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Dentes impactados e suas complicações

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Faculdade de odontologia de Manaus – FOM
DENTES IMPACTADOS E SUAS COMPLICAÇÕES
Manaus – Am
12 DE JULHO DE 2020
Faculdade de Odontologia de Manaus – FOM
Giesy Dos Santos Custódio Silva
DENTES IMPACTADOS E SUAS COMPLICAÇÕES
Trabalho solicitado pelo Dr. Adriano Cardoso, para obtenção de nota parcial na matéria de Cirurgia e Traumatologia II, no primeiro semestre de 2020.
Manaus-Am
12 de junho de 2020
INTRODUÇÃO
DENTES IMPACTADOS E SUAS COMPLICAÇÕES
Um dente impactado é aquele que não consegue irromper, dentro do tempo esperado, até a sua posição normal na arcada. O termo dente incluso abrange tanto os dentes impactados quanto os dentes em processo de irrupção. O termo enterrado é ocasionalmente, usado como sinônimo de impactado.
Dentes inclusos podem ser definidos como dentes que não irrupcionam, não atingindo assim sua posição na arcada no tempo esperado. Na literatura odontológica mundial, outros termos são encontrados como sinônimos da palavra incluso, tais como impactado, retido, além do termo encravado. Geralmente se utiliza a palavra incluso para significar a retenção parcial ou total de um dente.
Os dentes impactados geralmente estão associados à falta de espaço na área imediata. Com frequência, isto se deve ao deslocamento de dentes adjacentes, embora o apinhamento da dentição em geral seja a causa primária. Nesses casos, é improvável que ocorra a irrupção espontânea de um dente impactado, a menos que haja espaço adequado ou preferivelmente excessivo.
A impactação ocorre porque a irrupção é dificultada pelos dentes adjacentes, por um denso revestimento ósseo ou por excesso de tecido mole. Como os dentes impactados não irrupcionam, eles ficam retidos durante toda a vida do paciente, a menos que sejam removidos cirurgicamente. Os dentes tornam-se frequentemente impactados, em função do comprimento inadequado do arco ósseo e do pouco espaço para a irrupção, isto é, o comprimento total do arco ósseo alveolar é menor do que o do arco dentário.
A explicação mais lógica para a inclusão dos dentes, na grande maioria dos casos, é a falta de espaço nos maxilares e está diretamente ligado ao desenvolvimento dos dentes e dos arcos dentários. O processo de inclusão ou até mesmo impactação dos terceiros molares, especialmente, se dá, na maioria dos casos, simplesmente pela falta de espaço ou por alguma variação ou erro no processo de desenvolvimento destes dentes. Ainda podemos associar ambos os fatores em alguns casos.
A falta de espaço para a irrupção de um dente pode ser explicada pela redução gradual evolutiva do tamanho dos maxilares, e a substituição da alimentação rudimentar por uma dieta mais macia. Além da evolução da inteligência humana em proporção direta, que promoveu o aumento da caixa craniana, a diminuição do volume e extensão dos músculos da mastigação, com diminuição da projeção facial pela redução dos ossos maxilares, não acompanhado pela diminuição do tamanho dos dentes.
O espaço insuficiente nos arcos dentários para a irrupção dos terceiros molares pode ser relacionado com três fatores: crescimento da mandíbula, direção do crescimento condilar e tendência direcional de irrupção dentária, que considera as variações individuais. A dentição inferior seria trazida para frente ou para trás em relação às estruturas basais da mandíbula no curso de desenvolvimento da própria mandíbula e de cada elemento dentário. 
Uma tendência direcional para trás da irrupção diminuiria o comprimento do arco alveolar, causando uma diminuição do espaço para o terceiro molar.
Existem diversos sistemas de classificação para os dentes inclusos. Cada um deles é utilizado de acordo com a preferência do cirurgião. “O dente impactado pode estar intraósseo, semi-incluso ou submucoso. O dente intra-ósseo é que se apresenta totalmente circundado por osso. Quando esse elemento perfura a cortical óssea, ainda permanece incluso e com a mucosa suprajacente íntegra, denominamos de submucoso. E quando esse dente se comunica com a cavidade oral, porém, devido a sua inclusão, não atinge a irrupção completa, recebe a denominação de semi-incluso.
