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Introdução 
Imagine comigo. Hoje é dia de ir ao supermercado para realizar as compras do 
mês. Quais itens serão comprados? Provavelmente os itens de cesta básica 
estarão na sua lista: o arroz, o feijão, açúcar, sal, um macarrão, um molho de 
tomate entre outros. Ainda temos mais coisas para comprar, não apenas os 
mantimentos, tais como produtos de limpeza e de higiene pessoal, certo? Se 
faltar algum desses itens no mercado, como você se sentiria? Não ligaria ou ficaria 
incomodado por precisar comprar o item em outro lugar? E se quase todos os 
itens de sua lista estivessem em falta no mercado? Não acharia muito estranho? 
Vamos ao mercado muitas vezes ao longo de um ano, mas acredito que nunca 
ficamos nos preocupando muito em como as mercadorias, os produtos, chegaram 
até o mercado. Veja o suco em caixinha, por exemplo. Quantas pessoas 
participaram do processo produtivo até chegar ao mercado para você comprar? 
Já parou para analisar? 
Estamos falando, portanto, de um longo processo produtivo, de uma longa cadeia 
de abastecimento. Podemos começar nossa cadeia com o cliente, mas em que 
ponto a finalizaremos? 
Veja, o cliente depende de um revendedor (um mercado, por exemplo). O 
mercado, por sua vez, depende que os sucos sejam entregues pela distribuidora 
(Centros de Distribuição - CD). A fábrica será responsável por fabricar o suco e 
transportá-los até um CD. A fábrica, por sua vez, depende de seus fornecedores 
de suco e polpa de fruta, fornecedores de embalagens entre outros. Mas ainda 
não podemos esquecer que os fornecedores diretos também têm os seus 
respectivos fornecedores. 
 
Você quer ver? 
A fábrica Del Valle da Coca-Cola disponibilizou uma série de vídeos que mostra o 
processo de fabricação de sucos em caixinha. No primeiro episódio conheceremos 
onde tudo começa (https://www.youtube.com/watch?v=AlgwkgsaW1c), depois 
vamos saber como obter o melhor da fruta 
(https://www.youtube.com/watch?v=lH9rUr5jxOc), passando por um rigoroso 
controle de qualidade (https://www.youtube.com/watch?v=MiGy6km8Wn8) 
antes mesmo de chegar à fábrica da Coca-Cola para fabricação do produto 
(https://www.youtube.com/watch?v=gAhR_t3I_Wc). 
 
Acho que deu para perceber como uma cadeia de suprimentos,uma cadeia de 
abastecimento, pode ser bem extensa. Vamos ver? 
 
Figura 1 - Cadeia de suprimentos de suco de fruta em caixa 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Reparou quantas pessoas estão envolvidas em todo o processo de fabricação? 
Sabe por que sempre começamos a cadeia de suprimentos pela figura do cliente? 
Pois o final da cadeia de suprimentos pode ir ainda mais longe. No início da figura 
1 nós temos a figura do produtor agrícola, mas ele também tem seus 
fornecedores, certo? Ele precisa de fornecedor de sementes assim como de 
fornecedor de adubo e maquinários. Veja, esses fornecedores também possuem 
seus fornecedores e assim continuamente. Por este motivo sempre iniciamos a 
cadeia de suprimentos com o cliente, pois o final dela pode não ser tão claro, pois 
sempre temos o fornecedor do fornecedor do fornecedor do fornecedor etc. 
Compreende? Quanto mais você conhecer a sua cadeia de suprimentos e todos 
os seus envolvidos, melhor poderá ser o seu planejamento! 
https://www.youtube.com/watch?v=AlgwkgsaW1c
https://www.youtube.com/watch?v=lH9rUr5jxOc
https://www.youtube.com/watch?v=MiGy6km8Wn8
https://www.youtube.com/watch?v=gAhR_t3I_Wc
Ainda analisando a figura, podemos encontrar duas fábricas, certo? Será que elas 
são iguais em termos de classificação, características e estratégia? Na figura 1 nós 
podemos perceber que precisamos de empresas de distribuição e transporte, 
atacadistas e varejistas. Isto quer dizer que em uma cadeia de suprimentos nós 
podemos ter tanto indústrias quanto empresas prestadoras de serviço envolvidas 
em todo o processo. Mas você sabe qual a diferença entre produção e operações? 
Nesta unidade nos falaremos sobre todas essas questões! 
1. Introdução à 
administração da 
produção 
É comum vermos na literatura uma distinção entre administração da produção e 
administração de operações. Isto ocorre quando se quer fazer distinção entre 
indústrias e serviços, entre bens tangíveis e intangíveis. 
Além da tangibilidade, existem outras diferenças importantes entre produtos e 
serviços, tal como a influência da mão de obra e possibilidade de padronização de 
insumos. Em produtos, os processos podem ser mais mecanizados e 
automatizados, isso facilita a padronização do produto, do insumo e ainda evita 
muita influência da mão de obra. Já em serviços, a influência da mão de obra é 
muito alta e ainda é difícil obter padronização. Você consegue padronizar, por 
exemplo, a fabricação de um remédio, certo? Mas seria bem mais difícil 
padronizar um atendimento médico, não é mesmo? 
Veja o Quadro 1 abaixo com as principais diferenças entre indústrias e empresas 
de serviços. 
 
Quadro 1 - Diferenças entre bens e serviços 
Fonte: Moreira (2011, p. 3) 
 
No entanto, independente de se é indústria ou serviços, qual é a função da 
administração da produção/operação dentro de uma empresa? Moreira (2011, 
p.3) diz que a “administração da produção e operações é o campo de estudo dos 
conceitos e técnicas aplicáveis à tomada de decisões”. O que isto quer dizer? 
Para entender melhor, precisamos primeiro lembrar o que é uma empresa e quais 
são as funções importantes dentro dela. Sabemos que uma organização é um 
arranjo de duas ou mais pessoas que se juntam formalmente e compartilham um 
propósito comum. Este propósito é a meta formal da empresa. O que ela 
pretende oferecer aos seus clientes. Para esta organização poder funcionar, será 
preciso então pessoas desempenhando diversas funções, dentre elas: 
Função produção 
Função marketing 
Função desenvolvimento de produto/serviço 
Função contábil-financeira 
Função recursos-humanos 
Nas organizações, podemos afirmar que a função produção/operações possui um 
papel de destaque, com um escopo abrangente. Ela não é a área que apenas faz o 
produto, mas se inter-relaciona com várias outras funções. Observe a figura 2. 
 
Figura 2 – Escopo abrangente da gestão de operações. 
 
Percebeu como a função produção possui um papel importante dentro da 
organização? Podemos, inclusive, dizer que ela tem um papel estratégico! 
Como podemos conceituar estratégia? Originária do termo grego stratēgia, 
estratégia significa plano ou método usado para alcançar um objetivo específico 
ou um resultado esperado. 
Todas as organizações precisam definir a sua estratégia corporativa. O que isto 
quer dizer? Se você for abrir uma empresa, antes de decidir o local que irá operar, 
você precisa analisar o mercado. Isto quer dizer que será preciso analisar os seus 
clientes e os seus concorrentes. E essa análise contribuirá na definição da 
estratégia da empresa. Por meio dela nos diferenciamos dos concorrentes e 
ganhamos mercado. Identificamos as nossas prioridades de desempenho e o 
mercado que a empresa pretende atuar. Essas prioridades podem ser de custo 
mais baixo, qualidade superior, maior rapidez na entrega ou no prazo, 
flexibilidade entre outros. São prioridades que sua empresa pretende ter para se 
diferenciar dos concorrentes. É a estratégia corporativa que poderá trazer uma 
vantagem competitiva para a empresa. Uma vez definida a estratégia corporativa, 
precisarei definir a estratégia da produção/operação 
Como defino minha estratégia de produção? Observe a figura 3. 
 
Figura 3– Prioridades competitivas: ligação entre estratégia competitiva e 
estratégia de operações 
 
Observe na Figura 2 que com base na estratégia corporativa da empresa, uma 
análise de mercado categoriza os clientes da empresa, identifica suas 
necessidades e avalia as forças dos concorrentes. São essas as informações 
importantes para desenvolver as prioridades competitivas da empresa. Veja o 
Quadro 2. 
 
Quadro 1 - Diferenças entre bens e serviçosFonte: Moreira (2011, p. 3) 
 
Uma vez definidas essas prioridades poderei definir minha estratégia de 
produção/operações. 
Historicamente, a função produção e operações percorreu um longo caminho até 
aqui, quando é vista como estratégica. Aliás, é difícil rastrear as origens mais 
primárias da gestão de operações. Moreira (2011, p. 4) diz que “se quiséssemos 
ser muito rigorosos com o que representa esse campo de trabalho, 
encontraríamos traços comuns entre o que se faz hoje, nas modernas 
organizações, com a coleta de alimentos do homem pré-histórico, passando pela 
caça, pela agricultura, pastoreio etc., até a formação das primeiras cidades há 
cerca de 6.000 anos. E assim por diante. Os precursores das primeiras máquinas 
usadas em escala quase industrial seriam encontrados na Idade Média, com a sua 
própria revolução industrial, quase nunca comentada, que prossegue até pelo 
menos o século XIV”. 
Embora já nesta época possamos ver os traços da administração da produção 
presente, não podemos negar que a Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX 
transformou os estudos na área de administração da produção. É uma época em 
que o uso intensivo de máquinas se fez presente para atender uma demanda 
cada vez mais crescente! 
Na área de administração da produção podemos encontrar diversos estudiosos, 
tais como como Henry Ford (que começou a linha de montagem de automóveis 
nos EUA) e Frederick Taylor (que aplicou a racionalidade de métodos científicos 
ao trabalho de produção nas indústrias. 
 
Você quer ler? 
Para saber mais sobre a evolução das indústrias no mundo, acesse 
http://revistaindustrianews.com.br/site/a-evolucao-da-industria-no-mundo/ 
 
http://revistaindustrianews.com.br/site/a-evolucao-da-industria-no-mundo/
Sabe o que as fábricas do passado têm em comum com as fábricas modernas? 
Ambas são um sistema de produção, e como tal, podem ser definidas como um 
conjunto de entradas (materiais, pessoas, equipamentos etc.) que passam por um 
processo de transformação para saírem como um produto ou um serviço. 
2. Sistemas industriais 
de produção 
Para entendermos melhor as características dos sistemas industriais de produção, 
primeiramente precisamos entender o que é um sistema. Podemos dizer que um 
sistema é um processo de entradas que são transformadas em saídas para 
atender algum objetivo do ambiente no qual está inserido (Figura 4). 
 
Figura 4 – O sistema e seus componentes. 
 
No sistema de produção, consideramos como entradas todos os insumos 
necessários para realizar o produto ou serviço. Considere, por exemplo, o 
processo de produção de uma mesa. Quais insumos eu preciso ter? Madeira, cola, 
pregos, parafusos, tinta, verniz, maquinários, lixa, pessoas trabalhando, 
informações sobre o produto (modelo, metragem, suas características), entre 
outros. Estes insumos entram no sistema, passam por um processo de 
transformação (etapas de produção) para que no final eu tenha como saída a 
mesa pronta! 
Mas será que todas as empresas que fazem móveis são iguais? Todas elas podem 
ter as mesmas classificações de tipo de sistema de produção? Antes de responder 
esta questão, precisamos saber quais são os tipos de sistema de produção. 
Vamos lá! Podemos classificar de duas formas os sistemas: quanto ao fluxo do 
produto ou quanto ao tipo de orientação ao cliente. 
Quando falamos de sistema quanto ao fluxo do produto podemos ter três tipos: 
• Sistemas de produção contínua ou de fluxo de linha. 
• Sistemas de produção por lotes ou por fluxo intermitente. 
• Sistemas de produção para grandes projetos ou de posição fixa. 
Quando falamos de sistema quanto ao tipo de orientação ao cliente podemos ter: 
• Sistema voltado para estoque. 
• Compreender as diferenças entre produtos e serviços. 
• Sistema voltado para encomenda (contra pedido). 
Vamos conhecer cada um destes? 
2.1. Sistemas de produção 
continua (fluxo em linha) 
Este tipo de sistema apresenta uma sequência linear ao fabricar o produto. Isto 
porque são bastante padronizados e passam de um posto de trabalho a outro em 
um fluxo predeterminado. 
Este tipo de sistema é ideal para produção em massa, para linhas de montagens 
de produtos dos mais variados. Montar um sistema deste tipo requer um custo 
elevado de investimento em maquinários. O ganho do sistema está na quantidade 
produzida, por ser um sistema muito padronizado e automatizado. 
Neste sistema, além da produção em massa, ainda podemos terá produção 
contínua. Moreira (2011, p.11) ressalta que esse nome é reservado para classificar 
empresas chamadas indústrias de processo, como a química,papel, aço, petróleo 
etc. Trata-se de um sistema altamente eficiente, porém,com acentuada 
inflexibilidade. 
Quais são as grandes vantagens do sistema com fluxo em linha? Produção em 
grande escala e produtos altamente padronizados. Isto não quer dizer que 
fazemos apenas um único modelo de produto, mas as diferenças entre os 
modelos possuem apenas pequenas modificações. A fabricação de um carro, por 
exemplo, possui um fluxo em linha. A linha de montagem de um carro só faz um 
único modelo de carro? Uma única cor? Sempre com os mesmos acessórios? Veja 
que a linha de montagem pode fazer na mesma linha várias cores diferentes e 
com acessórios diferenciados também, mas a produção segue na mesma linha 
simultaneamente o mesmo modelo de carro. 
Quais as desvantagens desse sistema? Moreira (2011, p. 10)afirma que “alguns 
fatores devem ser cuidadosamente pesados antes da adoção de um sistema com 
fluxo em linha”, isto porque pode ter risco de “obsolescência do produto, a 
monotonia dos trabalhos para os empregados e os riscos de mudança tecnológica 
no processo (que custa a pagar)”. 
2.2. Sistemas de produção em 
lote (fluxo intermitente) 
O sistema de produção intermitente difere do sistema em linha por permitir 
realizar a produção diversificada utilizando o mesmo maquinário. Isto quer dizer 
que, quando termino de fazer o produto A, outros produtos tomarão lugar no 
mesmo equipamento/maquinário. O produto A só voltará a ser feito depois de 
um tempo. Esse sistema é caracterizado por haver a necessidade de realizar 
setups (ajustes/programações). Por exemplo, estou fazendo o parafuso tamanho 
n2e n3. Faço o primeiro modelo, depois vou parar para ajustar meu equipamento 
e começar a fazer o segundo modelo. Produzo inicialmente o lote do parafuso n2 
e depois o lote do parafuso n3. 
“No sistema de produção intermitente, a mão de obra e os equipamentos são 
tradicionalmente organizados em centros de trabalho por tipo de habilidades, 
operação ou equipamento” (MOREIRA, 2011, p.10). 
Isto quer dizer que o processo pode fluir de maneira irregular de um centro de 
trabalho para outro. Este tipo de processo não requer investimentos em 
maquinários exclusivos. São equipamentos que podemos chamar de genéricos, 
pois permitem realizar mudanças de setups para também ser usado em outro 
produto. 
Ainda que o sistema intermitente tenha como vantagem a produção diversificada, 
é preciso notar que há uma redução na eficiência por conta do ajuste do setup 
das máquinas de um produto para outro. Ainda temos como desvantagens, a 
dificuldade de controle de estoque, com a programação da produção e eventuais 
falhas de qualidade. 
Comparando o sistema em intermitente com o fluxo em linha, o intermitente é 
melhor em termos de flexibilidade, mas perde em quantidade produzida. Se a 
empresa necessitar trabalhar com um alto volume de produção deve repensar se 
não é mais vantajoso mudar para um fluxo em linha. 
2.3. Sistema de produção para 
grandes projetos (posição fixa) 
O sistema de produção para grandes projetos, também conhecido como sistema 
deposição fixa, se difere muito dos sistemas anteriores. Isto porque sua grande 
característica está no conceito de projeto. O que faz de cada sistema um 
empreendimento único (não existe igual) e temporário, pois possui um início,um 
meio e fim previamente determinados. 
Uma casa, por exemplo, é um projeto! Este possui características únicas, não? 
Você pode até pensar: mas existem casas que são iguais, mesma planta! De fato, 
você tem razão! O desenho da casa pode até ser igual, mas será que durante o 
processo de levantar a casa, tirar do planejamento, e colocar em produção, as 
duas casas foram iguais? O que difere então o processo de produção de uma para 
outra? Principalmente o planejamento e o controle, que podem seguir cada um, 
um ritmo diferente. Aliás, esta é uma característica marcante dos projetos: seu 
alto custo e a dificuldade gerencial do planejamento e do controle. A produção de 
navios, de aviões e de grandes estruturas são consideradas como fabricação de 
projeto. 
No sistema em linha e intermitente é o produto que se desloca pelas diversas 
fases de produção. No sistema de produção de grande projeto, o produto 
costuma ficarem uma posição fixa e são os equipamentos, as pessoas, as 
informações e os insumos que se movem em torno do produto. É o caso da 
produção de uma casa ou de uma grande estrutura. 
 
Você quer ver? 
Já parou para analisar como deve ser o processo de produção de um avião? A 
fabricação de um Boeing é um sistema de produção de grande projeto. Confira 
todo o processo de produção do Boeing 787-9 Dreamliner da British Airways 
clicando aqui: https://www.youtube.com/watch?v=SJZk9vNS8NE 
 
