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15REDAÇÃO PRODUÇÃO DE TEXTO LER Neste módulo, iniciaremos a estrutura da Dissertação. No entanto, antes de iniciar- mos este assunto, vamos lembrar das ações essenciais para a produção de um bom texto. 1º. LEITURAS ORIENTADAS Após o conhecimento dos itens que podem garantir a elaboração de textos bem escritos, sugerimos exercícios com leituras orientadoras, que devem prece- der ao ato de produção de textos. En- tende-se por leituras orientadas aquelas que, pertencendo a um mesmo campo do conhecimento humano, fornecem subsídios para o leitor desenvolver seu texto e, por outro lado, apresentam vi- sões diferentes criadas por seus autores. Ao lê-las, o estudante estará recebendo informações, que poderão ser refutadas, criticadas ou enriquecidas com sua argu- mentação crítica, baseada em conheci- mentos prévios sobre o assunto. Assim, não se faz necessário o recur- so às “fórmulas mágicas” e “aos macetes”, pois, como já ficou demonstrado, ler e escrever constituem os dois lados de uma mesma moeda. EXERCÍCIOS SOBRE RELAÇÕES INTERTEXTUAIS A necessidade-prazer da leitura Agora talvez devesse ocupar-me de uma pergunta que hoje é feita com mui- ta freqüência, quando se fala dos livros como de algo que sempre existiu e que sempre existirá: mas que segurança exis- te de que o livro tenha um futuro pela frente? Que sobreviva à concorrência dos meios de comunicação eletrônicos? Como se transformará e em que se con- verterá o escritor? E, aí, minha resposta só pode ser uma: de fidelidade ao livro, aconteça o que acontecer. Ponhamo-nos na pers- pectiva dos séculos. Os livros circularam por muitos sécu- los antes da invenção de Gutemberg, e, nos séculos futuros, encontrarão novas formas para sobreviver. A primeira editora sobre cuja ati- vidade se tem notícias, através das car- tas de Cícero, é a fundada em Roma, por volta do ano 50 antes de Cristo, por Tito Pomponio Actico, para a di- fusão dos clássicos gregos e das novi- dades latinas; estava organizada de forma não muito diferente das edito- ras de nossos dias, exceto que, em lu- gar dos tipógrafos, se utilizava um grande número de escribas. Por certo que, então, o número de leitores não era o das tiragens dos “best-sellers” de hoje, mas, se pensar- mos que tantos livros fundamentais têm, ainda em nossos dias, uma circu- lação limitada, damo-nos conta de que, ainda na comparação numérica, há certa similitude. O importante é que o fio que corre através da escritura na se interrompa. Pensar que, também durante os séculos de ferro e fogo do período medieval, os livros tenham encontrado nos conventos um espa- ço onde conservar-se e multiplicar-se me reconforta, por um lado, e me pre- ocupa, por outro. Poderia inclusive ocorrer-me a idéia de nos retirarmos todos em conventos dotados de todo conforto, abandonando as me- trópoles às invasões bárbaras dos ví- deo-casetes; mas sentiria pelo resto do mundo, que ficaria sem livros, pri- vado de seu silêncio cheio de sussur- ros, de sua calma reconfortante ou de sua inquietude sutil. Há uma continuidade na solidão que o escritor arrasta atrás de si como um destino inerente a sua vocação, mas desta solidão assoma uma vonta- de e uma capacidade de comunicação: esta comunicação especial da literatu- ra que se estabelece de indivíduo para indivíduo e que, apenas em al- guma época e em algum momento, pode ver-se amplificada em comu- nicação maciça. Saber que Petrarca e Boccaccio trocaram entre si per- gaminhos, em que haviam copiado, de seu próprio punho e letra e com fina elegância, suas próprias obras ou as de Dante, dá-me a convecção de que períodos de esplendor para a literatura podem surgir sejam quais forem as condições exteriores. Sabemos que a forma dos livros mudou muitas vezes na história e que, seguramente, continuará mu- dando. Claro que isto não me ale- gra, porque me atraem os livros tam- bém como objetos, na forma que têm hoje, se bem que seja cada vez mais raro ver edições que expressem o amor pelo livro-objeto, que, para acompanhar nossa vida, deveria ser feito segundo as regras da arte. É claro que mudarão muitas coi- sas, se é certo que, com as processa- doras de palavras, nossos livros se- rão compostos por nossas próprias mãos, sem necessidade de passar pela tipografia. Assim, como muda- rão as bibliotecas, que talvez ve- nham conter apenas microfilmes. Isto me entristece um pouco por- que deixamos de ouvir o agradável ruído das páginas. Mudará o nosso modo de ler? Pode ser sim, mas não podemos pre- ver de que maneira. Podemos dizer que temos um testemunho direto de uma revolução importante no modo de ler ocorrida no passado, porque Santo Agostinho nos con- tou com estupor o momento em Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) http://www.novapdf.com http://www.novapdf.com 16 REDAÇÃO