbito individual e coletivo. Mas, o que é mesmo que eu devo fazer? Como posso contribuir para minimizar esse grave problema de saúde pública? As principais recomendações para você se prevenir da COVID-19 da Organização Pan-americana da Saúde (2020) são: • Lave as mãos com água e sabão ou higienizador à base de álcool, para matar vírus que podem estar nas suas mãos. • Mantenha pelo menos 1 metro de distância entre você e qualquer pessoa que esteja tossindo ou espirrando. • Quando alguém tosse ou espirra, pulveriza pequenas gotas líquidas do nariz ou da boca, que podem conter vírus. Se você estiver muito próximo, poderá inspirar as gotículas – inclusive do vírus da COVID-19 se a pessoa que tossir tiver a doença. • Evite tocar nos olhos, nariz e boca. As mãos tocam muitas superfícies e podem ser infectadaspor vírus. Uma vez contaminadas, as mãos podem transferir o vírus para os olhos, nariz ou boca. A partir daí, o vírus pode entrar no corpo da pessoa e deixá-la doente. • Certifique-se de que você e as pessoas ao seu redor seguem uma boa higiene respiratória. Isso significa cobrir a boca e o nariz com a parte interna do cotovelo ou lenço quando tossir ou espirrar (em seguida, descarte o lenço usado imediatamente). Gotículas espalham vírus. Ao seguir uma boa higiene respiratória, você protege as pessoas ao seu redor contra vírus responsáveis por resfriado, gripe e COVID-19. • Fique em casa se não se sentir bem. Se você tiver febre, tosse e dificuldade em respirar, procure atendimento médico. Siga as instruções da sua autoridade sanitária nacional ou local, porque elas sempre terão as informações mais atualizadas sobre a situação em sua área. • Áreas afetadas são países, áreas, províncias ou cidades onde há transmissão contínua - não áreas com apenas casos importados. Os viajantes que retornam das áreas afetadas devem monitorar seus sintomas por 14 dias e seguir os protocolos nacionais dos países receptores; e se ocorrerem sintomas, devem entrar em contato com um médico e informar sobre o histórico de viagem e os sintomas. 22 De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2020), as principais medidas preventivas para a COVID-19 são: • Lave com frequência as mãos até a altura dos punhos, com água e sabão, ou então higienize com álcool em gel 70%. • Ao tossir ou espirrar, cubra nariz e boca com lenço ou com o braço, e não com as mãos. • Evite tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas. • Ao tocar, lave sempre as mãos como já indicado. • Mantenha uma distância mínima de cerca de 2 metros de qualquer pessoa tossindo ou espirrando. • Evite abraços, beijos e apertos de mãos. Adote um comportamento amigável sem contato físico, mas sempre com um sorriso no rosto. • Higienize com frequência o celular e os brinquedos das crianças. • Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, toalhas, pratos e copos. • Mantenha os ambientes limpos e bem ventilados. • Evite circulação desnecessária. Se puder, fique em casa. • Se estiver doente, evite contato físico com outras pessoas, principalmente idosos e doentes crônicos, e fique em casa até melhorar. • Durma bem e tenha uma alimentação saudável. • Utilize máscaras caseiras ou artesanais feitas de tecido em situações de saída de sua residência. 3.3 Máscaras As máscaras N95 e as máscaras cirúrgicas devem ser utilizadas pelos profissionais da saúde e pelos profissionais em atendimento, e para os profissionais das diferentes da linha de frente em contato próximo, prolongadocom possíveis fontes de contágio.Verifique no seu serviço, qual é o Equipamento de Proteção Individual indicado para cada tarefa que irá realizar. Por exemplo, para o profissional da segurança pública há um guia de medidas preventivas da SENASP que está disponível nos materiais complementares desse curso. 23 Fora do atendimento ambulatorial e/ou hospitalar, na vida diária, se você ou algum desses profissionais precisar sair de casa, ir às compras, é recomendável e, recentemente, é obrigatório em nosso Estado, o uso de máscaras caseiras. Não há máscaras descartáveis para todos, mas a máscara caseira há. É possível fazer uma na sua casa mesmo, ou adquirir de costureiras profissionais. As máscaras, além de te proteger, protegem também quem está perto de você, reduzindo a dispersão de gotículas de saliva e aerossol (DATO; HOSTLER; HAHN, 2006). O uso de máscaras, além de te proteger, são uma forma de solidariedade ao próximo. Há diferenças de efetividade entre as máscaras caseiras, dependendo do tipo de tecido utilizado e da quantidade de camadas sobrepostas. A maior parte das máscaras caseiras, com duas camadas, foi capaz de capturar ao menos 50% das partículas virais. (DAVIES; THOMPSON; GIRI; KAFATOS; WALKER; BENNETT, 2013). Legenda: Captura de partículas menores que o coronavírus por máscaras caseiras. Fonte: Davies, Thompson, Giri, Kafatos, Walker e Bennett (2013). 