2.4. Sistema orientado para 
estoque e para encomenda 
Quando falamos de tipo de sistemas de produção sob a ótica de atendimento ao 
consumidor, temos o sistema orientado para estoque e o orientado para 
encomenda (contra pedido). 
https://www.youtube.com/watch?v=SJZk9vNS8NE
No sistema para estoque, quando o cliente realiza o pedido,o produto já está 
pronto e é rapidamente entregue ao consumidor. Este sistema de produção não 
requer um pedido formal para iniciar o processo de fabricação,dependendo 
apenas de uma previsão da demanda. O produto é padronizado, sem qualquer 
possibilidade de personalização ou alteração. Este tipo de operação possui como 
vantagens baixo custo e rapidez na entrega. É justamente a combinação do 
processo em linha com a estratégia de fabricar para estoque que,às vezes, é 
chamada de produção em massa. É um ambiente estável e previsível,com pouca 
variação e com tarefas repetitivas e bem definidas. Este tipo de estratégia é ideal 
para grandes volumes, produtos padronizados e de previsão de demanda 
relativamente estáveis e precisas. 
Para Krajewski et al (2009, p. 110), “essa estratégia é aplicável também a 
situações em que o processo produz um produto único para um cliente específico, 
se o volume for suficientemente grande”. 
No processo orientado para encomenda, todas as operações estão ligadas a um 
cliente específico. A produção só se inicia quando o cliente realiza o seu pedido. 
Neste processo, a primeira coisa que o cliente quer saberé o preço e o prazo de 
entrega, estes são negociados antes do início da produção. 
Esse sistema de produção é ideal para indústrias que fabricam produtos 
personalizados (com a especificação do cliente) e com baixo volume. É um 
processo mais complexo do que de um produto padronizado em linha e com alta 
variação. 
Algumas empresas ainda optam por trabalhar com um processo de montar sob 
encomenda.Neste processo, conhecido como modularizado, é possível combinar 
operações padronizadas com algum grau de flexibilidade. É um meio termo entre 
o contra pedido e o para estoque. Possibilitando ter flexibilidade e ainda rapidez 
na entrega. 
Para entendermos melhor isso vamos voltar para a nossa pergunta sobre 
características das fábricas. Fábricas de móveis são todas iguais ou possuem 
classificações diferentes? 
Veja, se você for comprar uma mesa em uma loja como Casas Bahia, o produto já 
está em estoque (em um centro de distribuição) ou ainda será fabricado? Na 
maioria das vezes, os móveis estão sempre prontos para serem entregues ao 
cliente. Isto quer dizer que este fornecedor de mesa trabalha comum sistema 
orientado para estoque! Agora imagine você ir até um marceneiro.Podemos ainda 
dizer que ele possui uma fábrica de móveis, porém com menor estrutura, certo? 
Nesta fabricação de mesa com o marceneiro, a mesa já está pronta ou ele ainda 
irá fazê-la de acordo com o seu pedido? Neste caso, você conversará com o 
marceneiro sobre o tamanho específico que você deseja, suas características, o 
preço e o tempo de entrega. O sistema contra pedido permite que você faça uma 
mesa com a “sua cara”. 
Podemos concordar que o sistema para estoque é mais rápido que o contra 
pedido? Podemos também concordar que o sistema contra pedido atende 
necessidade individuais mais facilmente? Estas são características marcantes 
deste tipo de sistema. 
No sistema de fabricação para estoque vamos ter: grande volume produzido, 
baixo custo unitário, produto padronizado e rapidez de entrega. Já no sistema de 
fabricação contra pedido teremos: menor volume produzido, maior flexibilidade, 
menor rapidez de entrega. 
O sistema montagem sob encomenda (modularizado) é um meio termo entre 
eles. No caso da fabricação dos móveis, imagine que o marceneiro já tenha 
cortado e pintado vários tipos de pés de mesa e de tampos de mesa. Eles já estão 
prontos, mas ainda não é uma mesa! Quando o cliente entra na marcenaria ele 
escolhe a combinação desejada e então o marceneiro monta a mesa para 
entregá-la. Por que esse sistema é um meio termo? Comparativamente, o sistema 
modularizado permite maior flexibilidade que o sistema para estoque, mas não é 
tão flexível quando o sistema contra pedido. Também será mais rápido que o 
sistema contra pedido, mas não será tão rápido quanto o sistema para estoque. 
Concorda? 
E uma fábrica de móveis ainda pode ser classificada como sendo de fluxo 
intermitente, pois produz diversos produtos em lotes. Primeiro faz um lote de 
mesa, depois de cadeira, depois de armário e assim por diante. 
3. Projeto de processos, 
produtos e serviços 
Nós sabemos que uma empresa, antes de qualquer decisão, precisa definir a sua 
estratégia corporativa, que é como a empresa irá se diferenciar dos seus 
concorrentes. Depois de analisar o mercado ela definirá as prioridades 
competitivas, seus objetivos de desempenho, e por meio deles definir a sua 
estratégia de produção, o que inclui definir seu tipo de sistema de 
produção.Quando ela começa a produzir ou a prestar o serviço, ela perceberá 
naturalmente que para continuar a ser competitiva ela precisa introduzir novos 
produtos,novos serviços ou mudar os já existentes. Tudo isto visando aumentar 
ou até mesmo manter os níveis de demanda! 
Quem será responsável por desenvolver o novo produto não é necessariamente a 
área de produção. Porém tem um papel importante neste processo. Isto porque é 
esta área que será responsável por fazer o produto e,portanto, precisa se 
preparar para os novos produtos, “criando ou revendo os métodos de trabalho 
onde for necessário, definindo as especificações de novos equipamentos e 
participando do processo de seleção e escolha, definindo sequências de novas 
operações, treinando os funcionários para as novas situações etc.” (MOREIRA, 
2011, p. 207). 
Como começa este processo de desenvolver um novo produto ou serviço? A 
resposta é simples: com um grande número de ideias! Desenvolver um produto é 
um processo de filtragem. Observe a Figura 5. 
 
Figura 5 – Processo de filtragem de ideias para novos produtos 
Fonte: Slack (2002) apud Corrêa; Corrêa (2013, p. 237). 
 
Reparou que para selecionar o projeto de um novo produto/serviço 
primeiramente preciso testar uma grande variedade de ideias? O processo 
envolve decisões do tipo go – nogo (prossegue – não prossegue) para cada uma 
das ideias, e algumas ideias são descartadas ao longo do caminho. As fases desse 
processo iniciam com o desenvolvimento do conceito, o que envolve a 
arquitetura doproduto, o projeto conceitual e o mercado-alvo que visa. Após o 
desenvolvimento do conceito é realizado um planejamento do produto (teste, 
investimento/finanças) para depois partir para a engenharia, com a construção do 
projeto detalhado e do protótipo.Após liberação final da engenharia é feito um 
teste de produção (produção piloto) e se inicia a produção dentro da empresa. 
Após introdução no mercado,com o crescimento das vendas aumenta-se o 
volume de produção. 
Reparou que neste processo final temos a introdução do produto no mercado e o 
crescimento do mesmo? Quando lançamos um produto novo passamos 
primeiramente por uma fase de aceitação do mercado, que chamamos em 
marketing de introdução. Quando o produto começa a ser mais aceito temos o 
crescimento das vendas, mas há um momento em que as vendas não crescem 
mais tão rapidamente como antes,pior, às vezes podem cair muito! Isso se chama 
ciclo de vida do produto! Veja a figura 6. 
 
Figura 6– Ciclo de vida do Produto 
Fonte: Corrêa; Corrêa (2006) apud Lélis (2014, p.34) 
 
Será que este ciclo de vida de produto realmente existe? Pense comigo, existe 
algum produto que você lembre de ter usado muito em sua infância e hoje não 
encontra mais? E vou além! Existe algum produto que você comprou no ano 
passado que hoje não atende mais a sua necessidade, como um computador ou 
celular? 
Já parou para analisar que temos a impressão de que as coisas não duram tanto 
quanto antigamente? Que por isto estamos sempre comprando novos produtos? 
Na verdade, não é que não duram, apenas passam pelas fases de ciclo de vida 
com mais rapidez que no passado. Isto se deve até mesmo pelo avanço da 
tecnologia! O marketing tem um papel importante neste sentido! O marketing 
desperta seu desejo de necessidade e faz você comprar um produto novo que 
nem é tão diferente do que você já tem, não é verdade? Podemos perceber que o 
marketing, a produção e a área de desenvolvimento de produtos e serviços 
precisam trabalhar juntos! 
Todas estas áreas precisam se preocupar com as fases do ciclo de vida do 
produto. Que para Lélis (2014, p. 234) envolve: 
Introdução 
Crescimento 
Maturidade 
Declínio 
A fase de introdução deste ciclo só acontece, portanto, depois de um longo 
processo de parceria entre marketing, produção e desenvolvimento de novos 
produtos (Figura 7). 
 
Figura 7 – Fases de desenvolvimento de projetos de produtos 
Fonte: Corrêa e Corrêa (2013, p.237) 
 
Ao longo dessas fases apresentadas da Figura 6, marketing,produção e 
desenvolvimento do produto participam ativamente! Por exemplo,enquanto 
marketing analisa o mercado trazendo informações sobre ele, o desenvolvimento 
de produto propõe novas tecnologias e ideias, ainda constrói modelos e executa 
simulações. E o que faz produção? Analisa o processo e investiga a viabilidade do 
conceito. Em todas as fases essas três áreas participam ativamente. Observe o 
Quadro 3 com o pape de cada área ao longo do projeto. 
 
Quadro 3 – Áreas envolvidas no desenvolvimento do produto 
Fonte: Corrêa e Corrêa (2006) apud Lélis (2014, p. 36-37) 
 
Percebeu que produção tem como função analisar processo defabricação? Para 
ajudar nesta tarefa é possível fazer uso da Matrizproduto-processo que auxilia a 
tomada de decisão. Observa a figura 8. 
 
Figura 8 – Matriz produto-processo para operações fabris 
Fonte: Krajewski et al (2009, p.108) 
 
Note que se o novo produto é altamente padronizado com baixa variedade e 
ainda haverá um alto volume de produção, é preciso pensar em um processo de 
fluxo contínuo! Caso o produto seja muito personalizado e volume muito baixo, o 
ideal é um processo por tarefa. 
O processo por tarefa se caracteriza pela produção de “pequenos lotes, de uma 
grande variedade de produto, com variados roteiros de fabricação(sequência de 
etapas do processo produtivo), em geral associados com arranjos físicos 
funcionais, em que os equipamentos são agrupados por função, para permitir que 
os fluxos percorram qualquer roteiro que seja eventualmente necessário; não há 
conexão entre os centros produtivos. Em geral, os grupos de trabalho ou 
trabalhadores ficam a cargo de produzir o produto todo, necessitando para isso 
ser polivalentes” (CORRÊA; CORRÊA; 2013, p. 247) 
Mas não podemos esquecer de algo importante. Não são apenas indústrias que 
precisam se preocupar com desenvolvimento de novos produtos. Empresas 
prestadoras de serviços também precisam se renovar constantemente para 
permanecerem competitivas! Em serviços, desenvolver processos inovadores e 
eficientes é condição sine qua non, ou seja, é indispensável.Quase que 
prerrogativa para permanência no mercado! 
Você, por exemplo, iria a um dentista que usa ainda os mesmos processos e 
procedimentos que usava há 50 anos? Não há dúvida que este profissional com 
50 anos de carreira tem muita experiência, mas se os processos e o material 
usado ainda são os mesmos, você confiaria? Você manteria ainda uma conta 
corrente em algum banco que não fizesse uso de tecnologia e que todo e 
qualquer serviço tivesse que ser feito diretamente no caixa do banco? Todo 
prestador de serviço precisa se atualizar com técnicas e materiais novos que 
possam trazer mais benefícios para seus clientes, não importa qual a área. Seja 
dentista, pedreiro, um banco ou qualquer outro tipo de prestação de serviço! 
Isto quer dizer que se a empresa ficar estagnada, seu futuro já é visível! Ela terá 
um desempenho operacional muito inferior que os seus concorrentes e isso se 
refletirá nos resultados financeiros, que serão cada vez piores! 
Uma das formas de repensar um processo de serviço é também a utilização da 
matriz produto-processo, identificando o tipo de processo em relação ao volume 
produzido, a padronização e a variedade (Figura 9), bem como a matriz de 
contato com o cliente para processos de serviço (Figura 10). 
 
