aplicação de planos de cuidado

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Prontuário de Reconhecimento
	Nome:
	Damianus Ílio Sardes
	Idade:
	83
	Profissão:
	Aposentado
	Estado Civil:
	Solteiro
	Religião:
	Candomblé
	Filhos: 
	0
	Escolaridade:
	Técnico
	
	História de vida
	Mora sozinho desde a morte de sua mãe, há 33 anos. Perdeu o pai aos 18 anos. Sua casa tem 5 cômodos, quintal com árvores frutíferas, horta bem cuidada. Vive com 4 cachorros e 3 gatos. Aposentado pela empresa de Água e Esgoto de POLIS (recebe 3 salários mínimos). Está em um relacionamento com Amarília, 65 anos, viúva, nova integrante do terreiro de Candomblé que ele frequenta.
	
	História clínica
	Não usa medicamentos e raramente procura o serviço médico. Há pouco tempo começou a apresentar o desejo de se casar, procurando a UBS para receber orientações em relação a essa intenção. Nega qualquer problema de saúde, preocupando-se apenas com seu desempenho sexual, percebendo mudanças na sua performance com o passar da idade.
	Focos segundo ciclos de vida
	Dimensões biológica, subjetiva, socioeconômica, cultural e ambiental.
	Nutrição e excreção
	Acesso à água tratada, não foram apresentados pelo paciente problemas de excreção e digestão.
Tem acesso a frutas e hortaliças de boa qualidade em seu quintal.
Não foram colhidas informações sobre alimentação
	Respiração
	Não foi efetuado exame do sistema respiratório. Paciente nega quaisquer problemas de saúde. Não informou sobre o uso de tabaco. Possivelmente, se trabalhar de na roda de atendimento no terreiro de Candomblé, o qual frequenta, utilize álcool e tabaco nas sessões.
	Proteção e segurança
	Não refere problemas de deambulação. Apresenta-se lúcido e orientado.
	Autonomia
	Capacidade de autonomia preservada, em primeira percepção.
	Interação social
	Interage socialmente no terreiro de Candomblé. Está em um relacionamento com uma senhora mais nova que ele (65 anos).
	Auto percepção
	Entende-se com boa saúde (nega quaisquer problemas de saúde), preocupando-se apenas com seu desempenho sexual, o que traz uma ansiedade perante ao recente desejo de se casar.
	Perfil de saúde-doença
	Idoso saudável, com acesso a alimentação de qualidade. Autonomia preservada, lúcido e em bom estado geral. Apresenta vida social, apesar de morar só.
	Atenção à saúde
	Tem acesso ao sistema de saúde, porém utiliza-o muito pouco. Provavelmente está há tempos sem realizar exames preventivos.
Quadro Necessidades de Saúde
	Individual e coletivo
	Dimensões de promoção, prevenção, tratamento, reabilitação e paliativa.
	Singularização
	Não se deve perder a oportunidade de investigar a saúde do paciente nessa situação. Como apresenta-se ausente no sistema de saúde, é importante trazer Damianus para visitas frequentes ao médico de saúde da família. De acordo com o Caderno da Atenção Básica nº 19, a avaliação global da pessoa idosa deve envolver investigação acerca da alimentação e nutrição, acuidades auditiva e visual, incontinência urinária, sexualidade (principal queixa do paciente em questão), vacinação, avaliação cognitiva e funcional, explorando possibilidade de dificuldades na mobilidade e depressão.
	Contextualização
	Paciente não frequenta o serviço de saúde. Refere BEG e nenhum problema de saúde. Traz, apenas, preocupação com seu desempenho sexual.
	Evidência científica
	Caderno da Atenção Básica, nº 19 – Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa
	Negociação e pactuação
	A pactuação do plano de cuidados deve ser pautada na resolução da demanda do paciente. Como não frequenta o sistema de saúde, provavelmente é um paciente evasivo, o qual apresenta uma dificuldade na construção de um vínculo com a unidade básica. O caminho para uma negociação e pactuação de sucesso é trazer a construção do plano de cuidados, com pedidos de exames, investigação da saúde e autonomia do paciente, pautados na demanda principal de Damianus.
	Monitoramento
	Um acompanhamento mensal do paciente é importante, para exploração e análise do avanço e melhora em seu desempenho sexual. Exercícios regulares, de baixa intensidade, e boa alimentação, associados, se possível, com um medicamento para impotência é importante. Mas a administração de um medicamento apenas deve ser considerada após investigação acerca da saúde do paciente. 
	Avaliação
	Uma avaliação do plano, junto com o paciente, deve ser realizada a cada 3 meses, estudando e adaptando o plano às necessidades apresentadas durante o processo.
Quadro Plano de Cuidados
Prontuário de Reconhecimento
	Nome:
	Zenaide Maronea
	Idade:
	78
	Profissão:
	Desconhecida
	Estado Civil:
	Viúva
	Religião:
	Desconhecida
	Filhos: 
	1
	Escolaridade:
	Desconhecida
	
	História de vida
	Há 4 anos, mora em uma instituição para idosos. Foi abandonada pela família na frente da instituição com um bilhete escrito o seu nome. Uma investigação realizada no Distrito Norte identificou que a suposta família morou em POLIS por 2 meses. Zenaide era mãe de Zenóbio Maronea que foi assassinado em uma briga de bar, um mês após a chegada da família. A mulher e os cinco filhos voltaram para a região Norte.
Zenaide não se lembra de sua vida pregressa e não tem aposentadoria. Não sabe se trabalhava, quantos filhos teve e se algum parente poderia se responsabilizar pelo seu cuidado. Zenaide tem uma voz forte e melodiosa e sabe cantar músicas antigas. Somente essas músicas ativam sua memória.
	