24 Dessa forma, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2020), as máscaras faciais caseiras não fornecem proteção total contra infecções, mas reduzem sua incidência. Em situações pandêmicas, como a que estamos vivendo, pequenas medidas para reduzir transmissões têm grande impacto, sobretudo quando são combinadas com as medidas preventivas necessárias já estudadas como a higienização das mãos e a etiqueta respiratória. As máscaras de uso não profissional (máscaras caseiras) não são máscaras cirúrgicas ou respiradores N-95. Esses são suprimentos essenciais que devem continuar reservados para os profissionais de saúde e outros socorristas, conforme recomendado nas orientações atuais do Ministério da Saúde (BRASIL, 2020). Agora que você já entendeu a importância dessa medida adicional de proteção referente ao uso de máscaras caseiras, algumas regras são importantes para você fazer o bom uso da máscara caseira, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2020): • A máscara é de uso individual e não deve ser compartilhada. • Deve-se destinar o material profissional (máscaras cirúrgicas e do tipo N95 ou equivalente) para: pacientes com a COVID-19, profissionais de saúde e outros profissionais de linha de frente em contato próximo e prolongado com possíveis fontes de contágio. • Na confecção ou na escolha de sua máscara devem ser evitados os tecidos que possam irritar a pele, como poliéster puro e outros sintéticos, o que faz a recomendação recair preferencialmente por tecidos que tenham praticamente algodão na sua composição. • As medidas de higiene e a limpeza das máscaras não profissionais em tecido e a eliminação periódica das máscaras descartáveis são ações importantes de combate à transmissão da infecção. • Fazer a adequada higienização das mãos com água e sabonete ou com preparação alcoólica a 70%. • Mesmo de máscara, mantenha distância de mais de1 (um) metro de outra pessoa. • Usar uma máscara pode ser “uma medida adicional de proteção para quem precisa sair de casa. 25 • Antes de colocar a máscara no rosto deve-se: assegurar que a máscara está em condições de uso (limpa e sem rupturas). • Fazer a adequada higienização da mão com água e sabonete ou com preparação alcoólica a 70%/ (cubra todas as superfícies de suas mãos e esfregue-as juntas até que se sintam secas). • Tomar cuidado para não tocar na máscara, se tocar a máscara, deve executar imediatamente a higiene das mãos. • Cobrir totalmente a boca e nariz, sem deixar espaços nas laterais. • Manter o conforto e espaço para a respiração. • Evitar uso de batom ou outra maquiagem ou base durante o uso da máscara. • Não utilizar a máscara por longo tempo (máximo de 3 horas). • Trocar após esse período e sempre que tiver úmida, com sujeira aparente,danificada ou se houverdificuldade para respirar. • Higienizaras mãoscomágua esabonete ou preparação alcoólica a 70% ao chegar em casa. Retirea máscara e coloque para lavar. • Repita os procedimentos de higienização das mãosapós a retirada da máscara. • Não compartilhe a sua máscara, ainda que ela esteja lavada. • A máscara deve ser lavada separadamente de outras roupas. • Lavar previamente com água corrente e sabão neutro, deixar de molho em uma solução de água com água sanitária (1 colher diluída em 1 litro de água) ou outro desinfetante equivalente de 20 a 30 minutos, enxaguar bem em água corrente, para remover qualquer resíduo de desinfetante. • Evite torcer a máscara com força e deixe-a secar. Passar com ferro quente. • Garanta que sua máscara não apresente danos (menos ajuste, deformação, desgaste etc.), ou você precisará substitui-la. 26 3.4 Cuidados em Casa Nessa época depandemia é preciso redobrar os cuidados de higiene da sua casa. Algumas medidas de arquitetura hospitalar podem ser aplicadas ao seu ambiente residencial para tornar o seu ambiente ainda mais protegido. Legenda: Representação gráfica da área de transição. Todas as entradas e saídas da residência deverão ser centralizadas nesta