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1 Disciplina: Geologia de Moçambique Cursos: Engenharia de Minas e de Processamento Mineral TEMA: Formações Fanerozóicas em Moçambique: Pós-Karoo Docentes: dr. Gilberto R. Goba Sabonete e dr. Pedro Saca 5. Formações Pós-Karoo: Estratigrafia das Bacias Sedimentares Marginais de Moçambique 5.1 Introdução • As unidades Pós Karoo começam no Periodo Jurássico Superior, da Era Mesozóica até a Era Cenozóica, período Quaternário, época Holoceno ou Recente (Tabela 1). 2 3 5.1 Introdução (Cont.) • Moçambique possui duas bacias marginais com depósitos substanciais Onshore e Offshore. • O termo Onshore refere-se aos depósitos no Continente e Offshore aos depósitos no mar. • A Sul temos a Bacia de Moçambique e a Norte temos a Bacia do Rovuma como ilustra a figura 1, a seguir. • As bacias sedimentares marginais de Moçambique foram formados como resultado da fragmentação do supercontinente gondwana no Jurássico Superior que culminou com a formação de oceano índico no final do mesozóico, concrectamente no Cretácico Superior. 4 5.1 Introdução (Continuação) Fig.1-Bacias sedimentares marginais de Moçambique (Fonte: INP, Moçambique). 5 6 5.2 Estratigrafia da Bacia de Moçambique • O pós-karoo na Bacia de Moçambique inclui formações de Jurássico superior, Cretácico até Cenozóico que assentam em discordância sobre as formações erodidas do Karoo. • Nesta bacia são conhecidas formações com fácies continentais, de transição e marinhos. A espessura destes sedimentos varia entre 1100m e 4500m na parte Sul. A maior espessura destes sedimentos segundo dados sísmicos localiza-se na parte Central da Bacia de Moçambique onde atingem espessura de 11000m. • A Bacia de Moçambique exibe mudança de fácies em direcção a Este, onde formações de mar pouco profundo são substituídas por formações de mar profundo. 5.2.1 Tipos de Depósitos da Era Mesozóica 1. Jurássico Superior-Cretácico Inferior • Depósitos do Jurássico Superior-Cretácico Inferior, com espessura de 900m são constituídos por sedimentos continentais conhecidos por Red Beds (ou Formações Red Beds). 7 1. Jurássico Superior-Cretácico Inferior (Cont.) • Estas formações distribuem-se pelos grabens da Palmeira, Chidenguele, Changanane e Graben do Zambeze. • Os depósitos correspondentes a norte são os da formação inferior de Lupata (Serie de Lupata), agora redefinido pela GTK (2006) como Grupo Lupata, composta pelas seguintes formações (da base para o topo): Formação Grés Basal de Tchazica, Formação do Monte Palamuli, Formação Grés do Monte Mazambulo, coberta pela Formação Fonolítica de Linhanga. 1.1 Os grés basais da Formação Tchazica, estão expostas ao longo da margem oeste do Canal de Lupata e são constituídas por camadas de grés feldspáticos, intercalados por horizontes conglomeráticos. Os clastos são derivados do subjacente Karoo e da porção precâmbrica. 8 1.1 Os grés basais da Formação Tchazica (Cont.) Fig.2-Grés acastanhados da Formação de Tchazica, mostrando Juntas subverticais (GTK, 2006). 1.2 A Formação do Monte Palamuli: o nome provém do Monte Palamuli (524 m), localizado a Norte do Rio Zambezi, na região da Doa. Esta Formação é composta basicamente por riolitos. • Os riolitos desta Formação repousam sobre os grés da Formação Tchazica ou rochas vulcânicas ou sedimentares pertencentes ao Supergrupo Karoo. 9 1.2 A Formação do Monte Palamuli (Cont.) Fig.3-Mostra riolitos da Formação do Monte Palamuli (GTK, 2006). 1.3 A Formação do Monte Mazambulo, compreende uma sequência de sedimentos clásticos no topo dos riolitos da Formação do Monte Palamuli. • Grés estratificados, vermelhos acastalhados com horizontes de conglomerados polimítico, progradam verticalmente a grés síltico. 