Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
THEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI Procuradcr da Repu.blica. "i*:i"';1iril""",*:" - Da ordem dos Advo- de Direito Administrativo Brasiløiro lnstituiçöøs F t I : 1936LIV R,ARIA EDI TORA FREITAS B ASTOS aDuu,\L tluo tìiochuelo, ó2 toner 3242'8ó07 Ruo Sen, Poulo Egidio, 25 Fone:3107'5872 Soo Poulo-SP Ruas Bethencotirb da Silva, 27-l- e 13 de il,faio, 74e76 rl I I I ; I ÏNTRODUCCÃO O estucio dc dir.:ito aclministrativo plesr_rp¡tõe autts rle tuclo o ccnhecimento geral da estructur¿r do Esl.¿ldo e iie suli organiza,ção constitucional (tr). E' €.sfie o objecto da introcluccão que e>ramina. ent ccn-juncto. o funccionamento clo mecanismo do Es'uaclo tlo qu€ se reìacicun¿¿ colm o nosso regimen aclministrativo. FIa uma, evi¿Ìente faLta cle hornogeneicìacle e clt: unidacìe ern toda a, ncssa organização adminisrrativa clei'ido ¿ìo ìlr:ocessc de tran-qfoynraçã"o do Estado Brasileiro clescle a rer¡oincão cle Lg30. processc' clc acìaptaçã,o progressiva. o.uer: na ordern social e eco- nomiea quer rla orrlem ¿,r:lministr¿tirte, a lnra. nova" estr''.icti,ie constitucional. Dellfro clesse quaciro ex¿minaremos a noção do EsteiiLt. especialrnente clo Esta.clo federadc, a compeb{ncia ger:rl rl¿r Uniã,..r. t-ì.rs Estados e dos rnunicipios, o llosso regimen de iles- centializaeão politica e arl.m!nis-Lr¿rliv¿r e. finaime;rte, os,l'- gãos cla a,c.lrninistraçäo autonorna, íni.egra,dos na, orgi:nizlcão rio EstarXo e cuja irrportancia é primordial dentro clo ro::sl reginle n a;ir:r i n istrativo. ÐIXÌÐIlrO AÐ1,{INISTtrlA'[tr\¡O, SUAS RELAçõES COM A THEOII,.TÂ. ÐO ÐSTAÐÛ O ciireito admintstrativo é Lrm r'âmo clo direito publico. .4. elle intei'essa clirectamente o estudo cla organisação cìo Estado, (t) Vel es¡teciaì;rente a obr.a classicn de \¡îx Sror¡r - Lcr, st:isnza rlel La't¡ubl¡ I i c a ct t n t n iní sí ¡.rLzio n.e - 10 THEMISTOC,LES BRA NDÃO CAVÀLCANTI porque a administraçáo publica é apenas uma das formas Ca sua actividade' Deve-se, por isso, como in roducção ao direito adrninisi:ra- tivo, fixar p,i*o'ãiål*ente as idéas fundamentaes sobre o Estado. Effectivamente, a activid quaes se acham os adrninistr da estructura e da composlçao aquelias geralmente tidas como INSTITUIçõEs DE DIRErro ADMINtsrR.ATrvo nR,4.-srLErRÐ 11 these da sua actividade e da sua intervenção na vicla individual e da collectividade. Deve-se, portanto, aqui, examinar a theoria do Estado apenas como uma introducção geral ao Direito Administlativo, que, no dizer de MERrEl, é apenas uma das secções em que se divide o estudo das actividades do Estado. Não seriamos nós, quem ousâria clefinir enr uma {ol'mulil ¡nica a noção do Estado. Nas organisações politicas actuâes, essa clefinicão varia com a estructura organica, com a finalidade social e politica dos orgãos de que elle se compõe. Não se pode comprehender em tlma tinica formula o Estado Sovietico e o Estacìo Fascisi:¿r, qualquer um destes com o Estado ftancez ou com o americano. No fundo como na forma, elles se differenciam. As ideologiar que hoje o,s caracterisam, a estructura social qtre lhes serve clo: base, bastam pata lhes definir e dar sentido proprio. Não foi sempre, effectivameníe, a mesma a conce¡rção clo Estado. Esta evoluio com as condições econcmt'cas, a estri-¡ctru'4, social e os principios philosophicos dominantes. O Estado tem um sentido politico; a sua forma orgiruirzi tem qualquer cousa de convencional, e assim se expliczr essa subordinação de sua estructura ás contingencias econornicas e' moraes que são as determinantes da evolução social. Na historia do mundo, a concepção do Estado, enr setx selì- tido actual, é relativamente recente; a sua existencia presuppõe eertas ideas politicas desconhecidas clas populações primitil"a-s. Dahi uno conceito mais elementa,r na historia d.a sciencia, politica: o d,e sociedade (3). A respeito da noção de sociedade, as clivergencias s¿1'J as mais accentuadas, mas a theoria predominante é aqriellä clue a considera como uma reunião amorpha de individuos enì seu estado primitivo, ligados apenas pelos laços cle sociabilit{ade" inherentes á" natuteza humana. (3) JELLTNEK, L'État d[odetl1e et son droì,t, pg. 717. G. Cmr¡, La Vita del Diritûo. cle natureza Privada' A composição dos orgáos clo Estado' as suas 'uttotl-T1::tt' as suas funcções, Jä;-3ytt"*a iuridico' terão de variar de accordo com as peculiaridades de sua estructu-ra' O que se nota na evolução da vida do Estado é uma com- plexidade """*"""t" ^å *o"t ätt*i¡uições' A sua creação já foi consequente ás necessidades de uma organisaçáo politica da sociedade civil, até;;;;;""pha e inefficiente' que só encon- Lran¡a alguma to'cu'iu* organisações primitivas da farnilia e tt" n'J;.rado foi, assim, uma determinante da evoluçã'o e do aperfeiçoamento do homem "* :Ï:^:oncepções politicas' 'ual- vez levado por contingencias economicas e sociaes já então pre- ponderantes' .gens do Estado (2), nem Não vamos, aqui' examinar as orl tão pouco u, idéu'";;;tit;;;;* desde Pl'ltÁo e Anist'ornrns vêm procurando construir uma organisação politica ideal da sociedade. O que interessa ao present'e trabaiho é uma syn- I I I I I t, I I ¡ t I t I I I I I I i I ) LI I i i i t (2) Não cab eno estudo do direito administrativo o exâme desta 'ques- I rão que interessa_.ma,, ã'i;":L;;";i"-ã sociotogiåîä'i"t..¿"cçã,o ír sci'encia l do direitc e eo dlrello constitucional f i TiT,E,ITISTOCLES tìP,^1.{DÁC CAVÀLCANTI INSTTTI,Ì]ÇõES FT Ð1p,ÊIT,.ì -4ÐhIINlS'llRA.lì\-{l lìIi.1i.:Ii-ìiil.Ì:) l-:lLL Ðentro cla sociedade' existem' porém' certas org^ânisações que asseguram a, s'-ra estabilidade e a sua permanencra' Asriirn, a familia (4), a ga'rus' A o""uçao cio Estado, a organisaçáo politica dos agrupa- nrentr¡s htimanos 1:r.es..r¡rpõe, irortanto, a idéa de soriedace, por- n.ru .*rlt"n cr,ella é que o's Est¿dos -se crganisaram' O hcmem, por motit¡os politicos e de organisação' é que ptocü!"ou constittlir o Estaclo' com os ele entos naturaes da socierla,tle Pnmitiva (5) ' Llomo ,,otu Vou'ÉTEIN' a sociedade constituio a materia priäla tle que t" too*oo o Est'ado 'Dahi' a influencia primor- diat que a conformação social exerce sobre a natvteza do Es- taclo (6). Essas noções são fundamentaes' porque dellas é que se detltrzem u. "o"t"olãcias tloutrinarias sol¡re a noqáo cìo Itrs- tado, e a slla finalidade' .IELL ì'rEK "";i;; que a sciencia theorica do Estailo ou - ctroutrina ctoEstado - comporta dous ramos principaes: um' gera!, qne chama ä" - ã"ui"ina geral do Estado -; e o outro' par'uicular, qtle ã"t'"-i"" doutrina particular do Es- ttuo rÍtìrrrmeiro iern por objecto fixar os principios funda- ureniaes; estuda o nti''Ao eru si mesmo e em seus elementos covrs'¿itutivot. O *u -"tf'o¿o não se limita ao exame de um cleterininado Estado' Encara o conjuncto das formas historico- sociaes. em que t"-""*"it" a manifestaçáo da idéa do Estado' o outro, é ;Ã-i;itado ' Restringe-se a'o 'estudo de urn detern'¡inacì" "*"J'L""t" ¿" Estados ou instituiçóes para des- tacar os "oo""itoJii;;t "" entáo' ainda limitando mais o campo rio estucro, u*u*ir,u ã.-instiiuições de um determinado Estado, eäc.al ado ,,* *u'' "uoiucã'o iristórica e nas suas formas actuaes' ,\ iheoria e"rJ äï nstaclo é materia clue interessa mais clirecterment" A t"liofo'cia e ao direito constitucional' Só acci- (^, lj;"PtË;.t12'rroít, ps. 54.(5) tone, pg.12 RLUNrscHLr,(6) I lL¿er't.e \(?i Jnir'lwo<, oP' cit' Pg' 11' dentalmente e como introducçãc ao dÍtc'ito at'iurirlilrtrativs' |.rÛ- de ser aqu.i exarninada' Quanto á doutrina particularclo Estacio' e ao esti'rclo das instituições que integram o Estado moderno' serão objecl'o cìo llosso exame' 'pu,'u*, dentro da finalidade restricta do clil.ei,eo administrativo,aqueinteressamaisclirectarrrenteocon,jttircto tlos orgãos de execuçáo da vontade do Es1'aclo e a fol'm¿ tìe execução'dos serviços Publicos' Começaremos, portanto, por e'studar o Estaclo ell't su?ì rnorphologia, e nos elernentos corrm'Jns a tcclos os Estatlos' trX,FmÍilN'IJìS llCI EST'1' ÐO Os elementos essenciaes clo Estado' :'oh o a'r'lreuio formtrl' sao a) Territorio; b) Povo; a) Governo; O Terri,toti'o é o elemento rv¡'ateriaì' ÌI' a pa'rte da terra ern que o povo se fixou, é a sétle da communidade estat'al' (8) As populações ncnrades não podem' dentro da concepção actual do Estado, ser consideradas como inclividualidades politicas. Tal não occorria, porémn no direito primitivo' que admit- tia a existencia de populações sem uma séde estavel' como uma "*p""..ao juridica, á"sau que estivesseln submettidas a um' poder supremo. O Territorio é, aqui, tomado em um sentido amplo; com- prehende atetxa, o* *o""u berritoríaes' os rios' os lagos' o e's- paço aereo. Este faz parte tambern do territorio' e sohre elle o Es- tado exerce a sua soberania. Pelo principio d.a exterritoriaiidade' os' navios mercantes em alto mar estão cobertos pela sua bandeira nacional' bem co- -CI¡ o. Rlnnlutrl, Institt¿øione cli cliritto p'u'bblico" Fc- 14' .t4 T¡{EMISTooLES BRANDÃo c¿,va¡,clNrt Tno a,s aeronaves, e as embaixadas, legações são, pelo mesmo principio, consideradas prolongamento do territorio de seus representantes. O Poao é o conjuncto de individuos que compõem o Estado. E intuiiiva a necessiclade deste elemento, porquanto o Es- fadrl se apresenta, an'æs de tudo, corno uma organisação ju- rir.