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Disciplina: Operações Unitárias Prof. Sabrina Araújo Correia Data: 04/05/2020 Assunto: Operações de Separação Mecânica: Centrifugação e-mail: sabrina.araujocorreia93@gmail.com Nesta aula serão apresentados os conceitos básicos para dimensionamento de centrífugas Separações por Centrífugação - Equipamentos em que a força gravitacional é substituída por uma “força centrífuga”, a qual pode ser aumentada ou diminuída em função da necessidade da operação; - Torna possível a separação de partículas menores que não podem ser separadas por sedimentação. - Separadores centrífugos baseiam-se no princípio de que um objeto rotacionando em torno de um eixo a uma distância constante desse mesmo eixo é comandado por uma força motriz; - O objeto está constantemente mudando de direção devido a ação de uma força centrípeta que age na direção do eixo de rotação; - Se o objeto em rotação é um tambor cilíndrico contendo uma mistura de líquido e partículas sólidas, esses componentes irão exercer uma força igual e de sentido oposto conhecida como “centrífuga” fazendo com que se desloquem no sentido das paredes do tambor; essa força fará com que as partículas sedimentem mais rapidamente do que em uma situação em que a força motriz é a força da gravidade; - De acordo com as figuras abaixo: a) Alimentação da corrente a ser centrifugada em que a alimentação é feita pelo centro do tambor; b) Separação de sólidos de uma corrente líquida: a corrente é alimentada e imediatamente é direcionada para as paredes do tambor; tanto a fase líquida como a fase sólida estão sob a ação de uma força vertical gravitacional e uma força centrífuga horizontal; a força horizontal é muito maior do que a vertical, de tal maneira que a força vertical pode ser negligenciada; a fase líquida assume uma posição de equilíbrio com a sua superfície quase na direção vertical e as partículas sedimentam horizontalmente e contra a parede vertical do tambor; c) Separação de líquidos imiscíveis: Quando dois líquidos imiscíveis de densidades diferentes são centrifugados, o líquido mais denso irá ocupar a posição mais periférica, pois a ação centrífuga é maior no líquido de maior densidade. Equacionamento - Em um movimento circular, a aceleração pode ser definida como: 𝑎𝑐 = 𝑣2 𝑟 = 𝑤2 ∙ 𝑟 Onde: ac: aceleração (em m/s2) v: velocidade tangencial (em m/s) w: velocidade angular (em rad/s) r: distância radial do centro de rotação (em m) - A