porta. Fonte: Grupo de Estudos em Arquitetura e Engenharia Hospitalar (2020) A área externa à residência, como corredores do seu edifício, deve ser considerada área contaminada e, a área interna deverá ser considerada área vulnerável. O tapete da área externa de sua residência pode ser eliminado uma vez que irá acumular partículas virais e sujeira. Você pode substituí-lo por um pano úmido com uma solução de água sanitária diluída (2 colheres para 1 litro de água). Troque o pano diariamente. Escolha uma porta única de entrada e de saída de sua casa e estabeleça uma área de transição em suas proximidades, no exterior ou no interior da sua casa. De acordo com o Grupo de Estudos em Arquitetura e Engenharia Hospitalar (2020) para definir a área de transição você pode afixar fita crepe no chão demarcando a área. Nesse local deve haver mobiliário de apoio, caixa para sapatos, porta papel toalha ou similar, porta bolsas, porta chaves, apoio para álcool gel, álcool líquido 70% ou lavatório. 27 Ao chegar em casa, na área de transição, higienize seus sapatos com água sanitária (2 colheres para 1 litro de água) ou álcool líquido 70% e os coloque no porta sapato da área de transição. Estabeleça, preferencialmente, somente um par de sapatos para saída de casa durante a pandemia. Caso seja possível utilize uma bolsa lavável durante esse período também, por exemplo como as sacolas de supermercado reutilizáveis. Retire seus documentos plastificados e todos os demais itens da bolsa e os higienize com álcool 70%. Prefira higienizar o seu celular com álcool absoluto. Ainda na área de transição, após higienização de seu sapato, retire toda a sua roupa, inclusive a máscara facial e coloque em um saco plástico para ser lavada após molho em água sanitária diluída (na proporção de 2 colheres de água sanitária para 1 litro de água). Imediatamente após sair da área de transição, tome banho, lave os seus cabelos. Não se esqueça, caso tenha feito compras, todos os itens adquiridos devem ser higienizados também! Legenda: Como manusear e utilizar os alimentos de forma adequada. Fonte: Ministério da Saúde, Brasil (2020). 28 4. UNIDADE III – Saúde mental no tempo da pandemia COVID-19 Ter saúde mental em tempos de modificações abruptas do cotidiano é fundamental para a sobrevivência. Muitos ainda pensam, que o que é de mais importante, diante da pandemia COVID-19, está nos esforços na preservação da vida. Mas para que isso ocorra, ainda é preciso manter a calma. Por isso a Organização Mundial de Saúde emitiu vários alertas sobre modos de existir diante da pandemia do coronavírus. A chave para conseguirmos superar esse desafio a curto, médio e longo prazo está nos recursos que se pode desenvolver para preservar a integridade física e mental (SILVAet al, 2020). Legenda: os impactos do isolamento social. Fonte: Foto de Demeter Attila O desespero muitas vezes nos leva a tomar atitudes imprecisas e que nos coloca em risco. No começo da pandemia, com o alerta do isolamento social, muitas pessoas correram em várias direções, algumas foram para os serviços de saúde enquanto outras aos supermercados e farmácias. O comportamento, inicialmente, 29 fora motivado pelo medo e pelas incertezas sobre o que poderia vir a acontecer (SILVAet al, 2020). Ao longo do tempo, estudos científicos foram sendo publicados mostrando como é o funcionamento da curva de infectividade do vírus, a sua letalidade, as pessoas que preenchem os critérios de maior risco. Estudos ainda estão sendo desenvolvidos para a identificação de estratégias epidemiológicas e tratamentos, como por exemplo, o desenvolvimento de vacinas. Os esforços científicos, políticos e humanitários estão todos direcionados para o enfrentamento deste grande desafio pelo qual passamos. No entanto, é necessário reiterar que as intervenções comportamentais podem ser medidas simples e eficazes na promoção da melhoria do bem-estar social e também da diminuição da propagação da COVID-2019. Para isso é necessário expor e compreender como nos comportamos diante de fatores estressores. Dois desses que vem sendo descrito em literatura científica é o medo e o estigma. “O surto da síndrome respiratória aguda é um problema global de saúde pública. O medo e o estigma estão crescendo devido à desinformação e a rumores infundados. Como comunidade global, precisamos de solidariedade, em vez de estigma, para limitar a propagação da doença causada pelo COVID-19. Informações