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ampulheta de galahue

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Prévia do material em texto

CRESCIMENTO E 
DESENVOLVIMENTO 
HUMANO E 
APRENDIZAGEM 
MOTORA 
Rochelle Rocha Costa
Ampulheta de Gallahue
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Esquematizar os princípios lógicos da aquisição de habilidades motoras 
por meio da ampulheta de Gallahue.
  Classificar os níveis de cada fase motora específica.
  Apresentar exemplos práticos de como os fatores ambientais e indi-
viduais influenciam o desenvolvimento motor.
Introdução
Você nasce, aprende a sentar, a engatinhar e dá seus primeiros passos. 
Cai, levanta e caminha novamente. Quando percebe, já está correndo 
e saltando com destreza. Na segunda infância, aprende-se a chutar, a 
arremessar, a rebater, etc. Com a chegada da adolescência, atinge-se 
a maturidade para decidir em qual modalidade deseja se especializar, 
aplicando e refinando as habilidades motoras, até então desenvolvidas, 
em situações esportivas e recreacionais.
Essa alteração do comportamento motor durante a vida é chamada 
de desenvolvimento motor. O modelo da ampulheta de Gallahue tem 
servido como base para a compreensão de como ocorre o processo de 
desenvolvimento motor.
Ampulheta de Gallahue
A ampulheta de Gallahue é um modelo teórico de desenvolvimento motor que 
fornece orientações para a descrição e explicação do comportamento motor, 
conforme representado na Figura 1. A ampulheta em si representa a visão 
descritiva do desenvolvimento, ao passo que o triângulo invertido que a cerca, 
a visão explicativa, ou seja, a ampulheta representa como é o desenvolvimento 
motor em determinada faixa etária e o triângulo corresponde ao motivo dessas 
características motoras ocorrerem.
Figura 1. Ampulheta de Gallahue e fases do desenvolvimento motor.
Fonte: Adaptada de Gallahue e Ozmun (2005, p. 65).
Fase motora
especializada
Fase motora
fundamental
Fase motora rudimentar
Fase motora re
exa
 Estágio de utilização permanente
 Estágio de aplicação
 Estágio transitório
 Estágio maduro
 Estágio elementar
 Estágio inicial
 Estágio de pré-controle
 Estágio de inibição de re�exos
Estágio de decodi�cação de informações
Estágio de codi�cação de informações
Controle motor de
competência motora
Faixas etárias
aproximadas do
desenvolvimento
14 anos em diante 
11 a 13 anos 
7 a 10 anos 
6 a 7 anos 
4 a 5 anos 
2 a 3 anos 
1 a 2 anos 
do nascimento até 1 ano 
de 4 meses a 1 ano
dentro do útero até 4 meses
Fatores intrínsecos à tarefa
Faixas do 
desenvolvimento
motor
AmbienteHeredita-
riedade
Fatores
individuais
Fa
to
re
s
am
bi
en
ta
is
Neste modelo, a ampulheta representa você e ela é preenchida por areia, 
que representa o recheio da vida. Como você pode observar, a areia provém 
de duas fontes diferentes: um recipiente hereditário e outro, ambiental. A 
presença desses dois vasilhames revela que o processo de desenvolvimento 
é influenciado tanto pela hereditariedade como pelo ambiente. O recipiente 
hereditário possui uma tampa, porque a sua quantidade de areia é fixa, uma 
vez que a estrutura genética é determinada no momento da concepção. Por 
outro lado, o recipiente ambiental é aberto, o que significa que a areia pode 
ser acrescentada nesse recipiente durante todo o ciclo da vida. 
A base da ampulheta é composta por quatro fases subsequentes de 
desenvolvimento: 
  fase motora reflexa;
  fase motora rudimentar;
  fase motora fundamental;
  fase motora especializada. 
Ampulheta de Gallahue2
À medida que a areia, proveniente dos recipientes hereditariedade e am-
biente, é adicionada na ampulheta, o nível de desenvolvimento motor é in-
crementado. Em outras palavras, conforme a criança atinge sua maturação e 
é exposta a ambientes que favoreçam seu aprendizado, ela aumenta e refina 
suas habilidades motoras, do nível mais básico ao mais complexo, progredindo 
para a próxima fase do desenvolvimento até alcançar a competência motora.
