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Ética no Jornalismo

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1 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
CHRISTOFOLETTI, Rogério. Ética no Jornalismo. 1. ed. São Paulo, Brasil: Contexto, 2008. p. 9-109. 
2 - APRESENTAÇÃO DO AUTOR DA OBRA 
O autor cursou Jornalismo pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), e , logo em seguida, fez mestrado em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Após alguns anos lecionando em faculdades, ele realizou o doutorado em Ciências da Comunicação na Universidade de São Paulo (USP), e, no final de 2019, finalizou o pós-doutorado em Teoria e Ética no Jornalismo na Universidad de Sevilla (US), localizada na Espanha. Atualmente, é professor da UFSC.
3 - BREVE SÍNTESE DA OBRA 
O autor divide a obra em seis capítulos e 20 sub-capítulos, para apresentar, comentar e exemplificar mitos, valores, cuidados, condutas e códigos. A medida que os capítulos vão sendo lidos, o leitor tem uma visão clara sobre quais caminhos são mais profissionais, e se isso depende da ética profissional ou pessoal, arco central do livro.
4 - PRINCIPAIS TESES DESENVOLVIDAS NA OBRA 
Para que o leitor se sinta ambientado com o que será abordado no livro, o autor introduz o assunto contextualizando como a ética nos cerca, e o porquê da importância para o Jornalismo. Entrando no primeiro capítulo, ele aborda cinco principais mitos dentro do jornalismo, e se eles são ou não verídicos. Cabe ressaltar falas importantes dentro deste capítulo para entender um pouco mais sobre a visão do autor sobre a moral ética dentro da profissão: “A ética pode não ser concreta, mas as consequências de uma decisão ética repercutem no plano material.”; “o apego ao que chamamos de verdade é um dos pilares de apoio do Jornalismo.” e; “a escola não ensina ética, mas ajuda a reforçar valores, discutir princípios e refletir sobre condutas.”. 
Já o segundo capítulo, trabalha as questões da credibilidade e o valor ético. É de extrema importância ao jornalista ter credibilidade dentro do meio, uma vez que se o jornalista apresenta dados falsos ou manipulados, ele perde a confiança do consumidor midiático. Contudo, ainda neste capítulo, Rogério lembra dos principais financiadores dos jornais, os anunciantes. Nem sempre o jornalista poderá publicar qualquer fato, é preciso saber se segue a linha editorial do jornal e se vai de acordo com os anunciantes. Nenhum jornal iria publicar algo criticando o anunciante e ficar a mercê de perder um grande investimento. Qual seria a ética aqui: publicar a verdade doa a quem doer ou poupar o jornal de perder dinheiro? Provavelmente, a segunda opção será seguida por conta do sistema capitalista que cerca a Comunicação.
O terceiro e o quarto capítulos tratam da ética jornalística diante das coberturas políticas, econômicas, policial, cultural e de esportes. Christofoletti lembra que o mundo político é cercado por lobby, e que é preciso saber os limites entre os jogos de poder, e qual a verdadeira história que deve ser veículada. Quanto à economia, ele lembra da importância de explicar ao leitor o que são as taxas da economia, o que significa inflação, qual a importância da baixa da taxa de juros, entre outros; além disso, é sempre importante deixar bem exemplificado cada ponto levantado na notícia e o que cada sigla significa. No jornalismo policial, é importante que o profissional busque sempre as evidências e provas do crime, e não dê a palavra do Boletim de Ocorrência (BO) como palavra final, afinal de contas, o jornalista é um investigador. Na parte de cultura e esportes, é necessário que o repórter saiba o limite entre ser fã de algum atleta ou ator e ser crítico quanto ao que está sendo proposto à ele dentro do trabalho. Contudo, o autor ressalta que vai contra as leis trabalhistas e que é extremamente antiético pressionar o jornalista à realizar uma tarefa a qual não se sente confortável, é necessário que o profissional tenha sua voz dentro do local de trabalho.
Por fim, Christofoletti fala sobre os códigos deontológicos, ou seja, “ética profissional, deveres e valores específicos de uma certa atividade produtiva.”, e os novos desafios da profissão com a chegada da tecnologia. Ele compara três códigos distintos, e chega à apresentar quadros com alguns dos tópicos presentes nesses. Todavia, o código de ética da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) é o que melhor se aplica ao Jornalismo por conseguir dar ouvidos à pluralidade da profissão. Contudo, há equívocos dentro desse código, um bom exemplo disso é que não há nada que faça com que o jornalista perca seu registro profissional, no máximo ele pode ser advertido. Em outras profissões, como na medicina, o profissional, caso denunciado, pode chegar a perder o direito de exercer a profissão. Mas para fazer uma reforma, seria necessário mexer com várias coisas que vão desde o Ministério do Trabalho ao Congresso Nacional. 
Com a chegada da internet, o jornalista teve que se reinventar e se adequar ao meio. As apurações que antes levavam dias, agora devem ser feitas em minutos. Porém, uma apuração rápida não significa uma apuração mal feita. “Cada vez mais cabe ao internauta a triagem do que considera relevante e confiável no imenso mar de informações disponíveis.”, conta. Por isso, os hackers são um importante auxílio na busca da democratização da informação, como aponta o autor na finalização do livro. É preciso que os jornalistas atuais levem em consideração as condições que os cercam, pois, assim como a tecnologia mais mudando, os princípios éticos vão mudando de acordo com as circunstâncias.
5 - REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE A OBRA E IMPLICAÇÕES
O autor explica bem o que é a ética jornalística, e o que ela implica dentro da profissão, contudo, com exemplos longos e redundantes, ele acaba se perdendo dentro do assunto, deixando o leitor confuso sobre os tópicos abordados no capítulo. Ainda arrisco dizer que metade do livro seja apenas sobre exemplos dentro de cada aspecto ético abordado, não que exemplos não sejam importante para um bom entendimento do assunto, mas com exemplos extremamente datados, acaba deixando a leitura pesada e cansativa. Facilmente, o livro poderia ser enquadrado como um artigo, se fosse cortado alguns exemplos.

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