ìica da sccieciaCre, embora varie o numero de seus membros. O terceiro elemento ê o Gouerno, poder de imperio, 'uam- j-rem ehamado - soberun'ia. Sem autoriclade, sem um poder clirigente, não é pcssivei ac'hiiibùir-se quaiquer organisação. Impõe-se, pelc rnenos. a e:iislencia de urna vontacle qäe coordene as activici:r:r,es indi- virÌ,-iaes e l'epres,elte o þlstado nâs sllâs leiações internas e er- ierir,':res,. Esse -eccier ai¡sch,ito €;ì1 slia conceitLiaçã,o i.heorica. lJe slxer- t€ t-"ci' meio ,cie ciivergos orgãos, qlìe ïeplresentam as dl,i.feren- cei:, fr-ir:cções io EstaCo, legisìação, jurisclicgão e ¿',dministracão. ,il-:r'i,r-.s esses uodeles são iirìrerentes á" sr¡berania e s:omente a;n i¡ii:ti'"iie dessa soberaniz ê que Þodem ser exercidos. Esta, pe,--tence oviigilrÀr'i¿"tinente á ldaçño. O Govel:no it ,e:re.rce. po.-tanto, por rielegaçáo Co i:roprio povo' i.\- oi:'Lgt-:m clo pcrier ccnsli t'.r.e cbjecto cÌe Largja.s dìvergen- ¿ia,s l,hecricas" c.ìt'duzindo-se da,hi tcda a d.ou'¿rina solrre a,s for- rlias de gol'erno, clerirocracia, iheoclacia., etc. segtincl-o e,'crìgeir dc ¡:rcl.iel. :J:gl,lcl.o ¿, clotrLi.'ìl¡,r cle Ði,lçilil. sci:elarria, ¡:oil.el' ¡rilrlico. p: e,.: dc -Fìsia,Ío, p.u-tclid¿rrie i:olitica, sãc expressões s¡,'noni- ir^riì¡.'!c,rLjl.te irnpcrta o cotlceìi,o cia solie.':¿rtli¿t en1 u-ma iciéa de itotz.tt".t,,e, qlre ,se nanifest¿r '.'o;: rneio de sel-r "iÍir'tiai, q'uie é a, ¡.;essôa q'Lre r.elìie[enta o Tiisiaclc i:l) ]l'Iãc cÌeve;los, no entrebanio, conÌiiitcìir a, soteian.ìr. ccm rr 1-roder:. ;lquelia é nma uin"tttcl,e infierente á e>ristencia clo Es- tatlo. P;:esuppõe, ira orclem internacionai, Lima autorid-acte il- I iroi la¡l¿'l qrie u ã o acìni iite o,r-ltrlquer: in'Lerf,euencia, extelna,. INSTITUIçõES DE DiR.EITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO 15 As theorias sobre as diversas formas cle tìo'er.no siro rÌu maior lelevancia llo esttid'o da organisação politica; solr o pcliio de vista puramente aclministrativo, por,ém é secund¿uio ri sell intet'es.qe. Xr{,-liìll'trAS Ðfl ÐS'I'.\.D{) O Estaclo pode ser estudaclo €nÌ sua estr.uctnr,¿r r)r1 lì¡ù conl- posiçã-cr de seus orgãos de governo. Na -q*a estructura temos as cliversas fcrrmas c{e Est¿rdo. cuja divisão ¡nais commum é a dle Ðstado sirnples e Esta,do com¡rosto. No primeiro caso, tenlos o lìsL¿rdo urrij.aticr. rim sópovc. Lirrl só territo¡iio, Lìrua unica ¡roirer'ania e uln Govel,rio g,.re centraÌisa, que exerce a plena s.cberani¿r intern¡, e inret-ilacir.- nal. r'eçrlesentanclo a I'ontacie do l"lsi;ado.Ì{o se.gundo caso, o -Ðst¿lrlo g¡lp¿¡rs{.9, teljrr:,s (,ìl-r ¿ìs rini,,ics p€-cs(Ia,es Ele Estacic.q c:ver"scs dei.;si¡o cle urn Lririco sol_.er"¿r,r:." for:ma clile náo nais se jlrslifi:a (J-C), ci.i ¿r Lritiãi: ,t,eaì c¡,1 _ i-,r._ vern" thecricarnente. da .frisãc ce r-livsi'sor-; Esia¡rurs Ê.iiît i,lìÌ r.ii. conl r.tníì¿t linica e:.i:-rcss.1o iilielnacicp,eL.(-ìi-irrr--qe ma,is enl,re os JÌsiaakrsl cornl:osios ¡r: ctirfi.ri.:r'a- cöc¿s e F;ei,'ìeyaçõest äe Esiados. i¡ii,ro c¿ibe 'aquí aÐi,eciacã,1 clei¡,;1:tlia tltt ri:r:1ll.nÌ..i.,-.. ¡¡rÌr o ilollta rle ','i-si,¿; aciLii.itjr.:il.¿iir,,o l..t-, i.e,i ,t; :.,._ - (,r-, ,, ,,:,i.. ,r. r. r ,.ìì r,.<_ sa,t'j¡,;:lt:.,ú.:, ,:ì iin-Ì t.0rìjlitcn cle ¡-lel:cr.iit,'it.iisar¿i:l :r.,ì,iic¿l e I ,1,. .- nir¡i-ati'¡a r-iecor.r'er.{.e cÌe" pr"ci::iiä ualirle.i¿ì,:ie sl:.,1 e.qtrì;rtr.ii.. .Aiirri:r;;r.¡i¡-r, ¿l Fer,ìet:äçño l.e1:t'cset-ii-a Lini s.-.i,",i11,', ¡,,,1¡.¡_--ì,t_ rc. (:.ir.i?, ei.¡.t.ili::::lcâc vri.i'i;i t,e :,,,i.ci1.r,,., ...\r.ì (.ì ¡ f.i_.ii;¡q:: ( r.,.r:._ tilc jcli¡i cr:i'rl-.r:let:iclo, a.r,l ol"ir-¡.e ltlr bisltt.:l:.is e ;ìF i,3jrclarr¡;1-1¡,; ;--,_ liri::,t,'r'¡;c cl¡rja -OStariC. ll[ão r¡e i,'lcÌe, ¡cr e:ie,rrtiti,,t. c(_-itr'ìÌì -, ..ì' Í.ì ,,r.ì.i.,-r i..,i,:r , , . , . - t,acits LlI-:jd'í-)ii :jolì1 a rlo .B:'a-sii" cil ,--¡'ì ':, d:r ,:.,..:.¡.;:iì ..,1. ì4n:.1rir r.o ¿iqi'elles iJes,iiÍli¿ìi1 peli:, l,eLiuis ll iÌ¿; ( l¡it.1 i_.lic:,¿, _ cäo, nós cies.:onbÐieìlcl; t¿rì est¿lcìc ¿:rtc,r,ir-rr'. -.v'i-r elrrìlì $tì ìi)i-e - (i{ì) i,,,-:r' :j. l¡¡*}¿2r.. 'i).LtiiLtlù r;ii ,t'j :li;i ir:J¡,;¡;¿¡,:,jrJ:¡¿i,:, -,,,. i -_Far i,e {ìenet.aie, :rq. .l.i i..(9) Ver' -l-'" Dr-ÌculT, Sa¡n,e¡'ainaié et Libt¡t4. pg. lì? e segr:intes r.6 THEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI noregimendamaiorunidadepoliticaeterritorial,oquenos impõa um regimen toclo especial cie centralisação politica e descentralisaçáo administrativa. Devemos, âssim, para melhor explana'ção do assurnpto' examinar as cliversas doutrinas sobre o systema federativo, doutrinas que se multiplicam em virtude da cliversidade de es- tructuras federativas dos paizes cujas condições historieas e irnposições politicas levaram a adoptar essa forma organica' Déixamos as demais modalida"des acima enumeradas por- que é de interesse immediato o estudo do regimen adrninis- trativo vigente entre nós, baseado na forma federativa. REGXMEN FIXÐEP"ATII/O Não se poderia estudar o nosso direito adrninistrativo' sem fixar a m:atureza da estructura organica do Estado Bra- siïeiro. A historia administrativa do tsrasil tem gyrado' ern grân- de parte, err¡ torno das attribuições do Impertlo e das Provin- cias, no regimen Imperial, e da União e dos Estados' no re- girnen republicano. A Federação era umå velha aspiração republicana' e mes- rno entre os partidarios do antigo regimen' os havia que eram mais federaiistas do que propriamen'te monarchisf¿-r' s mâis f,ederalistas do que republicanos' A Federação é, por definição, um Esiado composto' O dualismo, - Uniáo soberana - Estaclos a'utonomos -' caracterisa todo o sYstema' Dentro clesta fãrmula, porém, variadissimas são as dou- trinas existentes' sobre a nâ't'utøa do regimen federal' Especialmente nos Estados Unidos' os systemas foram largamånto debatid.os, e lutas renhidas travadas em torno de principios. j\4'ousr<nnii (1f) assim classifica as diversas doutrinas: l.o - Theoria daCo-soberania, é a QLle llega a existencia INSIrTIJryõES DE DIREITO .ADMTNISTRÄ.IIVO BR.aSTLEIRO 17 do Estado federal, corno categoria juridica distincta. (Tocqua- vrLLE, e WArTz, de um Xado, e C¡J,rrou¡l e Spyopl, do outro). 2.o - A segunda theoria segue cluas tendencias diversas: a primeira que considera o traço distinctivo do Esiado federal, a participação das collectividades membros na formação da vontade federal (Zonrv, Bonnl e Lorun); e a segunda que não julga sufficiente esta condição, que, no entender de seus aclep- tos, p,ode existir em outras organisações cornpo,stas. Conside- ram por issq necessarias outras condições que dizem com a estructura dos Estados membros. (La,reNo, JELLtNrr, BRIE, RosIN, C.IRRÉ DE MAI.BERc, GIDEL). 3.o - A terceira theoria é sustentada por l{lnuni,, Gten- KE, e HaNs KnlsnN, que pela sua complexidade examinars- mos ern seguicla mais clemoradamente. 'tr - Doutri,na de Ca'l,laoun (2) e Seadel, e a do FEDERA- T ISTA - Tocqueui,lle e Wo;i,tz. 1A soberania é attrih,uto essencial do Eçta,do, una e indi- visive-l perl,,ence aos Estados rnemlcros, ou ao Estado central . No primeiro caso temos urna União ou Conf,ederação de Estados; no segundo caso, temos um Estatlo unitario. É insustentavel essa theoria porque náo se pode negar a existencia do Estado Federal, corno por exernplo os Estados- Unidos, o Brasil, a Argentina. Uma das modalidades da theoria é a sustentada pelo "Fe- deralista" por TocquEviLI"E (3) e Warnz (4); é a da dupla so- berania. Segundo estes autores: a) - Pelo pacto federal, abandonam os Estados uma parte de sua soberania ern beneficio da Uniã,o, reservando pa- ra si uma parte dessa soherania. IIa, por consegïinte, uma repartição de soberania; (2) "Ðisaot'trse on tlæ Consl. o,nd Government ol tlæ U. S." - 'Works, I, pg. 318.(3) De la Démoct'atie en. ,Ameríque, tì . I, pg. 27'l .(4) Apud LamNn, Le ftroit Publi"c d,e I'Empire Allen.and, \I . \ pg. 109. IIATNES, The Americøn Doctrine of Judtiøittl Suptrantøcg. pg. 187. I I. h I tff l f eot'ia JuTiilictt d'el ÐsLado Fed'era!, pg' 132' a, 18 TIIEMISTOCLES BRAND.ÃO CAVALC^ô.NTI b) - Os E^st¿dos membros se organisam livremente, o rr€smo acontecendo com a União, que mantém relações com os Estados nos limites da competenci¿ e attribuições distribui- das pelo pacto fetleral; c\ - Dahi decorre a consequencia da juxtaposição e nõo superposição de attribuições. MousxHpr.r rebate com vantagem a these, o mesmo fa- zendo Bonm (5). Diz aquelle escriptor que apenas a imagi- nação pode justificar aquella doutrina, que nenhuma base tem na realidade, mas apenas em raciocinios abstractos. A verdade, porém, é que a theoria teve o seu vigor, com algumas modalidades, nos Estados Unidos da America do Norte. A luta travada para conseguir a União a supremacia da lei federal foi tremenda, agitou o paiz que foi levado á guerra civil, e sacudio os tribunaes americanos. (6) Mas é insustentavel. Não se pode estabelecer urna diví- são perfeita entre as duas soberanias, dous compartimentos es- tanques, sem utn ponto de contacto- A soberania dos Elstadoß é caracteristico das Confederações e náo da Federação. A citação dos nomes e seus defensores mostra que se trat¿ de uma velha theoria que teve o seu vigor nos primeiros tem- pos da Fcileração Americana. Il - Tl¿ewi,u d'eB,onnr e Ln Fun A segunda theoria é a de Bonnr, e tambem de Iæ FuR, fi- liados ambos á theoria de ZOnr.I. Par¿ essa corrente, a unidade da vontade, a patticipaçáo dos Est¿dos particulares na for- maçã"o da vontade collectiva é que c¿racterisa o Estado Fe' &ral. (7) Esse é o ponto de contacto de seus defensores' As modalidades, porém, dentro desse terreno com.t1tum, são varias. TNSTTTUIçõES DE DrRErTo ADMINISTRATTVO BßASTLETBO 19 ZoBbI conserva-se dentro da formula do Estado unitario, 'que não differe do Estado Federal senã,o na participação da vontade collectiva. O mesrno ensina BoREL, isto é, que nenhuma differença juridica existe, senão aquella já apontada, entre um Estådo da Federação e a circumscripção de um Estado IJnitario. (8) Como mostrar¡ LABAND e Mousxuplr (8 ø) h¿ manifesta ,confusão e imprecisã,o na doutrina. Quanto á participação dos Estados na formação do Poder Federal, não procede para o Brasil, onde os Estados não inter- vieram para a organisação federativa. III - Th,eortn d¿ Jnr,r,rNnx e d,e L,tslNn. Jnr¿rrq¡r define o Estado federal como "um Estado .so- berano que resulta da fusão ol¡erada, segundo as norrnas cons- titucionaes, de diversos Estados não soberanos, os quaes par- ticipam å formagão da vontade do Estado, para cuja cornposi- 'ção contribuiram. "Os Estados não soberanos são os Estados membros do Estado Federal. O seu direito de participar nå formação da vontade do Estado Federal, os differencia dos Estados vassal- los, sujeitos ao Estado dominante, e para cuja actividade estes não participaru". (9) A primeira consequencia dessa definição é o direito do Estado membro a uma relativa autonomia e o de provêr a algumas de suas necessidades proprias. Esbe ultimo caracteristico é fundamental na theoria de Jur,LINrx, e talvu seja este precisamente o seu ponto fraco. L¿s¿Np (10), embora na mesma corr"ente de idéas, ca- racterisa melhor a funcção e a estructura juridica dos Estados membros. Segundo este autor, a soberania é que caracterisa o Estado, mas no,s Estados federaes podem existir essas entida- (8) BoREL, Etude su,c'lø souaeraínté d.e I'Êtat Federatif-(8-a) MousKHELr, op. cit,, pg. 196, que desenvolve larga discussão .sobre ¿ doutrina.(9) Ststema, dei dirítti pttbbli,oi subbíettiui, pg. 325.(10) Droit Publâc de l'Empì,re Allemtnd, I, pgs. 104 e segs. I { I I I þ (5) Ehtde gur lø Sotweraineté et I'Êtat Fedøt'utif , pc' 111.(6i Sobre o assumpto: rrAJNEs, op'-cit'; lilrr'loucnov'The American C,onsiin *ìona| Sg stem ; Coor,ÌrY, Cansti,tutional Lin'italion.(?) Ver L-laaxó, op. cit., vol. I, pg. 107 e seguintes. 20 THEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI INSTITUIçõES DE DIREIT,O ADMINISîRÀTIVO BRASILEIR,O 2L collectividade,s membros, além de terem uma competencia m¿l- teriat limitada, ainda deve ser restricta a realidade territorial de suas normas. lodas ellas como as da comrnunidade total, devem ser conjugadas, coordenadas e submettidas sómente á Cbnstituição Federal. (14) Dahi decorre a soberania unica da ordem universal do Estado, emanada da Constituição Federal. ÐIVER,SAS THEORIAS Dun¡.Nro (15) reconhece tres caracteres fundamentaes no Estado F'ederal, a saber: ø) é um Estado descentralisado, em gue as entidades in- feriores possuem orgãos proprios; b) esta descentralisação decorre da Constituição e rtão das leis ordinarias; c) entre os poderes proprios desses Estados, figurarn competencias exclusivas, que afastanrr a competencia faculta- tiva ou o contrôle do poder central. Mousr<nni,r (16) define o Estado Federal: um Estado que se caracterisa por uma descentralisação de forma especial e de gráo rnais elevado; que se compõe de collectividades mem- bros dorninadas pela União mas que possuem autonomia cons- titucional, e participam na formação da vontade federal, dis- tinguindo-se, a*ssim, de todas as demais collectividades mem- bros. Não eabe nos lirnites de um tratado de direito administra- tivo a critica dessas theorias, o que seria de maiol interesse apenas para o estudo da estructura politica do Estado. des, juridicas' com todos os seus elementos coactivoß s€m que' só por isso, sejam elles soberanos' A subordinagao dos Estados membros á Federagão' verifi- ca-se, segundo L^ls'ÀNo (11)' sob dois aspecto's: a) como partes constitutivas' como simples districtos geographico*, o"dt ã poder de Imperio se exerce direct¿ e im- naediatamente; b) como corpos administrativos. proprios'que det'êm e exercern, .* qoutiä^iu de intermediarios' o poder de Imperio' segundo as normìas for est'e impostas e sob a sua vigilancia' Para MousKrrELI (12\ , ha entre esses d'ous autores dois pontos de contacto, i-ùot'aclmittintlo os seguintes principios communs: 1.o - o Estado Federal é o unico soberano; 2.o - "* "ott""ti"idades membros são assim mesmo Esta- dos; e este é precisanaente o caract'eristico fundamental que os tlistinguedetodasasdemaiscollectiviiladesinferiores. 'A' critica teita i Joutrina consiste principalmente na im- portancia "*."u*iuä ntå áe" os referidos auto'res â autonomia dos Estados membros' IV - Ttt'eori'u dø I{Pr'snN' A base da theoria de KnlsoN (13) é a da descent'ralisação" que pode ,"" totuiî" p*r"itl' segundo o alcance territorial da fo"çu da norm'a juridica' As norrnas ;;;; são universaes para os Estados: as normas locaes estã'o subo'rdinadas á ordem total' Sob o pot'to ä oìtt" t"t"itorial reconhece Knr'snN tres ordens: a) o Bun'd, b) as collectivitlades membros' c) a collectividade total' As dr¡as primeiras sáo ordens pareiaes: quanto ao Bund' a sua "oorp"ten"iu é limitada a certas materias - e quanto ás È Þ I I å,.i F. (14) estuda com Ver Pospus Dn MIRAIID-0,, Direito ConstitttcìottcLl, pg', 1?2, que proficiencia toda a theoria de Knr,soN. Les Étøts Fed,etnaun. MousKHELr, op. cit., pg. 319.(11)(t2) 1rB) Op. cit., Pg- 779' l'";# ¿:i";åtï;, ,,r*o,pgs' 216 e seguintes' (15 (16 76 TIIEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI sob a influencia da escola historica, como SlvtGNY (107)' Pucnu (108), Bunxr (109) o quer, finalmente, animado pelas theorias socialistas, com todas as suas variadissimas modali- dades, com Su¡tt-SrMoN, O$rEu, CIBET, L' Br'nnc' PnouotloN' Knnr, Menx (110), Lnsu,m (111), e todos os modernos K'lu- TSKY, SoMnAnr, LnrqrNp (11-2), e os syndicalistas' com Sonnl' Srsuóttot, etc. IV-Contemporaneamente,adoutrinaliberal'anti-inter- vencionista, não tem mais opportunidade, dadas as condições do mundo e a crise consequente á aggravação de toda a economia pelofracassodasdoutrinasliberaes,edalivreconcurrencia b"- ao*o pela exacerbação de problemes consequente ao des- envolvimento da grande industria' Só o Estado pode, em nome rio interesse collectivo' lutat contta taes organisações, que especulam graças ao seu poder' em beneficio ProPrio- Dahi as novasi tendencias politicas: 1.o - O communismo, pela intervenção completa do Est¿' tìo; pela absorpção do indivitluo pelo Estado ou melhor pela in- begração e confusão do individuo corn o Estado' 2.o - o fascismo, e outras organisações politicas identicas' cle forma syndical ou não, mas onde a economia é dirigida pelo Estado ou Pelas corPorações' 3.o-Aformaamericana,doNewDeal,francamentein. tervencionista, sendo a economi¿ contrôlada pelo Estado' 4.o- osocialismoreformistaououtrasformulasuniver- salmente applicadas de economia dirigida' dentro do systema constitucional' Vocation de son Tem'ps pour ilt' Legisla'tion, 784{l' Des GewonheÌ.Lx'ech!, !828 - Refleri,on. flrr Ia Reuolution d'e France' Li N ozt "- eo,u. C hristianiYrne - -ó;r';;l:;;- sue Ia ProTniétë? e Conta'd'iction frconomique' Le (,:c¿pital . TITUI,O I DO DNR.EITO ADMNNISTR,4,TIVC) C¡prtt.llo I - Noção do Direito Administrolitto. Dí- oersas Tlrcoriæ. Later¡iére, I/øn Stej¡n, I-lsuriou, Presuttí, Cinc Vittø, Ð'Alessio. I{anelelri, Otla Mager, UrugLtog, Fritz Fleí- ner, Cooànow, Roger Bannard- A Noçoa do Ser¿,ico Publico. Cepr:rur-o \I - Di¡eíto Publico e Direilo Prioado- Sua Diuisrio Trailicionol. Suo Cri¿ica. Cottieilo, Thon, Hans Kelæn, Jellineh, Frif.z Fleiner. Ceplru¡-o III - A Coàifica,çao à.o Dìreilo Adntinis- tratíoo. O Problema das Codificações. A Escolo Hístoríca. Sar.rigny, Puchta, Niebhur. Tentatitas para û Codi{ìcaçao ào Direito AiÌmínistratiøo. As dioersas Correntes. C¡plrulo IV - Relações àa Direito AàmìnisLlalitto com os Dioersos Rørnos ão Di¡,eito. Cam o Direilo Consfifa- cionøI- Com o Direita Internacional. Co'm a Direìto CioíÌ. Con¡ o Direito Penal. Direito Financeiro. Direito Penal Adminis' tralitto. Arturo Rocco e Sgl)io Longhi. Penqs Físcces s Ppnas Criminaes. Multos e Scncço-es Aàminist¡øtil¡as. Sua NaLurczo. D outrina e J unsþruàencia. Regulamení'o s A ðministratit¡ o s. P c' nas Disciplínares. Cepltulo Y - Dineita Cosi.umeiro e Praxes Admitis' tratíoas. Decisões e Jurispruilencio. Preceàentes Adtninish'ali' oos. Jurispruìlencia dos T¡ibunaes. Clptrulo V[ - Estatistica. (r t?) ( 108) (10e) (110) ( 111) '{ 112 } \ ,: i -l 1 ,:l i i 5,;r rll,lâìiÈãà8 * # CAPITULO I No nosso regrmen politico o Poder Executico exetce duas unna politica e outrå adrninistratír,a. A ptirneiraelle a exerce, em geral, juntarnente o Poder Legislativo (2)com. D itet,sas .iou, Irre_ o Ma21or. Bonnat ri, o direito administrativo é o conjuncto de principios e 'or-rnas juridicas que ¡rresidern á ors'a;i.s¿ção e funecionamentodos eervlços publÍcos. . a_ ndministraçåo pubrica comprehende especialmente osactos de organisacão dos serviços ìo¡liro.* e de execuqãc_r dasleis; diz priryiparmente com , "e*rir*çåî;;äöåä1"*,_ços directamente a cargo do Estado, deleßå,dos oLr concedidos, edas rcl*tções d¿ edministraçôo com os ilìrriçiduos.E' uma funcção directamente rigada ao poder. Executivo,que é, por assim dizer, o chefe de todl a administracão clo Es_ tado, embora exerça attribuiçõe* ¿" s;""";ä,""- ä iïou*-drem, preeisamente dentro ¿es ri.at"H¿ades mai.s limitatìas rr¿atlministr$eÈo. Esta prasuppõe, como diz S¿wr¡ Rouexo (l), em seu sen_tido objectivo, uma actividade. a¿minist'ar significa tratar.. ge-rir, cuidar do interesse proprio on de tærceiro.q. dæreta a intervencão nos Estados, clecreta o est¿tck¡ cìe sitit¡. (l ) (2\ Corso di Dòr,j¿¿6 Ad,nt.inistt.rt.tiul., pg.Art. 56 da Constihrição. INSTITUIçõES DE DIRDIîO ADMINISTBÂTIVO BRASILDIRO 81 gislativo e executivo que influem no organismo da administra- ção activa e imprimem as suas verias funcçöes a força do di- reito vigente (5). Para Hnunlou. o direito administrativo é o ramo do direito publico que regula: 1." - a organisação da administração publica e das diver.