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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS ENGENHARIA DE ALIMENTOS Projeto de trocador de calor de carcaça e tubos para resfriar suco de laranja concentrado LAVRAS-MG 2019 1. INTRODUÇÃO Segundo Çengel (2012), os trocadores de calor são dispositivos que facilitam a troca de calor entre dois fluidos que estão em diferentes temperaturas, evitando a mistura dos fluidos. A transferência de calor geralmente envolve convecção em cada fluido e condução através da parede em que separa os dois fluidos. Existem uma variedade de tipos de trocador de calor, sendo um dos mais comuns em indústrias o trocador de calor casco e tubo. Ainda de acordo com Çengel (2012), a transferência de calor nesse trocador de calor ocorre com um fluido escoando no interior dos tubos, enquanto o outro fluido escoa através do casco. 2. OBJETIVO O trabalho teve como objetivo avaliar se o trocador de calor inutilizado de uma indústria de alimentos, de tipo carcaça e tubos, pode ser aproveitado para resfriar suco concentrado de laranja. Ademais, verificar se o fluxo de calor que se pode estabelecer no trocador de calor é suficiente para atender a demanda calórica do suco de laranja concentrado e se o conjunto de condições permite ter uma temperatura de saída da água dentro do limite aceitável. 3. CARACTERÍSTICA DO EQUIPAMENTO 3.1 CARACTERÍSTICAS DO TUBO O material escolhido para o trocador de calor casco tubo foi o aço inoxidável AISI 316. Aços inoxidáveis são utilizados em diversos processos da indústria de alimentos e bebidas por possuir diversas vantagens, como ser resistente á corrosão, maior resistência mecânica, maior resistência a ataques químicos, maior resistência à abrasão, fácil limpeza e manutenção do equipamento. Tem como desvantagem ser mais caro do que outros tipos de materiais. · Dado obtido da Fig. 28, Kern, Donald Q. (1987) Considerando o De= 0,0191 m = ¾ in e arranjo triangular para a distribuição de tubos: Deq = 0,73 in = 0,01852 m. · Dados obtidos pela tabela A.1 para Aços Inoxidáveis AISI 316, Incropera (2003). Condutividade térmica (kt)= 13,4 W/mK = 11.522 kcal/h m oC · Dado obtido de Mecânica dos Fluidos- WHITE, F. M. para Aços Inoxidáveis. Rugosidade (et) = 0,000002 m. Tabela 1: Características do tubo Variável Valor Diâmetro interno (Di) 0,0166 m Diâmetro externo (De) 0,0191 m Diâmetro equivalente (Deq) 0,01852 m Comprimento (L) 5 m Número total de tubos (Nt) 24 Número de passes do tubo (Np) 4 Passo entre os tubos (Pt) 0,0254 m Condutividade térmica (kt) 11.522 kcal/h m oC Rugosidade (et) 0,000002 m Resistência térmica interna (rsj) 0,0002 m2 h oC/kcal Resistência térmica externa (rsa) 0,0002 m2 h oC/kcal 3.2 CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA Tabela 2: Características da carcaça Variável Valor Diâmetro interno (Dic) 0,2032 m Número de chicanas (Nch) 85 Espessura das chicanas (ech) 0,0009 4. CÁLCULOS DO CALOR QUE SE DESEJA RETIRAR DO SUCO DE LARANJA 4.1 DADOS INICIAIS Tabela 3: Dados do suco de laranja concentrado Variável Valor Temperatura de entrada do suco de laranja (tij) 90°C Temperatura de saída do suco de laranja (tfj) 50°C Vazão mássica do suco de laranja (mj) 8000 kg/h Concentração do suco de laranja 65°Brix 4.1 Cálculo da temperatura média do suco de laranja tmj = == 70°C 4.2 Capacidade calorífica Dado obtido da Fig 4. J. Telis-Romero (1998). Cpj= 0,5971 kcal/kg°C 4.3 Calor a ser retirado do suco de laranja concentrado Qj = mj . Cpj . (tij - tfj) = 8000 kg/h . 