10 1.3 A Formação do Monte Mazambulo (Cont.) Fig.4-Grés vermelhos acastanhados da Formação do Monte Mazambulo (GTK, 2006). 1.4 As lavas alcalinas da Formação Monte Linhaga, estão expostas em ambos os bancos do Rio Zambeze, e as litologias incluem traquitos e subordinadamente tufos, basaltos e fonólitos. Fig.5-Traquitos da Formação do Monte Linhanga (GTK, 2006). 11 2. Cretácico Inferior-Médio • Os depósitos do Cretácico Inferior-Médio são caracterizados por fácies de origem marinhas, de transição e continental. Foram identificadas cinco formações nomeadamente: de Maputo, Tembe, Sena, Domo Inferior e de Mágoè. Os limites entre estas formações são definidos pela mudança de fácies porque não se conhece as relações estratigráficas entre elas (GTK, 2006). 2.1 Formação de Maputo • A sequência transgressiva marinha é representada pela formação de Maputo e está distribuída na parte Central e Sul da Bacia Moçambique (GTK, 2006). Fig.6-Arenito conglomerático fossilífero da Formação de Maputo (GTK, 2006). 12 2.1 Formação de Maputo • Ocorrem em camadas de grés quartzoso, grés margo-argilosos e glauconíticos com nódulos de calcário, indicando condições de deposição costeiras de mar aberto (GTK, 2006) 2.2 Formação de Tembe • As rochas sedimentares da Formação de Tembe são correlacionadas com as da Formação de Maputo. Esta Formação é compostas por calcário, calcário siltoso (Fig.7A) a arenítico e arenito fossilífero (Fig.7B). Nos calcários e calcarenitos são encontrados fósseis (GTK, 2006). Fig.7-calcário siltoso (Fig.7A) e arenito fossilífero (Fig.7B) da Formação de Maputo (GTK, 2006). B A 13 2.3 Formação de Sena • A formação de Sena ocupa a parte Central e Norte da Bacia de Moçambique. Compreendem uma sequência de depósitos continentais tais como arenitos arcósicos (Fig.8A), conglomerados (Fig.8B) e argilitos com detritos carbonosos. Também temos a presença de grés conglomeráticos, com clastos vulcânicos. • A porção basal compreende camadas de calcário, com restos de flora fóssil e argilitos. Mais para cima na sequência sedimentar da Formação Sena, camadas conglomeráticas são interestratificadas com grés, com clastos de granito, gneisse e quartzito (GTK, 2006). Fig.8-Arenito arcósico (A) e conglomerados em arenito (B) Formação de Sena (GTK, 2006) BA 14 2.4 Formação de Domo Inferior • A formação de Domo Inferior está distribuída na área Central e Sul da Bacia de Moçambique, tanto onshore e offshore, onde ocorre como argilitos negros marinhos com bandas de arenito arcósico. • A sua espessura varia de 700m – 1500m. 2.5 Formação de Mágoè • A Formação de Mágoè está exposta na zona de Changara-Zumbo, a Sul do Lago Cahora-Bassa. • Esta formação é composta por 3 unidades: de conglomerados, de grés e de calcários-areníticos. • Depósitos clásticos grosseiros, provenientes de rochas vulcânicas e sedimentos do karoo, fazem parte da unidade conglomerática que é basal. 15 2.5 Formação de Mágoè (Cont.) • A unidade gresosa compreende grés feldspáticos, com horizontes conglomeráticos e clastos derivados de rochas vulcânicas máficas e félsicas e sedimentos do Karoo. • A unidade calcário-arenítico compreende calcários lacustres finamente estratificados e grés subordinados estratificados e pouco cimentados (calcarenitos)(GTK, 2006). Fig.9-Conglomerados da Formação de Mágoè intercalados por camadas de arenito (A) e conglomerados com clastos de rochas sedimentares e vulcânicas do Karoo (B) (GTK, 2006) 16 3. Cretácico Médio - Superior • Os depósitos do cretácico médio a superior formam um ciclo sedimentar, associado ao desenvolvimento de margem continental Este Africano e é caracterizado por transgressões