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ASMA – Tratado de Medicina de Família e Comunidade Do que se trata: · Doença inflamatória crônica das vias aéreas, caracterizada por hiperresponsividade brônquica e obstrução variável do fluxo de ar. · Fatores genéticos e ambientais. · Brasil: prevalência de 20% em crianças e adolescentes (!) Quando pensar: · Episódios recorrentes de dispneia, sibilância e tosse, particularmente à noite e pela manhã. · Frequentemente associada à rinite, sinusite, refluxo, dermatite atópica. Como abordar: · Anamnese: · Identificar a sintomatologia, idade do aparecimento das crises, frequência, intensidade, data da última crise, necessidade de atendimentos de emergência. · Presença de comorbidades (rinite, refluxo, obesidade). · Pesquisar história familiar de asma e atopia. · Exame físico: · Pode ser normal. · Pode haver sibilância na ausculta pulmonar, principalmente na expiração forçada. · Outros sinais que podem estar presentes: taquipneia, uso de musculatura acessória, tiragem intercostal e supraclavicular, batimentos de asas de nariz. · Indicativos de crise grave: diminuição dos sibilos, cianose, alteração do nível de consciência. · Exames complementares: · Dx é fundamentalmente clínico! · Entretanto, estudos mais atuais recomendam sempre que possível realizar confirmação do diagnóstico e acompanhamento do tratamento com provas funcionais*. · Exames complementares podem ainda auxiliar em casos duvidosos ou que não tiverem resposta ao tratamento. · Espirometria: · Para dx e para controle. · É realizado medindo o volume expiratório forçado no primeiro segundo a partir de uma inspiração máxima (VEF1) e observando sua relação com a capacidade vital forçada (CVF), que corresponde ao volume total de ar expirado o mais rápido possível em uma expiração única, partindo da capacidade pulmonar total. · Resultados compatíveis com o diagnóstico de asma: · VEF1 < 80% do previsto e relação VEF1/CVF inferior a 86% em crianças e inferior a 75% em adultos. · Aumento da VEF1 em 7% do valor previsto ou 200mL em valor absoluto após inalação de beta-2 de curta duração: confirmam o diagnóstico. · Aumento espontâneo do VEF1, no decorrer do tempo ou após uso de corticosteroides por 2 semanas, de 20%, excedendo 250 mL, também é sugestivo de asma. · Medida do pico de fluxo expiratório (PFE): · Fluxo máximo que pode ser gerado durante a manobra expiratória forçada após inspiração máxima. · Utilizado mais para controle ou avaliação da gravidade. · No entanto auxilia no diagnóstico de asma quando ocorre um aumento de pelo menos 15% no PFE após inalação de um broncodilatador ou um curso oral de corticoide ou, ainda, quando a variação diurna do PFE é maior que 20% (diferença entre a maior e a menor medida do período), considerando medidas feitas pela manhã e à tarde, ao longo de um período de 2 a 3 semanas. · Testes cutâneos para alérgenos comuns e dosagem de IgE: · Alérgenos mais frequentes: ácaros. · Alimentos raramente induzem asma. · Poluentes ambientais são desencadeantes ou agravantes de asma. Conduta proposta: · Acompanhamento regular: em geral, a consulta seguinte à primeira visita pode acontecer após 1 a 3 meses, e as subsequentes, a cada três meses se a evolução da pessoa assim permitir. · Condutas não farmacológicas (avaliação do nível de controle, identificação dos desencadeantes): · Avaliar nível de controle: · Critérios da Sociedade Torácica Canadense para asma controlada: · Sintomas diurnos < 4 dias na semana. · Sintomas noturnos < 1 dia na semana. · Atividade física normal. · Crises leves e infrequentes. · Não necessidade de faltar à escola ou trabalho por causa da asma. · Necessidade do uso de B2 < 4 doses/semana. · VEF1 ou PFE ≥ 90% do melhor pessoal (?). · Variação diurna da PFE < 10 a 15%. **Classificação de acordo com Global Initiatine for Asthma. (Protocolos mundiais variam muito). · Identificar desencadeantes: · Infecções virais – principais desencadeantes de crises na infância. · Mudança de tempo; exercícios físicos; fumo passivo; poluição; alérgenos; estresse; medicamentos como AINEs, betabloqueadores, iECAs, entre outros. · Conduta farmacológica: · Medicamentos para crises e medicamentos de manutenção. · Medicamentos para crises: · Agonistas beta2-adrenérgicos: escolhidos no tratamento da broncoconstrição – podem ser usados também antes de exercício físico naqueles que possuem crises por esse desencadeante. · Medicamentos de manutenção: · Corticoides inalados. · Preferir via inalatória. Tratamento de asma de acordo com o nível de controle: Manejo das crises na APS: