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OPERAÇÕES UNITÁRIAS NOS PROCESSOS INDUSTRIAIS I APOSTILA - CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA - MÓDULO 3° PROF. SÉRGIO GIACOMASSI - 1° SEMESTRE - 2014 1 CONTEÚDO 1. Introdução às Operações Unitárias...................................................................... 2 2. Conversão de unidades de medidas do sistema internacional......................... 4 3. Transporte de sólidos............................................................................................ 7 • Esteira........................................................................................................................ 8 • Caneca....................................................................................................................... 10 • Ar comprimido.......................................................................................................... 11 4. Transporte de líquidos........................................................................................... 15 • bombeamento de líquidos e mecanismos............................................................. 17 • gravidade................................................................................................................... 34 • impulso...................................................................................................................... 36 • força centrifuga........................................................................................................ 38 • quantidade de movimento....................................................................................... 40 • movimento de vapor e gases.................................................................................. 41 • cálculo de vazão, velocidade e equação da continuidade, introdução a equação de Bernoulli.................................................................................................. 44 • pressão de coluna de líquido, vasos comunicantes, tubo em U, pressão absoluta, relativa e manométrica.............................................................................. 51 5. Separação de materiais Sólido / Líquido.............................................................. 54 • filtração...................................................................................................................... 54 • decantação................................................................................................................ 62 • centrifugação............................................................................................................ 65 6. Separação de materiais Líquido / Líquido............................................................ 66 • destilação.................................................................................................................. 66 • decantação................................................................................................................ 68 7. Extração................................................................................................................... 69 • líquido/líquido........................................................................................................... 69 • sólido/sólido............................................................................................................. 70 • sólido/líquido............................................................................................................ 72 8. Referências Bibliográficas..................................................................................... 74 2 1. Introdução às Operações Unitárias Toda indústria química envolve um conjunto de processos: Processo químico, Processo de estocagem de materiais, processo de compras, processo de pagamentos, etc. As operações unitárias serão importantes para execução dos processos químicos, físico-químicos, petroquímicos, etc. Um processo químico é um conjunto de ações executadas em etapas, que envolvem modificações da composição química, que geralmente são acompanhadas de certas modificações físicas ou de outra natureza, no material ou materiais que é (são) ponto de partida (matérias primas) para se obter o produto ou os produtos finais (ou acabados). Cada etapa dentro do processo que tem princípios fundamentais independentes da substância (ou substâncias), que está sendo operada e de outras características do sistema, pode ser considerada uma operação unitária. O engenheiro A. D. Little (1915) apresenta um conceito interessante para as operações unitárias: “Qualquer processo químico, em qualquer escala, pode ser decomposto numa série estruturada do que se podem denominar, operações unitárias, como moagem, homogeneização, aquecimento, calcinação, absorção, condensação, lixiviação, cristalização, filtração, dissolução, eletrólise, etc.” Desde 1915 foram acrescentadas outras operações unitárias a lista de Little como o transporte de fluidos, a transferência de calor, a destilação, a umidificação, a absorção de gases, a sedimentação, a classificação, a centrifugação, a hidrólise, a digestão, a evaporação, etc. As complexidades das Aplicações de engenharia provem da diversidade das condições, como temperatura, pressão, concentração, pureza, etc., sob as quais as operações unitárias devem ser realizadas nos diversos processos e das limitações e exigências aos materiais de construções e de projeto, impostas pelos aspectos físicos e químicos das substancias envolvidas. Todas as operações unitárias estão baseadas em princípios da ciência que são traduzidos nas aplicações industriais em diversos campos de engenharia. O escoamento de fluído, por exemplo, é estudado em mecânica dos fluídos, mas interessam muito a hidráulica que se liga mais à engenharia civil e a engenharia sanitária. Encontram-se, no setor da indústria exemplos de maior parte das operações unitárias em aplicações as mais variadas. 1.1 Classificação: As operações unitárias podem ser classificadas de acordo com critérios variados. Podemos, por exemplo, classificá-las em grupos de acordo com a sua finalidade dentro do processo produtivo. a) Operações preliminares: São normalmente utilizadas antes de qualquer outra operação. Suas funções estão associadas à preparação do produto para posterior processamento de melhoria das condições sanitárias da matéria prima. Ex. Limpeza, seleção, classificação, eliminação, branqueamento, etc. b) Operações de conservação: Entre estas podemos citar a esterilização, a pasteurização, o congelamento, refrigeração, evaporação, secagem, etc. 3 c) Operações de transformação: Moagem, mistura, extrusão, emulsificação, etc. d) Operações de separação: Filtração, cristalização, sedimentação, centrifugação, prensagem, destilação, absorção, adsorção, desumidificação, precipitação eletrostática, etc. Uma classificação bem comum é utilizada levando-se em conta o tipo de operação envolvida : operações mecânicas, operações envolvendo transferência de calor e operações envolvendo transferência de massa , a saber: 1.1.1 Operações Mecânicas 1.1.2 Operações envolvendo sólidos granulares Fragmentação de sólidos; Transporte de sólidos; Mistura de sólidos; 1.1.3 Operações com sistemas sólido-fluido Sólidos de sólido; Peneiramento Separação hidráulica (arraste – elutriação) Sólido de líquidos; Decantação Flotação (borbulhamento de ar) Floculação (sulfato de alumínio – aglutinação – flocos) Separação centrífuga Filtração Sólidos de gases Centrifugação (para gases - ciclones) Filtração (para gases - filtros manga) Líquidos de líquidos Decantação Centrifugação 1.1.5 Operações envolvendo sistemas fluidos Bombeamento de líquidos; Mistura e agitação de líquidos;1.1.6 Operações com Transferência de Calor Aquecimento e resfriamento de fluidos Evaporação e Cristalização Secagem 1.1.7 Operações com Transferência de Massa Destilação Extração líquido-líquido Absorção de Gases 4 2. Conversão de unidades de medidas do sistema internacional 2.1 Conceitos Fundamentais: Alguns conhecimentos são fundamentais para que se possa estudar de forma adequada a disciplina denominada Operações Unitárias, como os conhecimentos sobre conversão de unidades, unidades que podem ser: - medidas lineares, - medidas de área, - medidas de volume, - medidas de massa, - medidas de pressão, - medidas de temperatura, - medidas de energia, - medidas de potência. Outro conceito-base para “Operações Unitárias” é o de Balanço, tanto Balanço Material quanto Balanço Energético. É necessário conhecer as correlações existentes entre medidas muito utilizadas na Indústria Química, como é o caso das medidas de temperatura, de pressão, de energia, de massa, de área, de volume, de potência e outras que estão sempre sendo correlacionadas. Alguns exemplos de correlações entre medidas lineares: 1 ft (pé) =12 in (polegada) 1 in =2,54 cm 1 m =3,28 ft 1 m =100 cm = 1.000 mm 1 km =1.000 m Alguns exemplos de correlações entre áreas: 1 ft2 = 144 in2 1 m2 = 10,76 ft2 1 km2 = 106 m2 Alguns exemplos de correlações entre volumes: 1 ft3 = 28,32 L 1 ft3 = 7,481 gal 1 gal = 3,785 L 1 m3 = 35,31 ft3 Alguns exemplos de correlações entre massas: 1 kg = 2,2 lb 1 lb = 454 g 1 kg = 1.000 g 1 t = 1.000 kg 5 Alguns exemplos