força centrífuga agindo sobre a partícula será definida por: 𝐹𝑐 = 𝑚 ∙ 𝑎𝑐 = 𝑚 ∙ 𝑣2 𝑟 = 𝑚 ∙ 𝑤2 ∙ 𝑟 - Sabe-se que 𝑤 = 𝑣 𝑟 , portanto: 𝐹𝑐 = 𝑚 ∙ 𝑤 2 ∙ 𝑟 = 𝑚 ∙ ( 𝑣 𝑟 ) 2 ∙ 𝑟 = 𝑚 ∙ 𝑣2 𝑟 - Frequentemente a velocidade de rotação é dada em termos de N (em rot/min ou rpm): 𝑤 = 2𝜋𝑁 60 → 𝑁 = 60 ∙ 𝑤 2𝜋 = 60 ∙ 𝑣 2𝜋 ∙ 𝑟 - Substituindo na equação da força centrífuga: 𝐹𝑐 = 𝑚 ∙ 𝑟 ∙ ( 2𝜋𝑁 60 ) 2 → 𝑭𝒄 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟎𝟗𝟕 ∙ 𝒎 ∙ 𝒓 ∙ 𝑵 𝟐 - A força gravitacional atuante sobre a partícula é: 𝐹𝑔 = 𝑚 ∙ 𝑔 - Comparando a força centrífuga com a força gravitacional: 𝐹𝑐 𝐹𝑔 = 0,01097 ∙ 𝑚 ∙ 𝑟 ∙ 𝑁2 𝑚 ∙ 𝑔 → 𝑭𝒄 𝑭𝒈 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟏𝟏𝟏𝟖 ∙ 𝒓 ∙ 𝑵𝟐 - Desta maneira, a força desenvolvida na operação de uma centrífuga é 𝑣2 𝑔∙𝑟 𝑜𝑢 𝑤2∙𝑟 𝑔 vezes maior que a força gravitacional; - Define-se como equivalente a vezes a força G em uma operação de centrifugação. Equações para a taxa de sedimentação em centrífugas - Uma partícula de determinada dimensão poderá ser removida de um líquido em uma operação de centrifugação se o seu tempo de residência dentro do tambor for suficiente para que se desloque até a parede do tambor; - O comprimento do tambor é representado pela letra b; - O raio do tambor é representado por r2; - O raio da superfície do líquido é representado por r1; rB < r2: a partícula deixa o tambor junto com o líquido rB = r2: a partícula sedimenta no tambor e é removida do líquido - Admitindo regime viscoso de sedimentação das partículas, vale a Lei de Stokes e a velocidade terminal de sedimentação de uma partícula em uma centrífuga fica: 𝒗𝒕 = 𝒘𝟐 ∙ 𝒓 ∙ 𝑫𝟐 ∙ (𝝆 − 𝝆′) 𝟏𝟖 ∙ 𝝁 - Como o movimento é circular sabe-se que: 𝑣𝑡 = 𝑑𝑟 𝑑𝑡 - Portanto, na equação da velocidade de sedimentação: 𝑑𝑟 𝑑𝑡 = 𝑤2 ∙ 𝑟 ∙ 𝐷2 ∙ (𝜌 − 𝜌′) 18 ∙ 𝜇 → 𝑑𝑡 = 18 ∙ 𝜇 𝑤2 ∙ 𝐷2 ∙ (𝜌 − 𝜌′) ∙ 𝑑𝑟 𝑟 - Integrando a equação entre os limites r = r1 para t = 0 e r = r2 para t = tR: ∫ 𝑑𝑡 𝑡𝑅 0 = 18 ∙ 𝜇 𝑤2 ∙ 𝐷2 ∙ (𝜌 − 𝜌′) ∙ ∫ 𝑑𝑟 𝑟 𝑟2 𝑟1 𝒕𝑹 = 𝟏𝟖 ∙ 𝝁 𝒘𝟐 ∙ 𝑫𝟐 ∙ (𝝆 − 𝝆′) ∙ 𝒍𝒏 ( 𝒓𝟐 𝒓𝟏 ) - O tempo de residência pode der definido como: 𝑡𝑅 = 𝑉 𝑄 Onde: V: volume de líquido dentro do tambor (em m3) Q: vazão volumétrica da alimentação da centrífuga (em m3/s) - O volume de líquido dentro do tambor da centrífuga pode ser calculado como: 𝑉 = 𝜋 ∙ 𝑟2 2 ∙ 𝑏 − 𝜋 ∙ 𝑟1 2 ∙ 𝑏 = 𝜋 ∙ 𝑏 ∙ (𝑟2 2 − 𝑟1 2) - Desta maneira, combinando as equações: 𝑉 𝑄 = 18 ∙ 𝜇 𝑤2 ∙ 𝐷2 ∙ (𝜌 − 𝜌′) ∙ 𝑙𝑛 ( 𝑟2 𝑟1 ) 𝑄 = 𝑤2 ∙ 𝐷2 ∙ (𝜌 − 𝜌′) 18 ∙ 𝜇 ∙ 𝑙𝑛 ( 𝑟2 𝑟1 ) ∙ 𝑉 𝑸 = 𝒘𝟐 ∙ 𝑫𝟐 ∙ (𝝆 − 𝝆′) 