Estágios do desenvolvimento motor
Você estudará agora cada uma das quatro fases do desenvolvimento motor 
propostas pela ampulheta de Gallahue.
Fase motora reflexa
A fase motora refl exa ocorre desde o desenvolvimento do feto dentro do útero 
até aproximadamente o 1º ano. As primeiras formas de movimento humano são 
os refl exos. Os refl exos são movimentos involuntários que compõem a primeira 
etapa nas fases do desenvolvimento motor. Esses movimentos involuntários 
são importantes, porque é por meio deles que o bebê consegue sobreviver na 
fase inicial da vida, já que eles permitem a obtenção de informações sobre o 
seu corpo e o ambiente.
Os reflexos são categorizados em reflexos primitivos e posturais. Os re-
flexos primitivos são movimentos relacionados à sobrevivência e podem ser 
classificados como agrupadores de informações, caçadores de alimentação e 
de reações protetoras. Já os reflexos posturais são semelhantes ao comporta-
mento voluntário posterior. 
Pode-se citar como exemplo de reflexo primitivo os reflexos de sugar e 
de procurar pelo olfato; e entre os reflexos posturais, encontram-se o reflexo 
primário de caminhar, reflexo de arrastar-se e reflexo palmar de agarrar. A fase 
reflexa é dividida em dois estágios sobrepostos, conforme você verá a seguir. 
Estágio de codificação de informações
O estágio de codifi cação (agrupamento) ocorre, aproximadamente, do período 
fetal até o quarto mês após o nascimento. Os refl exos neste período são mo-
vimentos pelos quais o bebê reúne informações, busca alimento e encontra 
proteção.
3Ampulheta de Gallahue
Estágio de decodificação de informações
O estágio de decodifi cação (processamento) tem início aproximado após o 
quarto mês de vida. Durante esse período, ocorre uma crescente inibição de 
muitos refl exos que são substituídos por movimentos voluntários.
As idades apresentadas nas fases motoras representam o tempo aproximado durante 
o qual determinado comportamento motor é mais frequentemente observado. Essa 
idade não deve ser levada como regra, já que ela varia de criança para criança.
Fase motora rudimentar
A fase motora rudimentar perdura desde o nascimento até os dois anos apro-
ximadamente. Nessa fase, são observadas as primeiras atividades motoras 
voluntárias, os denominados movimentos rudimentares. A sequência de apa-
recimento desses movimentos é altamente previsível e resistente a alterações, 
exceto em condições ambientais extremas. Contudo, o ritmo de aparecimento 
dos movimentos varia de criança para criança, uma vez que é dependente de 
fatores ambientais, biológicos e da tarefa a ser executada. Os movimentos 
rudimentares envolvem movimentos estabilizadores, como controlar a cabeça, 
o pescoço e músculos do tronco; movimentos manipulativos, como alcançar, 
agarrar e soltar; e movimentos locomotores, como arrastar-se, engatinhar e 
caminhar). 
Algumas crianças na fase rudimentar ainda não iniciaram a aprendizagem do chute. 
Aquelas que já iniciaram apresentam um padrão de movimento muito inicial e rudi-
mentar. Durante o chute, há apenas o movimento de pequena amplitude da perna 
que realiza o chute para frente. O movimento é realizado desde o quadril com o joelho 
estendido. Algumas vezes, a criança não acerta a bola. 
Ampulheta de Gallahue4
Dois estágios compõem a fase motora rudimentar, os quais representam 
progressivamente ordens superiores de controle motor.
Estágio de inibição de reflexos
A partir do nascimento, tem início o estágio de inibição dos refl exos. Nesse 
estágio, os refl exos são inibidos e desaparecem de modo gradual. Os mo-
vimentos voluntários nesse período parecem descontrolados e grosseiros, 
visto que o aparato neuromotor do bebê ainda está em estágio rudimentar de 
desenvolvimento.
Estágio de pré-controle
Nesse estágio, que tem início por volta do 1º ano, as crianças começam a 
apresentar maior precisão e controle sobre os seus movimentos. Elas aprendem 
a se equilibrar, manipular objetos e locomover-sede modo profi ciente.