O terceiro molar pode ser classificado como semi-incluso, submucoso ou intraósseo. Semi-incluso ou parcialmente irrupcionado, quando existem evidências clínicas de exposição da coroa com a cavidade oral, e na maioria dos casos, a maior parte da coroa clínica permanece coberta por tecido mucoso; submucoso, quando a coroa se apresenta parcialmente fora de tecido ósseo, mas totalmente coberta por mucosa; e intra-ósseo, quando o elemento se encontra totalmente imerso em tecido ósseo.
Em relação à angulação, os dentes inclusos podem se apresentar das seguintes maneiras: mesioangulado, distoangulado, vertical ou horizontal.
No que diz respeito à angulação, os três tipos de terceiros molares superiores são o de impactação vertical, o de impactação distoangular, e o de impactação mesioangular. A impactação vertical ocorre em 63% dos casos; a distoangular, em 25%; e a mesioangular, em 12%. Raramente ocorrem outras posições, como a transversa, invertida ou horizontal. Essas posições incomuns têm prevalência inferior a 1% dos casos de terceiros molares superiores impactados.
Os dentes com impactações verticais e distoangulares são os mais fáceis de serem removidos, enquanto àqueles com as mesioangulares são os mais difíceis (exatamente o oposto dos terceiros molares inferiores impactados). Os dentes com impactação mesioangular são mais difíceis de serem removidos, porque o osso que recobre a impactação, e que deve ser removido ou expandido, está sobre a face posterior do dente, e é mais denso do que o encontrado nas impactações vertical e distoangular. Além disso, o acesso ao dente mesioangular é mais difícil.
Os dentes mais comumente impactados são os terceiros molares superiores e inferiores, seguidos pelos caninos superiores e os pré-molares inferiores. Os terceiros molares são os mais frequentemente impactados, pois são os últimos dentes a irrupcionar, e por isso os que têm mais possibilidade de não encontrarem espaço para a irrupção.
Os terceiros molares estão presentes em 90% da população e, em 33% dos casos, pelo menos um terceiro molar encontra-se impactado.
Em relação à idade de irrupção dos terceiros molares, é bastante variável, e a média é em torno dos 20 anos, embora alguns pacientes possam terminar a irrupção bem antes desta idade e, em outros, a irrupção continue além dos 25 anos, ou até mesmo nem finalize. São variações relacionadas com o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo.
A irrupção dos terceiros molares superiores e inferiores ocorre entre os 18 e 30 anos de idade.
A identificação de um terceiro molar impactado durante o tratamento ortodôntico é comum, porque poucos pacientes têm comprimento de arco suficiente para a irrupção adequada e a conservação a longo prazo de todos os terceiros molares. Os terceiros molares impactados precisam ser extraídos em um estágio precoce do desenvolvimento dentário. Um tópico controverso é a contribuição dos terceiros molares impactados para a recidiva do apinhamento anterior inferior no paciente ortodôntico. Essa percepção comum pode incentivar os pacientes ortodônticos para a extração de seus terceiros molares no final do tratamento ortodôntico, quando a contenção está sendo adaptada.
Por outro lado, cientificamente é questionável o fato de os terceiros molares representarem um papel significativo na recidiva do apinhamento dos incisivos inferiores. Melhor razão para a remoção dos terceiros molares é que a maioria desses dentes não se tornam totalmente funcionais e irão provavelmente tornar-se parcialmente irrompidos, abrindo caminho para a pericoronite crônica e afetando negativamente os segundos molares adjacentes, através de uma doença inflamatória crônica.
Todos os dentes impactados devem ser indicados para extração tão logo o diagnóstico tenha sido feito. A média de idade para irrupção do terceiro molar é aos 20 anos, embora a irrupção em alguns pacientes possa continuar até os25 anos. Como regra geral, todos os dentes impactados devem ser removidos, a menos que a remoção seja contraindicada.