0,5971 kcal/kg°C . (90-50) °C = 191072 kcal/h. 5. DADOS DO LÍQUIDO DE RESFRIAMENTO (ÁGUA) 5.1 Cálculo do calor específico da água Dados obtidos pela tabela A.6 de água saturada Incropera (2003). Calor específico T (K) Cp (KJ/kgK) 295 4,181 298 Cpa 300 4,179 Interpolando: Cpa=4,1798 KJ/kgK Cpa = 0.9983 kcal/kg°C 5.2 Cálculo da vazão mássica da água Qj = Qa mj.Cpj . (tij - tfj) = ma * Cpa * ∆Ta 8000 . 0,5971. (90 – 50) = ma . 0.9983.(38 – 12) ma = 7361,4375 Kg/h 5.3 Cálculo da temperatura da água na saída tfa = tia + = 12 += 38°C 5.4 Temperatura média da água tma = = = 25°C Tabela 4: Dados da água Variável Valor Vazão mássica (ma) 7361,4375 kg/h Temperatura de entrada da água (tia) 12°C Temperatura limite da água na saída (tlimite) 38°C Temperatura da água na saída (tfa) 38°C Critério de aceitação tfa ≤ tlimite Temperatura média da água (tma) 25°C 6. PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FLUIDOS 6.1 SUCO DE LARANJA CONCENTRADO Dados obtido da Fig 4. e Fig.7 J. Telis-Romero, (1998) e da tabela 1 IBARZ (1993). Tabela 5: Propriedades físicas do suco de laranja concentrado Densidade (dj) 1250 kg/m3 Viscosidade (visj) 0,0114 kg/m.s Condutividade térmica (kj) 0, 3857 kcal/h.m. oC 6.2 ÁGUA DE RESFRIAMENTO Dados obtidos pela tabela A.6 de água saturada Incropera (2003). 6.2.1 Volume específico T (K) v (m³/kg) 295 1,002x10³ 298 V 300 1,003x10³ Interpolando: v = 1,0026 x 10³ m³/ kg Da = 997,407 Kg/m³ 6.2.2 Viscosidade T (K) V (Kg/ms) 295 959 x 10-6 298 Visa 300 855 x 10-6 Interpolando: Visa = 896,6 x 10-6 Kg/ms 6.2.3 Condutividade Térmica T (K) ka (W/mK) 295 0,606 298 Ka 300 0,613 Interpolando: ka = 0,6102 W/Mk ka = 0,524678 Kcal/mh°C Tabela 6: Propriedades físicas da água de resfriamento Densidade (da) 997,407 kg/m3 Viscosidade (visa) 896,6 x 10-6 kg/m.s Condutividade térmica (ka) 0,524678 kcal/h.m. ºC 7. CÁLCULO DO NÚMEROS DE REYNOLDS E PRANDTL 7.1 SUCO DE LARANJA NOS TUBOS 7.1.1 ÁREA DE ESCOAMENTO DE UM TUBO At = = = 0,0013 m2 7.1.2 VELOCIDADE MÉDIA vmj = = = 1,3675 m/s 7.1.3 REYNOLDS Rej = = = 2489,0899 7.1.4 PRANDTL Prj = = = 63,5338 7.2 ÁGUA DE RESFRIAMENTO NA CARCAÇA 7.2.1 ESPAÇO ENTRE CHICANAS b = = = 0,0572 m 7.2.2 ESPAÇO EFETIVO ENTRE TUBOS Et = Pt – De = 0,0254 - 0,0191 = 0,0063 m 7.2.3 ÁREA DE ESCOAMENTO NA CARCAÇA Ac = Dic . Et . = 0,2032. 