Durante as duas primeiras fases do desenvolvimento motor, que correspondem 
aproximadamente até o segundo ano de vida, a areia é adicionada na ampulheta 
prioritariamente, mas não exclusivamente, pelo recipiente hereditário. Nesse período, 
a sequência de desenvolvimento motor é altamente previsível e resistente a alterações 
em condições normais. Por exemplo, no mundo inteiro é esperado que a sequência 
de aprendizagem da criança seja sentar > ficar em pé > caminhar > correr.
Fase motora fundamental
A fase motora fundamental ocorre dos dois aos sete anos, aproximadamente. 
Esse período é marcado pela exploração e experimentação das habilidades 
motoras. A criança descobre como executar movimentos estabilizadores, 
locomotores e manipulativos (primeiramente de modo isolado e, depois, 
de forma combinada) com competência. São exemplos de habilidades fun-
5Ampulheta de Gallahue
damentais que devem ser desenvolvidas nessa fase: equilibrar-se de forma 
dinâmica e estática, caminhar, correr, saltar, galopar, alcançar, arremessar, 
pegar, chutar, rebater, etc.
As habilidades motoras fundamentais são consequência da fase de movi-
mentos rudimentares e da maturação, entretanto, o ambiente possui importante 
papel para que o grau máximo de desenvolvimento das habilidades fundamen-
tais seja atingido. A fase fundamental é fragmentada em três estágios distintos.
Estágio inicial
Em geral, crianças de dois a três anos encontram-se no estágio inicial. Esse 
estágio é marcado pelas primeiras tentativas da criança de executar uma 
habilidade, por isso, os movimentos apresentam elementos faltantes ou são 
executados em sequência imprópria. Esse período é caracterizado pelos movi-
mentos cru e desordenado (grosseiramente exagerado ou inibido). Por exemplo, 
na habilidade do arremesso, apenas o movimento do braço é executado, e os 
movimentos de tronco, quadril e perna estão ausentes. Além disso, a execução 
do movimento não é ritmicamente coordenada.
Estágio elementar
O estágio elementar é típico de performance de crianças de quatro a cinco 
anos. Esse estágio parece depender, primeiramente, do amadurecimento. Nesse 
período, a criança possui um maior controle e melhor coordenação rítmica de 
seus movimentos. Contudo, os movimentos ainda parecem um pouco inábeis 
e sem fl uidez. Por exemplo, na execução do arremesso nesse estágio, a criança 
apresenta os movimentos de braço e do tronco, mas a perna do mesmo lado 
da mão do arremesso encontra-se à frente.
Muitos indivíduos, adultos e crianças, alcançam somente esse estágio em 
atividades básicas como arremessar, pegar e rebater. Eles atingem esse estágio 
por maturação, ou seja, pela areia do recipiente da hereditariedade da ampulheta 
de Gallahue ter sido totalmente despejada. Entretanto, por falta de estímulo 
ambiental (prática, encorajamento e instrução), não atingem o estágio maduro.
Ampulheta de Gallahue6
Estágio maduro 
Sugere-se que crianças podem e devem atingir o estágio maduro por volta 
dos cinco ou seis anos. O estágio maduro é reconhecido por um padrão de 
movimento bem coordenado, mecanicamente correto e efi ciente. O arremesso, 
agora, é executado com movimento de braço, tronco e perna, de forma coor-
denada e fl uida. 
As crianças que atingem esse estágio apresentam uma rápida melhora da 
performance: arremessam mais longe, correm mais rápido, pulam mais alto 
e mais longe. Ainda assim, a avaliação do padrão de movimento deve ser 
realizada pela técnica e não necessariamente pelo rendimento, visto que uma 
criança pode compensar uma inabilidade motora por uma maior força, por 
exemplo. A habilidade madura pode ser continuamente refinada. Algumas 
crianças atingem esse estágio devido à maturação e a um mínimo de influên-
cia ambiental, contudo, a maioria necessita de oportunidades para a prática, 
encorajamento e instrução em um ambiente que propicie o aprendizado.
Cabe destacar que, se o desenvolvimento for retardado ao longo de um 
período de anos, algumas habilidades podem nunca atingir o padrão maduro, 
caso não haja considerável esforço e influência externa. Caso isso ocorra, as 
crianças ficam impossibilitadas de adquirir habilidades esportivas especiali-
zadas durante a segunda fase da infância, adolescência e vida adulta.