A necessidade de se indicar ou não a remoção de um dente incluso é frequente na clínica diária. Vários aspectos devem ser levados em consideração para se obter o diagnóstico correto do dente em questão, e dentre eles destacamos: a idade do paciente, a proximidade com estruturas nobres, o grau de dificuldade na exodontia e o espaço disponível no arco dentário. A remoção de dentes inclusos tem como objetivo a prevenção da saúde bucal. E visa evitar que outras patologias se instalem, como doença periodontal, cárie, pericoronite, cistos e tumores odontogênicos, reabsorção radicular, fratura de mandíbula, dor de etiologia desconhecida e otimização do tratamento ortodôntico.
Exodontia de terceiro molar
A exodontia é a intervenção cirúrgica mais antiga da odontologia e ainda hoje o procedimento cirúrgico mais corriqueiro, dentre os diversos tipos de modalidade cirúrgica existentes.
Extração de dentes é um procedimento que incorpora os princípios de cirurgia, e muitos princípios de física e mecânica. Quando se aplicam corretamente tais princípios, um dente pode ter probabilidade de ser removido intacto do processo alveolar sem sequelas desfavoráveis.
As afirmações quanto à facilidade ou dificuldade do procedimento cirúrgico são subjetivas, pois fatores como dificuldades de acesso, limitações locais, idade do paciente, entre outros, interferem no tempo e complexidade da exodontia. A técnica cirúrgica, assim como todos os procedimentos cirúrgicos, a extração dos dentes inclusos requer a utilização dos princípios básicos de cirurgia – diérese, hemostasia e síntese – e ainda utilização de técnicas e táticas específicas para cada caso.
O acesso cirúrgico aos terceiros molares superiores se dá por um retalho em L, com uma incisão relaxante para-papilar na porção cervical mesial do segundo molar superior, e após cuidadoso descolamento mucoperiosteal, a remoção de osso vestibular que recobre a porção coronária do terceiro molar, apesar de extremamente delgada, deve ser feita, preferencialmente, com brocas esféricas cirúrgicas, para melhor regularização e para prevenir possíveis espículas ósseas. A grande maioria dos terceiros molares superiores se apresenta distoangulada e com poucas barreiras anatômicas para a sua remoção, portanto, somente a colocação de uma alavanca na superfície mesial do dente, apoiada em osso alveolar, e a aplicação de força, direcionando o dente para posterior e vestibularmente, são suficientes para a exodontia.
As variações de morfologia e localização dos terceiros molares inferiores, além do osso mandibular ser mais compacto, fazem com que a exodontia destes dentes seja mais complexa, no sentido da utilização de recursos como ostectomia e odontossecção.
O acesso cirúrgico deve ser feito por retalhos mucoperiosteais planejados de acordo com a profundidade, complexidade do procedimento e, muitas vezes, preferência do cirurgião. O objetivo do acesso cirúrgico é proporcionar visualização suficiente e necessária para a execução do procedimento, para isso deve ter uma extensão mínima e máxima, não devendo ser tão pequena, dificultando o procedimento, e não proporcionar tensionamento de tecidos moles durante o afastamento e maiores injúrias aos tecidos na manipulação. Em contrapartida, retalhos extensos são desnecessários e promovem a instalação de maior edema por maiores incisões e descolamentos.
As soluções anestésicas locais utilizadas em odontologia são compostas por até 5% de substância anestésica, um vasoconstritor, ácido clorídrico e um diluente. As soluções anestésicas utilizadas na cirurgia dos dentes inclusos devem, sempre que possível, conter um vasoconstritor. Os vasoconstritores reduzem a toxidade da solução, prolongam o efeito anestésico, permitem uma anestesia mais profunda e minimizam o efeito vasodilatador das substâncias anestésicas locais.
A cirurgia com seus procedimentos necessários, entre os quais a anestesia, consequentemente, leva a um pós-operatório desconfortável.
O desconforto pós-operatório imediato com a ocorrência de dores, edemas, sangramentos dentre outros, é uma ocorrência importante a ser analisada com finalidade de se aperfeiçoar o procedimento cirúrgico.
Complicações pós-operatórias de terceiro molar
A remoção cirúrgica dos terceiros molares impactados, por vezes, resulta em considerável dor, edema e disfunção que podem ser transitória ou permanente. Trismo, edema e dor são manifestações pós-operatórias que dependem de uma série de fatores, principalmente relacionados à dificuldade do procedimento cirúrgico envolvido, dentre eles a técnica cirúrgica e a severidade da retenção.