marinhas e continentais. • Foram identificados três formações que são: Formação Arenítica do Domo Superior; Formação Argilítica do Domo Superior; Formação de Grudja Inferior. Sendo que formação Arenítica do Domo Superior a mais velha e a de Grudja Inferior a mais nova. 3.1 Formação Arenítica do Domo Superior • É uma unidade basal e ocorre em forma de arenitos quartzosos com intercalações de argilitos negros. Os arenitos estão distribuídos na parte central da Bacia de Moçambique com uma espessura que excede 200m – 250m. • Em direcção ao Sul da Formação Arenítica do Domo Superior os arenitos tornam-se maisescassos e são substituídos por argilitos. 17 3.2 Formação Argilítica do Domo Superior • É caracterizada por uma sequência argilosa com cerca de 600 a 650m de espessura, mas localmente chega a atingir 1225 metros. • Estes depósitos são conhecidos na parte Central da bacia, onde gradam para arenito de origem continental e tornam-se parte da formação de Sena em direcção a NW. 3.3 Formação de Grudja Inferior • Esta largamente distribuída na parte Central da bacia. A norte da bacia os sedimentos desta formação estão bem desenvolvidos, e são constituídos por argilas com bandas de arenito quartzoso a glauconítico, algumas bolsadas com valor comercial de gás natural foram encontradas em diferentes camadas desta formação. • A espessura da camada de arenito varia de alguns metros a 50 metros. A espessura geral da formação na parte Central da bacia atinge 1100 a 1200 metros e decresce para a periferia. Devido a erosão, subsequente a formação de Grundja Inferior está ausente nas áreas elevadas. 18 5.2.2 Tipos de Depósitos da Era Cenozóica • Os sedimentos do Cenozóico formam dois ciclos sedimentares identificados na sequência que são: Paleoceno-Eoceno e Oligoceno-Neogeno (Mioceno). Salientar que esses dois ciclos sedimentares são separados por uma descontinuidade. 1. Paleoceno – Eoceno • Os sedimentos de Paleoceno-Eoceno: são separados por rochas subjacentes por uma descontinuidade erosional. São basicamente depósitos da plataforma continental, mas que em direcção a Este formam depósitos de mar profundo. As formações identificadas são: de Boane, Grudja Superior, Cheringoma, Salamanga e Mapai. 1.1 Formação de Boane • As rochas atribuídas a esta Formação estão expostas em redor e a Sul da Vila de Boane. Esta Formação não foi datada, mas supõe-se seja de idade Paleocénica. • A Formação continental de Boane, consiste de siltitos arenosos vermelho a castanhado-escuro (Fig. 10). 19 1.1 Formação de Boane (Cont.) Fig.10-Siltitos arenosos vermelhos (A) e Siltito ferruginoso (B) da Formação de Boane (GTK, 2006) 1.2 Formação Paleocénica de Grudja Superior • Esta Formação é composta por Arenito Glauconítico, Argila, calcário maciço e fossilífero, Margas com intercalações calcárias. • A espessura dos sedimentos da Formação de Grudja Superior varia de 300 – 400 metros. A B 20 1.3 Formação Paleocénica de Mapai • Formação de Mapai é maioritariamente exposta na parte Oeste de Moçambique ao longo das escarpas dos vales dos Rios Limpopo, Uanétzi e Singuédzi, na Barragem de Massingir e no Rio dos Elefantes (GKT, 2006). • Esta Formação é composta (do topo para a base) por Calcários Superiores, Grés Superiores, Grés Médios, Calcários Médios, Grés Inferiores e Calcários Basais (GTK, 2006) Fig.11- Calcário (A) e Conglomerado com matrix de Calcário (B) da Formação de Mapai (GTK, 2006)A B 21 1.4 Formação Eocénica de Cheringoma • Esta Formação forma uma faixa contínua ao longo do limite nordeste da depressão Zângue-Urema, cobrindo áreas extensas a Norte do Rio Búzi. Os calcários marinhos desta Formação, jazem discordantemente sobre a Formação