Figura 9– Matriz produto-processo para serviços. 
Fonte: Corrêa e Corrêa (2006) apud Lélis (2014). 
 
 
Figura 10 - Matriz de contato com o cliente para processos de serviço 
Fonte: Krajewski et al (2009, p.108) 
 
Na figura podemos ver três estruturas de processo: front office (linha de frente), 
hybrid office (linha híbrida) e back office (linha de retaguarda). O que é cada um 
destes? 
Front Office 
Hybrid Office 
Back Office 
A figura 11 apresenta uma estrutura do processo de serviço no setor de serviços 
financeiros. 
 
Figura 11 - Estrutura do processo de serviço no setor de serviços financeiros 
 
Identificar o tipo de contato com o cliente é uma importante ferramenta no 
projeto de serviços. Mas você sabe dizer como projetos de serviços são 
desenvolvidos? Se pararmos para analisar, na maioria das vezes é por tentativa e 
erro, ou seja, com grandes problemas de qualidade e uniformidade. Moreira 
(2011, p.224-225) sugere que é preciso uma série de ações para nortear o estudo 
de um serviço que precisa ser melhorado ou implantado,sendo estas: 
Identificar os processos 
Identificar os pontos de falha real e potencial 
Estabelecer tempos de execução 
Analisar a rentabilidade/produtividade 
O aumento da produtividade pode estar diretamente relacionado ao próprio 
layout,ao arranjo físico. O que isto quer dizer? Creio que já tenha ido em uma 
lanchonete do tipo fast food, certo? Já reparou na disposição dos equipamentos? 
Por que será que ela é com é? Teve algum estudo em relação a ela? A resposta a 
estas questões está relacionada ao estudo do arranjo físico, mas antes de tudo 
você sabe o que é arranjo físico? 
Damos o nome de arranjo físico à maneira em que se encontram dispostos os 
equipamentos, os postos de trabalhos, e todos os recursos físicos que estão 
ocupando espaço dentro da empresa (fábrica ou prestação de serviços).Analisar o 
arranjo físico permite inclusive eliminar atividades que não agregam valor ao 
produto ou ao processo, permitem minimizar cursos de movimentação e 
manuseio,aumentar a produtividade e a eficiência, facilitar a movimentação dos 
recursos e aumentar a qualidade. A decisão do arranjo físico é parte importante 
da estratégia da produção e de operações! 
Quando falamos em arranjo físico podemos fazer relação com os três tipos de 
sistema de produção quanto ao fluxo de produto, mas estes não são os únicos 
tipos de arranjos possíveis nas organizações: 
• Arranjo físico por produto, que corresponde ao sistema de fluxo em linha; 
• Arranjo físico por processo (ou funcional), que corresponde ao sistema de 
produção de fluxo intermitente; 
• Arranjo físico de posição fixa, que corresponde ao sistema de produção em 
projetos; 
• Arranjo físico celular 
• Arranjos mistos. 
No arranjo físico por produto, os recursos, maquinários,pessoas etc. são disposto 
em uma sequência linear, de acordo com as etapas de fabricação do produto, 
sendo ideal para empresas que processam um volume grande de produção, 
semelhando ao sistema de produção em linha. 
Já no arranjo físico por processo ou funcional, o objetivo é agrupar os recursos 
com função ou processos iguais ou similares. Em uma ferramentaria ou um 
supermercado, por exemplo, os fluxos podem ser diferentes para cada tipo de 
cliente que a empresa deseja atender (observe fluxo X e Y distintos na Figura 12). 
Na ferramentaria, o objetivo é acomodar os fluxos de materiais e nos 
supermercados, é o fluxo de clientes. Não podemos esquecer que neste tipo de 
arranjo pode ocorrer um aumento no tempo de atravessamento e uma queda de 
eficiência quando os fluxos ficam intensos. Pense assim, qual o melhor horário 
para ir ao mercado? De madrugada ou durante o horário comercial do final de 
semana? A resposta a esta questão está relacionada ao tempo de 
atravessamento. Do momento em que você chega para fazer as compras até o 
momento em que você finaliza no caixa, em qual horário é mais rápido? Com 
certeza de madrugada, isto porque neste horário o fluxo é menos intenso, pois 
tem menos clientes na loja realizando as compras, não é mesmo? 
 
Figura 12 – Exemplo de arranjo físico funcional 
Fonte: Corrêa e Corrêa (2013, p.313) 
 
Reparou que esses dois arranjos são bem distintos? Eles possuem características 
opostas! Observe o Quadro 4. 
 
Quadro 4 – Comparação entre arranjos físicos por processo e por produto. 
Fonte: Corrêa e Corrêa (2013, p.315) 
 
Em uma tentativa de aumentar a eficiência do processo funcional e, ao mesmo 
tempo, não perder a flexibilidade, muitas empresas optam pelo arranjo celular, 
que vem do conceito de tecnologia de grupo. Segundo Corrêa e Corrêa (2013, p. 
316), este arranjo é desenvolvido em etapas: 
• Identificar família de itens produzidos que tenham, agregadamente, 
volume suficiente e similar conjunto de recursos para serem processados – 
deve-se estar preparado para que “sobrem” determina dos itens de grande 
variedade que não conseguem ser colocados em nenhuma célula –estes 
continuarão, em geral, a ser processados num setor com arranjo físico 
funcional; 
• Identificar e agrupar recursos (máquinas,pessoas) de forma que consigam, 
com suficiência, processar as famílias de itensidentificadas, definindo 
células; 
• Para cada célula, arranjar os recursos, usando os princípios gerais do 
arranjo por produto, estabelecendo uma pequena operação dentro da 
operação, de forma que a movimentação e os fluxos daquelas famílias 
identificadas na etapa 1 sejam mais ordeiros simples e ágeis; 
• Localizar máquinas grandes ou que não possam ser divididas para fazerem 
parte de células específicas. 
Feito isso, teremos muitos resultados segundo o autor: 
• Não se perde flexibilidade, pois o mesmo conjunto original de itens 
continua sendo processado; 
• Ganham-se velocidade e eficiência de fluxo, poisos recursos da particular 
célula estão próximos numa “pequena operação”; 
• As distâncias percorridas pelos fluxos dentro das células são muito 
menores; 
• Simplificam-se os fluxos no restante da operação, que fica “aliviada” das 
famílias de itens que conseguem ser processadas pelas células 
estabelecidas; 
• Tempos de preparação dos equipamentos nas células tendem a ser 
menores, já que processam itens de forma e dimensões similares; 
• Melhora-se a qualidade, já que o grupo de funcionários a cargo de 
gerenciar e operar os recursos das células tende a desenvolver mais a 
sensação de “propriedade” e responsabilidade por uma família inteira de 
itens e não apenas por uma etapa produtiva. 
Observe a Figura 13 com uma ilustração deste tipo de arranjo. 
 
Figura 13 – Arranjo físico celular 
Fonte: Corrêa e Corrêa (2013, p.315) 
 
Por fim, temos o arranjo físico de posição fixa, que é semelhante ao fluxo de 
produção de grandes projetos. Aqui, o produto não passa pelas diversas etapas de 
produção ao longo da fábrica, pois o produto fica parado e são os equipamentos, 
as pessoas, todos os recursos que se movem em torno do produto. 
Para finalizar, não podemos esquecer que muitas vezes,dentro de uma instalação 
fabril, não há necessariamente apenas um tipo de arranjo físico. Muitas vezes 
pode acontecer de ter dentro de mesma instalação um arranjo em linha no início 
do processo e ao final das etapas produtivas,dependendo da personalização do 
cliente, termos arranjo funcional, por exemplo.A estes casos damos nome de 
arranjos mistos! A combinação de um ou mais arranjos dentro de uma mesma 
planta fabril é um arranjo combinado, um arranjo misto. E por que o arranjo físico 
faz diferença? Para otimizar o fluxo de recursos dentro da empresa, e estes 
recursos devem e precisam sempre ser muito bem administrados! Vamos falar 
um pouco sobre isso? 
4. Conceito de 
administração de 
materiais 
Ao longa desta unidade falamos muito de recursos. Você sabe definir recursos? 
Chiavenato (2014b, p. 4), diz que “recursos são conjuntos de riquezas que podem 
ser exploradas economicamente pela empresa. São ativos de propriedade da 
empresa ou alugados por ela para garantir o processo produtivo.Na verdade, os 
recursos constituem a plataforma que a empresa utiliza para produzir algo 
(indústria) ou para prestar um serviço ao cliente (serviços). Sem recursos não há o 
que produzir. Contudo, os recursos são estáticos e inertes, não tem vida própria e 
precisam ser administrados para que, no conjunto, ajudem a produzir algo para a 
sociedade. Assim, os recursos precisam de competências organizacionais para que 
sejam realmente produtivos”. 
Mas recurso é tudo igual? Na verdade, não. Podemos encontrar na empresa 
vários tipos de recursos, como os materiais (ferramentas,matéria-prima, 
equipamentos entre outros), bem como recursos financeiros,recursos humanos, 
mercadológicos (propaganda, assistência técnica etc.),recursos administrativos (o 
esquema gerencial da empresa, diretores, gesto resetc.) e recursos tecnológicos 
(tecnologia do produto, do processo, da informação e da gestão). 
A área de administração de materiais faz parte da gestão da produção e 
operações das organizações. Isto envolve não apenas gerenciar materiais, mas 
também recursos patrimoniais! Tal como prédios, edifícios, equipamentos, 
ferramentas, veículos, todos estes fazendo parte do conjunto de bens, valores, 
direitos e obrigações da empresa. Observe a Figura 14 com uma visão geral da 
administração destes recursos. 
 