abertas e transparentes sobre o surto ao público e avisos administrativos das autoridades para todos os países são necessários para reduzir o medo e a discriminação” (CHEN; REN; 2020). O medo da doença (de se expor ao contágio, de adoecer e da morte), os efeitos da quarentena, do isolamento, distanciamento social, e os efeitos potenciais da desaceleração econômica causam impacto psicológico de forma às vezes imprevisível. A rotina diária foi interrompida. Para muitos o trabalho passou a ser restrito em casa, ou para milhões o trabalho se tornou escasso. As crianças e adolescentes pararam de ir à escola, existindo relato de pais frustrados em não conseguir conciliares seus afazeres laborais, domésticos com os pacotes de educação de seus filhos. Relatos de casais que já não estavam se relacionando muito bem, intensificarem brigas e conflitos. É um momento que não é possível ir ao cinema, ao restaurante, desfrutar de um abraço de um amigo, como se diz: espairecer. Estamos em constante estado de alerta. Dentre tantos motivos, eclode os sentimentos de frustração, de raiva, medo. A angústia por vezes invade o 30 pensamento, que se acelera ao movimentar reflexões sobre a trajetória da vida. Como ela poderia ter sido, como está e como poderia ser possível mudar o caminho até então traçado. Somos então, tomados pela pandemia da ansiedade, da angústia entre outros sintomas psicológicos e psiquiátricos. 4.1 Isolamento e Quarentena Há diferenças nos conceitos dos dois termos, quarentena e isolamento social. Quarentena é a separação e restrição de movimento de pessoas que foram potencialmente expostas a uma doença contagiosa, e assim se restringem à sua casa para verificar se estão doentes e reduzir riscos de infectar outras pessoas. Definição que difere de isolamento, que é a separação de uma pessoa que já está diagnosticada e precisa se isolar das outras pessoas que não estão doentes (BROOKS et al., 2020). São termos intercambiáveis usados em diferentes contextos ao longo da história, no entanto ambos, culminam no isolamento social / distanciamento social que é a causa atual de grande impacto psicológico a curto, médio e longo prazo. A questão principal é que a liberdade, ir e vir, sempre foram um dos hábitos humanos mais fortes, e respeitar o isolamento social envolve alocar recursos mentais para controlar esse imperativo(SILVAet al, 2020). No mundo moderno, viagens globais generalizadas e tráfego intenso em cidades com muitos infectados têm sido as principais rotas de disseminação do vírus. Após qualquer viagem, os indivíduos são forçados a se auto isolar, independentemente dos sintomas. A liberdade passa a ser restrita através de implementações de leis governamentais e campanhas que envolvam a própria conscientização em manter-se em isolamento social. Essa restrição de mobilidade e contato social, a crescente preocupação com os recursos financeiros em declínio, a necessidade de atenção e cuidados constantes para não infectar os outros e aterrível perspectiva de não saber por quanto tempo essas medidas permanecerão em vigor, tudo isso causa angústia. Outras fontes de frustração incluem o adiamento de projetos pessoais, como viagens e mudança de casa, bem como a suspensão de atividades ocupacionais, entre outros (SILVAet al, 2020). 31 Em revisão na literatura sobre o impacto psicológico da quarentena, foram analisados 24 artigos realizados em outros momentos de epidemia, sendo que os principais sintomas se relacionavam aos quadros de ansiedade, raiva, dificuldades de concentração, reação aguda ao estresse e algum tempo depois (3 anos) Transtorno de Estresse Pós traumático (TEPT) em profissionais da saúde (BROOKS et al., 2020). Os fatores estressores de maior impacto foram: duração da quarentena, medo de infecção, frustração e tédio, suplementos inadequados, e informação inadequada. Segundo os autores, o maior tempo de duração da quarentena associou-se à pior impacto psicológico, com maior prevalência de pessoas que desenvolveram TEPT. O confinamento, a perda da rotina habitual e a redução de contato social e físico causaram tédio, frustração, sensação de estar isolado do mundo. Ter suplementos insuficientes como água, comida, roupa e acomodação também foram fontes de frustração e associado à ansiedade e raiva até 4-6 meses depois do fim. Com relação à inadequação, a informação será descrita adiante com a terminologia de “infodemia”. Durante esse