que se deu conta do acontecimen- to. Indo ao encontro de Santo Ambrósio, Agostinho soube que o Bispo de Milão estava lendo, mas de um modo que ele não havia vis- to antes: silenciosamente, só com os olhos e com a mente, sem emi- tir som algum, sem sequer mover os lábios. Agostinho havia passado por escolas importantes e ambien- tais de estudo, mas nunca havia sus- peitado que se pudesse ler como o fazia Ambrósio, sem pronunciar as palavras. E pode ser que, no futuro, ve- nha a haver outros modos de lei- tura de que não suspeitamos. Creio que ela tem um ritmo que é governado pela vontade do leitor; a leitura abre espa- ços de interrogação, de meditação e de exame, isto é, de liberdade; a leitura é uma correspondência não só com o livro, mas também com nosso mundo interior, atra- vés do mundo que o livro nos abre. Pode ser que o tempo que poderia ser destinado à leitura seja cada vez mais ocupado por outras coisas; isto é certo já hoje, mas era ainda mais certo no passado para a maior parte dos seres humanos. De qualquer forma, quem tenha necessida- de de ler, quem tenha o prazer de ler (e ler é, sem dúvida, uma necessidade-prazer), continuará recorrendo aos livros, aos do passado e aos do futuro. que é errado o critério de considerar com desprezo as novidades tecnológi- cas, em nome de valores humanísticos em perigo. Penso que cada novo meio de comunicação e difusão das palavras, das imagens e dos sons pode propiciar novos desenvolvimentos criativos, no- vas formas de expressão. E creio que uma sociedade mais avançada tecnolo- gicamente poderá ser mais rica em es- tímulos, em escolhas, em possibilida- des, e haja cada vez mais necessidade de ler, de coisas para ler e de pessoas que leiam. Tenho certeza de que a leitura não é comparável a nenhum outro meio de aprendizagem e de comunicação, por- (Ítalo Calvino. In: Leia. Fevereiro de 1986, p.13.) 01. De forma resumida indique o núcleo temático do texto. 02. O texto levanta a questão da possibilidade de continuidade do livro em nossa futura sociedade. Qual a opinião do autor e qual a sua argumentação? 03. Contrariando opinião muito divulgada, para Calvino as novas tecnologias não destruirão a escrita, embora possam mudá-la. Justifique. INTERPRETAR2º. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) http://www.novapdf.com http://www.novapdf.com 17REDAÇÃO ERRADO: “Saiu a convocação da nossa seleção de júniors.” CERTO: “Saiu a convocação da nossa seleção de juni- ores.” Segundo a gramática da língua portuguesa, as pala- vras terminadas em r fazem o plural com es: repórte- res, revólveres, mártires, flores, açúcares. É como en- sinou Pasquale Cipro Neto, o professor que deu sabor especial ao Big Mac: o plural de hambúrguer é ham- búrgueres, pois a palavra já está devidamente aportu- guesada. Deve, por isso, seguir as normas gramati- cais da língua portuguesa. Para quem acha a pronúncia juniores esquisita ou feia, o melhor é construir a frase de modo a evitar o plural: “Saiu a convocação da nossa seleção de futebol jú- nior” ou “categoria júnior”. A PEGADINHA: Responda rápido: qual é o plural de sênior? Como foi explicado acima, segundo as regrasda língua portuguesa, o certo é seniores. Sênior é uma palavra de origem latina, da qual se derivam senhor, senil e senador. Curiosidade: todo senador romano devia ter “idade avançada”, o que significava conheci- mento e experiência. Já a túnica branca representava a pureza, daí a palavra candidato, derivada de cândido. Graças a Deus, o ideal romano está vivo entre nós até hoje! ERRADO: “Tiramos a despesa e, depois, dividimos o lucro em três metades.” CERTO: “Tiramos a despesa e, depois, dividimos o lu- cro em três partes.” Não existem três metades. Metades são sempre duas. No ano passado, o repórter de um bom telejornal nos disse que havia um pedaço de terra dividindo o Mar Morto em duas metades. Isso é pleonasmo. Dividir em metades iguais também é redundante. “Dividir uma cir- cunferência em duas metades iguais é a redundância da redundância. E pedir a metade maior é incoerente, é “coisa de criança”. Frases incoerentes não faltam em nossos meios de comunicação. Observe alguns exemplos: “Estou pre- so do lado de fora”, “Ele é o protagonista secundário desta história”, “Aqui está o segundo protótipo”, “O anexo segue em separado”, “Me inclua fora disso”, “Havia duas lésbicas e um homossexual”, “Uma vítima fatal foi o saldo do acidente”. A PEGADINHA: Com muita freqüência, ouvimos nos- sos locutores esportivos dizerem que o time, após so- frer um gol, deverá correr atrás do prejuízo. Eu, par- ticularmente, jamais correria atrás do prejuízo. Pre- firo fugir do prejuízo. Mas, como todo chavão espor- tivo, correr atrás do prejuízo é mais um que veio e ficou. Espero que por pouco tempo. Já estamos can- sados de tantos “monstros sagrados”, “lutas do sécu- lo” e do duvidoso “administrar o resultado”. ERRADO: “Na última novela, seu personagem era um alcólatra.” CERTO: “Na última novela seu personagem era um al- coólatra.” A palavra alcoólatra é composta por aglutinação híbri- da: álcool, do árabe, e latria (= adoração); do grego. Embora alguns pronunciem como se houvesse ape- nas uma vogal o, o certo é pronunciar e escrever oo: alcoólatra. A PEGADINHA: Certa vez li numa placa na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo: Alcóolicos Anôni- mos. Pela posição do acento agudo, era bastante alto o teor alcoólico de quem escreveu a placa. ERRADO: “É grande o tráfico aéreo sobre Congonhas.” CERTO: “É grande o tráfego aéreo sobre Congonhas.”