de Grudja Superior. • Esta Formação é composta por calcários glauconíticos e dolomíticos, com calcário gresoso no topo (Fig. 12). A espessura é de cerca de 250 metros. As fácies deposicionais desta formação, são rica em fósseis, e correspondem à fácies marinhos rasos. Fig.12-Afloramento de calcário da Formação de Cheringoma (GTK, 2006) 22 1.5 Formação de Salamanga • A Formação Eocénica de Salamanga localiza-se a Sul da Bacia de Moçambique, é descrita como tendo a mesma idade que a Formação de Cheringoma (GTK, 2006). • A Formação de Salamanga, cobre discordantemente a Formação cretácica de Maputo, e é composta por calcários arenosos e grés calcários, calcários fossilíferos (A) e grés avermelhados (B e C). Fig.13-Calcário (A) e grés avermelhados (B e C) da Formação de Salamanga (GTK, 2006) A B C 23 2. Oligoceno-Neogeno (Mioceno e Plioceno) • Os depósitos Oligoceno-Neogeno ocorrem como sedimentos deltaicos de Limpopo e de Zambeze. O complexo deltaico do Zambeze é o maior complexo cenozóico do Este Africano, atingindo cerca de 4000 metros de espessura. • A secção é formada por areias argilosas e conglomerados. O complexo deltaico do rio Limpopo é marcado pela considerável redução na quantidade de material terrígeno depositado na bacia marinha. • Durante o Oligoceno-Neogeno-Quaternário, a depressão foi preenchida por sedimentos terrígenos, a taxa de deposição foi maior que a taxa de subsidência e como resultado a planície deltaica progrediu para Este da margem continental. 2.1 Mioceno • Os depósitos Miocénico são proeminentes e os mais largamente distribuídos na Bacia de Moçambique, e subdividem-se em formações calcários-marinhos e calcários arenosos. 24 2.1 Mioceno (Cont.) • Os depósitos Miocénico na Bacia de Moçambique compreendem as seguintes formações: de Inharrime, Temane, Jofane, Inhaminga e de Mangulane (GTK, 2006). 2.1.1 Formação de Inharrime • A formação de Inharrime assenta discordantemente sobre os depósitos da Formação de Cheringoma (Salman and Abdulá, 1995), e ocorre como camadas de dolomites vermelhos, argilas vermelhas e silte/grés com intercalações locais de anidrite, do Miocénico Inferior (GTK, 2006). 2.1.2 Formação de Temane • A Formação de Temane encontra-se desenvolvida numa pequena bacia evaporítica perto da foz do Rio Save. Compreende argilitos margosos cinzentos-escuros e siltitos com intercalações de calcários portadores de gesso e poucas areias (Pinna et al. 1986). • A formação de Temane tem uma espessura que varia de 100 a 300 metros. 25 2.1.3 Formação de Mangulane • A Formação Miocénica de Mangulane é caracterizada por calcários arenoso, com intercalações de grés ferruginoso contendo fósseis do género Teredo e Ostrea (Borges et al. 1939). Fig.14-Conglomerado em grés ferruginoso (A) e calcários arenoso (B) da F. de Mangulane (GTK, 2006) 2.1.4 Formação de Inhaminga • A Formação de Inhaminga compreende uma parte basal composta por grés micáceos a argilíticos de grão fino a médio e grés grosseiros. Os pequenos fósseis de gasterópodes e bivalves e litofácies associadas são indicadores de um meio de deposição marinho litoral, com possíveis intercalações deltaicas (GTK, 2006). A B 26 2.1.4 Formação de Inhaminga (Cont.) Fig.15-Grés micáceos a argilíticos da Formação de Inhaminga (GTK, 2006) 2.1.5 Formação de Jofane • A formação marinha de Jofane ocorre principalmente em forma de carbonatos marinhos, calcários e calcarenitos, margas siltosas que se distribuem em toda bacia com uma espessura até 200 metros (Salman and Abdullah, 1995). Fig.16 - Calcário da Formação de Jofane (GTK, 2006) 27 2.2 Plioceno • Os depósitos Pliocénicos foram formados num período em que houve uma grande regressão e ocorre na maior parte da bacia de Moçambique. O Plioceno é representado na Bacia de Moçambique pelas Formações de Mazamba e Ponta Vermelha. 