de correlações entre pressões: 1 atm = 1,033 kgf/cm2 1 atm = 14,7 psi (lbf/in2) 1 atm = 30 in Hg 1 atm = 10,3 m H2O 1 atm = 760 mm Hg 1 KPa = 10-2 kgf/cm2 Algumas observações sobre medições de pressão: Pressão Absoluta = Pressão Instrumental (manômetro ou vacuômetro) + Pressão Atmosférica Alguns exemplos de correlações entre temperaturas: tºC = (5/9)(tºF - 32) tºF = (9/5)(tºC) + 32 t°K = tºC + 273 t°R = tºF + 460 (temperaturas absolutas) Fórmulas de conversão de temperaturas para grau Celsius Conversão de: Para: Fórmula: grau Celsius grau Fahrenheit °F = °C × 1,8 + 32 grau Fahrenheit grau Celsius °C = (°F − 32) / 1,8 grau Celsius grau Kelvin K = °C + 273,15 grau Kelvin grau Celsius °C = K − 273,15 grau Celsius grau Rankine °R = (°C + 273,15) × 1,8 grau Rankine grau Celsius °C = (°R ÷ 1,8) – 273,15 http://pt.wikipedia.org/wiki/Grau_Fahrenheit 6 Algumas observações sobre medições de temperatura: Zero absoluto = – 273ºC ou – 460ºF Alguns exemplos de correlações entre potências: 1 HP = 1,014 CV 1 HP = 42,44 BTU/min 1KW = 1,341 HP 1 HP = 550 ft.lbf/s 1KW = 1 KJ/s 1 KWh = 3.600 J 1KW = 1.248 KVA Alguns exemplos de correlações de energia: 1 Kcal = 3,97 BTU 1BTU = 252 cal 1BTU = 778 ft.lbf 1Kcal = 3,088 ft.lbf 1Kcal = 4,1868 KJ 1 cal = 4,18 J 7 2.2 Noção de Balanço Material e Balanço Energético 2.2.1 Balanço Material : se baseia na Lei de Lavoisier da Conservação das Massas ; na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. Igual Massa que entra PROCESSO Massa que sai 2.2.2 Balanço Energético: se baseia nas Leis Termodinâmicas da Conservação de Energia. Igual Energia que entra PROCESSO Energia que sai 3. Transporte de sólidos Os transportes industriais abrangem 3 tipos distintos de operações unitárias: Transporte de sólidos Bombeamento de líquidos Movimentação de gases Operações de movimentação de sólidos granulares em regimes contínuos para as etapas do processo; dentre muitos, pode-se citar os seguintes aspectos sobre a importância do transporte de sólidos: Grande importância no custo da operação industrial; Automação dos processos, substituindo a mão-de-obra humana; Necessidade de um transporte versátil para os vários tipos de sólidos. Para caracterizar, ou especificar, o equipamento, leva-se em consideração os seguintes aspectos: Capacidade: de operação; nominal; de pico; de projeto. Distância e desnível entre carga e descarga; Natureza do material transportado; Fatores econômicos. 8 Pode-se dividir os transportadores em dois grupos: Os que se movimentam junto com o sólido no transporte: Pás carregadeiras; Vagonetas; Empilhadeiras; Caminhões; Guinchos; Guindastes, etc... Os que permanecem fixos no transporte do sólido: Carregadores; Arrastadores; Elevadores; Alimentadores; Pneumáticos; Os equipamentos carregadores são destinados a carregar de forma contínua o sólido granular de um ponto a outro dentro da fábrica, os mais comuns são: Correia: Esteira Corrente Caçamba Vibratório Por gravidade 3.1 Transportador de sólidos por esteira (correia): O transportador de correias consiste em transportar o sólido suportado por uma correia sem fim flexível, normalmente de borracha, que se desloca sobre roletes durante todo o percurso, nas extremidades encontra-se tambores (polias), que se encontram livres no ponto de alimentação e motores (ou motrizes) no ponto de descarga. 9 É realizado horizontalmente, podendo ser também inclinado, preferencialmente para cima. Podem medir desde poucos metros até muitos quilômetros, trabalhando versatilmente em várias velocidades e temperaturas. A figura a seguir representa esquematicamente um transportador de correia: Os roletes de retorno podem ser chamados também de esticadores, por terem a função de manter a correia esticada no momento do retorno (quando está vazia), desta forma otimizando a potência do equipamento e aumentando a vida útil da correia, componente que gera maior manutenção do transportador. As correias são mais comumente constituídas por camadas superpostas de borracha, para promover a resistência a abrasão e lonas de Nylon ou metálicas, que darão resistência mecânica à tração, ao conjunto. Conforme a necessidade, as correias podem ser constituídas por outras matérias- primas, tais como PVC, couro, algodão, amianto, entre outros. 10 3.2- Transportador de sólidos por elevador de canecas (caçambas): É realizado para transportes verticais, o transportador de elevador consiste em transportar o sólido suportado por caçambas ou canecas, fixadas em correias verticais ou em correntes que se movimentam entre uma polia superior (normalmente motora) e outra inferior que gira livremente. Normalmente são equipamentos estanques, confinados em carenagens de aço ou outro material adequado, que impede a perda de materiais para o ambiente. O descarregamento pode ser realizado de vários modos, sendo as formas mais comuns: a b c 11 a) Elevação com descarga centrífuga: Mais comum; Destinado ao transporte de grãos, areia, produtos químicos secos; b) Elevação com descarga contínua: A descarga é delicada para evitar degradação excessiva do produto; Normalmente é usada para materiais difíceis de trabalhar com descarga contínua; Trabalha com materiais finamente pulverizados; c) Elevação com descarga positiva: Destinado a materiais que tendem a se compactar; Velocidade de transporte é baixa; 3.3 - Transportador de sólidos por ar comprimido (Pneumático): A maioria das atividades industriais implica na movimentação de produtos em pó granulados ou refiles, seja para as necessidades de fabricação ou para remoção de resíduos. O que é o Transporte Pneumático? O transporte pneumático consiste em movimentar um produto (partículas de sólidos)no interior de uma tubulação estanque através de uma corrente de sopro ou exaustão, usando ar ou outro gás como fluido transportador. O transportador pneumático é um equipamento utilizado em larga escala na indústria para movimentação e elevação de sólidos granulados através das mais variadas distâncias e tipos de trajeto. 12 O sistema de transporte pneumático é constituído basicamente por: Tubulação por onde circulam os sólidos e o fluido transportado; Um soprador e/ou bomba de vácuo; Um alimentador de sólidos e; Um separador de fluído e sólidos na parte terminal tais como: ciclones; filtros de limpeza por ar comprimido ou contra-corrente; ou até mesmo descarga direta em silo ou depósito; A utilização da movimentação do ar para a movimentação de materiais representa vantagens a este processo se comparado à movimentação mecânica (elevador, transportador helicoidal, etc.); oferece maior segurança ao produto uma vez que o mesmo é transportado por meio de tubulações, onde o ar como fluido possibilita o seu escoamento até o local desejado; ele se torna útil para transportar sólidos para locais de uma planta de processo difíceis ou economicamente invisíveis de serem alcançadas por transportadores mecânicos. Usam tanto a pressão positiva como negativa para empurrar ou puxar, respectivamente, os materiais através da linha de transporte, em velocidades relativamente altas. Alguns exemplos de materiais que podem ser manipulados pelos sistemas de Transporte Pneumático: Açúcar; Amendoim; Argila em Esferas; Cal virgem e Hidratada; Caulim; Cimento; Farinha; Finos de Carvão; Granulados de Aço; Leite em Pó Óxido de Ferro; Sal; Soda; Vidro; entre outros... 3.3.1. Vantagens e desvantagens do transporte pneumático considerando outros tipos de sistema de transporte: Vantagens: Sistema totalmente hermético: minimiza o problema de controle de emissão de particulados; Eficiente em consumo de energia e mão-de-obra; Confiável devido às poucas partes móveis e menor desgaste do sistema; Flexível, permitindo instalações de sistemas completos em espaços bem reduzidos; 13 Desvantagens: Alto custo de instalação; Não pode transportar a longas distâncias; Limitação da distância no transporte de materiais frágeis; Limitação no transporte de materiais potencialmente explosivos, deve- se usar um gás inerte no lugar do ar e evitar fontes de ignição no interior da linha de transporte, aumentando os custos. 3.3.2. Tipos de transporte pneumático: Apresentam sub-divisões e classificações conforme sua competência e aplicações: Fase fluída ou diluída Fase densa 3.3.2.1 Fase Fluída ou Diluída: Sistemas de baixa pressão (inferior a 01 bar) e alta velocidade (10 a 25m/s), utilizando uma elevada relação ar / material; 14 Operação em fase diluída sob pressão (empurrando os sólidos) 3.3.2.2 Fase Densa: Utilizam pressão positiva para impulsionar os materiais. São sistemas de alta pressão (superior a 01 bar) e baixa velocidade (0,25 a 2,5m/s), utilizando uma relação ar / material baixa. 15 O Transporte Pneumático tipo Fase Densa, exige uma baixa demanda de ar, o que significa menor exigência de energia. A degradação do produto por atrito e a erosão na tubulação, não são problemas maiores do que no transporte pneumático em fase diluída, devido às baixas velocidades de sólidos. 