período de restrição social é preciso ficar atento aos sintomas de ansiedade, como taquicardia, sudorese, insônia, inquietação. Sentimentos como raiva, tédio, angústia podem aparecer e de forma imediata o comportamento pode se voltar para o uso excessivo de bebida alcoólica, tabaco e outras substâncias de uso lícito ou ilícito. Indicativos de maior prevalência de reação aguda ao estresse e estresse pós traumático estão associados ao evento da pandemia COVID-19. Pessoas que já fazem tratamento médico psiquiátrico devem manter o tratamento, assegurar a quantidade suficiente de medicamentos, pois também ter transtorno psiquiátrico prévio é um fator de risco para a sua agudização ou piora clínica como consequência do impacto do isolamento social. Segundo BROOKS et al (2020), é importante ter em mente de que a quarentena é um fato que ajuda as outras pessoas a se manterem segura, reforçando o sentimento de altruísmo na população e entre a comunidade. É um comportamento que mantem aqueles particularmente vulneráveis como os que são muito jovens, idosos ou com condições médicas subjacentes seguros. Ademais, é importante observar a presença de sintomas psiquiátrico de início imediato, no médio e no longo prazo. 32 4.2 Infodemia Outra epidemia junto ao COVID-19 também surgiu: a desinformação. Em um mundo globalizado, as informações se espalham através de inúmeras plataformas, desde a mídia sociais a aplicativos no celular. Se outrora, cartas demoravam meses para chegar ao seu destinatário, no mundo atual, as informações demoram milésimos de segundo e chegam não a somente um destinatário, mas a milhões de pessoas ao redor do globo. Na conferência de Segurança realizada em Munique no dia 15 de fevereiro de 2010, o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom disse imediatamente após ter declarado Emergência de Saúde Pública Internacional de que “não estamos apenas combatendo uma epidemia; estamos lutando contra uma infodemia”. Por esse motivo, a OMS lançou uma plataforma, chamada “Rede de Informação da OMS para Epidemias - EPI-WIN” com o objetivo de usar uma série de amplificadores para compartilhar informações personalizadas com grupos-alvos específicos. Sylvie Briand, diretora do Gerenciamento de Riscos Infecciosos no Programa de Emergências em Saúde da OMS e arquiteta da estratégia ao combate da Infodemia disse ao The Lancet (Zaracostas, J; 2020) que o fenômeno da Infodemia é conhecido desde a idade média, por que todo surto é acompanhado de informação, mas também de desinformação, ou dos “rumores”. Mas que a mídia social amplifica esse fenômeno: “o que está em jogo durante um surto é garantir que as pessoas façam a coisa certa para controlar a doença ou mitigar seu impacto. Portanto não é apenas informação para as pessoas, mas garantir que as pessoas sejam informadas a agir de maneira adequada”. Uma das providências que foram tomadas, é a de que quando uma pessoa utiliza alguma plataforma de busca e coloca os nomes para “coronavírus”; “COVID-19” ou outros termos relacionados, são direcionadas diretamente a uma fonte confiável. 33 Em estudo publicado por Cinelli et al (2020) citam o exemplo na Itália sobre como a Infodemia pode expor as pessoas ao perigo e até a acelerar o processo epidêmico influenciando na fragmentação do comportamento de um coletivo. O exemplo utilizado foi quando a CNN antecipou um boato sobre o possível bloqueio da região norte da Itália, publicando horas antes da comunicação oficial do Primeiro Ministro Italiano, isso fez com que várias pessoas se desesperassem, superlotassem trens e aeroportos para escapar dessa região antes do bloqueio, interrompendo a iniciativa do governo em conter a epidemia e potencialmente aumentando o contágio entre essas pessoas. Este exemplo, mostra como as informações são propagadas sem serem intermediadas por profissionais especializados e como chegam ao público geral e como isso altera o comportamento das pessoas causando diversos movimentos oriundos do pânico. Legenda: infodemia. Fonte: Foto de pixel2013—2364555. No entanto, mesmo que existem medidas que estão sendo tomadas, existe um claro descompasso nas mídias ditas científicas com as mídias sociais. O público leigo que não tem formação técnica em saúde, por vezes, se perde diante de tanta desinformação e rumores. Para isso, as duas fontes deveriam trabalhar de forma mais equiparadas. 