Edema
O inchaço ou edema que acontece após a cirurgia é parte da reação inflamatória devido ao procedimento cirúrgico. Ele é aumentado por uma técnica cirúrgica deficiente, particularmente por uma grosseira manipulação dos tecidos, pela realização de retalhos para obter acesso e por uma drenagem inadequada. Além disso, existe uma ampla variedade de resposta individual ao trauma.
Se o movimento normal de trás para frente do líquido situado entre os capilares e o tecido sadio for perturbado, de modo que a quantidade de líquido que flui para o tecido é maior que a quantidade que dele sai, o resultado é o edema, ou seja, o acúmulo da parte líquida do sangue nos tecidos.
A maioria dos procedimentos cirúrgicos resulta em uma certa quantidade de edema ou aumento de volume, após a cirurgia. O aumento de volume geralmente alcança sua expressão máxima em 48 a 72 horas após o procedimento cirúrgico, geralmente desaparecendo ao final da primeira semana. Um aumento de volume em progressão após o terceiro dia pode ser indicativo de infecção, em vez de um edema pós-cirúrgico.
Dor
A dor é conhecida e definida como experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano tecidual real ou potencial, ou ainda descrita tal como se o dano estivesse presente. Embora, geralmente, nos referirmos à dor como uma experiência multidimensional.
A dor é vista como inútil e desumanizante e acarreta grande estresse e sofrimento aos doentes e aos que os rodeiam. A experiência dolorosa resulta da interpretação do aspecto físico-químico do estímulo nocivo e da interação deste com as características individuais, como o humor, o significado simbólico atribuído ao fenômeno sensitivo e aos aspectos culturais e afetivos dos indivíduos. A dor é um fenômeno complexo, multifatorial e difícil de ser avaliado.
A dor, a sensação física associada ao ferimento ou à doença, é um processo neurofisiológico extremamente complexo. Quando visto superficialmente, parece ser somente um mecanismo protetor reflexo, com propósito de alertar o indivíduo, do perigo ou ferimento. Dor é uma sensação desconfortável percebida no córtex, usualmente como resultado da chegada de um estímulo nociceptivo.
A teoria do portão de controle foi descrita em 1982 como: a excitação das fibras aferentes mielinizadas grossas provocaria a nível medular, nas quais os estímulos são recebidos, bloqueio ou inibição da transmissão dos impulsos procedentes das fibras finas que transmitem as sensações dolorosas. O estímulo das fibras aferentes grossas levaria a ativação procedente da formação reticular aos centros superiores, resultando na liberação de maior quantidade de endorfinas; estas exercem ação favorável sobre a dor. 
Em 1973 foi explicada a analgesia como sendo devida à depressão pós-excitação: os estímulos (sobretudo os aferentes dos tipos II e III) aumentam a atividade do sistema simpático; segue-se a depressão pós excitação, e a atividade do simpático não voltaria ao nível patológico anterior. A repetição dos estímulos exerceria um efeito cumulativo.
Mediante às duas teorias da dor, sua classificação e descrição foi definida pela Associação Internacional para os Estudos da Dor (IASP), em 1986. A função protetora da dor está atualmente bem estabelecida. Define-se como um reflexo protetor, cuja finalidade seria fazer com que o tecidoafetado se ‘afaste’ dos estímulos potencialmente lesivos. A dor pode ser considerada, portanto, uma função basicamente protetora e amplamente necessária à sobrevivência. A dor aguda é tipicamente associada a condições clínicas de rápida instalação, produzindo algumas vezes, sintomas graves a curto prazo.
Lipton, Ship, Larach-Robinso em 1993 realizaram um estudo de prevalência de dores de origem orofacial na população norte–americana e encontraram que 22% dos indivíduos apresentaram alguma experiência de dor orofacial. Dentre estas, a dor dental foi a mais relatada, representando 12,2 % das queixas. Devido à sua alta prevalência e à extrema variabilidade no comportamento, uma boa regra para qualquer examinador é considerar que toda dor na região de boca e face seja de origem dental, até que se prove o contrário.