4. Transporte de líquidos 4.1 Introdução A matéria se apresenta basicamente em três fases de agregação: Sólida Líquida Gasosa 16 As fases líquidas e gasosas, são chamadas de fluidas, pois apresentam a propriedade de se deformarem continuamente quando é aplicada sobre elas uma força tangencial, denominada “tensão de cisalhamento”, um material fluido é aquele que apresenta a propriedade de escoar. Para o estudo das Operações Unitárias de transporte e de separação de fluidos, é importante o estudo da Mecânica dos Fluídos , ou seja, o estudo do comportamento desses fluidos quando submetidos à ação de uma força. As características mais importantes para o dimensionamento de equipamentos de processos são: viscosidade e pressão do fluido. 4.1.1 Viscosidade É a propriedade dos fluidos que está associada à maior ou menor resistência que eles oferecem ao seu próprio descolamento. Esta resistência se explica pelo atrito interno que ocorre entre as moléculas que compõe o fluido, movimentando-se umas contras as outras, e por atrito dessas moléculas com as paredes do recipiente que as contém. Os fluidos com alta viscosidade como o melado ou mel, fluem mais lentamente que aqueles com baixa viscosidade como a água. Todos os fluidos, líquidos e gases, têm certo grau de viscosidade, alguns materiais, como o piche, que parecem sólidos, são na realidade altamente viscosos e fluem muito lentamente. O grau de viscosidade é importante em muitas aplicações. Por exemplo: a viscosidade do óleo do motor determina o quanto ele pode efetivamente lubrificar as partes de um motor de automóvel. 4.1.2 Pressão do fluido Podemos definir Pressão sendo uma grandeza física obtida pelo quociente entre a intensidade da força (F) e a área (S) em que a força se distribui. No caso mais simples a força (F) é perpendicular à superfície (S) e a equação fica simplificada: 17 A unidade de pressão no SI é o N/m2, também chamado de Pascal. Relação entre unidades muito usadas: 1 atm = 760 mmHg = 105N/m2. 4.2 Bombeamento de líquidos e mecanismos O transporte e armazenamento de fluidos podem ser realizados por: Bombas: centrífugas (rotor) e de deslocamento positivo (pistão) Válvulas (controle e bloqueio) Linha de tubulações Medidores de vazão Vasos pressurizados 4.2.1 Bombas Bombas hidráulicas são máquinas motrizes que sugam ou empurram um fluido. Existem muitos tipos de bombas, uma bomba hidráulica é um dispositivo que adiciona energia aos líquidos, tomando energia mecânica de um eixo, de uma haste ou de um outro fluido, ar comprimido e vapor são os mais usuais. As formas de transmissão de energia podem ser: aumento de pressão, aumento de velocidade ou aumento de elevação – ou qualquer combinação destas formas de energia, como consequência, facilita-se o movimento do líquido. É geralmente aceito que o líquido possa ser uma mistura de líquidos e sólidos, nas quais a fase líquida prepondera. Outras máquinas destinadas a adicionar energia aos fluidos na forma de vapor e gases só são chamadas de bombas apenas eventualmente, como exemplos, existe a bomba de vácuo, destinada a esgotar ar e gases, e a bomba manual de ar, destinada a encher pneumáticos, bolas de futebol, brinquedos e botes infláveis, etc. As máquinas que se destinam a manusear ar, gases ou vapores são normalmente chamadas pelos técnicos de ventiladores ou ventoinhas, sopradores ou compressores. 4.2.1.1 Classificação geral das bombas As bombas podem ser classificadas em duas categorias: Volumétricas ou de Deslocamento Positivo: São aquelas em que a movimentação do líquido é causada diretamente pela movimentação de um dispositivo mecânico da bomba, que induz ao líquido um movimento na direção do deslocamento do citado dispositivo, em quantidades intermitentes, de acordo com a capacidade de armazenamento da bomba, promovendo enchimentos e esvaziamentos sucessivos, provocando, assim, o deslocamento do líquido no sentido previsto. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ar_comprimido http://pt.wikipedia.org/wiki/Vapor_d%27%C3%A1gua http://pt.wikipedia.org/wiki/Bomba_de_v%C3%A1cuo http://pt.wikipedia.org/wiki/Ventilador http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Soprador&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Compressor 18 Turbo-Bombas, Hidrodinâmicasou Rotodinâmicas: São máquinas nas quais a movimentação do líquido é desenvolvida por forças que se desenvolvem na massa líquida em consequência da rotação de uma peça interna (ou conjunto dessas peças) dotada de pás ou aletas chamada de roto. São exemplos de bombas rotodinâmicas as conhecidíssimas bombas centrífugas, bombas volumétricas, as de êmbolo ou alternativas e as rotativas (figura abaixo) Esquemas de bombas volumétricas Resumindo: Bombas Hidráulicas são máquinas motrizes que recebem energia potencial de um motor ou de uma turbina, e transforma parte dessa energia em potência: Energia de pressão (força): Bombas de Deslocamento Direto Energia cinética: Bombas Cinéticas As bombas cedem estas duas formas de energia ao fluido bombeado, para fazê-lo recircular ou transportá-lo de um ponto a outro. 4.2.1.2 Tipos de bombas hidráulicas Bombas volumétricas ou de deslocamento positivo: São as bombas os quais o órgão fornece energia ao fluido em forma de pressão, são as bombas de êmbolo ou pistão e as bombas diafragma. a) Bombas de Pistão Funcionam através da ação de um pistão sob uma porção de fluido presa em uma câmara. Quando o pistão se move, o fluido é impulsionado para fora, desse modo, a energia do pistão é transferida para o fluido. 19 As bombas de pistão podem ser: Um único pistão: Simplex Dois pistãos: Duplex Muitos pistãos Quando utilizar as bombas de pistão? Quando um fluido vaporiza, ou pode eventualmente vaporizar nas condições do processo; Com altas pressões de descarga, atingindo valores bem acima das bombas centrífugas: até 2.000 atm ; Como bombas dosadoras b) Bombas de Diafragma Funcionam através do movimento hidráulico de um pistão sob uma membrana flexível, chamada de diafragma, que serve para reter uma porção de fluido em seu interior e expulsá-lo no movimento inverso do pistão, possui válvulas de admissão e de descarga. 20 Quando utilizar as bombas de diafragma ? Quando o fluido é corrosivo, pois simplifica, o material de construção; Com altas pressões de descarga, atingindo valores bem acima das bombas centrífugas : até 150 kgf / cm2 ; Como bombas dosadoras. c) Bombas centrífugas Bombas Centrífugas são bombas hidráulicas que têm como princípio de funcionamento a força centrífuga através de palhetas e impulsores que giram no interior de uma carcaça estanque, jogando líquido do centro para a periferia do conjunto girante. Portanto, funcionam através do movimento rotativo de engrenagens pelos lóbulos, palhetas ou fusos, que retém o fluido no espaço formado entre a carcaça e as engrenagens. Descrição: Constam de uma câmara fechada, carcaça, dentro da qual gira uma peça, o rotor, que é um conjunto de palhetas que impulsionam o líquido através da voluta (figura abaixo). O rotor é fixado no eixo da bomba, este contínuo ao transmissor de energia mecânica do motor. A carcaça é a parte da bomba onde, no seu interior, a energia de velocidade é transformada em energia de pressão, o que possibilita o líquido alcançar o ponto final do recalque, é no seu interior que está instalado o conjunto girante (eixo-rotor) que torna possível o impulsionamento do líquido. 21 4.2.1.3 Principais Componentes de uma Bomba Hidrodinâmica: Rotor: órgão móvel que fornece energia ao fluido. É responsável pela formação de uma depressão no seu centro para aspirar o fluido e de uma sobre pressão na periferia para recalcá-lo. Difusor: canal de seção crescente que recebe o fluido vindo do rotor e o encaminha à tubulação de recalque. Possui seção crescente no sentido do escoamento com a finalidade de transformar a energia cinética em energia de pressão; são aletas estacionárias que oferecem ao fluido um canal de área crescente desde o rotor até a carcaça. Voluta: o rotor descarrega fluido num canal de área de seção reta contínua e crescente, aumentando a área, a velocidade diminui, reduzindo assim a formação de turbilhões. 22 4.2.1.4 Classificação das Turbo-bombas: Quanto à trajetória do fluido dentro do rotor a) Bombas radiais ou centrífugas: o fluido entra no rotor na direção axial e sai na direção radial. Caracterizam-se pelo recalque de pequenas vazões em grandes alturas, a força predominante é a centrífuga. b) Bombas Axiais: o fluido entra no rotor na direção axial e sai também na direção axial, caracterizam-se pelo recalque de grandes vazões em pequenas alturas, a força predominante é a de sustentação. Quanto ao número de entradas para a aspiração e sucção a) Bombas de sucção simples ou de entrada unilateral: a entrada do líquido se faz através de uma única boca de sucção. b) Bombas de dupla sucção: a entrada do líquido se faz por duas bocas de sucção, paralelamente ao eixo de rotação, esta configuração equivale a dois rotores simples montados em paralelo. O rotor de dupla sucção apresenta a vantagem de proporcionar o equilíbrio dos empuxos axiais, o que acarreta uma melhoria no rendimento da bomba, eliminando a necessidade de rolamento de grandes dimensões para suporte axial sobre o eixo. Quanto ao número de rotores dentro da carcaça a) Bombas de simples estágio ou unicelular: a bomba possui um único rotor dentro da carcaça, teoricamente é possível projetar uma bomba com um único estágio para qualquer situação de altura manométrica e de vazão. As dimensões excessivas e o baixo rendimento fazem com que os fabricantes limitem a altura manométrica para 100 m. Corte de uma bomba de monoestágio b) Bombas de múltiplo estágio: a bomba possui dois ou mais rotores dentro da carcaça, é o resultado da associação de rotores em série dentro da carcaça, essa associação permite a elevação do líquido a grandes alturas (> 100 m), sendo o rotor radial o indicado para esta associação. 