34 Ainda é um processo, mas serve de alerta para o cuidado necessário ao escolher as fontes de informação que se lê, para evitar acentuação do medo, ansiedade, tristeza e do pânico. O nosso comportamento é consequência de como nos impactamos com as emoções. 4.3. Principais sinais de alerta sobre sintomas psiquiátricos e psicológicos a) Sinais Físicos • Falta de ar (na ausência de um resfriado comum ou outro problema respiratório. • Dor de cabeça • Dores musculares / tensão muscular • Dores em geral sem causa aparente • Aumentos dos batimentos cardíacos • Alterações drásticas do apetite e do sono (falta ou excesso). • Má digestão • Sensação de queimação ou peso no estômago (WEIDE et al; 2020) b) Sinais emocionais • Humor deprimido • Desânimo • Aumento da irritabilidade • Oscilações bruscas de humor • Pensamentos repetitivos que atrapalham a rotina • Pensamentos repetitivos de fundo muito existenciais • Falta de sentimento, como uma indiferença afetiva. (WEIDE et al; 2020) c) Sinais comportamentais • Atitudes involuntárias, muito reativas, sem pensar • Aumento do impulso • Discussões e perda de paciência com as pessoas 35 • Agitação • Violência • Agressividade • Aumento dos conflitos interpessoais (WEIDE et al; 2020) � Distorções Cognitivas Pensamentos automáticos, por vezes involuntários, baseados em interpretações de situações do dia-a-dia que podem trazer consequências para a vida ou sofrimento desnecessário. Como reflete em artigo editorial Silva et al (2020): “Deixar de encontrar um amigo, visitar um parente, fazer uma atividade que traz ganho imediato, mas que envolva risco é crucial neste momento. Para manter essa decisão hedonista e imediatista, distorções cognitivas ficam disponíveis para o desserviço. “Não acontecerá comigo”, “não estou no grupo de risco”, “ainda não estamos na fase mais perigosa”. Destacar as crenças e as distorções cognitivas como na abordagem de pandemias já vem sendo abordado eminiciativas de saúde pública.” 4.4 Principais Transtornos Psiquiátricos A) Transtorno de Ansiedade Generalizada (Critérios do DSM-5) a. Ansiedade e preocupação excessivas, ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses e relacionada a inúmeros eventos ou atividades (p.ex. trabalho e desempenho escolar). b. A preocupação é difícil de controlar. c. A ansiedade e a preocupação estão associados a três (ou mais) dos seguintes sintomas (com pelo menos alguns sintomas estando presente na maioria dos dias nos últimos seis meses): • inquietação ou sensação de estar no limite; 36 • cansar-se facilmente; • dificuldade de concentração; • irritabilidade; • tensão muscular; • distúrbios do sono (dificuldade de iniciar ou manter o sono e sensação sono não satisfatório). d. Os sintomas físicos, preocupação ou ansiedade causam sofrimento clinicamente significante ou incapacidade em atividades sociais, ocupacionais ou outras. e. O transtorno não pode ser atribuído a: uma condição médica geral, uso de substâncias ou outro transtorno mental. B) Ataques de Pânico (Critérios do DSM-5) a. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas: Nota: O surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado ansioso. 1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia. 2. Sudorese. 3. Tremores ou abalos. 4. Sensações de falta de ar ou sufocamento. 5. Sensações de asfixia. 6. Dor ou desconforto torácico. 7. Náusea ou desconforto abdominal. 8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. 9. Calafrios ou ondas de calor. 10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento). 11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo). 12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”. 13. Medo de morrer. b. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou de ambas as seguintes características: 37 1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou sobre suas consequências (p. ex., perder o controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer”). 2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada aos ataques (p. ex., comportamentos que têm por finalidade evitar ter ataques de pânico, como a esquiva de exercícios ou situações desconhecidas). c. A perturbação não é consequência dos efeitos psicológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo, doenças cardiopulmonares). C) Transtorno Depressivo Maior (Critérios do DSM-5) a. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer. 1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.) 