	História clínica
	Tem bom apetite e nega problemas urinários ou do hábito intestinal. Tem dificuldade para enxergar de longe e de perto mas nunca usou óculos. Apresenta risco de queda em função da dificuldade visual e de deambulação. Zenaide tem Diabetes Mellitus e usa metformina 850mg duas vezes ao dia. Não apresenta problemas auditivos. Tem controle dos esfíncteres. É tranquila e amorosa com os cuidadores, passa o dia cantando.
Zenaide refere dificuldade para enxergar tanto de perto como de longe, sendo necessária uma consulta com um médico especializado em oftalmologia. A perda de acuidade visual é tida como um sinal comum na população idosa. A velhice relaciona-se se ao surgimento de doenças oculares que podem levar à baixa visão, que liga-se à perda da autonomia e independência, uma vez que situações simples como a leitura ou a percepção de diferentes relevos existentes no chão tornam-se obstáculos. Na foto que temos de Zenaide, a mesma está sem óculos, uma ferramenta de imensurável importância para as dificuldades visuais que a mesma referiu. A dificuldade para enxergar de perto é conhecida como Hipermetropia, já a dificuldade para enxergar de longe é chamada de miopia. Porém não é possível ter as duas doenças em ambos os globos oculares, todavia pode acontecer que uma pessoa tenha miopia, hipermetropia e até mesmo astigmatismo ao mesmo tempo, mas não em um mesmo olho. O máximo que pode acontecer é miopia e astigmatismo em um dos olhos, e hipermetropia e astigmatismo no outro. A miopia e a hipermetropia nunca poderão ocorrer ao mesmo tempo em um mesmo olho. Concluindo que pode ser que Zenaide apresente as condições supracitadas em globos oculares diferentes, e frisando que isso é apenas uma hipótese diagnóstica, e que somente o oftalmologista pode confirmar o caso e iniciar um tratamento adequado.
Como Zenaide não possui renda, e nenhum auxílio familiar, ela deve iniciar um pedido pelo processo de aposentaria por invalidez, uma vez que a mesma tem Alzheimer e 78 anos de idade, enquadrando-se como incapacitada de trabalhar. Segundo o INSS “A aposentadoria por invalidez é um benefício devido ao trabalhador permanentemente incapaz de exercer qualquer atividade laborativa e que também não possa ser reabilitado em outra profissão, de acordo com a avaliação da perícia médica do INSS.
O benefício é pago enquanto persistir a invalidez e o segurado pode ser reavaliado pelo INSS a cada dois anos.
Inicialmente o cidadão deve requerer um auxílio-doença, que possui os mesmos requisitos da aposentadoria por invalidez. Caso a perícia médica constate incapacidade permanente para o trabalho, sem possibilidade de reabilitação para outra função, a aposentadoria por invalidezserá indicada.”
Portanto, é necessário que expliquemos tal situação a instituição que acolheu a idosa, uma vez que esse dinheiro também os ajudaria nos cuidados de Zenaide.
Na situação de Zenaide, pode -se usar para melhor avaliação do estado mental da paciente, testes cognitivos parara medir e avaliar as funções cognitivas, ou do pensamento, tais como concentração, memória, orientação visuo-espacial, resolução de problemas, capacidade de contagem e linguística.
Alguns exemplos destes testes incluem: Exame Breve do Estado Mental (Mini-Mental State Examination - MMSE); Avaliação Cognitiva de Montreal (Montreal Cognitive Assessment - MoCA); Escala de avaliação para a Doença de Alzheimer - Cognitiva ( Alzheimer?s Disease Assessment Scale - Cognitive - ADAS-Cog). 
MINI MENTAL: 
Avaliação Cognitiva de Montreal 
Além disso, é necessário um cuidado e acompanhamento da pessoa idosa, pois a doença pode promover diversas situações que causam comprometimento na capacidade funcional dos idosos, aumentando a demanda por cuidados. Dessa maneira, vemos que Zenaide esta tendo esse cuidado pois vive em uma instituição de idosos, normalmente esses lugares também oferecem lazer para os idosos, como em rodas de conversas , ouvir músicas, o que ajuda também na comunicação e cuidado com a paciente.
Nas instituições de idosos não se trata de um único cuidador, mas de várias pessoas auxiliando em diferentes tipos de cuidado. Instrumentos que avaliam a rede de apoio familiar aos idosos podem ajudar a compreender a estrutura que estas famílias dispõem.
 