Figura 14 – Visão geral da administração de recursos materiais e tecnológicos 
Fonte: Moreira (2011, p. 3) 
 
E por que é importante administrar materiais e recursos patrimoniais? Para 
responder isso precisamos primeiramente lembrar o que é um sistema de 
produção. 
Sistema de produção é um processo de entradas que são transformadas em 
saídas. O que são as entradas? Os recursos! Envolve materiais e matérias-primas, 
peças e componentes, máquinas e equipamentos, instalações, energia, 
informação, mão de obra, entre outros. Todos estes recursos precisam sem bem 
administrados para garantir eficiência eeficácia do sistema de produção. 
Independente se o tipo de sistema de produção é em linha, ou lote, é voltado 
para estoque ou para encomenda, o que é certo? Ele é um sistema que precisa de 
recursos de entrada! 
Isto quer dizer que do ponto de vista da administração dos materiais, dependo 
destes recursos para conseguir fazer meu produto ou prestar meu serviço! Isto 
ainda quer dizer que preciso implantar um programa de administração de 
materiais que envolve uma série de atividades (Figura 15). 
 
Figura 15 – Atividades da Administração de Materiais 
Fonte: Francischini e Gurgel (2010, p. 5) 
 
E que tipos de atividade poderíamos ter para economia dos materiais?Segundo 
Francischini e Gurgel (2010, p. 8), podemos ter economia dos materiais com: 
• Utilização de técnicas como engenharias do valor, geração de alternativas e 
seleção da melhor alternativa. 
• Utilização de novas tecnologias, ainda não dominadas integralmente pela 
empresa. 
• Visão abrangente de source marketing. 
• Abertura no tratamento com os fornecedores e uma negociação 
sistemática para aprimoramento do fornecimento. 
• Compras eficientes, gerando abastecimento com qualidade, pontualidade, 
condições financeiras e preço baixo. 
• Decisões adequadas no que diz respeito a fabricar internamente ou 
comprar fora. 
• Planejar a reutilização de todas as embalagens de fornecimento e controlar 
perdas nas embalagens de produtos acabados. 
• Facilitar a reciclagem de todos os materiais de maneira seletiva e 
proveitosa. Recuperar todos os solventes utilizados no processo. 
• Abertura no tratamento com os fornecedores e uma negociação 
sistemática para aprimoramento do fornecimento. 
• Não permitir a deterioração dos materiais e combater sem tréguas a 
obsolescência. 
• Manter atenção especial para detectar desperdícios mínimos, mas 
repetitivos. 
• Parcimônia: não fornecer às atividades produtivas mais do que determina a 
utilização-padrão de materiais. 
• Recebimento bem equipado e bem informado, para somente receber o 
material adequado à empresa. 
• Sistema econômico de transporte. 
Nas próximas unidades, nós veremos mais detalhes de como realizar cada uma 
dessas atividades acima. 
Síntese 
Chegamos ao final desta unidade. Aprofundamos nossos conhecimentos sobre 
administração da produção. Vimos que toda empresa precisa definir 
primeiramente a sua estratégia corporativa, pois ela será a base para a definição 
de todas as demais estratégias da empresa, como a estratégia de marketing, de 
desenvolvimento de novos produtos e de produção. Neste capítulo você teve a 
oportunidade de: 
• Entender o que é administrar produção e seu papel estratégico nas 
organizações. 
• Compreender as diferenças entre produtos e serviços. 
• Conhecer as prioridades competitivas para a definição da estratégia de 
produção 
• Compreender que um sistema de produção é um conjunto de entradas que 
são transformadas em produto e serviço. 
• Identificar os diversos tipos de sistema de produção: em linha, 
intermitente, de projeto, orientado para encomenda, orientado para 
estoque, modularizado. 
• Perceber a importância do projeto de um produto e serviço. E ainda 
perceber que é preciso primeiramente entender o ciclo de vida do produto 
para realizar um bom projeto. 
• Compreender como o arranjo físico é importante para os diversos tipos de 
sistema de produção. 
• Reconhecer os tipos de arranjos: em linha, funcional, posição fixa, celular e 
misto. 
• Entender que gerir recursos materiais e patrimoniais faz parte de uma boa 
administração da produção. 
Download do PDF da unidade 
https://anhembi.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_ADPRMA_19/unidade_1/ebook/documents/NEG_ADPRMA_19_E_1.pdf
Bibliografia 
CHIAVENATO, I. Gestão da Produção : uma abordagem introdutória. 3. ed. 
Barueri, SP : Manole, 
2014. 
 
CHIAVENATO, I. Gestão de Materiais : uma abordagem introdutória. 3. ed. 
Barueri, SP : Manole, 2014b. 
 
CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de produção e de operações : 
manufatura e serviços : uma abordagem estratégica. São Paulo : Atlas, 2013. 
 
FRANCISCHINI, P. G.; GURGEL, F. do A. Administração de materiais e do 
patrimônio, São Paulo : Cengage Learning, 2010. 
 
KRAJEWSKI, Lee J. Et al. Administração de produção e operações. 8. ed. São 
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. 
 
LÉLIS, E. C. Gestão da produção. São Paulo : Pearson Education do Brasil, 2014. 
 
MARTINS, P. G.; Alt, P. R. C. Administração de Materiais e recursos patrimoniais. 
3. ed. São Paulo : Saraiva, 2009. 
 
MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2. ed. São Paulo : 
Cengage Learning, 2011. 
 
SLACK, N. et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2007. 
Introdução 
Iniciamos a última unidade falando um pouco sobre uma atividade muito 
corriqueira: compras no supermercado. Se eu perguntar para um grupo de 
pessoas se eles gostam de fazer compras no mercado, será que a opinião é 
unânime? É bem provável que no grupo haja pessoas que gostam de ir ao 
mercado e outras que não. Por que algumas pessoas não gostam desta atividade 
tão rotineira? 
Fazer compras de mercado é um processo demorado, em que se perde muito 
tempo! Só o fato de se deslocar até o mercado já é um tempo em que 
poderíamos fazer outras coisas. Mas além do transporte ainda temos a perda de 
tempo na movimentação dentro do mercado para colocar todos os itens que 
precisamos dentro do carrinho e aí teremos que tirar tudo do carrinho, colocar na 
esteira do caixa para registrar a compra, ensacar os produtos e os colocar no 
carrinho novamente. Após realizamos o pagamento temos que nos preparar para 
tirar tudo novamente do carrinho e armazenar as compras no carro. O processo 
acabou? Não! Ainda temos que tirar tudo do carro e levar para a residência para 
armazenar tudo nos seus respectivos locais. 
Você provavelmente deve ter uma política de movimentação dentro do 
supermercado, outra para colocar as compras no carrinho e no carro, além de 
uma política de armazenamento na sua casa. Talvez seja tão intuitivo que você 
nem a percebe. 
Por exemplo, quais itens você pega primeiro para colocar no carrinho de 
mercado? Você pegaria o sorvete sabendo que ele ficará fora da geladeira 
durante todo o processo de compra e transporte até em casa ou você o deixaria 
para o final? Provavelmente você deixaria o sorvete e todos os itens frios e 
congelados para o final, não é mesmo? Você com certeza ainda analisa quais 
produtos você pode colocar por cima de outro, está correto? Empilhar 
corretamente os produtos mais pesados por baixo e os mais leves por cima é o 
que garantirá que seu ovo não chegue quebrado e que suas frutas, verduras e 
pães não fiquem amassados. 
Ao passar seu produto no caixa e o colocar em saquinhos você também deve ter 
algumas regrinhas certo? Você colocaria um frango assado ou outro prato quente 
da rotisseria junto com o sorvete? E a água sanitária ficaria junto com o pão? E 
quando finalmente você chega em casa, você tem alguma política para dizer quais 
produtos você começa a guardar? Provavelmente os itens de geladeira e 
congelador são sempre os primeiros a serem guardados. Afinal, o restante pode 
esperar! 
Por que tantas regrinhas para uma simples atividade de fazer compras no 
mercado? Tudo para ter a melhor gestão dos materiais! 
Você pode estar se perguntando: mas minhas compras são materiais? São sim! 
Não importa qual será o processo em que será usado a mercadoria comprada, 
eles serão recursos materiais do processo! Veja, se você comprou itens para fazer 
uma refeição, estes itens podem ser vistos como matéria-prima deste processo. 
Se é um item de limpeza ou higiene, estes são materiais auxiliares destes 
processos! 
Quando falamos de materiais, podemos estar falando de classificações diversas. 
Este tem relação direta com os tipos de estoques que nós temos tanto em casa 
quanto nas organizações.Não importa se é uma empresa ou é sua casa, a gestão de materiais e políticas e 
técnicas de gestão de estoques são muito importante, não é mesmo? Nesta 
unidade falaremos justamente sobre estes aspectos relacionados à gestão de 
materiais. 
1. Classificação dos 
materiais 
Vimos anteriormente que uma empresa pode adotar diferentes tipos de arranjos 
físicos e escolher trabalhar com diferentes tipos de processo de transformação 
(linha, lote, para estoque ou encomenda), tudo pensando em focar uma 
prioridade competitiva, um objetivo de desempenho específico (rapidez, 
flexibilidade, custo, qualidade ou confiabilidade). Todos estes aspectos são 
pensados na estratégia de produção e estão alinhados à estratégia competitiva da 
empresa. 
O que todas as empresas têm em comum, mesmo que tenham arranjos 
diferentes? Todas são um processo de transformação de recursos em produto ou 
serviço. Nestas entradas temos os recursos materiais! 
Chiavenato (2014, p. 38) diz que, no caso das indústrias, todas podem ser vistas 
como um “fluxo contínuo de materiais que são processados ao longo de várias 
atividades no sistema produtivo. Essa dinâmica requer muito cuidado para 
manter seu ritmo, sua fluência e sua cadência, de tal maneira que não haja 
paralisações ou esperas imprevistas. A busca de maior produtividade está na base 
desse cuidado. A preocupação com máquinas, equipamentos e tecnologia deve 
antes passar pela preocupação com os materiais que passam por elas. A redução 
de custos começa por aí, em termos de quantidades disponíveis, tempo de 
movimentação, qualidade etc.”. 
Isto quer dizer que os materiais são os insumos básicos para que possamos ter um 
produto acabado e estes podem ser de diversos tipos: líquido, sólido, plasma ou 
gases. Se analisarmos suas propriedades químicas elas ainda serão vistas com 
classificações diferentes e requerem formas diferentes não só de 
acondicionamento como também de transporte, estocagem e processamento. 
Classificar materiais é a atividade de agrupar ou aglutinar características 
semelhantes dos materiais. Pode parecer uma tarefa simples, mas nem tanto. Em 
engenharia, os materiais sólidos podem ser agrupados em seis categorias. 
Observe a seguir. 
Propriedades mecânicas 
 
Propriedades elétricas 
 
Propriedades Térmicas 
 
Propriedades magnéticas 
 
Propriedades ópticas 
 
Propriedades deteriorativas 
 
Será que algumas dessas características vindas da engenharia não foram aplicadas 
na gestão de matérias da sua casa? Você se preocupou com propriedade 
degenerativas, por exemplo, ao guardar primeiramente os materiais frios antes 
de guardar os demais itens de sua compra de mercado? 
Não importa qual o item que você tenha comprado, se é um iogurte ou uma lata 
de leite condensado. O que é certo? Ambos precisam ser bem transportados e 
acomodados de forma cuidadosa se preocupando com a deterioração, a validade 
do produto. Uma vez que existe deterioração, o que é certo? Preciso me 
preocupar com o giro daquele material! 
 