23 Corte de uma bomba de múltiplo estágio Quanto ao posicionamento do eixo a) Bomba de eixo horizontal: é a concepção construtiva mais comum. Bomba com eixo horizontal b) Bomba de eixo vertical: usada na extração de água de poços profundos. Corte de uma bomba de eixo vertical 24 Quanto ao tipo de rotor a) Rotor aberto: usada para bombas de pequenas dimensões, possui pequena resistência estrutural, baixo rendimento, dificulta o entupimento, podendo ser usado para bombeamento de líquidos sujos. b) Rotor semi-aberto ou semi-fechado: possui apenas um disco onde são afixadas as palhetas. c) Rotor fechado: usado no bombeamento de líquidos limpos, possui discos dianteiros com as palhetas fixas em ambos lados, evita a recirculação da água, ou seja, o retorno da água à boca de sucção. Esquemas de rotores aberto, semi-aberto e fechado Quanto à posição do eixo da bomba em relação ao nível da água a) Bomba de sucção positiva: o eixo da bomba situa-se acima do nível d’água do reservatório de sucção . b) Bomba de sucção negativa ou afogada: o eixo da bomba situa-se abaixo do nível d’água do reservatório de sucção. a = sucção positiva b = sucção negativa ou afogada 25 Bombas Rotativas de Deslocamento Positivo Funcionam através do movimento rotativo de engrenagens (lóbulos, palhetas ou fusos), que retém fluido no espaço entre a carcaça e as engrenagens. Quando utilizar as bombas rotativas de deslocamento positivo? São utilizados para fluidos viscosos quaisquer, desde que não contenham sólidos em suspensão. A folga entre a carcaça e a ponta da engrenagem (lóbulos, palhetas ou fusos ) é mínimo, sendo proibitiva a presença de sólidos em suspensão e utilizando o próprio fluido como lubrificante. 4.2.1.5 Elementos mecânicos das bombas Gaxetas: São componentes utilizados para avedação das bombas centrífugas, são montadas em torno do eixo da bomba e apertadas por um outro componente chamado “preme-gaxetas”. Não podem ser totalmente apertadas, devendo permitir um vazamento em média de 40 a 60 gotas por minuto para a lubrificação e refrigeração. As gaxetas são fabricadas com: 26 Fibras vegetais de linho e algodão; Fibras minerais de asbestos; Teflon, utilizadas para produtos corrosivos; Filamentos de grafite, utilizadas em altas temperaturas. Características: São mais simples mecanicamente; Podem ser apertadas em operação; São mais baratas que selos mecânicos; São menos duráveis, mas de fácil manutenção; Desgastam o eixo no ponto de apoio Selos mecânicos: São sistemas de selagem utilizados quando não se pode deixar o fluido bombeado vazar, permitem vazamento 100 vezes menores que as gaxetas. São formados por componentes mecânicos mais elaborados, requerendo melhor eficiência de lubrificação e resfriamento, sendo muitas vezes utilizados outros fluidos (água, etilenoglicol), que deve ser limpo, são apertados somente durante a montagem, requerendo cuidados especiais de manutenção. Falhas mais comuns que prejudicam a vedação das bombas: 27 Montagem e ajustes dimensionais deficientes; Quando se usa fluido externo: baixo fluxo ou pressão, acarretando falta de lubrificação e refrigeração ; Quando não se usa fluido externo: gaxetas muito apertadas ou entupimento nos canais de selagem do próprio fluido bombeado; Golpe de pressão no bombeamento, transmitindo para a caixa de vedação tensões paralelas ao eixo da bomba. Filtros de sucção: São instalados na sucção das bombas para protegê-las da presença de sólidos estranhos, que poderiam danificá-las internamente. Com a continuidade operacional os filtros permanentes tendem a limitar o fluxo para a bomba, podendo provocar danos mecânicos nas mesmas, para facilitar a limpeza, a maior parte dos fabricantes prevê um dreno no ponto mais baixo. Esquema do filtro de sucção Válvulas de Segurança de Pressão São válvulas que controlam a pressão na tubulação automaticamente pela ação da força de uma mola, podem ser para pressões positivas ou para vácuo. 28 Sua aplicação está relacionada com as bombas conforme: montada na linha de sucção para proteção da bomba contra golpes de pressão; se a bomba for centrífuga, a válvula de segurança na descarga não se faz necessária ; se a bomba for de deslocamento positivo, é fundamental haver algum tipo de proteção contra alta pressão. Uma válvula de segurança é projetada para proteger o sistema e não para operar permanentemente aberta. 4.2.2 Operação de Bombas Hidráulicas 4.2.2.1 Partida: Se a bomba estiver partindo pela primeira vez: Verificar o nível do lubrificante ; Verificar se o aterramento está conectado ; Verificar se a proteção do acoplamento está instalada ; Verificar se a drenagem da base está desobstruída ; Verificar o sistema de selagem ; Se o trabalho for a quente, abrir o sistema de aquecimento. Antes da partida: Se o produto tem a tendência de cristalizar ou possui sólidos em suspensão, manter abertas as linhas de aquecimento e de resfriamento da selagem por uns 15 minutos; Abrir toda a válvula de sucção; Verificar a presença de líquido na bomba; Verificar se existe algum vazamento no selo ; Partir a bomba com a válvula de descarga fechada e observar a elevação da pressão (SOMENTE PARA BOMBAS CENTRÍFUGAS) ; Abrir lentamente a válvula de descarga, evitando mantê-la fechada por muito tempo (SOMENTE PARA BOMBAS CENTRÍFUGAS) . Após a partida : verificar se há vazamentos na vedação ; verificar se há ruídos anormais, principalmente na região do selo ; verificar se há vibrações anormais . Observações: Partir com a válvula de sucção fechada danifica a bomba; Partir com a válvula de descarga aberta, provoca picos de amperagem, que deve desarmar o motor elétrico (SOMENTE PARA BOMBAS CENTRÍFUGAS). 29 4.2.3 Vazão Mínima de Operação Para bombas centrífugas, a recomendação é de valores em torno de 50% do BEP (Best Efficiency Point - Ponto de Melhor Eficiência), outros fabricantes estabelecem valores em torno de 5 a 20% da vazão do BEP . Se uma bomba operar continuamente com vazões abaixo dos valores mínimos recomendados, haverá danos mecânicos na bomba produzido pela elevação da temperatura até a vaporização do fluido. 4.2.4 Escorva As bombas centrífugas não são capazes, normalmente, de aspirar o fluido quando esse se encontra abaixo da sua linha, nesse caso é necessário encher a bomba manualmente antes da partida, esse procedimento chama-se escorva. Para ocorrer a escorva é preciso que exista uma válvula de retenção no início da tubulação, se a escorva for aquecida, a bomba não parte. 4.2.5 Pressão de Vapor: A temperatura na qual um líquido ferve é chamada de Ponto de Ebulição (PE), o ponto de ebulição por sua vez, varia com a pressão atmosférica, assim: quanto menor a pressão, menor o PE, a fervura de qualquer líquido varia com a pressão atmosférica, Exemplo o gráfico da fervura: água, etér etílico e álcool etílico, variando com a pressão: 30 Pressão de vapor : é a pressão na qual um líquido ferve. Todo líquido tem a sua pressão de vapor que varia com a temperatura. Conclusões: Se a pressão de sucção abaixar, o líquido bombeado pode ferver e se tornar vapor; Temperaturas baixas evitam a fervura de líquidos. 4.2.6 O Fenômeno da Cavitação Como qualquer outro líquido, a água também tem a propriedade de vaporizar-se em determinadas condições de temperatura e pressão, entra em ebulição sob a pressão atmosférica local a uma determinada temperatura, por exemplo, a nível do mar (pressão atmosférica normal) a ebulição acontece a 100oC, a medida que a pressão diminui a temperatura de ebulição também diminui, então, quanto maior a altitude do local menor será a temperatura de ebulição. Em consequência desta propriedade pode ocorrer o fenômeno da cavitação nos escoamentos hidráulicos. Chama-se de cavitação o fenômeno que decorre, nos casos em estudo, da ebulição da água no interior dos condutos, quando as condições de pressão caem a valores inferiores a pressão de vaporização. No interior das bombas, no deslocamento das pás, ocorrem inevitavelmente rarefações no líquido, isto é, pressões reduzidas devidas à própria natureza do escoamento ou ao movimento de impulsão recebido pelo líquido, tornando possível a ocorrência do fenômeno e, isto acontecendo, formar-se-ão bolhas de vapor prejudiciais ao seu funcionamento, caso a pressão do líquido na linha de sucção caia abaixo da pressão de vapor originando bolsas de ar que são arrastadas pelo fluxo, estas bolhas de ar desaparecem bruscamente condensando-se, quando alcançam zonas de altas pressões em seu caminho através da bomba. Como esta passagem gasoso-líquido é brusca, o líquido alcança a superfície do rotor em alta velocidade, produzindo ondas de alta pressão em áreas reduzidas. Estas pressões podem ultrapassar a resistência à tração do metal e arrancar progressivamente partículas superficiais do rotor, inutilizando-o com o tempo. Quando ocorre a cavitação são ouvidos ruídos e vibrações características, quanto maior for a bomba, maiores serão estes efeitos, além de provocar o desgaste progressivo até a deformação irreversível dos rotores e das paredes internas da bomba, simultaneamente esta apresentará uma progressiva queda de rendimento, caso o problema não seja corrigido. Nas bombas a cavitação geralmente podem ocorrer devido: altura inadequada da sucção (problema geométrico), velocidades de escoamento excessivas (problema hidráulico), escorvamento incorreto (problema operacional).31 As principais causas da cavitação são: Filtro da linha de sucção saturado, Respiro do reservatório fechado ou entupido, Linha de sucção muito longa, Muitas curvas na linha de sucção (perdas de cargas), Estrangulamento na linha de sucção, Altura estática da linha de sucção, Linha de sucção congelada, Defeito provocado pela cavitação: Corrosão das palhetas da bomba Características de uma bomba em cavitação Queda de rendimento, Marcha irregular, Vibração provocada pelo desbalanceamento, Ruído provocado pela implosão das bolhas, Como evitar a cavitação: Primeiramente, elaborando-se um bom projeto para a linha de sucção, Segundo, aplicando-se uma manutenção preventiva. 