.. Tráfico se refere sempre a comércio ilegal. Já ouvi- mos falar de tráfico de drogas, de crianças, de mulhe- res, de escravos, de influência... Em relação a trânsi- to, a movimento, devemos usar tráfego. Grandes “en- garrafamentos” ocorrem em cidades, como São Pau- lo, onde o tráfego é intenso. A PEGADINHA: Aqui vai um teste para os cariocas que conhecem bem a Rua São Clemente no bairro de 3º. PEGADINHA VERBAL PROF. SÉRGIO NOGUEIRAQuando você quiser deixar boa impressão com o uso das palavras, é melhor que esteja prevenido. O português, muitas vezes, nos prega peças. Pegadinha Verbal mostra alguns dos enganos mais freqüentes do nosso idioma. PENSAR SOBRE O USO DA LÍNGUA PORTUGUESA Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) http://www.novapdf.com http://www.novapdf.com 18 REDAÇÃO Botafogo. Responda rápido: “São Clemente é uma rua de muito tráfego ou de muito tráfico?” Se você res- pondeu “depende”, parabéns. ERRADO: “Ela foi no cabelereiro.” CERTO: “Ela foi ao cabeleireiro.” Já vimos que quem vai vai a algum lugar. A regência do verbo ir exige a preposição a, e não a preposição em. Portanto, ninguém vai “em Brasília”, “na praia” ou “no banheiro”. O certo é irmos “a Brasília”, “à praia” ou “ao banheiro”. Outro erro é cabelereiro. O certo é cabeleireiro, pa- lavra derivada de cabeleira. Há muitos erros quanto ao uso da vogal i. Observe alguns casos: O certo é manteigueira, e não “mantegueira”; aleijado, e não “alejado”; bandeja, e não “bandeija”, beneficente, e não “beneficiente”, ca- ranguejo, e não “carangueijo”; freada, e não “freia- da”; prazerosamente, e não “prazeirosamente”; pri- vilégio, e não “previlégio”, verossimilhança, e não “verossemelhança”. A PEGADINHA: “Meritíssimo juiz” é a forma correta. Meritíssimo é uma palavra derivada de mérito. “Mere- tíssimo”, portanto; está errado. Pior mesmo é dirigir-se ao juiz e chamá-lo de “mere- tríssimo”. O juiz é capaz de não gostar e dizer que “meretríssima” é a mãe. Bem, ao terminar este processo, vamos ler o texto “Poética” de Vinícius de Moraes e acompanhar a interpretação de Dilson Catarino. Poética, de Vinícius de Moraes. POÉTICA De manhã escureço De dia tarde De tarde anoiteço De noite ardo. A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este é meu norte. Outros que contem Passo por passo: Eu morro ontem Nasço amanhã Ando onde há espaço - Meu tempo é quando. Na primeira estrofe, o poeta estabeleceu uma conexão lógica entre os espaços de tempo que instituem o dia (ma- nhã, tarde, dia e noite), a fim de caracterizar a passagem do tempo. Trabalhou com a antítese, demonstrando que a seqüência temporal que forma a vida é cheia de contras- tes, de negação: manhã x escureço, talvez por interpre- tar manhã como o início, a inexperiência; tarde x anoite- ço, talvez por interpretar anoiteço, como cobrir de tre- vas (um dos significados, figurado, de trevas é estupi- dez, ignorância); noite x ardo (perceba que arder, além de significar consumir-se em chamas, também significa estar aceso). É a ambigüidade da vida: no início, a inexpe- riência marca nosso viver; na adolescência, a ignorância, ou seja, o início do aprendizado; na fase adulta, a sabedo- ria, a habilidade, a prática da vida. Já na segunda estrofe, o poeta trabalhou com os pon- tos cardeais, elementos fixos, contrastando com a dinami- cidade do tempo (tempo = dinâmico x espaço = fixo). Ao dizer O este é meu norte, empregou o verbo nortear, cujo significado é dirigir, orientar, guiar, então ele diz que se guiava pelo este (leste), local em que o Sol nasce, ou onde está o oceano, que representa a saída para a Eu- Por Dílson Catarino Análise Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) http://www.novapdf.com http://www.novapdf.com 19REDAÇÃO ropa, o berço da civilização e da cultura (Vinícius viveu seis anos na Inglaterra). A oeste a morte contra quem vivo: O oeste, onde o sol se põe, representa o fim, a morte, contra a qual ele vivia, ou seja, não desejava a morte, diferentemente dos poetas românticos e simbolistas. Do sul cativo pode significar que ele se sentia seduzi- do pelo sul, talvez pelo hemisfério sul, onde se situa o