- sas pessôas administrativas que a compõem; 2.o - os poderes e os direitos rlessas entidades n& execn_ ção do serviço publico; 3.o - o exercicio desses poderes e desses direitos, as su¿l"c prerogativas e acção administrativa ou contenciosa. (6) PnnsuTrI (7), definio o Direito Administrativo : "lo studio dei rapporti giuridici cui dá luogo l,at- tivita delle pubbliche amrninistrazioni in ció ehe eesi anno di particolari in confronto di altri rapporti gíuridici", e accrescenta: "Perció lo studio del diritto amministrativo comprende cosi le norme di diritto p,ubblico. che re- golano l'¿ttivitô delle pubbliche arnministrazioni, co- me le norme di jus privatum singulare che eventual- mente siano state ernanate per disciplinada; ma non comprende le noûne di jus privatum commune, quantumque molto spesso gli effetti giuridici, cui clá luogo I'attivitá delle pubbliche amministrazioni siano regolati dal diritto privato commune". Crxo Vrrra (8) define com admiravel synthese ..l,ordina- mento giuridico della amministrazione pubbliche". T La scienza della pu.bblicn amministt'ctzione, pg. 17 D¡toöt Admínístratit, pS. 10. Ist- d.í Díritto Amm. !. I, pg. 58. Diritto Ammãnístrøtiuo, V. I, pg. 15. -É, t (5) (6) (7j (8) - h T.I Í t i! t' ì 'i. ì j I i .l 82 TIÍEMISTOCI,ES BBANDÃO CAVAI,CANTI [\ D'Alossro define o direito adminietrativo: (9) "il complesso delle norme giuridiche interne che re- golano i rapp''rti fra I'amministrazione pubblica'in quanto ugit"" per il raggiungimento delle. sue proprie tittaiiu e i soggetti ad esso subordinati"' RaNnLntrI (10): ,.:-r.:ll "Il diritto amministrativo e quella pafte'del diritto pubblico itterno, che regola l'organizzasione della pubblica amministrazione in senso subbietivo' la sua attivitá pubblica, e i rapporti che ne derivano"' Orno MlYnn (14): "l,e droit administratif est le droit public propre à l'administration"' Fmtz FlrtNon (12), em contraposição a esse conceito' faz observações que devem ser aqui transcriptas: ,.L,expres it administrstif - ne desþne donc pas au contr¿ire d'en Î'rance' une sorte tlroit' Au sens le plus lar- ge, le droit tif designe toutes les normes qui réglent que c€s norrnes du droit Privé lanotiondefaçontellementlarge.Ellepartbien dération que des normes Parti- êes Pour l'¿dministration oú les no¡mes générales du Istítunionß di, Dilítto Amm. ttølìnno' Vol' Prùncirtr. I. n.' 301-br. ,q,aá". Atlemand, I, Pg. 20' Droíf Ailmínísrrrliî Allomnnd' P8' 44' (e) (10) ( 11)(12) I, pg. 20. rNstrTUIçõEs DE DÍREITo ADMrNrsrRATrvo BnAsrLEtRo 88 dtoit priv,é, du droit pénal et de Ia procédure ne peuvent pas protéger ou tout au moins pas d'une façon suffisante en raison de la façon même dont elles sont conçues, les intêrêts spéciaux de l'admi- nistration publique. En vertu de cette évolution, ne doivent être aujourd'hui rangées en Allemagne dan.s le droit administratif au sens étroit que les dispo- sitions de droit public dont la réunion eonstitue un droit spécial de I'administration publique"^ Dentro do systema administrativo dos Estados Unidos F. Gooxow (13) define: "Le droit administratif est cette pattie du dtoit tlui fixe l'organisation et determine la compétence des autorités chargées d'executer la loi, et qui indique aux individus les rémèdes pour la viol¿tion e lettrs dfoits ". O nosso Unucu,ÀY (14) declara acceitar a definição de L¡,rnnnrÉno, que elle assim traduz: "O direito administretivo propriamente dito ê a sciencia da acção e da competencia do Poder Exe- cutivo, d¿^s administrações geraes e locaes e dos Con- selhos Administrativos em suas relações com os in- teresses ou direitos dos administradores, ou com o interesse geral do Estado", Roc¡,n Boxrsmn (1õ): "Le droit administretif est cette partie du clroit pu- blic interne qui a pour objet de prevoir et de régler les interventions administratives de l'État, soit les Les príncipes du Dr. Adn. des Etøts-Unis, pS. l.8 Ensøio sobre o Dír. Ad,m., I, pg. 7. Prccís d,e Dr. Adtn,, pg. 1. ( lB)(14) (15) 84 THEMISîOCLES BRÀNDÃO CAVALCANTI interventions realisées Ber le moyen de la fonction administrati ¡e et assurées par les serviees publìcs administratifs dont I'ensemble constitue ce qu'on ap- pelle couramment l'administration'o' Esta se nos afigura a definição mais satisfactoria g)rque abrange, t¡da a complexidade das funcções do Estado' A distincção entre o direito a'dministrativo e a sciencia da administração náo tem, a nosso vêr, mais, dentro dos novos principios, a subtileza antiga; a sciencia da administração é a iechnica emquanto que o clireito administrativo é o conjuncto de Brincipios e de ,ror*n* ' Não ha portanto' neeessidade de maiores observações' D'Amssro observa com algum a tazã'o que a sciencia da ad- ministraçãoéapoliticaeestáincluidaentreasscienciaspo- liticas. E' precisp, porém, observar que e politica da administra- gãonão é, tátrri"u, porque esta é a execução' a realisação dos principios. Como politica, a scieneia tla adminisfiagão faa parte do direito administrativo. Qual, porém, a posiçã'o do direito administrativo dentro do systema juridico vigente? E' o que examinaremos em seguida' CAPITULO II Direito p,ublico e direito privado Direilo I'u.i.tlico e Di¡rittt I'riuttdo. Sua, Di- ttieã,o Tradidion(Ll- S.ra Crítica. Coviel,Io, Thon, H'øns Kelsen, Jellinel;, F,tit: Flaíner- å. situação do direito adminisLrativo no con.iuncto cl¿s sciencias juridicas não admitte controversias. Sendo es$e ramo do direito, por definiç llla e activi{ade dp_E_g!¡g!o, os p-ripg-iple_Ð (l todos de direito publico. Não haverá assim duvida alguma em classifical-o dentro da esphera do direito publico, admittida como boa a divisño tla- dicional. Não poderemos, porém, sem grandes -r'estricções admittir esta ultim¿ dirrisão, que vem ferir o principio da unidade cla sciencia juritiica, que não permitte limitaçôes e circulos fecha dos denbro .dos quaes se possàm isolar tleterminarìas relações jr.rridica.s. A divisão tlo direito em nublico e n¡lrado nos yem da ira- rlicão romana. +* Ðo Digesto é a definição que ¿travessou os seculo.s até ()s ìros.cos dias, quando a critica juridica conlecou ¿u contestar o seu valor ¡lratico e scientifico: ("publicum ius esi quocl ad si¿tt,unr rei rom¿nae spectat, privatum quod acl singulornm utili '-- 86 TTTEMISîOCI,ES BRANDÃO CAVAI,CANTI t¿tem; sunt enim quædam pubrice utilia, quædam privatim"' (tt$ 2,D.!.- $ 4 rnst' 1'1')' (1) ^^--^onnndo q eondi - Segundo O"***u* Q) a divisão corresponde a contlição do homem o, ,o"i"J'Je civil' Se ha um interesse $!iyl&rt temos uma situaçaã :*ioitu de ordem privada; se ha um in- teresse collectivo ";ä;t* trata-se dguma' situação iuridica' de ordem publicq. - - ,ô\ ^-^- ,ri*ioõn á ' Mas,comofaznolatDrRuccrnRo(3)'€ssa'divisãoêina- dequada pæu "*ptimir o verdadeiro conteúdo dos dois ramos do direito e para designar os seus 1g-acteres differeneiaes' Admittindo ;;;;rir""io a utilidaS, e considerando pu- blico ou privado "'ái"tit"' segundo acnatureza do interesse predominante, esta divisão dá um valor excessivo ¿ um ele- mento que não e "åf"-it"' e estabelece uma divisão que não ex- prime a realidade entre o interesse publico e o privado' Estas pul""t* -utprimem b9m a divergencia da doutrina moderna, contra t Aiui'ao classica e tradicional clo direito' Segundo Covt;; A)' tratando cla divisÉo do direito pu- blico e Privado: clusão. (5) "E' la distinzione piú antica che siasi fatta delle norrne giuridiche; ma essa ha in gran parte un va- lore storico e traáizionale piú che razionale e scientifico". E isto porque a separação ou -Lelhor' a distincção entr'e og dois ramos ao aiteiå--ã tao aitticil' a predominancia do in- teresse publico ¿ a"^tál ""J"t"' que theoricamente só é possivel caracterisar o direito privado' segundo Wlcutpn' por er- l1ì MÀKErÐEY, IVlanuel d'e D' Roma{/¡' $$ 8' 116' G llltu' Ele- **i'rl" ,^:"i"::.'Ï:i'f U tr. cÆrr¡¡sr. rnt. ø r,etud.e d.u Droít Cnit, pagina 1?.(3) Inst' íaife' vol' I' $ 8'(4) Man to Ciui'te ltaltano' oc' 11 '(5) AItu "" S¡s'to'nv tt; |¡imtti'c¿o¡\"' vol l' pg' 108' rNstrrulçõns DE DIRErro ÁDMINIsrRATrvo BRASTLETRo 87 Dahi as diversas soluções lembradas para resolver a con_ troversia doutrinaria. Muito encontra o u. Tno¡r., (6), que ria, segund i.xïJffj:: judicia.E' uma objecção seria á essa solução: A tutela i ce de accordo,com o direito u *á, p.o_ tegido, Assim, qualquer das theorias aprese'tadas mereceu uma critica cuja procedencia é manifesta nas soluções praticas do direito. do ELSEN (Z) systematisonyse tradicional, chamåndo a une )E' que a divisão entre o publico e prrivado não pode serperfeita, porque mesmo nas relações em que são interessados osparticulares, a intervenção do Estado veio quebr ar z tão d,e_ cantada auton.¡mia do direito privado. A tutela do Estado, a necessidade de estabelecer um regi_ men de maior equilibrio social, impuzeram a predominaneia do rcder publico dentro de um regimen de intervenção mais ou menos velada, de accordo com a estructura politica e ,social do Estado. Observa JElr,tNnK, em sua obra classica, (g), que o di- reito privado não só encontrano direito publico o seu con- traposto e o seu limite, mas a elle se ach¿ condicionado e ás suas normâs se submette, concluindo com o seguinte postu_ lado: "Senza diritto pubblico non é possibile it diritto prj- vato". (10) (6) Norma dì. Dirítto.