4.2.7 Consumo de energia das bombas A função de uma bomba é transferir energia para o fluido, logo sua operação sempre implica em consumo de energia, então como minimizar o consumo de energia ? Basta operar as bombas considerando e seguindo algumas recomendações: 32 Válvulas de sucção sempre abertas; Manter o fluido na temperatura recomendada; temperatura baixa aumenta a viscosidade, dificultando o trabalho da bomba ; Evitar o aumento da pressão no tanque de descarga; Minimizar o uso de recirculação; Ajustar a vazão da bomba para o mais próximo possível do BEP ; Manter os filtros limpos; Partir as bombas centrífugas com a descarga fechada. 4.2.8 Temperatura de operação Se a temperatura de operação mudar, haverá mudança na viscosidade do fluido e na pressão de vapor. O que acontece se a temperatura de operação mudar ? a) Bombas de engrenagens (e outras de deslocamento positivo) operando em altas temperaturas: A viscosidade será baixa e haverá falta de lubrificação entre as engrenagens, produzindo limalhas metálicas de desgaste. b) Bombas de engrenagens (e outras de deslocamento positivo) operando em baixas temperaturas: A viscosidade será alta, dificultando a movimentação do líquido, forçando rolamentos e mancais, desgastando essas peças. c) Bombas centrífugas operando em temperaturas altas: Risco de cavitação e danos para a bomba. d) Bombas centrífugas operando em temperaturas baixas: A viscosidade será alta, aumentando o consumo de energia. Se a viscosidade subir muito, o bombeamento diminui a vazão e a bomba poderá trabalhar em vazio, podendo ser danificada por falta de refrigeração. 4.2.9 Associação de Bombas Hidráulicas Muitas razões, técnicas e econômicas, levam à necessidade de se efetuar a associação de bombas por exemplo: Inexistência no mercado, de bombas que possam, isoladamente atender a vazão de demanda; Inexistência no mercado, de bombas que possam, isoladamente atender a altura manométrica do projeto; Aumento da demanda (vazão) com o decorrer do tempo. 33 4.2.10 Tipos de Associação de Bombas Bombas em Série e Bombas em Paralelo 4.2.10.1 Bombas em Série: Quando a altura manométrica for muito elevada, devemos analisar a possibilidade do emprego de bombas em série, pois esta solução poderá ser mais viável, tanto em termos técnicos como econômicos. Como principal precaução neste tipo de associação, devemos verificar se cada bomba a jusante tem capacidade de suporte das pressões de montante na entrada e de jusante no interior da sua própria carcaça. Para melhor operacionalidade do sistema é aconselhável a associação de bombas idênticas, pois este procedimento flexibiliza a manutenção e reposição de peças. associação de bombas em série 4.2.10.2 Bombas em Paralelo: É comum em sistemas de abastecimento de água, esgotamento ou serviços industriais, a instalação de bombas em paralelo, principalmente com capacidades idênticas, porém não exclusivas. Esta solução torna-se mais viável quando a vazão de projeto for muito elevada ou no caso em que a variação de vazão for perfeitamente predeterminada em função das necessidades de serviço. No primeiro caso o emprego de bombas em paralelo permitirá a vantagem operacional de que havendo falha no funcionamento em uma das bombas, não acontecerá a interrupção completa e, sim, apenas uma redução da vazão bombeada pelo sistema, no caso de apenas uma bomba aconteceria a interrupção total, pelo menos temporária, no fornecimento, na segunda situação a associação em paralelo possibilitará uma flexibilização operacional no sistema, pois como a vazão é variável poderemos retirar ou colocar bombas em funcionamento em função das necessidades e sem prejuízo da vazão requerida. associação de bombas em paralelo 34 Em resumo teoricamente temos que: Bombas em série somam alturas ou pressão Bombas em paralelo somam vazões. 4.3 Gravidade Os escoamentos de fluidos estão sujeitos a condições gerais, leis e princípios, para facilitar o estudo, costuma-se agrupar os escoamentos em determinados tipos, de acordo com algumas características comuns. O escoamento por gravidade ou superfície livre ocorre quando, em qualquer seção transversal considerada, o líquido estiver sempre em contato com a atmosfera, é o tipo de escoamento que ocorre em rios, córregos e canais, se dá pela ação da gravidade. seção transversal de um canal 4.3.1 Escoamento em canais Conceitua-se canal como um conduto longo no qual escoa água ou outro líquido em superfície livre, podem ser classificados como: Canais naturais: são os cursos d’água existentes na Natureza como os: córregos, rios, etc, canal natural de um córrego com água 35 Canais artificiais: podem ser de seção aberta ou fechada, construídos pelo Homem como os canais de irrigação e de navegação, aquedutos, galerias, coletores etc. transporte de vinhaça transporte de águas pluviais Podem ser classificados ainda como: Uniformes ou prismáticos: quando ao longo do comprimento, mantiverem seção transversal e declividade constantes. Não-uniformes ou não-prismáticos: quando ao longo do comprimento não mantiverem seção transversal e declividade constantes De uma maneira geral: canais naturais = não-uniformes canais artificiais = uniformes ou podem ser decompostos em trechos de canais uniformes 4.3.2 Velocidade dos líquidos nos canais A distribuição de velocidades no fluido em condutos livres é função principalmente da resistência do fundo e das paredes, resistência superficial da atmosfera e vento, resistência interna da viscosidade do fluido e da aceleração da gravidade. A determinação das velocidades no diferentes pontos das secções transversais dos canais de um modo geral só é possível por via experimental. Seguem alguns exemplos conforme as figuras abaixo da distribuição de velocidades em seções transversais, onde estão representadas as linhas que ligam os pontos de iguais velocidades. 36 4.4 Impulso 4.4.1 Introdução Os tipos mais comuns das operações unitárias envolvendo transferência de impulsos são: a) Bombeamento de líquidos b) Escoamento gravitatório de líquidos c) Ventilação (gases) d) Compressão (gases) e) Decantação f) Centrifugação g) Agitação de líquido h) Mistura de líquidos e líquido-gás i) Atomização líquido-gás (aspersão) j) Atomização líquido-líquido (homogeneização) k) Movimentação de fluidos através de sólidos porosos A experiência de Reynolds em 1883 demonstrou a existência de dois tipos de escoamentos, o escoamento laminar e o escoamento turbulento. O experimento teve como objetivo a visualização do padrão de escoamento de água através de um tubo de vidro, com o auxílio de um fluido colorido com uso de corante. canal triangular seção retangular estreita canal trapezoidal canalnatural irregular canal circular canal raso 37 Experimento de Reynolds 4.4.2 Regimes de Escoamentos de Fluidos Vamos considerar apenas o que é chamado fluido ideal, isto é, um fluido incompressível e que não tem força interna de atrito ou viscosidade, o caminho percorrido por um elemento de um fluido em movimento é chamado linha de escoamento. Em geral, a velocidade do elemento varia em módulo e direção, ao longo de sua linha de escoamento, se cada elemento que passa por um ponto tiver a mesma linha de escoamento dos precedentes, o escoamento é denominado estável ou estacionário. No início de qualquer escoamento, o mesmo é instável, mas, na maioria dos casos, passa a ser estacionário depois de um certo período de tempo. A velocidade em cada ponto do espaço, no escoamento estacionário, permanece constante em relação ao tempo, embora a velocidade de uma determinada partícula do fluido possa variar ao longo da linha de escoamento. 4.4.3 Tipos de Escoamento Conforme o experimento de Reynolds, o movimento de fluidos pode se processar, fundamentalmente, de duas maneiras diferentes: a) Escoamento laminar: caracteriza-se pelo movimento ordenado das moléculas do fluido, e todas as moléculas que passam num dado ponto devem possuir a mesma velocidade, o movimento do fluido pode, em qualquer ponto, ser completamente previsto. 