Brasil. Outros que contem passo por passo, ou seja, os outros é que possuem a responsabilidade de se preocupar com a sucessão de dias; a ele cabia o ato de renovar-se constantemente (Eu morro ontem / Nasço amanhã), sem se inquietar com os acontecimentos cotidianos. Ando onde há espaço, ou seja, ele não se preocupa- va com o espaço em se encontrava. O que importa é viver o presente, independentemente do lugar em que se encontra. Meu tempo é quando pode representar o eterno, ou seja, também não importa a época em que se vive. O que importa é viver, enfrentando as vicissitudes, as contradi- ções, as negações que se nos apresentam durante a vida. Como se trata de análise de texto, evidentemente há várias maneiras de se interpretar o que o autor escreveu. A intenção da Gramática On-line é promover a discussão acerca de textos variados, é levar o internauta a raciocinar sobre diversos pensamentos de autores diferentes. Em nenhum momento, intencionou-se apresentar a interpreta- ção oficial do texto. Cada um tem sua própria maneira de ‘enxergar’ as mensagens pretendidas pelo autor. DISSERTAÇÃO RACISMO E IDENTIDADE NACIONAL: PARADOXOS E UTOPIAS (Giralda Seyferth) Departamento de Antropologia – Museu Nacional / UFRJ Mestiçagem e imigração O termo minoria supõe grupo organizado e, na maior parte dos casos, uma organização de nature- za étnica. Assim, as minorias podem ser definidas por si mesmas, construindolimites que refletem o reconhecimento de seus membros como perten- centes a uma unidade, e pelos outros, que impõem sua exclusão de certas áreas da vida social. A resposta mais comum a essa exclusão (que cos- tuma envolver questões de cidadania) é a mobiliza- ção em defesa de interesses próprios e a constru- ção de limites inclusivos, cujas bases são, em geral, crenças sobre nacionalidade comum, mesma etnia ou religião. Tais limites apontam para a formulação de iden- tidades fundamentadas na noção de pertencimen- to a um grupo étnico e significam a classificação dos membros do grupo, a partir de critérios que enfati- zam características culturais, objetivamente identi- ficáveis, assim como elementos de natureza simbó- lica, que remetem a uma origem comum. A crença no parentesco étnico e em um proces- so histórico compartilhado, elementos que emba- sam a construção de limites inclusivos de pertenci- mento étnico, se aproxima das concepções de per- tencimento nacional, uma vez que as ideologias na- cionalistas costumam dar um sentido primordial à idéia de nacionalidade. Existe, pois, uma semelhan- ça entre a natureza étnica e a nacional que, no caso brasileiro, levou à condenação explícita de qualquer identidade respaldada na noção da etnicidade. Apesar das diversas correntes nacionalistas que se desenvolveram no Brasil após a independência, a tendência predominante no pensamento brasi- leira privilegiou o ideário das três raças formadoras o colonizador português, o escravo negro e o indí- gena – e da mestiçagem étnica e cultural como base da formação nacional, que resultou na concepção de uma sociedade racialmente democrática. Esse ideário foi uma resposta aos imperativos de uma concepção homogênea de nação, que implicava o futuro brasileiro unívoco, superando as diversida- des étnicas através da assimilação e da mestiçagem. A assimilação dos alienígenas é um tema recor- rente nos discursos nacionalistas sobre a questão imigratória desde meados do século XIX, quando se estruturou uma política consistente de colonização com imigrantes europeus. Até a década de 40 o Bra- sil recebeu quase 5 milhões de imigrantes. Mais de dois terços deles vieram da Itália, Portugal e Espa- nha, mas os japoneses, alemães, russos, poloneses, austríacos e sírio-libaneses também aparecem com destaque nas estatísticas oficiais. Com raras exce- ções (a presença de japoneses em projetos de colo- nização no Pará e de sírio-libaneses em diversas ci- dades do Norte e Nordeste), esses imigrantes se es- tabeleceram no Sul e no Sudeste do país. Por muito tempo, apesar da naturalização geral concedida pela primeira Constituição republicana, a maior parte dessa população de imigrantes ficou à margem da cidadania. Mesmo assim, o conceito de minoria nunca es- teve presente nas discussões públicas sobre os pro- blemas de assimilação, porque a sociedade nunca admitiu a existência de minorias no Brasil. In: Revista de divulgação científica da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, vol. 1, n° 109, maio 1995. p. 41. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) http://www.novapdf.com http://www.novapdf.com 20 REDAÇÃO 01. Releia o primeiro parágrafo do texto e aponte: a) qual é o pressuposto de que parte a autora para definir “minoria”; b) quais são os limites sociais impostos às minorias. 02. Exclusão é o antônimo de inclusão. De que forma as minorias reagem à exclusão social? 