(7i Teor,ia general del Estddo. _8 77.({ì list. Diritto Pg. 26 . terbo Dirittnífestftzio ir,ítto Amm., s-'rs/øl¿0.,(9) Si,stema dei Dirôtt'í Publici subbòettit¡i, pg. ,í. 10) Op. cit., ps. 12. 88 _-_ 1l-E-MlslocLll9_ts_! Talvez com mais justeza, a posição doc dois ramos do di juridico vigente: t "O direito Publico e o dir(parados por um abYsmo. Na vi ( se completam um ao <rutro. Já ra a mais recente legislação d reito publico nas instituições cular no que diz com a liberd rém. fazendo-se abstraçåo dess privado pode servir de base a duzir consequencias do direito braremos ¿inda que existem devem ter a sua solução dentr Ainda mais: em Llma. mesma binam elementos do direito Pu E' lrern veldade que nem reito administrativo de outro reito publico obedecem a um r naquillo que diz com a jurisdi rrós, é forç'oso reconhecer, que os cotceitos de F. FlorNnn. Ai idêas clvilistas, das quaes ain par', infelizm€nte, iì3ra crear cuia ¿pplicaçåo na esPheta ad modern,as instituições juridic intervenção do Estado na es corrsideradas Pnrarnente Pri O qtte se verifiea no Br é a exisbencia de urn regirnen ministtação' que não Presci direito ¡lr'lvado Påra regul d[cas. ( 12) {1i) 0P cit.. Pg.4:i'. ,(1;1) \¡er GeBtvrr F n¡c¡ J t; 19iÌ4, pg. S8. NNSTTTUIçõES DE ÐIREITO ADMINISTRATIVO BR,ASILEIRO Bi) Basta, porém, essa intromissão do direito publico na e*q- phera do direito privado, e vice-versa, para tirar a autonomia de cada um dessqs ramos do direito. A universalidade das normas juridica^s contrapõe-se a toda tentativa de divisão, que só sejustifica dentro de um criterio systematico de duvidoso valor scientifipo. ; j j f { t "dI n $il t tt å {I t vil;'l ,{ il 'l! : i l l Ët ':,:.EFrIl;, CAPITULO UI A codifica@o do direito administrativo Correnles. Direit o da sem d me- ireito, cha- mada Escola Historica. Do debate entre THIBeuo e SA\tGNt, este ultimo em um ne 'sciencia tlo direito, ou se contrarieva o Beu de Quaes as vantagens e os inconvenientes das (1) etzgebung und chnft, 187' izl et la Conscien(;ll Ss¿enci'e et tec pt'ittci p<ts rNsrrTUIçõES DE DTRDITO ADMTNTSÎRAîM BEASTLETRO 9I cia geral do nosso seculo é para a eodificação, a reunião das normas em um syst€ms unico. lla nesta solução uma razão de ordem technica e outras de ordeur pratica, a necessidade de uniformizar os principios g€ra€s, de uni-los em um systema legal unico, e a facilidade da consulta ne sua spplicaçâo. Verifica-se isto nas tentativas de codificação do direito internacional publico e privado, (4) na elaboração de Codigos internacionaes contendo normâs communs de direito privado. Exemplo relativamente recente dessa tendencia está na e,ffectivação do projecto de ScIlr,o¡¡. para a codificação do re- gimen das obrigagões e dos contractos entre a França e a lta- lia, obra já em parte realizada com a elaboraçã.o do Codigo de Obrigações e contractos approvado em Paris em Outubro de !927, e levada a effeito pelo Comité mixto franco-italiano com- posto de innumeras autoridades sob a presidencia respectiva- mente do Professor l¿nu¡.uon e do Professor SctAlro¡¡ e cu- jos relatores geraes foram: C¡.prr¡¡qt, CoLrN, RTPERT, Ascol,t, de Ruccrpno, (5) Ha, portanto, uma tendencia geral pa,ra a codificação e uniformização das normas gera€s do direito publico e priva- do, tendencia que se justifica pela icléa da unidade politica dos povos. Graves difficuldades surg:em, porém, com relação ao di- reito administrativo que vive das praxes, dos costumes, de necessidade nacionaes impostas pelo interesse publico, dos con- flictos e das exigencias politicas e sociaes, que cumpre ao po- de publico amparar de accordo com neeessidades variaveis. Ha, porém, um terreno em que as norlnas clevem ser fi- xas, em que a rigidez não preiudica a acção do poder publico. E' naquillo que diz com os direitos individuaes, com a estru- ctura ds' regimen administrativo, das normas penaes e pro- (4\ As numerosas convenqões intern¿lcionaes, principaìmenËô ilquel- ìas relatilas ao direito unifon¡e, são bem um exempio dessas tendencias, notando-se especialmente o Codigo Rustamante. .À proposito ver F- Fn- oazzr, ím Tra,t:tøto di Diritto Inrerno,zionale, !985. Vol. IV, pg. 340 e seguintes. f 5) \ter Projet ite Codes des Obligatíons el des Conf¿'al.*. 102s 92 TTIEMISTOCI,ES BRANDÃO CÀVA,LCANTI e.essuees que presidem á actividade do Estado na ordem estri' ctamente burocratica e administrativa. D'Alrssro citantlo Posada, distingue tres tendencias di- ver*as ern relação á Codifica4ão do Direito Administrativo. A primeira, re'presentada por MltrtEIN, LAFFEßßIÉRE, Mawtor,ttxl, de GIoANIS, MEüccI, entende que o direito admi nistrativo não é susceptivel de ser codificado. A segunda sustent¿ a these contraria, favoravel á codi- ficaçã.o : l--)ucnocq, MANNA, Slrtt¡-M¡nm. A terceira, finalmente, DE GnnlNno, OoLMuRo, que acha a impossibilidade relativa, contingente e actual, mas não reco- nhece nenhuma incompatibilidade entre o direito administra' tivo e a codificação. Citaremos uma quarta corrente, BTELSA, que admitt¿ a pos- sibitic{ade da codific¿ção de uma parte, a administrativa pro- priamente, o qu€ exclúe a esphera politica, do poder executivo, Foram feitas tentativas paÍa a' Codificação do Direito Ad' rninistrativo, e.specialmente na França, como o proiecto de Cnatn':пt¡ apresentado ao Senado francez em 1868 ' Nota D'At Esslo que o Governo Fascista ordenou egual- nrenbe ¿ uniformizagã,o dos textos de cada departamento ou Mi' nisterio. Ewr Fortuguat foi tambem realizada uma larga obra de cr¡dificação do direito adminístr¿tivo e fiscal sob a orientação ilo gnveruo Saiazar. uma das rnaiore.s <tifficutdades da codifieação consist¿ nir sysiematisação geral da materia. Em um trabalho de gran- cle v¿ior', urn autor italiano Dott. Gnnnum. L. Boccolr, fez a analyse clo.+ diversos systemas. (?) Pot aii pocle se ver a situação da doutrina relativamen- te ¿o assumpto e as divergencias profundas que presidem a qualquer idéa. de systematização, divisáo e classificaçã'o das rnateria.s que interessam ao direito administrativo ou fiscal. tst. di t)ititto larrtir¡isúr u,tiuo ltcLli,(til(r, vol. I, pg. ì10 e segs,! T.,a codíii.ettzion.t, del. dit'itto a,mtninì.slrcttíto, t933. {rì } {7i (8) Teotia Genel'ul del Det'acho Administrati.uo, pg' 16(; INSÎIÎUIçõES DE DIREITO ADMINISTRATIVO BRASII,EIRO Como se pode eoncluir, do eXposto, as difficuldades de co- clificação do Direito Administrativo sã,o praticamente insu- peraveis. .Como demonstra Amr,no Mpncrl (8), de todo.s os rarnos do direito codificado, o administrativo é aquelle c¡ue e<tntém maior quøntidai,e de materia juridica. A illimitação dos fins do Estado manifesta-se conlo rima rêde inextricavel de tarefas atlministrativas. Focie-se aEreg- gar em um só Codigo o direito de familia, o direiLo heredita- rio, os direitos reaes e de obrigações, mas seria ttm absurdo um Codigo que comprehendesse toda a materia jurÍdico-admi- nistrativa. A difficuldade da codificação está, a nosso vêr:, nåio só na quantidade do mate,rial a ser empregado na coclificação, mas principalmente em duas 1:artieularidades, primeiro a tle- cessidade de uma revisão constante das normas regulamenta- res, segundo a descentralisação adtninistrativa eonseqttente a descentralisação politica, que se caracterisa especialmente pe- la divisão da competencia legislativa. E' possivel, porém, e esta foi a soltrção sempre preferida' codifica¡ uma parte do Direito administrativc''fix:rrldo &¡q ûor- mas substantivas e adjectivas, que presidern á organisacão e funccionamento de um certo ramo da administração publica' Os nossos Codigos de Minas, de Aguas, tr'lorestal, de Ca- ça e Pesca, o de Contabilidatle Publica, os Codigos de Posttr- ras e de Saride Publica, constituem exemplos frisantes, embora, muitas vezes sejam apenas compilações, consolidações de leis, systematisadas em um texto unico. _93 CAPITULO IV Relações do Direito Aùninistrativo conn os tliversds ratros do Direito Relações d.o Direito Adminßttahvo cùttL os Diparsos Røm,os dn Dùrei,to. Cam o Dirøito Con' stítucì,onal. C¡nn o Dh'eiio Internaciøwl. Corn o Direito Cíaí|. Com o Direi,to Pettø'L. Dùreito Fínanceù'o- Di"reibo Penal AdmÍnìntratiuo. Artu' ¡o Rocco e Sglnìn Longhí. Peno,s Físcaes e Pe' nas Criminøes. IVlaf,tas e Sancçõøs Aclmíníslra' ti,vas. Sua Natureøa. Dout.ína e Ju.rispru'dencia. Regulamentos Admin'ístratiaos. Penus Discipli' nu,res. Como procuramos acima demonstrar, não s€ pode consi' d,erar nenhum dos ramos do direito isoladamente. A unidade do direito é um presupposto da sua propria concepção. Como já vimos, porém, a sua divisão se impfu como ra- z,ão de ordem, e por mais discutiveis que seiam as differencia- çóes que servirem de base ás divisões doutrinarias, não é li- cito duvidar de seu valor scientifico. Assim, devern ser examinadas a.s relações do ramo de di- reito objecto do actual estudo com outrffl' aos quaes 8e acha ligado por motivos theoricos e praticæ, que adeâñte verifica- remos. E' assim que o direito aùministrativo tem mais intimas relações com o direito constitucional, internacional, civil e pe- nal, o que fará obiecto dos paragrsphos seguintes. rNsîrTUrçõEs DE DIREITO ADMINISTRATM BRASILEIRO 95 COM O ÐIREXTO OONSTITIJCIONAL { As relações do direito administrativo com o direito cons- titueional são tão intimas quc a difficuldade maior consisti- ria em estabelecer uma distincção entre os dois rarnos do di- reito publico/O direito constitucional estabelece a estructura do Estado, d"u^ org:anisação e composição dos poderes, o me- canismo de suas instituições, as garantias individuaes' sociaes e politicas dos cidadãos. O cìireito administrativo estuda o mecanismo, o funccio- nam€nto, a organisação e a actividade däËdã -executivo, na execução dos serviços publicos directa ou indirectáinente a cargo do Estado, ou concedidos.. Está assim o direito administrativo subordinado ao di- reito o da administragão nublicí) está modificações da estructurf const ---/ A sciencia da Constituição, sendo por assim dizet, na [[- ç c S que a nossa época impõe aos estudos politicos e sociaes, ensi- nâ o que este organismo Potente e vasto deve-Êazer- Emfim, o direito administrativo t'eút sempre o' caracter e a physionomia do direito constitucional de cada Estado' Ern sentido geral, a administragáo deve ser identica ás instituições de cada Nação. Diz muito bem Serrltr Rou¿t'¡o (2) que o difficil é o saber- se onde acaba o direito constitucional e começa o direito ad- ministrativo. Finalmente Votrt Storu (3) estabeleoendo a unidade da o direito administrativo a constiúuição tando os seguintes coroliariosãìl'prin- (1) Op. cit., ps. 16(2) Cwso di cliriÐto(3) La scienda dellø 11 ; Caul,oo, C'orso, pg. 71amministrazione, prg:. 5 .Ønm..r pEpubbliea \ ì \ l !: at Ìq¡ i! þ \Ë I l¡( t!ì ü i:t F. È; lur' E: ;:i Í1 ¡': 96 îHEMISÎOCLES BRA.NDÃO CEVU,C¡'NM .a,') o valor de uma constituição determina-se em relação aos seus medtos defronte á administração; não se pode, assim, ajuizar em definitivo sobre o merito de uma constituição, senão considerando as suas affinidades com a administração. b) Povo riament certa ad , essa Pouco' formará na d da Con c) o direito dos particulares de tomar parte no poder le- gislativo e de dar o seu voto nos momentos decisivos, impõe a obrigação de conhecer a administração. tanto nos seus prin- cipios como na sua materia, afim de avahÌar da'bondade da Constituição. E' por isso que Llsr<v (4) chega a affitmar que "une ilreorie pratique de l'État doit se concevoír en termes admi- nistratifs". Como se vê, é mais difficil distinguir do que estabeleeer as relagões entre o direito constitucional e o atlministrativo. COM O DIREITO IN:TERNACIOÈIÄ'L Nos tratados e convenções sobre poìicia preventiva' re- pressiva e sanitaria, nas attribuições administrativas dos con- sules e agcntes diplomaticos, naturalisação, expulsão de extran- geiros, emfim, ern todas as relações administrativas corn Ðs na- ções extrangeiras, devem ser respeitados os principios de di- rerto internacional (5). O direito dos extrangeiros perante a administração, como o seu direito ao exercicio de funcções publicas, technicas ott effectivas; O direito de entrada e sahida, immigração, extradicção' naturalização, expulsão, policia sanitaria, etc.; Granmníra d'e Iø Polifi4uc, Pg. 19. Orro MAYER, op. cit., IV, Ps. 380 (4) (5) INSTIîUIçÕES DE DIREIT,O ADMINISIRATI!'O BRASILEIBo, 97 Annexação de territorios, regimens administrativos, ern_prestimos externos; 'são outras tantas relações com o direito intern¿cional" Essas questões são resolvidas ou pero direlto interno ou pelos tratados e convenções (6). Tratados e eorwenções As normas do direito administnativo não são exclusiva_ mente de ordem interna- As relações de ordem internacional edgem muitas vezes a realização de tratados, convenções, com fins não só de uniformizar as normas internas de diversos paizæs, como ainda de promover a collaboração internacional. em torno de determinada actividade administrativa. A importancia dos tratados e convenções internacionaes, na esphera do direito administrativo, é grande na applicação das leis de policia, de saúde publica, e aduaneiras. naquillo que diz principalmente com a navegação rnaritima e aérea, a radio- telegraphia, a policia sociatr, como a repressão dos toxicos, tra- fico das brancas, propriedade industrial e literaria, extradi- ção e entrada de extrangeiros. Seria longo aqui enumerar todos os tratados e convenções que interessaln ao direito adrninistrativo; alguns ha, entre- tanto, e recentes, e do maior interesse (?). Citar,emos, como exemplo apenas, a Convençáo søltitariu. internacional para a navegagã,o aérea, firmada em Haya a 12 de Abril de 1933 e promulgada no Brasil pelo dec. B4g de B0 de Setembro de 1935; regula a policia dos aerodromos sol¡ o ponto de vista sanitario, soccorros medicos, Q]ut a fiscalização dos papeis e documentosgeiros, cargå,s e malas postaes; a defesa contra as molestÍas contagioass, ¡reste, cholera, febre arnareila, typho exanthem.e- tico, etc. 6) TRæpEr, Diritto Intetna,z,ionale e il'í,ràtto inte,.¡'na.7) I)ec. n. 6. de L2 de Outu'bro de 1935. !. 1 l -7 98 TIIEMISÎOCLES BßANDÃO CAVALCANîI t imitacão de entrada de estrangeiros E'esse um principio consagrado pelas Convenções nacionaes, como a de lIavana, em 1928 (8), e pelas leis inter- nas da maioria dos paizes, como a ingleza (Alien order, 1920' coüt å-s rnodificações até 1926), a do canadá, Australia e Nova Zelandia (leis 1.901-1 .925, L.910-1824, 1908 e Repertoire du Ðroit International, Irapnmnr,m et NIE0YET, vol' 7-666/7); a ilos Estados unidos da America do Norte (Immigration Laws Rules of January 1, 1930, publicagão official, com as emendas até 1931, da legislação vigente, verdadeira consolidação de to- dos os actos respectivos, leis de 26-2-L88Ú, 19-X-1888' 28- 4-1902, 6-2-L9t7, 19-5-1921, 26-5-L924, etc. . . .) ; da Argentina, lei 817 de 19-X-1876, e decreto 2L-72-1923; da Venezuela, lei de 16-7-L925, secção II ; as recentissimas leis do Perú, 7-X-1981 e 27-4-1932, e do Uruguay, de 19-7-1932' No Brasil, uma politica mais severa vem sendo seguida des- de a lei de1921, no sentido de defender o paiz contra a entrada cie individuos incapaz,es moral ou physicamente e que nenhuma contribuição de trabalho podem traz'er para o Brasil' Ant¡s re¡:resentam pesado onus para a nossa economi¿ (9) ' Os decretos n.o 19.482 de 12 de Dezembro de 1930, e22'453 de 1.o de Fevereiro d.e 1933, vieram regglar especialmente d entr:¿da de passageir.os de 3.4 classe, e localisar os trabalhado res nacionaes ern nosso territorio' Nãoexcluemevidenternentetaesrestricçõesasentradasde inclividuos aptos para o trabalho, dentro dos limites tixados petos $S 6." e ?.o do ¿rl' 121 cla Constituição em vigor, (10)' irO annos- ,ö ?." -- Ð' vedada ¿ ccncentração de immigrantes em qualquer ponto ¿o rÈrritorlo dn Ùniä.,, devencfo a-ìei regular a seleeção, loealisaeño e a assìnrilaeão do alìenigena." r.NsTrTUtçÕEs DE DIREIT\O ADMINISTRATrvo BRASTLEIRo 99 e que podem contribuir principarme'te para o clc,senvolvimento *$a agricultura (11). ;ì" Não extrangeira, nã,o teriarnos certa_ .,' mente co a grave crise do trabalho, cons€_quente ã io GZ) - Ðxpulsão de es[rangeiros outra faculdade inherente á soberania cro Estado é aquer-da de expnlsar os extrangeiros considerados perniciosos aosinteressqq do paiz. O principio tem seu pleno fundamento no direito interna_ cional, que não admitte quarquer duvida cie caracter doutri_ nario. (rl¡ C¡r. Cer,vo, Étud.e st¿r l'érn¡'t¿1.lion. Nellc se cst'cla o valo.e os -div-ersos_ processos îrnmigrator.igs 'nos paizes novos- A. Mõ¡rw¡nn,Les indásù¡^ttl¡las. I encontrant nos tlab¿lìros d¿r Co¡rferencia par-r ommetcio do Rio de Janeiro. em 1g2?. reve_r tråtånl no Blasil c,erca de .l .400.000 t¡aba_l . Serunrlo Or¡ltgrna VIA,NNA {F):.roluçõo tlo pot,o Rrusitci,t-r¡. pg. 14g)de 1890 ¿té ig01 entta¡:am 6?0.ì4r] immigrantes de clifferentes'iaciona-lidades . (1:f) ä,o do fm¡te,rio, alt. 1?g. \ ti ,'. Regularnento î.. tZ0.de 31 de t94z. Tie"rein li;lt. de r0 de J;;;iì:"- áä" rgi.,s. rDecreto 2 de Seternhro de i BFf). 100 THEMISTOCLES BRANDÃO CAVAJ,CANTI lamentada pelo decreto 6.483, de 23 de Maio de 190?' Iei nu- mero2.74l^,de8deJaneirode1913,en'o4'241'det92l- Areformaconstituciorraldelg26veioesciarecerrnelhor solvido Pela Constituição em Permitte a exPulsão do ter- Perigosos á ordem Publica ou nocivos aos interesses do Paiz' cionaria. pelo prazo de tres mezes (L4)' Naturatisagãn trnteressadirectamenteaodireitoadrninistrativo'pelome- nos eïn stla parte processual, a naturalisação dos extrangeiros' Os casos de naturalisaçáo estã'o previstos na Constituiçáo Federal, e podem ser - voluntaria, - ou - tacita' - nesta cornprehendida a grande naturalisação' O art. 69 da Constituição de l-891 fixava os casos de na- ttiralisação que foram, em linhas geraes' rnantidos pelo art' 106 da Constituiçâo vigente, excluidos, porém' para o futuro' os casosdeacquisiçãodanacionalidadebrasileirapelosimples (f4) Sobre o assu ' EnTtulsãa dø erc' trøngewos; st*- ot" hoon¡co ocr*rÓ' Dicci'onario ile Díraíto 7 EnPu:Isãn - onde se encontra exposta a j e e do antigo Su- premo Tribunal Federal. I I : { :. : r;. Ìt, ir: t: ì I ! \. i1 :i ir t, 'ì I rNslTTUrçõES DE DIRETTO ADMTNTSTRA.TTVO BRASTT,ETRO 101 facto dos extrangeiros serem casados com brasileiras terern filhos brasileiros ou possuirem bens imnloveis no Rrasìì (1t-r) - fnnumeras questões podem ser suscitada,s en:t torno, pr.in- cipalmente, da naturalisação tacita, dadas as clifferentes m,o- dalidades de que se revestem os casos individuaes. Assim, por exemplo, a questão do titulo declaral,orio pala os casos de naturalisação tacita, tem sido objecto de contro..,er- sias perante a doutrina e a legislação (16). A legislação sobre o assumpto comprehende as seguintes leis e decretos: Lei n.o 569, de 7 de Junho de 18gg, que de- termina as condições de perda e a reacquisição dos clireitos politicos e de cidadãos brasileiros; L€i n.o 1 . g04, de 12 de No- vembro de 1912, que dá regulamento á naturalisagão dos ex- trangeiros; Iæi n.o 2.004, de 26 de Novembro de 1g08; Re- gulamentb apptovado, pelo cleqreto 6.948, de 14 cle Junho de 1908, que regula o processo de naturalisacão. As exigencias aqui feitas são, em resumo, as seguinles: O extrangeiro que pretender naturalisar-se cleve l-eqller.el ao Presidente da Republica, por intermedio do Miuisterio cla Justiça, provando a sua identidade, maioridade legal. resi- ,ìelcía, pcr rnais de dois annos no RrasiL. born prr:ceciiment,; moial e civil, e não estar processado no Brasil por nenhurir tlos crimes previstos no mesmo decreto, a saber: por crime de ho- micidio, furto ou roubo, bancarrota, faìsidade. contrab¿nc'lo, estellionato. moeda falsa, e lenocinio. Depois de devidamente processado o i:equ-erimento, cleve ser o titulo expedido. Prevê ainda o decreto diversas outras formalidadar, ".