2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado.) 4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias. 5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento). 6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 38 7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente). 8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. b. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 39 5. UNIDADE IV - Meios de Proteção à Saúde Mental 5.1 Recomendação de Proteção da Saúde Mental durante a Pandemia COVID- 19, segundo recomendações da OMS/2020. 5.1.1 População Geral 1.Demonstre empatia com todos os afetados em qualquer país. As pessoas infectadas não fizeram nada errado e merecem nosso apoio, compaixão e gentileza. 2. Não se refira às pessoas com a doença como “casos de covid-19” ou “vítimas”, “famílias de covid-19”, “adoentados” etc. Eles são “pessoas com covid- 19 ou que estão em tratamento, ou se recuperando” e depois de recuperados continuarão sua vida normal em família, no trabalho e com seus entes queridos. É importante separar a pessoa e a sua identidade do vírus em si para reduzir o estigma. 3. Reduza a leitura ou o contato com notícias que podem causar ansiedade ou estresse. Busque informação apenas de fontes fidedignas e dê passos práticos para preparar seus planos, proteger-se e a sua família. Informe-se com os fatos e não os boatos ou as informações erradas. E busque essas notícias em intervalos regulares do website da Organização Mundial da Saúde, das autoridades locais para que possa fazer a diferença entre boato e fato. Os fatos ajudam a minimizar o medo. 4. Projeta a si próprio e apoie os outros ajudando-os em seus momentos de necessidade. A assistência a outros em seu momento de carência pode ajudar a quem recebe o apoio como a quem dá o auxílio. Um exemplo: telefone para seus vizinhos ou pessoas em sua comunidade que precisam de assistência extra. Atuando juntos como uma comunidade pode ajudar a criar solidariedade e a enfrentar o covid-19 em união. 40 5. Crie oportunidades para ampliar histórias positivas e úteis e imagens positivas de pessoas na sua área que tiveram o covid-19. Por exemplo, experiências de pessoas que se recuperaram da doença ou que apoiaram um ente querido e estão dispostas a contar como foi. 6. Homenageie e aprecie o trabalho dos cuidadores e dos agentes de saúde que estão apoiando os afetados pelo novo coronavírus em sua região. Reconheça o papel deles para salvar vidas e manter todos seguros. 5.1.2 Cuidadores de Crianças Legenda: mãe e filho felizes. Fonte: Foto de tung256--4583107 7. Ajude as crianças a expressarem, de forma positiva, seus medos e ansiedades. Cada criança tem sua própria maneira de fazê-lo. Algumas vezes, a atividade criativa, jogos e desenhos podem ajudar. As crianças se sentem melhor e mais aliviadas quando podem comunicar os sentimentos num ambiente de apoio. 41 8. Mantenha as crianças perto de seus pais e familiares caso seja seguro para elas. Evite a separação deles. Caso uma criança tenha que ser retirada de seus pais ou tutores, assegure-se de que ela será cuidada por outra fonte como assistentes sociais ou equivalentes e cheque a situação da criança regularmente. Ainda mais, certifique-se de que durante o tempo da separação o contato com os pais ou tutores seja feito duas vezes ao dia por chamadas de vídeo ou outra forma apropriada à idade da criança (por exemplo,mídia social dependendo da idade). 9. Mantenha as rotinas familiares sempre que possível e crie novas rotinas principalmente com as crianças em casa. Pense em atividades lúdicas e pedagógicas para fazer com elas. Sempre que possível, incentive as crianças a continuarem brincando e se sociabilizando com os outros, mesmo que somente na família por causa do distanciamento social no momento. 10. Em estresses e crises é normal para a criança buscar mais os pais e exigirem mais deles. Fale com seus filhos sobre o covid-19 de forma honesta e apropriada à idade deles. Se eles tiverem preocupações, o fato de falar sobre elas pode ajudar a baixar a ansiedade das crianças. Elas observam os pais, as emoções no ar e tiram daí seus mecanismos para lidar com as próprias emoções da melhor forma nesses momentos difíceis. 42 5.1.3. Idosos, cuidadores e pessoas com problemas de saúde Fonte: idosa em frente à janela. Foto de Andrea Piacquadio 11. Idosos, especialmente em isolamento social e aqueles com problemas cognitivos como demência podem se tornar ansiosos, estressados, com raiva, agitados e distanciados durante a quarentena. Ofereça a eles apoio emocional por meio de redes familiares ou de agentes de saúde. 