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PRÁTICA PENAL CASO CONCRETO 3

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Universidade Estácio de Sá
Estágio 02
Aluno: Pedro Vitor Serodio de Abreu
Matrícula: 201601451156
AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO XXXXX
Processo n° 
TÍCIO qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5°, LV, da CRFB/88 e nos artigos 403, §3°, c/c 411, §9°, do Código de Processo Penal, apresentar os seus
MEMORIAIS
nos seguintes termos:
DOS FATOS
Tício, solidário a gravidez de sua amiga Maria, ofereceu carona a mesma após mais um dia de trabalho na empresa em que trabalham juntos. Ocorre que Tício, no caminho de volta, ao fazer uma curva fechada, perdeu o controle do veículo automotor e capotou.
Os bombeiros que prestaram socorro ao acidente encaminharam Maria para o Hospital mais próximo onde ficou constatado que a mesma não havia sofrido qualquer lesão.
 Contudo, na mesma ocasião constatou-se que a gravidez de Maria havia sido interrompida em razão da violência do acidente automobilístico, conforme comprovou o laudo do Instituto Médico Legal, às fls. 14 dos autos. 
Com base nessas informações, o Ministério Público da Comarca da Capital do Estado XXXXX ofereceu denúncia em face de Tício e imputou ao mesmo a conduta descrita no delito de aborto provocado por terceiro e, assim, incurso nas penas do art. 125 do CP.
Entretanto, não se pode falar em aborto culposo, isso porque não há aborto culposo. Logo, o criminoso só responde pelo aborto se ele queria ou assumiu o risco de causar um aborto. Estamos diante da culpa consciente, caracteriza-se a culpa consciente quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que ele não aconteça. 
Sustento a tese de que o réu, não tenha a intenção de ocasionar o acidente, muito menos o aborto espontâneo da vítima.
DO DIREITO
Diante dos fatos pede-se a absolvição do réu, com embasamento no inciso II, do artigo 386 do CPP:
“Art. 386.  O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
        I - estar provada a inexistência do fato;
        II - não haver prova da existência do fato;
        III - não constituir o fato infração penal; “
[...]http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm
Não constitui atipicidade, o fato não constitui ação penal.
Desta maneira, preceitua o doutrinador:
“embora o juiz não tenha reconhecido categoricamente a inexistência do fato material, não reconheceu também que o fato existiu, por força da dubiedade da prova. Funciona o in dubio pro reo, devendo o sujeito ser absolvido.”
“Suponha-se que o réu não consiga prova suficiente do conteúdo da defesa, nem a acusação consiga provar que se encontrava no local no instante da prática do crime. O réu deve ser absolvido nos termos do Art 386...” (DAMÁSIO DE JESUS – Código de Processo Penal Anotado – 27° edição)
No que tange o resultado, afirma-se que o réu não teve a intenção, muito menos esperava esse o resultado. 
CRIME CULPOSO – TIPO CULPOSO - ART 18 II CP
No crime culposo, o agente não quer nem assume o risco de produzir o resultado, mas a ela dá causa, por imprudência, negligencia ou imperícia.
Crime culposo é aquele resultante da inobservância de um cuidado necessário.
Importante Lembrarmos que só existira crime culposo se tiver previsão específica no Código Penal desta modalidade. A regra é que os crimes são dolosos e a exceção são os crimes culposos.
Conduta culposa, portanto, é aquela na qual o agente não observa um dever de cuidado, imposto a todos no convívio social, e, por esse motivo, causa um resultado típico (morte, lesões etc.).
O Fato Típico é composto pela conduta do agente, dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva; pelo resultado; bem como pelo nexo de causalidade entre àquela e este. Mas isso não basta. É preciso que a conduta também se amolde, subsuma-se a um modelo abstrato previsto na lei, que denominamos tipo.
Tipicidade quer dizer, assim, a subsunção perfeita da conduta praticada pelo agente ao modelo abstrato previsto na lei penal, isto é, a um tipo penal incriminador, ou, conforme preceitua Munhoz Conde,
"é a adequação de um fato cometido à descrição que dele se faz na lei penal. Por imperativo do princípio da legalidade, em sua vertente do nullum crimen sine lege, só os fatos tipificados na lei penal como delitos podem ser considerados como tal".
A adequação da conduta do agente ao modelo abstrato previsto na lei penal (tipo) faz surgir a tipicidade formal ou legal. Essa adequação deve ser perfeita, pois, caso contrário, o fato será considerado formalmente atípico.
Observando as doutrinas, alega-se que NÃO EXISTE ABORTO CULPOSO, sendo assim atípico o fato de acusação com embasamento no artigo 125 do CP.
Acerca do assunto colhe-se jurisprudência do STJ:
STJ - HABEAS CORPUS HC 228998 MG 2011/0307548-5 (STJ)
Data de publicação: 30/10/2012
Ementa: na denúncia são claros e determinados, podendo caracterizar, em tese, o crime de homicídio culposo por inobservância de regra técnica, não prosperando a alegação de ocorrência de "aborto culposo provocado por terceiro" ou de crime impossível em razão do bebê ter sido retirado do ventre materno sem vida, pois consta dos autos que a mãe já havia entrado em trabalho de parto há mais de oito horas e os batimentos cardíacos foram monitorados por todo esse período até não mais serem escutados.4. Iniciado o trabalho de parto, não há falar mais em aborto, mas em homicídio ou infanticídio, conforme o caso, pois não se mostra necessário que o nascituro tenha respirado para configurar o crime de homicídio, notadamente quando existem nos autos outros elementos para demonstrar a vida do ser nascente, razão pela qual não se vislumbra a existência do alegado constrangimento ilegal que justifique o encerramento prematuro da persecução penal.5. O trancamento da ação penal, por ser medida de exceção, somente cabe nas hipóteses em que se demonstrar, à luz da evidência, a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou outras situações comprováveis de plano, suficientes para interromper antecipadamente a persecução penal, circunstâncias que não se verificam no presente caso.6. Habeas corpus não conhecido e não constatada a existência deflagrante constrangimento ilegal que autorize a concessão de habeas corpus de ofício.
Nesta toada, seguindo o entendimento do STJ, é vedado o crime de aborto culposo, sendo extinta punibilidade ao agente.
Tendo em vista o princípio da legalidade:
o princípio da legalidade se manifesta pela locução nullum crimen nulla poena sine previa lege, prevista no artigo 1º, do Código Penal brasileiro, segundo o qual não há crime sem lei anterior que o defina, nem há pena sem prévia cominação legal.
Diante do fato, o Hospital constatou que MARIA não sofreu qualquer lesão no acidente, tendo assim, podemos considerar que o aborto possa ter ocorrido como caso fortuito, podendo o resultado ocorrer mesmo sem ter ocorrido o acidente. 
DOS PEDIDOS
Diante do exposto requer:
A) Requer seja absolvido o réu, com embasamento na tese do artigo 386, inciso III do CPP.
B) Requer seja absolvido o réu com embasamento no Princípio da Legalidade.
C) Não sendo esse o entendimento de Vossa Excelência, requer seja aplicada o artigo 18, inciso II, parágrafo único do Código Penal.
Local, 14/02/2017.
Advogado
OAB

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