Prontuário de Reconhecimento
	Nome:
	Georgetta Ceres Astorga
	Idade:
	66
	Profissão:
	Dona de Casa
	Estado Civil:
	Viúva
	Religião:
	Desconhecida
	Filhos: 
	2
	Escolaridade:
	Ensino Superior
	
	História de vida
	Senhora viúva há 6 meses. Nunca trabalhou fora de casa e passou a vida toda dedicada aos afazeres domésticos e aos cuidados da família, embora tenha tido formação em letras e especialização em literatura francesa. Atualmente mora sozinha em casa própria com dois dormitórios, sala, cozinha e banheiro. 
Georgetta recebe uma pensão após a morte do marido de dois salários mínimos. Sempre cuidou sozinha da casa, faz compras de alimentos no bairro e cozinha a própria comida. Sempre foi exímia no crochê. Costumava vender panos de prato nos bazares da igreja e uma parte dos lucros doa para pessoas menos favorecidas.
Tem dois filhos também casados: Leônidas (44 anos) e Balthazar (42 anos) e quatro netos, dois de cada filho. Os filhos se casaram e se mudaram para a capital do estado, passando a visitar os pais cada vez menos, principalmente depois que nasceram seus próprios filhos. Ultimamente, retornam a POLIS umas três vezes por ano. Nas festas de final de ano, se revezam entre Natal e Ano Novo para contemplarem as famílias das esposas, uma de Salvador e outra de São Luiz - Maranhão.
	
	História clínica
	Usa óculos para leitura e não apresenta dificuldades auditivas. Tem boa coordenação motora e fazia caminhadas todos os dias até a perda do marido em função de dois episódios de AVC. Relata perda de apetite e desinteresse em cuidar de si própria. Tem esquecido medicamentos de uso diário que utiliza para o controle da pressão, há 15 anos. Mostra dificuldade para superar o luto. Tem apresentado muita tristeza e dificuldades para retomar as atividades que desenvolvia antes da morte do esposo. Apresenta sono leve e com pesadelos. Refere dores de cabeça frequentes, fazendo uso de dipirona por conta própria. Como tem chorado quase todo o dia, sente-se melhor quando usa esse medicamento.
PROBLEMAS IDENTIFICADOS: 
1. Está passando por uma fase de luto intenso há 6 meses;
2. Está entrando em uma possível crise depressiva; 
3. Tem dificuldade de lembrar e usar seus medicamentos de uso diário;
4. Tem HAS;
5. Perda do apetite;
6. Sono esta afetado, alegando sua leveza e com episódios de pesadelos; 
7. Parou de fazer suas atividade de lazer e de autocuidado; 
8. Tem dores de cabeça frequente ao longo dos dias; 
9. Uso indiscriminado de Dipirona sem prescrição medica;
PLANO DE CUIDADO: 
1, 2, 5, 6 e 7: 
Com a perda de seu marido há 6 meses, a paciente Georgetta está passando por uma Fase de Luto na parte Depressiva, isto implica em a pessoa se retirar para seu mundo interno, se isolando, melancólica e se sentindo impotente diante da situação, sendo que na maioria do tempo se sente triste. 
Para isto, nós alunos do 2º ano de medicina, podemos identificar e ajudar a pensar junto com o paciente o estágio em que se encontra. A resolução do estágio exige a vivencia de sentimentos e pensamentos que o indivíduo evitava. A nossa tarefa é permitir que o paciente vivencie o luto.
Assim, recomenda-se que a paciente volte a sua rotina de antes, com caminhadas ao ar livre, voltar a fazer crochê, se socializar com seus amigos e vizinhos novamente, começar a viajar mais para a casa dos filhos sendo que para os idosos as passagens de ônibus são gratuitas só apenas precisando reservar antes por telefonema.
Podemos também indicar grupos de apoio ou de atividades físicas na UBS, para que ela possa não só voltar a se socializar, mas também voltar a praticar algum exercício físico o qual ajuda na questão da movimentação do idoso. 
3, 8 e 9: 
Com o envelhecimento em andamento, o esquecimento de algumas coisas e afazeres estão implicados nesta fase. O não uso correto do medicamento para HAS pode estar vinculado com este problema, trazendo assim prejuízos a sua saúde. 
Indicamos para a paciente Georgetta o uso de despertadores ao longo do dia para lembra-la de tomar seus remédios nas horas corretas. Já, a automedicação que a mesma está fazendo, recomendamos que ela passe por um médico na UBS, para que assim ele possa não só orientá-la, mas também passar outro medicamento para sua dor de cabeça. 
E para a questão do sono leve e com pesadelos, podemos designar que Georgetta durma em algum local calmo, sem barulhos ao redor, e que a tranquilize na hora de se deitar.
Referências
· Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília : Ministério da Saúde, 2006.
· KANSKI, J. J. Oftalmologia clínica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004
· INSS - Instituto nacional do seguro social.
· Pavarini SCI, Melo LC, Silva VM, Orlandi FS, Mendiondo MSZ, Filizola CLA et al. Cuidando de idosos com Alzheimer: a vivência de cuidadores familiares. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2008;10(3):580-90. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n3/v10n3a04.htm.