38 b) Escoamento turbulento: é o contrário do escoamento laminar, ou seja, o movimento das moléculas do fluido é completamente desordenado; moléculas que passam pelo mesmo ponto, em geral, não têm a mesma velocidade e torna-se difícil fazer previsões sobre o comportamento do fluido. O escoamento turbulento não é interessante devido às desvantagens e perigos que sua presença pode acarretar. Quando um corpo se move através de um fluido, de modo a provocar turbulência, a resistência ao seu movimento é bastante grande, por esta razão, aviões, carros e locomotivas são projetados de forma a evitar turbulência. 4.5 Força centrífuga Uma bomba centrífuga na maioria das vezes é o equipamento mais simples em qualquer planta de processo, converte a energia de uma fonte motriz principal como motor elétrico ou turbina em velocidade ou energia cinética, e então, em energia de pressão do fluido que está sendo bombeado de duas partes principais da bomba: impulsores: parte giratória que converte a energia do motor em energia cinética. 39 voluta ou difusor: parte estacionária que converte a energia cinética em energia de pressão. voluta difusor O líquido a ser transportado entra na bomba pelo bocal de sucção e, logo em seguida, no centro de um dispositivo rotativo conhecido como impulsor. Quando o impulsor gira, ele imprime uma rotação ao líquido situado nas cavidades entre as palhetas externas, proporcionando-lhe uma aceleração centrífuga. Cria-se uma área de baixa- pressão no olho do impulsor, causando mais fluxo de líquido através da entrada, como as lâminas do impulsor são curvas, o fluido é impulsionado nas direções radial e tangencial pela força centrífuga. A figura abaixo mostra um corte lateral de uma bomba centrífuga indicando o movimento do líquido. A energia criada pela força centrífuga é energia cinética. A quantidade de energia fornecida ao líquido é proporcional à velocidade na extremidade, ou periferia, da hélice do impulsor, quanto mais rápido o impulsor move-se, ou quanto maior é o impulsor, maior será a velocidade do líquido na hélice, e tanto maior será a energia fornecida ao líquido. 40 4.6 Quantidade de movimento 4.6.1 Introdução Tendo em vista a imensa quantidade de equipamentos industriais existentes no mercado e sua equivalência funcional, para entender seu funcionamento o critério são as operações unitárias, os tipos mais comuns das operações unitárias envolvendo a quantidade de movimento são: a) Fluidização b) Transporte pneumático c) Transporte hidráulico d) Decantação de sólidos e) Filtração f) Ultra-filtração g) Centrifugação sólido-líquido h) Separação com ciclones i) Mistura líquido-sólido j) Prensagem k) Fluxo a granel (sólidos particulados) l) Peneiração m) Decantação sólido-sólido n) Mistura sólido-sólido o) Moagem, trituração, desfibração de sólidos p) Compactação de sólidos q) Aglomeração de partículas sólidas 41 4.7 Movimento de vapor e gases 4.7.1 introdução Segundo a legislação vigente, Norma Regulamentadora N°13 (NR-13), Portaria 3.214 de 08/06/78, do Ministério do Trabalho, ítem 13.1.1: “Caldeiras a vapor são equipamentos destinados a produzir e acumular vapor sob pressão superior à atmosférica, utilizando qualquer fonte de energia, executando-se os refervedores e equipamentos similares utilizados em unidades de processo” No inicio de sua invenção, serviu para mover máquinas e turbinas para geração de energia e locomotivas, com advento da necessidade industrial passou a ser utilizada em cozimentos, higienização, fabricação de alimentos com constante evolução, utilizamos o vapor principalmente em lacticínios, fábricas de alimentos, curtumes, frigoríficos, indústrias de vulcanização, usinas de açúcar e álcool, tecelagem, fabricas de papel e celulose entre outras. 4.7.2 Classificação das caldeiras conforme tipo: Flamotubulares ou Fogotubulares; Aquatubulares 4.7.3 Caldeiras Flamotubulares ou Fogotubulares Caldeira em que os gases quentes passam por dentro de tubos, ao redor dos quais está a água a ser aquecida e evaporada, os tubos são montados à maneira dos feixes de troca de calor, com um ou mais passos dos gases quentes através do mesmo, empregadas apenas para pequenas capacidades e quando se quer apenas vapor saturado de baixa pressão. 4.7.4 Caldeiras Aquatubulares Caldeira em que há circulação de água por dentro dos tubos e os gases quentes envolvendo-os, são as mais empregadas e mais usadas para instalações de maior porte e na obtenção de vapor superaquecido. 42 4.7.5 Vantagens e Desvantagens das Caldeiras Flamotubulares ou Fogotubulares: 4.7.5.1 Vantagens • custo de aquisição mais baixo; • exigem pouca alvenaria; • atendem bem a aumentos instantâneos de demanda de vapor. 4.7.5.2 Desvantagens • baixo rendimento térmico; • partida lenta devido ao grande volume interno de água; • limitação de pressão de operação (máx. 15 kgf/cm²); • baixa taxa de vaporização (kg de vapor / m². hora); • capacidade de produção limitada; • dificuldades para instalação de economizador, superaquecedor e pré-aquecedor. 4.7.6 Principais componentes Encontramos nas caldeiras, geralmente, os seguintes componentes: • Câmara de combustão: região onde se dá a queima do combustível, com produção dos gases de combustão que fornecem calor à água. • Tubos: servem para a circulação de vapor e água dentro da caldeira a fim de permitir a troca de calor entre os gases quentes de combustão e a água ou vapor. • Coletores: peças cilíndricas, às quais chegam e saem conjuntos de tubos, cuja finalidade, como o próprio nome indica, é coletar água ou vapor. • Tubulão: tambor horizontal, situado no ponto mais alto do corpo principal da caldeira. 43 • Superaquecedor: consiste de um ou mais feixes tubulares, destinados a aumentar a temperatura do vapor gerado na caldeira. • Pré-aquecedor de ar: aquece o ar de combustão para a seguir introduzi-lo na fornalha, graças ao aproveitamento do calor sensível dos gases da combustão. • Economizado: a água de alimentação passa por uma serpentina ou feixe tubular, a fim de aproveitar também o calor dos gases residuais da combustão, manda ao tubulão já pré-aquecido, o que representa uma economia de energia • Alvenaria (refratários): paredes da caldeira revestidas internamentede tijolos refratários, resistentes a altas temperaturas, protegem as partes metálicas estruturais da caldeira contra deterioração por alta temperatura e produzem homogeneização da temperatura por reflexão do calor das chamas. • Ventiladores: têm a finalidade de movimentar o ar de combustão até os queimadores na câmara de combustão e os gases da câmara de combustão até a chaminé. • Chaminé: parte que conduz os gases de combustão à atmosfera. • Válvulas: têm como função interromper ou regular a passagem de um fluido. • Válvulas de segurança: válvulas especiais cuja finalidade é dar saída ao vapor no caso deste atingir uma pressão superior a um máximo admitido pelas condições de segurança operacional. • Pressostatos: dispositivos de segurança que comandam o regime de trabalho das caldeiras, de acordo com a pressão de vapor. • Visor de nível: tubo de vidro colocado no tambor de vapor, serve para dar ao operador a noção exata da altura onde se encontra a água da caldeira. • Alarme de Falta d’água: sinal sonoro e luminoso que dispara quando o nível de água da caldeira está muito baixo. • Indicadores de Pressão (manômetros): instrumentos utilizados para medir a pressão de líquidos, gases e vapores. 44 4.7.6 Combustíveis Os diversos tipos de combustíveis podem ser de origem fóssil, residuais e renováveis, dividem-se em três categorias: sólidos, líquidos ou gasosos, sendo que os combustíveis sólidos podem ser queimados em grelha, suspensão (pulverizados) ou em leito fluidizado, quanto aos combustíveis líquidos (atomizados) e gasosos são sempre queimados em suspensão, também existem a as caldeiras elétricas, porém restritas. Sólidos Líquidos Gasosos Carvão Pó de cortiça Biomassa Lixos Serragem Fuelóleo Óleos usados Álcool de cana Gasóleo Licor negro (celuloses) Gás natural Gás de alto forno Biogás Gás de forno de coque Gás de refinaria 4.8 Cálculo de Vazão, Velocidade e Equação da Continuidade, Introdução à Equação de Bernoulli 4.8.1 Vazão e velocidade O conceito de vazão é fundamental praticamente para todos os estudos dos fluidos, seja para uma instalação hidráulica de abastecimento, seja para o estudo de drenagem, seja para o estudo de geração de energia através de turbina, para todos estes estudos o parâmetro inicial a ser conhecido é a vazão. Conceito de Vazão em Volume ou Simplesmente Vazão (Q ) Vazão é a quantidade em volume de fluido que atravessa uma dada seção do escoamento por unidade de tempo. Q = V / t Onde: V = Volume t = tempo Conceito de Vazão em Massa (Qm) Vazão em massa é a quantidade em massa do fluido que atravessa uma dada seção do escoamento por unidade de tempo. Qm = m / t Onde: m = Massa t = Tempo Nota: O conceito de vazão em massa é fundamental para o estudo de escoamentos onde a variação de temperatura não é desprezível. 