03. Verifique, no terceiro parágrafo, alguns critérios de “in- clusão” adotados pelas minorias para formular as suas identidades. 04. Segundo o texto, o pertencimento étnico aproxima-se do pertencimento nacional. Por quê? 05. Qual é a tendência predominante no pensamento bra- sileiro sobre a nossa formação étnica? Como se cos- tuma analisar essa formação? 06. Você concorda com a análise mencionada no exercí- cio anterior? 07. Apesar do discurso nacionalista de assimilação alieníge- na, qual foi, segundo o texto, a reação dos imigrantes europeus que passaram a ocupar terras no Brasil a partir da política de imigração do século passado? Explique. 08. Qual foi a postura da sociedade brasileira quanto à existência de minorias no Brasil? ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO Uma dissertação geralmente se divide em três partes: 1. introdução; 2. desenvolvimento; 3. conclusão. A introdução É onde se anuncia o assunto. A introdução encerra, implicitamente, toda a exposição. A introdução é o espaço onde se anun- cia, se coloca, se promete, se desperta... BOAVENTURA, Edvaldo. Como ordenar as idéias. São Paulo, Ática; 1988. p. 11. São requisitos importantes de uma introdução: Definir a questão, situando o problema. O termo minoria supõe grupo organizado e, na maior parte dos casos, uma organização de nature- za étnica. Indicar o caminho a seguir. Assim, as minorias podem ser definidas por si mes- mas, construindo limites (...), e pelos outros, que impõem sua exclusão de certas áreas da vida social. Indicar o caminho a seguir também é fundamen- tar o assunto com alguma teoria, modelo ou raciocí- nio e fornecer idéias diretrizes. A resposta mais comum a essa exclusão (que costu- ma envolver questões de cidadania) é a mobilização... Tais limites apontam para a formulação de identi- dades... O desenvolvimento O desenvolvimento é a análise da introdução, e é ancorado pela argumentação. Nessa parte da dissertação, cabe defender a idéia proposta na introdução. Devem ser apontadas semelhan- ças de idéias, divergências, devem ser feitas comparações, ligações, buscas, enfim, comprovações da idéia inicial. Note como a autora realiza a análise da introdução no texto Mestiçagem e imigração: a) aproxima o “pertencimento étnico” do “pertencimen- to nacional”; b) privilegia o caso brasileiro em sua exemplificação; c) esmiúça o caso brasileiro, aprofundando-se na aná- lise da emigração nos anos 40. A conclusão O encerramento de uma dissertação deve ser breve e marcante. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) http://www.novapdf.com http://www.novapdf.com 21REDAÇÃO A brevidade no concluir exige fórmulas precisas que começam com: É assim que... Em suma... Vê-se por isso que... Resumindo tudo... Pode-se dizer que... Todos concordam... Em poucas palavras... Somos de opinião... Ninguém negará que... Em conclusão... Para terminar... Em resumo... Por fim... Em conseqüência... Concluímos que... Parece que há interesse... Não basta que a conclusão tenha os argumentos maci- ços; é preciso saber nela plantar o ponto de vista. BOAVENTURA, Edvaldo. Op. cit. p. 45. (...) A televisão, pelo contrário, faz irrupção; ela “explode” em casa de todos os que – única condi- ção – dispõem dum aparelho e dos quais se requer, não uma iniciação como nu comunicação escrita, mas tão-só a “iniciativa”, caso mesmo seja, de girar um botão. Neste terceiro nível, recente, da comunicação, as mensagens já não têm verdadeiro destinatário; o par autor-leitor se dissolve. A ele se substituem (ha- veria ainda como falar em par?) dum lado a emisso- ra, geralmente monopolista, do outro o público, tão acertadamente dito: público-alvejado. Ao con- trário das mensagens escritas, cuja distribuição se vincula ao palmilhar relativamente lento das mensa- gens-objetos que são os livros e outros impressos, a televisão difunde maciçamente, instantaneamente, em toda a parte, franqueando fronteiras nacionais e fronteiras lingüísticas. (...) Mas é por outro ponto que eu desejaria chamar a atenção. De fato, pela vez primeira, difundem-se mensagens maciçamente sem que haja sido previs- ta e organizada uma verdadeira formação crítica dos receptores, como aquela que a sociedade instituiu para a cultura livresca por meio da organização es- colar. BERGER, René. A telefissão alerta à televisão. São Paulo, Loyola, 1 979. p. 15. 