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HISTOLOGIA NORMAL DO PULMÃO

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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Macroscopicamente, o pulmão sadio apresenta tonalidade levemente rosada devido ao balanço de 
conteúdo aéreo e vascular (proporção e ar e sangue). Quando o pulmão está afetado por pneumonia, 
por exemplo, há vasodilatação intensa pela inflamação e, consequentemente, a tonalidade fica mais 
avermelhada. Externamente é revestido pela pleura visceral, um tecido fino, transparente e brilhante 
que se torna fibrinosa e opaca quando inflamada. 
O ar chega aos pulmões pelas vias aéreas, um sistema de condução de ar altamente especializado 
e composto por nasofaringe, traquéia, brônquios, bronquíolos e alvéolos (parte funcional, onde 
ocorre a troca gasosa). É realmente uma árvore respiratória, com inúmeras gerações. 
A ramificação progressiva dos brônquios forma os bronquíolos, que são diferenciados dos brônquios 
pela ausência de cartilagem e glândulas submucosas em suas paredes. A ramificação subsequente 
dos bronquíolos leva aos bronquíolos terminais. A parte do pulmão localizada distalmente ao 
bronquíolo terminal é chamada de ácino; este é composto por bronquíolos respiratórios (cada um 
originando vários alvéolos a partir de suas laterais), ductos alveolares e sacos alveolares, as 
terminações cegas das passagens respiratórias, cujas paredes são formadas inteiramente por 
alvéolos, que constituem o local das trocas gasosas. 
 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Essa divisão é importante saber pois doenças nos segmentos proximais dos bronquíolos 
respiratórios geralmente causam problemas na ventilação pulmonar, enquanto que doenças nos 
alvéolos causam problemas na difusão e relação ventilação/perfusão. 
É importante diferenciar histologicamente os brônquios, bronquíolos e ácidos/sacos alveolares. 
• BRÔNQUIOS 
Possuem placas de cartilagem incompletas em sua parede que diminuem em número e em 
tamanho conforme se ramificam. Isso impede o colabamento dos brônquios, deixa sempre 
redondinho e aberto. Possui glândulas submucosas de caráter seromucoso (células mucosas 
claras e serosas bem coradas). O epitélio é cilíndrico ciliado pseudoestratificado e com células 
caliciformes entremeadas (secretam muco também). 
Além dessas células, os brônquios possuem também no epitélio células basais, células serosas e 
neuroendócrinas, mas que não conseguimos distinguir no HE. Contudo, as predominantes são as 
ciliadas e caliciformes. 
As células neuroendócrinas estão intimamente 
relacionadas com as terminações nervosas 
existentes na mucosa respiratória, tendo função 
tanto sensitiva como secretora. As células 
neuroendócrinas são capazes de responder a 
estímulos variados, como hipóxia, variações de 
temperatura e modificações na osmolaridade do 
fluido brônquico. Além de seu papel na 
patogênese da asma, células neuroendócrinas 
originam os tumores carcinoides típico e atípico. 
• BRONQUÍOLOS 
Super delicados, não possuem cartilagem na parede e nem glândulas submucosas. Epitélio 
cúbico ciliado sem células caliciformes (ou muito raras). O lúmen é menor e todo pregueado (pois 
não tem cartilagem para ficar tenso). Os bronquíolos sempre estão juntos das arteríolas em 
condições normais e seus tamanhos são semelhantes. 
A musculatura lisa e lâmina própria dos bronquíolos são delicadas e estreitas. Os bronquíolos 
respiratórios tem uma particularidade de ter partes da parede com epitélio ciliado e outra com epitélio 
alveolar (brotamentos de alvéolos como jabuticabas). 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Além dessas células usuais, os bronquíolos tem 
células específicas que não são vistas em HE, como 
as Células de Clara (ou claviformes). Elas são 
células não ciliadas que secretam proteínas 
importantes para produção do surfactante, 
proteases, peptídeos antimicrobianos, citocinas etc. 
Além disso, elas podem originar neoplasias 
(adenocarcinomas). 
O tabaco é um fator precipitante de muitas 
patologias pulmonares. Nos brônquios ele pode 
causar hiperplasia das glândulas seromucosas e 
células caliciformes, aumentando a quantidade de 
muco nas vias aéreas. Isso é responsável pela 
tosse com expectoração característica dos 
tabagistas. Além disso, o tabaco pode fazer com que células secretoras de muco surjam nos 
bronquíolos, o que é danoso pois causa obstruções da via aérea (colabam). 
• ALVÉOLOS 
São a porção final da via aérea e a parte funcional do pulmão, onde ocorrem as trocas gasosas. Eles 
tem estrutura complexa, revestidos internamente por dois tipos de células: pneumócitos tipo I e tipo 
II. 
Pneumócitos Tipo I: são as células responsáveis pela troca gasosa e revestem a maior 