45 Conceito de Vazão em Peso (QG ) Vazão em peso é a quantidade de peso do fluido que atravessa uma dada seção do escoamento por unidade de tempo. QG = G / t Onde: G = Peso t = Tempo Unidades de QG, Qm e Q SI MK*S CGS QG N/s Kgf/s dina/s Qm Kg/s utm/s g/s Q m3/s m3/s cm3/s Outras unidades muito usadas: (L/s) e (m3/h). Cálculos da vazão Se tivermos num condutor um fluido em escoamento uniforme, isto é, o fluido escoando com velocidade constante, a vazão poderá ser calculada multiplicando-se a velocidade (v) do fluido, em dada seção do condutor, pela área (A) da seção considerada, ou seja: Q = A .v onde: Q = vazão A = área v = velocidade Para demonstrar, suponha-se um condutor de seção constante: 1 2 O volume escoado entre as seções (1) e (2) de área A é igual : V = A . L onde : V = volume A= área L = distância 46 Sabendo-se que L = v.t (movimento uniforme ), tem-se que : V = A .v.t onde : V = volume A= área v = velocidade t = tempo Como Q = t V , Q = A. t v .t tem-se : Q = A . v Exemplos práticos Um condutor de 20 cm2 de área de secção reta despeja gasolina num reservatório. A velocidade de saída da água é de 60 cm3/s. a) Qual será a vazão do fluido escoado? Resolução: Sabemos que a vazão Q é dada por Q = V/T ou Q = Av Neste caso, torna-se evidente que devemos usar a relação: Q = Av, porque conhecemos a velocidade do fluido e a área da secção reta do condutor. V = 60 cm3/s e A = 20 cm2 Q = A.v Q = 20 x 60 Q = 1.200 cm3/s Suponha que, no exemplo acima, o reservatório tenha 1.200.000 cm3 de capacidade. a) Qual será o tempo necessário para enchê-lo? Resolução: Temos V = 1.200.000 cm3 Q = 1.200 cm3/s T = ? Aplicando a relação Q = V/ t, tiramos t = V/Q 47 t = 1.200.000 / 1.200 t = 1.000 segundos t = 16 minutos 40 s 4.8.2 Equação da Continuidade Dizemos que um fluido encontra-se escoando em regime permanente quando a velocidade, num dado ponto, não varia com o tempo. Assim, considerando vários pontos quaisquer no interior de um fluido, estes estarão em regime permanente, desde que toda partícula que chegue a cada um desses pontos, passe com a mesma velocidade e na mesma direção, não necessariamente as velocidades devem ser sejam iguais em todos os pontos, o importante é que toda partícula que passe por cada um deles isoladamente tenha a mesma velocidade. Se unirmos os pontos da figura acima, teremos trajetória de qualquer partícula que tenha passado pelo ponto mais baixo da curva, esta trajetória é conhecida pelo nome de Linha de Corrente. Suponha-se, agora, um fluido escoando em regime permanente no interior de um condutor de secção reta variável. A velocidade do fluido no ponto A1 é V1, e no ponto A2 é V2. A1 e A2 são áreas da secção reta do tubo nos dois pontos considerados. Já foi visto que Q = V/ t e Q = Av, portanto pode-se escrever que: V/ t = A.v V = A. v. t 48 Sabe-se, ainda, que a massa específica é definida pela relação: μ = m / V m = μV m = μAvt Pode-se, então, dizer tendo em vista esta última equação, que a massa de fluido passando através da secção A1 por segundo é m = μ1.A1.v1; e que a massa de fluido que atravessa a secção A2, em cada segundo é igual a m = μ2.A2.v2. Está sendo supondo aqui que a massa específica do fluido varia ponto a ponto no interior do tubo. A massa de fluido, porém, permanece constante, desde que nenhuma partícula fluida possa atravessar as paredes do condutor. Portanto, é possível escrever: μ1.A1.v1 = μ2.A2.v2 Esta é a Equação da Continuidade nos escoamentos em regime permanente. Se o fluido for incompressível, não haverá variação de volume e, portanto, μ1 = μ2 e a Equação da Continuidade toma uma forma mais simples, qual seja: A1.v1 = A2.v2 ou Q1 = Q2 Esta relação mostra que onde a área da secção do condutor for maior, a velocidade de escoamento da massa fluida é menor e vice-versa. Exemplos práticos Um duto de secção retangular possui um estreitamento cuja área de secção é de 100 cm2. Certo líquido flui no duto à razão de 90 litros/min. a) Calcular a velocidadedo líquido no estreitamento. Resolução: O problema fornece vazão do líquido no interior do duto em sua parte mais larga, sabe-se que: Q1 = Q2 Q1 = A2.v2 Logo, v2 = Q1 / A2 Deve-se estar atentos para as unidades, trabalhemos no sistema CGS. Q1 = 90 L / min = 90 dm3/ 60s = 90.000 cm3/ 60s Q1 = 1.500 cm3/ s v2 = Q1 / A2 49 V2 = 1.500 cm3/s 100 cm2 V2 = 15 cm/s b) Calcular a velocidade do fluido na parte mais larga do condutor: v1 = 5 ,0 cm v2 = ? A1 = 40 cm2 A2 = 150 cm2 Aplicando-se a Equação da Continuidade temos: A1.v1 = A2 . v2 => v2 = 2 1.1 A vA => v2 = 150 540x => v2 = 150 200 = 1,3 cm / s 4.9 Introdução a Equação de Bernoulli O Princípio de Bernoulli, Equação de Bernoulli, Trinômio de Bernoulli, ou ainda Teorema de Bernoulli descreve o comportamento de um fluido movendo-se ao longo de uma linha de corrente e traduz para os fluidos o principio da conservação da energia. Foi exposto por Daniel Bernoulli em sua obra Hidrodinâmica (1738) e expressa que num fluido ideal (sem viscosidade nem atrito) em regime de circulação por um conduto fechado, a energia que possui o fluido permanece constante ao longo de seu percurso. A energia de um fluido em qualquer momento consta de três componentes: 1. Cinética: é a energia devida à velocidade que possua o fluido. 2. Potencial gravitacional: é a energia devida à altitude que um fluido possua. 3. Energia de fluxo: é a energia que um fluido contém devido à pressão que possui. A seguinte equação conhecida como “Equação de Bernoulli” (Trinômio de Bernoulli) consta destes mesmos termos. 50 Onde: V = velocidade do fluido na seção considerada. g = aceleração gravitacional z = altura na direção da gravidade desde uma cota de referência. P = pressão ao longo da linha de corrente. ρ = densidade do fluido Para aplicar a equação deve realizar as seguintes suposições: Viscosidade (atrito interno) = 0, considera que a linha de corrente sobre a qual se aplica encontra em uma zona ‘não viscosa’ do fluido. Caudal constante Fluxo incompressível, onde ρ é constante. A equação se aplica ao longo de uma linha de corrente ou em um fluxo irrotacional. Sob determinadas condições, é possível fazer a simplificação da Equação de Bernoulli, chegando-se a Equação de Torricelli, aplicada ao escoamento de fluidos através de pequenos orifícios: v = gH2 Exemplos práticos: Qual a velocidade da água através de um furo na lateral de um tanque, se o desnível entre o furo e a superfície livre é de 2 m ? Resolução: Utilizando a equação de Bernoulli simplificada e considerando z1(H) = 2 m e g = 9,81 m/s2, podemos calcular a velocidade da água pela equação a seguir: 51 v = gH2 V = 12gz V = 2.81,9.2 V = 6,26 m / s 4.10 Pressão de coluna de líquido, vasos comunicantes, tubo em U, pressão absoluta, relativa e manométrica. 4.11 Pressão de coluna de líquido A pressão que um líquido de densidade µ, altura h, num local onde a aceleração da gravidade é g exerce sobre o fundo de um recipiente é chamada de pressão hidrostática e é dada pela expressão: Se houver dois ou mais líquidos não miscíveis, teremos: 52 4.12 Vasos comunicantes Para entender esse sistema, é importante pensar em um recipiente que possui alguns ramos que são capazes de se comunicar entre si: Como podemos observar na figura acima, o recipiente está cheio com apenas um líquido em equilíbrio, portanto podemos concluir que: 1- A superfície que estiver sem líquido, será horizontal e irá atingir a mesma altura de h. 2- Quando os pontos do líquido estiverem na mesma altura z, a pressão do mesmo será igual. Portanto: P1 = P2 = P3, pode-se concluir que esses fatos são denominados Princípio dos Vasos Comunicantes. 4.13 Tubo em U Os medidores de pressão podem ser classificados de acordo com os seus princípios de funcionamento, entre os quais podemos citar: 1) Equilíbrio de uma força produzida sobre uma área conhecida com a tensão atuante num meio elástico. Exemplo: Manômetro de Bourdon 53 2) Equilíbrio com uma coluna de líquido de densidade conhecida. Exemplo: Tubo em U com mercúrio para a medida do valor da pressão manométrica. 4.13.1 Medida de pressão manométrica do ar A figura ilustra a situação em que a “pressão do ar dentro da garrafinha é maior que a pressão atmosférica” ou seja: Par > Patm pois o nível B está acima do nível A do ramo do tubo que está conectado à garrafa. A pressão manométrica (Pman) é dada em função da diferença de nível (H) existente entre A e B : Pman = + H (cmH2O) Assim, se H = 14 cm, Pman = 14 cm de água. 54 Outras situações possíveis: I) Se nível de A = nível de B → H = 0 → Pman = 0 → Par = Patm. II) Se nível A estiver 5 cm acima do nível de B → Par < Patm o que implica que Pman = - 5 cm de água (pressão manométrica negativa). 4.14 Pressão Absoluta, Relativa e Manométrica A pressão mede a “força por unidade de área” que atua perpendicularmente sobre uma superfície. Ela pode ser expressa em diversas unidades, tais como: mmHg (milímetros de mercúrio); mH20 (metro de água); psi (libras por polegada quadrada); kgf/cm2 (quilograma-força por centímetro quadrado); Pascal (N/m2), Lembramos que: Pressão Absoluta: mede a pressão positiva a partir do vácuo completo. Pressão relativa ou manométrica: mede a diferença entre a pressão desconhecida e a pressão atmosférica local. Ou Pressão Absoluta = Pressão Instrumental (lida em manômetro ou vacuômetro) + Pressão Atmosférica 5. Separação de materiais: Sólido / Líquido 5.1 Introdução A etapa de separação sólido-líquido está entre as operações unitárias mais importantes que hoje são empregadas em indústrias químicas, têxteis, farmacêuticas, no beneficiamento de minério, bem como no processamento de alimentos, tratamento de água e resíduos, entre outras, pois muitos dos produtos industriais são suspensões de sólidos em líquidos. Dentre os processos de separação sólido-líquidos destacamos os principais métodos: Filtração, Decantação e Centrifugação. 