-'i.pecialmente com relação á naturalisação de extrangeiros resi- ,, dentes nos Estados, antes da expedição do titulo declaratorio, f e outras. ! Reportamo-nos para melhor estudo da jurisprudencj¿r a", j' (15) [\'tndo. (1{i r Ver Roonrço Ocre,vro, Diccionnr,io de Dit"øìto [nte¡,na.cianø1 RoDRroo Octrvro, idem, verbo - 4Nùcionatid,a.d.e,,. ì l I :J I¡ { i ì1 t1 ( .t 10à THEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI Diccionario de Direito Internacional' de R'onmco Otrlvto' ,r"r¡o - Nacionalidade - e - Naturalisação - (17)' OOM O DIREITO OIVIL No nosso regimen juridico de tendencia francamente civi- lista, não é por aemais realgar a influencia do direito civil so- bre o direito administrativo' Não são ,apenas as norrnas geraes' os principios doutri- narios fundamentu"*, -no" regem ã soluçáo dos problemas ad- ministrativos (18). E'que as ïelações do Estado não são apenas da esphera do direito Publico' - -^r,--ã^ 'rte-Nas relações pessoaes, na solução das questões que 1l re,esam directamente ao direito da familia' situação de menores' tutelados, curatel stado' Nas relações juridicas relativas á posse, ' garantias reaes' etc' Em ma- teria de obrigaçõ e todas as modalidades de que .u po¿"* "",,oti, o s direitos ïi:t:î î:,ï,ä#';Jråî,l"î"t :; do Poder Publico' Finaimente' deve ser resPeitado Þelo Es' esse é mediato' quer quando é directo, por exemplo montepios' testamentos militares' etc' Em todas .*r*, noî'tOÀ ¿" ãireito civil' como se vê' ha inte- resse immediato da administração' (1?) Ver BoungoussoN, Traité Gént|t'al de la Nuti'onof,it'é; PnÓsm' Ro tr'EÐoøzr, Trøtto'to a¡'oäi'"' läernizîonate' Y ' l' pgs' 319 e segs' --" -Otl Ver F. Fr'urnun' op' cit" pg' 40' 1909, I, Pe. 386 e sogs INSTTTUrcõDS DE DIIIEITO ADMINISTRATIVO BBASII,EIRO 103 OOIVT O DIRETTO PENAI, Na organisação da justiça, do systema penitenciario' e mais intim¿mente ainda no chamatlo direito penal administra- tivo, a respeito do qual trataremos com mais dese'nvolvimento' intimas são as relaçöes com o direito e a sciencia penal' Tão intimas são essas relagões que até se tem discutido ,i po¿* ser consideratlo autonomo o chamado direito penal administrativo' ou si existe uma parte penal tlo clireito admi- nistrativo, ou si finalmente é esta apenas uma parte do di- reito penal, que interessa á administração' A questão pode ser apreciada sob o pottto de vist¿ mate- rial, isto é, qua,nto "o "oottúdo, á natureza das sancções ad- ministrativas, e sob o aspecto formal, quer dizer' no que se ;;i";; á competencia e ao processo para a applicação das sancções " p"o", decorrentes do regimen administrativo' Foat*-principalmente os autores italianos e allemães que trataram até hoie do assumpto' analysando o conteúrdo das penas "Aministrativas e das de simples policia' Depois de Guntst e de Gol'oscHMIDî' Astuno Rocco eSfr,VrO I/ONGHI mantiveram larga polemicilo na qual' o pri- meiro insistia em ,,"r*" a existencia de um direito penal ad- ministrativo autonomã, e o segundo eontrariava esså' these com vasta coPia de argumentos' Rocco (rgl paite do conceito das contravençóes que de- fine como "acções ou omissões contrarias aos interesses admi- nistrativos do Estado" e por isso mesmo a transgressão desses preceitps importa na applicação de penas' Os preceito. ¿o Oit"ito penal no terreno das contr¿venções teem sempre Ircr "*"opo a tutela dos interesses da adminis- tração e portanto t.t"p"" se verifr'ea nas contravenções a lesão' o sacrificio de um interesse da administração' O facto, porém, de se dar ás contravenções o nome de crimes administrativos e ao direíto penal contravencionAl e de' I 1 :l i I ..i 1 I 11I .,! .l J¡ I lr I i i ::ì 'l ì ..t ri 1r9) Sul titto P¿tbblico, cosí dello drrztlo penale omministratì'oo' in Riui'sta d'i Di' 104 TTIEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI nominação de direito penal administrativo, não implica em que se negue a existencia, nas contravenções, dos elementos consti- tutivos clo crime, da lesão e da ameaçe a um interesse ju- ridico. Dahi tira A. Rocco as seguintes conclusões: Ou as cons€quencias de taes factos illicitos não são penâs no seu sentido verdadeiro, e neste caso não ha crime, nem réo, nem jurisdicção criminal, não existe em summa direito penal nem material, nem processual, e não existe outra cousa senão direito administrativo penal, ou melhor, uma parte do direito administrativo que tem o caracter penal; Ou, na segunda hypothese, as consequencias d,e taes factos illicitos são verdadeiras penas e então existirá crime, réo, pena emfim um direito penal material, ernbora falte uma jurisdicção penal, uma acção e urn processo, ern summa um direito pro- cessual penal. Dahi conclúe Rocco pela inexistencia de um direito penal administrativo. Svr.vro l¡o¡qcnr (20) sustenta uma these inteiramente con- traria. Para esse autor, o caracter penal e não administra- tivo penal do direito arlministrativo, decorre da passagem do juizo das contravenções administrativas da com,petencia do po- der executivo para a do poder judiciario, corno oonsequencia da abolição do contencioso administrativo (21). Dahi o caractnr penal das transgressões administrativas e a natureza das saneções dellas decorrentes, Mas, desse principio deduz-se igualmente uma outra con- sequencia da mais alta relevancia, isto é, si a sancção não ùem o caracter rigorosamente penal e €scâpa á competencia dos tribunaes judiciarios, evidentemente que conserva o seu ca- racter puramente civil ou adrninistrativo. São essas as duas gEandes theses que se defrontam, com modalidades varias como se vê da enorme bibliographia que trata do assumpto. Podemos assim citar. (20, Sul cosi dello dnritto penøle ammini^st'. ìn Rilt' di Diritto htÍ' 1911, pS- 354 e segs- tãtl Refere-se o ¿uto¡ naturalmente á ltalia. ADMINISTRAîIVO BRÀSILEIRO 105INSTITUIçõES DE DIREIT,O Mnxztr.¡r (22), FmnraN (23), que denontina as ìnlracçõe-r e penas fiscaes "direito penal financeiro"' Rec'Gr (24) ' que admitte a existencia de crimes administrativos' M¿ssmr (25) ' que sustenta a autonomia do direito penal finanaeiro caracteri- o,1o, "rp*ialmentæ, pela natureza especifica das stlucções' Fnrcz Fr,srNnn colloca, no entretanto' a ttosso ver' o pro- blema em termos mais claros' Ofa.ctocialeiattribuiráatlt'oridadejutiicialcompetencia para a repressão das contravenções de policia e do*s delictos fisea€s, náo importa em reconhecer o caracter penal adminis- tractivo da Pena. A.s decisões proferidas por t¿l autoridade são verdadeiros iulgarnentos, que visam punir e náo coagir' Os juizes se acham aclstrictos ás normas de direito penal no que diz com' a respoll- sabilidade e a aPPlicação da Pena' Não existe um tlireito penal administrativo com caracter autonomo e creado para uso da' administração' Não.se- co¡r- fundern as san'cções administrativas com ãs Pe'!¿ø's crrmlnåes' As suas finaliclades são d.iversas e o procedimento par.a a sua imposição distingue-se nitidamente (26)' i\ tendenci a eadz vez rnaior pàta' a' autonomia cle cerbos ramos clo clireito (e isto não se verifica sómenbe corn o diteito penal adnr,inistrativo) ' como o clireito industrial' o direito fi- nanceiro, o direito áo trabalho, etc., deco'rre do desenvolvi- mento cle certas relações juridicas em consequencia cla modi- ficaçáo das condições de vida' O rlireito penal financeiro nasceu da necessidade de um refor'çarnento ¿o poder do Estado, obrigado a applicar sancções mais severas para as transgressões de suas leis fiscaes' bem como de pellas especiaes para cohibir as infracções de me- tlidas tomãd*= pelo Estado contra os abusos e crimes comrnet- tidos contra a economia do Povo' (22') Ist. dì Diritto Penal¿ ltøl;iøno' I' pg' 11'(23) Pat'te senero) ¿"i' ü¡'ui" Peiule' -[ pg.' \32;' -\;:^\ LT' *isîiï"tiø-- ¿"1 ¿¿'¡tto peno'te amtttinistra'tt^to ' e5\ Lø' definizionà' -i'9ort"tt9'^3^ i limili"iü'- intø penalc f iscale' in Là num¡ø legislnøone ltat,nna,1930' !C' '' ' ll- oo'"'o penale' pe' 89'(26) F' Fr'urnun' op' cit'' pg' r'1o' L06 THEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI Esse phenomeno consequente á m tado na ordem economica e financeira, tendente¿-obrigarosindividuosaocumprimentodasleis financeiras e economicas dictadas pela defeza do interesse pu- blico no terre E é por rina e a consequente legislação tomou maior nos paizes como a Russia e a Italia, onde mais accentuada é a intervenção do Estado' O Codigo Penal Sovietico (21) ttaz largos capitulos sobre delictos economicos e contra a administração publica' o mesmo assim a natnreza clas infracgões (28) ' Na ltalia, igualmente, tomou a questão grande vulto' no- tando-se especialmente, além do Codigo Penal' a lei de 7 de de1 asnormas aate- das financeiras' os de' e 18 e de 24 de S mesmo