01. Destaque a introdução, o desenvolvimento e a conclu- são nos textos I e II. Acompanhe os dois textos sobre televisão, a seguir, e responda às questões propostas. Exercíciose propostas de produção textual TEXTO 1 A televisão transforma, desfaz e cria hábitos. Os arquitetos já precisam prever, em seus projetos, um espaço especial para os receptores de TV. A classe média se orgulha de exibir seus aparelhos, a alta burguesia e a possível aristocracia os escondem: a escolaridade é inversamente proporcional à televi- sualidade... Os espetáculos e os eventos são monta- dos tendo em vista o olho grande da TV: este foi um dos ponderáveis motivos por que os imponentes espetáculos dos funerais dos papas Paulo VI e João Paulo I e da sagração desse último foram montados na Praça de São Pedro e não no interior da basílica... E seria um não mais acabar de exemplos e conside- rações, sendo suficiente que se diga, enfim, que a própria noção de cultura não pode hoje ser debati- da sem levar-se em conta a presença dos mass me- dia – a televisão, em especial. PIGNATARI, Décio. Signagem da televisão. São Paulo, Brasilien- se, 1984. TEXTO 2 Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) http://www.novapdf.com http://www.novapdf.com 22 REDAÇÃO 02. Aponte nos textos como foi feita a definição do assunto e como os autores indicaram caminhos. 03. Como são os encerramentos? Você os considera mar- cantes? 04. Monte um texto dissertativo em quê você mescle os pensamentos de Pignatari e de Berger. Você pode in- cluir outros raciocínios sobre o tema “televisão” em seu texto. 05. POLÊMICA: Você acha que as novelas prejudi- cam a formação das crianças? SIM: SIRO DARLAN DE OLIVEIRA, Juiz da 1ª Vara da Infância e da Juventude. A importância que os meios de comunicação de massa adquirem na educação e formação de opinião pública é cada dia maior. O legislador preo- cupado com essa influência na formação das crian- ças recomenda que as emissoras de rádio e televi- são somente exibam ao público infanto-juvenil pro- gramas com finalidades educacionais, artísticas, cul- turais e informativas (art. 76 do Estatuto da Criança e do Adolescente). Não tem sido esse, contudo, o con- teúdo dos programas de televisão, sobretudo as novelas e seriados, que têm abusado de temas que desconsideram tais recomendações. A banalização das cenas de violência e sexo tem conduzido os telespectadores-mirins a buscarem na vida real a imitação dos roteiros produzidos para seus ídolos televisivos. É comum ver crianças que nem sequer andam ou falam com perfeição posi- cionando-se como tais personagens. As cenas de violência e crime praticados pelos personagens de seriados de televisão, muitas vezes com final feliz, para esses agentes criminosos, têm estimulado a vi- olência, sobretudo nas crianças e nos jovens. O que levará um jovem a atear fogo em um índio inofensi- vo ou em um mendigo indefeso? Já as cenas de sexo, sem a orientação devida, levam os jovens iniciantes à busca desses prazeres desconhecidos de forma equivocada, como indu- zem os falsos ídolos. Desse modo, um poderoso meio de comunicação que, se usado de forma res- ponsável, pode ser a grande arma de educação e libertação de um povo, desvirtuando essas patrióti- cas finalidades termina sendo um instrumento de banalização de violência e de estímulo à ignorância. NÃO: CARLOS LOMBARDI, Autor de novelas. A televisão influencia as crianças, como o céu azul ou os hambúrgueres. São realidades, dados que as crianças encontram no mundo ao nascer (a não ser que sejam membros duma comunidade amish, coisa que muita gente veio a conhecer depois de assistir A testemunha na tevê). Seus pais assistem, seus colegas assistem, seus professores assistem. Uma situação importante de uma telenovela é discutida com a mesma intensidade que uma decisão do Cam- peonato Nacional ou o destino do Rei Leão: Até aí, quase todo mundo concorda. O que ainda provoca debate é a chamada influência perniciosa da televi- são. São comuns as acusações de que a novela prega maus exemplos mostrando famílias em crise, filhos desrespeitando autoridade paterna etc. O mesmo tipo de acusação que envolveu a indústria dos qua- drinhos americanos na década de 50 e os folhetins de Charles Dickens no século passado. Com certeza, o buraco é mais embaixo. A televi- são não é perfeita. A erotização infantil através das horríveis danças das garrafas é nefasta. Deve ser combatida pelos pais, junto a seus filhos. – Mas, na média, a tevê resume os valores apro- vados pela sociedade do seu tempo. – O desaparecimento do mal, a apresentação de uma vida pela televisão onde tudo é harmonia, onde não existem ameaças nem sofrimento podem causar tanto uma televisão sem graça como prepa- rar erradamente uma criança. É ingênuo pensar que a televisão pode abrir mentes ou fechá-las entupin- do as pobres criancinhas com valores horrendos. A televisão tem muito poder – mas o limite desse po- der sobre qualquer criança depende dos pais, que não podem se esquivar da função de ensinarem o que acreditam ser o certo e o errado. IstoÉ, n° 1444, 4 jun. 1997. a) Reúna-se com alguns colegas para discutir o tema que leva Siro Darlan de Oliveira a argumentar contra as novelas e Carlos Lombardi a favor: b) O grupo deve eleger um responsável por mediar essa discussão, dirigindo o debate. c) Outro membro do grupo deve tomar nota de tudo o que for argumentado. d) Produzam textos argumentativos a partir dessas anotações. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) http://www.novapdf.com http://www.novapdf.com 23REDAÇÃO 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. ALUNO(A): Nº: SÉRIE: TURMA: DATA: / / TEMA: Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) http://www.novapdf.com http://www.novapdf.com 24 REDAÇÃO A dissertação consiste na ordenação de um assun- to sobre tema escolhido, selecionando dados e expondo idéias. Os requisitos para uma boa dissertação são: Sistematizar os dados reunidos; Ordená-los; Interpretá-los coerentemente. Dependendo da eleição do autor e da natureza do tema, a dissertação pode ser exposta ou polêmica. Sua estrutura básica é: INTRODUÇÃO: a) Apresentação do assunto proposto. b) Frase-ponte (de ligação). DESENVOLVIMENTO: a) Elemento relacionador + pró (ou contra) + justifi- cativa. b) Elemento relacionador + pró (ou contra) + justifi- cativa. c) Elemento relacionador + pró (ou contra) + justifi- cativa. d) Frase-ponte (de separação). e) Elemento relacionador + contra (ou pró) + justifi- cativa. f) Elemento relacionador + contra (ou pró) + justifi- cativa. g) Elemento relacionador + contra (ou pró) + justifi- cativa. CONCLUSÃO : a) Frase-ponte (de ligação). b) Conclusão propriamente dita. 1. Para maior funcionalidade, não se devem misturar, indiscriminadamente, os prós e os contras. Primei- ro, expõem-se todos os prós e, depois, todos os contras (ou vice-versa). 2. A técnica dissertativa é a empregada nos trabalhos científicos, ensaios, reportagens, editoriais. Para a melhor produção dos parágrafos pertencentes a estrutura da dissertação, vamos rever: FRASE PARÁGRAFO FRASE E ESTRUTURA FRASAL Estrutura frasal Numa redação, seja descritiva, narrativa ou dissertati- va, a estrutura frasal é o ponto-chave de feição estilística. Não se pode prescindir de uma correta elaboração, em termos de estrutura sintática e sua correlação lógica co o estilo, sem que o contexto apresente clareza, concisão e harmonia. Conceito de frase Frase é, pois, “todo enunciado suficiente por si mes- mo para estabelecer comunicação”.1 Oração A oração encerra uma frase (ou segmento de frase), várias frases ou um período, completando um pensamento e concluindo o enunciado através de ponto final, interroga- ção, exclamação e, em alguns casos, através de reticências. Tipos de frase CLASSIFICAÇÃO TRADICIONAL Tradicionalmente, as frases são classificadas da se- guinte forma: Frase Interrogativa É aquela, através da qual, se pergunta algo, direta ou indiretamente. Frase InterrogativaDireta Com ponto de interrogação. Exemplos: Que horas são? Por que chegaste tão tarde? Como vais? Frase Interrogativa Indireta Sem ponto de interrogação. Exemplos: Gostaria de saber que horas são. Perguntou-me quando vinha. Frase Declarativa É aquela, através da qual, se enuncia algo, de forma afirmativa ou negativa. Frase Declarativa Afirmativa Exemplos: Deus é bom. Paulo parece inteligente. 1. GARCIA, Othon M. op. cit., p.7. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) http://www.novapdf.com http://www.novapdf.com 25REDAÇÃO Frase Declarativa Negativa Exemplos: Não gosto de pessoas mal-educadas Nunca te esquecerei. Frase Imperativa É aquela, através da qual, expressamos uma ordem, pedido ou súplica de forma afirmativa ou negativa. Exemplos: Tende piedade de nós! (afirmativa) Levanta-te! (afirmativa) Não corra, não mate, não morra. (negativa) Não cometa imprudências. (negativa) Frase Optativa É aquela, através da qual, se exprime um desejo. Exemplos: Desejo que sejas muito feliz. Bons ventos te levem! Frase Exclamativa É aquela, através da qual, externamos uma admiração. Exemplos: Que calor! Bem feito! Para fins de reconhecimento, é didaticamente acon- selhável, na classificação das frases, seguir a ordem em que as mesmas foram apresentadas neste capítulo. 1. Interrogativa 2. Declarativa 3. Imperativa 4. Optativa 5. Exclamativa Classificação as seguintes frases, de acordo com o método tradicional: a) Que sala suja! b) Meia volta! c) Iracema foi a heroína de Alencar. d) Almejo que tenhas sucesso. e) Gostaria de saber se ela voltará. f) Que a deixe, por quê? g) Nada me convence. h) Não espere muito de mim. i) Lindo! j) Boa viagem! CLASSIFICAÇÃO DO PROFESSOR OTHON M. GARCIA No livro do prof. Othon Garcia Comunicação em prosa moderna, as frases são classificadas, fugindo às conside- rações tradicionais. Assim nos deparamos com uma ter- minologia inusitada e criativa: frase de situação, frase no- minal, frase de arrastão, frase entrecortada, frase de lada- inha, frase labiríntica, frase fragmentária, frase caótica e frase parentética. São padrões válidos na linguagem moderna, embora nem sempre passíveis de uma