12. Partilhe fatos simples sobre o que está acontecendo com informações claras a respeito da redução de riscos e infecções em palavras compreensíveis para quem tem barreiras de entendimento. Repita a informação sempre que necessário. As instruções precisam ser claras, concisas e respeitar o estilo do paciente. Talvez seja útil colocar a informação em escrito ou em pinturas e figuras. Envolva a família e outras redes de apoio no fornecimento das notícias e de medidas de prevenção como a lavagem de mãos. 13. Se você tem alguma doença ou síndrome, certifique-se de que seus medicamentos estão disponíveis para uso. Ative ainda seu grupo de amigos para pedir ajuda caso necessário. 43 14. Esteja preparado e informado, com antecedência, de como buscar ajuda, como chamar um taxi, ter comida entregue em casa ou pedir ajuda médica. E providencie medicamentos para duas semanas, caso necessário. 15. Aprenda exercícios físicos simples para fazer em casa todos os dias durante o isolamento e a quarentena para não reduzir a mobilidade. 16. Mantenha rotinas e tarefas regulares sempre que possível e crie novas num ambiente diferente. Entre elas atividades diárias, limpeza, canto, pinturas e outras. Ajude outros, vizinhos, amigos, crianças e pessoas em hospitais combatendo o covid-19, sempre que for Seguro, claro. Mantenha o contato com os entes queridos ainda que por telefone. 5.1.4 Pessoas em isolamento Legenda: mulher em isolamento social. Fonte: Foto de cottonbro 44 17. Fique em contato e mantenha sua rede de amigos e conhecidos, ainda que isolado tente ao máximo manter sua rotina e crie novas. Se as autoridades de saúde recomendaram distância física para conter o surto, você pode manter a proximidade digital com e-mails, redes sociais, telefone, teleconferências etc. 18. Durante esse período de estresse, esteja atento a seus sentimentos e demandas internas. Envolva-se com atividades saudáveis e aproveite para relaxar. O exercício constante, o sono regular e uma dieta balanceada ajudam. Mantenha tudo em perspectiva. Os agentes de saúde em todos os países estão atuando para que os mais afetados pela pandemia recebam assistência e cuidados. 19. Uma enxurrada constante de notícias sobre o surto pode levar qualquer um à ansiedade e ao estresse. Siga as notícias confiáveis e evite boatos e “fake news” que vão somente causar mais desconforto e dissabor. 5.2 Manejo do estresse segundo a ONU – Nações Unidas (Brasil) 45 Legenda: representação artística do cérebro humano. Fonte: Foto de ElisaRiva Estabeleça uma rotina: acordar no mesmo horário, vestir-se e começar seu trabalho ou suas atividades. Siga os horários de trabalho com eventuais pausas e desconecte-se ao final do período. Divirta-se: evitar o tédio e reduzir a ansiedade planeje atividades de lazer e higiene mental. Há muitos recursos disponíveis na internet como visitas virtuais a museus, concertos, filmes, encontros com amigos por meio de aplicativos.Não se esqueça do sol! Atenção com crianças e adolescentes: pode ser um momento para disfrutar em família, e a importância de mantê-los ocupados e cuidar da sua e da saúde deles. Peça ajuda: cuidado com sentimentos de desespero, raiva, frustração, fadiga, pensamento de morte, e de desesperança. Solidariedade: ajudar as outras pessoas. Espiritualidade: mantenha-a ativa! Evite: álcool, drogas, evite isolar-se, o contato social com outras pessoas tem efeitos protetores com a saúde mental. Evite o estigma. Mindfulness: práticas de meditação / atenção plena. Altruísmo: não se esquecer que o distanciamento social protege você e também protege as outras pessoas. 46 6. ONDE PROCURAR AJUDA? Legenda: mente humana. Fonte: Foto de Geralt Atualmente existe uma rede de profissionais da área da saúde mental, psicólogos e psiquiatras, com autorização para manejo clínico online. Atendimentos tem sido realizados de forma que é possível manejar o caso clínico intervir, orientar e prescrever via plataformas disponíveis na internet. Casos de maior gravidade podem ser orientados a ir aos hospitais clínicos e psiquiátricos assim CERSAM e CAPS, continuam em funcionamento. - Disque saúde – 136 - Centro de Valorização da Vida – 188 - Central de Atendimento à Mulher – 180 47 7. 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