parte do lúmen. Tem citoplasma bem amplo e fino, núcleo achatado. 
Pneumócitos Tipo II: são menos numerosos, tem núcleo redondo em direção ao lúmen. São 
responsáveis por produzir mais pneumócitos tipo I e II no caso de lesão do parênquima e também 
produzem surfactante (controle da tensão supercicial e opsonização de moléculas). 
Na luz alveolar há macrófagos residentes (macrófagos 
alveolares). Eles são responsáveis pela fagocitose de 
partículas muito pequenas que resistiram à purificação do 
ar inalado. Correspondem à primeira defesa inata celular e 
quando há estímulo inflamatório eles se acumulam no 
lúmen. Em fumantes, esses macrófagos adquirem 
tonalidade acastanhada. 
Em porções delgadas do septo alveolar, as membranas 
basais do pneumócito I e do endotélio são fundidas, 
enquanto em porções mais espessas elas estão separadas 
por um espaço intersticial (interstício pulmonar) que 
contém fibras elásticas finas, pequenos feixes de colágeno, 
algumas células intersticiais semelhantes a fibroblastos, 
células musculares lisas, mastócitos e raros linfócitos e 
monócitos. 
Essas células do interstício entre um alvéolo e outro são importantes para a sustentação dos alvéolos 
e impedir colabamento (arcabouço fibroelástico). Nessa parte não há troca gasosa. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 
O endotélio pulmonar possui características peculiares. Primeiro, as junções dos capilares 
alveolares são muito resistentes à abertura induzida por mediadores inflamatórios. Esta propriedade 
deve-se à necessidade de minimizar a possibilidade de inundação do território de trocas gasosas 
por fluidos. Além disso, o endotélio pulmonar é metabolicamente muito ativo, justificando a situação 
do pulmão como órgão endócrino; a maior parte da conversão da angiotensina I em angiotensina 
II, por exemplo, ocorre pela ação da enzima conversora da angiotensina (ECA) existente no endotélio 
pulmonar. 
VASCULARIZAÇÃO PULMONAR 
O pulmão tem dupla irrigação, tanto pelas artérias pulmonares quanto pelas artérias brônquicas. 
As artérias pulmonares saem do tronco pulmonar (do VD) e levam sangue pobre em oxigênio para 
realização da troca gasosa. Elas acompanham a ramificação dos brônquios e bronquíolos e estão 
lado a lado com eles, inclusive com o mesmo diâmetro. Nos sacos alveolares formam redes de 
capilares para a troca gasosa. 
A parte venosa dos capilares se forma e é drenado para veias pulmonares que caminham pelo 
septo interlobular (não estão junto com as artérias pulmonares e bronquíolos). Essas veias 
pulmonares drenam para o AE, trazem sangue oxigenado. 
As artérias brônquicas se originam diretamente da artéria aorta e de artérias intercostais e levam 
sangue oxigenado para irrigar o estroma pulmonar e tecidos associados. Elas também acompanham 
o trajeto dos brônquios e bronquíolos. A drenagem ocorre pelas veias brônquicas. 
A circulação pulmonar tem baixa pressão, alta capacitância e baixa resistência. Em comparação com 
artérias sistêmicas de calibre semelhante, as artérias pulmonares apresentam parede mais fina e 
lúmen maior. Ao contrário das artérias sistêmicas, os vasos pulmonares respondem à hipóxia 
localizada com vasoconstrição, regulando a relação ventilação-perfusão. 
O parênquima pulmonar, os pequenosbronquíolos e os vasos obtêm seu suprimento de O2 a partir 
do sangue que chega pelas artérias pulmonares. O fato de esse sangue ser venoso não prejudica a 
oxigenação do parênquima pulmonar porque o O2 é facilmente obtido do ar. Perifericamente, existem 
anastomoses entre as circulações pulmonar e brônquica, o que confere ao território alveolar grande 
proteção contra hipóxia quando há obstrução da circulação pulmonar, cujo principal exemplo é a 
tromboembolia pulmonar. 
O sistema linfático desempenha papel importante na manutenção da homeostase do fluido 
pulmonar, drenando o excesso de líquido retido no interstício pulmonar, preservando a superfície de 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
trocas gasosas representada pela barreira alvéolocapilar. Além disso, o sistema linfático, por meio 
do tecido linfoide distribuído na árvore brônquica, participa ativamente dos mecanismos de defesa 
pulmonar. A rede linfática segue o trajeto dos brônquios e artérias, mas não acompanham os 
alvéolos. 
 MECANISMOS DE DEFESA PULMONAR 
1- Deposição de partículas no sistema de condução; 
Deposição Inercial: partículas maiores ficam presas ao muco 
da parede nas bifurcações maiores. 
Sedimentação Gravitacional: partículas médias se depositam 
no muco por ação da gravidade. 
Movimento Browniano: partículas menores se depositam nos 
alvéolos em associação com moléculas de água e são 
fagocitadas pelos macrófagos. 
 