classificação sintática. Sua função restringe-se à feição estilística, e, se mal empregadas, poderão até vulgarizar o estilo. O uso dessas frases é recomendado a quem realmente exer- cida a língua com facilidade. Frase de Situação Nem sempre, no contexto da língua escrita ou na lín- gua falada, os termos essenciais da oração estão presen- tes. Quando isso acontece, diz-se que estamos frente a uma frase de situação. Exemplos: Que calor! Contramão. Que susto! Ótimo! Expressões como essas são integralmente gramati- calizadas (Esta rua é contramão), baseadas no ambiente onde são emitidas e, só assim, assumem feição de frase (aspecto sintático). Frase Nominal É constituída apenas por nomes sem a presença do verbo que indique a ação do sujeito. Exemplo: “Muito riso, pouco siso” Frase de Arrastão As orações sucedem-se sem uma correlação expres- sa entre elas. É a frase utilizada na linguagem infantil e na das pessoas incultas ou imaturas. Exemplo: Então me levantei e me vesti e aí tomei café e então fui trabalhar. Mas acontece que era feriado. E daí voltei para casa e então fui descansar. Frase Entrecortada ou Picadinha Frase breve, incisiva, geralmente constituída por ora- ções coordenadas. Esse tipo de frase é muito comum no Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) http://www.novapdf http://www.novapdf.com 26 REDAÇÃO discurso indireto livre. Exemplos: O crânio seco comprimiu-se. Do olho amarelado, es- correu um líquido tênue. A boca tremeu, mas nada disse. Sentia-se cansado. (Victor Giudice) Parece orgulhoso e mesquinho. Não só parece. É. Frase de Ladainha Usada mais na linguagem coloquial; introduz orações coordenadas ligadas por “e” ou subordinadas, que não se- jam adjetivas, introduzidas por “que”. Exemplos: “...e era uma tarde meio cálida e meio cinza e meio dou- rada e estávamos alegres e o vento desenrolava nossos cabelos e o ciciante mar estava da cor de um sabre...” (José Carlos Oliveira, apud Othon M. Garcia, op. cit. p.91) “Mais tarde, não sei se sonhei ou se pensei realmente que os aviões não caíam no meio das ruas, e que as ruas não eram desertos, e que os portões brancos de quar- téis não eram oásis”. (Caio Fernando Abreu) Frase Labiríntica ou Centopéia Frase confusa, sem clareza, período repetitivo, proli- xo. São exemplos as frases usadas pelos escritores dos séculos XVl e XVll, como Vieira e outros barrocos. Exemplo: “Mas também a vossa sabedoria e a experiência de to- dos os séculos nos têm ensinado que depois de Adão não criastes homens de novo, que vos servis dos que tendes neste Mundo e que nunca admitis os menos bons, senão em falta dos melhores”. (Vieira) Frase Fragmentária Várias orações que se interligam sem sentido comple- to, formando um contexto. Isso acontece quando as ora- ções subordinadas se desligam da principal, ou quando os adjuntos, apostos e complementos se separam da expres- são a que pertencem. Exemplos: Há muito que ele se sentia doente. Doença cruel. Ela o agredia sempre. Embora não houvesse moti- vos para isso. Frase Caótica Livre, fluente, sem racionalizar, como se o narrador, através do fluxo de consciência, pusesse, às claras, seus mais íntimos sentimentos. Muito usada pelos modernos escritores que utilizam a frase caótica para seus monólo- gos interiores (reprodução da fala e do pensamento da per- sonagem). Exemplo: “Marcos olhou para cima. As galerias reservadas às mu- lheres estavam escuras. Vazias. Mas – e a sombra que ali se movia? E os suspiros que dali se ouviam? E os soluços? É o vento que sopra pelas frinchas do velho telhado? É mesmo o vento? Não são suspiros? E é a água que gor- goleja nas calhas? É mesmo água? Não é o choro de alguém?” (Moacyr Scliar) Frase Parentética É formada por orações justapostas e que não perten- cem integralmente ao sentido lógico do período (são usa- das para explicar, esclarecer, citar, advertir, opinar, exortar, ressalvar e permitir). Exemplos: Foi em outubro, se não me falha a memória, que nos conhecemos. É uma tristeza – livrai-nos, Deus! – o que eles fizeram! A classificação feita a partir da frase de arrastão não é uma classificação sintática, mas sim estilística. Identificar as frases que seguem de acordo com o pre- sente estudo: a) Em 1974 – isso ocorreu num dia chuvoso – perdi uma das minhas maiores amigas b) Perigo. c) Dia de muito, véspera de nada. d) “... e tudo era musicalidade, e tudo de certo modo era triste como ficam tristes as coisas no momento mais agudo de felicidade e nós vimos sobre uma duna as freiras e eram cinco freiras que usam chapeuzinho com uma borla ou bordado branco e vestido mar- rom e eram cinco freiras alegres...” (José Carlos de Oliveira) e) Ele quase morreu. De tédio. Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com) http://www.novapdf.com http://www.novapdf.com
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