0,0063. = 0,0029 m² 7.2.4 VAZÃO MÁSSICA POR ÁREA Ga = = = 1724,137 kg/m³s 7.2.5 REYNOLDS Rea = ˭ = 35613,51 7.2.6 PRANDTL Pra = = = 6,14 8. CÁLCULO DOS COEFICIENTES CONVECTIVOS 8.1 Coeficiente de convecção do suco de laranja nos tubos hi = hi = = 1095,7 kcal/hm² °C 8.2 Coeficiente de convecção da água de resfriamento na carcaça ho = ho = = 5916,13 kcal/hm²°C 9. Cálculo da Área de transferência de calor nos tubos A = * De * L * Nt A = 0,0191 * 5 * 24 = 7,20 m² Considerando L = 9 m em um novo trocador de calor A reajustada = 0,0191 * 9 * 24 = 13 m² 10. Cálculo do Coeficiente Global de Transferência de Calor U = U = U = 578,36 kcal/h. m². °C 11. Cálculo das Temperaturas nas Paredes dos Tubos 11.1 Temperatura na parede interna do tubo (suco de laranja) twi = tmj - (rsj + rsa)(tmj - tma)(U) twi = 70 - (0,0002 + 0,0002)(70 - 25)(566,4) twi = 59,59 ºC 11.2 Temperatura na parede externa do tubo (água de resfriamento) twe = tma + (rsj + rsa)(tmj - tma)(U) twe = 25 + (0,0002 + 0,0002)(70 - 25)(578,35) twe = 35 ºC 12. Valores da viscosidade nas paredes dos tubos (dados adicionais) 12.1 Viscosidade do suco (temperatura parede) Viswj = 742 x 10-6 Kg/ms 12.2 Viscosidade da água (temperatura parede) Viswa = 0,000695 Kg/ms *Fonte: Temperatura parede= 310 K (Tabela A6 –Incropera) 13. Correção no Cálculo dos Coeficientes Convectivos 13.1 Coeficiente corrigido de convecção do suco de laranja nos tubos hic = hi hic = 1606,21 kcal/m²hºC 13.2 Coeficiente corrigido de convecção da água de resfriamento na carcaça hoc = ho hoc = 8353,21 kcal/m²hºC 14. Cálculo do Coeficiente Global Corrigido U = U = 723,35 kcal/m²hºC 15. Cálculo da Diferença Média Logarítmica de Temperatura (LMTD) 15.1 Cálculo de Delta T Quente: tq = (tij - tfa) tq = (90 - 38) tq = 52 ºC 15.2 Cálculo de Delta T Frio: tf = (tfj - tia) tf = (50 - 12) tf = 38 ºC 15.3 Cálculo da Diferênça Média Logarítmica de Temperatura LMTD = LMTD = 44,63 ºC 16. Cálculo do Fator de Correção Térmica da LMTD 16.1 Cálculo do fator P (Eficiência Térmica) P = P = 0,51316.2 Cálculo do fator R (Relação de Carga Térmica) R = R = 0,65 16.3 Número adimensional auxiliar X = X = 0,513 16.4 Cálculo do Fator de Correção Térmica (Fct) Fct = Fct = 0,493 17. Cálculo do Calor que o equipamento consegue transferir Qequipamento = U * A * LMTD * Fct = 114,705 kcal/h 18. Teste de capacidade (margem de segurança) Qequipamento > 1.05 Qj = 200,626 kcal/h Qequipamento < 1.15 Qj = 219,733 kcal/h O equipamento ficou fora da margem estabelecida, portanto pode-se dizer que o trocador de calor não está apto para realizar o resfriamento. 19. Cálculos adicionais 19.1 Cálculo da Perda de carga nos tubos 19.1.1 Fator de fricção nos tubos (equação de Churchill) E = = 7,135 * 10^18 G = = 0,0051 F = = 8,964 * 10^11 ft = = 0,03526 19.1.2 Cálculo da perda nos trechos retos PL = 0.0104 ft dj Np L (vmj)2 = 25,129 kg/m²s 19.1.3 Cálculo da perda nos retornos PR = 0.00029 Np dj (vmj)2 PR = 2,712 19.1.4 Cálculo da perda total nos tubos: PT = PL + PR PT = 27,841 19.1.5 Teste da velocidade econômica vmj < 2,0 m/s vmj = 1,3675 m/s < 2,0 m/s 19.2 Cálculo da Perda de Carga na Carcaça 19.2.1 Fator de fricção na carcaça (dado de gráfico) Fc = 0,2592 19.2.2 Cálculo da perda na carcaça PC = 8.05 x 10-10 fc (3600 Ga)2 Dic = 19069,746 20. Conclusão Para definir um projeto de trocador de calor é de extrema importância a escolha sobre qual fluido irá passar pelo lado externo do trocador e qual irá circular internamente, no tubo. No caso deste projeto, o suco de laranja, por apresentar maior