Saiba mais 
Giro de estoques é um dos indicadores mais conhecidos na gestão de estoque e 
representa o número de vezes que os estoques se renovam ou giram em um 
determinado período (normalmente ano). Giro é “quantas vezes todo o material 
comprado ou produzido sai e dá lugar a um novo lote, movimentando o material” 
(SZABO, 2015, p. 40). 
 
Gerenciar os materiais e os classificar não é uma tarefa muito simples. Por 
exemplo, você sabe que o leite tem um controle de giro, pois trata-se de um 
produto que se deteriora, mas em se tratando de classificar o leite, você o 
consideraria uma matéria-prima ou um produto acabado pronto para consumo? 
Percebeu que um mesmo produto pode ser classificado de formas diferentes, por 
vezes dependendo de sua finalidade? 
Segundo Viana (2002, p. 51-52) existem infinitas classificações, por isso é 
importante considerar alguns atributos para uma boa classificação: 
Abrangência 
 
Flexibilidade 
 
Praticidade 
 
Para o autor, empresas diferentes usam classificações diferentes, mas muitas 
organizações tendem a classificar por tipo de demanda, que pode ser de materiais 
de estoque e materiais não de estoque (Figura 1). 
 
Figura 1 – Escopo abrangente da gestão de operações. Fonte: Viana (2002, p. 53) 
 
Materiais não de estoque, como o autor classifica, são aqueles que não possuem 
parâmetro exato para um ressuprimento automático. Isto ocorre devido ao 
consumo irregular para aquele material em específico. Por exemplo, você tem 
anchovas estocadas em sua casa? Muito provavelmente este item não possui um 
consumo regular, por este motivo você somente vai comprá-lo quando houver 
um pedido especial ou você desejar fazer um prato atípico em sua casa. Quando 
você o comprar ficará estocado por um tempo ou será utilizado de maneira quase 
que imediata? 
Esta é uma característica de materiais não de estoque: ser comprado para 
utilização imediata ou serem estocados por um período temporário no 
almoxarifado. 
Notou que na figura os materiais de estoque têm um certo destaque? Eles podem 
ser classificados por ordem de importância operacional (método XYZ) ou pelo 
valor do consumo anual (Curva ABC). 
Estas metodologias são muito importantes para uma boa gestão de materiais, 
mas antes precisamos entender um pouco mais sobre materiais de estoque. 
2. Materiais de estoque 
Quando falamos de estoque, precisamos entender qual a sua função principal: 
evitar parada na produção! Mas quanto devemos estocar? A resposta para esta 
questão nunca é tão simples, pois estocar demais leva a um custo alto e risco de 
obsolescência ou deterioração, entretanto, se estocarmos pouco, correremos o 
risco de não conseguir atender uma demanda. 
A função dos materiais de estoque é justamente essa! Garantir que haja material 
suficiente por meio de um ressuprimento automático, com base em uma 
estimativa da demanda e na importância para a empresa. Isto quer dizer que, 
com base em uma previsão da demanda, o material será adquirido de forma 
automática sem a participação do usuário. 
Isto é possível com parcerias com fornecedores e com sistemas interligados (EDI – 
Eletronic Data Interchange). Falaremos na próxima unidade mais detalhes sobre 
compras, fornecedores e negociação e tecnologias disponíveis. 
Mas antes de tudo, o que é preciso ter em mente para ter materiais em estoque é 
uma previsão da demanda. Existem inúmeros métodos de previsão de demanda, 
tanto qualitativos quanto quantitativos, mas para saber qual é o melhor método 
para a sua empresa, primeiramente é preciso identificar o tipo de demanda. 
Você pode estar se perguntando: mas demanda não é tudo igual? Na verdade não 
é igual. Veja por exemplo o arroz e o feijão. Estes são itens de consumo regular no 
Brasil, certo? Você pode imaginar que a quantidade vendida ao longo de um ano 
é relativamente igual parar estes produtos, não é mesmo? Não existe nenhuma 
época ao longo de um ano aqui no Brasil que faça as vendas despencarem ou 
aumentarem drasticamente. Quando isso ocorre, podemos dizer que a demanda 
é constante. 
Embora o nome possa sugerir que a demanda é igual todo mês, não é bem assim. 
Demanda constante é aquela que ao longo do tempo não existe uma variação 
muito expressiva, mas pode ter uma certa variação! Por exemplo, você compra 
arroz sempre na mesma quantidade todo mês? É possível que sim, mas para 
algumas famílias pode haver uma certa flutuação. Se naquele mês você não ficou 
muito em casa e acabou comendo mais na rua, seus estoques durarão um pouco 
mais. Da mesma forma se você ficou mais em casa e também recebeu muitos 
amigos e parentes para almoçar e jantar, isto se refletirá nos seus estoques, pois 
acabarão um pouco antes, não? 
Se olharmos pela ótica dos fabricantes destes produtos, podemos então entender 
que há uma variação, mas não é tão gritante. Por isso chamamos de demanda 
constante. 
Este tipo de demanda é diferentede outros produtos como o sorvete. Para 
entendermos melhor o tipo de demanda para este produto responda: existe uma 
época do ano em que você compra mais sorvete? Provavelmente sua resposta é 
sim, no calor! Não só você, mas uma grande parte da população tende a consumir 
mais sorvete no verão. Isto quer dizer que ao longo de um ano, haverá alguns 
meses em que a demanda subirá consideravelmente, neste caso então a 
demanda não é constante, será uma demanda sazonal. 
Ainda há produtos em que a demanda sobe com uma tendência, como, por 
exemplo, celulares, tablets, notebooks. Quando um produto de tecnologia é 
lançado no mercado ele tem uma demanda crescente muito acentuada, mas 
depois de um tempo, se algum concorrente ou até a mesma empresa lançar 
alguma versão superior, as vendas do produto anterior despencarão. Por 
exemplo, quando a Apple lançou o iPhone 5 no mercado, rapidamente as vendas 
cresceram, assim que o iPhone 6 foi lançado as vendas deste subiu e as do iPhone 
5 caíram. Quando este tipo de comportamento ocorre, chamamos de demanda 
por tendência. 
 
Saiba mais! 
Para calcular a previsão da demanda é preciso primeiramente saber se a demanda 
é constante, sazonal ou por tendência. Isto porque há métodos de previsão da 
demanda que são ideais para demanda constante e outros que são para demanda 
sazonal ou por tendência. Os métodos de previsão podem ser divididos em 
qualitativos e quantitativos. São métodos qualitativos: método Delphi; opinião 
dos executivos; pesquisa de mercado; estimativas da força de vendas; e analogia 
histórica. Já os métodos quantitativos podem ser: método do último período; 
método da média aritmética; método da média ponderada; método da 
suavização exponencial; e o método dos mínimos quadrados, que por trabalhar 
com regressão linear é o único método quantitativo que pode ser utilizado para 
demanda por tendência. Os demais métodos são apenas indicados para 
demandas constantes. 
 
Saber identificar a demanda e escolher o método mais apropriado é muito 
importante para uma boa gestão de materiais de estoque. Mas ainda é preciso 
lembrar que os materiais de estoque também não são todos iguais. Para Viana 
(2002), os materiais de estoque podem ser classificados quanto à sua aplicação, 
quanto ao valor de consumo anual ou quanto à importância operacional. 
No que trata de aplicação, podemos dividir em materiais produtivos, matérias-
primas, produtos em fabricação, produtos acabados, materiais de manutenção, 
materiais improdutivos e materiais de consumo geral. Observe a seguir a 
classificação dos estoques quanto à aplicação. 
Materiais produtivos 
 
Matérias-primas 
 
Produtos em fabricação 
 
Produtos acabados 
 
Materiais de manutenção 
 
Materiais improdutivos 
 
Materiais de consumo geral 
 
Embora estas definições sejam úteis, elas não são as únicas que podemos 
encontrar na literatura. Szabo (2015, p. 18-22) apresenta as diversas classificações 
que podemos encontrar, alguns já são conhecidos como: matéria-prima, materiais 
em processo, produto acabado e material de manutenção, mas existem vários 
outros que são apresentados a seguir. 
Componentes 
 
Materiais diretos 
 
Materiais indiretos 
 
Materiais para expediente 
 
Ferramentas 
 
Mercadorias 
 
Estoque em trânsito 
 
Estoque em consignação 
 
Acho que você conseguiu perceber a quantidade diferentes de materiais de 
estoques que precisam ser gerenciados nas empresas. Será que todos eles são 
usados nas empresas? A resposta é não, nem todas as empresas vão trabalhar 
com cada um deles. Estoque de mercadoria, por exemplo, somente é um tipo de 
material que se refere exclusivamente para comércio. Precisamos saber e decorar 
todos estes tipos? Não necessariamente, pois o que precisamos de fato 
compreender são as particularidades de cada tipo de material e o papel que cada 
uma dessas classificações desempenha. Somente depois de entender o porquê 
destes materiais de estoque, para que cada um serve, conseguimos fazer uma 
gestão eficiente e eficaz de nossos materiais. 
E como fazer uma boa gestão destes materiais? Para auxiliar esta tarefa, podemos 
associar a classificação dos materiais a métodos que relacionam o material 
quanto ao valor de consumo anual (método que separa os materiais essenciais 
dos demais, de modo a concentrar sua atenção no que importa, também 
conhecido como curva ABC) e quanto à importância operacional (classificação XYZ 
de importância). Vamos conhecer estes a seguir. 
3. Curva ABC 
Em 1897, Vilfredo Pareto, resolveu estudar a distribuição de renda entre a 
população em que vivia. O objetivo era identificar uma “certa regularidade na 
distribuição da renda nos países capitalistas e também naqueles onde imperavam 
relações feudais ou de capitalismo nascente, estabelecendo um princípio”. Sua 
descoberta foi de grande importância, pois ficou evidente um princípio que 
vemos muito nos dias de hoje: poucos com muito dinheiro e muitos com pouco 
dinheiro. “Com base em estatísticas de diferentes países, Pareto anotou uma 
série de dados sobre o número de pessoas correspondentes a diferentes faixas de 
renda recebida”. Isto permitiu traçar um gráfico com as diferentes faixas de renda 
e o número de pessoas que recebiam valores iguais ou superiores a cada uma 
destas faixas (VIANA, 2002, p. 64). Assim surgiu o Diagrama de Pareto. Observe a 
Figura 2. 
 