No estágio inicial, durante o chute, o movimento dos braços e tronco é escasso. Os 
braços permanecem estendidos. A perna que chuta realiza um leve balanceio para 
trás durante o movimento preparatório. O movimento para a frente da perna é curto 
e não há impulso nessa direção.
No estágio elementar, não se observa mudanças dos movimentos dos braços e do 
tronco em relação ao estágio inicial. A perna que realiza o chute realiza também um 
movimento para trás na fase de preparação, com leve flexão de joelho e, durante o 
chute, o joelho tende a permanecer em flexão.
No estágio final, o braço do lado da perna que executa o chute realiza um movimento 
na direção anteroposterior. O tronco é inclinado após o contato com a bola. A perna do 
chute realiza um movimento para trás com o joelho flexionado na fase preparatória, 
após isso, ela realiza um grande arco até entrar em contato com a bola. Durante o 
contato, a perna oposta é flexionada. O chute é executado com impulso completo.
7Ampulheta de Gallahue
Fase motora especializada
A fase motora especializada tem início por volta dos sete anos. Nessa fase, o 
movimento torna-se uma ferramenta aplicável a atividades motoras complexas, 
tanto da vida diária como nos esportes. Durante esse período, as habilidades 
fundamentais são refi nadas e combinadas para serem utilizadas em situações 
com nível de exigência crescente. Três estágios compõem a fase especializada. 
Estágio transitório
O estágio de transição geralmente se estende dos 7 aos 10 anos. Esse estágio 
é marcado pelo refi namento e aprofundamento das habilidades fundamentais. 
Além disso, nesse período, as habilidades fundamentais são combinadas e 
aplicadas ao desempenho de habilidades especializadas durante a prática 
esportiva e em ambiente recreativo. Por exemplo, a habilidade fundamental 
do chute é inserida no contexto de exercícios educativos do futebol. 
Nesse momento, os pais e os professores, devem auxiliar a criança a au-
mentar o controle motor e a competência motora em uma variedade de ativi-
dades. Deve-se atentar para não limitar o envolvimento da criança em uma 
atividade em prol da especialização em outra, pois o enfoque limitado nesse 
estágio possivelmente provocará efeitos indesejáveis nos próximos estágios. 
Portanto, é recomendado que as crianças se envolvam em atividades/esportes 
diversificados. Do ponto de vista técnico, isso é positivo porque a criança se 
tornará proficiente em uma gama de tarefas. Do ponto de vista psicológico, a 
especialização precoce prejudica a criança, pois ela poderá chegar ao grupo 
profissional muito cedo, sendo submetida a uma rotina intensa de treinos, o 
que aumenta a sua chance de dispersão. Programas de educação física devem 
introduzir as habilidades esportivas somente depois de a criança atingir o 
nível maduro nas habilidades fundamentais. No estágio de transição, o esporte 
oficial ainda não deve compor a educação física. Em vez disso, habilidades 
básicas, regras e estratégias dos esportes devem ser priorizados. 
Ressalta-se que crianças que não desenvolveram as habilidades maduras 
não serão bem-sucedidas na aquisição de um gesto esportivo. Esse fenômeno 
é denominado de barreira de proficiência. Nesses casos, deve-se retomar o 
aprendizado das habilidades fundamentais.
Ampulheta de Gallahue8
Estágio de aplicação
Entre os 11 e 13 anos, aproximadamente, a criança está no estágio de apli-
cação, em que o indivíduo se torna capaz de tomar decisões fundamentadas 
em fatores da tarefa, individuais e ambientais, sobre a sua participação (ou 
não) em determinada atividade. Por exemplo, um indivíduo de alta estatura, 
que apresente boa coordenação motora e agilidade e que goste de esportes 
coletivos de contatopode optar por especializar-se no basquete. Por outro lado, 
um indivíduo com as mesmas características, mas que não goste de esportes 
de contato, pode escolher o vôlei. Nesse estágio, ocorre ênfase na forma, 
habilidade e precisão crescentes do desempenho motor. 
Estágio de utilização permanente
O estágio de utilização permanente inicia por volta dos 14 anos. Esse estágio é 
caracterizado pelo auge do processo de desenvolvimento motor. Os indivíduos 
selecionam atividades prazerosas e as levam consigo durante a vida, seja por 
diversão, aptidão ou satisfação. Nesse contexto, se insere a prática de esporte 
de caráter competitivo (a nível escolar, nacional e olímpico) e recreativo.