𝟏𝟖 ∙ 𝝁 ∙ 𝒍𝒏 ( 𝒓𝟐 𝒓𝟏 ) ∙ 𝝅 ∙ 𝒃 ∙ (𝒓𝟐 𝟐 − 𝒓𝟏 𝟐) - Conhecidas todas as condições operacionais e as dimensões da centrífuga, o diâmetro das partículas que serão removidas da fase líquida pode ser calculado: -- Partículas com diâmetro maior ou igual do que o diâmetro calculado se deslocarão até a parede do tambor da centrífuga e serão removidas da fase líquida; -- Partículas com diâmetro menor do que o diâmetro calculado não atingirão a parede do tambor e não serão removidas da fase líquida. Diâmetro Crítico (Dc) - É o diâmetro de uma partícula que se descola até a metade da distância entre r1 e r2; - A partícula se desloca por uma distância da metade da camada de líquido ou ( 𝑟2−𝑟1 2 ) durante o tempo que a partícula está dentro da centrífuga; - Dessa maneira, os limites de integração ficam como: 𝑡 = 0 → 𝑟 = 𝑟1 + 𝑟2 − 𝑟1 2 = 𝑟1 + 𝑟2 2 𝑡 = 𝑡𝑅 → 𝑟 = 𝑟2 𝑄𝑐 = 𝑤2 ∙ 𝐷𝑐 2 ∙ (𝜌 − 𝜌′) 18 ∙ 𝜇 ∙ 𝑙𝑛 ( 𝑟2 𝑟1 + 𝑟2 2 ) ∙ 𝜋 ∙ 𝑏 ∙ (𝑟2 2 − 𝑟1 2) 𝑸𝒄 = 𝒘𝟐 ∙ 𝑫𝒄 𝟐 ∙ (𝝆 − 𝝆′) 𝟏𝟖 ∙ 𝝁 ∙ 𝒍𝒏 ( 𝟐 ∙ 𝒓𝟐 𝒓𝟏 + 𝒓𝟐 ) ∙ 𝝅 ∙ 𝒃 ∙ (𝒓𝟐 𝟐 − 𝒓𝟏 𝟐) Valores de Sigma (Σ) e Scale Up de centrífugas - Rearranjando a equação do diâmetro de corte de tal maneira que no primeiro termo da multiplicação estejam os parâmetros referentes ao fluido e à partícula e no segundo termo estejam os termos referentes às dimensões da centrífuga e multiplicando e dividindo a expressão por 2∙g: 𝑄𝑐 = 2 ∙ 𝑔 ∙ 𝐷𝑐 2 ∙ (𝜌 − 𝜌′) 18 ∙ 𝜇 ∙ 𝑤2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑏 ∙ (𝑟2 2 − 𝑟1 2) 2 ∙ 𝑔 ∙ 𝑙𝑛 ( 2 ∙ 𝑟2 𝑟1 + 𝑟2 ) 𝑸𝒄 = 𝟐 ∙ 𝒗𝒕 ∙ 𝚺 Onde: vt: velocidade terminal de sedimentação da partícula sob ação da força gravitacional Σ: característica típica da centrífuga, é a área em m2 de um sedimentador gravitacional com as mesmas características de sedimentação que uma centrífuga para a mesma vazão. - Pode-se dizer que: 𝑸𝟏 𝜮𝟏 = 𝑸𝟐 𝜮𝟐 - O fator de scale up pode ser aplicado para centrífugas de características geométricas similares. Separação de líquidos em uma centrífuga - A separação de líquidos imiscíveis que estão finamente dispersos em uma emulsão é uma operação típica da indústria alimentícia, além de outras indústrias também; - A figura abaixo apresenta uma centrífuga tubular em que ocorre a separação de dois líquidos imiscíveis: o mais denso com densidade ρH e o menos denso com densidade ρL; r1 é o raio da superfície do líquido leve, r2 é o raio da interface entre as camadas de líquido e r4 é o raio da superfície de líquido pesado: - A força atuante no líquido a uma distância