A dor que o paciente pode experimentar após um procedimento cirúrgico, como uma extração, é altamente variável e depende, em grande parte, do que o paciente tem em mente no pré-operatório.
As dores dentais de origem odontogênica normalmente resultam de uma resposta inflamatória do tecido pulpar, periodontal ou ambos. Usualmente, apresentam uma causa aparente que justifique a presença da dor, como a presença de cáries, fraturas, restaurações deslocadas, trauma oclusal, entre outros. Já as dores dentais de origem não-odontogênica podem ocorrer após tratamento odontológico, após extrações, após a colocação de implantes. Embora a dor dental seja conhecida pela sua variabilidade, é descrita como uma sensação dolorosa depressiva e difusa. Pode ser latejante e até mesmo uma sensação de queimação quando a dor é severa.
Trismo
O trismo é descrito como uma variação de dor muscular, devido a um espasmo miofascial, que pode resultar de injúrias às fibras musculares, extrações com tempo prolongado, múltiplas injeções anestésicas locais, principalmente se estiverem penetrado nos músculos mastigatórios, hematoma e infecções pós-operatórias.
A extração de um dente pode resultar em trismo, ou seja, limitação na abertura da boca. Isso é resultado da inflamação, que envolve os músculos da mastigação. A extração cirúrgica de terceiros molares impactados na mandíbula frequentemente resulta em trismo, porque a resposta inflamatória ao procedimento cirúrgico é disseminada o bastante para envolver vários músculos da mastigação.
O trismo é uma complicação que está diretamente relacionada ao tempo cirúrgico. Quanto mais complexa a técnica cirúrgica em que haja necessidade de se realizar ostectomia e odontossecção, maior a chance de complicações pós-operatórias, como alveolites, trismo e parestesias.
O trismo consecutivo à remoção cirúrgica de um terceiro molar é devido ao edema e ao infiltrado inflamatório no pós-operatório.
A abertura normal é em torno de 40 mm para mulheres e 45 mm para os homens. A limitação da abertura pode ter duas causas: muscular ou articular. Se os músculos elevadores estiverem em espasmo, ou trismo, os abaixadores não terão suficiente potência para realizar o movimento de abertura da mandíbula, levando a uma consequente limitação do movimento. O grau de abertura neste caso, geralmente, é entre 15 e 25 mm.
A variação normal da abertura da boca, quando medida interincisalmente, é de 53 a 58 mm. Mesmo uma criança de 6 anos pode abrir a boca, no máximo 40 mm ou mais é considerada uma abertura de boca restrita qualquer distância menor que 40 mm. Apenas 1,2% de adultos jovens abrem menos que 40 mm. Deve-se lembrar, entretanto, que 15% da população idosa saudável abre menos que 40mm... esta distância é observando a borda incisal dos incisivos centrais inferiores se afastando de sua posição de máxima intercuspidação.
Foi verificado a “redução de até 31% na capacidade de abertura bucal de 204 pacientes submetidos à exodontias de terceiros molares inferiores. Observaram um decréscimo da abertura bucal máxima nos primeiros 5 dias pós-operatórios, que regrediu consideravelmente, quando reavaliado nos períodos de 10 dias e 3 meses.
TRATAMENTO
Farmacologia
Os pacientes devem estar atentos ao medicamento que normalmente não oferece uma solução ou cura de seus problemas.
Como já dito na justificativa da pesquisa, as principais complicações do pós operatório de exodontia de terceiros molares são basicamente abordadas com intervenções farmacológicas, sendo as principais: analgésicos, anti inflamatórios e antibióticos.
Analgésicos são ou opiáceos ou preparações não-opiáceas. Os analgésicos não opiáceos são um grupo heterogêneo de combinações, que compartilham certas ações terapêuticas e efeitos colaterais. Eles são efetivos para abrandar a dor moderada. Aspirina (salicilato) que inibe a síntese de prostaglandina é o protótipo para estas combinações. O efeito terapêutico dos narcóticos opiáceos atua em locais de receptor opiáceo específico no sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico. Estas drogas têm qualidades depressoras no SNC e sujeitas à dependência. Elas podem ser consideradas para uso a curto prazo, para dores agudas, moderadas e severas.