2- Transporte Mucociliar; 
Consiste no batimento ordenado do epitélio ciliar que propele, 
em direção à orofaringe, o muco. Esse batimento é muito 
sincronizado e o mais importante mecanismo de depuração 
do ar inalado. 
 
3- Tosse; 
Reflexo mediado pela estimulação de receptores de irritação 
existentes sobretudo nas vias aéreas proximais. É capaz de 
acelerar o transporte mucociliar em grandes vias aéreas, mas 
não tem eficácia nas vias aéreas menores. 
 
4- Broncoconstrição; 
Secundária à estimulação das terminações nervosas presentes nas vias aéreas por 
mecanismos reflexos vagais ou pela secreção parácrina de mediadores inflamatórios. 
 
5- Tecido linfóide associado a mucosa (MALT); 
 
6- Substâncias citoprotetoras e células inflamatórias; 
Substâncias citoprotetoras, como mucinas, lisozima, lactoferrina e antioxidantes, produzidas 
por células secretoras existentes ao longo do trato respiratório e parte do sistema imunitário. 
 
7- Macrófagos Alveolares; 
Quando existe disfunção desses mecanismos ou, alternativamente, hipersolicitação dos mesmos por 
agentes agressores, têm-se condições que favorecem doenças respiratórias. Algumas situações 
ilustram o fenômeno: distúrbios no transporte mucociliar e aumento compensatório na 
remoção de secreções pelo mecanismo de tosse são o marcador clínico mais importante tanto 
da bronquite crônica como de outras doenças inflamatórias crônicas das vias aéreas, como 
bronquiectasia ou fibrose cística; ativação excessiva da resposta broncoconstritora representa o 
evento mais característico da asma brônquica de natureza alérgica. 
Se um patógeno ou um estímulo inflamatório não é eliminado pelo sistema mucociliar e atinge a 
superfície epitelial dos pulmões, é desencadeada uma rápida resposta imunitária inata. Os 
macrófagos alveolares são a principal célula efetora da resposta inata nos alvéolos, podendo 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
exercer suas funções também com a ajuda da resposta imunitária humoral, lipoproteínas e 
glicoproteínas dispersas no fluido alveolar. 
Quando os fagócitos e os demais mecanismos de defesa locais são insuficientes, inicia-se uma 
reação inflamatória com migração de polimorfonucleares (neutrófilos), componentes do 
complemento, mediadores da resposta vascular e elementos da reação imunitária humoral de fontes 
sistêmicas (linfócitos). 
→ Importância do Transporte Mucociliar 
O transporte mucociliar é uma barreira muito importante que quando danificada pode levar a vários 
problemas. As deficiências nesse sistema de transporte mucociliar podem ser congênitas (fibrose 
cística, discinesia ciliar*) ou adquiridas (inalação de gases e fumos tóxicos, sequelas de processos 
infecciosos/inflamatórios). 
*Discinesia Ciliar: Junto com a fibrose cística e a deficiência de α1-antitripsina, a discinesia 
ciliar primária é uma das três afecções genéticas causadoras de doença pulmonar crônica. 
A doença caracteriza-se por alteração na ultraestrutura e/ou função do cílio móvel, com 
alterações no transporte mucociliar, o que leva a um espectro de manifestações clínicas que 
incluem desconforto respiratório neonatal ao nascimento, doenças oto-sino-pulmonares de 
repetição (otites, sinusites, bronquites), infertilidade masculina e defeitos de lateralidade 
em 50% dos pacientes. 
O prejuízo do transporte mucociliar faz aparecer um novo nicho ecológico que é ocupado por 
microorganismos potencialmente patogênicos. Essa colônia de bactérias, vírus, fungos surgem com 
o acúmulo de muco nas vias aéreas menores, onde a tosse não compensa.

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