Na fase especializada, após refinar a habilidade do chute, o indivíduo está apto a 
executar o chute de curtas e longas distâncias, com a bola parada ou em movimento, 
com diferentes partes do pé (peito do pé ou com os dedos) e de diferentes maneiras 
(chute alto, chute à média distância, chute rasteiro).
9Ampulheta de Gallahue
Influência de fatores individuais e ambientais 
no desenvolvimento motor
Fatores individuais 
A hereditariedade é responsável pela tendência de o desenvolvimento hu-
mano ocorrer de modo ordenado e previsível no sentido céfalo-caudal (da 
cabeça aos pés) e próximo-distal (do centro do corpo às extremidades), o 
que é denominado de sequência desenvolvimentista. Essa tendência pode ser 
exemplifi cada em razão de o bebê obter o controle da musculatura da cabeça 
e do pescoço anteriormente ao das pernas (desenvolvimento céfalo-caudal), 
bem como o controle dos músculos do tronco anteceder o dos punhos, mãos 
e dedos (desenvolvimento próximo-distal).
O controle motor de uma criança também segue uma progressão de padrões 
motores globais para movimentos mais refinados e funcionais, processo cha-
mado de diferenciação. Por exemplo, quando um bebê almeja pegar um objeto, 
o movimento é bastante deficiente, porque ele não consegue diferenciar braços, 
mãos e dedos. No entanto, com o seu desenvolvimento, torna-se capaz de 
diferenciar grupos musculares, até atingir um padrão de movimento controlado 
e eficiente. Simultaneamente à diferenciação, o processo de integração ocorre. 
A integração corresponde à interação coordenada entre músculo e sistemas 
sensoriais. No mesmo exemplo anterior, a integração refere-se à interação 
entre olhos com o movimento da mão.
Embora o desenvolvimento infantil siga uma sequência universal e resistente 
a mudanças, a idade de seu aparecimento pode variar. É comum observar des-
vios de seis meses a um ano. Essa variabilidade está intimamente relacionada 
à prontidão. Prontidão refere-se às características do indivíduo e do meio que 
tornam uma tarefa apropriada ao domínio de uma criança. Por exemplo, seus 
alunos não estarão prontos para executar um rolamento para frente, se não 
dominam a progressão de habilidades educativas do posicionamento das mãos 
e da cabeça, impulsão de membros inferiores e rolamento sobre as costas. É 
necessário fornecer habilidades prévias para atingir as metas.
Por fim, o último fator individual que influencia o desenvolvimento motor 
é o período sensível, que corresponde a um período em que aprender novas 
habilidades é mais fácil e mais rápido. Uma intervenção adequada nessa 
janela de tempo favorece formas positivas de desenvolvimento, mais do que 
se essa mesma intervenção ocorresse mais tarde. O período da infância é um 
período sensível para a aprendizagem das habilidades motoras fundamentais 
e esportivas.
Ampulheta de Gallahue10
Fatores ambientais
Historicamente, pensava-se que as crianças desenvolviam suas habilida-
des motoras simplesmente pela maturação. Entretanto, atualmente sabe-se 
que os fatores ambientais possuem uma importante função na aquisição das 
habilidades motoras. Entre os fatores ambientais, destaca-se a necessidade 
de encorajamento, as oportunidades frequentes para praticar, a instrução 
qualifi cada e um ambiente que favoreça o desenvolvimento e refi namento 
das habilidades motoras. Em outras palavras, as crianças precisam de alguém 
que as encorajem a se movimentar e praticar suas habilidades e que as ensine 
adequadamente a realizar o gesto motor, bem como necessitam praticar suas 
habilidades frequentemente e em um ambiente propício para o seu aprendi-
zado. Nesse sentido, percebe-se a fundamental importância da presença dos 
responsáveis pela criança, normalmente, os pais e o professor. São eles quem 
devem oferecer de forma direta ou indireta esses recursos.