5.2 Filtração A filtração é uma das aplicações mais comuns do escoamento de fluidos através de leitos compactos. A operação industrial é análoga às filtrações realizadas em um laboratório que utilizam papel de filtro e funil. 55 O termo filtração pode ser utilizado para processos de separação dos sólidos de suspensões líquidas e, também para separação de partículas sólidas de gases, como por exemplo, a separação das poeiras arrastadas pelos gases utilizando tecidos. O objetivo da operação é separar mecanicamente as partículas sólidas de uma suspensão líquida com o auxílio de um leito poroso. Quando se força a suspensão através do leito, o sólido da suspensão fica retido sobre o meio filtrante, formando um depósito que se denomina torta e cuja espessura vai aumentando no decorrer da operação. O líquido que passa através do leito é chamado de filtrado, seu campo específico é: separação de sólidos relativamente puros de suspensão diluídas; clarificação total (e às vezes até o branqueamento simultâneo) de produtos líquidos encerrando pouco sólido; eliminação total do líquido de uma lama já espessada. A filtração industrial difere da filtração de laboratório somente no volume de material operado e na necessidade de ser realizada a baixo custo. A escolha do filtro depende em grande parte da economia do processo, porém as vantagens econômicassão variáveis de acordo com o seguinte: Viscosidade, densidade e reatividade química do fluido; Dimensões da partícula sólida, tendência à floculação e deformabilidade; Concentração da suspensão de alimentação; Quantidade do material que deve ser operado; Valores absolutos e relativos dos produtos líquido e sólido; Grau de separação que se deseja realizar; Custos relativos da mão-de-obra, do capital e da energia. 5.2.1 Princípio de funcionamento do filtro: Conforme figura acima, há um suporte do meio filtrante sobre o qual vai se depositando a torta à medida que a suspensão passa através do filtro. A força propulsora da operação varia de um modelo de filtro para outro, podendo ser: 56 próprio peso da suspensão, como no caso da figura; pressão aplicada sobre o líquido; vácuo; força centrífuga. Os poros do meio filtrante não precisam ser necessariamente menores do que o tamanho das partículas. De fato, os canais do meio filtrante são tortuosos, irregulares e mesmo que seu diâmetro seja maior do que o das partículas, quando a operação começa algumas partículas ficam retidas por aderência e tem início a formação da torta, que é o verdadeiro leito poroso promotor da separação, as primeiras porções do filtrado são geralmente turvas. 5.2.2 Auxiliares de filtração Os auxiliares de filtração são bastante utilizados para acelerar a filtração ou ainda para possibilitar a coleta mais completa das partículas mais finas da suspensão, os mais comuns são: terras de infusórios; terra fuller; areia fina; diatomita ou kieselguhr; polpa de celulose; carbonato de cálcio; gesso; amianto; perlita; carvão. A quantidade a empregar varia com uma série de fatores, recomenda-se 1 a 2 kg de auxiliar de filtração por kg de contaminante, mas há uma quantidade ótima. Quantidades menores aumentam o ciclo, porque o meio filtrante entope, enquanto que maiores quantidades contribuem para aumentar a perda de carga através da torta sem remover o contaminante. 5.2.3 Meio filtrante Existem muitas variedade de meios filtrantes utilizados industrialmente que seu tipo serve como critério de classificação dos filtros: leitos granulares soltos, leitos rígidos, telas metálicas, tecidos e membranas. Leitos granulares: feitos de areia, pedregulho, carvão britado, escória, calcário, coque e carvão de madeira, prestando-se para clarificar suspensões diluídas. Leitos rígidos: feitos sob a forma de tubos porosos de aglomerados de quartzo ou alumina (para a filtração de ácidos), de carvão poroso (para soluções de soda e líquidos amoniacais) ou barro e caulim cozidos a baixa temperatura (usados na clarificação de água potável). Seu grande inconveniente é a fragilidade, não podendo ser utilizados com diferença de pressão superiores a 5 kg/cm2. Telas metálicas: instalados nas tubulações de condensado que ligam os purgadores às linhas de vapor e que se destinam a reter ferrugem e outros detritos capazes de atrapalhar o funcionamento do purgador. Tecidos : utilizados industrialmente e ainda são os meios filtrantes mais comuns. Há tecidos vegetais, como o algodão, a juta (para álcalis fracos), o cânhamo e o papel; tecidos de origem animal, como a lã e a crina (para ácidos fracos); minerais: amianto, lã de rocha e lã de vidro, para águas de caldeira; plásticos: polietileno, polipropileno, PVC, nylon, teflon e tergal, a duração de um tecido é limitada pelo desgaste e apodrecimento. Membranas semi-permeáveis: papel pergaminho e bexigas animais, são utilizadas em operações parecidas com a filtração, mas que na realidade são operações de transferência de massa: diálise e eletro-diálise. Os critérios de escolha do meio filtrante devem incluir: capacidade de remoção da fase sólida; possibilidade de uma elevada vazão de líquido para uma dada queda de pressão; 57 resistência mecânica; inércia química frente a suspensão a ser filtrada e a qualquer líquido de lavagem. Como é natural, cada uma destas considerações deve ser contra balanceada com os aspectos econômicos, de modo que o operador do filtro escolha o meio filtrante que satisfaça aos padrões da filtração e que resulte em um custo global da operação o mais baixo possível. 5.2.4 Tipos de filtro Diversos são os fatores que devem ser considerados para especificar um filtro dentre eles: Fatores associados com a suspensão: vazão, temperatura, tipo e concentração dos sólidos, granulometria, heterogeneidade, e forma das partículas. Características da torta: quantidade, compressibilidade, valor unitário, propriedades físico-químicas, uniformidade e estado de pureza desejado. Fatores associados com o filtrado: vazão, viscosidade, temperatura, pressão de vapor e grau de clarificação desejado. Problema dos materiais de construção. O tipo mais indicado para uma dada operação é aquele que, além de satisfazer aos requisitos de operação, também satisfaz quanto ao custo total de operação, a classificação dos diversos modelos pode ser feita com base nos seguintes critérios: Força propulsora: gravidade, pressão (com ar ou bomba), vácuo, vácuo-pressão e força centrífuga; Material que constitui o meio filtrante: areia, tela metálica, tecido, meio poroso rígido, papel; Detalhes construtivos: filtros de areia, placas e quadros, lâminas e rotativos; Regime de operação: batelada e contínuos; Adotando os detalhes construtivos como critério principal e fazendo a combinação dos outros critérios, os modelos seguem a distribuição abaixo: 1. Filtros de leito poroso granular São os mais simples, constituídos por uma ou mais camadas de sólidos particulados, suportados por um leito de cascalho sobre uma grade, através do qual o material a ser filtrado flui por gravidade ou por pressão, empregados geralmente para retirar pequenas quantidades de sólidos de grandes volumes de líquidos, nas quais nem o sólido nem o líquido possuem alto valor unitário, e quando o produto sólido não deve ser recuperado. 58 Filtro de meio filtrante granulado, construído para operar sob pressão. 2. Filtros prensa Os filtros-prensa são formados por várias câmaras justapostas e a filtração é realizada sob a ação de uma pressão exercida sobre a suspensão no interior das câmaras. A suspensão é bombeada diretamente para os compartimentos do filtro onde a torta é recolhida, modelos comerciais utilizam um tecido chamado lona, ao invés de papéis. 2.1 Filtros prensa de câmara Os filtros-prensa de câmaras possuem placas rebaixadas na parte central e formam câmaras quando justapostas, cada placa tem um furo central, quando a prensa está montada os furos formam um canal através do qual a suspensão é alimentada nas diversas câmaras. Cada placa tem uma torneira, de modo que, se o filtrado de uma dada placa sair turvo, a torneira correspondente poderá ser fechada e essa placa deixará de funcionar. Filtro-prensa de câmaras 2.2 Filtros prensa de placas O filtro-prensa de placas e quadros é o dispositivo de filtragem mais comum na indústria, possuem as vantagens e desvantagens: 59 Vantagens: Construção simples, robusta e econômica; Grande área filtrante por unidade de área de implantação; Não têm partes móveis; Os vazamentos são detectados com grande facilidade; Trabalham sob pressões até 50 kg/cm2; A manutenção é muito simples e econômica: apenas substituição periódica das lonas. Desvantagens: Operação intermitente, filtração deve ser interrompida, o mais tardar, quando os quadros estiverem cheios de torta; O custo da mão-de-obra de operação, montagem e desmontagem é elevado; A lavagem da torta, pode durar várias horas e será tanto mais demorada quanto mais densa for a torta, partículas finas tendem a produzir tortas de lavagem difícil. Filtro-prensa de placas e quadros 2. Filtros de Lâminas São
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