Antiinflamatórios não-esteroidais (AINEs) reduzem não só a inflamação, como servem também como excelentes analgésicos. Alguns exemplos desse grupo são naproxeno (Naprosyn), ibuprofeno (Motrin), diflunisal (Dolobid) e piroxicam (Feldene). Esses medicamentos podem ser efetivos na redução da inflamação nos músculos e articulações e na maioria dos casos, promovem um alívio satisfatório da dor. É importante lembrar que esses medicamentos agem melhor, quando administrados em um esquema definido, do que quando usados no surgimento da dor.
Antiinflamatórios esteroidais e não esteroidais podem ser utilizados nos períodos pré e pós-operatórios para controle do edema e do processo inflamatório. Nas cirurgias em que o edema pós-operatório é esperado, utilizamos corticóides na indução anestésica, podendo ou não os manter por 24 horas. Antiinflamatórios não-hormonais também podem ser utilizados, como o tenoxicam (Tilatil).
Os antiinflamatórios não-esteroidais são efetivos para abrandar condições inflamatórias moderadas e dor pós-operatória aguda. O uso continuado pode resultar em irritação estomacal, assim o paciente deve estar ciente dos problemas estomacais antes do seu uso.
O uso profilático de antibióticos tem se mostrado eficaz, sendo capaz de reduzir significativamente as taxas de infecção pós-operatória. Para cada cirurgia é necessário que se pese o risco benefício do uso de profilaxia antibiótica. Se o risco de infecção é muito pequeno (menor que 5%), o risco de reações adversas relacionada à antibioticoprofilaxia (anafilaxia, efeitos colaterais, colite pseudomembranosa) pode ser maior. A escolha do antibiótico é feita de acordo com sua eficácia contra os patógenos mais comumente implicados em infecções. Para atingir seu objetivo, o antibiótico deve manter concentração elevada no sangue e no tecido durante todo o procedimento cirúrgico, que constitui o período crítico de maior suscetibilidade local à infecção.
Medicamento junto com fisioterapia apropriada oferecem aproximação mais completa a muitos problemas.
Fisioterapia
A fisioterapia é uma ciência aplicada, cujo objeto principal de estudo é o movimento humano; usa de recursos próprios, com os quais, considerando as capacidades inicias do indivíduo, tanto as físicas e psíquicas como as sociais, busca promover, aperfeiçoar ou adaptar essas capacidades, estabelecendo assim um processo terapêutico que envolva o profissional, o paciente e os recursos físicos e/ou naturais, todos racionalmente empregados. Na presença desses recursos, o profissional pode atuar desde a fase de prevenção até a reabilitação, na atenção à saúde.
Sendo o conjunto de técnicas fisioterapêuticas extremamente eficiente nos mais diversos tipos de cirurgias: pré, intra e pós-operatória, cada uma das modalidades de fisioterapia pode ser extremamente útil no atendimento inicial para reduzir o edema, dor e aumentar a amplitude dos movimentos.
Crioterapia é aplicação do frio para fins terapêuticos, numa fase aguda de trauma, por exemplo, ondehouver rompimento de vasos, o mecanismo de coagulação age, promovendo o selamento dos vasos. O uso do gelo, imediatamente sobre a área afetada pela exodontia, irá reduzir o metabolismo celular, fazendo com que as células não lesadas sobrevivam ao período de hipóxia causada pelos danos vasculares. Como resultado à ação do frio, tem-se menos tecido lesado, menor hematoma, menores inibições reflexas e a reparação é processada em menor área e mais precocemente.