2.2.1 Formação da Ponta Vermelha • A Formação da Ponta Vermelha compreende, na sua porção superior, grés ferruginosos vermelhos e areias siltosas (Foster, 2004). Os siltitos e margas desta unidade são rochas semi- consolidados, apresentam acamamento característico de erosão. Fig.17 - Siltitos com acamamento característico de erosão da Formação da Ponta Vermelha (GTK, 2006) 28 2.2.2 Formação de Mazamba • As fácies iniciais da Formação Mazamba são litorâneas, compostas basicamente por arenito arcósico e conglomerático passando a fácies continentais a oeste. As fácies continentais compreendem uma sequência areno-greso-conglomerática composta por depósitos detríticos de material argilo-arenoso ou conglomerático, jazendo no topo da Formação marinha de Jofane. • Na parte superior desta sequência ocorrem grés arcósicos amarelo-acastanhado, que mudam a grés brancos a amarelo pálidos (GTK, 2006). Fig.18 – Arenitos da Formação de Mazamba (GTK, 2006) 29 5.3 Estratigrafia da Bacia do Rovuma • As sequências pós-karoo na Bacia do Rovuma ocorrem em forma desedimentos marinhos do Jurássico Superior, Cretácico e Terciário, cuja deposição está associada a formação da margem continental Este Africana (figura abaixo). Fig.19 - Mapa que ilustra o sistema de riftes instalados ao longo da África Oriental, que vai desde o Mar Vermelho passando pelo Quénia, Tanzânia e terminando em Moçambique (Lago Niassa e Urema). Os triângulos representam alguns dos vulcões activos. 30 5.3 Estratigrafia da Bacia do Rovuma (Cont.) • Os sedimentos da Bacia de Rovuma foram atravessados por uma sondagem até a profundidade de 3492m. Os sedimentos mais velhos ou antigos são os argilitos. 5.3.1 Tipos de Depósitos da Era Mesozóica 1. Jurássico Superior • As formações do Jurássico Superior identificáveis em Moçambique encontram-se na parte Sul da Bacia do Rovuma. • Estes são representados pela Formação de Pemba (antiga Formação de Cucuni) na zona entre Nacala e Mossuril, (Afonso et al., 1998; Bingen et al., 2007). • Surge na sequência da fragmentação do supercontinente Gondwana no Jurássico Superior, cuja abertura do bloco da África Oriental possibilitou a ocorrência da transgressão marinha que atingiu o norte de Moçambique. 31 1. Jurássico Superior (Cont.) • A formação de Pemba litologicamente apresenta grés, margas, calcários siltosos e argilas, característicos de um ambiente de mar pouco profundo, com fauna de amonite, (Flores, 1961; Afonso et al., 1998; Bingen et al., 2007). 2. Cretácico Inferior (Cont.) • Na parte Norte da Bacia do Rovuma foram identificados depósitos continentais do Cretácico inferior chamados de Formação de Macomia (antiga Formação dos Macondes) de fácies flúvio-deltáico, onde ocorrem restos de vegetais e troncos silicificados em rochas pelíticas. Esta formação continental é substituída em direcção a Este por formações marinhas. 3. Cretácico Superior • Os depósitos do Cretácico Superior na Bacia do Rovuma ocorrem em sequências de margas por vezes siltosas e argilitos com microfauna do género Globotruncana (Foraminíferos), com concreções calcárias e considerável quantidade de Gesso na formação de Mifume (antiga Formação de Candúcia). 32 5.3.2 Tipos de Depósitos da Era Cenozóica • O Cenozóico é caracterizado por deposição de fácies de águas pouco profundas do Paleoceno ao Mioceno. • Tal como na bacia de Moçambique, aqui também identificam-se dois ciclos sedimentares dentro das sequências Cenozóicas, separados por uma descontinuidade, Paleoceno - Eoceno e Oligoceno - Neogeno (Mioceno). 