As crianças devem ser encorajadas a praticar suas habilidades, a descobrir 
e a explorar movimentos. Infelizmente, muitas crianças não recebem o en-
corajamento suficiente para o seu desenvolvimento motor. No cenário atual, 
muitos pais trabalham fora e, em outros casos, o pai ou mãe solteiro cuida das 
crianças, ocasionando falta de tempo e de disposição para envolver as crianças 
em exercícios físicos. Nesse contexto, não raro, a atividade física é trocada 
por atividades passivas como a televisão e o computador. 
Imagine que a criança esteja no período sensível para a aquisição das 
habilidades fundamentais, entretanto, não receba incentivo para se engajar 
em atividades físicas. O resultado mais provável é que essa criança não irá 
desenvolver as habilidades fundamentais de forma eficiente, bloqueando as 
etapas de desenvolvimento subsequentes, o que, por sua vez, prejudicará a 
sua inserção em contextos esportivos e recreativos. 
Além do encorajamento para a atividade física, as crianças também ne-
cessitam de um ambiente adequado para essa prática. Isso inclui recursos e 
materiais disponíveis, por exemplo, se um bebê estiver em um ambiente que 
não forneça o apoio necessário (uma mesa ou sofá) para ele se impulsionar e 
ficar de pé, ele só irá se colocar na posição ereta quando desenvolver força e 
equilíbrio suficientes na perna. Outro exemplo seria um bebê que more em 
uma casa precária, de chão batido com cascalhos, em que ele talvez pule as 
etapas de arrastar-se e engatinhar até que tenha força e equilíbrio nas pernas 
para se colocar de pé. Nos dias atuais, cada vez mais, as crianças moram 
em apartamentos ou bairros populosos e não possuem acesso a recursos e 
ambientes em que possam correr, pular, arremessar, etc. Por esse motivo, 
11Ampulheta de Gallahue
elas ficam dependentes da disponibilidade de seus responsáveis de as levar 
em um parque ou quadra esportiva, locais que permitem o desenvolvimento 
de suas habilidades. 
O ambiente adequado também deve estar presente nas aulas de educa-
ção física. Você deve atentar para o número de alunos, espaço e materiais 
disponíveis. O número de alunos deve ser adequado para proporcionar um 
aprendizado de qualidade para todas as crianças. Imagine, por exemplo, que 
você queira ensinar a desenvolver a habilidade do chute em uma classe de 50 
crianças. Dificilmente, você conseguirá dar a atenção necessária a cada aluno. 
Além disso, você também necessita de um número de materiais adequado. 
Se você quer ensinar o chute para turma de 15 crianças e só dispõe de uma 
bola, o que irá ocorrer é que enquanto um aluno utiliza o material, todos os 
outros estarão parados aguardando, resultando em um tempo muito pequeno 
em que o aluno encontra-se realmente engajado na aprendizagem do chute.
A oportunidade para a prática que o encorajamento e o ambiente propor-
cionam não promove o desenvolvimento completo na maioria das crianças. 
Para isso, é necessária uma instrução qualificada. Nesse contexto, o professor 
é peça fundamental, pois, sem ele, muitas crianças não terão a chance de de-
senvolver suas habilidades fundamentais, aprimorá-las e inseri-las no contexto 
esportivo e recreacional. 
Durante muitas décadas discutiu-se sobre quais fatores exerciam maior influência no 
desenvolvimento motor. Atualmente, respeita-se a importância de cada um dos fatores. 
Parece que os fatores individuais atuam mais sobre a sequência dos aparecimentos 
das habilidades motoras, ao passo que os fatoresambientais, sobre a época de seu 
surgimento. 
A chave para um bom entrosamento entre os fatores individuais e ambientais 
é ser capaz de identificar quando o indivíduo está maduro para o aprendizado 
e, então, possibilitar experiências motoras educativas.
Ampulheta de Gallahue12
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor. 3. ed. São 
Paulo: Phorte, 2005. 585 p.
Leituras recomendadas
GALLAHUE, D. L.; DONNELLY, F. C. Educação física desenvolvimentista para todas as 
crianças. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2008. 725 p.
MCCLENAGHAN, B. A.; GALLAHUE, D. L. Movimientos fundamentales: su desarrollo y 
rehabilitación. 3. ed. Buenos Aires: Médica Panamericana, 1985. 223 p.
PAYNE, V. G.; ISAACS, L. D. Desenvolvimento motor humano: uma abordagem vitalícia. 
6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 470 p.
Referência
13Ampulheta de Gallahue

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