tendência à incrustação, irá circular nos tubos, enquanto a água de resfriamento passará pelo casco. Outro fator relevante se dá quanto a velocidade na qual esses fluidos escoarão. Como nos tubos a velocidade é mais facilmente controlada e é mais uniforme, o mais recomendado que circule nos tubos àquele que tiver maior probabilidade de gerar incrustação, pois o método de limpeza, seja mecânico ou químico, é mais bem executado nos tubos, uma vez que no casco, a zona de baixa turbulência dificulta a limpeza, sendo escolhido assim um tubo no material aço inox uma vez que esta se trabalhando com fluido alimentício (suco de laranja). Portanto concluímos que este trocador de calor na condições iniciais não seria suficiente para o processo necessitando assim um aumento no comprimento do tubo de 5m para 9m o qual acarretaria em um aumento da área de transferência de calor e assim o calor a ser transferido 21. Referências Bibliográficas ÇENGEL, Yunus A.; GHAJAR, Afshin J. Transferência de calor e massa: uma abordagem prática. 4. ed. São Paulo Dewitt, D.P., Incropera, F.P., 2003, “Fundamentos da transferência de calor e massa”, 5a edição, Ed. LTC, S. Paulo, Brasil. IBARZ, A.; GONZALES, C.; ESPLUGAS, S. Rheology of clarified fruit juices. III: orange juices. Journal of Food Engineering, Oxford, v. 21, n. 4, p. 485-494, 1994 Telis-Romero, J.; Telis, V.R.N.; Gabas, A.L.; Yamashita, F. Thermophysical properties of Brazilian orange juice as affected by temperature and water content. Journal of Food Engineering, New York, v.38, n.1, p.27-40, 1998. 3 2 50 90 + Qj ma Cpa 0,9983 . 7361,4375 191072 tia tfa + 2 2 38 12 + p ( ) Di Nt Np 2 4 4 24 4 ) 0166 , 0 ( 2 p 3600 At dj mj 3600 00123 , 0 1250 8000 x x visj dj vmj. Di. 0,0114 1250 x 1,3675 x 0,0166 Cpj visj kj 3 6 0 0 3857 0, 3600 0114 , 0 5971 , 0 x x L Nch ech + - 1 0009 , 0 1 85 5 - + b Pt 0,0254 0,05724 3600 x Ac ma visa Deq Ga 6 - 10 x 896,6 0,01852 14 , 1724 x Cpa visa ka 3 6 0 0 0,524678 3600 6 10 6 , 896 0.9983 x x x - 33 . 0 8 . 0 ) (Pr ) (Re 023 . 0 j j Di kj 33 . 0 8 . 0 ) 63,5338 ( ) 2489,0899 ( 0166 , 0 3857 , 0 023 . 0 x 33 . 0 55 . 0 ) a (Pr ) a (Re Deq ka 36 . 0 33 . 0 55 . 0 ) 14 , 6 ( ) 51 , 35613 ( 01852 , 0 524678 , 0 36 . 0 ho 1 rsa kt 2 De . Di De ln Di rsj De hi Di De 1 + + ÷ ÷ ø ö ç ç è æ + + 13 , 5916 1 0,0002 11.522 2 0191 , 0 . 0166 , 0 0191 , 0 ln 0166 , 0 0002 , 0 0191 , 0 7 , 1095 0166 , 0 0191 , 0 1 + + + + x x x visj viswj æ è ç ç ö ø ÷ ÷ 0 14 . visa viswa æ è ç ö ø ÷ 0 4 . hoc 1 rsa kt 2 De . Di De ln Di rsj De hic Di De 1 + + ÷ ÷ ø ö ç ç è æ + + D D D D tq tf tq tf - æ è ç ö ø ÷ ln tfj tij tia tij - - tia tfa tfj tij - - 1 1 1 1 1 - - - æ è ç ö ø ÷ - - - æ è ç ö ø ÷ RP P R RP P ( ) ( ) ( ) 2 2 2 1 1 1 1 2 1 1 2 1 1 R R X RX X R R X R R + - - - é ë ê ù û ú - + - + - + + + ln ln 37530 16 Re j æ è ç ö ø ÷ 7 0 27 0 9 Re . . j et Di æ è ç ö ø ÷ + æ è ç ö ø ÷ 2 457 1 16 . ln G æ è ç ö ø ÷ tij tfj + 2 ( ) 8 8 12 1 5 1 12 Re . j E F æ è ç ö ø ÷ + + é ë ê ù û ú - visj viswj æ è ç ö ø ÷ 0 14 . ( ) Nch da Deq + 1 visj viswj æ è ç ö ø ÷ 0 14 .
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