Figura 2 - Diagrama de Pareto. 
Como pode ser observado na figura, 20% dos itens ou da população já representa 
um montante de 80% do valor. Este princípio 80/20n foi adaptado a realidade dos 
materiais e dos estoques. No âmbito empresarial, o princípio foi primeiramente 
usado por F. Dixie na General Eletric (GE), mas nos últimos anos se tornou uma 
importante ferramenta no controle dos materiais justamente por ser e fácil 
aplicação. 
 
Você quer ver? 
Vilfredo Pareto foi um ilustre economista, sociólogo e engenheiro do final do 
século 19 que, por meio dos estudos sobre distribuição de renda desenvolveu o 
princípio 80/20. Isto porque ficou evidente que cerca de 20% (uma pequena 
parcela da população) possuía 80% (uma grande parcela) da renda total na 
época. Esta distribuição de 80% e 20%) ficou conhecida como distribuição ou 
gráfico de Pareto, e se tornou um princípio com muitas aplicações, inclusive na 
produtividade das pessoas. 
 
Quer ver? 
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=BsgMxLaCPXI&t=10s 
 
A aplicação do princípio de Pareto é chamada de Curva ABC quando aplicada aos 
estoques. Trata-se de uma proposta de divisão dos materiais em três grupos por 
ordem de importância: classe A, classe B e classe C. 
Se fizéssemos um levantamento de todos os itens que estão na nossa despensa, 
suas respectivas quantidade e valores, seria possível encontrarmos o mesmo 
princípio fundamental da maioria dos estoques: 20/30/50. Isto quer dizer que, se 
se analisarmos financeiramente o montante que temos nas prateleiras, veremos 
que 20% dos itens podem ser considerados como sendo de classe A e eles 
representam cerca de 80% de todo o valor investido em estoque. Observe a 
seguir a classificação ABC aplicada aos estoques. 
Classe A 
 
Classe B 
 
Classe C 
 
Embora estes sejam os percentuais mais recorrentes, é importante ressaltar que 
eles não são exatos em toda organização e é comum variar de empresa para 
empresa. 
https://www.youtube.com/watch?v=BsgMxLaCPXI&t=10s
Mas ao analisar os estoques é possível perceber o mesmo que Pareto percebeu! 
Da mesma forma que havia uma certa concentração de renda na não de uma 
pequena parte da população, nos estoques o efeito é o mesmo: alguns poucos 
itens já representam a maior parte do valor investido em estoque. 
"Se nos concentrarmos em alguns poucos materiais, conseguiremos economias e 
resultados muito mais significativos e com menor esforço do que se tentarmos 
gerenciar todos os itens com o mesmo grau de atenção." (SZABO, 2015,p. 136) 
Existem muitos autores que abordam a aplicação da Curva ABC e todos falam de 
como pode ser benéfica a sua aplicação. Veja: 
• Nogueira (2012, p. 104) – muitas empresas ainda mantêm vários itens em 
estoque por medo de que os mesmos faltem em sua linha de produção ou 
no estoque do centro de distribuição, comprometendo assim a entrega do 
produto ao cliente. Para manter um controle melhor do estoque e reduzir 
seu custo, sem comprometer o nível de atendimento, é importante 
classificar os itens de acordo com sua importância relativa no estoque. 
• Moura (2004, p. 5) – a classificação por valor (curva ABC) consiste no 
agrupamento de todos os materiais em 3 categorias, de acordo com o valor 
atualizado ou corrigido de cada item, de forma a permitir um tratamento 
seletivo aos mais representativos. O valor atualizado ou corrigido de cada 
item pode ser considerado em relação ao seu saldo em estoques e/ou valor 
de sua demanda. 
• Martins e Alt (2009, 0. 211) – a análise ABC é uma das formas mais usuais 
de examinar estoques. Essa análise consiste na verificação, em certo 
espaço de tempo (normalmente 6 meses a 1 ano), do consumo, em valor 
monetário ou quantidade, dos itens em estoque, para que eles possam ser 
classificados em ordem crescente de importância. 
• Pozo (2009, p. 93) - a utilização da curva ABC é extremamente vantajosa, 
porque pode reduzir as imobilizações em estoques sem prejudicar a 
segurança, pois ela controla mais rigidamente os itens de classe A e, mais 
superficialmente, os de classe C. A classificação ABC é usada em relação a 
várias unidades de medidas como peso, tempo, volume, custo unitário etc. 
O que todos estes autores concordam? Que por meio da classificação ABC é 
possível identificar quais materiais precisarão de mais atenção e de um inventário 
e controle mais frequente. Você pode adotar políticas de gestão de estoque 
diferentes para cada classificação. Veja a seguir. 
Política de estoque para classe A 
 
• 
• 
• 
• 
Política de estoque para classe B 
 
• 
• 
• 
Política de estoque para classe C 
 
• 
• 
Sabemos então que a Curva ABC é uma importante ferramenta para gerenciar 
materiais, mas como montar o gráfico e identificar quais itens pertencem a cada 
classe? Para isso precisaremos seguir quatro passos: 
1. Listar todos os materiais estocados em uma tabela, com a descrição do 
material, o valor por peça, o número de peças em estoque e o valor total. 
2. Ordenar esta tabela pelo item de maior valor total para o de menor valor 
total. 
3. Criar uma coluna de valor acumulado. Deve-se somar o valor total do item 
com todos os itens anteriores com valor maior, começando do primeiro 
item. 
4. Dividir a tabela em faixas percentuais que mais se aproximam da 
classificação ABC (20/30/50). 
Identificar cada classe correspondente nos permitirá dar um tratamento 
diferenciado para cada um, isto porque os itens de classe A são imprescindíveis e 
sua falta interromperá a produção. Os itens de classe B possui um grau de 
importância um pouco menor, porém sua falta não impactará a produção no 
curto prazo. Por fim temos os itens de classe C, que não possuem um elevado 
grau de importância e passam a ter um controle de estoques menos frequente. 
"É importante observar que, nem sempre os itens de alto valor unitário farão 
parte da classe A, enquanto que os itens de baixo valor poderão o ser, em função 
do nível acumulado da demanda. Os itens A deverão de o estoque de reserva no 
menor nível possível. Os itens B deverão ter um estoque de reserva médio. Os itens 
C podem ter o seu estoque de reserva com uma margem de segurança. 
Periodicamente, deve-se reavaliar a curva ABC traçada, pois a frequência na 
demanda para cada item varia com o tempo e, em consequência do 
desenvolvimento tecnológico crescente, os estoques tornam-se obsoletos." 
(RODRIGUES, 2003, p. 50) 
Embora os itens de classe C tenham um grau de importância menor, eles não 
devem ser ignorados! A falta de um simples prego pode comprometer toda a 
produção de uma mesa, por exemplo. Estes itens você pode comprar em maior 
quantidade e deixar nos estoques. Mas lembre-se que isso tem um efeito sobre o 
giro dos estoques. Ter mais peças estocadas significa que seus estoques vão ter 
um tempo maior de cobertura e você comprará menos vezes ao longo do ano. 
Nogueira (2012, p. 109) sugere uma cobertura de estoque para cada classe de 
itens: cobertura de 7 dias para itens de classe A; cobertura de 15 dias para itens 
de classe B; e cobertura de 30 dias para itens de classe C. O autor ainda faz ainda 
algumas recomendações quanto aos parâmetros para a classificação ABC. Veja a 
seguir. 
Escopo 
 
Critério de priorização 
 
Sistemática de apuração 
 
Horizonte de alcance 
 
Periodicidade 
 
Responsabilidade 
 
Ponto de corte 
 
Pozo (2009, p. 96) concorda com Nogueira em relação ao Ponto de corte, pois não 
existe regra restrita ou fixa para delimitarmos os percentuais das classes. Para o 
autor, a classificação dependerá da prioridade exigida para tomar uma decisão e 
da disponibilidade de tempo. O que realmente conta é o bom senso e a 
sensibilidade do gestor, pois estas predominam. 
Embora a nomenclatura ABC seja a mais habitual, Nogueira (2012, p. 112) ressalta 
que em alguns casos, a empresa pode ainda adotar a nomenclatura D e E: D para 
itens sem consumo no ano anterior (conhecidos como material de baixa 
rotatividade ou slow moving); E para itens obsoletos, desativados ou 
descontinuados (que normalmente será retirado do estoque, como sucata ou com 
destinação para reciclagem). 
Agora que aprendemos sobre curva ABC, sua aplicação e vantagens, vamos 
treinar um pouco? Segue alguns exercícios. 
Exercício 1 
 