iloutrina. Entre nós, rrimento. A co s em tudo quanto I a.spectos. (2'I) De 1926, nrodificado em 1930' 1ZB) Ver IIloBAclo DE CASÍno, Pti'nci'pios de Derecho Souietico' pt- leis. ver Grusnms Lrmn' itettá teggì' finaria'ríc' Gns' (30) Ver G¡usnprp RATIGLTÀ, La' httala pennte d'eltø ptt'bblí'ø ea' notlxo,. INSîITUIÇõES DE DIRETTO ADMTNISTRATTVO BRASILETRO lD't As questões potìern .ser examinadas, sem¡lre, pel6 ircder .ju- diciario, sob a forrna de sua legalidacle, o que dá uniformidade ás normas de direito penal, bern como 1r protecção juclir:ialia de todos os direitos. Con¡o mostra muito bern Rocpn, BorqNann (31-), ha urna parte do contencioso penal qr-le é de c¿racter adrninistrativo: é aquelle que se acha dentro da compe'r,encia clos Tribunaes administrativos. Estão excluidos dessa definição aqueìles caso\s submettidos aos tribunaes j-uldiciarios, embora na opinião do alludido autor, conservem taes infracÇões' o caracter adminis- tra,tivo em sen sentido material, puramente objectivo. Em nosso regimen juricTico todas as infraccões cornmet- tidas contra a administração publica e em gue houve damnc â,Fazenda, está na competencia dos tribunaes ordinarios, o que não exclúe a acção administratir¡a para a repalação clo clalnno. Mesmo a multa tem esse caractet, como o declara exllles- samente o art. 4.o do decreto 22.957, de 22-7-L935 (32). O Codigo Florestal (31ì), o Codigo cle Caça e Pesca (il4). o Codigo de Minas (35), o Codigo tìe Aguas (36). contem todos disposições penâ€s, mas attribuem sempr€ a competenc.ia para a applicação rlas pen.as ás autoridades juoicia.es. Ha, porém, mais outro assurnpto relevante: Qual a natu- reza das penas administrativas e transgressões dos regula- mentos da administração publica? lìual a natureza tlas multas? Como virnos acima, as m.¡¡ltas impostas pela atltoriclade acl- ministratÍva não teemo caractev penal e sim o de rep'aração' constituindo divida activa da União e clos Estarlos. (ô1 ) (32) Federal e minal . " (s3) (34) (35) (36) (3?) reífo, vol. I-c contrôIe jurisdictionnel de I'adtninisttation, 1934. pg. 75. "As multas adrninistrativas constituenr divitla actir¡a' cla Uniáo dos Estarlos. não ser¡rlo -cujeitâs ás regras da prescripção cri- Dec. 23.793. de 23 de .Ianeiro de 1934. Dec. 23-672, d'e 2-1-1934, alts. 175 e segs. Dec. 24.642, de 10 de .Iulho de 1934. Dec. 24.648, de 10 de Julho de 1934' Aces. S. T. F., in ATcl¿. Jud.- vol. Ìtr, pg. 386- 14" pC. 2t2, vol. 96, Pg. 94. Rer. de I.)i. r08 T}IEMISTOCT,ES BRANDÃO CAVALCANTI A theoria não é nova, e sempre mereceu o amparo da ju- risprudencia (37) e a da doutrina prevalente, á semelhança do que occorre na maioria dos paizes. A tendencia é, para, no dizer de ZaNosrì¡r, commentando a opinião dorninante, equiparar as multas administrativas ás penes convencionaes do direito civil, como uma forrna de re' paração do damno (38). E' o que sustenta tambem Orto Ma.v¡n (39) : Não ha sómente um mal a reparar corn & con- travenção, mas uma vantagem a ser tirada pelos co- fres publicos; o fisco deve aproveitar. O meio de pu- nição equipara-se, sob certo ponto de vista, a um cre- dito de direito civil. Fode, assim, a multa ser com- parada a uma indemnização. Segundo ZANonINt, a doutrina e a jurisprudencia francæza que admittiam o ponto de vista administrativo vem oscillando, preponderando o principio de que as multas que podem impor- tar enn um procedimento criminal teem caracter mixto, em- quanto q¡,re as dem¿is são puramente administrativas e repre' sentam uma indemnisação (40). Lours Tnorne¿.s (41) distingue duas hypotheses; a primeira - quando o juiz, dentro de suas at- tribuições, julga legal ou illegal a pena applicada pela autoridade administrativa. Evidentemente elle não pode tornar penal uma impoaição fiscal. O seu c¿- racter administrativo é incontestavel. (38) ZAxoBrNt, I'e swnøinni administrutì.ts| pg. 83. :(SO¡ Op. cit., U, pg. 295.(40) Ver Der,loz, verb, Pe'ines; Ganneuo, Treitó theori4ue øt pt'a- t'ùrye d,e Dr. Penal Français, Il, pg. 226.(41) 'P't'øcís il.e Science et de leglsløtion finnnciéte, P'écis Døllor, :3éme édition, 1933, pg. 307. ÌNSTrTUI,çÕES DE DTRETT\O ADMINTSTnATTVO BRASÌT.FTBO 109 Nar. segunda hypothe.se - porém, cr, me-smo uão occorre, quando a pena é applicada pela autoridadejudiciaria, julgando certas coniravenções e delictoe fiscaes, notadamente na applicação dos regu- Iamentos do imposto de renda. Mesmo, porém, nesses casos, embora torne outro caracter a imposição da multa, não deixa de ser uma medida de dÍreito fiscal, autorloma, que não se rege propriamente pelos principios geraes do direito penal. Na ltalia o caracter mixto é igualmente admittido quancìo applicada a multa pelo .juiz criminal, embora sem perder o caracter de reparação e indemnisação (42). Esta é em resumo a doutrina extrangeira. Não deixa de ser procedente a distincção acima das div-er- sas naturezas das multas geralmente applicadas pela admi- nitracão. A rnult¿ de móra, pelo não pagamrento de u mimposto, não se pode confundir em seu sentido rnaterial com aquellas appli- cadas tambem pela autoridade adrnirristratir¡a por falta de cumprimento de disposições reguìamentares, como declarações de rendimentos, falta ou insufficiencia de sellos ,transgressões de regulamento de consumo, etc. Caso typico e que merece aqui ser realçado é o ver¡ficado no regulamento de caça e pescà, onde os processos de repres- sã,o penal e o administrativo se acham perfeitamente indivi- rìualisados, demonstrando a tendeucia do nosso direito admi- nistrativo paÍa caracterisar perfeitamente a mr¡lta imposta em virtude de contravenção. Resta, finalmente, exarnina,r a natureza das penas admi- nistrativas impostas em virtude da funcção disciplinar cla ad- ministração publica. Muito se tem escripto sob¡re este assum¡rto. o rlue .íustifica ¿ variedade de tendencias doutrinarr:;ls e nauitinlllicídacle de _ (42) Ver Ar,rmpx¡, Principi di Dir. PenøLe, Li. pS. 2SB; M¿ìrzrNt. Ttattnt:Lo, I, pg. 108 e seg's.. øpr.td Z,.NowrNrr op. cit.. ¡lg. 84. 110 THEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI theories. E' preciso, porém, que se diga desde logo, como ZÀt{osnlr (43), que sómente os autores muito antigos e ante- riores á renovação dos principios de direito publico ê que ad- mittem a confusão do direito disciplinar com o direito penal. A tendencia moderna é no sentido de admittir o caracter puramente administrativo disciplinar, considerando a situação do Estado quer dentro do systema eontractual, quer no da su- pnemacia do poder esbatal. O poder disciplinar subsiste independentementæ do poder repressivo penal; o criterio, o fundamento de ambos são ben diversos, no fundo como na forma. O principio ,geralmente admittido no direito penal, rnn bis in id,em, não se applica, ¡ror isso, ás infracções que exigem apenas a applicação de sancções ou de penas disciplinares, Muitas vezes, como mostra Kauuonm (44), estas ultimas se manifestam até por meio de simples imposições pecuniarias ou de medidas preventivas de que não se pode eximir a admi- nistração no exercicio de suas attribuições especificas" G. Vrp,¡r, (45) distingue a infracção disciplinar cla in- fracção penal da seguinte forma: 1) Pela medida disciplinar'. 2\, Pela jurisdicção disciplinar inteiramente independent¿ da penal. 3) Pela acçåo disci¡:linar independente da acção publica, 4') Pela rlifferenQa do processo disciplinar com o cri- minal. L¿.e¿wo (46) não é rnenos preciso em sua analyse. Diz elle: "As penas disciplinares não teem'ocaracter publico. Ellas (43) Op. cit., ps. 112. que cita ltrerrr.rcn - Mlrrnnu^tynR - Br¡. NDR - .ScIIUrz[: - Z{}RN - BrNDtNc, etc.(441 La foncti,on pntblu¡ue en Allemagne, O mesrno D'Ar,F slo, Ist. dí Díritto Amntín., vol. I, pg" 44g, qu e as condições enr que. pode ser applicada a penâ crinlial em co corn a disciplinar e vtee vefsa.(45) Curs de Drait C¡"ininøI, 6éme edition. pS. 8t.(4G) Droít Puhlb da I'Em,¡ritre.\llemand, vol . II, pg. 188. iNsTrTUtçõES DE DIRETTTO ADMINTSTBA TIVO BRASILEIRO IT1 se movimentam no quadro do servrço a que se acha ligaclo ofunccionario". A pena disciplinar não tem por fim compretar ou sul¡sti-tuir a pena publiea ou criminal, mas ¿penas åsseg:urår o cum_primento do dever profissionar e punir as contravenções dos regulamentos. No mesmo sentido Orm Maynn (47) desenvolve a sua these. Esses principios da separaçã,o rlo poder disciplinar do sys_ tema penal, tem ampla applicação em nosso direit¿. ,Consagra essa theorie entre outros, o accordão do Su_premo Tribunal Federal de 15 de Dezembro cle Ig20: "Na applicação das penas regulamentares a au_ toridade administrativa é autonoma. ,pouco impor._ tando que o inquerito adrninistrativo que ienha dacìo causa á demissão do funccionario uão houves.se tì¡r._ necido elementos para o procedimento cl.imínal.- (4S). O artigo unico do decreto 20.810, tle l? de Dezembr.o de 1931. prohibiu até o conhecimento pelo poder judiciario das penas impostas em virtude de transgxessões disciplinares por autoridade competente,'tn oerb,is: "As transgressões disciplinai.cs como tal ¡,runi_das pela autoridade comiretente. e.scapam á .iuris_ dicção da autoridade judiciaria, sendo-lhes vecl¿rl<r tomar counrecimento de habeas-corprls cu outro"s qu¿ies_ quer recur.sos que se relacionem cotìì e.ssas puuições. revogadas as disposições em contl'¿r.io". cjomo se vê, é absoluta a auton.ini¿ da ¿ciministracã. ¡ra imposicão de pena-o disciplinares, o clne ¿¿lìí¡.s :re .iustific¿L pic_ 14? I í48. 0p. cit.. voi . trV, pg. ?7.frcl rfo -S. ?'- Ii., vol . 2g, pg. 1?T 112 IITEMISTOCT.ES BBA¡{I'ÃO CÀVALCANTI
Compartilhar