r é: 𝐹𝑐 = 𝑚 ∙ 𝑟 ∙ 𝑤 2 - A força diferencial através de uma película dr é: 𝑑𝐹𝑐 = 𝑑𝑚 ∙ 𝑟 ∙ 𝑤 2 - Como 𝑚 = 𝜌 ∙ 𝑉, temos que 𝑑𝑚 = 𝜌 ∙ (2𝜋𝑟𝑏)𝑑𝑟- Substituindo dm na equação da força diferencial e dividindo os dois lados pela área 𝐴 = 2𝜋 ∙ 𝑟 ∙ 𝑏: 𝑑𝐹𝑐 2𝜋 ∙ 𝑟 ∙ 𝑏 = 𝜌 ∙ (2𝜋 ∙ 𝑟 ∙ 𝑏)𝑑𝑟 ∙ 𝑟 ∙ 𝑤2 2𝜋 ∙ 𝑟 ∙ 𝑏 - Tem-se a seguinte relação: 𝑑𝑃 = (𝑤2 ∙ 𝜌 ∙ 𝑟)𝑑𝑟 Onde: P: Pressão (em N/m2) - Integrando entre r1 e r2, temos: 𝑃2 − 𝑃1 = 𝜌 ∙ 𝑤2 2 ∙ (𝑟2 2 − 𝑟1 2) - Aplicando a equação para o exemplo da figura e igualando a pressão exercida pelo líquido leve de espessura r2 – r1 com a pressão exercida pelo fluido pesado de espessura r2 – r4 na interface de líquido em r2: 𝑃2 − 𝑃4 = 𝑃2 − 𝑃1 𝜌𝐻 ∙ 𝑤 2 2 ∙ (𝑟2 2 − 𝑟4 2) = 𝜌𝐿 ∙ 𝑤 2 2 ∙ (𝑟2 2 − 𝑟1 2) - Resolvendo a equação para 𝑟2 2 na posição de interface entre os líquidos: 𝒓𝟐 𝟐 = 𝝆𝑯 ∙ 𝒓𝟒 𝟐 − 𝝆𝑳 ∙ 𝒓𝟏 𝟐 𝝆𝑯 − 𝝆𝑳 - A interface r2 deve estar localizada de tal que seja menor que r3 para que ocorra a separação entre os líquidos. Tipos de Centrífugas Centrífuga Tubular: o tambor é comprido e o diâmetro é estreito, normalmente entre 100 e 150 mm; esse tipo de centrífuga tem a capacidade de desenvolver forças até 13000 vezes a força gravitacional; são aplicadas para as separações de emulsões líquido-líquido; - Centrífuga de Discos: utilizada para as separações líquido-líquido; a alimentação entra pelo topo da centrífuga e escoa verticalmente através de espaços perfurados, preenchendo os espaços entre os discos; os espaços perfurados dividem o tambor em uma região mais interna por onde é separado o líquido leve e uma região mais externa por onde é separado o líquido mais pesado; estes tipos de centrífugas são aplicadas para a separação de látex, de amido e de glúten e separação de cremes. - Centrífugas Decanter: aplicadas para a separação de lodo em uma fração líquida leve e isenta de partículas sólidas e uma fração pesada de lodo desidratado; nesse tipo de centrífuga, um tubo cilíndrico com uma seção cônica em uma das pontas rotaciona ao redor de um eixo horizontal; a alimentação é realizada através de um tubo estacionário axial espalhando o lodo internamente pelo tubo cilíndrico-cônico; a fase líquida escoa pela região cilíndrica enquanto que a fase sólida é conduzida para a região cônica do tambor pela ação de um parafuso transportador, onde está é coletada; esse tipo de centrífuga é muito utilizada na separação de lodo gerado no tratamento de efluentes.
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