Existem duas teorias importantes para explicar como o frio limita o edema após a lesão aguda: uma teoria circulatória e uma do metabolismo. A teoria circulatória, mais antiga e tradicional, afirma que as aplicações de frio diminuem a temperatura do tecido, os vasos sanguíneos são resfriados e constringem-se, reduzindo sua permeabilidade e, portanto, limitando a hemorragia para o tecido. Segundo a teoria do metabolismo, as aplicações de frio têm pouco efeito sobre a hemorragia; mais precisamente, limitam a magnitude de lesão hipóxica secundária e edema. As aplicações de frio, no entanto, reduzem as necessidades metabólicas dessas células, de modo que passam a exigir menos oxigênio; são colocadas em um estado de ‘hibernação temporária’. Tais células ficam, portanto, mais resistentes ao período de hipóxia decorrente do comprometimento circulatório. O resultado é menos lesão hipóxica secundária.
Atualmente, diversos protocolos foram sugeridos para aplicação de frio. A questão sobre o tempo em que as compressas frias devem ser aplicadas envolvem não só aplicação inicial, mas também as repetições e o intervalo entre elas. A duração recomendada para aplicar compressas frias varia de 6 a 24 minutos em 48 horas continuamente. Não existem pesquisas diretas dos efeitos da duração da aplicação sobre a quantidade de lesão tecidual ou sobre a resolução subsequente da lesão.
Entre as formas de aplicação, um método existente é a massagem com gelo. Usasse o gelo em cubos, em movimentos circulares sobre a pele. É indicada para lesões superficiais, resfriamento e inibição de mecanoceptores. É uma boa técnica para regiões relativamente pequenas.
Outra forma é o método do uso de pacotes com gelo. O gelo triturado é colocado dentro de um saco plástico de textura fina. É mais indicado para lesões profundas, podendo ser adaptado para o tratamento de lesões superficiais, controlando a variável tempo.
Quando a cirurgia terminou e o paciente está pronto para ser dispensado, a aplicação de bolsas de gelo sobre a área pode ajudar a minimizar o aumento de volume e fazer com que o paciente se sinta mais confortável.
O frio nesta fase controla a dor, reduz o espasmo muscular e previne a evolução do processo inflamatório, limitando a liberação de histamina.
Compressas frias são realizadas nas primeiras 24 a 36 horas, com o intuito de controlar o edema pós-operatório e auxiliar na analgesia (as primeiras 12 horas são as mais críticas).
Os recursos de fisioterapia, invariavelmente estimulam os receptores da pele. Seu benefício relaciona-se à função neural e à melhora do metabolismo tecidual regional. Técnicas de frio, quando bem aplicadas, sensibilizam receptores não-nociceptivos, que irão às vias aferentes correspondentes, ao mesmo tempo em que inibem as vias nociceptivas. O frio diminui o grau de despolarização do nociceptor e da fibra aferente (disfunções). O uso da crioterapia pela fisioterapia, necessita ser cuidadosamente adequado aos objetivos e efeitos fisiológicos que se deseja alcançar.
Técnicas de energia muscular são tratamentos manipulativos nos quais o paciente usa ativamente seus músculos a partir de uma posição controlada e em uma direção específica, contra uma força contrária distinta.
Conforme descrito por Greenman em 1989, a função de qualquer articulação do corpo que pode ser movida por ação muscular voluntária, direta ou indiretamente, pode ser influenciada pelos procedimentos de energia muscular. As técnicas de energia muscular podem ser usadas para alongar um músculo encurtado, contraturado ou espástico; para fortalecer um músculo ou grupo de músculos fisiologicamente enfraquecido; e para reduzir edema localizado, atenuar congestão passiva e mobilizar uma articulação sem mobilidade restrita.
As técnicas de energia muscular são particularmente eficazes em pacientes que têm dor severa resultante de disfunção somática aguda. Existem dados sugestivos de que as chances de sucesso do tratamento da Disfunção Crânio Mandibular aumentam quando o tratamento cirúrgico é seguido imediatamente pela fisioterapia.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA
Melzack R, Katz J. Pain measurement in persons in pain. In: Wall PD, Melzack R. Textbook of pain. 3rd. ed. Edinburgh: Churchill Livingstone. 1994;18:337-51.
Lipton JA, Ship JA, Larach-Robinson D. Estimated prevalence and distribution of reported orofacial pain in the United States. J Amer Dent Assoc. 1993;124:115-21.
Graziani M. Cirurgia Bucomaxilofacial. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1995.
Greenman P. Principles of manual medicine. Williams and Wilkins, Baltimore 1989.

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