1. Paleoceno – Eoceno • Na margem Ocidental da bacia do Rovuma, a sequência margosa fossilífera está presente e intercalada por arenitos quartzosos, calcários gresosos, com fauna e corais pertencentes à Formação de Alto Jingone (antiga Formação de Quissirupa/Repa) (Moura, 1974; Afonso et al., 1998; Bingen et al., 2007). • A espessura atinge 200 metros e assume-se tratar-se de sedimentos do mar pouco profundo (Civitelli, 1990). 33 2. Oligoceno • Os depósitos de Oligoceno aparecem na Bacia do Rovuma em dois tipos de fácies: Mar pouco profundo e Deltaico. 2.1 Fácies de Mar Pouco Profundo • Os sedimentos do Mar pouco profundo de Oligoceno estão espalhados na parte sul da bacia e estão representados pela Formação de Quissanga (antiga Formação de Sancul/Cogune) constituída por calcários recifais e sub-recifais, calcários gresosos fossilíferos (Flores & Noseda, 1960; Afonso et al., 1998; Bingen et al., 2007). 2.2 Fácies Deltaicas • Os sedimentos estão espalhados na parte central e norte da bacia. A sequência ocorre com intercalações de argilitos e arenitos. 34 3. Mioceno • Os sedimentos do Mioceno assentam discordantemente sobre as rochas antigas. • Estes sedimentos ocorrem em dois tipos de fácies: Mar pouco profundo e Deltaico. 3.1 Fáceis de Mar Pouco Profundo • Os sedimentos de mar pouco profundo estão desenvolvidos na parte sul da bacia e são caracterizados pela alternância de margas e calcarenitos com abundância de fauna numa espessura de 50 metros. 3.2 Fácies Deltaicos • Os depósitos do Mioceno ocorrem a norte da bacia como depósitos arenosos da formação de Mikindane. 35 4. Sedimentos Quaternários (Pleistoceno e Holoceno ou Recente) • Este período é caracterizado geologicamente por areias, por dunas, terraços dos rios e formas geomorfológicas actuais, como são os casos de estuários, planície costeira, dunas interiores e costeiras. • Estas feições geomorfológicas podem ser observadas ao longo da faixa costeira das províncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala, Zambézia, Nampula e Cabo-Delgado. • Os depósitos quaternários são subdivididos em depósitos pleistocénicos, como por exemplo as dunas interiores (fig.20a), grés costeiros (fig.20c e d) e terraços fluviais (fig.20e) e depósitos holocénicos, como por exemplo os depósitos de planície de inundação de composição arenoargilosa e argiloarenosa ou com composição argilosa e dunas costeiras (fig.20f) (GTK, 2006b). • As mudanças de fácies registam geralmente uma transição, em direcção a Este, de depósitos terrestres, marinhos de pouca profundidade, e de depósitos marinhos típicos (GTK, 2006). 36 4. Sedimentos Quaternários (Cont.) Fig.20: A) Dunas interiores; C e D) Grés costeiros (GTK, 2006) Fig.20: E) Terraços fluviais; e F) Dunas costeiras (GTK, 2006) A E F 37 4. Sedimentos Quaternários (Cont.) • As rochas sedimentares durante o período Terciário (Plioceno) e Quaternário (Pleistoceno e Holoceno) foram expostas à erosão, o que faz com que as épocas do Pliocénico, Pleistocénico e Holocénico consistem essencialmente de produtos de alteração retrabalhados e desagregados. • Embora o Pleistocénico consista principalmente de areias de dunas erodidas, avermelhadas e parcialmente consolidadas, a maior parte do Holocénico consiste de aluviões recentes e de areias de dunas interiores e exteriores. • Estas sequências deposicionais são separadas umas das outras por descontinuidades angulares e períodos de não deposição ou erosão devido a ciclos de transgressão-regressão, resultantes da interacção entre episódicas flutuações eustáticas do nível do mar, subsidência da bacia e levantamento continental (GTK Consortium, 2006c).
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