Uma empresa necessita identificar quais os itens em seu estoque possuem 
maior grau de importância. Você optou por fazer uma análise da Curva ABC 
(20/30/50) e levantou inicialmente os seguintes dados: 
 
Ao finalizar a curva ABC, quais itens você classificou como sendo de classe A e B? 
Quais são os seus respectivos percentuais? 
Resposta 
 
 
Exercício 2 
 
Uma empresa necessita identificar quais itens em seu estoque possuem maior 
grau de importância. Você optou por fazer uma análise da Curva ABC (20/30/50) 
e levantou inicialmente os seguintes dados: 
 
Resposta 
 
 
Agora que você já sabe aplicar a curva ABC, você está apto para gerenciar os 
estoques separando o essencial do acessório, se preocupando com o que 
realmente é importante em termos de valor de consumo. 
Para gerenciar os estoques, também, podemos fazer uso da metodologia XYZ. 
Vamos conhecer um pouco mais? 
4. Método da criticidade – 
XYZ 
Pense nos materiais diferentes que um hospital precisa ter tanto para 
atendimento ambulatorial quanto para procedimentos cirúrgicos, seria uma 
infinidade, não é mesmo? E quanto a farmácia do hospital? Sabemos que os 
estoques podem ser avaliados pelo valor financeiro, mas será que na farmácia de 
um hospital somente classificar em termos monetários é o bastante? Nem 
sempre é o bastante. Para isso foi desenvolvida a metodologia de análise de 
criticidade, também conhecido como método XYZ, que estabelece graus de 
importância para os materiais. 
Segundo Viana (2002, p. 54), a maioria dos métodos matemáticos “não diferencia 
os diversos materiais de estoque e não considera a sua individualidade, com 
exceção para matérias-primas, por terem suas demandas suportadas por 
programas de produção e vendas”. Mas e os materiais que não tem grande 
consumo e se faltar irá acarretar uma parada na produção? Não seria ainda pior 
se por falta de um produto a empresa corresse riscos de poluição ambiental e 
segurança industrial? Nestes casos, o custo da falta do produto é maior do que o 
custo de estocar. 
Para casos como este, o autor sugere o uso da classificação da importância 
operacional, pois por meio desta metodologia é possível identificarquais 
materiais são imprescindíveis para que a empresa opere normalmente. São as 
classificações X, Y e Z: 
Materiais X 
 
Materiais Y 
 
Materiais Z 
 
Não é interessante que o método de análise crítica possa ser aplicado tanto em 
indústria quanto em empresas prestadoras de serviço? 
Mas como eu poderia aplicar este método na minha indústria ou minha empresa? 
Uma técnica possível é responder algumas questões: O material é imprescindível 
ao equipamento? O equipamento pertence à linha de produção? O material 
possui Similar? 
Viana (2002) diz que a combinação das respostas pode levar as situações 
apresentadas no Quadro 7. 
 
Quadro 7 – Seleção para classificação de importância operacional. 
Fonte: Viana (2002, p.55) 
 
Da mesma forma que é feito em indústrias, na prestação de serviço, como no 
hospital, também é possível identificar os materiais XYZ respondendo algumas 
perguntas. Barbieri e Machline (2006) apud Lourenço e Castilho (2007) sugerem 
as seguintes questões: 
• Esse material é essencial para alguma atividade vital da organização? 
• Esse material pode ser adquirido facilmente? 
• O fornecimento desse material é problemático? 
• Esse material possui equivalente(s) já especificado(s)? 
• Algum material equivalente pode ser encontrado facilmente? 
Qual é a grande contribuição da análise de criticidade XYZ? Ela classifica os 
matérias em termos de produção (e quão crítica é a ausência). O que o difere da 
Curva ABC? A curva ABC classifica os materiais apenas em relação ao seu valor. 
Fique atento: um item pode ser de baixo valor e na curva ABC ele seria 
classificado como C, entretanto trata-se de um item importado que não pode ser 
substituído por um similar e que pode demorar até 3 meses para chegar. Neste 
caso, a sua criticidade é muito alta, e este material seria classificado como Z. 
Por isto é importante fazermos uso não somente de uma ou outra metodologia, 
pois a sua combinação pode ser mais interessante. Neste caso teríamos nove 
combinações diferentes. Veja a Figura 3. 
 
Falamos muito de criticidade e essa é um tipo de classificação importante, mas 
existem outras, tal como perecibilidade e Periculosidade. Vamos conhecer mais? 
5. Conceito de 
administração de 
materiais 
Administrar materiais, em especial nas indústrias, pode não ser uma tarefa tão 
simples, não é mesmo? Devo administrar pelo valor do material? Pelo fato dele se 
deteriorar mais rápido do que outro produto? Por ele ser perigoso? Por ele ser 
essencial à produção? São muitas classificações possíveis e que variam de 
empresa para empresa. Você precisa, neste momento, entender os conceitos do 
que é um material crítico, o que é periculosidade e perecibilidade. Entendo os 
conceitos e como deve gerir estes itens, não importa qual a empresa que você 
trabalha, você conseguirá gerir os seus estoques considerando como o material é 
classificado. Vamos entender melhor? 
Material Crítico 
Essa é uma classificação muito usada nas indústrias e as razões por classificar 
como crítico podem ser várias: por problemas de obtenção do material, por 
motivos econômicos, por problemas de armazenagem e transporte, por 
problemas de previsão ou até mesmo por razões de segurança. 
• Dificuldade de obtenção: material importado; fornecido por uma única 
empresa; escasso no mercado; é um material estratégico, de difícil 
obtenção ou fabricação. 
• Razões financeiras: material de alto valor; de alto custo de armazenagem; 
de alto custo de transporte. 
• Dificuldades de armazenagem e transporte: é perecível; de alta 
periculosidade; muito pesado; de dimensões grandes. 
• Dificuldade de previsão: o material é difícil de realizar uma previsão de 
consumo. 
• Razões de segurança: reposição de alto custo; para equipamento vital da 
produção. 
São muitos motivos para considerar um material como crítico, não é mesmo? 
Para facilitar um pouco, Viana (2002, p. 57) propõe um fluxo sequencial de análise 
para decidir se o material é crítico ou não. Observe a Figura 4. 
 
Figura 4 – Fluxo sequencial de análise para eleição de material crítico 
Fonte: Viana (2002, p. 57) 
 
Reparou que periculosidade e perecibilidade são motivos para considerarmos um 
material como crítico? Vamos ver mais sobre isso? 
Perecibilidade 
Já aconteceu de você jogar algum produto no lixo sem tê-lo usado pelo simples 
fato de estar vencido? Isso acontece muito, às vezes, você pode comprar uma 
quantidade maior do que consome e o que sobra acaba também estragando. Há 
materiais que não se deterioram no curto prazo ou médio prazo, mas outros sim. 
O nome técnico para isso é perecibilidade. 
Existem materiais que perdem suas propriedades físico-químicas com o passar do 
tempo ou até mesmo como está sendo armazenado. Saber entender e classificar 
os materiais como sendo de perecibilidade nos permite algumas medidas: 
• Mudar o tamanho do lote de compra para que fique dentro do tempo de 
armazenamento permitido. 
• Realizar revisão periódica na armazenagem, para checar condições de 
estocagem para corrigir eventuais falhas ou até mesmo descartar materiais 
que não estão mais em condições de uso. 
• Definir apropriadamente os locais de armazenagem e orientar os 
funcionários envolvidos quanto aos cuidados que devem ser observados. 
Como podemos classificar os materiais perecíveis? Observe o quadro a seguir. 
 
Figura 15 – Atividades da Administração de Materiais 
Fonte: Francischini e Gurgel (2010, p. 5) 
 
São muitas formas de deterioração de materiais, não é mesmo? Ainda tem 
aqueles materiais que oferecem riscos à segurança. Vamos ver? 
Periculosidade 
Existem alguns produtos químicos e gases que são incompatíveis com outros 
produtos, isto por conta de suas próprias características físico-químicas, por isso 
eles acabam oferecendo risco à segurança das pessoas e do próprio patrimônio. 
Classificar materiais como de periculosidade permite tomar mais cuidados no 
manuseio, no transporte e na armazenagem do mesmo. 
 
Você quer ler? 
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) estabelece as normas tanto 
para transporte de produtos líquidos inflamáveis quanto para transporte de 
produtos perigosos por incompatibilidade química. São várias as normas 
disponíveis no site da abnt. 
 
 
Depois de ver tantas possibilidades diferentes de classificação, vamos ver um 
resumo? O quadro a seguir apresenta os tipos de classificação que abordamos 
nesta unidade, seus respectivos objetivos, vantagens e desvantagens. 
http://www.abnt.org.br/noticias/5595-conheca-a-coletanea-de-normas-transporte-terrestre-de-produtos-perigosos.
http://www.abnt.org.br/noticias/5595-conheca-a-coletanea-de-normas-transporte-terrestre-de-produtos-perigosos.
 
Síntese 
Chegamos ao final desta unidade. Aprofundamos nossos conhecimentos sobre 
administração da produção. Vimos que toda empresa precisa definir 
primeiramente a sua estratégia corporativa, pois ela será a base para a definição 
de todas as demais estratégias da empresa, como a estratégia de marketing, de 
desenvolvimento de novos produtos e de produção. Neste capítulo você teve a 
oportunidade de: 
• Entender o que é administrar produção e seu papel estratégico nas 
organizações. 
• Compreender as diferenças entre produtos e serviços. 
• Conhecer as prioridades competitivas para a definição da estratégia de 
produção 
• Compreender que um sistema de produção é um conjunto de entradas que 
são transformadas em produto e serviço. 
• Identificar os diversos tipos de sistema de produção: em linha, 
intermitente, de projeto, orientado para encomenda, orientado para 
estoque, modularizado. 
• Perceber a importância do projeto de um produto e serviço. E ainda 
perceber que é preciso primeiramente entender o ciclo de vida do produto 
para realizar um bom projeto. 
• Compreender como o arranjo físico é importante para os diversos tipos de 
sistema de produção. 
• Reconhecer os tipos de arranjos: em

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